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sábado, 16 de março de 2024

The Beatles - With The Beatles - Parte 2

The Beatles - With The Beatles - Parte 2
Desde o primeiro álbum os Beatles sempre deixavam uma música, geralmente a mais simples, para o baterista Ringo Starr cantar. Virou uma tradição que foi sendo seguida até o último disco. Embora Ringo não tivesse um grande talento vocal, seu timbre de voz era interessante, ideal para rocks mais agitados ou então músicas com sabor country and western. No caso do "With The Beatles" Paul e John reservaram para ele a agitada "I Wanna Be Your Man" que inclusive acabou virando um ponto alto também nos concertos ao vivo do grupo. Ringo sempre muito animado criava um verdadeiro frisson entre as fãs quando mandava ver na apresentação dessa canção. O interessante é que os Beatles não foram os primeiros a gravarem a canção. John Lennon havia dado de presente aos Rolling Stones a música. Eles a gravaram e a lançaram em fins de 1963.

O single com "Not Fade Away" no Lado A foi um dos primeiros sucessos do grupo de Mick Jagger. Talvez esse sucesso todo tenha incomodado um pouco John que resolveu que os Beatles iriam colocá-la em seu novo álbum, algo que os Stones não esperavam. Em entrevistas feitas anos depois John Lennon deixou escapar um certo ressentimento pelo fato dos Rolling Stones terem feito sucesso com uma canção escrita por ele. Chegou até mesmo a desmerecer a música, dizendo que nunca daria algo realmente bom para os Stones gravarem. Foi algo meio rude de sua parte.

"Roll Over Beethoven" era um cover dos Beatles para um velho sucesso de Chuck Berry. Não era surpresa para ninguém que os Beatles adoravam a primeira geração do rock americano, com destaque para Elvis Presley, Little Richard, Buddy Holly e claro o próprio Chuck Berry. A letra era uma gozação de Berry para com os críticos da época que diziam que o Rock ´n´ Roll era um tipo de música muito simples, com letras fracas e melodias primárias. Tudo isso era compensado com a vibração da canção. 

O interessante é que os Beatles poderiam ter incluído nas faixas do disco dois dos maiores sucessos da banda na época como "She Loves You" e "I Want To Hold Your Hand". O problema é que as gravadoras não incluíam músicas lançadas em singles nos álbuns, nos LPs. Um erro que atingiu a discografia não apenas dos Beatles, mas de outros grandes artistas do rock também. Uma forma de pensar equivocada. Sem ter músicas originais inéditas para tantos lançamentos o jeito foi mesmo gravar esse cover, que aliás ficou excelente, recebendo elogios do próprio Chuck Berry.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

The Beatles - With The Beatles - Parte 1

The Beatles - With The Beatles - Parte 1
A primeira composição de George Harrison a entrar em um álbum dos Beatles foi justamente essa gravação de "Don't Bother Me" que ouvimos nesse disco. Claro que com os anos George iria melhorar muito em termos de melodia e letra, mas aqui já demonstra bons sinais de seu talento. Não é uma grande canção, diria que é até mesmo uma criação básica, mas que serviu para quebrar o gelo. Além disso trazia em sua letra aspectos da própria personalidade do "Beatle quieto", afinal uma música que tinha uma mensagem de "Não me perturbe" não poderia ser mais característica do Beatle. Enquanto Paul sempre trazia o lado mais romântico e otimista e John surgia com o rock mais ácido e pessimista, George fazia contrabalanço aos dois, tentando aparecer e se esconder ao mesmo tempo no meio dos dois gênios.

"All My Loving" provavelmente seja uma das canções mais populares desse álbum. Embora muitos a associem a Paul exclusivamente, essa foi uma criação a quatro mãos, com Paul e John trocando ideias face a face. Claro que a letra foi criada quase que exclusivamente por McCartney, baseada em seu relacionamento com a atriz Jane Asher, porém John apareceu dando importantes dicas no desenvolvimento da melodia em si. Para John a canção tal como fora apresentada pela primeira vez por Paul nos estúdios Abbey Road ainda não tinha o pique necessário. 

Foi John então que a acelerou um pouco, trazendo mais vida para a música. Ficou excelente após a colaboração de Lennon. George Martin decretou após ouvir o primeiro ensaio: "É isso, está perfeita, vamos gravar!". Voltando para a letra seria interessante dar uma olhada em seus versos: "Feche os olhos e eu te beijarei / Amanhã sentirei sua falta / Lembre-se que sempre serei verdadeiro / E quando eu estiver longe / Vou te escrever todo dia / E mandar todo meu amor pra você / Vou fingir que estou beijando / Os lábios dos quais sinto falta / E torcer para meus sonhos virarem realidade".

Eu poderia classificar esse tipo de sentimento presente na letra como um amor adolescente, algo que poderia ter sido escrito por um colegial apaixonado pela garota da escola. Não estou escrevendo isso para desmerecer Paul como letrista, mas sim para salientar como é também arriscado escrever canções de amor para o público jovem. Paul, como bem demonstrou o sucesso da balada, acabou acertando em cheio. Até porque o público dos Beatles por essa época era formado basicamente por jovens histéricas que gritavam pelos membros do grupo nos shows. Foi justamente para essas fãs que Paul escreveu essas palavras. Nada mais complicado do que captar o sentimento dessas garotas em versos e melodia.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

The Beatles - I Want to Hold Your Hand / This Boy

The Beatles - I Want to Hold Your Hand / This Boy
Em fevereiro de 1964, há exatamente 60 anos, os Beatles, uma banda inglesa que poucos conheciam nos Estados Unidos, chegaram ao primeiro lugar da principal parada de sucessos americana, a Billboard, com o single "I Want To Hold Your Hand". Desde então o mundo musical jamais seria o mesmo. Nos anos seguintes os Beatles e outros conjuntos britânicos como os Rolling Stones tomariam de assalto todas as listas de mais vendidos, começando uma nova era que seria conhecida anos depois como "A Invasão Britânica". 

É interessante porque John Lennon dizia internamente para seus companheiros de banda que jamais iria tocar nos Estados Unidos se não tivesse um single (compacto) em primeiro lugar nas paradas. Isso soava tão presunçoso para eles naquele momento que os demais riram de suas afirmações. Mas John, com a personalidade que tinha, havia batido o pé nessa posição. Ele havia informado para Brian Epstein que os Beatles só tocariam na América com essa condição. E o mais surpreendente de tudo é que essa condição um dia realmente se tornou verdade e foi justamente com esse single que chegou ao primeiro lugar da Billboard, abrindo as portas dos Estados Unidos para os Beatles! 

