sexta-feira, 25 de setembro de 2020
O Rei dos Reis
De volta à pequena vila de Nazaré o jovem Jesus cresce ao lado dos pais, exercendo a profissão de carpinteiro. Já adulto, resolve partir para cumprir sua missão, a de levar o evangelho (a boa nova) aos homens de bom coração. Sua mensagem repleta de paz, amor e fraternidade, logo começa a incomodar as autoridades religiosas e políticas. Preso e torturado, é enfim crucificado nos arredores da cidade santa de Jerusalém, onde morre em agonia na cruz romana. Sepultado, volta do mundo dos mortos, ressuscitando. Glorioso, volta para mostrar aos seus apóstolos que realmente era o filho de Deus! A história de Jesus de Nazaré é certamente a mais conhecida do mundo ocidental. Em torno de seu nome foi criada a religião mais popular e abrangente do planeta com seguidores em todos os países e nações da Terra.
Trazer a trajetória de Jesus para as telas de cinemas certamente nunca foi uma tarefa fácil em razão da complexidade de se lidar com uma figura venerada ao redor do mundo. Assim, no começo da década de 1960, o produtor Samuel Bronston resolveu reunir uma grande equipe para trazer de volta o Nazareno para a sétima arte. Com locações na Espanha, roteiro do aclamado Ray Bradbury (não creditado) e Philip Yordan, trilha sonora marcante assinada por Miklos Rosza, direção do sempre talentoso Nicholas Ray (de “Juventude Transviada” com James Dean) e elenco formado por grandes nomes do cinema da época, tentou-se criar o épico definitivo sobre a vida de Jesus e sua mensagem.
O resultado é realmente de alto nível, embora também tenha alguns problemas pontuais. O filme tem três horas de duração, mas o roteiro, como era de certa forma previsível, não consegue dar conta de todos os detalhes da vida de Jesus. Algumas passagens ficaram de fora do filme, enquanto outras, menos importantes, ganharam espaço em demasia. Há fatos importantes da biografia de Jesus que são completamente ignorados. Uma deles é a revolta que o Messias teria tido no templo ao ver a casa de Deus se transformando num mercado e balcão de negócios. O espaço dado a Herodes, Salomé e a corte do Rei também soam exagerados. Barrabás também surge com espaço excessivo dentro da trama. Teria sido melhor focar mais na palavra de Cristo, nas passagens importantes que deixou aos seus seguidores.
Por outro lado há pontos excelentes no filme. Em minha opinião a escalação do ator Jeffrey Hunter foi um acerto. Ele interpreta um Jesus com imagem mais tradicional. De barbas longas, cabelo repartido ao meio e olhos azuis, é o Jesus que geralmente se encontra nas imagens mais clássicas e antigas do personagem histórico. Ele também tem o ritmo certo de declamar suas falas. E nos momentos de maior tensão não decepciona. Foi o grande papel de sua carreira e o marcou para sempre. Em termos de era de ouro do cinema americano ele foi o Jesus definitivo das telas, não há como negar. Como toda obra de arte esse filme assim apresenta erros e acertos. No saldo geral porém tudo soa como um grande filme. “O Rei dos Reis” é realmente um grande espetáculo, um épico daqueles que apenas Hollywood poderia proporcionar ao grande público. O bom gosto, a elegância e a produção luxuosa garantem o espetáculo. Um épico religioso como poucos.
O Rei dos Reis (King of Kings, Estados Unidos, 1961) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan / Elenco: Jeffrey Hunter, Siobhan McKenna, Hurd Hatfield, Rita Gam, Robert Ryan, Frank Thring, Rip Torn, Brigid Bazlen, Ron Randell, Carmen Sevilla / Sinopse: O filme narra a história de Jesus de Nazaré, homem humilde nascido na província romana da Judéia que revolucionou o mundo com sua mensagem de paz, amor e fraternidade entre os homens, surgindo de sua palavra a religião denominada Cristianismo, a mais popular e abrangente do planeta com mais de um bilhão de seguidores. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora Original (Miklós Rózsa).
Pablo Aluísio.
