sexta-feira, 28 de março de 2008

De Onde Surgiu a Alma e o Espírito?

De Onde Surgiu a Alma e o Espírito?
Hoje em dia todos sabem o que é uma alma ou um espírito. Só que esses conceitos não surgiram do nada, pelo contrário, são encontradas suas origens no pensamento humano. É uma criação cultural do homem. E ao contrário do que muitos pensam essa ideia de alma ou espírito não veio da religião judaica. Nos primórdios o povo judeu não sabia o que era isso. Eles não acreditavam em nada parecido com essa ideia. Era algo que não fazia parte de sua cultura religiosa. O sopro do deus Javé apenas era devolvido ao seu criador após o último suspiro daquele que morria. A morte era o fim de tudo. Aquela pessoa que havia morrido deixava de existir. 

Aliás o mundo dos deuses era bem concreto para os antigos judeus. O deus Javé (ou Jeová) tinha existência concreta. Homens escolhidas poderiam ver sua face e até mesmo tocá-la como fica bem claro na própria Bíblia. O lugar onde vivia tinha existência concreta. Os homens tentaram chegar lá com a Torre de Babel, mas se deram mal pois isso não era permitido. Claro, tudo dentro da visão da pura mitologia. E não podemos nos esquecer que a mais antiga representação de Javé (ou Jeová) foi achada pela arqueologia. Era um deus representado com corpo de homem e cabeça de touro, com um grande pênis que arava a terra, trazendo alimentos e vida.

Então se o judaísmo não criou os conceitos de alma e espírito, de onde eles surgiram? Se você pensou em filosofia e Grécia, acertou. Foram os filósofos gregos que criaram a ideia de que a essência do ser humano era separada do corpo físico. Para a ciência isso não é correto. O que somos, o que pensamos, nada mais é do que uma grande rede de neurônios em nosso cérebro. Nada mais. Quando se morre, nada sobrevive. 

Mas os gregos não pensavam assim. Havia a separação entre mente e corpo, pensamento e mundo físico. Disso vem a ideia de alma e de espírito. É o que sobrevive à morte física. De certo modo é uma forma de pensar que traz conforto para os familiares dos entes falecidos. Conforta pensar que aquela pessoa simplesmente não deixou de existir com sua morte, que ela vive, de alguma forma e em algum lugar. Um pensamento abstrato que apenas a filosofia da Grécia antiga teria capacidade de elaborar e criar. 

Pablo Aluísio. 

Religião é mitologia?

Religião é mitologia?
Religião é a mitologia que os incultos pensam ser a verdade dos fatos históricos. Infelizmente é isso mesmo. O sujeito vai na Igreja e pensa que um homem chamado Móises abriu o Mar Vermelho e que isso aconteceu mesmo na história. Desconhece que essa mitologia de Móises foi usada em inúmeras outras culturas da antiguidade. E se eram mitologias em outros povos, por que não seria mitologia em relação aos textos que hoje chamam Bíblia?

Incluive nunca se foi provada pela arqueologia ou história a existência de um Móises, nem tampouco que houve um exôdo em massa pelas areias do deserto contando com milhares e milhares de judeus que fugiam do Egito. Nada disso jamais foi comprovada pela ciência até os dias de hoje. 

Possa ser que alguns dos nomes citados no velho testamento sejam inspirados em pessoas reais que viveram há milhares de anos, entretanto as histórias contadas são pura mitologia mesmo. Não houve a abertura do mar vermelho, nunca existiram Adão e Eva, nem muito menos uma cobra falante, nem uma mula falante. Todos são personagens de contos antigos, pura mitologia, nada mais do que isso. 

O próprio deus Jeová é pura mitologia. Ele não difere em nada de tantas centenas de deus do mesmo período histórico, seja do povo judeu, seja de outros povos da antiguidade. Ele aliás nem era o mais importante deus do panteão dos judeus. Esse posto cabia ao deus El que inclusive deu origem ao nome de Israel, ou seja, o povo que adora El. Então vamos parar de infatilidades, por favor. Religião é mitologia, nada muito além disso. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 27 de março de 2008

Desvendando Jack, o Estripador - Russell Edwards

Recentemente terminei de ler esse livro intitulado originalmente de "Naming Jack the Ripper" que no Brasil recebeu o título de "Desvendando Jack, o Estripador". O autor inglês Russell Edwards comprou há alguns anos um xale que pertenceu a uma das vítimas do famoso serial killer. Era uma peça muito antiga, já com sinais de desgaste, mas que ainda despertava a atenção dos aficcionados nessa história. Acredite, tanto na Inglaterra, como nos Estados Unidos, há milhares de pessoas cujo hobby consiste exatamente em histórias de psicopatas famosos e infames. Até fóruns na internet se proliferam nesse nicho. Esse xale havia sido tirado de um dos corpos na cena do crime. Um souvenir que o policial resolveu levar para casa e dar de presente para sua esposa! Sim, é algo bizarro se formos pensar com a mentalidade moderna, de que se deve acima de tudo preservar a cena de crime, de que tudo ali deve ficar intocado até a chegada de peritos. Nos tempos de Jack porém isso simplesmente não existia. 

Russell Edwards basicamente dividiu seu livro em três partes. Na primeira ele aproveita para contar sua própria história pessoal. Ele viveu por muitos anos em Whitechapel, na mesma região onde Jack cometeu seus crimes, séculos atrás. Ele conta que ficou admirado mesmo ao saber que aquelas mesmas ruas onde caminhava todos os dias eram as mesmas em que Jack estripou as pobres prostitutas com uma selvageria que chocou o mundo naquela época. E como acontece em muitos lugares de Londres, aquelas ruas estão bem preservadas historicamente, algumas inclusive contando com os mesmos pequenos prédios e cortiços onde Jack atuou. Essa primeira parte do livro, devo dizer, é apenas mais ou menos. Na minha opinião o autor perde muito tempo falando de si mesmo. Quem comprou o livro está certamente focado em Jack e não em Russell.

A segunda parte do livro foi a mais interessante. Aqui toda a história de Jack e seus crimes é contada com riqueza de detalhes. Inicialmente mostrando tudo o que aconteceu nos crimes em si, depois listando uma série de suspeitos. A pergunta sobre quem teria sido Jack, o Estripador, ainda hoje desperta curiosidade. Ele coloca breves históricos sobre cada um dos suspeitos, depois os colocando em dúvida, mostrando evidências da época que os inocentaram. Até um neto da rainha Vitória foi suspeito. E havia advogados, médicos, etc. Qualquer um que apresentasse algum tipo de comportamento estranho, passava a ser suspeito. A polícia da Londres na época recebeu uma enxurrada de denúncias da população. Muita gente foi indicada como o criminoso. No final essa multidão de suspeitos só ajudou a atrapalhar ainda mais a solução do caso. Um fato que eu particularmente desconhecia é de que hoje em dia a Scotland Yard afirma oficialmente que Jack, o Estripador se chamava Aaron Kosminski, um imigrante polonês com problemas mentais que morava em Whitechapel na mesma época em que os crimes aconteceram. Ele chegou a ser detido pelos policiais, porém por falta de provas foi liberado.

Russell Edwards então passa a dissecar tudo o que se descobriu sobre essa estranha figura. Kosminski imigrou para a Inglaterra após a morte do pai. De origem muito pobre, acabou indo para Londres depois que seu irmão se mudou para trabalhar em pequenas fábricas de roupas. Ele teve uma infância muito dura, com muita carência alimentar e falta de apoio familiar. Quando chegou a Londres, ainda bem jovem, muito provavelmente se tornou uma vítima do trabalho infantil que ainda era comum. E sua situação só iria piorar. Aaron Kosminski tinha problemas mentais que se tornariam ainda mais graves com os anos. Quando os crimes de Jack explodiram em Londres, ela já estava ficando completamente insano. Diz o autor desse livro que a comunidade judaica de Londres descobriu que ele era Jack, mas abafou tudo, com medo de uma explosão de violência e preconceito contra imigrantes judeus. Eles providenciaram para que Kosminski fosse internado em um hospício, de onde nunca mais sairia. Morreu ali, vagando entre outros loucos internados como ele. Curiosamente após sua internação, os crimes de Jack cessaram completamente.

Na época os meios forenses de investigação eram bem primitivos. Não havia a ciência que hoje conhecemos para desvendar crimes. Porém o xale, a peça chave de uma das vítimas ainda existia. O autor Russell Edwards decidiu então submeter essa peça de roupa a um criterioso exame de DNA. E eles encontraram mesmo DNA de um homem. Ele então foi atrás de membros atuais da família do suspeito. E após vários exames os cientistas conseguiram descobrir que se tratava mesmo do DNA de Aaron Kosminski. Essa fase de exames de DNA ocupa praticamente toda a terceira e última parte do livro. Claro, é algo importante, a própria razão de existência do livro, porém não posso deixar de comentar que também é um pouco cansativo, por causa do excesso de tecnicismo envolvido. E quem disse que mesmo após todo o esforço do autor desse livro o mistério da verdadeira identidade de Jack chegou ao fim? Parece que um dos charmes dessa história é o fato de que nunca se chegou a uma verdade incontestável. Pelo visto Jack será sempre uma pergunta no ar, mesmo com todas as provas apontando o contrário.

Pablo Aluísio.

