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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

No Escuro da Floresta

Duas irmãs ficam isoladas em uma casa no meio da floresta quando acaba a energia e o uso de tecnologia. Elas não sabem exatamente o que estaria acontecendo, mas conforme o tempo passa as duas obviamente chegam na conclusão de que algo muito sério está acontecendo no país, embora isoladas não consigam descobrir a verdadeira razão. Assim, aos poucos, elas precisam sobreviver, usando para isso métodos antigos de sobrevivência. Nell (Ellen Page) é a mais durona, a mais pragmática, aquela que está disposta a fazer qualquer coisa para sair daquela situação. Sua irmã Eva (Evan Rachel Wood) não tem a mesma força de vontade, a mesma garra e logo cai em um estado de melancolia e depressão.

O filme procura mostrar que mesmo o ser humano moderno, rodeado de tecnologia por todos os lados, mantém seus instintos de sobrevivência, atreladas às gerações mais primitivas. A volta ao mundo natural é o principal aspecto que esse roteiro quer explorar. De volta a um planeta sem qualquer ajuda tecnológica as duas garotas precisam sobreviver a cada dia, seja de que forma for.

Por fim, temos que elogiar as atrizes Ellen Page e Evan Rachel Wood. Elas estão sozinhas em praticamente todas as cenas. Isso fica ainda mais óbvio para Page, que tem uma presença física pequena, de baixa estatura, mas que supera isso tudo para ajudar a irmã. Por falar nela chega a ser estranho ver Evan Rachel Wood como uma mulher frágil, logo ela, que estamos acostumados a ver como a Dolores de "Westworld". Enquanto na famosa série ela é uma cowgirl boa de tiro e exterminadora de humanos, aqui ela é a parte fraca da dupla de irmãs.

No Escuro da Floresta (Estados Unidos, Canadá, 2015) Estúdio: Elevation Pictures / Direção: Patricia Rozema / Roteiro: Patricia Rozema, baseada na novela de Jean Hegland / Elenco: Ellen Page, Evan Rachel Wood, Max Minghella, Callum Keith Rennie, Michael Eklund, Wendy Crewson / Sinopse: Duas irmãs presas no meio da floresta, sem tecnologia ou apoio do mundo exterior, tentam sobreviver usando para isso de técnicas de sobrevivência ancestrais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Além da Morte

Esse filme nada mais é do que o remake de "Linha Mortal" de 1990. Naquele filme original tínhamos um excelente elenco formado por Kiefer Sutherland, Kevin Bacon e Julia Roberts, Aqui a premissa segue basicamente a mesma: um grupo de estudantes de medicina decide ir além, sondar a fronteira que separa a vida da morte. Para isso eles fazem uma experiência no mínimo imprudente: são levados a sofrerem uma parada cardíaca, ficam "mortos" por mais ou menos 60 segundo e depois são trazidos de volta à vida pelos próprios colegas. Enquanto estão no lado de lá passam por experiências espirituais e sensoriais, só que ao retornaram não voltam sozinhos, algo maligno os acompanham.

Eu pensava que seria um filme no mínimo dispensável ou ruim, mas me enganei. É um bom filme, valorizado por um roteiro que procura trabalhar melhor o passado de cada personagem, além de explorar um visual do além morte que ficou bem realizado, diria até que os efeitos especiais são de extremo bom gosto. Para fazer uma ligação com o primeiro filme dos anos 90 o ator Kiefer Sutherland interpreta um grisalho professor de medicina. Sua participação é pequena e sem grande ligação com a trama principal, mas vale como referência justamente para "Linha Mortal". No final é um bom thriller de suspense e terror que em nenhum momento ofende a inteligência do espectador. Vale a pena.

Além da Morte (Flatliners, Estados Unidos, 2017) Direção: Niels Arden Oplev / Roteiro: Ben Ripley, baseado na trama original escrita por Peter Filardi / Elenco: Ellen Page, Diego Luna, Nina Dobrev, James Norton, Kiersey Clemons, Kiefer Sutherland / Sinopse: A estudante de medicina  Courtney (Page) que no passado perdeu a irmã em um acidente de carro, decide levar seus amigos de faculdade a uma experiência perigosa e imprudente: sondar o mundo dos mortos, através de uma parada cardíaca induzida seguida de um breve momento de falecimento, por mais ou menos 60 segundos. A tal "experiência" acaba resultando em efeitos colaterais indesejados através de alucinações e aparições de pessoas mortas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Os Curados