O Homem do Terno Cinzento
Gostei bastante do tom da produção, pois é um filme extremamente sério e realista e não joga panos quentes na situação, principalmente quando se descobre anos depois que o capitão teria tido um filho com uma mulher italiana, na Europa, onde servia o exército. Outro aspecto curioso é a forma como é mostrada uma agência de publicidade naquela época - coisa que acabou sendo justamente o foco do seriado de grande sucesso da AMC, Mad Men. Curiosamente o filme se torna bem atual pois muitos ex-militares americanos ainda encontram dificuldades de se inserirem na vida civil após servirem anos nas forças armadas. Falta de qualificação profissional, desemprego ou subempregos ainda são bastante comum na vida dessas pessoas. Pelo visto mesmo após muitos anos a situação ainda permanece a mesma.
Outro ponto positivo de "O Homem do Terno Cinzento" é seu elenco. Gregory Peck novamente repete seu papel de homem íntegro, embora aqui haja fendas no caráter de seu personagem. Seu estilo de interpretação minimalista até hoje causa impacto. Peck era sutil e conseguia transmitir muito bem as emoções de seus personagens sem recorrer a exageros dramáticos. Já Jennifer Jones derrapa um pouco nas caras e bocas, se tornando um pouco exagerada, mas nada que comprometa o filme como um todo. Eu gosto dessa atriz, recentemente a vi em "A Canção de Bernadette" e ela sempre conseguia mostrar um bom trabalho. Aqui seu trabalho ficou um pouco comprometido. O diretor Nunnally Jonhson era na realidade um roteirista conceituado em Hollywood que ganhou a chance de dirigir alguns filmes (nenhum extremamente marcante). Isso talvez explique o alto nível do roteiro de "O Homem do Terno Cinzento" que procura sempre desenvolver todos os personagens em cena, mostrando seus dramas familiares e pessoais. Enfim, aqui temos um excelente drama dos anos 50. Um ótimo exemplo para se conhecer o que era realizado no gênero pelo cinema americano na época
O Homem do Terno Cinzento (The Man in the Gray Flannel Suit, Estados Unidos, 1956) Direção: Nunnally Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Sloan Wilson / Elenco: Gregory Peck, Jennifer Jones e Fredric March / Sinopse: Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Tom Rath (Gregory Peck) tenta retomar a vida normal nos Estados Unidos, mas encontra dificuldades, tanto no aspecto profissional, como também na vida familiar pois sua esposa, Betsy Rath (Jennifer Jones) apresenta problemas emocionais. Filme premiado no Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Estação Polar Zebra
A produção foi realizada pela MGM, um estúdio lendário em Hollywood, mas que curiosamente Rock nunca tinha trabalhado antes, mesmo após todos aqueles anos de carreira. “Estação Polar Zebra” acabou fazendo sucesso de bilheteria reerguendo temporariamente a carreira de Rock. O filme não foi apenas importante para ele no aspecto puramente profissional, mas também no lado pessoal. Ele começou um relacionamento com o diretor de publicidade do filme, iniciando um longo affair que duraria anos (os dois chegaram inclusive a vir ao Brasil durante o carnaval de 1975, onde se divertiram como nunca). Na premiere aconteceu um fato curioso. Quando estava desfilando pelo tapete vermelho, Rock ouviu uma ofensa homofóbica dirigida contra ele vinda do público.
O ator ficou em choque pois seu homossexualismo ainda era um segredo muito bem guardado. Depois dessa experiência desagradável desistiu de comparecer pessoalmente nas estreias de seus filmes. Outro aspecto positivo foi que a crítica de uma maneira em geral gostou do que viu. O tom mais sério e concentrado da produção, procurando ser realista e pé no chão, mesmo se tratando de uma aventura passada quase toda dentro de um submarino nuclear americano, conquistou até mesmo os mais ferrenhos críticos americanos. De fato “Estação Polar Zebra” acabou se tornando o último grande êxito comercial e de crítica da carreira de Rock Hudson. Era o fim de uma era.
Estação Polar Zebra (Ice Station Zebra, Estados Unidos, 1968) Direção: John Sturges / Roteiro: Douglas Heyes, baseado no livro de Alistair MacLean / Elenco: Rock Hudson, Ernest Borgnine, Patrick McGoohan / Sinopse: Comandante de um submarino nuclear americano tem que lidar com uma séria crise no ciclo polar ártico. Liderando uma perigosa missão que vai até os confins gelados do planeta, ele terá que ser bem sucedido para evitar um grave incidente diplomático com os soviéticos.