Os Romanov (1613 - 1918)

Quero deixar uma dica de leitura para quem aprecia história. Trata-se do livro "Os Romanov" de autoria de Simon Sebag Montefiore. No Brasil essa obra foi lançada pela Companhia das Letras. Na realidade li esse livro no ano passado. É aquele tipo de leitura que você precisa ir administrando, lendo aos poucos, porque ele é longo e tem muitos personagens e situações. O próprio autor reconheceu isso e colocou, como uma espécie de guia, um pequeno resumo sobre cada peça naquele tabuleiro de poder, logo no começo de cada capítulo. Cada um deles enfoca um imperador Romanov diferente. E foram muitos. Basta lembrar que essa dinastia de imperadores russos durou mais de três séculos. E entre os czares houve de tudo: assassinos, loucos, fracos, depravados, insanos violentos, frívolos e até sociopatas. Porém é necessário admitir também que existiram alguns grandes nomes da história russa entre esses imperadores e soberanos como Pedro, o Grande e Catarina II. Ainda que fossem exceções, eles foram responsáveis diretos por muitas melhorias na mãe Rússia. Para infortúnio do povo russo eles também estavam em minoria. Uma das razões porque nunca serei um monarquista vem justamente de registros históricos como esse. O poder simplesmente herdado não qualifica ninguém para exercer esse mesmo poder ilimitado. Não há mérito e com o tempo a tendência é piorar, com imperadores cada vez menos aptos para exercerem suas funções.

A monarquia Romanov apresentou todos os tipos de corrupções, violência e traições que você possa imaginar. E como toda monarquia que se preza, após alguns séculos no poder, ela também se tornou decadente e abusiva. O abuso de autoridade, as violações de direitos humanos de toda ordem, a morte em massa do povo, todas essas tragédias começam a se repetir com regularidade mórbida para a nação. A Rússia cresceu e se desenvolveu muito com a dinastia Romanov no poder máximo, absolutista, mas também houve inúmeras injustiças, massacres, mortes e perseguições políticas de todo tipo. Em minha opinião foi um preço caro demais para se pagar. E isso foi se repetindo sistematicamente ao longo dos séculos. Basta lembrar de Ivan, O terrível. Esse Czar acumulou tanto poder em suas mãos que simplesmente enlouqueceu. Matou praticamente todos os seus parentes e membros da corte que representassem alguma ameaça para sua mente paranoica. Matou a esposa, matou o filho a pauladas e no final ficou completamente enlouquecido e sozinho em seu castelo. Diziam que queria matar até mesmo sua sombra. Em seus últimos dias apenas a loucura foi sua companheira.

Há também imperadores russos que entraram de forma positiva na história, muito embora nos dias de hoje sejam pouco lembrados. Um que foi injustamente esquecido foi Alexandre I. Poucas pessoas falam nele, mas o fato é que foi esse Czar quem derrotou Napoleão Bonaparte quando ele decidiu invadir a Rússia. Adotando uma estratégia de "terra arrasada", Alexandre conseguiu dar um xeque-mate no imperador francês, que precisou retornar para a França em uma das retiradas mais humilhantes da história. Foi Alexandre I também o primeiro líder estrangeiro a marchar pelas ruas de Paris após a queda de Napoleão. Até um pitoresco encontro dos dois inimigos é relatado em suas páginas. Para surpresa do leitor descobrimos que Napoleão ficou surpreso e admirado com o jovem czar. Chegou ao ponto de tecer elogios a ele. Só que o general mal sabia que o russo seria um de seus algozes. Tudo isso, suas vitórias e detalhes do campo de batalha, estão no livro. Alexandre I morreu até relativamente jovem e foi um dos membros da família Romanov que mais se destacaram em sua jornada, afnal derrotou, ao lado dos ingleses, o grande Napoleão, considerado invencível até então.

Outros dois nomes que me chamaram a atenção foram Pedro, o grande e Catarina II. O primeiro foi um homem de ação, forte, robusto, construtor nato. Ele construiu uma das maiores esquadras navais de seu tempo. Também mandou construir toda uma grande cidade ao melhor estilo europeu ocidental bem no meio do pântano. Fundou São Petersburgo, que se tornaria a segunda maior cidade do império russo, ficando atrás apenas de Moscou. Já Catarina II foi o maior símbolo de uma nova linhagem de monarcas que seriam conhecidos como "déspotas esclarecidos". Ela não abriu mão do poder absolutista que tinha, mas ao mesmo tempo usou esse poder para coisas boas para a sociedade. Universalizou o ensino para todos os cidadãos do império, criou escolas para todas as crianças e jovens, mesmo nos mais distantes lugarejos e fundou as primeiras universidades da Rússia imperial. E o curioso é que ela não era russa de nascimento e precisou tirar o marido do trono, pois ele era um tolo imbecil. Só depois de sua queda é que a Rússia voltou a ter uma grande líder para a nação.

Por fim a história dos últimos imperadores também marca o leitor. Alexandre II foi morto de forma horrível quando um rebelde jogou uma bomba em sua carruagem, bem no momento em que ele desfilava perante seus súditos. Ele perdeu as pernas no atentado, ficou caído no chão e sangrou até morrer. Foi o pior atentado contra um Romanov na história da Rússia. E para terminar o leitor fica também chocado e até emocionado com a morte de Nicolau II, o último czar da Rússia. Um homem que não era apto para se tornar o imperador, mas que tinha uma bela família que acabaria sendo fuzilada covardemente pelos comunistas após a revolução russa de 1917. Foi com Nicolau II que surgiu a bizarra figura de Grigori Rasputin. Ele não era um Romanov, mas sua presença na história dessa dinastia foi tão marcante que ele acabou na capa do livro. Misto de bruxo, guru, charlatão e fanático religioso, Raspudin caiu nas graças da imperatriz após ajudar ao pequeno herdeiro Alexei que sofria de hemofilia. A entrada dele dentro da corte foi um dos inúmeros fatores que levou a dinastia Romanov para sua desgraça final. Em conclusão após ler o livro, digo que essa é uma bela obra de história e literatura. Suas páginas trazem inúmeras histórias de imperadores que detinham todos os poderes reais em suas mãos, sem limitações. E isso tudo serviu para demonstrar que o ser humano não pode ter esse tipo de poder absolutista, pois seguramente vai abusar dele, mais cedo ou mais tarde. Carto estava o Lord John Dalberg-Acton quando escreveu que "O poder tende a corromper o homem e o poder absoluto o corrompe absolutamente". Sábias palavras.

Panlo Aluísio.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Agripina

Agripina
Agripina nasceu em um acampamento militar às margens do Reno em 15 d.C. Era filha de um casal romano influente: Germânico, sobrinho e filho adotivo do imperador Tibério e candidato a sucedê-lo, e Agripina, a Velha, a neta favorita de Augusto.

Quando Agripina tinha apenas quatro anos, Germânico morreu envenenado na Síria, crime que sua mãe sempre atribuiu a Tibério. Agripina, a Velha, afirmou que o imperador Tibério temia a popularidade de Germânico junto ao exército, acreditando que o apoio militar acabaria por permitir que Germânico usurpasse o imperador e tomasse seu lugar.

A situação piorou quando Tibério recusou ao seu filho adotivo a honra de um funeral público. A viúva de Germânico, a indomável Agripina, a Velha, chegou a Roma com as cinzas do marido, o que se tornou um desafio aberto ao imperador.

Com a maior dignidade, pegou a urna contendo as cinzas e, acompanhada pelos filhos e por uma enorme multidão de cidadãos enlutados, liderou uma procissão silenciosa pelas ruas de Roma até o mausoléu de Augusto, onde a depositou. Tibério ficou furioso com o desafio da nora e nunca a perdoou.

O Google e o Puritanismo americano

O Google e o Puritanismo americano
O Google é mesmo uma empresa dos Estados Unidos. Reflete bem o falso puritanismo daquele povo. Não faz muito tempo e essa plataforma quis apagar todos os blogs de material adulto da net. Que besteira! Mulheres nuas, maravilhosamente nuas, estão por toda a internet. Se o blogueiro quer colocar mulheres nuas em seu blog deixe ele fazer isso. Deixem de ser babacas, senhores do Google!

Outro fato aconteceu no Onlyfans. As gostosas finalmente encontraram um aplicativo ideal para ganhar dinheiro com seus nudes. Deixem elas, ora bolas! Daí esses executivos do Onlyfans ensaiaram um certo escândalo, como se fosse o fim do mundo ter garotas explorando suas belezas naturais. Deixem elas ser felizes, parem de puritanismo babaca! Se eu fosse uma mulher gostosa, de muitas curvas, seios maravilhosos e bumbum em cima, não tenha dúvida que iria para o Onlyfans ganhar dinheiro. E que se danem os conservadores e os falsos puritanos! 

E tudo parece ser feito em nome de um suposto deus judaico-cristão que ninguém nunca viu de verdade. Gente, deuses são invenções da cultura humana. São personagens criados por homens na antiguidade porque eles estavam com medo e não tinham como explicar os eventos da natureza. Hoje em dia, com tanta ciência, ainda tem gente que acreita em deuses? Ora, faça-me o favor!

Esses textos antigos que foram reunidos no livro que depois passou a se chamar Bíblia é apenas isso. Textos antigos. Eram escribas que contavam histórias de camponeses, tudo com muita mitologia, magia e pensamento mágico. Não use esses textos para nortear sua vida nos dias de hoje! É estupidez completa. Então, resumindo e finalizando, deixem as pessoas serem livres e felizes. Deixem as garotas nuas, por favor! E Parem de encher nossos valiosos sacos!

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 25 de março de 2008

Stálin e a URSS

Acredito que atualmente os jovens nem saibam o que significa a sigla URSS, CCCP na língua original. E que realmente essas letras queriam dizer? União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Foi a maior experiência concreta de se colocar as ideias de Karl Marx comandando os rumos de um grande país (o maior em extensão territorial) que unia diversas nações sob o comando de ferro da Rússia comunista. A URSS era uma criação política centralizadora e artificial. Sob o peso do poderio bélico russo diversas nações, com línguas e costumes diferentes, foram colocadas sob o regime socialista. Havia desde grandes países como Ucrânia, até pequenos países muçulmanos ao sul, de povos orientais ao leste e republiquetas europeias, todas debaixo da opressão do regime soviético.

