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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 3

O Segredo das Joias
Mais um clássico, muito bem dirigido, pelo mestre John Huston. Na história uma quadrilha de criminosos é recrutada para um plano ousado, um roubo de joias em um banco. O cofre é bem guardado, mas o plano do roubo é muito bem arquitetado por um homem que acabou de sair da prisão. Ele é conhecido no meio criminal como "O Doutor". De certo modo é um gênio do crime. Só que para realizar seu plano ele precisa de um financiador. Um advogado ouve sobre o roubo e decide bancar a empreitada criminosa. Só que ele esconde o fato de que na realidade está falido e não tem como comprar as joias depois que elas forem roubadas. 

É um autêntico filme de crime, produzido no começo dos anos 50. Curiosamente dentro do bom elenco quem iria se tornar mesmo uma estrela era a ainda jovem Marilyn Monroe. Ela interpreta a jovem amante do advogado que está envolvido no roubo das joias. Chamada de Angela, a personagem de Marilyn não passa de uma Sugar Baby bem ingênua que em um primeiro momento mente para salvar seu amante mais velho das garras da polícia. E isso poderia inclusive lhe trazer muitos problemas. Marilyn Monroe já estava nesse filme com o visual que a consagraria no cinema, com cabelos platinados. Ainda bem magra e jovem ela estava linda em cena! Só não tinham ainda lhe dado a chance para brilhar, o que iria acontecer em breve na sua carreira. 

O Segredo das Joias (The Asphalt Jungle, Estados Unidos, 1950) Direção: John Huston / Roteiro: Ben Maddow, John Huston, W.R. Burnett / Elenco: Sterling Hayden, Louis Calhern, Jean Hagen, Sam Jaffe, Marilyn Monroe / Sinopse: Quadrilha é formada para realizar um bem planejado roubo de joias. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção, melhor roteiro, melhor ator coadjuvante (Sam Jaffe) e melhor direção de fotografia (Harold Rosson). 

Por um Amor
Depois da consagração do filme anterior, o clássico "O Segredo das Jioias", Marilyn Monroe esperava por algo melhor. Ainda trabalhando no estúdio Metro-Goldwyn-Mayer sob contrato, ela estava ansiosa por seu próximo papel. Só que suas esperanças foram por água abaixo. Nesse filme ele iria interpretar mais uma personagem bem secundária, a ponto de seu nome não constar nem no cartaz do filme e nem nos letreiros iniciais de apresentação da película. Ela interpretava uma garota chamada Dusky Ledoux. Sem qualquer destaque na história ela ficou muito decepcionada, mas guardou as mágoas para si mesma. Não tinha como reclamar pois ainda era uma atriz de baixo escalão dentro do estúdio. 

O filme em si era um drama esportivo cuja história se passava no mundo do boxe. O ator Ricardo Montalban interpretava um boxeador decadente que lutava por uma última grande chance na carreira. Só que fisicamente ele estava mesmo com os dias contados. Nesse espiral de fracassos ele parecia apenas contar com o apoio de uma mulher que no fundo era perdidamente apaixonada por ele, em papel interpretado pela atriz June Allyson. Eu até considero um bom filme, mas para Marilyn Monroe, naqueles tempos, foi sem dúvida uma oportunidade perdida. Ela definitivamente ficou bem decepcionada com o papel sem importância que teve que interpretar. 

Por um Amor (Right Cross, Estados Unidos, 1950) Direção: John Sturges / Roteiro: Charles Schnee / Elenco: June Allyson, Dick Powell, Ricardo Montalban, Marilyn Monroe / Sinopse: Um boxeador decadente tenta, pela última vez, emplacar vitórias em sua fracassada carreira no esporte. 

O Faísca
Mais um filme sem importância para Marilyn Monroe na época. O contrato dela com a Metro estava acabando e ela estava aliviada sobre isso. A verdade é que a Metro nunca lhe deu uma grande oportunidade e ela sabia que ali não iria para lugar nenhum. Queria voltar para a Fox, onde sem dúvida teria maiores oportunidades. De qualquer forma pelo menos nesse filme a atriz se divertiu. Ela interpretava uma jovem chamada Polly que se apaixonava pelo protagonista do filme, aqui interpretado pelo baixinho Mickey Rooney que era bem popular naquela época. Marilyn acabou se dando muito bem com ele, a ponto de se tornarem amigos fora das telas. 

A história era feita para o público juvenil e aproveitava a moda do Rollerbal, uma espécie de corridas com patins. Marilyn não sabia andar de patins, mas teve que aprender na marra! Depois de alguns tombos foi pegando jeito e acabou se divertindo muito nas filmagens. Ela estava na verdade, sem saber, se despedindo dessa primeira fase de filmes em sua carreira. Em breve novas e melhores oportunidades iriam surgir em sua vida artística. 

O Faísca (The Fireball, Estados Unidos, 1950) Direção: Tay Garnett / Roteiro:Tay Garnett, Horace McCoy / Elenco: Mickey Rooney, Pat O'Brien, Beverly Tyler, Marilyn Monroe / Sinopse: Filme juvenil que conta a história de um grupo de jovens que entra na onda das corridas de patins! 

A Malvada
Esse filme é considerado o melhor da carreira de Bette Davis por muitos críticos de cinema. Ela fez tantos filmes maravilhosos que, em minha opinião, é complicado afirmar qual seria realmente o seu melhor filme. Mas de qualquer modo, esse é seguramente um dos mais consagradores de sua atuação. Essa foi uma atriz realmente diferenciada, que enchia os olhos do público com seu talento espetacular. O roteiro do filme trata de questões extremamente relevantes, como o ressentimento, a ambição, a ganância e até mesmo a inveja que impera nos meios artísticos. A personagem Eve surge extremamente complexa no roteiro. Ela age como cortadinha, uma mulher boazinha, mas que no fundo esconde a alma de uma mulher ambiciosa que apenas quer subir na vida de qualquer jeito. Ótima interpretação da atriz Anne Baxter. 

Em termos de elenco, outro destaque vem com a presença de uma jovem Marilyn Monroe, interpretando uma bela loira platinada que serve de troféu para um figurão do meio teatral durante uma festa. Ela tem apenas duas cenas no filme, mas chama bastante atenção por causa de seu figurino elegante e de sua exuberante beleza. Eu considero esse um roteiro tecnicamente perfeito, sem nuances negativas. Entretanto, é bom chamar a atenção para um certo moralismo que não tem mais sentido nos dias de hoje. Em determinado momento, a personagem Eve é condenada por relacionamentos de seu passado, por ter se relacionado com um homem casado. Isso não seria um crime. De qualquer forma o filme é excelente, acima de qualquer crítica mais mordaz. Merece nota máxima em termos de sétima arte!

A Malvada (All About Eve, Estados Unidos, 1950) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz / Elenco: Bette Davis, Anne Baxter, Marilyn Monroe, George Sanders, Celeste Holm, Hugh Marlowe / Estúdio: Twentieth Century Fox / Sinopse: Margo (Bette Davis), uma veterana atriz de teatro, com a chegada da idade, começa a se sentir prejudicada. Além disso, ela precisa enfrentar a acirrada concorrência de atrizes mais jovens, entre elas um ambiciosa mulher que trabalha como sua assistente pessoal. Filme vencedor de 6 Oscars entre eles o de melhor filme, melhor direção e melhor roteiro.

Em cada Lar, um Romance
Pois é, Marilyn Monroe não se tornou estrela de cinema do dia para a noite. Foram muitos altos e baixos na carreira. Ela fazia um bom filme, se destacava, pensava que agora sua carreira iria decolar, para tudo se perder no filme seguinte onde ela voltava para os velhos papéis insignificantes. É o caso desse filme feito logo após o sucesso de "A Malvada". Marilyn pensou de forma equivocada que agora a coisa ia melhorar, mas a Fox meio que lavou as mãos, a emprestou novamente para a Metro-Goldwyn-Mayer que a escalou para mais uma personagem secundária. 

A história desse filme explorava a força da imprensa nas eleições. Um candidato derrotado volta para sua cidade natal para trabalhar novamente como jornalista. Só então ele entende que o jornal onde trabalha era na verdade uma força potencial na captação de votos dos eleitores. Marilyn não teve muito espaço nesse filme, mas pelo menos estava deslumbrante em cena, com um suéter muito sexy. Com seios pontudos, ela roubou todas as cenas em que participou. Nunca subestime a força do apelo sexual de uma jovem e bonita mulher, meu caro! 

Em cada Lar, um Romance (Home Town Story, Estados Unidos, 1951) Direção: Arthur Pierson / Roteiro: Arthur Pierson / Elenco: Jeffrey Lynn, Donald Crisp, Marjorie Reynolds, Marilyn Monroe / Sinopse: Jornalista tenta reerguer sua carreira política usando para isso o jornal onde trabalha. Ela passa a usar a imprensa como ferramenta de conquista de votos dos eleitores. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 2

Torrentes de Ódio
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida. Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" 

Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.