Cada vez mais complicado achar um filme de terror dessa nova safra que seja realmente bom. A maioria dos novos filmes são decepcionantes. Esse "Os Curados" é outra bobagem. Com um roteiro sobre zumbis (o tipo de monstro mais chato que existe), ele tenta inovar um pouco, sem grandes resultados. Bom, o ponto de partido é o de praxe. Um vírus desconhecido se espalha na humanidade. Os infectados viram zumbis, com todo aquele background que já conhecemos bem, aqueles maltrapilhos correndo atrás de cérebros para devorar. Pura rotina. Pois bem, uma cura é encontrada e consegue trazer de volta 75% dos doentes com o vírus. Essas pessoas que ficam boas são chamadas de "os curados". Poderia ser algo bom, mas não, pois eles começam a sofrer preconceito dentro da sociedade. Ninguém consegue confiar neles plenamente. Seria uma metáfora sobre a situação dos imigrantes na Europa atualmente? Penso que sim...

A Ellen Page é uma jovem viúva cujo marido morreu na grande contaminação. Ela recebe seu cunhado, um dos curados. O problema é que ele tem algo a esconder, pois quando infectado participou da morte do próprio irmão, justamente o marido da Page. E assim segue o filme, nesse draminha que pouco convence. A produção é fraca, pobre e sem efeitos visuais. Aliás fazer filme nesse estilo sem os recursos adequados é uma verdadeira cilada, um apocalipse zumbi, porque vai mesmo resultar em um filme ruim. Eu particularmente odeio filmes de zumbis, perdi a paciência sobre esse tipo de produção. A única coisa que me fez assistir a esse filme foi mesmo a presença da atriz Ellen Page cujo trabalho aprecio desde os tempos de "Juno". Bom, se for o seu caso também desista. A Page está apática, sem graça, sem vida. Achei inclusive que ela está envelhecida precocemente. Em um filme fraco como esse, em que nada ajuda, sua presença no elenco se torna apenas um detalhe constrangedor.

Os Curados (The Cured, Irlanda, 2017) Direção: David Freyne / Roteiro: David Freyne / Elenco: Ellen Page, Sam Keeley, Tom Vaughan-Lawlor / Sinopse: Após a proliferação de um vírus que transforma as pessoas infectadas em zumbis, um dos curados pelas novas drogas, volta para casa, para morar com a cunhada e a sobrinha. O problema é que dentro da sociedade surge um preconceito contra esses curados, pois para muitos eles não são de confiança. Haveria uma base de verdade nesse tipo de pensamento?

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

No Escuro da Floresta

Título Original: No Escuro da Floresta
Título no Brasil: Ainda não definido
Ano de Produção: 2015
País: Canadá
Estúdio: Elevation Pictures
Direção: Patricia Rozema
Roteiro: Patricia Rozema, baseada na novela de Jean Hegland
Elenco: Ellen Page, Evan Rachel Wood, Max Minghella, Callum Keith Rennie, Michael Eklund, Wendy Crewson
  
Sinopse:
Nell (Ellen Page) e Eva (Evan Rachel Wood) são duas irmãs que moram em uma bela e moderna casa na floresta ao lado de seu pai. Durante uma das noites a energia elétrica simplesmente acaba. Ao que parece houve um blackout que atingiu todo o país. O tempo passa e nada da volta da energia. Aos poucos elas vão se dando conta de que algo muito sério aconteceu, embora elas não saibam exatamente o quê, pois não possuem mais acesso à tecnologia. Com o passar dos meses e depois da morte do pai, as duas jovens finalmente passam a entender a gravidade da situação, onde vão precisar sobreviver a todo tipo de desafio, pois ficam totalmente isoladas e sozinhas no meio da floresta, vulneráveis a todos os tipos de perigo. 

Comentários:
Gostei bastante desse filme. É o que eu costumo chamar de filme-tese. A estória aparentemente simples tenta provar um ponto de vista. No caso aqui o roteiro procura demonstrar o quanto o ser humano está escravo da tecnologia. As duas jovens que ficam em uma casa na floresta, sem luz por meses, tentam sobreviver de alguma forma, usando o que encontram na própria natureza para garantir mais um dia de vida. É como se o argumento do filme quisesse levar o espectador de volta na história, a uma era ainda bem primitiva onde os seres humanos só precisavam satisfazer seus instintos mais básicos com o uso de ferramentas rudimentares, sem qualquer apoio tecnológico mais sofisticado. Além das adversidades também temos a selvageria e a brutalidade que podem brotar entre os homens quando colocados em situações adversas e desafiantes. Há inclusive uma brutal cena de estupro para tentar demonstrar esse aspecto. Uma forma de lembrar ao espectador que os seres humanos ainda são animais e quando colocados em situações de limite e stress podem praticar os atos mais violentos, bárbaros e imorais. 