A propriedade privada foi abolida. Todos os meios de produção passaram a ser do Estado. A iniciativa privada foi descartada. Empresas e companhias passavam a pertencer a União Soviética. Toda a economia seria planejada por burocratas de Moscou. A vida de todas as pessoas passavam a pertencer ao Estado máximo. Os poderes legislativos e o judiciário deixaram de ser independentes. Todos deveriam ficar sob estrito controle do poder executivo forte, representado por um líder supremo. A união de todos os poderes, como bem sabemos, é o que define o surgimento de uma ditadura. Esse ditador com poderes máximos seria também o líder do único partido político existente, o Partido Comunista. Direitos individuais deixaram de existir. Havia controle dos meios de comunicação, dos jornais, da televisão. Todos eram controlados pelo Estado. A censura era política de Estado. As artes igualmente ficavam sob domínio absoluto do governo central. O mesmo era direcionado para livros, revistas e qualquer outro sistema de imprensa. Nenhuma crítica ao líder supremo era tolerada e qualquer desvio nesse aspecto era considerado crime punido com prisão perpétua ou morte.O destino de quem ousava discordar do governo soviético era a fria e distante Sibéria, onde muitos morriam congelados, executados ou de inanição.

Se Lênin foi um arquiteto inicial desse regime de poder, sem qualquer tipo de respeito pela vida humana, seu sucessor, Josef Stálin, conseguiu lhe superar. Ele nasceu em um lugar remoto dentro do vasto Império Russo, em Góri, na Geórgia. O pai era alcoólatra e violento, constantemente batendo na esposa e nos filhos. Desde criança Stálin descobriu que não havia perdão em sua casa paterna, essa era uma palavra inexistente no vocabulário do pai, algo que ele levaria para sua vida política. Sua mãe viu que não haveria esperanças para ele, então o matriculou numa escola religiosa da Igreja Ortodoxa. Talvez lá o jovem Stalin tomasse gosto pela vida sacerdotal.

Não foi isso que ele quis. Sua sorte foi que naquela escola ele acabou tendo uma educação primorosa que o transformou em um jovem intelectual. As imagens de um Stálin rude e iletrado não correspondem à verdade dos fatos. Ele tinha grande conhecimento de literatura marxista, a tal ponto que muitas vezes causou embaraços no próprio Lênin que jamais confiou nele. Quando esse morreu abriu-se a sucessão para saber quem seria o novo líder da União Soviética. O sucessor natural seria Leon Trótsky, considerado um grande pensador e ideólogo do comunismo russo. Escritor, intelectual e versátil, ele era seguramente uma excelente opção. Stálin, que havia subido aos mais altos graus do partido por causa de sua militância socialista, do dia a dia, da prática diária das ruas, via o oposto disso. Achava que Trótsky não tinha a vivência prática para levar aquela nação em frente. Usando do modo de agir de seu pai resolveu a questão na base da pura violência. Seus opositores, aliados de Trótsky, foram mortos e depois o próprio Leon foi caçado e morto a golpes de picareta no México, para onde havia fugido com medo de Stálin.

A partir desse ponto não houve mais limites para seu poder. Ele exterminou todos os inimigos políticos, implantou um regime policial de puro terror e começou a eliminar qualquer foco de oposição. Completamente paranoico Stálin mandou matar altos membros do Partido Comunista, suas famílias e parentes. Dentro do exército eliminou qualquer um que representasse uma ameaça, o que custaria caro depois quando Hitler invadiu a União Soviética na Segunda Guerra Mundial. Seus mais competentes oficiais já tinham sido executados. Mesmo assim o Exército Vermelho superou esses problemas e acabou destruindo a Alemanha Nazista. Quando a Guerra acabou, Stálin estava feliz e glorificado pelo povo russo. Ele criou uma rede de culto à sua própria personalidade que o colocou em uma posição de pai da pátria, maior russo de toda a história! Era maior do que um herói nacional, era quase a personificação de um semi Deus do socialismo. Um homem perfeito, isento de falhas e erros. Sua biografia (completamente manipulada pelos membros do Partido) era ensinada nas escolas e universidades como matéria obrigatória. Ele era o exemplo máximo a seguir. Nas escolas os livros citavam o camarada Stálin em todos os assuntos, mesmo se fossem sobre ciência e assuntos que o próprio Stálin sequer conhecia. Tudo ao redor parecia remeter ao ditador. Em cada esquina havia uma enorme estátua do amado líder ou um enorme cartaz de propaganda com seu rosto. Até hoje o regime Stalinista é estudado por causa da imensa propaganda política que foi criada. O termo Stalinista passou a ser usado como sinônimo de culto à personalidade dentro da ciência política.

Stálin porém queria mais. As mortes continuaram e estima-se que ele foi responsável por milhões de assassinatos políticos. Stálin também implantou uma enorme rede de espionagem dentro da sociedade, onde cada um poderia denunciar seu vizinho por "atitudes anti revolucionárias". Isso criou um clima de terror dentro das cidades, com prisões arbitrárias e sem julgamento. Isolado em seu quartel general o velho ditador ia a cada dia ficando mais paranoico a ponto de confessar a um assessor: "Estou acabado, não confio em mais ninguém, nem em mim mesmo!". Ele terminou seus dias completamente isolado a sozinho, já que havia mandado matar praticamente todos os seus parentes, com medo de conspirações que só existiam em sua mente perturbada. Stalin morreu de um derrame em seu escritório no Kremlin. Ao cair no chão ele ficou sem atendimento por longo tempo porque seus próprios guardas tinham medo de entrar no escritório para saber o que se passava lá dentro. Seus crimes foram denunciados com extrema coragem por Nikita Khrushchov que o sucedeu. Ele expôs em plena reunião do Partido Comunista quem foi realmente Josef Stalin, um verdadeiro assassino de massas, que causou destruição e morte por onde passou. Um verdadeiro louco homicida no poder. E qual é a grande lição que a URSS trouxe para todos? A de que o poder absoluto corrompe o homem. Apenas poderes separados conseguem delimitar o poder político. Fora disso só existe barbárie e morte sistemática promovida por um Estado sem freios. Todas as ditaduras são corrompidas. Apesar de todos os seus problemas, apenas a democracia resguarda a liberdade e o progresso de uma nação. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Revolução Francesa: Do iluminismo ao Terror

A revolução francesa foi bastante importante no aspecto político e jurídico. Sim os ideais de igualdade, fraternidade e solidariedade sempre serão a base de todas as repúblicas que nasceram após a revolução. A monarquia tinha uma forte pirâmide social, com quase ou nenhuma mobilidade. Caso você nascesse dentro da nobreza iria ser nobre até o fim de seus dias. Não seria necessário ganhar o pão de cada dia com o suor de seu rosto. O seu sangue inclusive não seria vermelho, mas azul. As castas envoltas nos sistemas monárquicos são naturalmente desiguais. O Rei era o monarca não por vontade dos homens, mas por vontade de Deus. Era o direito divino dos Reis e soberanos, algo que vinha desde a idade média.

Então surgiu um grupo de escritores, filósofos e sociólogos que ousaram fazer a pergunta óbvia: Por que um nobre teria mais direitos do que um homem comum do povo? A linhagem familiar o colocava em um patamar mais superior aos demais. Sangue azul? Balela, o sangue dos príncipes era tão vermelho como o de que qualquer outro plebeu do povo. Não havia razões racionais para essa desigualdade toda. E assim homens como Jean-Jacques Rousseau, Charles-Louis de Seconda (Montesquieu), John Locke, Voltaire, Denis Diderot e outros pensaram em um mundo diferente, onde não haveria tanta desigualdade social.

E assim temos os dois lados da revolução francesa. Um teórico, iluminado, muito inteligente e espirituoso. Uma nova forma de pensar nosso mundo. Do outro lado porém surgiu o lado prático, violento, fincado no ódio puro, no gosto de sangue. Sim, porque nenhum pensador iluminista pensou que membros do povo com grandes facas de cortar peixe invadiriam palácios, fazendo justiça pelas próprias mãos. Eles não pregaram que as cabeças dos nobres deveriam ser expostas em estacas. Nem que fossem mortos na guilhotina. O fato é que a revolução francesa, que havia sido inspirada pelos mais nobres valores, acabou em um banho de sangue, impulsionado pelos mais sórdidos instintos humanos. Literalmente cabeças rolaram nas escadarias palacianas onde vivia a velha nobreza europeia. 

Em minha opinião a revolução francesa se tingiu com o vermelho sangue que corria do reino das trevas de ódio. Quando leio sobre as desgraças que se abateram sobre a família real francesa, com as decapitações de Luís XVI e Maria Antonieta, além da morte indigna do jovem filho deles, abandonado à própria sorte em uma cela imunda que o matou, não posso deixar de pensar que tudo foi uma grande barbárie. O pensamento iluminista que deu origem a tudo estava correto. A forma como foi colocado em prática revela o modo bárbaro como tudo foi feito. Por isso as cores da bandeira da França até hoje me lembram do vermelho do sangue derramado, do azui dos nobres assassinados e do branco da paz que nunca valeu naqueles dias terríveis.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de março de 2008

Imperador Romano Heliogábalo

Foi certamente um dos imperadores romanos mais depravados e dementes da história. E também um dos mais jovens. Ele subiu ao poder após os problemas de sucessão do violento Caracala. Naquele período da Roma imperial já havia uma certa anarquia na escolha dos imperadores. Acabava subindo ao trono quem tinha apoio do exército e da guarda pretoriana. No meio do caos a sucessão acabou indo parar nas mãos desse jovem. E os romanos iriam se arrepender amargamente de terem escolhido essa figura trágica e lamentável como o novo imperador.