Torrentes de Ódio (Scudda Hoo! Scudda Hay!, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: F. Hugh Herbert / Roteiro:  F. Hugh Herbert / Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovem se apaixona pela filha do patrão e tenta começar um negócio para mostrar seu valor! 

Os Prados Verdes
Um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Não vai ser fácil localizar a atriz em cena. Naquela época ela era apenas um rostinho bonito que a Fox usava como extra. E ela aparece, muito timidamente, na cena da dança. Apenas uma garota qualquer fazendo figuração nesse western com ecos de drama e romance. Não seria dessa vez que ela teria alguma chance, ainda mais sabendo que a loira estrela do filme era outra, a chatinha Peggy Cummins que usava até o mesmo cabelo de Marilyn, mas que em termos de beleza sequer poderia se comparar a ela. 

A história desse antigo faroeste girava em torno de um grupo de rancheiros e fazendeiros que tinham que lidar com roubos de cavalos e crias que acabavam também fugindo para o campo aberto onde vivia, de forma selvagem, um belo garanhão branco. Um animal realmente maravilhoso que ninguém conseguia capturar. Então é isso. Um bom filme, mas para quem estiver em busca de Marilyn Monroe não a encontrará tão facilmente no meio de um monte de gente dançando. 

Os Prados Verdes ( Green Grass of Wyoming, Estados Unidos, 1949) Direção: Louis King / Roteiro: Martin Berkeley, Mary O'Hara / Elenco: Peggy Cummins, Charles Coburn, Robert Arthur, Marilyn Monroe (figurante) / Sinopse: Grupo de rancheios, criadores de cavalos, precisam lidar com os desafios do velho oeste. 

Mentira Salvadora
Esse filme pode ser considerado a primeira grande chance que Marilyn Monroe conseguiu em sua carreira. Ela havia sido contratada pela Fox, mas até então não tinha conseguido uma grande oportunidade. Então seu amante (na verdade seu sugar daddy) chamado Johnny Hyde conseguiu com o chefão da Columbia Pictures Harry Cohn que fosse dada uma oportunidade melhor para Marilyn nesse filme. E ela finalmente conseguiu uma personagem com nome e importância dentro de um filme. Ela interpretou a jovem filha da protagonista, uma garota chamada Peggy Martin.

Marilyn ficou eufórica com essa oportunidade, mas a verdade pura e simples é que o filme não passava de uma produção B que na época não chegou a alcançar qualquer tipo de sucesso. Com apenas uma semana em cartaz foi tirado do circuito de exibição pela fraca bilheteria. De qualquer maneira com o passar dos anos o filme foi finalmente redescoberto e por causa de Marilyn Monroe, aqui dando os seus primeiros passos rumo a uma carreira de sucesso. 

Mentira Salvadora (Ladies of the Chorus, Estados Unidos, 1948) Direção: Phil Karlson / Roteiro: Harry Sauber / Elenco: Adele Jergens, Marilyn Monroe, Rand Brooks / Sinopse: Uma dançarina de Chorus Line se apaixona pelo sujeito errado e começa a sofrer os problemas inerentes a esse que poderia ser um erro, mas não de seu coração. 

Loucos de Amor
Depois da euforia do filme anterior Marilyn Monroe desceu um degrau na carreira. Não que fosse um filme ruim, nada disso, mas que não iria abrir maior espaço para ela que teria que novamente interpretar o papel de uma loira burra e gostosa. Era uma comédia maluca dos Irmãos Marx, então não haveria mesmo oportunidade para Marilyn Monroe mostrar muita coisa no meio dessa confusão divertida. Tudo no roteiro havia sido escrito para que os Irmãos Marx brilhassem em cena com seu humor. Para Marilyn só sobrou fazer mais um extra baseado apenas em sua beleza. 

Revisto hoje em dia esse filme entretanto serve para uma constatação de que Marilyn tinha mesmo jeito para a comédia e o humor, algo que seria explorado em seus primeiros filmes de estrela de Hollywood. Ela era certamente uma garota bonita, todos sabiam disso, mas ainda assim esbanjava talento para cenas de humor. E essa pode ser considerada a primeira experiência da atriz nesse estilo cinematográfico, algo que ela soube muito bem explorar dede o começo de sua filmografia. 

Loucos de Amor (Love Happy, Estados Unidos, 1949) Direção: David Miller / Roteiro: Frank Tashlin, Mac Benoff, Harpo Marx / Elenco: Groucho Marx, Harpo Marx, Chico Marx, Marilyn Monroe,  Ilona Massey / Sinopse: Os irmãos Marx vão para a Broadway e criam todos os tipos de confusões no meio teatral de Nova Iorque. 

O que Pode um Beijo
Mais um faroeste B na filmografia de Marilyn Monroe. Nessa época ela ainda era bem jovem e estava tentando seu lugar so sol em Hollywood. Como era uma jovem bonita, foi escalada para fazer parte do elenco de apoio, no grupo de belas coristas de um saloon. Embora já tivesse adotado aquela imagem de Marilyn que todos conhecemos, achei seu visual meio estranho nesse filme, tudo por causa de uns cachinhos dourados que fizeram em seu cabelo. Ficou bem fora da casinha, um penteado meio mal feito. Não caiu bem. 

Em termos de história esse western contava mais uma história da expansão das ferrovias rumo ao oeste selvagem. Esses trens antigos mudaram a história dos Estados Unidos, mas não eram bem vistos por todos. A ferrovia significava a modernidade e muitos odiavam isso, fazendo muitas vezes operações de sabotagens nas ferrovias, o que colocava em risco a própria vida dos passageiros. No caso desse filme era justamente isso que acontecia. Bandidos contratados por donos de diligências tentando sabotar as linhas de trens que seguiam rumo ao oeste. 

O que Pode um Beijo (A Ticket to Tomahawk, Estados Unidos, 1950) Direção: Richard Sale / Roteiro: Mary Loos, Richard Sale / Elenco: Dan Dailey, Anne Baxter, Rory Calhoun, Walter Brennan, Marilyn Monroe / Sinopse: Primeiro filme da atriz Marilyn Monroe na década de 1950. Ainda em papel bem secundário, ela interpretava uma bailarina de saloon nesse filme de faroeste B de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 1

Sua Alteza, a Secretária
Esse filme foi o primeiro com Marilyn Monroe. Na época ela era apenas uma modelo que aspirava a ter uma carreira de atriz em Hollywood. Era um sonho que parecia muito, muito distante! Seu papel era tão insignificante que sequer tinha nome. De fato o personagem de Marilyn era apenas identificado como a "operadora de telefone". Na verdade ela sequer surgia em cena, pois os espectadores praticamente apenas ouviram sua voz. Também não foi creditada no elenco, o que demonstra como foi mesmo apenas um pequeno teste para ela na Fox (e pensar que em um futuro não tão distante ela se tornaria a maior estrela da história do estúdio). 

Já o filme em si, é um misto de drama socialmente consciente, explorando as conquistas da mulher no começo do século e também uma comédia romântica com muitos figurinos bonitos para impressionar no Technicolor berrante da época. Betty Grable era considerada a miss simpatia do plantel da Fox, conquistando boas bilheterias com seus filmes levemente açucarados.

Sua Alteza, a Secretária (The Shocking Miss Pilgrim, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: George Seaton, Edmund Goulding / Roteiro: George Seaton, Ernest Maasz / Elenco: Betty Grable, Dick Haymes, Anne Revere, Marilyn Monroe, Gene Lockhart, Elizabeth Patterson / Sinopse: No século XIX, Cynthia Pilgrim (Betty Grable) se torna a primeira funcionária de uma grande empresa de transporte em Boston. Em uma época em que poucas mulheres trabalhavam fora ela acaba se tornando um símbolo da nova posição feminina dentro do mercado de trabalho.

Idade Perigosa 
Um grupo de garotos é influenciado negativamente pelo delinquente juvenil Danny (Billy Halop). Assim ele convence mais três jovens a participarem de um assalto, mas os planos não saem exatamente como eles queriam. Uma briga pelo destino daqueles jovens acaba gerando a morte de um professor muito querido na escola, Jeff Carter (Donald Curtis) e Danny é preso! Levado a julgamento começa um intenso debate no tribunal sobre quem seria o verdadeiro culpado, o rapaz ou a sociedade? Esse é considerado por muitos como primeiro filme da carreira de Marilyn Monroe. Segundo os próprios créditos do filme ela "interpreta" Evie, a garçonete do Gopher Hole! Isso não é de se surpreender pois na época em que Marilyn entrou no cast dessa produção ela não era nada mais do que uma modelo bonita que tinha a pretensão de um dia ser levada a sério como atriz! Alguns indicam esse como seu primeiro filme, pois é aqui que ela surge pela primeira vez na tela. Um equívoco pois Marilyn também esteve em "Sua Alteza, a Secretária", onde o espectador podia ouvir sua sensual voz ao telefone.