Até porque sob o ponto de vista do roteiro do filme a ética e a própria civilidade seriam de certa maneira apenas construções culturais e nada mais. Agora deixando um pouco de lado essas observações de cunho mais sociológico, eu chamo a atenção para a excelente atuação das duas atrizes, em especial Ellen Page. Ela é a irmã mais inteligente, mais durona, que tenta manter tudo funcionando, mesmo quando a sua irmã sucumbe a um estado depressivo e melancólico. Esse é aquele tipo de roteiro que acaba virando um verdadeiro presente para atrizes como elas, que são bem talentosas, isso porque tudo se sustenta praticamente em apenas duas personagens, mulheres que precisam superar todas as adversidades imagináveis, enquanto tentam sobreviver em uma floresta distante, sem saber direito o que estaria acontecendo lá fora, no mundo exterior. Como filme-tese que é, digo que realmente está acima da média do que vem sendo produzido. Não posso dizer que seja um filme para todo tipo de público porque afinal de contas o roteiro é (de forma louvável) bem pretensioso. No geral é aquele tipo de obra cinematográfica que se sai bem pelos dois lados, pois tanto funciona como diversão, como também em um sentido mais reflexivo. Se fosse defini-lo diria que é acima de tudo um estudo sociológico de nossas raízes mais primitivas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Menina Má.Com

Título no Brasil: Menina Má.Com
Título Original: Hard Candy
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films
Direção: David Slade
Roteiro: Brian Nelson
Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh

Sinopse:
Jeff (Patrick Wilson) é um fotógrafo de mais de 30 anos que tem uma queda por adolescentes bonitas. Hayley (Ellen Page) é uma garota de apenas 14 anos que o conhece em uma lanchonete. Após um breve bate papo Jeff a convida para conhecer seu apartamento. O encontro logo tomará rumos completamente inesperados.

Comentários:
Filme ícone da carreira da atriz Ellen Page. Aqui ela interpreta uma adolescente supostamente indefesa contra um sujeito bem mais velho do que ela - eu escrevi "supostamente", pois a verdade é que o roteiro de forma muito inteligente subverte as regras do jogo, transformando o predador em presa e a vítima em algoz. É um exemplo de roteiro simples, baseado basicamente em apenas uma situação, que funciona maravilhosamente bem. Isso porém só seria possível com a presença de uma dupla de atores afiados em cena. Page, que recentemente assumiu sua homossexualidade (algo de que já desconfiava) dá show em sua interpretação. De mocinha delicada e ingênua para um verdadeiro surto psicopata. Wilson surpreende, dando o devido pânico para seu personagem encurralado. Uma produção de suspense ao velho estilo que lida de forma diferente com o terrível tema da pedofilia, tão presente em nossa sociedade nos dias atuais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

X-Men - Dias de um Futuro Esquecido

Título no Brasil: X-Men - Dias de um Futuro Esquecido
Título Original: X-Men - Days of Future Past
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Simon Kinberg, Jane Goldman
Elenco: Patrick Stewart, Ian McKellen, Hugh Jackman, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Halle Berry, Ellen Page, Peter Dinklage

Sinopse:
Em um futuro próximo e caótico os mutantes estão chegando ao fim de sua existência graças a uma arma de última geração desenvolvida pelo governo americano que tem como missão definitiva destruir todos os mutantes da face da Terra. Para mudar esse destino sombrio, o professor Charles Xavier (Stewart) decide que Logan (Jackman) deve retornar ao passado, mais precisamente em 1973 para desviar o curso da história, evitando que Raven (Jennifer Lawrence) cometa um erro que irá custar caro para o futuro de todos os mutantes do planeta.