Seu nome real era Vário Avito Bassiano e seu nome imperial de Heliogábalo veio da fixação que tinha por essa divindade oriental. Ele acreditava que Heliogábalo era o único Deus. Diante disso implantou uma violenta persequição religiosa contra cristãos e até mesmo pagãos, seguidores dos deuses romanos tradicionais. Vestindo trajes de pura seda, espalhafatosos e com jeito afeminado de ser, podia ser tão violento como qualquer outro gladiador das arenas romanas. Ele se deliciava ao ver o sofrimento das pessoas. Sua personalidade tinha traços claros de psicopatia. Ao acordar já ia perguntando aos seus auxiliares mais próximos: "Quem vamos matar hoje? Quero me divertir!"

Pedófilo, adorava a parte de sua divindade que exigia sacrifícios humanos de jovens rapazes. Ele violentava esses adolescentes romanos indefesos e depois oferecia suas vidas para o estranho Deus Sírio. Em pouco tempo todos estavam sabendo que o novo imperador era um pederasta violento e atroz.Também chocou a todos quando tomou como amante um escravo forte que havia sido gladiador. O imperador não escondia de ninguém que ele era seu amante. Publicamente trocavam gestos de carinhos e perversão. As famílias romanas ficaram horrorizadas com aquele espetáculo grotesco.

Também era sádico. Mandou matar todo romano que pudesse representar uma ameaça ao seu poder. Com o ímpeto da juventude mandou matar senadores e transformou suas esposas em prostituas. Fazia encenações grotescas, colocando mulheres nuas em desfiles de bigas de cavalos, chocando as famílias romanas mais tradicionais. Promovia orgias, como nos tempos de Calígula e depois de satisfazer suas maiores perversões sexuais mandava que feras selvagens como leões e tigres fossem soltos em cima de seus convidados. Não tinha o menor respeito pela vida humana e promovia massacres em populações que demonstrassem a menor reação contra seu governo.

Começou rapidamente a ser odiado pelo povo. Heliogábalo também tinha problemas ao seu lado. Seu irmão Alexandre Severo era bem mais admirado pelos militares. O jovem imperador assim tentou seguir os passos de Caracala, tentando matar o próprio irmão, mas sem sucesso. Conforme o tempo foi passando e todos perceberam que era um maníaco inútil, conspirações começaram a surgir de todos os lados. Acabou sendo encurralado por soldados no palácio. Sua mãe tentou defendê-lo, mas acabou tendo o mesmo destino do filho. Ambos foram decapitados. Depois seus corpos nus foram arrastados pelas ruas de Roma, com aplausos da plebe. Os patrícios também celebraram a morte daquele louco violento. Depois de serem trucidados pelas ruas, seus restos mortais foram jogados no Rio Tibre.

Com sua morte, Alexandre Severo foi celebrado e finalmente levado ao poder máximo. As estátuas de Heliogábalo foram então derrubadas e destruídas pelo povo. Foi um dos mais odiados imperadores da história de Roma. As pessoas queriam apagar sua memória. Foi considerado o pior imperador da dinastia Severo, que estava com seus dias contados. No total ficou apenas 4 anos no poder. Seu nome foi devidamente jogado na lata de lixo da história pelos romanos.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de março de 2008

A Morte de Júlio César

A Morte de Júlio César
Cuidado com os idos de março! Um dos momentos mais famosos da história clássica quando Júlio César é assassinado por Bruto, Cássio e seus seguidores em 44 AC. César deveria comparecer a uma sessão do Senado. Marco Antônio acompanhou César em seu caminho. Os conspiradores, porém, temendo que Antônio viesse em auxílio de César, providenciaram para que Trebônio o interceptasse assim que ele se aproximasse do pórtico do Teatro de Pompeu, onde a sessão seria realizada, e o detivesse do lado de fora. Quando Antônio percebeu o que havia acontecido, ele fugiu do local temendo ser o próximo.

De acordo com Plutarco, quando César chegou ao Senado, Tillius Cimber apresentou-lhe uma petição para destituir seu irmão exilado. Os outros conspiradores se aglomeraram para oferecer apoio. Tanto Plutarco quanto Suetônio dizem que César o dispensou, mas Cimber agarrou seus ombros e puxou para baixo a túnica de César. César então gritou para Cimber: "Ora, isso é violência!" ("Ista quidem vis est!").

Ao mesmo tempo, Casca sacou sua adaga e deu uma estocada de relance no pescoço do ditador. César se virou rapidamente e pegou Casca pelo braço. Segundo Plutarco, ele disse em latim: "Casca, seu vilão, o que você está fazendo?" Casca, assustado, gritou: “Socorro, irmão!” em grego. Em poucos instantes, todo o grupo, incluindo Brutus, atacava o ditador. César tentou fugir, mas, cego pelo sangue, tropeçou e caiu; os homens continuaram a esfaqueá-lo enquanto ele jazia indefeso nos degraus inferiores do pórtico. Segundo Eutrópio, cerca de 60 ou mais homens participaram do assassinato. Ele foi esfaqueado 23 vezes.

O corpo de César foi cremado e, no local de sua cremação, o Templo de César foi erguido alguns anos depois. Apenas o seu altar permanece agora. Uma estátua de cera de César em tamanho real foi posteriormente erguida no fórum exibindo as 23 facadas. Uma multidão ali reunida iniciou um incêndio, que danificou gravemente o fórum e os edifícios vizinhos.

Discurso de Marco Antônio no Funeral de Júlio César

Discurso de Marco Antônio diante do corpo de Júlio César
20 de março de 44 a.C.

O historiador grego Ápio de Alexandria (c.95-c.165) incluiu vários discursos na sua História das Guerras Civis, todos eles composições próprias. Porém, o discurso de Antônio não é uma composição, mas um relato do que foi dito. É uma ideia tentadora que o relato de Apiano seja uma tradução precisa das palavras que foram proferidas durante o enterro de César.

Quando [o sogro de César] Pisão trouxe o corpo de César para o Fórum, um grande número de homens armados reuniu-se para protegê-lo. Antônio foi escolhido para fazer o discurso fúnebre como cônsul para cônsul, amigo para amigo e parente para parente e então ele novamente seguiu sua tática e falou o seguinte:

“Não é certo, meus concidadãos, que o discurso fúnebre em louvor a tão grande homem seja proferido por mim, um único indivíduo, em vez de por todo o seu país. As honras que todos vocês, primeiro Senado e então Pessoas, decretadas para ele em admiração por suas qualidades quando ele ainda estava vivo, estas eu lerei em voz alta e considerarei minha voz como sendo não minha, mas sua."

Ele então os leu com uma expressão orgulhosa e estrondosa no rosto, enfatizando cada um com sua voz e enfatizando particularmente os termos com os quais o haviam santificado, chamando-o de "sacrossanto", "inviolável", "pai de seu país", " benfeitor" ou "líder", como não fizeram em nenhum outro caso. Ao chegar a cada um deles, Antônio virou-se e fez um gesto com a mão em direção ao corpo de César, comparando o ato com a palavra.

Ele também fez alguns breves comentários sobre cada um deles, com um misto de pena e indignação. Onde o decreto dizia "Pai de seu país", ele comentou "Esta é uma prova de sua misericórdia", e onde dizia "Sacrossanto e inviolável" e "Quem se refugiar com ele também ficará ileso", ele disse "A vítima não é outra pessoa que busca refúgio com ele, mas o próprio sacrossanto e inviolável César, que não arrebatou essas honras pela força como um déspota, na verdade nem mesmo as pediu. Evidentemente, somos as pessoas mais indefesas porque não vamos pedir nada àqueles que não as merecem. Mas vocês, meus leais cidadãos, ao mostrar-lhe tal honra neste momento, embora ele não exista mais, estão nos defendendo contra a acusação de termos perdido nossa liberdade."

E novamente ele leu os juramentos, pelos quais todos se comprometeram a proteger César e a pessoa de César com todas as suas forças, e se alguém conspirasse contra ele, aqueles que não o defendessem seriam amaldiçoados. Neste ponto ele levantou a voz muito alto, estendeu a mão em direção ao Capitólio e disse: 

"Ó Júpiter, deus de nossos ancestrais, e vós outros deuses, de minha parte estou preparado para defender César de acordo com meu juramento e os termos da maldição eu invoquei sobre mim mesmo, mas como é opinião dos meus iguais que o que decidimos será para o melhor, rezo para que seja para o melhor."

Ruídos de protesto vieram do Senado a esta observação, que foi claramente dirigida a eles. Antônio os acalmou, dizendo a título de retratação: "Parece, concidadãos, que o que aconteceu não é obra de qualquer homem, mas de algum espírito. Devemos prestar atenção ao presente em vez do passado, porque nosso futuro , e na verdade o nosso presente, está no fio da navalha acima de grandes perigos e corremos o risco de sermos arrastados de volta ao nosso estado anterior de guerra civil, com a completa extinção das famílias nobres restantes da nossa cidade. Vamos então conduzir esta pessoa sacrossanta a juntar-se o abençoado e cante sobre ele o hino e canto fúnebre costumeiro."

Então, dizendo que ele agarrou suas roupas como um homem possuído, e cingiu-se para poder usar facilmente as mãos. Ele então ficou perto do esquife como se estivesse no palco, curvando-se sobre ele e endireitando-se novamente, e antes de tudo cantou louvores a César como uma divindade celestial, levantando as mãos em testemunho do nascimento divino de César e ao mesmo tempo rapidamente recitando suas campanhas, batalhas e vitórias, e os povos que ele colocou sob o domínio de seu país, e os despojos que ele enviou para casa. Ele apresentou cada um como uma maravilha e clamava constantemente: "Só este homem saiu vitorioso sobre todos aqueles que lutaram com ele."