Já o filme "Dangerous Years" lida com a questão da delinquência juvenil, tema bastante em voga no pós-guerra. O que temos aqui é uma produção B com ares de melodrama que não envelheceu muito bem, sendo em muitos aspectos soa bem inocente - pelo menos para os padrões atuais pois o roteiro insiste de certa forma em apostar na boa índole de jovens a um passo da criminalidade. Na verdade Marilyn Monroe iria se conscientizar que esse não era o caminho para o sucesso, pois ela tinha muito mais vocação para as comédias românticas de costumes, o gênero que iria lhe transformar em uma estrela nas marquises de cinema de todo o mundo. Até porque ela era uma loira bonita e os homens a queriam ver em filmes divertidos e não em dramas sociais com um bando de pequenos infratores como esse.

Idade Perigosa (Dangerous Years, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Arthur Pierson / Roteiro: Arnold Belgard / Elenco: Billy Halop, Scotty Beckett, Richard Gaines, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovens acabam caindo no lado errado da vida quando começam a seguir um delinquente juvenil que planeja um crime na cidade onde mora. 

Nasceste Para Mim
Mais um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Aqui ela não teve tanta sorte como nos demais filmes pois sua participação acabou no chão da sala de edição pois o diretor cortou justamente a cena em que ela tinha maior presença - muito embora tenhamos consciência que suas duas linhas de diálogo eram pouco mais do que uma figuração comum. Mesmo assim ela ainda pode ser visualizada rapidamente numa cena gravada durante uma animada festa, na pista de dança. Ela, acredite, está na pista de dança lotada que foi captada pelo filme. 

Anos depois a própria Marilyn comentou o começo duro de sua carreira ao falar ironicamente sobre sua ofuscada participação nesse filme: "Que papel foi aquele?!". Papel é forma de dizer pois no fundo ela não passa de uma figurante anônima. É uma pena pois o filme, cujo enredo se passa inteiramente na década de 1920, poderia dar a chance para Marilyn pelo menos surgir na tela muito bonita, com aquele figurino do passado. De uma forma ou outra vale a pena ver o filme para tentar achar Marilyn em seus poucos segundos de fama.

Nasceste Para Mim (You Were Meant for Me, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Lloyd Bacon / Roteiro: Elick Moll, Valentine Davies / Elenco: Jeanne Crain, Dan Dailey, Oscar Levant, Marilyn Monroe / Sinopse: Chuck Arnold é um músico e líder de banda que acaba se apaixonando por Peggy, uma garota de sua cidade natal que acaba conhecendo durante um baile. Poucas semanas depois acaba se casando com ela. A vida de músico, sempre viajando para outras cidades, passando longas temporadas fora de casa, porém acaba prejudicando seu relacionamento com a esposa e as coisas pioram ainda mais quando sua banda começa a realmente fazer sucesso.

Travessuras de Casados
Comédia romântica que estaria completamente esquecida hoje em dia se não fosse por um detalhe mais do que importante: a presença no elenco do mito Marilyn Monroe. Muito jovem ainda e nada famosa na época a não ser por alguns ensaios em revistas como modelo, Marilyn tenta ao mesmo chamar a atenção para sua presença em um filme nada memorável, bobo até. Outro destaque digno de menção no elenco é a presença da maravilhosa Ginger Rogers, que hoje em dia infelizmente também anda bem esquecida. 

Por essa época Marilyn lutava para se firmar como atriz em Hollywood, algo que não era nada fácil por causa da competição, afinal loiras bonitas como ela existiam aos montes pelos corredores dos estúdios. Ela passava por várias dificuldades financeiras, sendo despejada de uma série de apartamentos aos quais não podia pagar o aluguel mas o sonho de vencer no cinema era maior. Aqui presenciamos seus primeiros passos antes de virar o maior mito feminino da história do cinema.

Travessuras de Casados (We´re Not Married, Estados Unidos, 1952) Estúdio: Twenty Century Fox / Direção: Edmund Goulding / Roteiro: Dwight Taylor, Gina Kaus, Nunnally Johnson / Elenco: David Wayne, Eddie Bracken, Eve Arden, Fred Allen, Ginger Rogers, Louis Calhern, Marilyn Monroe / Sinopse: Após descobrir que seu casamento não tem valor jurídico pois foi realizado por um juiz de paz com a licença vencida a jovem Annabel Norris (Marilyn Monroe) entra em desespero pois ela almeja disputar o concurso de "Senhora América" que só aceita mulheres casadas entre as competidoras. E agora o que fará, já que ela descobriu que continua solteira uma vez que seu casamento não tem validade?

Almas Desesperadas 
Esse foi um filme feito pela atriz Marilyn Monroe antes dela se tornar uma das maiores estrelas da história de Hollywood. Na época Marilyn era apenas uma garota bonita com um certo potencial. Uma starlet. E o mais interessante de tudo é que ela se saiu muito bem como atriz, sem apelar tanto para seu Sex Appeal. Claro, sua beleza e sensualidade natural sempre iriam chamar a atenção, mas esse não foi o foco do filme em si. A trama é engenhosa. Um casal deixa sua pequena filha aos cuidados da sobrinha do ascensorista do hotel onde estão hospedados. O problema é que a nova babá, chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe), sofre de graves problemas psicológicos e mentais. A aproximação de um outro hóspede, Jed Towers (Richard Widmark), na vida de Nell só piora ainda mais a situação. Com isso a situação que já era delicada, se torna explosiva e altamente perigosa.

"Almas Desesperadas" foi o primeiro filme em que Marilyn Monroe realmente se destacou, surgindo com um papel importante. Até aquele momento ela se resumia a fazer papéis pequenos, sem grande importância. A maioria deles apenas aproveitando de sua beleza. Tudo muda aqui. Marilyn Monroe está em praticamente todas as cenas de um roteiro que se passa quase em tempo real, todo em uma só noite, dentro de um quarto de hotel. Muitos biógrafos e críticos afirmam que o papel da babysitter mentalmente perturbada era muito forte para uma Marilyn Monroe ainda tão jovem e inexperiente. De fato, não deve ter sido nada fácil interpretar um personagem assim com apenas 26 anos de idade, mas sinceramente discordo dos que criticam a atuação da atriz nesse filme. Achei sua atuação muito digna e correta. Marilyn, em nenhum momento, cai no exagero ou na caricatura. Para uma jovem estrela, sem muita experiência dramática, devo dizer que ela se saiu extremamente bem. O filme só funcionaria se Marilyn atuasse de forma satisfatória - e ela fez isso, com muita garra e sensibilidade, tenham certeza.

E como poderíamos definir esse filme? "Almas Desesperadas" é, em essência, um drama com toques de suspense e tensão. Quase cinema noir. A estrutura narrativa inclusive lembra uma peça de teatro. Os personagens estão concentrados em um ambiente fechado, dentro de uma situação limite. Poderia ter ficado pesado e chato, mas não, o filme se desenvolve muito bem em seus curtos 76 minutos. Richard Widmark segue a trilha da boa atuação de Marilyn Monroe e desfila elegância e charme durante as cenas. Aliás seu figurino chama bem a atenção pois revela a moda masculina na primeira metade dos anos 1950 com ternos enormes, folgadões, que alguns anos depois viriam a virar moda novamente. E ele era certamente o ator ideal para atuar nesse tipo de papel. Geralmente interpretava personagens que eram anti-heróis ou vilões assumidos. Nunca foi um ator de papéis de sujeitos bonzinhos ao longo de toda a sua carreira.

Para uma produção B da Fox, achei tudo de bom gosto. O hotel onde se passa a estória foi bem recriado e os demais figurinos são bonitos. E por falar em beleza, Marilyn estava linda, maravilhosa na época. Ainda com o frescor da juventude ela fotografou muito bem nas cenas. Com cabelos mais escuros que o normal, os fãs da atriz foram presenteados com vários closes de seu rosto inesquecível. Mesmo fazendo papel de maluquinha sua sensualidade acabou explodindo em cada tomada. Não foi à toa que ela se tornou um dos grandes símbolos sexuais do século XX. Embora seu papel não fosse essencialmente sensual, ela o tornava assim naturalmente. A Fox inclusive investiu bem nisso, a começar pelo poster do filme explorando a sensualidade de Marilyn de forma bem ostensiva e descarada. Em conclusão podemos afirmar que "Almas Desesperadas" não decepciona. É um registro histórico da ascensão de um dos maiores mitos da história do cinema! Só isso já o torna obrigatório.