Comentários:
Essa franquia realmente mantém um excelente nível em termos de qualidade. Embora tenha se subdividido em outras franquias - como a do Wolverine - o fato é que X-Men continua rendendo bons frutos no mundo do cinema. Esse novo filme intitulado "X-Men - Dias de um Futuro Esquecido" sem dúvida traz o melhor e mais bem trabalhado roteiro da série. Muito bem escrito, com ótimas reviravoltas e um argumento bem desenvolvido, surpreendentemente inteligente. Geralmente filmes que exploram voltas ao passado ou se tornam pequenas obras primas (como "De Volta Para o Futuro", a mais precisa e lembrada referência) ou então se enrolam completamente, deixando um gostinho de decepção no ar. Aqui felizmente o espectador pode ficar tranquilo, pois embora o filme apresente duas linhas narrativas (uma no futuro e outra no passado), as duas pontas que unem as estórias se completam maravilhosamente bem. O diretor Bryan Singer demonstra que é plenamente possível realizar um blockbuster milionário sem em momento algum ofender ou subestimar a inteligência do espectador, pelo contrário, ele aqui dá uma aula de cinema em cineastas infantilóides como Michael Bay, que acreditam em explosões e mais explosões, sem conteúdo algum. Assim a conclusão a que chegamos é que esse novo X-Men é, não apenas um grande filme de heróis em quadrinhos, mas também um belo exemplar de filme Sci-Fi como há tempos não se via.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Sistema

Título no Brasil: O Sistema
Título Original: The East
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Scott Free Productions
Direção: Zal Batmanglij
Roteiro: Zal Batmanglij, Brit Marling
Elenco: Brit Marling, Alexander Skarsgård, Ellen Page, Toby Kebbell

Sinopse: 
Um grupo de ativistas radicais anarquistas liderados por Benji (Alexander Skarsgård) adota uma linha de retaliação contra grandes grupos corporativos capitalistas na base do "olho por olho, dente por dente". Assim eles promovem ataques, a que chamam de "peças", para protestar e ao mesmo tempo dar aos grandes executivos um pouco de seus próprios venenos. Para descobrir a verdadeira identidade do grupo uma corporação de investigação resolve infiltrar a agente Sarah (Brit Marling) entre eles. A aproximação com as ideologias e bandeiras que o grupo defende porém irá mudar para sempre a forma de pensar dela.

Comentários:
Um filme muito oportuno para o momento em que vivemos, inclusive no Brasil onde grupos anarquistas estão ficando cada vez mais numerosos. O roteiro procura mostrar todos os lados dessa nova e complicada realidade social. O grupo de ativistas mostrada no filme é formada por jovens da alta classe, filhos de industriais, milionários, etc, que certo dia descobrem o vazio em que vivem. Para trazer algum sentido em suas vidas eles resolvem se unir para lutar contra as grandes corporações que não se inibem em destruir o meio ambiente ou contaminar pessoas (até crianças!) visando única e exclusivamente lucros e mais lucros. Uma das coisas pelas quais bato palmas em relação a esse filme é que ele evita o moralismo fácil e de certa forma procura se manter numa postura bem neutra. A agente infiltrada no grupo de anarquistas, por exemplo, acaba sendo seduzida por sua ideologia. Eu credito esse roteiro inteligente não só aos roteiristas mas também a Ridley Scott e seu irmão, Tony Scott, que produziram o filme. Certamente temos aqui uma produção para levantar questionamentos, levar à reflexão. Todo o elenco está muito bem com destaque para a sempre ótima Ellen Page e Alexander Skarsgård, o vampiro de "True Blood" em seu primeiro grande papel no cinema. É um filme realmente muito bom que não pode passar batido em sua lista. Desde já o consideramos um dos melhores do ano, por isso não vá perder!

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de outubro de 2013

Menina Má.com

A pedofilia é uma triste realidade da sociedade atual. Praticamente todos os dias os noticiários policiais mostram casos envolvendo pessoas nesse tipo de crime sexual. O mais curioso é que esse é um tipo de comportamento que tem encontrado espaço em todos os setores, em todas as camadas sociais, independente de status social ou do nível educacional. Essa produção muito interessante chamada "Menina má.com" se destaca por inverter as regras do jogo. Na trama a talentosa Ellen Page interpreta a garota  Hayley Stark. Ela é o paradigma do alvo de pedófilos de plantão. Adolescente, 14 anos, bonita e esperta, com ótimo papo, mostrando todo o tempo uma grande desenvoltura. E é justamente isso que procura o pedófilo Jeff Kohlver (Patrick Wilson), um fotógrafo obcecado por teenagers. Ele conhece Hayley na net e marca um encontro com ela. O que poderia ser apenas um roteiro rotineiro e mergulhado em clichês vira a relação de cabeça para baixo pois em pouco tempo quem realmente fica em apuros não é a jovem adolescente, mas sim o pedófilo, que cai nos jogos de tortura (física e psicológica) da garota.