"I Want to Hold Your Hand" foi escrita por John e Paul na casa de Jane Asher, a namorada de Paul na época. Ele havia se mudado para a casa da família dela pois se dava bem com todos os seus parentes e desde que sua mãe havia morrido, Paul sentia falta de um ambiente familiar como aquele. O Lado B vinha com a balada "This Boy" de John Lennon. Embora fosse uma música de John, Paul obviamente colaborou muito nos arranjos e na harmonia. Paul adorava canções românticas, ternas baladas de amor como essa. E podemos perceber também que John já começava a aprimorar suas letras, fugindo mais de temas genéricos e partindo para letras mais pessoais, ainda que em seus primórdios. Assim o que temos aqui nesse single são duas músicas fortes, ambas compostas por John Lennon, auxiliado de seu eterno parceiro Paul McCartney.  Um daqueles singles que mudaram a música mundial para sempre. 

I Want To Hold Your Hand (Lennon - McCartney) - Oh, yeah, I'll tell you something / I think you'll understand / When I say that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / Oh, please, say to me / You'll let me be your man / And, please, say to me / You'll let me hold your hand / Now let me hold your hand / I wanna hold your hand / And when I touch you I feel happy inside / It's such a feeling that my love / I can't hide, I can't hide, I can't hide / Yeah, you've got that something / I think you'll understand / When I'll say that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / And when I touch you I feel happy inside / It's such a feeling that my love / I can't hide, I can't hide, I can't hide / Yeah, you've got that something / I think you'll understand / When I'll feel that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

A Nova (e última) Música dos "Beatles"...

A Nova (e última) Música dos "Beatles"...
Eu uso "Beatles" entre aspas porque não consigo ver essa "Now and then" como uma genuína música dos Beatles. É uma forçada de barra sair dizendo que essa seria a "última música dos Beatles". Pura coisa de marketing. Mais falso do que isso, impossível. Agora isso tudo não significa que eu não tenha que dar os parabéns ao bom e velho Paul McCartney. Ele tirou leite de pedra e transformou uma demo esquecida em uma gaveta qualquer do Dakota em Nova Iorque em uma bela música para se ouvir. O velho Paul não perdeu a mão em embelezar canções, principalmente de seu velho parceiro, o falecido John Lennon. 

Não tem como fugir à realidade que essa demo era um resto qualquer que John Lennon esqueceu que existiu e que foi resgatada por Yoko para fazer parte do Anthology 3. Não fez porque George Harrison não gostou da música e decidiu que não iria fazer nada por ela, apesar dos protestos de Paul. Os anos passaram, George morreu e então Paul resolveu trabalhar de novo naquela fita K7. Não há como negar que o trabalho de Paul ficou muito bonito, só que tudo isso no final não seria desnecessário, que tudo foi apenas uma chance de ganhar um dinheiro fácil com a marca dos Beatles?

Vamos aos fatos. John Lennon gravou essa demo em casa, de forma amadora. Colocou seu aparelho de gravador em cima do piano e tocou a canção. Ele fazia isso para não esquecer suas composições. Algumas vezes esquecia mesmo assim. Não se sabe nem ao certo quando a demo foi gravada. Alguns acreditam que foi por volta de 1977. Três anos depois John resolveu voltar para gravar um novo disco. Ele nem levou em conta essa composição para compor o novo álbum. Provavelmente não achava uma música tão boa para seu novo LP. Ignorou completamente. De fato não é uma de suas melhores criações. É triste, melancólica e tem uma harmonia meio chata. Não fez parte de sua carreira solo. Por que iria fazer parte da história dos Beatles?

Paul e Ringo estão no final de suas vidas. Essa faixa produzida agora é como raspar o fundo do baú. Em minha opinião os Beatles acabaram em 1970 e usando sua discografia oficial como marco a última música dos Beatles foi "The End" do Abbey Road. E fim, acabou ali. Nem "Free as a Bird" e nem "Real Love" dos dois primeiros CDs Anthology consigo considerar como músicas genuínas dos Beatles. São legais, reuniram os que ainda estavam vivos, mas ficam por aí. Não era Beatles assim como essa lançada essa semana também não é Beatles. E nem tampouco é a última música dos Beatles. Tudo tem um fim na vida e a trajetória dos Beatles acabou em 1970. O resto é jogada de marketing. 

Assim, para concluir, como eu definiria esse novo lançamento? Muito simples. É uma música que John Lennon compôs nos anos 1970. Era uma música interessante a ponto dele fazer uma demo, mas não tão boa a ponto dele incluir em algum de seus discos da carreira solo. Agora ela foi melhorada pelos velhos amigos Paul e Ringo. E pronto, nada muito além disso. Não me venha com esse papo furado dos Beatles que no meu caso definitivamente não cola mais!

Pablo Aluísio. 

sábado, 10 de junho de 2023

The Beatles - Meet The Beatles!

Parece o "With The Beatles" mas definitivamente não é! É um outro disco, o segundo álbum oficial dos Beatles nos Estados Unidos. Também foi o primeiro dos Beatles em  um grande selo na América. Como eu expliquei antes no texto sobre o primeiro álbum dos Beatles na discografia americana, o passe do grupo foi adquirido pela pequena Vee-Jay que deteve por dois anos o direito de lançar todas as músicas do conjunto em solo americano. Só depois que a Vee-Jay foi comprada e fechada pela poderosa Capitol é que definitivamente começou a chamada Beatlemania naquele país - e indo na onda da correnteza, no restante do mundo. "Meet The Beatles!" foi um sucesso espetacular de vendas porque chegou nas lojas no exato momento em que os Beatles invadiam todos os lares americanos se apresentando no Ed Sullivan Show para milhões de telespectadores. O impacto foi incrível, superando a maior audiência do programa que havia sido batida pela apresentação de Elvis Presley nos anos 50. O problema é que havia anos que Elvis não aparecia na TV, completamente exilado em Hollywood e assim os cabeludos ingleses tomaram a nação de assalto para si.