Pablo Aluísio.
Golpe de Mestre
Título Original: The Sting
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Roy Hill
Roteiro: David S. Ward
Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Robert Shaw, Charles Durning, Ray Walston, Eileen Brennan
Sinopse:
Henry Gondorff (Paul Newman) e Johnny Hooker (Robert Redford) são dois vigaristas que resolvem unir suas forças e "talentos" para dar um golpe definitivo em um gângster que lhes prejudicou no passado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, direção, roteiro adaptado, direção de arte, figurino, edição e música. Indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Robert Redford),
direção de fotografia (Robert Surtees) e som.
Comentários:
Dos grandes campeões do Oscar, esse "Golpe de Mestre" sempre foi um dos meus preferidos. Aqui Paul Newman e Robert Redford decidiram fazer mais um filme juntos. Eles tinham obtido grande sucesso de público e crítica com "Butch Cassidy" em 1969 e resolveram que era hora de voltar. Para isso contrataram novamente o mesmo diretor do filme anterior, o talentoso George Roy Hill. O resultado foi melhor do que poderiam imaginar. "Golpe de Mestre" foi o grande vencedor do Oscar de 1973, levando para casa nada mais, nada menos, do que sete estatuetas! Uma consagração completa. E o filme era realmente uma delícia de assistir, com um roteiro extremamente inteligente e bem escrito, mostrando os planos de um grupo de vigaristas - planos esses que não envolviam violência, mas apenas inteligência e sagacidade. Um aspecto interessante dessa história é que ela foi mesmo inspirada em um fato real que aconteceu no século XIX, no interior dos Estados Unidos. Usando de aparências, cenários e muita lábia, esses trambiqueiros conseguiram mesmo enganar muita gente. Outro ponto digno de nota vem da trilha sonora incidental assinada por Marvin Hamlisch. Essas melodias vão grudar em sua mente por anos e anos. Enfim, grande obra-prima da história do cinema. Um dos melhores já feitos com esse temática.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Aeroporto 79 - O Concorde
Mais um filme da longa franquia cinematográfica “Aeroporto”. Aqui a grande estrela não é o elenco de veteranos como aconteceu nos filmes anteriores, mas sim o próprio avião, o Concorde, uma aeronave de tripulantes que ficou famosa por sua velocidade, conseguindo fazer um vôo entre Paris e Nova Iorque em menos de três horas. Na época que essa produção foi lançada, o Concorde era o que de mais avançado existia em termos de aviação comercial no mundo. Um jato de linhas modernas e aerodinâmica arrojada, que infelizmente se mostrou ser um desastre comercial nos anos que viriam. Os preços das passagens eram caros demais, fora do alcance de passageiros de classe média,que sempre formaram a maior parte dos consumidores dos vôos comerciais. Além disso, seu custo de operação era muito alto, tornando inviável muitos vôos semanais entre Estados Unidos e a Europa. Há poucos anos o Concorde foi oficialmente aposentado, principalmente após um terrível acidente em que uma das turbinas pegou fogo em pleno ar, matando todos os passageiros e tripulantes.
Já o filme, bem, qualquer desastre que tenha acontecido com o Concorde na vida real não pode nem ser comparado com a sucessão de desastres pelos quais passa o avião aqui. Apesar de uma certa euforia pela máquina em si, os roteiristas capricharam bem no fator "disaster movie" que era afinal o principal atrativo para esse estilo de filmes, que passaria a ser chamado no Brasil de "cinema catástrofe". O enredo é relativamente simples. Uma jornalista acaba conseguindo uma série de documentos que incriminam um rico industrial americano chamado Kevin Harrison, interpretado pelo ator Robert Wagner. A papelada prova que ele, através de suas indústrias, vendeu sistematicamente armas para governos corruptos e grupos terroristas ao redor do mundo. A repórter que está no avião pretende revelar tudo assim que chegar em Moscou. Para impedir sua divulgação o magnata decide derrubar o Concorde em pleno vôo durante sua viagem de Nova Iorque até Moscou.
