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quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Poderosa Afrodite

Esse filme de Woody Allen é até hoje um desvio na rota da obra do diretor. Como tudo o que envolve Allen há aqueles que odeiam o filme e outros que o adoram. Não é motivo nem para tomar uma posição radical e nem outra. Na verdade é uma boa comédia, bem mais leve do que a fase mais intelectual que o cineasta atravessou nas décadas de 70 e 80. Não tem grande roteiro e nem é uma obra de arte, mas tem a Mira Sorvino interpretando a personagem Linda Ash, uma atuação que (pasmem!) lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante numa das maiores zebras da história de Hollywood! Para muitos foi um prêmio para consagrar Allen, mas discordo disso, já que ele também estava concorrendo na categoria de Melhor Roteiro e não venceu. Assim não tem muita lógica afirmar que Mira foi premiada para homenagear Allen.

Na verdade essa premiação é um daquelas surpresas complicados de explicar por motivos racionais. Simplesmente aconteceu! Ela é carismática, mas jamais deveria ter sido premiada tão cedo na carreira (com certeza não por essa atuação). Aliás verdade seja dita, pois para ela teria sido muito melhor não ter vencido já que Sorvino acabou se tornando um dos maiores exemplos da "maldição do Oscar", onde atores ou atrizes são premiados precocemente, bem no começo da carreira e depois afundam feio na carreira. Outro exemplo? Cuba Gooding Jr. Muitas vezes o Oscar pode ser o aviso de que tudo acabou, por mais incrível que isso possa parecer.

Poderosa Afrodite (Mighty Aphrodite, Estados Unidos, 1995) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Woody Allen, Mira Sorvino, F. Murray Abraham, Helena Bonham Carter, Olympia Dukakis / Sinopse: Jornalista investigativo descobre a existência de um garoto com QI acima da média. Seria um gênio precoce. Só que sua mãe é uma mulher bem medíocre em todos os aspectos. Como explicar algo tão desigual? Filme premiado pelo Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Mira Sorvino).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Vicky Cristina Barcelona

Esse filme é uma espécie de "novela latina" dentro da filmografia de Woody Allen. Duvida dessa percepção? Então basta dar uma olhada rápida na história. Duas amigas americanas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) vão passar férias em Barcelona, na Espanha. Durante um jantar elas conhecem o pintor espanhol Juan Antonio (Javier Bardem), um autêntico "Latin Lover" que as convida para fazer uma viagem a três em Oviedo, uma pequena e bucólica cidade do interior. E deixa claro para as duas que tem intenção de levá-las para a cama! Vicky, a mais certinha, noiva, prestes a se casar, acha um absurdo o convite. Vicky, liberal e sem compromissos, acha tudo normal. Ela gosta do convite. E elas acabam viajando com o galanteador latino, cheio de sensualidade.

Para completar o quadro de puro folhetim, Vicky acaba ficando apaixonada por Juan Antonio, apesar do noivo que passa a levar chifres em série. Cristina nem pensa duas vezes, se atira na cama do conquistador. Só que há mais um elemento envolvido nesse triângulo amoroso, a ex-esposa do pintor, uma mulher escandalosa, dada a gritos e gestos extremos, Maria Elena (Penélope Cruz) que não consegue esquecer o ex-marido! Lendo esse resumo da história não lhe pareceu tudo uma grande novela? Pois é isso mesmo. Woody Allen aqui deixou de lado seus papos intelectuais de lado e partiu para algo bem de acordo com a tradição do folhetim, que tanto agrada aos latinos em geral. Eu também gostei do filme, apesar de sua proposta mais modesta de apenas contar uma boa história. Algumas vezes isso já basta.

Vicky Cristina Barcelona (Estados Unidos, Espanha, 2008) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem, Penélope Cruz / Sinopse: Duas amigas americanas, uma delas noiva e prestes a se casar, sucumbem aos galanteios de um amante latino durante suas férias em Barcelona. O problema vai ser superar a ex-esposa do sujeito, uma espanhola com um gênio forte e acostumada a fazer muitos escândalos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão

Título no Brasil: Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão
Título Original: A Midsummer Night's Sex Comedy
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Mia Farrow, José Ferrer, Julie Hagerty, Tony Roberts, Mary Steenburgen

Sinopse:
Um inventor maluco e sua esposa convidam dois outros casais para uma festa de fim de semana em uma romântica casa de verão no interior.  E na casa de campo começam os jogos de sedução e também de humor, uma vez nem todos possuem o jeito certo para seduzir.

Comentários:
Esse é considerado um dos filmes fracos do Woody Allen. Nem os críticos que sempre parecem estar ao seu lado apreciaram muito esse filme. Há coisas bem diferentes aqui. Woody Allen deixou sua Nova Iorque querida, onde realizou praticamente todos os seus filmes, para rodar um filme em um lugar mais rural, no campo, longe da cidade grande. Sua intenção era fazer uma espécie de paródia em cima de duas obras de Shakespeare, "Sonho de uma noite de verão" e "A tempestade". Deu certo? Não muito. Eu fiquei com a impressão que ele não conseguiu passar todas as referências que queria nesse roteiro. Além disso o humor inteligente não se fez tão presente. Assim tudo o que sobra é um filme bem esquecível que não vai definitivamente agradar a todo mundo - e nem muito menos aos fãs mais exigentes de Woody Allen.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A Era do Rádio

Título no Brasil: A Era do Rádio
Título Original: Radio Days
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Mia Farrow, Dianne Wiest, Mike Starr, Paul Herman, Michael Tucker, Josh Mostel

Sinopse:
Um olhar nostálgico da idade de ouro do rádio, concentrando-se em uma família comum de Nova Iorque e nos vários artistas do meio radiofônico que atuavam na época. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro original (Woody Allen) e melhor direção de arte (Santo Loquasto, Carol Joffe). Filme premiado no BAFTA Awards na categoria de melhor atriz (Dianne Wiest).