Almas Desesperadas (Don't Bother to Knock, Estados Unidos, 1953) Direção: Roy Ward Baker / Roteiro: Daniel Taradash baseado na novela de Charlotte Armstrong / Elenco: Richard Widmark, Marilyn Monroe, Anne Bancroft, Donna Corcoran, Jeanne Cagney / Sinopse: Casal que vai a um jantar de gala contrata jovem babá chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe) para cuidar de sua filhinha. A babá é sobrinha do ascensorista do hotel e desde que seu namorado morreu na guerra sofre de crises mentais. E esse se torna o grande problema daquela noite.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Idade Perigosa

Um grupo de garotos é influenciado negativamente pelo delinquente juvenil Danny (Billy Halop). Assim ele convence mais três jovens a participarem de um assalto, mas os planos não saem exatamente como eles queriam. Uma briga pelo destino daqueles jovens acaba gerando a morte de um professor muito querido na escola, Jeff Carter (Donald Curtis) e Danny é preso! Levado a julgamento começa um intenso debate no tribunal sobre quem seria o verdadeiro culpado, o rapaz ou a sociedade? Esse é considerado por muitos como primeiro filme da carreira de Marilyn Monroe. Segundo os próprios créditos do filme ela "interpreta" Evie, a garçonete do Gopher Hole! Isso não é de se surpreender pois na época em que Marilyn entrou no cast dessa produção ela não era nada mais do que uma modelo bonita que tinha a pretensão de um dia ser levada a sério como atriz! Alguns indicam esse como seu primeiro filme, pois é aqui que ela surge pela primeira vez na tela. Um equívoco pois Marilyn também esteve em "Sua Alteza, a Secretária", onde o espectador podia ouvir sua sensual voz ao telefone.

Já o filme "Dangerous Years" lida com a questão da delinquência juvenil, tema bastante em voga no pós-guerra. O que temos aqui é uma produção B com ares de melodrama que não envelheceu muito bem, sendo em muitos aspectos soa bem inocente - pelo menos para os padrões atuais pois o roteiro insiste de certa forma em apostar na boa índole de jovens a um passo da criminalidade. Na verdade Marilyn Monroe iria se conscientizar que esse não era o caminho para o sucesso, pois ela tinha muito mais vocação para as comédias românticas de costumes, o gênero que iria lhe transformar em uma estrela nas marquises de cinema de todo o mundo. Até porque ela era uma loira bonita e os homens a queriam ver em filmes divertidos e não em dramas sociais com um bando de pequenos infratores como esse.

Idade Perigosa (Dangerous Years, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Arthur Pierson / Roteiro: Arnold Belgard / Elenco: Billy Halop, Scotty Beckett, Richard Gaines, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovens acabam caindo no lado errado da vida quando começam a seguir um delinquente juvenil que planeja um crime na cidade onde mora. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Nossa Coleção de Cinema e Rock Clássico


Coleção Cinema e Rock Clássico
Estamos ampliando nossa esfera de comunicação com o público que gosta de cinema e rock clássico. Já lançamentos três títulos sobre cinema clássico. Abaixo segue nossa lista de livros. Adquira seu exemplar e forme sua própria coleção. 

Elvis Presley
Esse é o primeiro volume de uma longa série que iremos publicar sobre Elvis Presley. Nesse Volume 1 dissecamos os anos de Elvis na Sun Records, sua primeira gravadora. Segue análise e detalhes sobre seus dois primeiros discos. Depois entregamos ao leitor tudo sobre seus dois primeiros filmes no cinema, Love Me Tender e Loving You. Completa o quadro uma longa série de textos comentando seus singles e uma coleção de textos sobre aspectos pessoais e profissionais que aconteciam com Elvis nessa fase inicial de sua carreira. 

Adquira seu exemplar nos links abaixo: 

Marlon Brando
Nesse livro dedicado a esse grande ator da história de Hollywood, temos toda a sua filmografia comentada, com ficha técnica e detalhes cinematográficos. Além disso o livro traz uma série de textos, artigos e crônicas sobre a vida de Marlon Brando, inclusive com muitas curiosidades sobre seus filmes e sua vida pessoal.

Adquira seu exemplar nos links abaixo: 

Marilyn Monroe
A diva do cinema americano em sua era de ouro ganhou espaço especial em nossa coleção. Em seu livro temos todos os seus filmes, desde os primeiros e desconhecidos, até seus grandes sucessos de bilheteria, cada um comentado em seus menores detalhes. Em uma longa série intitulada Hollywood Boulevard trazemos uma série de crônicas sobre a carreira e a vida pessoal de Marilyn, mostrando seus amores e casamentos. 

Adquira seu exemplar nos links abaixo: 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Livros: Coleção de Cinema Clássico


Coleção Cinema Clássico
Estamos ampliando nossa esfera de comunicação com o público que gosta de cinema e rock clássico. Já lançamentos três títulos sobre cinema clássico. Abaixo segue nossa lista de livros. Adquira seu exemplar e forme sua própria coleção. 

Marlon Brando
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Elvis Presley
Esse é o primeiro volume de uma longa série que iremos publicar sobre Elvis Presley. Nesse Volume 1 dissecamos os anos de Elvis na Sun Records, sua primeira gravadora. Segue análise e detalhes sobre seus dois primeiros discos. Depois entregamos ao leitor tudo sobre seus dois primeiros filmes no cinema, Love Me Tender e Loving You. Completa o quadro uma longa série de textos comentando seus singles e uma coleção de textos sobre aspectos pessoais e profissionais que aconteciam com Elvis nessa fase inicial de sua carreira. 

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Pablo Aluísio. 

domingo, 17 de novembro de 2024

Marilyn Monroe

Marilyn Monroe 
Estamos lançando o segundo livro de Cinema Clássico de nossos blogs. O primeiro trazia a filmografia e a vida do ator Marlon Brando. Agora trazemos um livro com 190 páginas com todos os filmes comentados da atriz Marilyn Monroe. Além de textos sobre sua vida, curiosidades, fatos interessantes, etc. Um ótimo presente de Natal nesse fim de ano para aquele seu amigo cinéfilo ou sua namorada que esteja interessada nessa grande Deusa da Sétima arte! Segue abaixo um resumo desse novo livro de Marilyn, inclusive com os links para adquirir a edição nos principais sites de vendas de livros na internet. 

Nesse livro você encontrará uma grande quantidade de informações sobre a atriz Marilyn Monroe. A filmografia completa dessa grande estrela do cinema está comentada filme a filme. Dados pessoais de sua vida pessoal, seus casamentos conturbados, além de crônicas e textos sobre ela. Como adicional ainda encontrará uma seleção dos melhores livros, filmes e discos dessa inesquecível estrela de Hollywood. Para comprar o Livro da Marilyn click nos links abaixo:




Pablo Aluísio. 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Jerry Lewis - O homem por trás do Palhaço

Título no Brasil: Jerry Lewis - O homem por trás do Palhaço
Título Original: Jerry Lewis, clown rebelle
Ano de Lançamento: 2018
País: França
Estúdio: ARTE Films
Direção: Gregory Monro
Roteiro: Gregory Monro
Elenco: Jerry Lewis, Dean Martin, Martin Scorsese, Marilyn Monroe, Shirley MacLaine (em imagens de arquivos). 

Sinopse:
Documentário realizado na França que traz um perfil geral da carreira do ator e diretor de cinema Jerry Lewis. Cenas antigas e raras foram recuperadas, além de partes de entrevistas que o artista realizou ao longo de sua vida, tanto nos Estados Unidos, como também na Europa. 

Comentários:
Jerry Lewis é cultuado na França como grande diretor de cinema. E também como comediante tem grande prestígio profissional, chegando a ser comparado ao grande Charles Chaplin. Esse documentário francês retrata bem o respeito que os cineastas franceses cultivam em relação a Jerry Lewis. Eu não discordaria dessa visão, eu pessoalmente considero Lewis um dos grandes comediantes da história do cinema. Sua obra não deixa dúvidas sobre isso. E esse documentário também traz uma preciosa entrevista em que Jerry Lewis admite que a pessoa mais importante de sua vida foi Dean Martin! De fato ele nunca se recuperou do fim da parceria. Ele adorava Martin, não apenas como grande amigo, mas também como companheiro de tantos filmes e shows. Uma pena que a dupla tenha sido desfeita. E Jerry admite que se lembrará dele pelo resto de sua vida. Essa entrevista foi realizada após a morte de Dean Martin e a emoção do velho palhaço fica mais do que evidente. Enfim, um documentário muito bom, feito para quem aprecia e ama a história do cinema. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O Segredo das Joias

O Segredo das Joias
Mais um clássico, muito bem dirigido, pelo mestre John Huston. Na história uma quadrilha de criminosos é recrutada para um plano ousado, um roubo de joias em um banco. O cofre é bem guardado, mas o plano do roubo é muito bem arquitetado por um homem que acabou de sair da prisão. Ele é conhecido no meio criminal como "O Doutor". De certo modo é um gênio do crime. Só que para realizar seu plano ele precisa de um financiador. Um advogado ouve sobre o roubo e decide bancar a empreitada criminosa. Só que ele esconde o fato de que na realidade está falido e não tem como comprar as joias depois que elas forem roubadas. 