“E você”, disse ele, “foi também o único homem a vingar a violência oferecida ao seu país há 300 anos, colocando de joelhos os povos selvagens que foram os únicos a invadir Roma e incendiá-la. "
Nesse inspirado frenesi, ele disse muito mais, alterando sua voz de clara como um clarim para um canto fúnebre, lamentando por César como por um amigo que havia sofrido injustiça, chorando e jurando que desejava dar sua vida pela de César. Depois, levado muito facilmente à emoção apaixonada, despiu as roupas do corpo de César, ergueu-as num poste e agitou-as, rasgadas como estavam pelas facadas e sujas com o sangue do ditador. Com isso o povo, como um coro, juntou-se a ele na mais triste lamentação e após esta expressão de emoção ficou novamente cheio de raiva.

Após o discurso, outros cantos fúnebres acompanhados de cantos foram entoados sobre os mortos por coros à maneira romana habitual, e eles novamente recitaram suas conquistas e seu destino. Em algum lugar do lamento, o próprio César deveria mencionar pelo nome aqueles de seus inimigos que ele havia ajudado, e referindo-se a seus assassinos, disse como que maravilhado: “Pensar que eu realmente salvei a vida desses homens que iriam me matar.”

Então o povo não aguentou mais. Consideravam monstruoso que todos os assassinos, que com a única exceção de Décimo haviam sido feitos prisioneiros como partidários de Pompeu, tivessem formado a conspiração quando, em vez de serem punidos, tivessem sido promovidos a magistraturas, governos provinciais e comandos militares, e que Décimo foi até considerado digno de adoção como filho de César.

Quando a multidão estava nesse estado, e perto da violência, alguém ergueu acima do esquife uma efígie de cera de César - o próprio corpo, deitado de costas no esquife, não sendo visível. A efígie foi virada em todas as direções, por um dispositivo mecânico, e podiam ser vistas vinte e três feridas, infligidas de forma selvagem em todas as partes do corpo e no rosto. Esta visão pareceu tão lamentável para as pessoas que elas não conseguiram mais suportar. Uivando e lamentando, eles cercaram o Senado, onde César havia sido morto e o incendiaram, e correram em busca dos assassinos, que haviam fugido algum tempo antes.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Hitler e o Holocausto

Inicialmente Hitler não tinha o plano de exterminar o povo judeu. Ele procurava por outra saída, algo no sentido de expulsar os judeus da Alemanha, num programa de migração forçada deles. Era algo no sentido de transformar a vida dos judeus em algo tão insuportável que eles teriam que ir embora. Não havia política de extermínio. Assim o Estado alemão iria fazer vista grossa contra as barbaridades cometidas contra o povo judeu. Eles teriam suas lojas depredadas por pessoas do povo alemão e a polícia não faria nada para impedir, mesmo que tais atos de violência fossem contra a lei. E assim foi feito.

Só mais tarde, quando a insanidade nazista chegou a um ponto absoluto, de não volta, é que finalmente o regime adotou a política de extermínio, chamada de "solução final", ou seja, a eliminação física dos judeus em campos de concentração, a maioria deles localizadas em vastos campos na Polônia ocupada. A solução era tão suja e bárbara que não deveria ser feita, pelo menos opcionalmente, em solo alemão.

O holocausto levou milhões de judeus e outras minorias à morte, em um quadro de assassinato em massa. Mulheres, crianças, idosos, deficientes físicos, todos foram mortos em câmaras de gás, ou por doenças contraídas nos próprios campos de extermínio. O holocausto certamente foi o maior crime já cometido na história da humanidade. E tudo começou pelo fato de Hitler odiar os judeus e todos os povos que não eram considerados arianos, de origem pura dentro da mentalidade distorcida dos nazistas.

Por fim e não menos importante, não se deixe convencer por teorias de revisionismo histórico, como aquelas que negam o holocausto ou que eximem Hitler de ter participado no planejamento e execução desse triste capítulo da história da Alemanha. É fato que embora não tenha sido esse seu plano inicial, logo depois ele concordou plenamente com o extermínio dos judeus, extermínio esse físico, matança em série, generalizada. Hitler foi tão culpado quanto Himmler, o chefe da SS que supervisionou tudo pessoalmente. Ele tinha ciência do crime, concordou com ele e deu suporte do aparato alemão para que tudo fosse feito. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Os Cavaleiros Templários

Embora já se tenha passado mais de sete séculos de sua extinção a chamada Ordem dos pobres cavaleiros de Cristo e do templo de Salomão, mais conhecidos como Cavaleiros Templários, ainda desperta curiosidade entre os pesquisadores. Certamente os Templários formaram a mais famosa ordem guerreira da história da Igreja Católica. Eles reuniram sob uma mesma bandeira a coragem das ordens medievais da idade média com a fé em algo maior, a fé em Jesus e sua mensagem. Seus membros eram monges católicos de linha guerreira, ou seja, embora fossem membros da hierarquia da Igreja Católica, suas funções eram exercidas em campo de batalha. Sua função inicial foi a de proteger os peregrinos católicos que queriam conhecer a terra Santa, Jerusalém. Naqueles tempos distantes uma viagem como essa poderia ser extremamente perigosa, ainda mais com a proliferação do islã, que punia com a morte todo aquele que fosse considerado infiel (ou seja, não islâmico). Para que os cristãos não fossem mortos eles eram protegidos pelos Templários durante sua jornada de fé.

A ordem surgiu em 1118, com apenas nove cavaleiros franceses liderados por Hugo de Payens. Essa primeira e modesta linha da ordem participou da primeira cruzada. A coragem e a fibra demonstrada por esses primeiros cavaleiros fizeram com que o patriarca de Jerusalém Garmond de Picquigny escrevesse ao Papa para elogiar e reconhecer o mérito desses combatentes. O papa ficou impressionado com os relatos e resolveu dar mais meios e dinheiro para que a ordem crescesse, recrutando novos membros. Em 1129 a Ordem foi reconhecida oficialmente por Roma, se tornando parte central dentro da Igreja Católica. Com a simpatia e o apoio dos papas da época, a ordem rapidamente cresceu em tamanho e poder.

Durante dois séculos os cavaleiros templários defenderam a fé católica no oriente médio e também na Europa, onde fundaram inúmeras igrejas e castelos militares que serviam à própria ordem. No campo de batalha foram extremamente bem sucedidos, a tal ponto que Jerusalém passou a ser controlada por eles, que expulsaram os muçulmanos de seus domínios. Pela primeira vez na história o cristão que desejasse visitar a terra onde viveu Jesus o poderia fazer, de forma segura e protegida. Os islâmicos porém nunca desistiram de reconquistar a cidade santa, o que fez com que a ordem estivesse permanentemente em guerra.

Em 1312 o Papa Clemente V, impressionado com o poder da ordem dos templários, que naquele momento rivalizava até mesmo com o poder papal, resolveu dissolver os templários. Segundo alguns historiadores essa porém não foi a única razão. O rei Felipe IV da França estava endividado com a ordem, e por essa razão resolveu pressionar o Papa para colocar um fim aos templários. A verdade sobre o fim dos templários porém ainda se mantém encoberto sob uma sombra de mistérios.

Fazer parte da Ordem do Templo, dos cavaleiros templários, era uma grande honra para o homem medieval. Eles eram monges católicos que serviam a uma ordem militar de proteção aos cristãos e também de luta contra as hordas muçulmanas que investiam contra os países católicos da Europa. Essa ordem, a dos cavaleiros templários, foi certamente a maior, a mais bem organizada e a mais famosa dos tempos medievais.

Não era fácil ser um cavaleiro templário. A ordem tinha regras rígidas, tanto de comportamento na vida pessoal como também de treinamento e disciplina. Qualquer quebra nessas regras - chamadas de normas da ordem dos cavaleiros templários - traziam para o infrator várias punições. A mais grave delas era a expulsão, muitas vezes seguida da excomungação. Durante muitos séculos historiadores procuraram e pesquisaram em antigos documentos se havia punição de morte dentro da ordem, mas nada até hoje foi encontrado. Com isso a hierarquia e a disciplina dos templários não chegavam ao ponto de dar direito aos superiores de tirarem a vida dos cavaleiros.

Os homens recrutados faziam juramentos quando eram nomeados cavaleiros e a partir dai ficavam sob as ordens dos reis e superiores a quem era submetidos. Isso porém não suplantava as ordens do Papa. O Papa em Roma era o superior hierárquico máximo da ordem, seu comandante em chefe. Assim que entravam na ordem os cavaleiros eram submetidos a um juramento em latim. Desse juramento constava que eles iriam inicialmente servir como monges militares durante cinco anos, defendendo a Igreja e a mensagem de Jesus Cristo, o Senhor, em toda a Terra.

Seus únicos bens pessoais eram suas armas, seu escudo, sua armadura, seu cavalo e a roupa do corpo. Eles deveriam ser preparados para lutar em terras distantes, sob o sol escaldante ou sob frio intenso, nos alpes e montanhas geladas ou nos desertos do Oriente Médio. Para muitos historiadores os templários representaram o que havia de melhor entre guerreiros da Idade Média. Eram disciplinados, bem treinados, extremamente empenhados e com a moral do campo de batalha apoiada em uma fé inabalável.  Certamente era o lutador perfeito para uma época especialmente brutal e violenta na história da humanidade.

A Queda dos Templários 
A Ordem Católica dos Cavaleiros Templários foi uma das mais poderosas e influentes da Idade Média. Seus membros eram respeitados e admirados por toda a Europa e Oriente Médio. Cabia aos cavaleiros proporcionar segurança e proteção a todos os cristãos que desejassem viajar até a Terra Santa, uma região dominada até então pelos islâmicos. Com o tempo os Templários se tornaram extremamente ricos e poderosos, a ponto de seu poder rivalizar até mesmo com o Papa e a Nobreza da Europa. Isso explica em grande parte porque caíram em desgraça.