Comentários:
Esse filme de Woody Allen é bem diferenciado. Desde a década de 1970 ele vinha apostando em uma certa fórmula para seus filmes. Geralmente o próprio Allen interpretava a si mesmo, como um intelectual judeu em Nova Iorque, com uma visão mordaz e irônica sobre sua própria vida. Em todo filme lá estava ele mesmo, como seu principal personagem. Os roteiros e seus enredos mais pareciam apenas como "bengalas narrativas" para que Allen colocasse na tela seus pensamentos, sua forma de ver o mundo ao seu redor. Com esse "A Era do Rádio" o diretor mudou de foco. Aqui temos um filme mais convencional, buscando retratar memórias afetivas do diretor na época de sua infância. Seu modo de pensar ainda está na tela, em todas as cenas e em todos momentos, mas tudo mesclado com um doce sentimento de nostalgia de seu passado. Aquele era um tempo em que não haiva televisão nos lares, apenas o rádio. E Allen criança viajava na imaginação ouvindo aquelas radionovelas, aventuras de matinê, etc. E para homenagear esse tempo e a arte que era desenvolvida nas estações de rádio de Nova Iorque ele resolveu filmar essa história. Acabou se tornando um dos melhores filmes de sua rica filmografia. Um excelente momento de Woody Allen no cinema.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Um Dia de Chuva em Nova York

Título no Brasil: Um Dia de Chuva em Nova York
Título Original: A Rainy Day in New York
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Gravier Productions
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Timothée Chalamet, Elle Fanning, Liev Schreiber, Jude Law, Diego Luna, Selena Gomez

Sinopse:
Um casal de jovens universitários do curso de arte decide passar um dia em Nova Iorque. Ele, Gatsby Welles (Timothée Chalamet), vai ter que reencontrar a mãe possessiva. Ela, Ashleigh Enright (Elle Fanning), vai conhecer um importante e famoso diretor de cinema que poderá abrir as portas para sua carreira. Só que obviamente as coisas não saem exatamente como era esperado.

Comentários:
Woody Allen está com 84 anos de idade. Será que alguém ainda pode julgar seus filmes como antigamente? Penso que não. O que ele tinha que fazer no cinema, já o fez. Não precisava realizar mais nada. Tudo o que deveria ter feito, já foi feito. Mesmo assim ele parece não desistir nunca. Tal como Clint Eastwood penso que ele provavelmente vai romper a barreira dos 90 anos ainda dirigindo filmes. Esse aqui é um de seus filmes menos pretensiosos. Com roteiro do próprio diretor, ele coloca na boca de seus personagens simples devaneios de sua própria mente. Por isso surgem coisas esquisitas na tela. Por exemplo, a atriz Elle Fanning interpreta uma loirinha tola, infantil e não muito inteligente. Na maioria das cenas ela se mostra assim. Porém quando Allen resolve soltar um grande pensamento usando justamente ela, nem pensa duas vezes. Juro que senti que a menina estava "possuída" pela mente irônica e muito inteligente de Allen. E ver esse senhor octogenário soltando seus pensamentos mais sutis através da boca da bobinha e sorridente personagem de Fanning é pra lá de esquisito! No fundo praticamente todos os personagens em cena funcionam como espécies de espelhos, de alter ego coletivo do diretor, em maior ou menos grau. Allen usa todos apenas como peças decorativas de seu tabuleiro de pensamentos, com ele soltando suas divagações aqui e acolá. Algumas pessoas vão ao psicanalista. Woody Allen faz filmes como esse para desabafar o que pensa. No geral é um filme bem bonitinho, uma graça. Parece uma caixa de bombons. Claro, comparado com seu passado, tudo soará muito inocente e sem grande importância. Porém para quem já tem uma filmografia maravilhosa como Woody Allen, tudo é plenamente perdoado. Absolutamente tudo. Até ser meio bobinho agora com esse seu novo filme.

Pablo Aluísio.

Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar

Título no Brasil: Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar
Título Original: Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Gene Wilder, John Carradine, Tony Randall, Burt Reynolds, Anthony Quayle

Sinopse:
Woody Allen interpreta diversos personagens (Victor / Fabrizio / The Fool / Sperm) que vão surgindo em várias sequências relativamente independentes e muito divertidas. O fio de ligação entre elas vem de perguntas, dúvidas, que todos têm sobre o sexo! De onde surgem os bebês? O que é masturbação? etc.