A menina, apesar de seu olhar muitas vezes inocente e terno, é na verdade uma maníaca sádica que colocará o fotógrafo na posição de torturado e abusado. Quando foi lançado "Menina má.com" causou uma certa perplexidade na crítica por causa do tratamento pouco convencional sobre o tema. O filme de maneira muito inteligente, brinca com alguns clichês de Hollywood para trazer algo de novo nesse estilo de produção. Vendo sobre esse prisma o grande destaque vai mesmo para Ellen Page, uma atriz jovem que sempre surpreende. Assim fica a dica desse suspense com toques de sadismo que certamente vai agradar aos fãs do gênero.

Menina Má.com (Hard Candy, Estados Unidos, Canadá, 2005) Direção: David Slade / Roteiro: Brian Nelson / Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh / Sinopse: Pedófilo (Wilson) marca encontro com jovem adolescente (Page) mas quem acaba se dando muito mal é ele mesmo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Um Crime Americano

O abuso doméstico é uma realidade cada vez mais comum nas sociedades. Usando do poder de mando dentro das famílias certas pessoas ultrapassam todos os limites da decência e do bom senso. É justamente esse o tema central desse “Um Crime Americano”. O roteiro é baseado em fatos reais e mostra o inferno em que entraram duas jovens que são colocadas por seus pais em um lar provisório enquanto eles tentam ganhar a vida (pois trabalham em feiras itinerantes que não propiciam estabilidade e segurança para as garotas). O problema é que a mulher com quem ficam é literalmente uma louca sádica que não perde a chance de promover espancamentos por qualquer motivo que seja. Em troca de 20 dólares semanais ela se propõe a tomar conta das garotas mas qualquer desvio por parte delas é severamente punido, qualquer mínimo deslize não escapa das piores punições, inclusive físicas e psicológicas. Uma verdadeira sádica sem limites.

O curioso é que certos aspectos da história real foram amenizadas, o que deixa qualquer espectador mais atento impressionado, pois o que é mostrado em cena já parece ser violento o bastante. O filme aposta em um realismo brutal mas sem expor o público a cenas explicitas demais de espancamentos e abusos. O diretor muitas vezes prefere apenas sugerir do que escancarar aos olhos dos que assistem ao filme toda a crueza sórdida da situação enfocada. O grande destaque do elenco vai para a sempre talentosa Ellen Page. Quem acompanha sua carreira tem pleno conhecimento de seu grande carisma e talento. Quando tem bom material em mãos para trabalhar Page se saí realmente bem, algo que se repete aqui pois a humanidade que traz para seu personagem é um dos grandes trunfos da produção. “Um Crime Americano” é um filme bastante relevante, pois mostra um tema importante. Seu roteiro também serve como uma denúncia dos absurdos que podem acontecer dentro de quatro paredes. Um alerta mais do que importante para toda a sociedade.

Um Crime Americano (An American Crime, Estados Unidos, 2007) Direção: Tommy O'Haver / Roteiro: Tommy O'Haver, Irene Turner / Elenco: Ellen Page, Hayley McFarland, Nick Searcy / Sinopse: O filme narra a história real de Gertrude Baniszewski, uma dona de casa sádica que promoveu diversos abusos contra uma garota menor de idade durante a década de 1960 em Indiana, Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de abril de 2013

Vivendo e Aprendendo

“A Ignorância é uma benção” – disse certa vez John Lennon. Ele tinha razão de certa forma. Pesquisas já demonstraram que pessoas ignorantes ou de pouco cultura geralmente são mais felizes que pessoas inteligentes, com ampla formação educacional e cultural, uma vez que seu mundo é muito mais simples. “Vivendo e Aprendendo” mostra muito bem esse aspecto. No filme acompanhamos os dramas vividos pela família do professor de inglês Lawrence Wetherhold (Dennis Quaid). Toda a família é intelectual, todos são pequenos gênios em suas respectivas áreas de conhecimento e todos tentam de uma forma ou outra lidar com a grande tragédia que se abateu sobre a família: a morte da matriarca. O professor, marido, viúvo e pai, sofre muito com a perda e se torna uma pessoa amarga, depressiva, sem prazer de viver. Ele só não comete um ato impensado para acabar com tudo porque tem que levar a família em frente, em especial seus filhos James (Ashton Holmes) e Vanessa Wetherhold (Ellen Page). As coisas só começam a mudar quando ele conhece uma nova mulher em sua vida, Janet (Sarah Jessica Parker), que talvez traga redenção em sua amargurada existência.