Se formos usar a discografia inglesa como exemplo vamos perceber que a seleção musical de "Meet The Beatles!" é na verdade uma coletânea de singles, compactos duplos e álbuns diversos dentro da discografia original do grupo. Há decisões maravilhosas de repertório como por exemplo abrir o disco com a fenomenal e empolgante "I Want To Hold Your Hand" sendo seguida pela não menos vibrante "I Saw Her Standing There" (do disco inglês "Please Please Me"). A primeira inclusive, considerada uma das melhores gravações da carreira dos Beatles, só havia sido lançada na Inglaterra em single e sua inclusão no disco americano serviu para divulgar ainda mais o som do grupo nos Estados Unidos. Há várias faixas extraídas do "With The Beatles" mas no geral a seleção agrada, com destaque para a linda "This Boy" que sempre achei muito mal aproveitada na discografia inglesa. Esse é o disco que a jovem fã que gritava pelos Beatles nos shows pela América tinha em casa. Foi com ele que os americanos se renderam àqueles quatro ingleses de Liverpool. Por ser tão significativo o álbum foi eleito pela revista Rolling Stone como um dos mais importantes da história do rock. Curiosamente é um disco 100% americano, praticamente inexistente nas demais discografias do resto do mundo. No Brasil, por exemplo, foi lançado o famoso "Beatlemania" que também copiava essa capa - mas isso é uma outra história que trataremos por aqui em breve. Até lá!

The Beatles - Meet The Beatles! (1964)
 I Want To Hold Your Hand
I Saw Her Standing There
This Boy
It Won't Be Long
All I've Got To Do
All My Loving
Don't Bother Me
Little Child
Till There Was You
Hold Me Tight
I Wanna Be Your Man
Not A Second Time

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

A América que não amava os Beatles

A América que não amava os Beatles
Quando os Beatles gravaram suas novas músicas e as lançaram no single "She Loves You / I'll Get You" eles acreditaram que tinham acertado em cheio. Afinal o compacto lançado na Inglaterra e em diversos países da Europa imediatamente fez um belo sucesso. Número 1 em diversas paradas. John Lennon acreditou que finalmente essa música seria lançada na América pelo selo Capitol com toda a publicidade que tinha direito. Só que isso não aconteceu! 

Para surpresa completa de John e dos demais Beatles, a Capitol recusou a música. O diretor musical da gravadora americana afirmou que a música era muito fraca e que não faria sucesso nenhum nas rádios americanas. Claro que ele estava muito enganado sobre isso, mas seu veto valeu. A Capitol arquivou o single e ficou esperando por algo melhor vindo daqueles cabeludos ingleses. 

John Lennon ficou muito chateado. Como Paul McCartney diria anos depois, os Beatles compunham suas músicas nessa fase pensando no sucesso comercial. Eles queriam o sucesso e nada seria mais consagrador do que fazer sucesso nos Estados Unidos e na América. Com as portas fechadas daquele jeito, iria ser complicado. Curiosamente o single finalmente seria lançado, só que meses mais tarde quando a Beatlemania tomava conta dos Estados Unidos durante a primeira turnê do grupo naquele país. Para John Lennon aquilo só podia ser piada. Afinal a rejeição inicial lhe deixou bem chateado. 

Já o lado B era bem conhecido dos brasileiros. Isso mesmo, o público brasileiro ouviu essas músicas primeiro do que os americanos. E I'll Get You fazia parte do repertório do disco brazuca "The Beatles Again" que só saiu no Brasil. Com capa medonha de feia, esse disco tinha uma excelente seleção musical, provando que pelo menos na EMI brasileira eles sabiam muito bem o que estavam fazendo. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 5 de abril de 2023

The Beatles - Introducing... The Beatles

Quando os Beatles ainda era um grupo desconhecido nos EUA a pequenina gravadora Vee-Jay comprou todos os direitos de comercialização de suas músicas para o mercado americano. A negociação foi feita com Dick James, o dono da Northern Songs, a editora das canções escritas pela dupla Lennon e McCartney. O interessante é que a Vee-Jay comprou o passe dos Beatles para os Estados Unidos sem ter nem ao menos idéia do que eles iriam se transformar nos anos seguintes. Afinal aqueles garotos de Liverpool eram notórios desconhecidos dos americanos quando essa transação comercial foi realizada. 

Depois que os Beatles viraram um fenômeno de vendas a gigante Capitol quis de todas as formas comprar os direitos do quarteto para comercialização de seus álbuns na América mas a Vee-Jay se recusou a vender. Para finalmente ter o acesso à discografia dos Beatles a Capitol então teve que comprar a própria Vee-Jay, fechar a gravadora, para só assim lançar os discos do conjunto! Uma decisão radical, mas necessária. Antes porém que a Vee-Jay fosse engolida pela poderosa Capitol ela lançou esse primeiro disco dos Beatles nos Estados Unidos.

Chamado simplesmente de “Introducing... The Beatles” (Apresentando... os Beatles) o disco chegou nas lojas americanas pela primeira vez em setembro de 1962. Os Beatles eram devidamente apresentados como “O grupo vocal número 1 da Inglaterra”! Como a Vee-Jay era um selo muito modesto e sem maiores recursos a primeira prensagem do vinil só conseguiu chegar inicialmente nos grandes centros do país como Nova Iorque, Los Angeles e Chicago. Nos primeiros meses poucas foram as cópias vendidas, sendo que apenas após o estouro da Beatlemania é que o disco realmente despontou nas paradas (gerando mais duas reedições, uma em 1963 e outra em 1964). 

A seleção musical é praticamente idêntica ao do álbum inglês “Please, Please Me” mas com pequenas mudanças nas próprias canções (a introdução de "I Saw Her Standing There" é diferente, por exemplo). Nas reedições do disco a Vee-Jay fez alterações na ordem e na seleção das canções ("Ask Me Why" e "Please Please Me" só foram adicionadas na seleção musical na segunda prensagem do disco, mostrando bem a bagunça do selo). Mesmo assim, de uma forma ou outra, foi com esse vinil, modesto, simples, mal distribuído, que os americanos começaram a ouvir os Beatles, dando origem a uma invasão britânica nas paradas que duraria até o final do quarteto em 1970.