Comentários:
Da série "Os maiores títulos de filmes da história", daqueles que eram impossíveis de colocar nas marquises dos cinemas da época. Sim, "Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar" já era divertido no título. "Um absurdo!" - muitos disseram em seu lançamento. Na verdade aqui Woody Allen realizou um de seus filmes mais engraçados. O que serviu de inspiração foi um livro de sexologia que ele comprou em Nova Iorque. Era algo didático, mas o nome do livro era pura apelação. Assim Allen decidiu que iria fazer uma adaptação para o cinema, mas não uma adaptação qualquer e sim uma sátira, um sucessão de gags irônicas sobre as principais dúvidas que as pessoas tinham sobre sexo. Assim cada pergunta abre uma brecha para uma sequência de pura nonsense, puro absurdo do humor mais insano. De certa forma esse filme acabou virando um estigma, um modelo, de filme que prioriza mais o humor puro do que as conversas do tipo "cabeça", que iriam ser comuns nos seus filmes seguintes. Duas sequências se destacam no roteiro. Na primeira, sempre lembrada até hoje, o próprio Woody Allen interpreta um esperma, pronto para nadar e tentar vencer a prova, a corrida para entrar no óvulo. Enquanto ele se prepara aparecem várias inseguranças. Em outra, muito divertida, ele é perseguido por um seio feminino gigante pelas ruas da cidade. Assim cada dúvida é estopim para mais uma sequência, sem seguir uma história narrativa linear. Quem ganha é o espectador. O riso (inteligente) se torna fácil e farto.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Testa-de-ferro Por Acaso

Título no Brasil: Testa-de-ferro Por Acaso
Título Original: The Front
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Martin Ritt
Roteiro: Walter Bernstein
Elenco: Woody Allen, Zero Mostel, Herschel Bernardi, Michael Murphy, Andrea Marcovicci, David Margulies

Sinopse:
Durante a década de 1950, no auge do Macarthismo, Howard Prince (Woody Allen) acaba ajudando um roteirista incluído na lista negra de comunistas de Hollywood. Isso acaba desencadeando uma série de problemas que Howard jamais poderia prever!

Comentários:
Walter Bernstein foi indicado ao Oscar de melhor roteiro por esse filme. Nada mais justo. Woody Allen realizou aqui um de seus filmes mais politicamente interessantes, muito embora não tenha deixado o seu bom humor de lado. O filme resgata esse período maluco da história dos Estados Unidos, quando surgiu no horizonte uma verdadeira caça às bruxas ideológica. Pessoas talentosas eram impedidas de trabalhar e eram perseguidas simplesmente por causa de seu viés ideológico! Um absurdo completo. Insanidade sem limites. O personagem de Woody Allen é um sujeito bem inocente do ponto de vista político, que vai ajudando pessoas sem se importar com o que elas pensam. Obviamente seria o mais sensato a se fazer, em todas as situações. E isso cria, claro, um problemão para ele por causa do contexto histórico em que ele está inserido. O saldo final do filme é muito bom. É a tal coisa, goste-se ou não de Woody Allen, o fato é que ele sempre tem coisas interessantes a passar com seus filmes. Esse "The Front" é uma exemplo perfeito disso.  Se você gosta de Allen essa produção da década de 1970 é obrigatória em sua coleção de filmes.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de dezembro de 2018

A Última Noite de Bóris Grushenko

Filme da fase ainda inicial da carreira de Woody Allen. Não deixa de ser interessante assistir a uma comédia como essa para perceber bem como o humor do cineasta foi mudando com o passar do tempo. Aqui temos um estilo bem mais simples, apelando até mesmo para alguns momentos pastelão! Allen ainda usava sua imagem, a de baixinho, magro e de óculos, como muleta para fazer o público rir. Só em momentos mais pontuais arriscava encaixar algum diálogo mais bem elaborado, mas inteligente. O roteiro é praticamente uma paródia do clássico da literatura "Guerra e Paz". O cenário é o mesmo, nos tempos da Rússia czarista, prestes a ser invadida pelas tropas de Napoleão Bonaparte. Allen interpreta o protagonista, um sujeito que só quer viver sua vida em paz, escrevendo seus péssimos poemas, mas que é jogado no meio da guerra pois naqueles tempos era impensável não defender a grande nação dos invasores estrangeiros. Uma oportunidade para Allen criar situações divertidas e engraçadas.

Assim Woody Allen usa do estilo de vida militar para fazer suas piadas, nenhuma particularmente muito original. Charles Chaplin e Jerry Lewis já tinham explorado esse mesmo tema em seus filmes. O resultado assim se torna bem mediano. Gostaria inclusive de saber o que Allen, após tantos anos, acharia ao rever um filme como esse, de seus primórdios. Acredito que ele teria até mesmo uma pontinha de vergonha pelas cenas mais apelativas, como aquela em que ele se torna uma bala de canhão, literalmente. No mais ainda vale pela presença de uma jovem e bela Diane Keaton, também tentando emplacar no cinema, fazendo humor. Fora isso é preciso reconhecer também que esse filme envelheceu muito mal. Hoje em dia dificilmente arrancaria gargalhadas dos fãs atuais do diretor.

A Última Noite de Bóris Grushenko (Love and Death, Estados Unidos, 1975) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Georges Adet / Sinopse: Durante a invasão de Napoleão Bonaparte na Rússia, um jovem intelectual e poeta acaba sendo enviado para o campo de batalha. Desajeitado e nada vocacionado para a guerra acaba virando um herói nacional! Filme premiado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de novembro de 2018

A Rosa Púrpura do Cairo

Filme muito bom, de um tempo em que o diretor Woody Allen estava mais preocupado em fazer bom cinema do que se explicar para a imprensa por problemas de sua vida pessoal. Além disso esse é um tipo de filme bem mais realizado, com roteiro muito original e inteligente, bem ao contrário de seus últimos filmes que me soam cada vez mais artificiais, plásticos, sem substância. Steven Spielberg uma vez disse que um diretor de cinema só consegue manter o alto padrão de sua filmografia por no máximo uma década. Analisando os filmes de Allen chegamos nessa mesma conclusão. A boa notícia é que esse filme é de sua fase mais original e autoral, com um toque de mestre.