Esse “Vivendo e Aprendendo” é uma ótima surpresa. Com produção até modesta, calcada muito mais em ótimos diálogos do que em soluções banais, o filme consegue entreter sem ofender a inteligência do espectador. É em essência um filme de atuações onde o elenco, muito bom por sinal, brilha em cenas de bastante profundidade existencial. Dennis Quaid deixa a maré baixa que se abateu sobre sua filmografia recente para mostrar que ainda é um ator de mão cheia, que na maioria das vezes é prejudicado apenas por não contar com bom material. Já Ellen Page repete mais uma excelente atuação. Ela é certamente a atriz mais interessante da nova geração de Hollywood. Em todo filme que surge costuma roubar as atenções, fato que se repete aqui novamente. Sua personagem é certamente um dos grandes trunfos de todo o filme. Assim se você estiver procurando por um bom filme, com roteiro inteligente, atuações inspiradas e excelente texto, “Smart People” é certamente um dos mais indicados. É um filme inteligente feito para pessoas igualmente inteligentes.

Vivendo e Aprendendo (Smart People, Estados Unidos, 2008) Direção: Noam Murro / Roteiro: Mark Poirier / Elenco: Dennis Quaid, Ellen Page, Thomas Haden Church, Sarah Jessica Parker, Ashton Holmes / Sinopse: Professor de inglês viúvo e depressivo tenta reconstruir sua vida e da família ao encontrar um novo amor em sua amargurada existência.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Garota Fantástica

Após estabilizar sua carreira como atriz e produtora, Drew Barrymore resolveu investir na direção. Esse filme “Garota Fantástica” é sua estréia como cineasta. Na estória acompanhamos Bliss Cavendar (Ellen Page) uma garota normal de 17 anos que mora no Texas. Bonita, sua família quer que ela se inscreva em um concurso de beleza na pequena cidade onde vive. Esse é o desejo, o sonho de sua mãe, mas Bliss gosta mesmo é de participar de uma modalidade esportiva chamada “Roller Derby”. Inspirada em um filme de ficção da década de 70 o esporte coloca duas equipes em uma pista de patinação oval. Juntas elas disputam a posse de uma bola, enquanto competem entre si numa corrida alucinada pelo circuito. Violento e casca grossa o esporte seria o menos indicado para uma garota como Bliss, bonitinha e transparecendo fragilidade.

“Garota Fantástica” é quase um experimento de laboratório de Drew Barrymore. De orçamento modesto a produção teve um lançamento discreto nos cinemas americanos e no Brasil foi lançado diretamente no mercado de DVD. Não é um filme imprescindível na coleção de um cinéfilo mas mantém o interesse, principalmente pela sempre interessante presença de Ellen Page, uma atriz talentosa e simpática que sempre traz algo de bom em suas atuações. Seu melhor papel até agora foi a da adolescente grávida Juno e desde então ela tem intercalado filmes menores com blockbusters Hollywoodianos. Essa aqui se encaixa na primeira categoria – filme pequeno, feito na base da amizade que nutre com Drew Barrymore, contando com um elenco de atrizes novas e esforçadas. A direção de Barrymore também não compromete, demonstrando que ela consegue dirigir um filme, desde que seja simples e modesto como esse. No saldo final vale a pena ser assistido, principalmente pelas movimentadas jogadas radicais desse estranho e bizarro esporte (que pelo que eu saiba ainda não chegou ao Brasil). Então fica a dica desse bom passatempo que vale uma espiada.

Garota Fantástica (Whip It!, Estados Unidos, 2010) Direção: Drew Barrymore / Roteiro: Shauna Cross baseado na novela de Shauna Cross / Elenco: Ellen Page, Marcia Gay Harden, Kristen Wiig, Drew Barrymore, Juliette Lewis, Jimmy Fallon, Alia Shawkat, Eve. / Sinopse: Garota jovem de 17 anos resolve participar de um novo esporte radical que combina patinação e corrida sobre patins. Cheio de adrenalina ela tentará ser parte da nova equipe campeã da modalidade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Juno

Poucas coisas são mais terríveis na vida de uma jovem do que uma gravidez na adolescência. O primeiro reflexo negativo vem em sua vida escolar, depois em sua própria vida pessoal. Muitas são abandonadas pelo pai da criança e elas se vêem sozinhas para enfrentar a criação de um bebê, algo sempre complicado e difícil. Esse filme Juno pretendeu mostrar a vida de uma típica adolescente americana que fica grávida sem ter a mínima condução psicológica ou financeira de assumir tantas responsabilidades. Sem condições pessoais ela resolve colocar seu filho para adoção de um casal com dificuldades de gerar sua própria criança. O interessante em Juno é que esse tema, que poderia virar rapidamente um dramalhão daqueles, acaba sendo mostrado de forma leve, despretensiosa, com muita música indie e um clima de leve esperança juvenil. Um de seus melhores aspectos é o elenco. Certamente Ellen Page é uma das melhores atrizes surgidas recentemente no cinema americano. Com cara de menina mesmo ela vem despontando em produções cada vez mais ousadas e interessantes. De fato ela acabou virando uma espécie de espelho dessa geração que está aí. Jovens que já nasceram com toda a liberdade do mundo mas que não sabem direito o que fazer com ela.