Para concretizar seus planos ele literalmente tenta de tudo: mísseis, sabotagem e até mesmo uso de armas de última geração para levar ao chão o majestoso avião. O piloto do Concorde, Capitão Paul Metrand, é interpretado por um dos maiores galãs da história do cinema europeu, o astro francês Alain Delon. Já a atriz Sylvia Kristel, da série erótica Emmanuelle, atua como Isabelle, uma das aeromoças da aeronave. No campo dos efeitos especiais temos altos e baixos, pois boas cenas são intercaladas com montagens constrangedoras de tão mal feitas. É o preço pela passagem do tempo. No final de tudo temos um entretenimento com muitos absurdos de lógica e argumento, mas que diverte, caso o espectador deixe de reparar nos inúmeros furos do roteiro. De forma geral, apesar de tudo, o filme ainda consegue ser um dos mais originais da série "Aeroporto".
Aeroporto 79 - O Concorde (The Concorde... Airport '79, Estados Unidos, 1979) Direção: David Lowell Rich / Roteiro: Jennings Lang baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Alain Delon, Susan Blakely, Robert Wagner, Sylvia Kristel, George Kennedy / Sinopse: Durante um vôo entre Nova Iorque e Moscou, um avião Concorde se torna alvo de um industrial poderoso que decide derruba-lo a todo custo. Ele quer evitar que seus casos de corrupção venham à tona. As provas se encontram com uma jornalista que está viajando no moderno avião de passageiros.
Pablo Aluísio.
No Mundo de 2020
Título no Brasil: No Mundo de 2020
Título Original: Soylent Green
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Stanley R. Greenberg, Harry Harrison
Elenco: Charlton Heston, Edward G. Robinson, Chuck Connors, Leigh Taylor-Young, Mike Henry, Joseph Cotten
Sinopse:
O mundo vive um período de trevas e crises em 2020. Há fome, violência e morte em massa da população mundial. No mundo devastado pelo efeito estufa e pela superpopulação, um detetive da polícia de Nova Iorque começa a investigar o assassinato de um CEO de uma grande empresa.
Comentários:
Acredite, esse filme existe! Em 1973 foi lançado um filme de ficção chamado "No Mundo de 2020"! E como eles imaginavam o mundo de 2020 na década de 1970? Não muito bem! O futuro do filme (nosso presente agora) era retratado como um mundo em caos completo. Havia uma superpopulação mundial faminta, uma crise econômica absurda e muitas mortes causadas pelo efeito estufa que havia enlouquecido o clima no planeta! Sinceramente... não erraram em muita coisa - na verdade acertaram de forma assustadora em vários aspectos. A única coisa em que falharam foi que não previram a pandemia mundial, mas aí, vamos ser sinceros, seria pedir demais! É um filme B e como tal está mais preocupado em contar seu enredo policial envolvendo um assassinato e o segredo de uma grande empresa. Uma crítica contra as grandes corporações que eles entendiam que iriam dominar a economia global. A trama policial não é grande coisa, porém quando o roteiro sai desse foco e mostra o que está acontecendo no mundo lá fora a coisa realmente impressiona. As ruas de Nova Iorque estão todas tomadas por protestos violentos e pasmem, alguns manifestantes chegam a usar máscaras para o enfrentamento com a polícia! Mas afinal, quem foi o profeta moderno que escreveu esse roteiro mesmo?
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de setembro de 2020
Duna
Eu entendo bem esse tipo de sensação. Havia tanta coisa para trazer das páginas da literatura para o cinema que simplesmente ficou impossível adaptar direito, fazer essa transposição. O universo de Duna nos livros é cheio de detalhes, com dinastias, religiões, culturas próprias. No filme tudo é meio que jogado na cara do espectador. É o típico caso de um roteiro que não conseguiu dar conta daquilo que estava sendo adaptado. Aliás é bom dizer que o ritmo do filme surge ora truncado, mal editado, ora com pressa, para terminar logo tudo na base da correria. Ficou ruim, vamos ser bem sinceros. E as brigas do diretor com o produtor Dino De Laurentiis só serviu para piorar tudo. O que já era ruim, ficou ainda mais medonho.