Havia um jovem herdeiro ao reino francês chamado Felipe, o Belo. Embora ele fosse o futuro rei de uma das monarquias mais poderosas da Europa Medieval ele tinha um sonho desde que era criança: se tornar ele próprio um cavaleiro templário. Isso era até fácil de entender já que os membros da ordem eram vistos como verdadeiros heróis pelos mais jovens. A chegada de um regimento templário numa cidade era motivo de grande excitação e festa. Além de serem guerreiros eles eram também monges católicos. Poucos naquela época tinham a primazia de aliar a força da espada com a religiosidade cristã. Eram verdadeiros super heróis dos tempos medievais.

Felipe então se empenhou muito por anos para ser aceito na ordem. Ele treinou táticas de guerra e sobrevivência. Se tornou muito hábil no manejo de armas de guerra, ao mesmo tempo em que estudou afinco as escrituras sagradas. No dia de seu teste para entrar na ordem porém tudo deu errado. Os Templários eram extremamente éticos e honestos e o rejeitaram. Não importava que fosse um Rei. Ele simplesmente não passou nos testes e por isso foi reprovado nos testes físicos e de combate. Isso devastou o jovem monarca. Um sentimento de raiva tomou conta de sua alma e ele prometeu se vingar da humilhação que havia passado.

Alguns anos depois o agora Rei Felipe IV encontrou a chance de se vingar. Ele percebeu que o quadro político se mostrava cada vez mais desfavorável aos cavaleiros templários. Eles tinha um código de ética próprio, secreto e isso atiçou Felipe a usar uma intensa campanha contra a Ordem. Ele ficou extremamente irritado quando sua sugestão de que os Templários fossem unidos a outra ordem foi rejeitado pelo grupo. Assim começou uma campanha de difamação e calúnia contra todos os cavaleiros. Espalhou mentiras que afirmavam que os membros da Ordem faziam estranhos rituais, cuspindo na cruz e em objetos sagrados. O depoimento comprado de uma testemunha que havia sido expulsa da Ordem piorou ainda mais o quadro. Felipe espalhou aos quatro cantos do Reino da França que eles eram hereges e amaldiçoados. Aconselhado por seu Grão-Vizir, Felipe via nas acusações a oportunidade de também colocar as mãos na imensa riqueza da Ordem Templária. O Estado francês estava quebrado e ele precisava de dinheiro. Por isso se tornou devedor da ordem. Como não conseguia pagar a melhor solução era destrui-los. Ele já havia promovido uma perseguição brutal contra judeus, ficando com suas fortunas e agora repetia a tática contra os Templários.

Numa Sexta-feira 13 de outubro, Felipe IV mandou prender todos os cavaleiros templários que estivessem em solo francês. Eles foram imediatamente presos, cercados, torturados e mortos. A principal acusação (falsa) era a de bruxaria. Sob torturas alguns confessaram crimes que jamais tinham cometidos. Espancados, foram soltos para fugirem imediatamente. Os que se recusaram a admitir culpa, mesmo sob forte tortura, foram queimados vivos em praça pública sob ordens diretas de Felipe. O Papa Clemente V nada pode fazer. Ele devia favores ao Rei, estava encurralado politicamente e por isso resolveu lavar as mãos para tudo o que estava acontecendo. Em 22 de março de 1312 o Papa declarou oficialmente extinta a Ordem dos Cavaleiros Templários, encerrando um dos capítulos mais interessantes da história da Igreja Católica.

10 Curiosidades Sobre os Cavaleiros Templários:
1. Os Templários formavam uma ordem de cavalheiros guerreiros sob ordens diretas do Papa no Vaticano. Sua função inicial foi garantir a segurança dos peregrinos que desejavam conhecer Jerusalém e a terra santa.

2. Dentro da hierarquia católica os Templários eram tecnicamente monges e tinham que fazer voto de pobreza e castidade como os demais membros da Igreja Católica.

3. Usavam uma túnica branca com cruzes vermelhas em seus escudos.

4. Era uma honra ser aceito dentro da Ordem que gozava de grande prestígio na Europa medieval.

5. A principal atuação da Ordem dos Templários durante a história ocorreu durante as cruzadas quando se tornaram peça chave na reconquista de Jerusalém dos muçulmanos.

6. Criaram as primeiras organizações bancárias do mundo. Inventaram o chamado de título de crédito, onde o peregrino depositava um certo valor na sede da Ordem em Roma e depois o recebia de volta em Jerusalém, poupando-o do risco de levar grandes quantias de dinheiro durante a longa viagem em direção à terra santa.

7. Em pouco tempo se tornaram poderosos e extremamente ricos, emprestando dinheiro para Reis, Rainhas e Nobres europeus. Criaram um código de ética próprio e começaram a rivalizar em poder e influência com o próprio Papa.

8. Segundo alguns historiadores os Templários foram longe em pesquisas históricas e arqueológicas na Terra Santa sobre o Cristo da história e descobriram segredos que até hoje nunca foram revelados. Dizia-se que eles tinham encontrado o cálice da santa ceia, além da cruz original de Jesus. 

9. A ordem foi dissolvida em 1307 pelo Papa Clemente V. O Papa temia o imenso poder que a Ordem havia acumulado com suas atividades. Além disso estava muito pressionado pelo Rei da França.

10. Muitos de seus antigos membros foram embora para regiões distantes e inóspitas como a atual Suíça. Lá deram origem ao sistema bancário do país (considerado um dos mais avançados do mundo). Para vários pesquisadores a própria bandeira da Suíça é uma alusão à ordem dos Templários pois é caracterizada por ter uma cruz branca sob um fundo vermelho, o que é o exato oposto do símbolo templário que era formado por uma cruz vermelha sob um fundo branco.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 18 de março de 2008

Os Melhores Aviões da Segunda Guerra Mundial


1. Spitfire
Mais do que um caça eficiente, o Spitfire foi um verdadeiro símbolo de resistência da Inglaterra contra os avanços e ataques da Força Aérea do Reich alemão. A Royal Air Force produziu mais de 20 mil unidades durante a guerra, com várias modificações nos sucessivos modelos que foram fabricados. O famoso caça só deixou de ser produzido durante os anos 50, quando se tornou obsoleto em termos tecnológicos.


2. Mustang
Esse foi o principal caça americano durante a II Guerra Mundial. Tinha o apelido de "Cadillac do céu" pois na época o carro mais vendido e desejado pelos americanos era justamente o Cadillac, símbolo de poder e status. Curiosamente muitos especialistas dizem que o Mustang não era assim um avião tão avançado. Em certos aspectos ele era bem inferior do que o Spitfire, porém foi produzido em larga escala (mais de 15 mil unidades) fazendo com que a quantidade falasse mais alto do que a qualidade propriamente dita.


3. Thunderbolt 
Outro símbolo americano na guerra o caça P-47 Thunderbolt se notabilizava pelo poder de fogo pois era armado com uma metralhadora de alto poder de destruição. Por essa razão era o caça preferido para ser usado em missões de combate contra aviões inimigos nos céus da Europa. Sua metralhadora Ponto 50 era fatal contra os aviões da Alemanha Nazista. Também se destacava pela grande autonomia de voo. Um avião realmente acima da média.


4. Messerschmitt Bf 109
Esse foi o avião alemão mais produzido durante a guerra. O próprio Hitler gostava bastante do fato dele ser bem eclético, funcionando para diversos usos diferentes. No total foram produzidos mais de 30 mil unidades desde quando surgiu nos céus pela primeira vez, ainda durante a guerra civil espanhola. Com a supremacia dos americanos e ingleses nos ares a Deutsche Luftwaffe (a força aérea da Alemanha) acabou sendo destruída e praticamente nenhum exemplar desse famoso avião sobreviveu à guerra. Hoje em dia encontrar um exemplar original é uma verdadeira raridade.



5. Zero
Também foi um dos caças mais famosos da II Guerra Mundial. O Mitsubishi A6M Zero-Sen foi o caça mais usado pelo Japão imperial durante o conflito, tendo participado intensamente da chamada Guerra do Pacífico. Foi com esse caça que os japoneses fizeram o ataque ao porto americano de Pearl Harbor, fato que fez com que os americanos entrassem definitivamente na Guerra, selando definitivamente o destino do Japão, derrotado alguns anos depois com um ataque nuclear devastador sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Henrique II e Thomas Becket

O Rei Henrique II da Inglaterra reinou de 1154 a 1189. Sua história é interessante porque esse foi um dos primeiros monarcas ingleses a entrarem em confronto direto com a Igreja Católica. Henrique II acreditava que o poder do clero católico era um empecilho ao seu próprio poder real. Assim resolveu cobrar impostos das igrejas e mosteiros. Sua atitude obviamente criou vários descontentamentos no reino. Em represália o Rei nomeou um de seus chanceleres, Thomas Becket, como Arcebispo da Cantuária, o mais alto cargo clerical da Inglaterra.

O curioso é que Becket começou a levar muito à sério seu trabalho como arcebispo e em pouco tempo começou a defender os interesses da igreja e não do Rei Henrique II. Isso obviamente enfureceu o monarca. O ponto de rompimento aconteceu quando um nobre mandou matar um padre. Becket exigiu sua punição como homicida, mas o Rei fraquejou com medo de causar uma revolta entre seus próprios nobres. Assim Becket como arcebispo decidiu excomungar o nobre. O choque entre a nobreza e o clero foi ficando cada vez mais deteriorado.

O Rei Henrique II considerava Thomas Becket seu grande amigo pessoal, por isso sentiu-se muito traído quando o Arcebispo começou a contrariar seus interesses. Dizem que em determinado dia o Rei teria dito aos seus cavalheiros: "Esse Arcebispo Becket me virou as costas. Me traiu. Será que não existe nenhum homem na Inglaterra que me livre desse padre?". O comentário casual foi mal interpretado por seus homens que depois foram até a catedral e mataram o arcebispo Thomas Becket em pleno altar, causando grande comoção na Inglaterra da época.