O roteiro é de Diablo Cody. Ela virou queridinha da crítica depois que Juno caiu nas graças do público. Ex stripper, ela levou para seu texto muitas coisas de sua própria vida pessoal e isso acabou gerando um contraste entre sua personagem adolescente e as coisas que diz, que são tipicamente de pessoas mais adultas, mais vividas. Isso acabou gerando muito debate no lançamento do filme, dando munição para os que não gostaram muito do roteiro em si. De fato Juno parece não ter uma mentalidade muito condizente com uma garota de sua idade. Ela é esperta, descolada e tem uma cultura pop que não seria muito adequada nem com sua idade e nem com sua personalidade, mas acredito que essa seja uma observação um pouco preciosista demais. No final das contas o que realmente vale a pena em Juno é seu clima alto astral, leve, divertido e até mesmo lírico – a cena final é de um  lirismo ímpar. Se ela é ou não um personagem verossímil já é uma questão para um outro debate maior. Por enquanto assista Juno pelo que essencialmente ele é, um filme soft que retrata um momento hard na vida dessa adorável jovem.

Juno (Juno, Estados Unidos, 2007) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Elenco: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, Olivia Thirlby, J.K. Simmons, Allison Janney, Rainn Wilson, Lucas MacFadden. / Sinopse: Juno MacGuff (Ellen Page) é uma adolescente que fica grávida de seu colega de escola, o nerd e deslocado Bleeker (Michael Cera). Sem ter como criar um filho sendo tão jovem ela resolve levar á criança para doação. O casal escolhido, Vanessa (Jennifer Garner) e Mark (Jason Bateman), tenta criar um laço de amizade e afeição com a jovem garota.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Face Oculta

Essa é uma pequena obra prima, praticamente desconhecida do grande público que sinceramente mal sabe o que está perdendo. O filme tem um começo que em nada nos faz pensar que algo de interessante vai acontecer com o desenrolar do filme. Mero engano. O filme cresce muito pois o cotidiano da pequena Peacock vai revelando coisas bizarras e terríveis. O filme me lembrou muito Psicose de Hitchcock pelas razões que não irei revelar aqui pois corre-se o risco de simplesmente estragar o filme para quem vai assistir pela primeira vez. 

Basta dizer que esse é um thriller psicológico classe A. Ideal para estudantes de psiquiatria forense. O ator Cillian Murphy dá show de interpretação. O papel que faz exige bastante e ele se saí extremamente bem. Embora não seja muito conhecido de nome todos logo vão se lembrar dele por seu papel mais popular, o de Espantalho do filme Batman. A ótima atriz Ellen Page também faz um dos principais papéis, a de uma típica "white Trash" do sul dos EUA, com um filho e sem perspectiva nenhuma na vida. Completando o elenco ainda temos Susan Sarandon, excelente como sempre. Se não assistiu ainda corra para ver pois esse filme é pra lá de interessante. 

Face Oculta (Peacock, Estados Unidos, 2010) Direção: Michael Lander / Roteiro: Michael Lander, Ryan O Roy / Elenco: Cillian Murphy, Ellen Page, Susan Sarandon, Josh Lucas, Bill Pullman, Graham Beckel, Keith Carradine, Eden Bodnar, Chris Carlson, Flynn Milligan, Virginia Newcomb, Jaimi Paige / Sinopse: Um acidente de trem numa cidadezinha do meio oeste americano revela um grande secreto envolvendo um pacato bancário da região.  

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Os Fragmentos de Tracey

Um verdadeiro achado esse "Os Fragmentos de Tracey". O filme não é muito conhecido até por causa de seu formato pouco convencional. Esqueça as narrativas normais que você está acostumado a ver por aí pois não a encontrará aqui. Na realidade a edição é tão dinâmica e desfragmentada que pensamos estar dentro da cabeça da jovem Tracey de quinze anos, com todas as suas inseguranças, sonhos e desejos tão típicos da sua idade. Achei particularmente genial o uso de vários quadros ao mesmo tempo nas cenas. Isso era comum no final dos anos 60 mas aqui o diretor Bruce McDonald resolveu levar tudo às últimas consequências. Assim em uma só cena vemos dois, quatro, seis e até vinte pontos de vista diferentes em um efeito de grande impacto.