O filme conta uma estorinha pouco usual. Durante a década de 1930 uma espectadora pacata de cinema se vê diante de uma situação surreal. O seu personagem preferido de um filme salta da tela para o mundo real.  Jeff Daniels interpreta esse caçador branco que pula literalmente de um velho filme de aventuras para passar algum tempo no mundo das pessoas comuns. Claro, Allen aqui exercita a metalinguagem em um nível que nunca havia sido visto na sétima arte. Ainda bem que nesse processo acabou criando esse pequena obra prima cinematográfica.

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, Estados Unidos, 1985) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Mia Farrow, Jeff Daniels, Danny Aiello / Sinopse: Durante os anos 1930 um personagem de cinema resolve atravessar a tela, vindo parar no mundo real das pessoas comuns. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Woody Allen). Vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Roda Gigante

Título no Brasil: Roda Gigante
Título Original: Wonder Wheel
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Amazon Studios
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Kate Winslet, Justin Timberlake, Jim Belushi, Juno Temple, Tony Sirico, David Krumholtz

Sinopse:
Nos anos 40, Ginny (Kate Winslet), a esposa de um empregado do parque de diversões de Coney Island, se apaixona pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Como se uma mulher casada tendo um caso extraconjugal já não fosse um problema e tanto, Mickey começa ainda a dar em cima da enteada da amante, criando ainda mais situações explosivas.

Comentários:
Esse novo filme de Woody Allen foi esnobado propositalmente pelo Oscar e pelo Globo de Ouro. Acontece que o diretor está também envolvido na onda de acusações de assédio sexual que está assolando Hollywood. Uma filha dele o acusou recentemente de tê-la abusado sexualmente quando ela era criança. Allen está em uma situação bem delicada atualmente, para dizer o mínimo. Provavelmente sua carreira vá entrar em um espiral para o fundo do poço daqui para frente. De qualquer forma, deixando de lado esses escândalos, esse seu novo filme "Wonder Wheel" é até bem agradável de assistir. Passa longe de seus grandes filmes do passado, com um roteiro bem ao estilo folhetim, mais parecendo uma novela das seis da Rede Globo. Mesmo assim consegue agradar principalmente por causa do elenco. Kate Winslet interpreta essa mãe infeliz no casamento que acaba reencontrando a felicidade em um caso com um homem mais jovem, interpretado por Justin Timberlake. É o segundo casamento dela. No primeiro ela também traiu o marido, então o peso de trair de novo se torna ainda maior. Pior é ter que competir com sua própria enteada pelos amores do salva vidas bonitão da praia, enquanto o marido, gordo e grosseirão, tenta ganhar a vida vendendo entradas para o carrossel do parque onde eles trabalham e vivem. Um triângulo (ou quadrilátero) amoroso bem ao estilo novela, folhetim. Salva o filme também o clima nostálgico desses velhos parques que estão em extinção atualmente. Um filme que é pura diversão e que passa longe, muito longe, dos roteiros mais intelectuais que Allen rodou em seu passado. Parece que a principal preocupação do diretor hoje em dia é sobreviver, em uma Hollywood que parece cada vez mais disposta a pendurar sua cabeça numa sala de troféus.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Café Society

Mais um filme dessa fase mais romântica e soft do diretor Woody Allen. Aqui ele usa como cenário a era de ouro do cinema americano para contar um enredo até muito simples, envolvendo um triângulo amoroso que acaba deixando marcas, mesmo com o passar do tempo. Tudo começa quando o jovem Bobby (Jesse Eisenberg) decide se mudar para Hollywood. Ele está desempregado e sem perspectivas. Quem sabe consiga algo com seu tio, que é um famoso e influente agente de atores (interpretado por, ora vejam só, o comediante Steve Carell). Pois bem, depois de tentar se esconder do próprio sobrinho o tio percebe que não tem mais como enrolar e acaba arranjando um emprego para o rapaz em seu próprio escritório. Lá também trabalha a secretária Vonnie (Kristen Stewart). Os dois possuem a mesma idade e saem para dar umas voltas pela cidade. Nem precisa dizer que Bobby fica caidinho por Vonnie, sem saber que ela na verdade tem um caso escondido com seu próprio tio!

Pronto, Allen usa essa velha fórmula de triângulo amoroso para desenvolver a estorinha de seu filme. Tudo é bem leve, com pontuais pitadas de bom humor, usando principalmente as origens judaicas do diretor para tirar um sorrisinho aqui e outro acolá. Nada demais, realmente. O filme inclusive é bem curtinho, o que não deixou de ser uma excelente opção do diretor. Afinal se tudo é tão despretensioso para que usar uma longa duração, além do necessário, para contar seu pequeno romance, não é mesmo? Entre idas e vindas o antes inocente Bobby vai entendendo melhor as artimanhas dos seus sentimentos, os pequenos remorsos e desilusões que vão ficando pelo caminho em sua vida. Ele se torna um bem sucedido homem de negócios, gerenciando um night club, se casa, forma uma família, mas quando, por mero acaso, revê sua antiga paixão (ela mesma, a secretária Vonnie) tudo parece desmoronar! O que parecia tão sólido e firme em seus sentimentos vem abaixo de forma avassaladora. Talvez esse seja a única mensagem mais consistente de Woody Allen no filme inteiro, a perenidade de certos sentimentos e paixões que perduram mesmo após anos e anos. Todo o resto é bem leve, como condiz a proposta maior do filme em si.