É um autêntico filme de crime, produzido no começo dos anos 50. Curiosamente dentro do bom elenco quem iria se tornar mesmo uma estrela era a ainda jovem Marilyn Monroe. Ela interpreta a jovem amante do advogado que está envolvido no roubo das joias. Chamada de Angela, a personagem de Marilyn não passa de uma Sugar Baby bem ingênua que em um primeiro momento mente para salvar seu amante mais velho das garras da polícia. E isso poderia inclusive lhe trazer muitos problemas. Marilyn Monroe já estava nesse filme com o visual que a consagraria no cinema, com cabelos platinados. Ainda bem magra e jovem ela estava linda em cena! Só não tinham ainda lhe dado a chance para brilhar, o que iria acontecer em breve na sua carreira. 

O Segredo das Joias (The Asphalt Jungle, Estados Unidos, 1950) Direção: John Huston / Roteiro: Ben Maddow, John Huston, W.R. Burnett / Elenco: Sterling Hayden, Louis Calhern, Jean Hagen, Sam Jaffe, Marilyn Monroe / Sinopse: Quadrilha é formada para realizar um bem planejado roubo de joias. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção, melhor roteiro, melhor ator coadjuvante (Sam Jaffe) e melhor direção de fotografia (Harold Rosson). 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O Mistério de Marilyn Monroe

Título no Brasil: O Mistério de Marilyn Monroe
Título Original: The Mystery of Marilyn Monroe
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Emma Cooper
Roteiro: Anthony Summers
Elenco: Anthony Summers, Marilyn Monroe, Robert Kennedy, John Kennedy, Dean Martin, Peter Lawford (em imagens de arquivos). 

Sinopse:
Esse documentário é todo baseado no trabalho do escritor Anthony Summers que escreveu o livro "A Deusa". No processo de elaboração daquele livro ele ouviu dezenas de pessoas que viveram e conheceram Marilyn. Esses tapes gravados servem então como um precioso registro dos últimos dias de vida da famosa atriz e muitos deles são reproduzidos nas cenas desse documentário. 

Comentários:
Outro documentário sobre um grande nome do passado que revi nesses dias. É interessante porque os mesmos defeitos e qualidades do livro "A Deusa" se repetem aqui. Afinal vem da mente da mesma pessoa. A maior qualidade do livro e desse filme é certamente recriar a última noite de vida de Marilyn Monroe em seus menores detalhes e cravar uma suposta interferência em tudo o que aconteceu de Bob Kennedy que inclusive teria estado na casa de Marilyn na noite em que ela morreu. Infelizmente tudo fica apenas na esfera da tese, pois provas mesmo não existem ou foram simplesmente apagadas pelos policiais na época da investigação original. O ruim, o defeito, é que a própria carreira de Marilyn é deixada de lado. Seus filmes, seus grandes momentos no cinema, esqueça. Nada disso encontrará aqui. Muitos acusam inclusive o filme e o livro de apelar para o sensacionalismo. Uma acusação que tem seu fundo de verdade. O que não dá para ignorar no final de tudo é que coisas realmente foram acobertadas sobre os eventos que levaram Marilyn à morte. Assista e tire suas próprias conclusões. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Nasceste Para Mim

Título no Brasil: Nasceste Para Mim
Título Original: You Were Meant for Me
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Lloyd Bacon
Roteiro: Elick Moll, Valentine Davies
Elenco: Jeanne Crain, Dan Dailey, Oscar Levant, Marilyn Monroe

Sinopse:
Chuck Arnold é um músico e líder de banda que acaba se apaixonando por Peggy, uma garota de sua cidade natal que acaba conhecendo durante um baile. Poucas semanas depois acaba se casando com ela. A vida de músico, sempre viajando para outras cidades, passando longas temporadas fora de casa, porém acaba prejudicando seu relacionamento com a esposa e as coisas pioram ainda mais quando sua banda começa a realmente fazer sucesso.

Comentários:
Mais um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Aqui ela não teve tanta sorte como nos demais filmes pois sua participação acabou no chão da sala de edição pois o diretor cortou justamente a cena em que ela tinha maior presença - muito embora tenhamos consciência que suas duas linhas de diálogo eram pouco mais do que uma figuração comum. Mesmo assim ela ainda pode ser visualizada rapidamente numa cena gravada durante uma animada festa, na pista de dança. Ela, acredite, está na pista de dança lotada que foi captada pelo filme. Anos depois a própria Marilyn comentou o começo duro de sua carreira ao falar ironicamente sobre sua ofuscada participação nesse filme: "Que papel foi aquele?!". Papel é forma de dizer pois no fundo ela não passa de uma figurante anônima. É uma pena pois o filme, cujo enredo se passa inteiramente na década de 1920, poderia dar a chance para Marilyn pelo menos surgir na tela muito bonita, com aquele figurino do passado. De uma forma ou outra vale a pena ver o filme para tentar achar Marilyn em seus poucos segundos de fama.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Tornando-se Marilyn

Título no Brasil: Tornando-se Marilyn
Título Original: Becoming Marilyn
Ano de Lançamento: 2022
País: França, Bélgica
Estúdio: Brother films
Direção: Michèle Dominici
Roteiro: Michèle Dominici
Elenco: Marilyn Monroe, Joe DiMaggio, Humphrey Bogart

Sinopse:
Documentário europeu sobre o mito do cinema Marilyn Monroe. Através de cenas recuperadas de arquivos, alguns bem raros, somos levados de novo para a história única dessa atriz que marcou para sempre Hollywood em seus anos de glória. 

Comentários:
Eu gosto muito de Marilyn Monroe. Inclusive já escrevi até mesmo um livro sobre ela! Então sempre é um prazer renovado quando vejo um documentário como esse sendo exibido na programação dos canais de streaming. Uma prova que Marilyn continua viva e brilhante no coração dos cinéfilos. Esse documentário pode ser curto, mal passando de 50 minutos de duração, mas ainda assim é bem realizado, inclusive trazendo textos escritos pela própria atriz. E também não esconde os problemas pessoais e profissionais pelos quais ela passou em sua vida, dando destaque para o seu mais do que conturbado casamento com o jogador de beizebol Joe DiMaggio. Não foi um casamento feliz, mas que marcou sua vida para sempre! Enfim, deixo a recomendação. Não deixe de assistir. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Torrentes de Ódio

Título no Brasil: Torrentes de Ódio
Título Original: Scudda Hoo! Scudda Hay!
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: F. Hugh Herbert
Roteiro: F. Hugh Herbert
Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe

Sinopse:
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida.

Comentários:
Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 35

Marilyn Monroe na Columbia Pictures
Assim como aconteceu com os Beatles, que foram esnobados pela gravadora Decca, antes de se tornarem famosos, Marilyn Monroe também foi desprezada pela Columbia Pictures, antes de se tornar a estrela de cinema mais popular de sua época. De fato Marilyn Monroe começou sua carreira na Columbia, onde apareceu nos primeiros filmes, ainda como uma garota bonita, uma extra, sem diálogos para falar para as câmeras.

Na verdade a Columbia não soube aproveitar Marilyn. Havia centenas e centenas de moças jovens e bonitas andando pelos estúdios em busca de uma chance e os diretores de elenco da Columbia não entenderam que tinham uma jóia em mãos. Isso porque apesar de Marilyn ser sim uma starlet, como todas as outras, ela tinha um natural talento para comédias e isso nunca foi enxergado pelos executivos da Columbia.

Assim, mais ou menos um ano depois de ter assinado seu primeiro e único contrato com a Columbia ela foi demitida sem maiores explicações. Simplesmente o estúdio lhe avisou que não tinha mais interesse nela. E como há mudanças que levam para novos caminhos, Marilyn saiu da Columbia e assinou com a Fox, onde iria se tornar a mais popular atriz de Hollywood de seu tempo. Imagine a cara dos diretores da Columbia ao perceberem que tinham dispensado uma mina de ouro em bilheterias!

Dos quatro grandes estúdios de Hollywood, a Columbia era a que tinha mais problemas de caixa e orçamento. Em determinado momento o estúdio ficou prestes a falir e assim, numa tentativa de evitar o fechamento, demitiu dezenas de atrizes, entre elas Marilyn. A jovem loira havia percebido que as garotas bonitas eram bem desprezadas na Columbia, pois não tinham direito a camarins próprios e muitas vezes tinham que levar sua própria maquiagem, pois o estúdio não iria fornecer esse tipo de coisa para elas. Anos depois Marilyn Monroe lembraria em entrevistas que as atrizes eram mal tratadas na Columbia. Quando foi demitida ela ficou bem chateada, pois iria voltar para a fila do desemprego, mas depois de poucos dias esse desânimo passou e ela voltou pra luta. Assim Marilyn não lamentou deixar a Columbia. Pelo menos na Fox ela teria melhor tratamento. Além disso a Fox estava no topo dos grandes estúdios. De certa maneira foi a sorte grande dela, embora não soubesse disso na época. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Arquivos: Marilyn Monroe

Marilyn Monroe: Uma última longa conversa com uma garota solitária. Apenas algumas semanas antes de sua morte, Marilyn Monroe conversou longamente com o editor associado da LIFE, Richard Meryman, sobre os efeitos da fama em sua vida. Sua história foi publicada na edição de 3 de agosto. Aqui ele se lembra de como era Marilyn enquanto conversava com ele.

