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domingo, 15 de maio de 2011

U2 - War

Em relação ao U2 existe uma verdade absoluta: não se pode entender o grupo, seu som e suas letras sem entender suas origens. O U2 é um grupo de rock político desde sempre, mesmo em seus primeiros álbuns já se nota claramente esse aspecto. Embora os anos 80 tenham dado origem a excelentes artistas não há como negar que aquela década também foi o auge do Pop. E o mundo Pop é aquela coisa: se investe muito mais no visual e na imagem dos artistas do que em qualquer outra coisa. O artista pop é uma celebridade por excelência, vide os maiores ícones daqueles tempos, Michael Jackson e Madonna. Ser político, tratar de assuntos sérios naquela época não era fácil, mas o U2 salvou a lavoura daqueles tempos relativamente bem fúteis. Eles deixaram as futilidades de lado e resolveram falar dos problemas políticos de seu país, da barra enorme que era ser um jovem na Irlanda durante a opressão inglesa aos seus cidadãos e à sua liberdade. Não havia espaço para baboseiras, o assunto era sério. 

Um exemplo você pode conferir nesse "War", cujas intenções do grupo ficam evidenciados logo no título. Que artista pop adolescente dos 80´s iria dar o nome de "Guerra" a um disco? Absolutamente nenhum. Assim o U2 rompeu realmente barreiras. O som do grupo e principalmente as letras fugiam do feijão com arroz, das melodias cheias de sintetizadores e dos temas banais do tipo adolescente ama garota, mas garota não o ama. Na época havia também outro fator importante: O Bono ainda não era tão pretensioso e nem queria salvar o mundo como vemos hoje em dia! Ele apenas fazia um som honesto ao lado de seu conjunto e se considerava apenas um membro da classe trabalhadora irlandesa que conseguiu se destacar no cenário musical - e isso era o ápice da vida deles, não salvar o planeta Terra da destruição como vemos agora. Deixando isso um pouco de lado "War" ainda é muito bom musicalmente e não perdeu a força, mesmo depois de tantos anos. O Rock como gênero musical talvez seja um dos únicos que resiste muito bem ao tempo, praticamente nunca ficando datado (com exceções, é óbvio). De qualquer maneira se você não está nem aí para esse tipo de discussão e quer apenas matar as saudades de sua juventude o disco ainda cai muito bem pois está cheio de hits radiofônicos da época, afinal de contas onde mais você iria ouvir o hino "Sunday Bloody Sunday"?

U2 - War (1983)
Sunday Bloody Sunday / Seconds / New Year's Day / Like a Song../ Drowning Man / The Refugee
Two Hearts Beat as One / Red Light / Surrender / 40 / U2 - War (Irlanda, 1983) Produção: Steve Lillywhite / Selo: Island / Data de gravação: 17 de maio, 20 de agosto de 1982 / Data de Lançamento: Fevereiro de 1983 / Músicos: Bono (vocal, guitarra), The Edge (guitarra, piano), Adam Clayton (baixo), Larry Mullen Jr (bateria), Kenny Fradley (trompete), Steve Wickham (violino), The Coconuts (vocais).

"Sunday Bloody Sunday" talvez seja a música mais politizada do U2. Uma letra relembrando o domingo sangrento, quando os soldados ingleses abriram fogo contra manifestantes irlandeses desarmados, parte da população civil que apenas estava reivindicando seus direitos. Um absurdo completo. A harmonia da música inclusive lembra uma marcha militar para destacar ainda mais a indignação dos membros da banda. E pensar que apenas ditaduras atiravam contra pessoas inocentes... a democrática Inglaterra também carregou essa mancha em seu história.

"Seconds" é a segunda canção do disco. Aqui o teor da letra também é político. Nessa mensagem Bono tenta chamar a atenção para o perigo da corrida armamentista entre as grandes potências nucleares da época (Estados Unidos e União Soviética), cada uma construindo mais e mais armamentos nucleares de alta potencialidade destrutiva. Aonda tudo aquilo iria terminar? O ritmo da canção é muito boa, lembrando inclusive a primeira faixa "Sunday Bloody Sunday". O ritmo se desenvolve como uma marcha militar. Outro recado de Bono sobre os problemas que o mundo vivia naquele momento.