Café Society (Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Sheryl Lee / Sinopse: Jovem se muda para Los Angeles para tentar arranjar um emprego com seu tio, um rico e bem sucedido agente de atores e atrizes em Hollywood. Na nova cidade se apaixona pela secretária de seu tio, sem saber que eles cultivam um romance às escondidas de todos. Filme indicado ao Art Directors Guild, ao Casting Society of America e ao Golden Eagle Awards.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Celebridades

Nos anos 70 Woody Allen dirigiu uma série de filmes bem autorais. Os roteiros eram bem intelectualizados e o humor refinado. Acontece que naquela época o diretor tinha um produtor rico, um tipo de mecenas, que sempre bancava a produção de seus filmes. Mesmo que essas produções não trouxessem grandes bilheterias ou até mesmo se viessem a se tornar fracassos, não importava. O mecenas estava lá para bancar Allen e sua filmografia. Nos anos 90 ele morreu. Assim Woody Allen precisou se mexer novamente, fazer filmes mais comerciais, que trouxessem retorno financeiro aos estúdios. Esse "Celebridades" é dessa segunda fase. Allen deixou as obras mais autorais de lado, encheu seus filmes de atores conhecidos e estrelas de Hollywood (que participavam quase de graça em suas obras pelo simples prestígio de trabalhar nelas) e mudou seu estilo de fazer cinema.

Eu nunca gostei muito desses filmes da segunda fase do diretor. Eles são artificiais demais, com roteiros mais bobos, mais simples, tudo para abrir espaço a uma constelação de atores famosos. A maioria desses filmes trazem roteiros mosaicos, com várias histórias se desenvolvendo ao mesmo tempo, se encontrando apenas no final. Algo cansativo e que nem sempre funciona direito. Como o próprio nome desse filme indicava, Allen resolveu reunir um grupo de celebridades do cinema, com direito a  Leonardo DiCaprio e Charlize Theron em papéis menores, servindo como coadjuvantes de alto luxo. No saldo final tudo é bem fraco. Allen até tentou se justificar, dizendo que o roteiro servia como uma crítica ao mundo das celebridades, mas sabemos que o que ele queria mesmo era fazer boa bilheteria. Sem o velho e bom mecenas era hora de arregaçar as mangas e fazer sucesso a todo custo. Por fim um detalhe curioso: no elenco temos uma participação especial de Donald J. Trump, ele mesmo o atual presidente dos Estados Unidos! Naquela época ele era apenas mais uma celebridade espalhafatosa e ninguém poderia supor que um dia iria se tornar presidente!

Celebridades (Celebrity, Estados Unidos, 1998) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco:  Leonardo DiCaprio, Charlize Theron, J.K. Simmons, Joe Mantegna, Kenneth Branagh, Judy Davis, Donald J. Trump / Sinopse: Um grupo de casais, alguns deles formados por celebridades, passa por inúmeras crises em seus casamentos, tudo desandando para uma série de divórcios escandalosos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Formiguinhaz

Título no Brasil: Formiguinhaz
Título Original: Antz
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks
Direção: Eric Darnell, Tim Johnson
Roteiro: Todd Alcott, Chris Weitz
Elenco: Woody Allen, Sharon Stone, Gene Hackman, Sylvester Stallone
  
Sinopse:
A formiguinha Z (Woody Allen) é diferente. Ela faz parte um formigueiro onde todos precisam desempenhar suas funções sem reclamar. Z porém sonha com uma vida melhor, ele não consegue se adequar ao totalitarismo que impera dentro de sua comunidade. Pior do que isso, ele tem uma paixão por uma das princesas, algo impossível de acontecer por causa de sua posição na escala social do formigueiro. Filme indicado ao Annie Awards e ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Ken Bielenberg e Philippe Gluckman).

Comentários:
Nessa animação podemos nitidamente perceber o poder e o prestígio de Steven Spielberg. Ele produziu essa animação e conseguiu reunir uma constelação de astros e estrelas de Hollywood para dublarem o filme. O enredo é simpático, mas nada demais. Todas as personagens formiguinhas do filme são caricaturas ou estereótipos dos próprios atores. Assim, por exemplo, temos uma formiga intelectual, cheia de crises existenciais, interpretada por Woody Allen. Já o brutamontes Sylvester Stallone interpreta uma formiga que tem como função proteger o formigueiro. Os animadores copiaram a própria imagem do ator para criar seu personagem em animação. Sharon Stone é uma formiguinha gatinha e sensual e por aí vai... Cheio de referências ao mundo do cinema a pergunta que fica após o filme chegar ao final é simples: Será que a criançada vai mesmo se importar (ou entender) todas as referências à cultura pop, ao mundo de Hollywood? Claro que não! A garotada só deseja mesmo se divertir, assim complica um personagem como a formiga Allen, que passa o tempo todo refletindo, como se estivesse em um filme do próprio diretor. Claro que há muitas cenas de ação e tudo mais, porém esse tipo de animação é mais indicada mesmo para cinéfilos em geral, gente que gosta e conhece cinema. Para os pequenos será apenas levemente divertida, com um ou outro momento realmente legal para eles.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O Homem Irracional