Se Marilyn Monroe ficou feliz em ver você, o "olá" dela soará em sua mente por toda a sua vida - o calor ofegante da ênfase no "lo", seus olhos profundos voltados para você e seu rosto radiantemente enrugado em um sorriso maravilhosamente infantil.

Experimentei isso pela primeira vez quando, depois de duas reuniões de conhecimento em Nova York, fui, no final da tarde, há várias semanas, à casa dela em Brentwood, Califórnia, para iniciar uma série de conversas sobre fama. Esperando uma das famosas esperas por Marilyn, sentei-me no carpete macio da sala e comecei a me esforçar para configurar meu gravador. De repente, percebi um par de calças amarelas brilhantes ao meu lado. De calça comprida estava Marilyn, observando-me em silêncio com um sorriso solícito, muito ereta e esbelta, com ombros delicadamente estreitos. Ela parecia mais baixa do que eu lembrava e estava espetacular em uma blusa larga. Levantei-me e nos cumprimentamos e ela disse: "Você quer meu gravador? Comprei um para tocar poemas de uma amiga minha."

Antes de iniciar o que seria uma conversa de pelo menos seis horas, ela queria me mostrar sua casa, que ela havia pesquisado e comprado pessoalmente. Descrevendo-o anteriormente, ela exclamou: "...e tem paredes." Ela recusou ao LIFE qualquer foto disso, dizendo: "Não quero que todos vejam exatamente onde eu moro, como é meu sofá ou minha lareira. Você conhece o livro Everyman? Bem, eu quero ficar apenas no fantasia de Everyman."

Era uma pequena casa de três quartos construída em estilo mexicano, a primeira casa inteiramente sua que ela já teve. Ela exultou com isso. Numa viagem especial ao México, ela procurou cuidadosamente em barracas de beira de estrada, em lojas e até em fábricas, para encontrar as coisas certas para colocar ali. Os itens grandes não haviam chegado - nem ela jamais os veria instalados. Enquanto ela me conduzia pelos cômodos, vazios e improvisados, como se alguém morasse ali apenas temporariamente, ela descreveu com entusiasmo amoroso cada sofá, mesa e cômoda, onde eles iriam e o que havia de especial neles. As poucas pequenas coisas mexicanas - um candelabro de lata, bancos dobráveis engenhosamente esculpidos em peças únicas de madeira, uma mesa de centro forrada de couro, azulejos nas paredes da cozinha - revelavam seu gosto impetuoso e encantador. Separado da casa, anexo à garagem para dois carros, havia um grande cômodo sendo convertido em apartamento que seria, explicou ela, "um lugar para qualquer amigo meu que esteja com algum tipo de problema, você sabe, e talvez eles vão querer viver aqui, onde não serão incomodados até que tudo esteja bem para eles."
De volta à casa, observei a profusão de flores lá fora. Seu rosto ficou brilhante e ela disse: “Não sei por que, mas sempre fui capaz de fazer qualquer coisa crescer”. Ela continuou: "Quando eu era casada com o Sr. Miller, comemoramos o Hanukkah e senti, bem, também deveríamos ter uma árvore de Natal. Mas não suportava a ideia de sair e cortar uma árvore de Natal."

Na sala de estar, sentados em uma cadeira e sofá indefinidos, continuamos conversando — depois que Marilyn se serviu de uma taça de champanhe. A cada pergunta ela fazia uma pausa pensativa. “Estou tentando encontrar a cabeça do prego, não apenas desferir o golpe”, disse ela. Então respirava fundo e seus pensamentos desabavam, palavras ofegantes caindo sobre palavras ofegantes. Uma vez ela disse: "Basicamente, uma maneira de lidar com a fama é com honestidade e estou falando sério, e a outra maneira de lidar com isso quando algo acontece - como coisas aconteceram recentemente, e outras coisas aconteceram comigo, de repente, meu Deus , as coisas que eles tentam fazer com você são difíceis de aceitar - eu lido com silêncio."

Suas inflexões vieram como reviravoltas surpreendentes e cada emoção estava em plena bravura, representada com gestos exuberantes. Em seu rosto brilhavam raiva, melancolia, bravata, ternura, tristeza, alto humor e profunda tristeza. E cada ideia geralmente terminava com uma mudança surpreendente de pensamento, com a risada dela se transformando em um guincho delicioso. “Acho que sempre tive um pouco de humor”, disse Marilyn. "Acho que às vezes as pessoas simplesmente questionam: 'ela sabe o que está dizendo', e às vezes você de repente pensa em outra coisa e não quis dizer exatamente. Estou apontando para mim. Eu não digerir as coisas com a mente. Se eu fizesse, a coisa toda não funcionaria. Então eu seria apenas uma espécie de intelectual e não estou interessado nisso. "

Nesse ponto comecei a perceber que Marilyn não fazia nada pela metade. Sobre seus milhões de fãs, ela disse: "O mínimo que posso é dar a eles o melhor que podem obter de mim. Qual é a vantagem de inspirar na próxima respiração se tudo o que você faz é soltar o ar e inspirar outra?" Pude também ver como era importante para ela sentir que a pessoa com quem conversava "entendeu".

Compreender aparentemente significava ser muito solidário, ficar do lado dela em tudo, reconhecer as nuances de seus significados e valorizar tudo o que ela valorizava, principalmente as pequenas coisas. Quando demonstrei entusiasmo genuíno pela casa dela, ela disse: "Bom, tenho certeza de que vou me dar bem com qualquer pessoa que goste da minha casa."
Mas eu tinha a sensação constante e desconfortável de que meu status com ela era precário, que se eu me tornasse um pouco descuidado, ela poderia de repente decidir que eu, como muitos outros que ela achava que a haviam decepcionado, não entendia. Uma vez eu perguntei a ela como ela "se preparou" para fazer uma cena. Fui instantaneamente confrontado por uma indignação real: "Eu não aciono nada. Não sou um Modelo T. Acho que é meio desrespeitoso referir-me a isso dessa forma."

Mas eu não conseguia ficar impaciente com a impaciência dela. Foi tudo tão compreensível quando ela falou sobre as pessoas que escreveram colunas e histórias sobre ela: "Eles andam por aí e perguntam principalmente aos seus inimigos. Os amigos sempre dizem: 'Vamos verificar se está tudo bem com ela'". ela acrescentou melancolicamente: "Sabe, a maioria das pessoas realmente não me conhece." Havia tristeza em seus olhos quando ela descreveu como uma vez encontrou seu enteado Bobby Miller escondendo uma revista contendo um artigo sinistro sobre ela, e como Joe DiMaggio Jr.

"Você sabe, ha, ha, sua madrasta é Marilyn Monroe, ha, ha, ha. Todo esse tipo de coisa." E havia saudade na sua voz enquanto ela voltava repetidamente às “crianças, aos idosos e aos trabalhadores” como uma fonte de calor na sua vida, como as pessoas inofensivas que a tratavam naturalmente, que ela podia conhecer espontaneamente. Senti uma onda de proteção por ela; um desejo - talvez do tipo que foi a raiz da ternura do público por Marilyn - de mantê-la longe de qualquer coisa feia e dolorosa.

Antes de eu sair naquela noite, ela pediu que lhe enviassem uma transcrição da entrevista. “Muitas vezes acordo durante a noite”, explicou ela, “e gosto de ter algo em que pensar”.

Quando cheguei na tarde seguinte para uma segunda sessão, ela imediatamente pediu para adiar a nossa conversa. Ela estava cansada, disse ela, das negociações com a 20th Century Fox sobre a retomada de Something's Got To Give. Mas ela hospitaleiramente me ofereceu uma bebida e conversamos. Ela estava obviamente chateada. Mas não havia nenhum indício de desespero taciturno. Ela ficou eletrizada de indignação e começou a falar com raiva sobre como os estúdios tratam suas estrelas. Então ela fez uma pausa, disse que precisava de algo para ajudar a superar o cansaço e pegou uma taça de champanhe. Perguntei se ela já desejou ser mais durona. Ela respondeu: "Sim - mas não acho que seria muito feminino ser durona. Acho que vou me contentar com o que sou."
Fomos interrompidos quando o médico dela chegou. Marilyn foi até a cozinha, voltou com uma pequena ampola e, segurando-a para mim, disse: "Não brinca, eles estão me obrigando a tomar injeções no fígado. Aqui, vou provar isso para você." A essa altura ela estava disposta a continuar conversando, e já era quase meia-noite quando Marilyn deu um pulo e anunciou que iria colocar um bife na grelha. Ela voltou para dizer que não havia bife nem comida alguma. Antes de eu partir, uma das últimas coisas que ela disse foi: "Com a fama, você sabe, você pode ler sobre si mesmo, as idéias de outra pessoa sobre você, mas o que é importante é como você se sente sobre si mesmo - para sobreviver e viver o dia a dia com o que surge."