Introducing... The Beatles (1962)
I Saw Her Standing There
Misery
Anna (Go to Him)
Chains
Boys
Love Me Do
P.S. I Love You
Baby It's You
Do You Want to Know a Secret
A Taste of Honey
There's a Place
Twist and Shout

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

The Beatles - From Me to You / Thank You Girl

The Beatles - From Me to You / Thank You Girl
As coisas começaram a melhorar para os Beatles nesse single. Foi o primeiro do grupo a chegar em primeiro lugar na parada britânica. Saiu-se também muito bem nas demais paradas de toda a Europa. Os Beatles começavam a chamar atenção por causa do sucesso de suas músicas. As letras, como podemos ver nesse compacto, eram simples, basicamente temas de amor adolescente. E não havia nada de errado nisso, fazia parte da cultura musical jovem da época. 

A música "From Me to You" era basicamente uma cartinha de amor. Caiu rapidamente no gosto do público alvo. O lado B "Thank You Girl", por sua vez, não chamou muita atenção e ficou fora da discografia oficial dos Beatles por longos anos. Só ficou mais conhecida dos fãs atuais por causa de sua inclusão na coleção "Past Masters". Boa faixa com clara valorização da percussão executada por Richard Starkey, o Ringo Starr.

A imagem dos Beatles também começava a ser mais conhecida. O empresário do grupo havia suavizado a imagem deles, tirando os rapazes dos casacos de couro negro e os colocando em ternos refinados bem cortados. E também tirou toda aquela brilhantina do cabelo dos jovens músicos. Eles passaram a usar o cabelo liso, em franjas. Estilo francês.

Por que um homem rico e bem sucedido como Brian Epstein perdia tanto tempo se preocupando com aqueles jovens desconhecidos de Liverpool? Algumas biografias dizem que ele era apaixonado por John Lennon, mas essa é uma fofoca de bastidores, nunca confirmada. O que vale, no final das contas, é a música realmente fascinante que eles estavam produzindo naquela época.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

The Beatles - Please Please Me / Ask Me Why

The Beatles - Please Please Me / Ask Me Why
Esse foi o segundo single da carreira dos Beatles. Trazia canções que faziam parte do seu primeiro álbum. Na Inglaterra, o compacto fez sucesso, chegando ao segundo lugar entre os mais vendidos. Só que seu sucesso se restringiu mesmo apenas ao país natal dos Beatles. Fora das ilhas britânicas, não houve maior repercussão. No resto da Europa, o single não fez sucesso e foi ignorado nas principais paradas europeias de singles. Nos Estados Unidos, foi ainda pior. Os direitos dos Beatles para América estavam nas mãos de uma pequena gravadora chamada VeeJay. Era um selo muito pequeno e sem expressão e não conseguiu qualquer repercussão nas rádios dos Estados Unidos. 

O compacto passou em brancas nuvens no país de Elvis. A tal ponto que não conseguiu nem classificação na Billboard. Os americanos ainda não tinham a menor ideia de quem eram os Beatles e que tipo de música eles faziam. E também não era um compacto com muita vocação para fazer sucesso. As duas canções eram retiradas, como eu já escrevi, do primeiro disco dos Beatles e não passavam, para falar a verdade, de boas canções de amor adolescente. Apesar dos esforços do empresário Brian Epstein os Beatles ainda iam demorar um pouco para finalmente emplacarem como grande sucesso comercial Internacional. Por essa época ninguém dava muita bola para as músicas do quarteto.

The Beatles - Please Please Me (1962)
Please Please Me 
Ask Me Why  
Selo: EMI Parlophone 
Produção: George Martin
Data de Lançamento: 5 de outubro de 1962

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

The Beatles - Please Please Me - Parte 6

No inicio os Beatles só queriam ser aceitos. Quando chegaram na EMI para suas primeiras gravações eles apenas queriam ser aprovados. O grupo vinha de uma experiência infeliz na Decca onde um executivo mal humorado lhes tinha dito que “Ninguém mais está interessado em grupos de rock como o de vocês!”. Desanimados mas não derrotados os Beatles continuaram sua saga atrás de alguma gravadora que lhes aceitassem. Eles já tinham gravado profissionalmente na Alemanha como o grupo de apoio de Tony Sheridan mas não era a mesma coisa. Eles queriam ser reconhecidos por seus próprios talentos, cantando suas próprias músicas.

Na EMI conheceram o educado e simpático George Martin que resolveu dar uma chance ao grupo. Ele comandava o selo Parlophone, especializado em discos de comédias e gravações sem muita importância comercial. Querendo diversificar Martin acabou vendo naqueles rapazes uma promessa. Após as primeiras audições ele percebeu que havia muito trabalho a fazer. Os rapazes eram muito crus ainda. Suas composições eram bem  interessantes mas tinham que ser melhoradas dentro do estúdio. Martin também não gostou muito de seu baterista, o tímido Pete Best. Sugeriu que o usassem apenas nos shows e que dentro do estúdio fosse utilizado o baterista da própria EMI, um músico contratado. John e Paul acreditavam que seria melhor trazer outro músico melhor. Foi assim que Ringo Starr entrou na história dos Beatles.

Please Please Me foi o primeiro álbum da banda. Fruto de muito empenho pessoal de Brian Epstein, o disco de estréia daqueles quatro rapazes de Liverpool finalmente se materializava. A seleção musical misturava covers de outros grupos e cantores com composições próprias de John Lennon e Paul McCartney, os líderes da banda. A música título era uma variação da musicalidade de Roy Orbison pois Lennon era fã do cantor americano. Na primeira vez que ouviu a música George Martin acho seu ritmo muito fora de tom. Depois de conversar com Paul e John finalmente chegou numa boa versão, com ótimo ritmo. No total foram registradas 14 canções, sendo sete delas composições de Lennon / McCarney, uma dupla que criaria nos anos seguintes algumas das canções mais populares do século XX. O disco foi gravado praticamente ao vivo dentro de estúdio. Tudo se resumia em ligar os instrumentos diretamente nos equipamentos de gravação e mandar ver. Por isso não prospera a velha tese de que os Beatles não eram bons ao vivo, que erravam e tocavam mal. Não é verdade.