Historiadores afirmam que Henrique II não mandou matar Thomas Becket diretamente. De qualquer forma o religioso foi assassinado e considerado mártir. Três anos após sua morte o Papa Alexandre III reconheceu a santidade de Thomas Becket e o canonizou. Curiosamente esse santo inglês segue sendo venerado não apenas entre os católicos, mas também entre os anglicanos que o consideram até hoje um homem santo que lutou e morreu por sua fé inabalável. Essa história foi recriada no cinema através do clássico da sétima arte "Becket, o Favorito do Rei" (1964) onde Peter O'Toole interpretava o Rei Henrique II e Richard Burton dava vida ao mártir Thomas Becket. Com ótimo roteiro e uma direção precisa de Peter Glenville o filme ainda trazia em seu maravilhoso elenco o talentoso John Gielgud como o perigoso Rei Luís VII da França. Enfim uma aula de cinema revivendo uma história mais do que marcante.

Pablo Aluísio.

II Guerra Mundial - Tropas SS

Durante a II Guerra Mundial poucas tropas causaram tanto terror e medo como as famigeradas SS. Os soldados que fizeram parte de suas fileiras despertavam medo e repulsa até mesmo dos demais membros do exército alemão. Para muitos oficiais os membros da SS não passavam de fanáticos nazistas, que tinham passado por uma verdadeira lavagem cerebral com o pior que o partido Nazista tinha a oferecer. A SS era conhecida como a "elite racial" do futuro nazista. Cabia aos seus membros a segurança da ideologia nazista, a identificação de etnias danosas aos arianos alemães, a liquidação dessas populações e a coleta de inteligência e análise desses grupos. Como estavam profundamente envolvidos na política da solução zero - com a eliminação de judeus e demais etnias inferiores, segundo a visão dos nazistas - a SS teve papel fundamental dentro dos campos de concentração do Reich. A SS foi assim personagem central dentro do holocausto que se seguiu.

O comando da SS estava nas mãos de Heinrich Himmler, braço direito de Hitler. O curioso é que Himmler logo pensou em transformar os membros da SS em um estado dentro do próprio estado alemão. Eles tinham seu próprio código de ética, seus próprios lemas e realizavam rituais singulares dentro do QG da tropa em um castelo que Himmler logo transformou em santuário. Os membros da SS zelavam pela pureza racial e pela profunda lealdade ao seu líder máximo, Hitler. Isso lhes deu uma fama de fanáticos e homens determinados a realizar qualquer missão, independente de sua finalidade. Tais homens com esse tipo de pensamento se tornaram máquinas eficientes de matar, realizando missões que para os demais membros das forças armadas da Alemanha eram eticamente desprezíveis como matar crianças, mulheres, velhos e pessoas indefesas.

O lema máximo das tropas SS era: "Minha honra é a lealdade". Eles usavam fardamento distinto dos demais membros das armas alemãs e tinham uma caveira como insígnia de reconhecimento. Com o fim da guerra a e derrota nazista muitos de seus membros fugiram, tentaram cruzar o oceano em direção à América do Sul, pois muitos deles cometeram terríveis crimes de guerra. Hoje em dia a SS é vista como um exemplo perfeito de como a ideologia política e partidária pode prejudicar completamente os objetivos de uma força militar, por mais bem treinada que seja. Quando a ideologia do partido se sobrepõe aos interesses de uma nação os mais altos valores de um exército se perdem completamente. Além disso os membros da SS se tornaram infames na história pelos horríveis crimes contra a humanidade que cometeram. Muitos foram condenados à morte após o fim da guerra, em julgamentos que tentaram pelo menos trazer justiça às vítimas desses psicopatas fardados. Infelizmente milhões morreram sob sua guarda em um momento terrível da II Guerra Mundial, o Holocausto, algo que jamais poderá se repetir pela brutalidade que foi cometida contra pessoas indefesas e inocentes.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de março de 2008

O Primeiro Rei da Inglaterra

Quem foi o primeiro Rei da Inglaterra? Embora a monarquia seja duas vezes milenar nas ilhas britânicas, algo que remonta desde a retirada dos romanos da ilha, os historiadores concordam que o primeiro Rei da Inglaterra teria que ser o primeiro monarca que realmente unificou politicamente sobre seu comando o território que hoje os ingleses conhecem como sua nação.

Assim o título de primeiro Rei da Inglaterra vai para o monarca Anglo-Saxão Etelstano. Por centenas de anos a ilha foi disputada por Anglo-Saxões e Normandos, além de outros grupos bárbaros de menor expressão. De guerra em guerra subiram ao trono Reis anglo-Saxões e Reis normandos. O chamado Rei Etelstano, Anglo-Saxão, foi aquele que expulsou os últimos grupos invasores da Grã-Bretanha, consolidando o seu poder sob uma extensa área territorial que nos dias de hoje é conhecida como Inglaterra.

Além de expulsar os últimos bárbaros de seu Reino, ele também dominou o País de Gales (o que hoje recebe essa denominação), além de invadir a Escócia, consolidando seu poder real de forma absoluta. Esse Rei é considerado o fundador da Dinastia de Wessex que é considerada a primeira casa real da história da Inglaterra. Ele reinou até 939 e morreu sem deixar descendência. O resgate histórico desse Rei inglês é complicado porque ele reinou há mais de mil anos, cujos registros em sua maioria não sobreviveram ao tempo.

Sua dinastia foi breve, durando até 1016. No total foram Sete Reis (Edmundo I, Edredo, Eduíno, Edgar, Eduardo, o Mártir e Etelredo), que conseguiram pelo menos manter a Inglaterra unida sob uma mesma autoridade. Por fim como curiosidade alguns historiadores afirmam que é provável que o Rei Etelstano da Inglaterra tenha sido homossexual. Ao falecer com 44 anos de idade não havia se casado e nem deixado herdeiros diretos. Além disso ainda se discute bastante como teria sido sua morte. Segundo a versão mais conhecida o Rei teria sido morto no campo de batalha. Ao cair de seu cavalo durante o calor do combate um soldado das tropas inimigas teria lhe cravado uma grande espada em suas costas, colocando fim em sua vida e em seu reinado.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de março de 2008

Jack, o Estripador

Ele foi certamente o mais infame serial killer da história, notabilizado não apenas pelos crimes bárbaros que cometeu, mas também pelo fato de que sua identidade ficou submersa por uma nuvem de mistérios. Ao longo da história mais de 20 suspeitos foram apontados como Jack, indo desde nobres com ligações à realeza, pintores, escritores e até médicos famosos. Apenas a ciência conseguiu responder a uma pergunta que já durava séculos. Usando os mais modernos métodos forenses de investigação conseguiu-se finalmente revelar a verdadeira face de Jack. Para tanto se utilizou de um xale de uma das prostitutas que foram mortas por ele naqueles distantes dias de puro terror.

A mulher identificada como Catherine Eddowes foi brutalizada por Jack, morta a punhaladas e golpes de faca, sendo que depois o assassino, seguindo seu modus operandi ou ritual, retirou seus órgãos internos. Uma pesquisa de DNA no xale conseguiu localizar traços de sêmen do matador. A partir daí vários parentes de suspeitos do crime doaram voluntariamente suas amostras genéticas para comparação. O DNA bateu com familiares de Aaron Kosminski, um velho conhecido da polícia de Londres que inclusive foi detido e ouvido na época dos crimes. Como não havia provas ele foi liberado. Hoje sabe-se que ele foi o real Jack.

Aaron Kosminski tinha um passado de traumas. Imigrante judeu, presenciou cenas chocantes de perseguição, violência e morte contra pessoas de sua família. Essa teve que fugir das perseguições, indo morar em Londres. Aaron não conseguiu ter boa sorte na grande cidade. Miserável, sem emprego e vivendo de bicos, presume-se que tenha contraído sífilis com prostitutas baratas, as mesmas que mataria depois nos crimes violentos e selvagens de Jack, o Estripador. Ao que tudo indica Aaron estava em sua mente se vingando daquelas mulheres que haviam lhe passado uma doença incurável na época. A loucura dos crimes também condiz com esse quadro já que a sífilis acaba destruindo a mente da pessoa infectada, a levando gradualmente à loucura.

Kosminski escapou da polícia, porém não teve um final feliz. Ele foi enlouquecendo com o passar do tempo e virou praticamente um mendigo de rua com problemas mentais. Os últimos registros dão conta que ele foi recolhido pelo departamento de saúde mental da capital inglesa e internado numa instituição para doentes mentais onde veio a falecer com a idade provável de 53 anos. Os crimes de Jack foram cometidos quando ele tinha entre 25 a 30 anos de idade, não se sabe ao certo. A sífilis destruiu sua mente, porém antes disso ele supostamente matou entre 11 a 25 mulheres, prostitutas que viviam pelas ruas. O mais infame serial killer da história morreu livre, porém de uma forma ou outra acabou pagando pelos seus crimes assustadores.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Urbano II e a Primeira Cruzada

Em 1070 a cidade santa de Jerusalém caiu nas mãos dos muçulmanos. O império Turco imediatamente proibiu o cristianismo na região, punindo com a morte quem não seguisse a religião do Islã. O fato chocou os cristãos da Europa. Não haveria mais como ir para a Terra Santa em peregrinação. Os seguidores de Maomé não iriam mais admitir essa heresia sob o ponto de vista de sua religião. A crise entre cristãos e muçulmanos não parou por aí. O Império Bizantino (que era cristão, também conhecido como Império Romano do Oriente) também sofria com a expectativa de uma grande invasão dos turcos. O desastre era iminente.