No fim de semana, Marilyn estava programada para posar para fotos, então sugeri que tomássemos o café da manhã antes do compromisso do meio-dia. Ela concordou e cheguei no sábado às 10. Toquei a campainha várias vezes. Nenhuma resposta. Mas pela janela pude ver um homem sentado em sua pequena varanda envidraçada, lendo uma revista com a paciência entediada de alguém que estava ali há muito tempo. Esperei e liguei por cerca de 10 minutos, depois afastei-me por uma hora. Às 11 horas meu telefone foi atendido pela governanta de Marilyn, a Sra. Murray, que me levou para esperar em um quarto de hóspedes perto de um pequeno corredor do quarto de Marilyn. Ao meio-dia, a Sra. Murray levou uma bandeja com o café da manhã para ela. Pouco depois, Marilyn apareceu e disse olá.

Tornei-me então uma testemunha do lendário processo de Marilyn se preparando para um compromisso - e chegando quatro horas atrasada. O cavalheiro paciente era seu cabeleireiro, Sr. Kenneth. Enquanto ele cuidava dela e ela ficava sentada embaixo da secadora, pude ouvir risadas estrondosas. Depois, com seus rolinhos, ela fazia pequenas tarefas descalças pela casa e entrava e saía do quarto, fazia telefonemas, me visitava para perguntar se eu estava confortável, toda ocupada, agitada, sem fazer nada. Não houve nada daquele medo e desânimo diante dos espelhos de que tanto tinha ouvido falar. Ela estava totalmente alegre e totalmente desorganizada. Não pude deixar de sentir que o que algumas pessoas atribuíam ao medo do palco poderia ser, em parte, sua dívida interminável com o tempo. A mecânica necessária da vida diária estava além do seu alcance; ela sempre começava atrás e nunca a alcançava.

Finalmente ela estava quase pronta e entrou cambaleante na sala onde eu estava sentado. Ela usava salto alto, calça laranja, sutiã e segurava descuidadamente uma blusa laranja sobre o peito. "Eu pareço uma abóbora com essa roupa?" ela perguntou. Ela parecia maravilhosa. "Você colocará a indústria da moda à frente em 10 anos." Eu disse. Ela ficou muito satisfeita e respondeu: "Você acha? Ótimo!"

Dois dias depois, liguei para Marilyn para outro encontro para conversar sobre a versão final de sua história. Ela disse: “Venha a qualquer hora, tipo, você sabe, para o café da manhã”. Havia em sua voz um tom que eu já havia reconhecido: uma vontade atraente de agradar. Voltei às 10 e mais uma vez ela dormiu até meio-dia. Finalmente nos sentamos juntos em um sofá minúsculo. Ela estava descalça, vestindo um roupão e ainda não havia lavado o rímel da noite anterior. Seu cabelo delicado estava em um redemoinho de sono. Mas ela me fez sentir que isso era um elogio. "Amigos", ela disse, "aceitam você do jeito que você é." Como sempre, seu rosto estava muito pálido. Ela segurou o manuscrito bem diante dos olhos e leu-o cuidadosamente em voz alta, ouvindo cada frase para ter certeza de que soava exatamente como ela.

Ela guardou o manuscrito e voltei para buscá-lo no final da tarde. Na escadaria da casa ela me mostrou as alterações que havia feito a lápis, todas pequenas. Ela me pediu para fazer um comentário sobre dar dinheiro discretamente a pessoas necessitadas. E então nos despedimos. Enquanto eu me afastava, ela de repente me chamou: "Ei, obrigada." Virei-me para olhar para trás e lá estava ela, muito imóvel e estranhamente desamparada. Pensei então na reação dela antes, quando perguntei se muitos amigos haviam telefonado para se reunir quando ela foi demitida pela Fox. Houve silêncio e, sentada muito ereta, com os olhos arregalados e magoados, ela respondeu com um minúsculo “Não”.

Fonte: Life

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 34

Marilyn Monroe e Joe Di Maggio
Alguns romances parecem que foram escritos nas estrelas. Infelizmente na maioria das vezes apenas parecem mas não se concretizam. Esse parece ter sido o caso de Marilyn Monroe e Joe Di Maggio. Ela, uma das atrizes mais populares da história do cinema. Ele, um mito do beisebol, considerado o "último grande herói" do mais americano dos esportes. Um ícone da nação. Se eram parecidos no quesito fama não poderiam ser mais diferentes em suas personalidades. Di Maggio era um ítalo-americano típico. Turrão, era reservado e tratava a imprensa a patadas. Ciumento e possessivo achava que o lugar da mulher era realmente na cozinha preparando um belo prato de macarronada para o maridão. Monroe era o oposto de tudo isso. Expansiva e louca por publicidade Marilyn sabia que para manter sua popularidade tinha que manter bons contatos com a imprensa. Tinha amigos jornalistas e vira e mexe os presenteava com furos - muitas vezes de sua própria vida pessoal. Como artista adorava os holofotes, sejam quais fossem. Era literalmente uma estrela e como sabemos é da natureza das estrelas sempre brilharem o máximo possível.

Os dois se conheceram meio ao acaso. Di Maggio viu uma foto de Marilyn em uma revista e ficou impressionado pela beleza da atriz. Usou de seus contatos no meio cinematográfico para conhecê-la a qualquer custo. Informada ela não deu muita bola, afinal não acompanhava beisebol e pouco sabia sobre Di Maggio. Após alguns desencontros resolveram se encontrar. Foi um jantar formal, com Joe sempre receoso em tudo ir por água abaixo. Curiosamente apesar da diferença de personalidades acabaram se entrosando. Marilyn há muito almejava encontrar seu par ideal para quem sabe formar uma família de verdade (algo que realmente nunca teve em vida). Finalmente depois de vários encontros finalmente foram para a "terceira base" (uma gíria bem em voga nos EUA). Se deram muito bem sob os lençóis. Tão bem que esse acabou sendo realmente o elo que sempre os mantinham juntos.

Em um impulso típico da atriz acabaram se casando. Di Maggio finalmente tinha seu grande prêmio, a mulher de seus sonhos. Ele tinha sua própria ideia do que seria um casamento ideal e para falar a verdade Marilyn bem se esforçou para corresponder a esses anseios do marido. Se tornou praticamente uma dona de casa. Fazia a comida de Joe enquanto esse ficava na sala assistindo seus faroestes preferidos na TV. Até suportou o bando de amigos beberrões do marido que sempre os visitavam para beber, jogar cartas e contar piadas machistas. Imaginem a cena: um monte de italianos ao redor de uma mesa de bridge sendo servidos com salgadinhos e cerveja por um dos maiores símbolos sexuais do mundo. Olhando bem de perto realmente não havia como dar certo uma coisa dessas. Marilyn já tinha tido uma experiência assim com seu primeiro marido. O fato puro e simples era que ela na realidade queria voltar aos sets de filmagem o mais rápido possível.

Assim após alguns meses Marilyn finalmente retornou aos braços de seu público. Lá estava ela em plena Nova Iorque filmando as famosas cenas do vestido levantado em "O Pecado Mora ao Lado". Di Maggio que já havia tido vários atritos com ela por causa dos roteiros dos filmes que fazia ficou discretamente posicionado atrás das câmeras, meio na surdina. Marilyn obviamente nem tomou conhecimento da presença do marido no local. Di Maggio franziu a testa. O que viu lhe deixou profundamente irritado. Marilyn com as saias esvoaçantes, deixando muito pouco para a imaginação dos homens no local. Rindo e se divertindo ela acabou adorando as cenas. A volta para casa foi tumultuada. Joe pediu explicações - Marilyn retrucou. Depois de muita gritaria finalmente aconteceu o que selou o fim do casamento. Joe Di Maggio, o herói americano, agrediu Marilyn. Ela já tinha suportado muita coisa de Joe mas isso não. Era o fim. Em pouco tempo Monroe pediu o divórcio e se foi. Di Maggio ficou arrasado. Ele ainda tentou várias e várias vezes reatar seu relacionamento mas Marilyn, que quase virou um dia uma típica dona de casa italiana, caiu fora para sempre. Era o fim do casamento dos sonhos da grande nação ianque.