Além da linguagem inovadora o roteiro é tão bem feito que ficamos com a impressão de ter sido escrito por uma adolescente mesmo. Lá está Tracey com seu amor platônico da escola, a sensação de ser a "loser", a convicção de que sua família é toda formada por idiotas e por aí vai. O filme lida muito com sensações, assim nada de contar a vida dela de forma banal, pelo contrário, tudo é tão jovial e inovador que fiquei realmente surpreso. O filme lembra em certos momentos "Juno" (o grande filme da carreira da Ellen Page) mas é muito mais radical e cool. Está a fim de assistir algo que fuja do feijão com arroz? Ora, corra para ver "Os Fragmentos de Tracey". Eu recomendo com absoluta certeza.

Os Fragmentos de Tracey (The Tracey Fragments, Estados Unidos, 2007) Direção de Bruce McDonald / Elenco: Maureen Medved, baseado na novela de Maureen Medved / Elenco: Ellen Page, Zie Souwand, Maxwell McCabe-Lokos / Sinopse: O filme mostra em narração desfragmentada pequenos momentos da vida de Tracey Berkowitz, uma garota de 15 anos que sai em busca de seu irmão.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Origem

"A Origem" é uma excelente ideia que ficou no meio do caminho. Seu roteiro chama a atenção pela extrema imaginação e originalidade, seu argumento é ótimo com uma ideia central muito rica em possibilidades, com tudo bem costurado, coerente e fechadinho mas que se perde em uma narrativa sofrível que prejudica muito o filme no saldo final. Em poucas palavras: Um roteiro extremamente criativo que afunda numa edição ruim e numa linha narrativa pior ainda. Também falta coragem em se assumir como uma ficção totalmente inteligente e conceitual. No desespero de agradar aos mais jovens que frequentam cinema hoje em dia o diretor Christopher Nolan se acovardou e encheu a produção de correrias, tiroteios ultra exagerados (e bregas) tornando tudo banal, mais do mesmo. Não ousou ir até o fim, até as últimas consequências (como Kubrick fazia em seus filmes). Poucas vezes vi um ponto de partida tão promissor se perder em um emaranhado tão vasto de bobagens de estilo e cenas de ação gratuitas. A ideia central do filme não é complicada de se seguir (embora tenha deixado alguns espectadores sem entender muito bem o que acontece). Basicamente é uma alegoria do inconsciente que aqui deixa de ser meramente individual para se tornar coletivo, em um plano compartilhado por várias pessoas ao mesmo tempo. Falando assim até parece sem sentido, mas não é. Quem assistiu sabe disso. O problema é que o diretor Nolan faz um rocambole dos diabos com isso.

O calcanhar de Aquiles de "A Origem" é essa: as coisas acontecem em um ritmo tão acelerado e desorganizado que deixa o espectador médio aturdido. Faltou ao diretor organizar melhor as ideias e as distribuir na sequência de cenas de uma forma menos caótica. A terça parte final do filme é um verdadeiro abismo em termos de edição. Temos três níveis de sonhos, mais delírios de subconsciente e lembranças tudo misturado em uma quase inexistente linha de narração. A impressão nítida que tive foi que Nolan se perdeu totalmente nessa parte do filme. As coisas são literalmente vomitadas em cima do espectador que fica sem saber direito o que está afinal acontecendo. Alguns se esforçam para seguir o fio da meada mas pelo pude constatar na sala que assisti a maioria simplesmente desistiu de tentar acompanhar. Para esses Nolan distribuiu fartas cenas de ação vazias que permeiam toda a narrativa. Estaria tentando acordar os mais sonolentos? Foi o que me pareceu. Assim em determinado momento a produção se torna muito chata, afundada numa sucessão de sonhos dentro de sonhos que por sua vez estão dentro de outros sonhos. O filme também é muito pretensioso mas não cumpre o que prometia. Em poucas palavras: se torna um filme intragável para grande parte do público. Realmente faltaram foco, organização, ousadia e sensibilidade no resultado final. Espero sinceramente que Nolan não leve todos esses defeitos para o próximo Batman. Pretensão demais pode levar qualquer filme à sua própria ruína.

A Origem (Inception, Estados Unidos, 2011) Direção de Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page / Sinopse: Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é um especialista em adentrar sonhos e mentes alheias com objetivos ilegais e ilícitos. Em uma dessas invasões acaba se envolvendo em uma rede de interesses industriais e comerciais do qual não consegue mais ter controle.

Pablo Aluísio.