Para entender basta ouvir essas gravações e os registros que os Beatles fariam depois na rádio BBC. Material gravado ao vivo, de ótima qualidade. Na última gravação do dia, “Twist and Shout” a voz de John Lennon estava em frangalhos, o que trouxe uma vocalização única na faixa. Essa aliás acabou sendo uma das mais famosas canções do disco, um símbolo da primeira fase dos Beatles. O disco chegou nas lojas em março de 1963 e logo se destacou nas paradas. O próprio empresário Brian Epstein deu uma forcinha adquirindo um lote completo de cópias para suas lojas de discos, assim os Beatles começariam a aparecer entre os mais vendidos logo nos primeiros dias de lançamento. O resto é história. “Please Please Me” marcaria o começo de uma nova fase na história da música mundial. Uma revolução de proporções épicas. E pensar que tudo isso começou naquela tarde em que os Beatles só desejavam ouvir um “sim” da poderosa EMI.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

The Beatles - Please Please Me - Parte 5

"There's A Place" é a última canção composta por Paul e John em seu disco de estréia. Mais uma que foi inspirada no cinema. Aqui Lennon apenas aproveitou uma frase da música "Somewhere" do filme West Side Story que dizia: "Somewhere there's a place for us". Já que havia em algum lugar um cantinho para esses jovens apaixonados viverem felizes, John completou a ideia com uma afirmação de que, sim, havia mesmo um lugar para eles.

Não seria necessariamente um lugar físico, poderia ser apenas uma abstração na própria mente, onde eles viveriam felizes, mas de fato esse lugar existiria. Gosto muito dessa letra pois já mostra um lado de John em que ele imagina um lugar ideal (ecos da futura Imagine? Pode ser). Ele provava assim que desde jovem já tinha uma visão bem abstrata do mundo ao seu redor.

O álbum se encerra com a excelente "Twist and Shout". Uma composição da dupla Medley e Russell. A sessão de gravação do disco já estava em seu final quando os Beatles puxaram um último fôlego para finalizar essa música. A voz de John Lennon já estava em frangalhos, o que de certa forma acabou combinando com a essência da música em si.

Além disso a forma como John canta a música acabou lhe dando sua característica mais conhecida. Depois que foi utilizada na trilha sonora do filme "Curtindo a Vida Adoidado" acabou ficando ainda mais conhecida e famosa para as novas gerações. No geral é aquele tipo de rock mais visceral que John Lennon queria trazer para os discos dos Beatles, afinal de contas ele próprio se auto intitulava "uma velha orquestra de rock ´n´ roll".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

The Beatles - Please Please Me - Parte 4

Por muitos anos, por ser uma baladinha, "Ask Me Why" foi considerada uma filha de Paul. Afinal ele sempre foi o grande compositor de músicas românticas dos Beatles. Anos depois porém o mistério foi decifrado pois ao que tudo indica a canção foi escrita quase que noventa por cento por John Lennon. Paul apenas deu retoques finais em sua melodia.

Uma surpresa encontrar uma música tão terna provindo do áspero John Lennon. Por ter uma boa sonoridade e vocação para as paradas o produtor George Martin a colocou como lado B do single "Please, Please Me". Uma decisão acertada já que a outra canção que os Beatles queriam colocar no segundo lado do compacto era muito fraca mesmo. Essa música chamada "Tip of My Tongue" foi assim deixada de lado pelo grupo.

Eu particularmente aprecio "Baby It's You". Esse é um cover dos Beatles para um sucesso do The Shirelles, um grupo vocal negro formado por maravilhosas cantoras que conseguiram se tornar o primeiro grupo feminino afro-americano a atingir o topo de sucessos da Billboard Hot 100, um feito incrível para os anos 1960, principalmente em uma sociedade com tantos problemas raciais como a norte-americana na época. A versão dos ingleses cabeludos segue praticamente passo a passo a gravação das garotas do Shirelles. Não há grandes diferenças entre as duas versões. Foi colocada no álbum por sugestão de John Lennon que estava muito interessado no som de grupos negros, principalmente os que faziam parte do elenco de artistas da gravadora Decca.

"A Taste of Honey" tem uma sonoridade peculiar. Talvez seja a pior faixa do álbum, com um arranjo vocal muito pretensioso que hoje em dia soa desconfortável aos ouvidos. Seu exótico ritmo talvez se explique pelo fato da mesma ter sido composta baseando-se em uma peça teatral de sucesso na época. Daí vem sua dramaticidade. A versão dos Beatles é apenas ok. Provavelmente foi colocada no disco para preencher mais espaço e tempo, afinal o álbum foi planejado para ser lançado com quatorze músicas, o que era acima da média na indústria fonográfica daqueles tempos. O mais comum eram discos com dez ou no máximo doze faixas. Muito provavelmente George Martin tenha lotado o disco de canções como forma de convencer o consumidor a comprar o LP de estréia daqueles jovens novatos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

The Beatles - Please Please Me - Parte 3

Então chegamos em "Misery", outra composição da dupla Lennon e McCartney. Durante um certo tempo o grupo pensou em colocar "Besame Mucho" nesse disco, mas a ideia foi afastada por Paul pois em suas próprias palavras isso o retratava como um "músico de cabaret". De uma forma ou outra a sugestão foi colocada de lado, até porque os Beatles já a tinham gravado em outra ocasião, com um resultado abaixo do esperado (falaremos mais sobre isso em outra ocasião). "Misery" foi composta face a face entre Paul e John, porém Lennon a considerava uma criação mais dele do que de Paul. A letra com sabor até mesmo country, já trazia alguns aspectos sombrios e pessimistas que iriam caracterizar bastante a obra de John Lennon nos anos seguintes. Ele aliás costumava brincar dizendo que Paul sempre surgia com otimismo e pensamentos positivos, enquanto ele gostava de adotar posturas mais pessimistas, isso quando não era completamente sarcástico e mordaz.

Sempre gostei bastante da balada "Anna" (Go to Him). Esse foi o primeiro cover dos Beatles no disco. Essa canção gravada originalmente pelo próprio autor Arthur Alexander no selo Dot Records era apenas uma das dezenas de canções românticas que os Beatles usavam em seus shows. É nitidamente uma balada de bailinho, para se dançar com o rosto colado. Numa época em que o quarteto fazia longas apresentações na Alemanha, algumas delas durante quase quatro horas, era necessário fazer e lançar mão de praticamente tudo que estivesse nas paradas. Como eles tinham tocado muito a música nessas ocasiões resolveram encaixar no álbum, já que seria facilmente gravada - afinal eles já estavam mais do que afiados na execução da canção. Um belo momento romântico do disco que acabou fazendo um considerável sucesso no Brasil já que a canção se chamava "Anna", um nome comum em nosso país.