O casamento da estrela e do herói do esporte acabou definitivamente, mas não a paixão de Di Maggio. Ao longo dos anos ele virou literalmente um chiclete no saldo alto da atriz. Sempre pronto a tentar uma reconciliação. Engoliu seu tradicional orgulho italiano e se prestou a passar por verdadeiras humilhações públicas. Marilyn nunca voltou atrás e parece não ter se arrependido disso. Mas como diz o velho ditado o mundo dá voltas. Após diversos fracassos amorosos Marilyn encontrou seu destino no quarto de sua casa em Hollywood. Na cama sozinha ela ainda tentou fazer uma última chamada mas o efeito das pílulas que tomou foram fortes demais. Ela apagou. Em suas últimas semanas Marilyn Monroe estava arrasada. Tinha sido despedida da Fox após inúmeros atrasos e faltas no set de seu último filme. Tentara e fracassara em seu romance duplo com os irmãos Kennedy. Abandonada e ferida Marilyn se afogou em tristeza e depressão. Para alguns uma morte acidental, para outros suicídio e como todo conto de fadas Made in USA esse também teve sua pitada de teorias da conspiração. Teria Marilyn sido assassinada pelo FBI ou pela CIA? Hoje, passado tantos anos isso realmente não importa mais.

No apagar das luzes do mito eterno foi Di Maggio quem acabou sendo o responsável por seu funeral. Afastou da cerimônia as pessoas que ele acreditava terem sido danosas a Marilyn (como Frank Sinatra, por exemplo). Providenciou uma despedida simples e respeitosa, com os poucos verdadeiros amigos da atriz. No final se mostrou inconsolável de uma dor que jamais iria se cicatrizar. Ao longo dos anos Di Maggio recusou milhões de dólares para escrever sua auto biografia. Certa vez confidenciou a um amigo próximo que jamais o faria, porque sabia que a imprensa queria mesmo era saber sobre a vida de Marilyn Monroe e ele certamente não a trairia nesse ponto. Enquanto viveu ele mandou depositar diariamente um ramalhete de flores na lápide da amada. Era uma forma de provar que jamais a esqueceria. No final seu amor por Marilyn mostrou-se realmente eterno e incondicional pois cumpriu sua promessa de nada declarar sobre sua amada. Morreu em 1999 sem falar uma linha sequer sobre seus anos ao lado da atriz mais famosa da história do cinema. O amor realmente desconhece as razões de sua própria existência.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 33

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 33
Só para se ter uma ideia do tipo de participação de Marilyn Monroe em seus primeiros filmes basta conferir seu papel (se é que poderíamos dizer isso) no filme "Torrentes de Ódio". Essa é uma produção de 1948. É uma aparição ao estilo "piscou, perdeu". Marilyn é a jovenzinha que passa atrás da atriz principal do filme, descendo as escadas de uma igreja. Ela apenas dá uma olá para a protagonista e nada mais. Sua "atuação" é tão sem importância que muitas biografias simplesmente ignoraram o filme como sendo um da filmografia da atriz, que fez questão de deixar claro: "Olha rapazes, eu estive nesse filme, basta prestar atenção!".

Porém o talento de Marilyn Monroe e seu carisma falaram mais alto com o passar dos anos. Aos poucos ela foi chamando atenção em um filme aqui, outro acolá. E as cartas de fãs e admiradores começaram a chegar nos estúdios Fox. E como a própria Marilyn Monroe diria alguns anos depois em uma entrevista, "Receber a primeira carta de um admirador, no começo da carreira, é como se embriagar! É uma alegria que até hoje sinto quando relembro".

Naquela época em Hollywood isso era extremamente importante para qualquer ator ou atriz, pois os executivos dos estúdios costumavam medir a popularidade de seus contratados pelo número de cartas que recebiam. E em pouco tempo o camarim de Marilyn ficou repleta de cartas, vindas de todos os lugares dos Estados Unidos e também do exterior. E ela fazia questão de ler todas, de ficar emocionada com cada frase escrita por seus fãs por todos os lugares. Era um sentimento de auto afirmação para quem sempre teve problemas de autoestima.

Além disso o nome de Marilyn começou a aparecer cada vez mais nas revistas de fofocas, fazendo com que ela fosse ainda mais conhecida a cada dia. Marilyn sabia manipular a imprensa ao seu favor. Quando fotos suas de nudez surgiram na imprensa, Marilyn soube facilmente virar o jogo para seu lado. Ela explicou, de forma chorosa, que havia tirado aquelas fotos porque estava sem dinheiro para pagar o aluguel. Claro que imediatamente ganhou o jogo da opinião pública. Ela novamente contou sua história de garotinha órfã abandonada, que havia passado por muitos problemas financeiros ao longo de sua vida, sempre na pobreza, sempre dura, tentando sobreviver. As pessoas que inicialmente a acusavam de ser vadia logo mudaram de opinião. Com compaixão de Marilyn elas logo passaram para seu time de admiradores. E para virar o jogo Marilyn não precisou mentir, ela apenas contou a verdade sobre sua vida. Bastou abrir seu coração e contar tudo, de forma bem honesta. Claro que o público não apenas aprovou seu modo de agir como começou a ir aos cinemas em busca de novos filmes com a jovem atriz. O sucesso estava encaminhado em sua carreira. 

Pablo Aluísio.

O Príncipe Encantado

Nobre regente (Laurence Olivier) conhece jovem corista (Marilyn Monroe) em um show de variedades e a convida para jantar em sua residência oficial em Londres. O encontro acaba trazendo inúmeras consequências para ambos durante os dias seguintes. Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar, "My Week With Marilyn".

As histórias do set são saborosas mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso). No saldo final considerei sua atuação muito superior á de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Concordo plenamente. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!

O Príncipe Encantado (The Prince and The Showgirl, EUA - Inglaterra, 1957) / Direção de Laurence Olivier / Roteiro de Terence Rattigan / Fotografia de Jack Cardiff / Trilha sonora de Richard Addinsell / Com Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spencer, Richard Wattis / Sinopse: Nobre regente (Laurence Olivier) conhece jovem corista (Marilyn Monroe) em um show de variedades e a convida para jantar em sua residência oficial em Londres. O encontro acaba trazendo inúmeras consequências para ambos durante os dias seguintes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de março de 2023

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 32

E então Marilyn entrou na fase de maior sucesso de sua carreira. Ela colecionou uma série incrível de grandes sucessos de bilheteria. Praticamente todos os seus filmes entraram na lista dos dez maiores sucessos do ano, muitas vezes conseguindo emplacar dois ou mais filmes nessa mesma lista top 10. Era um sucesso de público realmente espetacular. "O Pecado Mora ao Lado" foi bem simbólico desse período. O filme foi bastante elogiado pela crítica e alguns chegaram a cogitar até mesmo sua primeira indicação ao Oscar pela inspirada interpretação nessa comédia romântica saborosa. 

Marilyn interpretava uma loira de fechar quarteirão que se mudava por alguns dias para o apartamento vizinho ao de um quarentão, cuja esposa tinha ido passar algumas semanas na casa de sua mãe. Claro que um monumento de mulher como aquele iria mexer com esse sujeito bem comum, que ficava caidinho por ela. Situação mais do que delicada. Marilyn aqui caprichou no tipo de papel que sabia fazer muito bem, a da loira de olhos azuis, extremamente bonita, mas obviamente não muito inteligente, chegando ao ponto de ser meio bobinha, embora sua sensualidade estivesse a mil graus! Beleza e ingenuidade, uma combinação explosiva para muitos homens!

O filme se notabilizou também por causa da imagem icônica de uma linda Marilyn Monroe de vestido branco, vendo surpresa suas saias sendo levantadas pelo ar do metrô de Nova Iorque logo abaixo. Para os anos 50 esse tipo de cena sensual era pura dinamite e causou grande furor entre os conservadores (tem gente mais chata no universo do que eles?). Nem preciso dizer que as filas nas portas do cinema só aumentaram depois que o poster do filme foi exibido orgulhosamente pela Fox na Times Square. As fotos da cena também encheram as revistas populares. Era um big hit cinematográfico sem precedentes. 

Depois de todo esse sucesso, Marilyn resolveu exigir do estúdio um maior cachê e um maior cuidado com seus filmes. Queria apenas os melhores diretores e o melhor que a Fox poderia disponibilizar em termos de cinema na época. Ela também exigiu a assinatura de um novo contrato que lhe desse controle total da produção de seus filmes, com direito de escolher pessoalmente os diretores e de vetar qualquer nome do elenco que lhe desagradasse. Como se pode ver, de loira burra ela não tinha absolutamente nada, sabia exigir seus direitos de estrela de cinema. E quando todos pensavam que ela iria ficar em Los Angeles brigando com os executivos da Fox, ela surpreendeu a imprensa e seus fãs ao subir em uma avião para ir morar em Nova Iorque. Queria estudar no Actors Studio, queria melhorar como atriz. Quem poderia criticar a deusa por fazer essa escolha?

Pablo Aluísio.