"Quando eu era jovem queria mudar o mundo. Hoje cheguei na conclusão de que tudo o que eu consegui me tornar foi em um intelectual passivo e broxa!" - Assim, com esse pensamento demolidor, o professor de filosofia Abe Luccas (Joaquin Phoenix) se auto define nesse novo filme do cineasta Woody Allen. Esse "O Homem Irracional" assim começa muito bem. Há um protagonista interessante, um professor fracassado, depressivo, que procura por um sentido maior em sua vida. Pena que depois de pouco tempo desse começo promissor o roteiro se perca, tentando ser pop e comercial demais - um problema que que tem se repetido nos filmes mais recentes de Allen. O diretor parece ter optado por fazer um filme de humor negro sobre um assassino improvável, que só desejava mesmo encontrar um sentido na sua vida, mesmo que usando dos meios mais absurdos e irracionais. Para trazer essa dose de cianureto para cada momento, Allen usa e abusa de uma narração em off, que vai explicando aos poucos as motivações e pensamentos do casal protagonista. Ele, um professor com problemas pessoais que toma uma atitude extremista e ela uma aluna apaixonada platonicamente pelo professor que ela considera o mais inteligente, o mais interessante e o mais cativante homem que ela já conheceu na sua vida. No fundo não passando de uma garota inteligente, mas boba, ela vai se envolvendo em uma situação limite.

Fazendo uma comparação rápida com os antigos filmes do diretor, principalmente os que ele dirigiu nas décadas de 70 e 80, ficamos com aquela sensação incômoda que Allen escolheu o caminho mais fácil. Ao invés de investir em excelentes diálogos, na conturbada vida pessoal de seu protagonista, tirando dramas existenciais de sua vida, o diretor preferiu investir em uma trama com um assassinato meio bobo, explicações pouco convincentes e um final de comédia da Sessão da Tarde. É uma pena que ao fazer tantas concessões comerciais Allen tenha perdido a chance de dirigir mais uma pequena obra prima em sua rica filmografia.

O Homem Irracional (Irrational Man, Estados Unidos, 2015) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey / Sinopse: Professor universitário em crise encontra um novo sentido na vida ao planejar o assassinato de um juiz. Ele quer sentir o gosto e as experiências de matar um ser humano, enquanto se envolve com uma aluna e outra professora da universidade onde começa a trabalhar. Filme indicado ao prêmio da Alliance of Women Film Journalists e ao Jupiter Award na categoria Melhor Atriz (Emma Stone).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Café Society

O octagenário e polêmico Woody Allen nos brinda com uma verdadeira pérola da sétima arte: o charmoso e envolvente "Café Society". Sob a batuta de um dos poucos cineastas vivos que realmente sabem fazer cinema de qualidade (o outro é Clint Eastwood), Allen - que também faz a narração do filme - entregou a responsabilidade de uma iluminação quase lisérgica nas mãos do genial Vittorio Storaro, o italiano responsável pelas fotografias de "Apolcalypse Now" e "O Último Tango em Paris".

O longa discorre sobre a história de Phil (Steve Carrel) um agente de sucesso e influência, com trânsito fácil entre os maiores atores de Hollywood da década de 30, a década de ouro do cinema. Phil recebe, num certo dia, o telefonema de sua irmã que mora em Nova York pedindo-lhe ajuda de emprego para seu filho caçula, Bobby Dorfman (Jesse Eisenberg - o Mark Zuckerberg de "A Rede Social"). O garoto, sobrinho de Phil, larga a joalheria dos pais, desembarca na charmosa e mítica Hollywood e passa a trabalhar no escritório de seu tio.

Não demora muito para que o sonhador e desajeitado Bobby apaixone-se pela ambiciosa, Vonnie (Kristen Stewart). Pouco depois do inicio do namoro, Bobby se decepciona com Vonnie, retorna para Nova York e lá com sua verve empreendedora, passa a prospectar restaurantes e bares da moda frequentados pela chamada "Café Society", movimento de ponta entre artistas famosos e grandes empresários da época. Bobby muda o rumo de sua vida, envereda-se pelo caminho empresarial, mas jamais esquece de sua vaporosa e bela Vonnie, seu verdadeiro amor.

Todos os elementos que sempre compuseram a obra artística de Allen, estão lá: a referência aos judeus, a homenagem ao cinema, o romance, com seus mistérios, seus acordes duvidosos e suas escolhas incertas, e, por fim, a comédia. Aliás, desta vez, Allen caprichou nos tons irônicos e na comédia. O longa, com seu descompromisso e com sua incrível leveza e simplicidade acerta em cheio em dois pontos nevrálgicos: o triângulo amoroso entre Phil, Bobby e Vonnie e na fotografia em tons que oscilam entre o sépia de Hollywood e o cinza de Nova York, que saíram da cartola do mágico, Vittorio Storaro. Um filme absolutamente notável e um dos melhores do famoso diretor neste século.

Café Society (Idem, Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Kristen Stewart, Jesse Eisenberg, Steve Carell, Corey Stoll.