Outro cover do disco é "Chains" da dupla de compositores Goffin e King.  Outra que segue a lógica da gravação anterior. Era mais uma balada que os Beatles já estavam calejados de tanto que a tocaram ao vivo. Para mudar um pouco deram parte da vocalização principal para George Harrison que nessa época ainda não compunha, se limitando a ser apenas o talentoso guitarrista solo do grupo. Também conviver com a enorme sombra de Paul e John não deveria ser muito fácil. Para piorar Lennon o considerava quase como apenas um pupilo, já que a diferença de idade entre eles sempre pesou muito na relação. Mais tímido do que os demais membros do grupo, se assumindo como um Teddy Boy consumado, sem pretensão de bancar o intelectual, Harrison levaria ainda alguns anos para se firmar como mais um elo criativo dentro dos Beatles.

Para levantar o disco, dar agitação e trazer rock ao álbum os Beatles chegam logo a seguir com "Boys". Ringo Starr nunca foi o melhor cantor do mundo. Na verdade ele destruiu algumas canções dos Beatles, como por exemplo, "Good Night" do White Album, que exigia uma voz mais suave e melódica. Lá infelizmente Ringo não tinha o timbre adequado. Na verdade seus talentos como cantor se enquadravam bem em música country e rocks mais agitados. Em "Boys" deu certo. A música, um rock com muita vibração, caiu como uma luva para sua voz rústica da classe operária de Liverpool. Curiosamente, por causa da pressa em que o álbum foi gravado (afinal tempo era dinheiro para a EMI), "Boys" ficou pronta em apenas um take, gravado ali, ao vivo, com todos tocando juntos. Por isso muitos qualificam esse primeiro disco dos Beatles como um "disco ao vivo gravado em estúdio" (por mais contraditória que essa expressão possa parecer). 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

The Beatles - Please Please Me - Parte 2

One, two, three, four... e assim começa os primeiros acordes de "I Saw Her Standing There". Os Beatles abrem seu primeiro disco com essa composição própria. Esse foi um diferencial importante para o quarteto inglês já que desde os primórdios sempre fizeram questão de compor suas próprias canções. Claro que sendo seu primeiro álbum ainda havia uma certa insegurança em lidar apenas com material escrito por eles mesmos, por isso há entre as faixas do disco alguns covers de outros artistas que os Beatles gostavam.

Essa fórmula inclusive se repetiria em seu segundo álbum "With The Beatles" e de certa forma seria descartada no disco "A Hard Day´s Night". Em relação a "I Saw Her Standing There" o que mais importante temos a dizer é que se trata daquilo que gosto de chamar de "música de palco". Aquele tipo de rock feito para levantar o público durante os concertos. Por isso a sequência numérica em sua introdução e a extrema vibração ao longo de todo o número.

Quando o álbum original saiu um dos destaques era a canção "Love Me Do". Essa música abria o antigo lado B do disco. "Love Me Do" é o verdadeiro estopim da carreira dos Beatles, a canção que os colocou no mapa. John e Paul a criaram ainda na Alemanha, por volta de 1958 ou 1959 (nem eles sabiam direito). Por anos a canção fez parte do repertório de shows do conjunto, afinal eles sempre tiveram especial orgulho de suas próprias composições. Quando pintou a primeira grande oportunidade de gravar em uma grande gravadora (a EMI) eles nem pensaram duas vezes e sugeriram a George Martin sua "obra prima" Love Me Do. A primeira gravação contou com Pete Best na bateria, mas Martin achou seu desempenho medíocre - o que indiretamente abriria o caminho para Ringo Starr entrar nos Beatles. Revista hoje em dia talvez possa ser considerada a mais pueril música do grupo, afinal de contas eles eram apenas garotos quando a criaram.

"P.S. I Love You" é aquele tipo de música que você tem a clara impressão que já ouviu antes, com outros artistas. Paul e John eram acima de tudo grandes fãs de música americana e assim eles de certa forma compilaram nessa canção alguns clichês que faziam parte do repertório dos principais grupos que gostavam e ouviam. Derivativa, mas muito charmosa, "P.S. I Love You" vence a luta contra o lugar comum por causa de sua bela melodia e pelos bons arranjos vocais que a acompanham desde o começo. Aqui não há muito o que discutir pois é uma composição de Paul McCartney que já demonstrava desde muito cedo ser um letrista excepcional para canções e baladinhas românticas. Também é uma velha conhecida dos fãs do grupo já que os Beatles a usaram de forma exaustiva nos palcos de Liverpool antes de sua gravação. Acabou sendo escolhida por isso para ser o lado B do single inglês "Love Me Do" por George Martin.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de novembro de 2022

The Beatles - Please Please Me - Parte 1

Vamos começar a analisar o primeiro álbum dos Beatles. A música título Please Please Me foi escrita pela dupla Lennon e McCartney, inicialmente essa música tinha uma pegada à la Roy Orbison. Era chorosa e com ritmo bem delicado, quase parando. George Martin ouviu a música nesse estilo e não gostou. Na verdade, ele queria que os Beatles gravassem outra música naquele dia.

Os rapazes, porém, insistiram em gravar uma composição própria e não "How Do You Do It", a preferida do produtor. Sob sugestão de George Martin finalmente chegaram um consenso. Os Beatles aceitavam acelerar mais a velocidade da música e em contrapartida George Martin topava colocar a canção como carro-chefe do próximo single dos Beatles. E assim foi feito. É um dos grandes clássicos do grupo, embora o tempo a tenha deixado um pouco datada hoje em dia.

Do You Want To Know A Secret? foi uma canção escrita por Paul e John baseado no famoso clássico Disney "Branca de Neve e os Sete Anões". Fazia parte das memórias afetivas de Lennon, pois sua mãe Julia costumava cantar as canções do filme para ele quando ia dormir. Embora seja tão pessoal, Paul também contribuiu muito, criando inclusive o pegajoso refrão. No estúdio eles acabaram por se decidir em dar a música para George Harrison cantar. Inicialmente Paul a gravaria, mas John achou por bem que todos os membros do grupo tivessem ao menos uma música como vocalista principal nos discos dos Beatles.