A terceira música desse disco acabou se tornando também seu maior hit nas rádios dos anos 80. Se trata de "New Year's Day". Aqui os arranjos já são bem mais caprichados, com destaque para a guitarra duplicada ao fundo. A gravadora farejou sucesso nessa gravação e lançou como single em janeiro de 1983 com a faixa "Treasure (Whatever Happened to Pete the Chop)" no lado B. O sucesso se confirmou. Foi a primeira música do U2 a ter destaque na parada da Billboard nos Estados Unidos. Também foi a primeira música do grupo a entrar na seletiva lista "Top 10" do Reino Unido. Para jovens irlandeses praticamente desconhecidos foi um avanço e tanto na carreira.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

U2 - Rattle and Hum

O U2 está até hoje por aí, então é normal as pessoas não o verem apenas como um grupo de rock da década de 80. Bono conseguiu sempre manter o nome da banda na ordem do dia, seja inserindo o grupo para tocar em shows apoteóticos, seja defendendo as boas causas na TV e nos noticiários. Sua personalidade política ajudou muito nesse processo. Hoje o grupo é bastante reverenciado como um dos maiores da história do Rock mas houve época em que o U2 era considerado mais um daqueles grupos de rock que somem após algum tempo. Acompanhei toda a carreira de Bono e cia e meu primeiro disco da banda foi justamente esse duplo “U2 – Rattle and Hum”, uma bela trilha sonora do documentário de mesmo nome que mostrava uma das concorridas turnês do grupo irlandês nos EUA durante a década de 80. O repertório é dos melhores pois é formado por alguns dos maiores sucessos do conjunto. Assim tempos faixas que foram gravadas ao vivo, no calor das apresentações pela América afora e outras que foram registradas em estúdio. Esse último pacote de canções é o que há de melhor dentro do álbum. Isso porque o U2 foi até Memphis, um dos berços do Rock e seus integrantes fizeram questão de gravar na lendária Sun Records, a pequena gravadora que revelou Elvis Presley para o mundo.

Como se não bastasse o disco ainda conta com a preciosa participação de Bob Dylan na canção "Love Rescue Me", uma balada com toques de blues choroso. E o que dizer do encontro com o mito B.B. King na maravilhosa  "When Love Comes to Town"? A essência do mais genuíno Blues americano está aqui, com pitadas do som irlandês do U2. A mistura se revela das mais felizes e marcantes. Para finalizar o U2 reuniu um fantástico coro vocal feminino negro, formando no bairro do Harlem em Nova Iorque, para gravar a faixa “"I Still Haven't Found What I'm Looking For" ao vivo no templo do Madison Square Garden. Como se vê o U2 foi fundo nas raízes da música americana, resgatando o que há de mais autêntico em sua musicalidade. Para fechar com chave de ouro só faltava mesmo os Beatles. E eles estão lá também, numa versão envenenada de Helter Skelter. Perfeita a nova releitura de uma das mais significativas canções do quarteto de Liverpool. Não diria que é o melhor disco do U2 pois essa afirmação seria temerária uma vez que esse é um grupo de rock que já passou por tantas fases e vertentes que fica até complicado classificar algo como o melhor. Mesmo assim posso dizer que “Rattle and Hum” é certamente um dos melhores momentos desses irlandeses que pelo menos nessa turnê se sentiram como verdadeiros ianques fundadores do mais popular gênero musical da história.

U2 – Rattle and Hum (1988)
Helter Skelter
Van Diemen's Land
Desire
Hawkmoon 269
All Along the Watchtower
I Still Haven't Found What I'm Looking For
Freedom for My People
Silver and Gold
Pride (In the Name of Love)
Angel of Harlem
Love Rescue Me
When Love Comes to Town
Heartland
God Part II
The Star Spangled Banner
Bullet the Blue Sky
All I Want Is You
 
Pablo Aluísio.