Se o filme não apresenta um bom roteiro, pelas razões que já escrevi, pelo menos há boas ideias na direção de arte, figurinos, cenários, etc. Duna tem um estilo visual bem próprio, que procurava ser original. Em termos de efeitos especiais há algo curioso. Os efeitos que reproduzem as naves espaciais ficaram absurdamente datadas e envelhecidas. Vistas hoje em dia soam simplesmente horríveis. Por outro lado os vermes gigantes que se arrastam pelas areias do planeta Duna ainda convencem, mesmo após tantos anos. Pena que nada poderia salvar as cenas em que o protagonista literalmente monta nos bichanos, como se fosse um cavalo espacial. O problema aqui é do material original e não do filme propriamente dito. Sim, é ridículo, mas culpem o escritor, não David Lynch por esses momentos constrangedores.
Duna não foi um sucesso comercial. Considerada uma produção cara demais para a época (algo em torno de 40 milhões de dólares) o filme não trouxe retorno para seus produtores, o que ajudou a afundar ainda mais a Dino De Laurentiis Company. As brigas no set de filmagens e os problemas de finalização do filme se tornaram lendários e acabaram mais conhecidos do que o filme em si, já que poucas pessoas foram ao cinema conferir o resultado final. Agora teremos uma nova versão, dirigida pelo competente Denis Villeneuve. Será que dessa vez vai dar certo? Não sabemos ainda, mas é curioso saber que essa segunda versão também tem enfrentado diversos problemas no set de filmagens e pós-produção. Para tornar tudo ainda pior há a questão da pandemia que jogou o filme para uma data ainda incerta. Pelo visto adaptar Duna para o cinema nunca vai ser mesmo algo fácil de se fazer.
Duna (Duna, Estados Unidos, Itália, México, 1984) Direção: David Lynch / Roteiro: David Lynch / Elenco: Kyle MacLachlan, Virginia Madsen, Patrick Stewart, Francesca Annis, Linda Hunt, Brad Dourif, Silvana Mangano, Kenneth McMillan, Sting / Sinopse: No distante e desértico planeta de Duna, uma especiaria é especialmente valorizada, considerada a maior fonte de riquezas do universo. Duas dinastias começam a lutar pelo controle daquele mundo, ao mesmo tempo em que o jovem Paul Atreides vai se firmando como o líder profetizado que iria trazer liberdade e paz para aquele lugar perdido do universo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor som.
Pablo Aluísio.
Casanova e a Revolução
A estrutura do roteiro é genial pois o cineasta Ettore Scola coloca as várias partes da sociedade francesa da época sendo representadas por cada um dos personagens que desfilam pela tela. O mais interessante deles é obviamente Casanova. Muitos filmes já foram realizados com o mitológico conquistador mas esse é um dos mais interessantes, pois foca no lado mais humano do homem, que vê seu mundo desmoronar enquanto tenta utilizar seu passado de glórias como muleta para sobreviver dia a dia. Frequentador das grandes cortes francesas (como Luis XV e Luis XVI) ele agora não tem mais para onde ir, pois seu ambiente natural, as luxuosas e extravagantes festas da nobreza, simplesmente deixaram de existir. Casanova foi então atropelado pela roda da história, pelas mudanças radicais que aconteceram em sua época.
Para coroar ainda mais essa bela produção, Ettore Scola tira da cartola uma parte da história que é das mais interessantes: a tentativa de fuga de Luis XVI da França. Ao lado da esposa Marie Antoinette, o rei francês tenta escapar das garras da revolução e acaba cruzando caminho com os personagens do filme. O resultado é excelente sob qualquer ponto de vista que se abrace, seja do puro entretenimento, seja do interesse histórico dos acontecimentos narrados pelo filme. Historicamente correto, com ótimas atuações (em especial Marcello Mastroianni como Casanova) e uma direção brilhante, esse filme já é considerado um clássico moderno do cinema europeu pelos especialistas. Não deixe de assistir ou, melhor ainda, de ter em sua coleção de filmes.