Muitos anos depois, um pouco irritado com George Harrison por causa dos problemas com a Apple, John afirmou com sua conhecida veia mordaz que havia dado a música para Harrison cantar como uma "espécie de esmola" já que ele não era considerado um bom cantor pelo restante do grupo. Segundo Lennon Do You Want To Know A Secret tinha apenas três notas e ele (George Harrison) "não era o melhor cantor no mundo".

Pablo Aluísio. 

sábado, 3 de setembro de 2022

The Beatles - Love Me Do / P.S. I Love You

Este pode ser considerado o primeiro single da carreira dos Beatles. Eles já tinham participado como grupo de apoio em um single de Tony Sheridan, na Alemanha, em anos anteriores, mas esse single não pode ser creditado como um produto tipicamente dos Beatles. Já aqui, temos o grupo assumindo sua própria identidade. Eles eram uma das apostas da EMI para conquistar o mercado jovem. Algo novo, bancado por George Martin, um produtor da gravadora na época. Curiosamente, o lado A do disco, apesar de hoje ser mundialmente famoso, não fez muito sucesso. Foi preciso Brian Epstein comprar milhares de cópias do single para que a música surgisse na parada inglesa de compactos. Uma jogada do empresário, que também era dono de lojas de discos em Liverpool, e em outras cidades. Com o surgimento deles na parada, veio o interesse da imprensa e do público em geral. O que Brian havia planejado acabou dando certo. 

"Love Me Do" era uma canção simples, que havia sido composta inicialmente por Paul McCartney em seus tempos de escola. Curiosamente, a música apresentou problemas no estúdio. George Martin não gostou de Pete Best na bateria. Esse músico, então, foi demitido dos Beatles! Ele foi substituído por Ringo Starr, mas George Martin continuou não gostando da bateria. Assim, ele trouxe um músico de estúdio chamado Andy White. Ele que efetivamente toca na versão oficial que conhecemos do álbum. Ringo ficou desolado com isso.

No lado B o single trazia a música "P.S. I Love You", outra composição de Paul McCartney. Ela foi composta quando os Beatles estavam em Hamburgo, durante uma turnê, isso antes do grupo ser conhecido mundialmente. Naquela época, os Beatles não passavam de um grupo de rapazes com topete e brilhantina, usando roupas de couro, tocando pelos inferninhos desta cidade portuária da Alemanha. Trata-se de uma boa música que complementou muito bem esse trabalho pioneiro dos Beatles em sua discografia.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de maio de 2022

The Beatles - Help! - Parte 4

Os Beatles sempre deixavam espaço para George Harrison contribuir com uma ou duas canções nessa fase inicial do grupo. Nesse álbum "Help!" George trouxe "You Like Me Too Much". A música tem uma introdução de órgão que causa surpresa, parece mais um velho arranjo para algum velho filme de faroeste. O resto da música, ainda bem, segue em um ritmo totalmente diferente, com John nos teclados, solando por toda a faixa. Com voz dobrada também podemos perceber como Harrison havia melhorado como vocalista. Nem parecia aquele cantor tímido dos primeiros discos dos Beatles.

E por falar em bons vocais, John Lennon está muito bem na bela balada "You're Going to Lose That Girl". Um som acústico, valorizando mais o violão do que guitarras, que nessa época formavam a identidade musical dos Beatles. A letra, composta por Lennon, é um diálogo franco. Um amigo diz ao outro que ele deve cuidar melhor de sua garota, pois caso contrário vai perdê-la, talvez até para ele mesmo. Dica de um jovem para outro. Se cuida meu amigo!

"Another Girl"  é puro Paul McCartney que compôs a faixa, com breve anotações de Lennon. Ele também lidera os vocais. Outro dia assisti a um show recente de Paul e pude perceber que por causa da idade ele tem perdido parte de sua voz. Algo natural de acontecer. Nesse faixa, com Paul jovem e cheio de energia, podemos notar como tudo mudou com o passar dos anos. Curiosamente Paul a escreveu quando estava na Tunísia, curtindo férias.

"Tell Me What You See" traz vocais dobrados de Paul e John. Outra boa balada do disco. Os Beatles, de maneira em geral, trouxeram uma excelente sonoridade para esse álbum, caprichando nos arranjos mais bem elaborados. Da primeira fase do grupo desse disco pode ser considerado um dos mais bem arranjados. Algo que podemos perceber também em "I've Just Seen a Face" com lindo arranjo de solos de violão em sua introdução. A música cantada por Paul também soa como um bom country music. O feeling é puro Nashville. A letra foi feita também para Jane Asher. O namoro de Paul com ela também tinha suas pequenas histórias, de como eles se conheceram, etc. Algo que Paul transformava em música para o disco dos Beatles. Sem dúvida um bom momento desse álbum.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

The Beatles - Get Back - Part 3

Terceira e última parte do documentário "Get Back". Realmente as coisas começam a ficar cansativas para o espectador. São horas e horas de ensaios, geralmente com as mesmas músicas. Cada detalhe, cada nota, é discutida. Os Beatles de fato repetiam uma mesma canção até a exaustão para que ficasse perfeita. Para quem ouvia os discos era uma maravilha. Entretanto assistir a esse trabalho todo fica mesmo um tanto cansativo. As coisas só melhoram quando surge a garotinha Heather, filha de Linda. Ela vai ao estúdio e como toda menina de seis anos está a todo vapor na energia. Ela cria algumas baguncinhas que animam o ambiente. John contando a história do gatinhos para ela é bem divertida. Igualmente engraçada é a cena em que ela canta no microfone, imitando a Yoko e seus gritos. Todo mundo ri no estúdio, mas ninguém explica a piada para não ofender John Lennon, é claro!

A terceira parte também é salva por causa da apresentação no terraço do prédio Apple. Você já viu isso no filme original "Let It Be", mas nunca de forma tão completa. Os detalhes são mais explorados. Coitados dos dois policiais que ficam lá embaixo enquanto os Beatles tocam no alto do prédio. Educados e polidos, eles esperam pacientemente os Beatles terminarem seu show. Se fosse os policiais brasileiros... Muitas críticas estão surgindo nas redes sociais afirmando que as músicas nunca aparecem na íntegra. Isso foi proposital, uma decisão da Apple. Eles acreditam que se as músicas surgissem completas aqui no documentário as pessoas deixariam de comprar o recente box de cinco CDs de "Let It Be". Faz sentido pensar assim? Bom, eles devem ter seus motivos, ainda mais atualmente com a indústria fonográfica em eterna crise. No geral, apesar de certos momentos cansativos, vela muito a pena assistir a tudo. Quase 8 horas de documentário! É uma maratona, sem dúvida, mas que vale a pena ser percorrida.