Telmo Vilela Jr.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Todos Dizem Eu Te Amo

Título no Brasil: Todos Dizem Eu Te Amo
Título Original: Everyone Says I Love You
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax, Magnolia Productions
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Goldie Hawn, Julia Roberts, Drew Barrymore, Edward Norton, Alan Alda
  
Sinopse:
O filme conta a estória da vida amorosa e sentimental de uma típica família de Nova Iorque. Holden (Edward Norton) e Skylar (Drew Barrymore) formam um jovem casal de Manhattan que tenta superar seus problemas. Os pais de Skylar, Bob (Alan Alda) e Steffi (Goldie Hawn), apesar dos anos de casamento também sentem que o relacionamento está chegando em um momento delicado. Joe (Woody Allen) é o ex-marido de Steffi. Ele decide viajar até Veneza em busca de um novo recomeço em sua vida na parte mais bela e romântica da Europa. Lá acaba conhecendo a americana Von (Julia Roberts), que se relaciona rapidamente com ele, tentando esquecer seu casamento em crise. E isso é apenas o começo de uma grande e complicada rede de relacionamentos familiares e pessoais de cada um.

Comentários:
Embora eu goste dessa fase relativamente mais recente da carreira do diretor Woody Allen, o fato é que ainda prefiro muito mais seus filmes mais antigos, principalmente os que foram realizados durante as décadas de 1970 e 1980. Eram filmes mais honestos, verdadeiros. Parece que depois que largou seu antigo produtor Allen se tornou muito comercial, apelando para elencos numerosos, cheios de astros do cinema, para atrair o público. O problema é que nenhum desses filmes conseguiu desenvolver de forma satisfatória seus personagens. Allen precisou criar tantos papéis, para encaixar tantos astros e estrelas de Hollywood, que tudo acabou ficando vazio, falso, plastificado. Outro aspecto é que Allen deixou uma de suas marcas características de lado, a dos longos e bem elaborados diálogos, para contar estorinhas bem fracas, onde o aspecto existencial sequer passa perto. Tudo para agradar um público maior. Nesse processo esqueceu seus antigos admiradores, se tornou quase um diretor como outro qualquer, banal e focado apenas em fazer grandes bilheterias. Sim, essa é a fase em que Allen vendeu a alma em busca de um sucesso fugaz e irrelevante. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Manhattan

Título no Brasil: Manhattan
Título Original: Manhattan
Ano de Produção: 1979
País: Estados Unidos
Estúdio: Jack Rollins & Charles H. Joffe Productions
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen, Marshall Brickman
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Meryl Streep, Mariel Hemingway

Sinopse:
Isaac (Woody Allen) é um sujeito muito mal resolvido na vida sentimental. Ele acabou de se divorciar de Jill (Meryl Streep) mas não consegue cortar os laços afetivos com ela. Ao mesmo tempo está indeciso entre qual mulher ficará, Mary (Diane Keaton) ou Tracy (Mariel Hemingway), uma jovem estudante? No meio de tantas dúvidas resolve escrever um livro sobre aspectos pessoais de sua própria vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Mariel Hemingway) e Melhor Roteiro Original (Woody Allen, Marshall Brickman). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Comentários:
Um dos filmes mais queridos da carreira de Woody Allen. Por essa época o diretor e ator já estava deixando completamente de lado sua imagem de humorista trapalhão para assumir uma postura bem mais cult e intelectual. "Manhattan" é bem isso. Uma tentativa (muito bem sucedida, aliás) de ser visto finalmente como diretor autoral, com conteúdo, que tinha algo relevante a dizer. Hoje em dia Allen está fazendo uma verdadeira tour mundial realizando filmes em diversas cidades mundo afora mas não é segredo para ninguém que ele ama mesmo é a cosmopolita Nova Iorque. Quem duvida ainda da afirmação precisa ver (ou rever) esse filme para entender. Allen adota um tom de carinho mesmo pela cidade, fazendo um painel muito amoroso com os recantos da grande maçã. Já em relação ao roteiro, sobre um homem de quarenta e poucos anos envolvido em diversos problemas amorosos não podemos deixar de fazer uma ligação com a própria vida do diretor. Os filmes de Allen sempre foram em maior ou menor grau apenas autobiografias disfarçadas em celuloide. Recentemente o diretor foi acusado por um de seus filhos adotivos de ter mantido relações indecorosas quando ela ainda era menor de idade. Pois bem, nesse roteiro Allen também se vê apaixonado por uma garota de apenas 17 anos! A vida imita a arte? Quem sabe...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Magia ao Luar

Título no Brasil: Magia ao Luar
Título Original: Magic in the Moonlight
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Marcia Gay Harden, Eileen Atkins
  
Sinopse:
Stanley (Colin Firth) é um mágico inglês que ganha a vida interpretando um mago oriental nos palcos do mundo. Procurado por um amigo, ele é convidado a desmascarar uma suposta charlatã chamada Sophie (Emma Stone). Usando de seus supostos poderes mediúnicos ela acabou encantando uma família de ricaços americanos que vivem no Sul da França. Stanley porém está determinado a revelar todos os seus truques. O que ele não esperava era se apaixonar por ela após a conhecer melhor. Filme indicado ao Lumiere Awards.