Casanova e a Revolução (La nuit de Varennes, França, Itália, 1982) Direção: Ettore Scola / Roteiro: Sergio Amidei, Ettore Scola / Elenco: Marcello Mastroianni, Hanna Schygulla, Harvey Keitel, Jean-Louis Barrault / Sinopse: Após a revolução francesa, o decadente Casanova tenta se adaptar aos novos tempos. Após se socorrido por uma diligência no meio de uma estrada, ele é levado até uma cidade na fronteira da França onde o rei Luis XVI tenta escapar da ira dos revolucionários franceses. Indicado a Palma de Ouro em Cannes.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
Tarde Demais
Por amar muito Morris, a garota então decide romper com o pai para fugir com o amado. O pai imediatamente a deserda de toda a herança. Morris ao saber disso, simplesmente vai embora deixando a jovem destruída emocionalmente para trás. Teria ele fugido por medo, covardia da reação do pai de Catherine ou seria simplesmente o ato de um interesseiro, um golpista do baú? Anos depois, com o falecimento do pai, Catherine se torna finalmente a única herdeira de uma grande fortuna. Para sua surpresa nesse momento sua grande paixão do passado, Morris, reaparece. E agora, dará ela uma segunda chance ao homem que tanto amou?
“Tarde Demais” é uma excelente produção de época, que revive a alta sociedade americana do século XIX. Embora Olivia de Havilland esteja soberba como Catherine, o filme pertence mesmo a Montgomery Clift. Seu personagem, Morris, é muito rico em nuances psicológicas. A todo o tempo o espectador fica perdido, sem saber se ele é de fato um aproveitador ou apenas um homem fraco que não agüentou a pressão do pai de Catherine. O cineasta William Wyler também esbanja elegância e sofisticação nessa adaptação do famoso livro escrito por Henry James. Em suma, eis aqui um dos melhores filmes românticos de Hollywood em sua fase de ouro, em sua fase clássica. Uma obra prima do gênero.
Tarde Demais (The Heiress, Estados Unidos, 1949) Direção: William Wyler / Roteiro: Ruth Goetz, Augustus Goetz, baseados na obra de Henry James / Elenco: Olivia de Havilland, Montgomery Clift, Ralph Richardson, Miriam Hopkins / Sinopse: Rica herdeira fica em um grande dilema após o seu pai desaprovar o romance com o grande amor de sua vida! Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor atriz (Olivia de Havilland), Melhor direção de arte, Melhor figurino e Melhor trilha sonora. Indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante (Ralph Richardson) e Melhor Fotografia. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Olivia de Havilland).
Pablo Aluísio.
Inimigos à Força
“Inimigos a Força” também foi um dos últimos trabalhos de Rock Hudson no cinema. Em 1973 ele já havia acumulado vários filmes que não foram bem sucedidos nas bilheterias. Ele deixou de ser um nome viável para grandes produções. Com vasto bigode, visual que iria adotar nos anos seguintes, Rock ainda tentava mostrar força no mundo do cinema, mas pelo visto não deu muito certo pois em pouco tempo ele estrearia na TV com a série “McMillian e Esposa”. O mesmo se pode dizer de seu colega em cena, Dean Martin, que surge já bastante debilitado pelos anos e anos de alcoolismo. O mundo do cinema já não parecia o lugar ideal para a dupla veterana. Assim como Hudson, Dean Martin também iria para a TV, onde apresentaria seu próprio programa de variedades.
De qualquer forma, mesmo se despedindo do cinema, essa dupla de atores conseguiu manter o pique da estória, principalmente nas melhores cenas do filme. Entre elas destaco o desfecho do filme, todo passado em uma floresta incendiada. Já nas cenas mais dramáticas, Dean Martin deixava um pouco a desejar. Numa cena em especial, ao lado da atriz Susan Clark, fica bem nítido seu problema com bebidas. Embora o personagem não esteja bêbado, a voz pastosa e sem firmeza de Martin dá a entender ao espectador que ele fez a cena completamente embriagado. Após um corte, ele já surge bem melhor, mostrando que o diretor provavelmente interrompeu as filmagens para o ator se recuperasse do porre! Mesmo com esse pequenos “desvios”, vamos dizer assim, “Inimigos à Força” é um bom faroeste da década de 1970. Nada brilhante, nada marcante demais, mas eficiente dentro de sua proposta na época em que o filme chegou nos cinemas.
Inimigos à Força (Showdown, Estados Unidos, 1973) Direção: George Seaton / Roteiro: Theodore Taylor, Hank Fine / Elenco: Rock Hudson, Dean Martin, Susan Clark / Sinopse: Após longos anos, dois amigos de infância se reencontram em lados opostos da lei. Um deles se torna um foragido perigoso após roubar um trem e o outro se torna um xerife disposto a tudo para cumprir a lei.
Pablo Aluísio.