The Beatles - Get Back - Part 3 (Inglaterra, 2021) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson / Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Yoko Ono, Linda Eastman, Mal Evans, George Martin, Michael Lindsay-Hogg, Glyn Johns, Neil Spinall / Sinopse: Terceira e última parte do documentário. Os Beatles continuam seus ensaios na Apple e decidem finalizar o filme tocando no alto do prédio de sua gravadora. A apresentação de poucas canções gera protestos e reclamações dos vizinhos que chamam a polícia. Paul McCartney tem finalmente o clímax que tanto esperava.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

The Beatles - Get Back - Part 2

Fiquei surpreso com a duração dessa segunda parte. São quase 3 horas de filme! Realmente havia muito material para Peter Jackson trabalhar. O resultado como sempre é muito bom. Aqui os Beatles decidem ir embora de Twickenham. Não foi uma boa experiência. Aquele grande estúdio mais parecia um velho galpão. Era frio e nada acolhedor. A solução eles encontram em casa. Decidem gravar o resto do disco nos próprios estúdios da Apple, no porão do prédio de seu selo. Geprge Harrison retorna ao grupo e a chegada do pianista Billy Preston melhora bastante o clima entre eles. Na Apple as coisas começam a melhorar. Os Beatles começam a acertar e as faixas começam a ser gravadas. Tudo parece ter voltado aos eixos.

Entretanto ainda fica sem solução a questão do show que iria encerrar o filme. Eles tinham ouvido várias propostas, algumas bem estranhas, mas no final de tudo eles decidem simplesmente subir no telhado do prédio da própria Apple para encerrar o filme. Definitivamente não era a melhor solução, mas diante das circunstâncias, o que poderia se fazer? Paul sobe no telhado e faz uma checagem. Será que aquilo aguentaria o peso dos Beatles, da equipe de filmagem e dos equipamentos de som? Olhando para o passado fico até perplexo por eles terem decidido algo tão fora do script. Porém era a tal coisa, ou faziam o show no telhado ou o filme ficaria sem um clímax, um dinal adequado. Esse show obviamente ficou para a terceira e última parte do documentário. Então que venha mais algumas horas desse excelente filme.

The Beatles - Get Back - Part 2  (Inglaterra, 2021) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson / Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Yoko Ono, Linda Eastman, Mal Evans, George Martin, Michael Lindsay-Hogg, Glyn Johns, Neil Spinall / Sinopse: Segunda parte do novo documentário sobre os Beatles dirigido por Peter Jackson. Os Beatles deixam o Twickenham Studios para trás e voltam para o prédio da Apple onde as coisas começam a dar certo novamente. Eles gravam as primeiras faixas do novo álbum e decidem fazer um show no telhado da Apple para finalizar o documentário "Let It Be".

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de novembro de 2021

The Beatles - Get Back - Part 1

O diretor Peter Jackson teve acesso a mais de 60 horas de gravação do filme "Let It Be" dos Beatles. Esse material estava arquivado há décadas em antigas latas de filmes. Ao começar a pesquisar esse farto acervo o diretor da franquia "O Senhor dos Anéis" percebeu que havia material de sobra para a elaboração de um novo documentário, algo maior, mais complexo, mais completo do que o próprio "Let It Be" de 1970. Surgiu então esse longo documentário com quase oito horas de duração que foi dividido em três partes. Atualmente está disponível para se assistir no Disney Plus. Ontem assisti a parte 1. Os Beatles chegam no estúdio Twickenham para o começo dos trabalhos. A ideia original era gravar de 10 a 12 novas músicas para um álbum de inéditas. Depois os Beatles iriam voltar aos palcos em um grande evento mundial. O problema é que eles praticamente não tinham nada e nem sabiam direito como seria feito esse grande show ao vivo.

Pressionados, eles começaram os ensaios. Tudo muito disperso, sem foco. Paul McCartney tenta o tempo todo organizar aquela bagunça, muitas vezes sem êxito. Em determinado momento desabafa dizendo que os Beatles precisavam de disciplina. Algo complicado, ainda mais vendo que George Harrison estava em um clima de confronto com Paul e John Lennon parecia anestesiado, apático. O próprio Lennon realmente parecia sem novas ideias. Uma das forças criativas do grupo, John só tinha a apresentar algumas linhas de músicas inacabadas. Uma decepção. Conforme o tempo vai passando o clima começou a ficar mais tenso. Esse primeiro episódio termina quando George Harrison decide ir embora, deixar os Beatles. Cansado do perfeccionismo de Paul, ele simplesmente comunicou aos demais membros da banda que estava fora! O auge ocorre quando John Lennon sugere que os Beatles chamem Eric Clapton para subsituir George. O abraço dos três nos momentos finais sugere que eles tentavam salvar um navio que estava inegavelmente afundando.

O que mais me impressionou nessa parte 1 foi a capacidade de criação de Paul McCartney. Em apenas uma manhã ele vai ao piano sozinho e cria praticamente do nada alguns dos maiores clássicos dos Beatles como "Let It Be" e "The Long And Winding Road". Ele também criou, bem na base do improviso, a própria "Get Back", com isso salvando as sessões de um ostracismo impressionante. Confesso que para gostar desse novo documentário o espectador tem que necessariamente gostar muito dos Beatles. São horas e horas de ensaios, muitos deles sem qualquer foco ou direção. No meio de tanta dispersão porém os clássicos iam surgindo meio ao acaso. Somente os Beatles conseguiam criar no meio de uma situação como aquela. Coisa de gênios mesmo.

The Beatles - Get Back - Part 1: Days 1-7 (Inglaterra, 2021) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson / Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Yoko Ono, Linda Eastman, Mal Evans, George Martin, Michael Lindsay-Hogg, Glyn Johns, Neil Spinall / Sinopse: Primeira parte do documentário dos Beatles dirigido pelo cineasta Peter Jackson. Nessa primeira parte vemos os Beatles ensaiando no Twickenham Studios.

Pablo Aluísio.