Comentários:
Esperava bem menos desse novo filme de Woody Allen. A produção nem foi tão badalada ou comentada entre os cinéfilos, passando até despercebida por muita gente boa. A verdade porém é que consegue ser tão boa quanto seus filmes mais celebrados. O enredo é simples e ao mesmo tempo cativante. Um romance ao velho estilo, passado nos anos 1920, onde a máxima de que os opostos se atraem funciona novamente. Eu sinceramente aprecio muito esse tipo de enredo mais lírico e sentimental. Coisas de um romântico incurável que não está disposto a ceder seu modo de ser ao mundo cínico em que vivemos. Stanley é um ateu, cético e materialista que não acredita em um mundo espiritual. Para ele apenas o que vemos de fato existe. Por essa razão Sophie (Stone) é logo encarada como uma impostora que vive de enganar ricos fingindo ser uma garota com poderes especiais, como o de entrar em contato com pessoas mortas. Para Stanley (Firth) tudo não passaria de um golpe grotesco. Ele já havia desmascarado inúmeros falsos médiuns ao longo de sua carreira no passado e Sophie parece apenas ser mais uma de sua lista. O problema é que ela realmente parece ter uma espiritualidade realmente especial, praticamente desconcertante. Da admiração para o amor é apenas um passo. A própria Sophie parece, com seus atos, desacreditar as posições de Stanley. Ela é cortejada por um ricaço, mas acaba gostando mesmo do mágico que está ali para desmascará-la, provando mais uma vez que o amor verdadeiro não se compra e nem se vende. Afinal de contas o que o dinheiro tem a ver com a verdadeira paixão e romance? Nada, e essa é uma verdade universal. Com bonita produção e fotografia, além da bela história de amor, "Magic in the Moonlight" é desde já um dos mais carismáticos filmes da carreira do genial Woody Allen. Coisa fina.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Tiros na Broadway

Título no Brasil: Tiros na Broadway
Título Original: Bullets Over Broadway
Ano de Produção: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax Films
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen, Douglas McGrath
Elenco: John Cusack, Dianne Wiest, Jack Warden, Chazz Palminteri, Joe Viterelli, Jennifer Tilly, Rob Reiner, Mary-Louise Parker.

Sinopse:
Nova Iorque, década de 1920. O dramaturgo e escritor David Shayne (John Cusack) é um idealista que não aceita vender a dignidade de sua arte. Sem trabalho e passando por dificuldades acaba porém aceitando o financiamento de um gângster valentão para a produção de uma de suas peças. Para isso há uma condição que o escritor terá que aceitar, a escalação da namorada pouco talentosa do chefe criminoso, Olive (Jennifer Tilly), que terá que ganhar um destaque dentro da encenação.

Comentários:
Arranjar um lugar numa peça para alguém sem qualquer talento. Como se isso não fosse um problema e tanto Shayne ainda tem que lidar com o complicado temperamento de sua estrela principal, Helen Sinclair (Dianne Wiest). No meio de tanta confusão todos são surpreendidos ainda pelo improvável talento para a dramaturgia do grandalhão capanga do chefe mafioso, o truculento Cheech (Chazz Palminteri). Um filme muito querido do diretor por seus fãs. Por essa época Woody Allen pareceu ter flertado com o cinemão americano mais comercial. Seus roteiros mais intelectuais, intimistas, interiores, que discutiam questões existenciais foram deixados de lado para dar mais espaço ao humor, aos figurinos luxuosos e à uma produção bem mais trabalhada. Mesmo assim o diretor conseguiu fazer tudo isso sem deixar de lado sua inteligência, além da fina ironia que sempre o caracterizou. Um Allen excelente!.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de outubro de 2007

Woody Allen: Uma vida Escandalosa

Ele sempre foi considerado um dos mais talentosos diretores americanos. Autor de uma vasta obra de filmes importantes Woody Allen viu seu mundo pessoal praticamente ruir em 1992 quando sua esposa Mia Farrow descobriu que ele estava tendo um caso amoroso com a filha adotiva dela, a adolescente coreana Soon-Yi.

O caso ganhou todos os jornais da época, mas Allen corajosamente resolveu assumir o romance. Mia ficou furiosa e usou a imprensa para destruir sua imagem pública, algo que segue acontecendo até os dias de hoje. Recentemente a jovem Dylan Farrow, outra filha adotiva de Mia, foi ao New York Times denunciar que foi vítima de abuso sexual de Woody Allen quando ela tinha apenas sete anos de idade! Mais demolidor do que isso impossível...

E como Woody tem respondido a todas essas acusações? Com serenidade. Ele continua tentando manter a privacidade de sua vida pessoal. Questionado sobre o que aconteceu a ele, Allen respondeu que está muito feliz há 20 anos casado com Soon-Yi. Ele tem dois filhos com ela e não parece arrependido pelo furacão que enfrentou por ter decidido ficado ao seu lado. Ao Times Allen declarou: "Trabalhei e continuei a fazer filmes durante estes anos. Eu funciono desta forma. Sou muito disciplinado. Ela (Soon-Yi) teve um passado muito, muito difícil na Coreia. Foi órfã, viveu nas ruas e passou fome até ter sido levada a um orfanato. Eu proporcionei-lhe oportunidades incríveis e ela retribuiu. Ela deu-me os melhores anos da minha vida. É uma companheira incrível. Deu-me uma vida familiar estável e maravilhosa".

Já Mia Farrow segue em sua campanha de destruição da imagem de Allen. Ela ainda não desistiu de acabar com sua vida tanto pessoal como profissional. Ao mesmo New York Times ela declarou: "Sempre que vejo uma nova celebridade que concorda trabalhar com ele (Woody Allen), sinto que a minha mensagem não foi divulgada e que falhei e é muito difícil lidar com isso", Para Mia Farrow seu ex-marido não deveria estar mais trabalhando no cinema, mas sim preso atrás das grades por abuso infantil e pedofilia. Quem vencerá essa batalha? Só o tempo dirá...

Pablo Aluísio.