Diante de toda essa situação o Papa Urbano II resolveu agir. Ele pensou que todos os cristãos da Europa precisavam se unir para lutar contra a ameaça militar que vinha do Oriente. A solução em sua opinião era a organização de uma grande cruzada de cristãos para irem em direção à Terra Santa, para libertar Jerusalém das mãos do califado islâmico. Havia uma grande massa de pessoas pobres e sem perspectivas dentro do continente europeu. Muitos deles eram criminosos e tinham desperdiçado sua existência em crime e pecado. Para o Papa a violência entre cristãos deveria acabar definitivamente. A luta deveria ser travada contra o mundo muçulmano que colocava em perigo a existência do cristianismo.

Assim o Papa Urbano II proclamou em discurso: "Ricos e pobres devem igualmente partir, devem parar de se matar uns aos outros e, em vez disso, lutar uma guerra justa, realizando a obra de Deus; Deus os guiará. Quem morrer em combate receberá a absolvição e a remissão dos pecados. Aqui, a vida é miserável e malvada com homens que se entregam até destruir o próprio corpo e a própria alma; aqui, eles são pobres e infelizes, lá, serão felizes, ricos e verdadeiros amigos de Deus."

O Papa pensava que seu pronunciamento iria despertar a honradez de senhores feudais, reis e nobres, mas isso não aconteceu. Apenas as camadas mais populares responderam ao apelo papal. Assim as massas mais pobres das cidades da Europa começaram a se organizar. O problema é que não havia liderança entre eles e em pouco tempo a anarquia tomou conta da Primeira Cruzada que seria conhecida pela história como A Cruzada dos "Mendigos"!

Essa massa de pessoas, sem treinamento militar, sem hierarquia e sem disciplina começou a marchar indo em direção a Jerusalém. Sem recursos muitos começaram a pilhar as cidades por onde passavam. O pânico tomou conta as populações. Havia anarquia e crime entre seus participantes. Nem mesmo a suposta liderança de um homem chamado Pedro, o Eremita, conseguiu evitar o desastre completo. Por três anos esses cruzados - na verdade uma massa de pessoas pobres e desesperadas - destruíram tudo por onde passavam. Para o Papa Urbano II a convicção inicial havia sido esquecida. Os efeitos foram bem piores do que ele pensava e não havia qualquer controle sobre o que acontecia. A igreja assim retirou seu apoio. 

Por fim, o que era previsível aconteceu. Ao encontrar o exército turco aqueles pessoas que se diziam cruzados foram facilmente trucidados pelos islâmicos. Os homens foram mortos, as crianças e mulheres se tornaram escravos. Antes de matar todos os cruzados os muçulmanos lhes davam uma ótima chance de viver: eles poderiam se converter ao Islã, caso contrário teriam suas cabeças cortadas! E assim foi com milhares de pessoas. O Papa percebeu que apenas a boa fé não era suficiente. Era necessária a participação dos nobres, dos reis e de seus exércitos profissionais, não uma multidão de pessoas sem qualquer preparo. Em sua forma de pensar a ideia da cruzada não era ruim, mas teria que acontecer com planejamento e disciplina, caso contrário a matança seria inevitável.

Pablo Aluísio.

II Guerra Mundial - A Guerra nas Ardenas

A Segunda Guerra Mundial já caminhava para seu fim quando Hitler resolveu jogar sua última e desesperada cartada final. Ele ordenou que o exército alemão começasse uma grande ofensiva em direção ao inimigo que desde a invasão à Normandia no Dia D só avançava cada vez mais em direção à Alemanha. Para Hitler era necessário sair da posição defensiva para partir para o ataque, assumindo assim a posição de iniciativa que tantos frutos deram ao exército alemão no começo da guerra. O campo onde essa ofensiva iria começar seria localizado nas florestas frias e montanhosas das Ardenas.

O interessante é que o alto comando aliado, nas pessoas dos generais Dwight D. Eisenhower e Thomas W. Bradley, não acreditavam nessa invasão. Era o inverno, as tropas alemãs estavam com problemas decorrentes das várias derrotas sofridas nas frentes ocidental e oriental e não havia recursos suficientes para uma grande ofensiva. Apenas Patton desconfiou que Hitler iria agir contra todas as previsões, mandando que suas forças nazistas avançassem para surpreender ingleses e americanos. Ele tinha razão. Hitler não era um comandante que agia sempre com a razão. Muitas vezes a emoção falava mais alto e isso significava que ele iria levar em frente algo que militarmente não tinha muitas chances de sucesso. Afinal em última análise Hitler era praticamente um louco.

Assim começaram os ataques, mas como era de se prever tudo se revelou desastroso no campo de batalha. A Alemanha já havia perdido seus melhores homens, seja na Rússia, seja na tentativa de conter o avanço aliado. As tropas que estavam lutando nas Ardenas eram mal equipadas, mal treinadas e sem experiência. Havia também problemas de logística. A força aérea da Alemanha, a Luftwaffe, não tinha mais caças suficientes para fazer frente aos aviões americanos e ingleses. Em solo as coisas iam de mal a pior. Geralmente os tanques alemães ficavam sem combustível, consequência das precárias condições econômicas da indústria do próprio país que estava em frangalhos.

O frio e a fome também eram companheiras constantes dos soldados da Wehrmacht. As comunicações eram ruins também. Para se ter uma ideia vários aviões de combate da Alemanha foram abatidos pela própria artilharia nazista. Havia um hiato de quatro horas entre o pedido de apoio aéreo e a chegada dos caças, o que invariavelmente deixava os soldados do Reich desorientados, sem saber se eram aviões inimigos ou nazistas. O resultado foi desastroso. Apesar de algumas vitórias iniciais e ocasionais o exército de Hitler não teve outra saída a não ser se render após algumas semanas. Afinal, como todos já sabiam, a guerra já estava praticamente perdida para os nazistas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de março de 2008

As Sangrentas Guerras Napoleônicas

As guerras promovidas por Napoleão Bonaparte foram extremamente sangrentas, alguns historiadores afirmam que nunca havia antes se morrido tanto nos campos de batalhas da Europa continental. Os números falam por si. Estima-se que três milhões morreram nas diversas batalhas envolvendo Napoleão. Só na campanha da invasão da Rússia o exército francês perdeu meio milhão de soldados. Um desastre monumental. A explicação para a extensão de tantas mortes, além de soldados feridos, aleijados e lesionados, se deu em razão da grande extensão territorial da própria guerra sem fim promovida por Napoleão. Ele representava os ideais da revolução francesa, que eram um perigo para todas as monarquias da Europa. Por isso Napoleão entrou em conflito com praticamente todas as nações europeias, levando seu grito de guerra para os mais distantes rincões do continente. Foi uma guerra em larga escala e como se poderia prever também foi elevado o número de mortes, tanto em relação aos civis como também aos militares.

Napoleão Bonaparte também incentivou as leis de recrutamento obrigatório, aumentando em muito o número de soldados em seus exércitos. Napoleão igualmente determinou o recrutamento forçado de homens das regiões conquistadas. Ampliou a idade de serviço militar e com isso tudo se tornou inevitável. Mais homens no campo de batalha, mais mortes. Muitos desses soldados também não tinham o devido preparo, por causa do número insuficiente de oficiais para treiná-los adequadamente. Muitos só aprendiam a puxar o gatilho, mas não técnicas de sobrevivência ou de luta no campo de batalha. Napoleão também não era o tão brilhante general que muitos pensavam. Ele tomou decisões equivocadas, mal pensadas, incentivado apenas por seu ego monumental. Por isso Napoleão colocou muitas de suas tropas em operações que eram verdadeiras missões suicidas, sem chance de êxito. O número de baixas só poderia ser muito elevado. Some-se a isso o despreparo das tropas, a falta de provisões e retaguarda e você entenderá porque em certos aspectos muitas das campanhas de Napoleão foram enormes desastres militares e humanos.

Napoleão Bonaparte não tinha muito respeito pela vida humana. Basta estudar suas guerras para bem entender isso. Também era um sujeito contraditório. Fruto da revolução francesa queria no fundo se tornar um monarca, um imperador, como os do passado, do velho regime. Por isso tinha uma certa atração doentia pelos representantes do absolutismo do passado, como o Czar da Rússia Alexandre I. Após literalmente levar uma surra no campo de batalha, Alexandre entrou em contato diplomático com Napoleão. Queria encontrá-lo pessoalmente. Bonaparte prontamente aceitou e eles se encontraram em território neutro. O mais estranho dessa reunião é que Napoleão ficou encantando com o jovem imperador russo. Chegou a dizer que se ele fosse uma mulher teria se tornado seu amante!

Alexrandre era alto, jovem e muito inteligente. O encontro entre os dois resultou em uma aliança contra a Inglaterra, mas o Czar russo sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar o imperador francês no campo de batalha, algo que efetivamente aconteceu porque Napoleão decidiu invadir a Rússia, o que causou sua ruína, já que a campanha foi um desastre. Corroídos pela fome e frio muitos soldados franceses (milhares deles na verdade) morreram na longa e penosa marcha de retirada durante o rigoroso inverno russo. Pois é, o jovem (e para Napoleão) inexperiente Czar destruiu os exércitos do general francês que era considerado imbatível no campo de batalha. Um feito histórico único! Depois de perder nos campos congelados sem fim da Mãe Rússia, Napoleão perdeu a fama de ser imbatível, de ser perfeito no caminho de suas conquistas. Ele não era fenomenal, era apenas um homem e como tal poderia ser mesmo derrotado, como bem provou Alexandre I e seu forte e armado exército. O fim das guerras napoleônicas teve um marco bem preciso. O povo francês já sabia que Napoleão havia sido feito prisioneiro, enviado para um exílio numa ilha distante, porém apenas quando Alexandre I desfilou em seu cavalo pelas ruas de Paris é que os franceses finalmente entenderam que seu amado general havia sido derrotado para sempre.

Pablo Aluísio.