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sexta-feira, 28 de junho de 2024

007 - Cassino Royale

Título no Brasil: 007 - Cassino Royale
Título Original: Casino Royale
Ano de Lançamento: 2006
País: Estados Unidos, Reino Unido
Estúdio: MGM
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade
Elenco: Daniel Craig, Mads Mikkelsen, Eva Green, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini

Sinopse:
James Bond (Craig) se torna agente do serviço secreto inglês. E recebe permissão para matar ao receber o código de espionagem 007. Sua primeira missão passa a ser investigar e espionar um milionário, um banqueiro muito rico que tem envolvimento com financiamento de grupos internacionais de terrorismo. Ele então vai até o Cassino Royale onde deve começar a juntar as peças desse quebra-cabeças do crime organizado. 

Comentários:
É o primeiro em várias aspectos. Foi o primeiro livro escrito por Ian Fleming. E também foi o primeiro filme estrelado pelo novo ator que iria interpretar James Bond, o novato Daniel Craig. Esse filme entretanto não foi o primeiro a adaptar o livro original. Essa história já tinha sido levada ao cinema, mas de maneira completamente errada, no estilo comédia, com David Niven. Aquele filme nem é considerado parte da franquia oficial. Então a MGM comprou os direitos do primeiro livro para finalmente fazer essa nova produção. Ficou muito bom, extremamente bem produzido, só que eu devo dizer uma verdade pessoal, minha opinião sobre o novo ator. Eu nunca consegui gostar de Daniel Craig como Bond, em filme nenhum. Acho ele sem carisma e charme para o personagem. Na maioria das vezes age apenas como um personagem genérico de ação e Bond nunca foi apenas isso. Assim, apesar de ter assistido a essa estreia do Craig no cinema, eu realmente não apreciei. Elogio o filme por sua produção, direção e competência técnica, mas não pela escolha do ator que sempre achei muito equivocada. 

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de abril de 2022

Belfast

Esse filme, que também concorreu ao Oscar na categoria de melhor filme do ano, me lembrou muito de "Roma". Com estrutura narrativa bem semelhante, baseada em memórias, com a infância de um garoto sendo passada em um momento histórico complicado de seu país, com os pais passando por dificuldades, em bela fotografia em preto e branco. É de certa maneira uma narrativa de nostalgia pura."Belfast" e "Roma" são filmes bem parecidos nesses aspectos. A historia de "Belfast" conta a infância de um garoto vivendo na Irlanda do Norte no final da década de 1960. Seu país vive uma crise entre católicos e protestantes, geralmente tudo terminando em violência. E o menino vivencia isso na pele, quando estava brincando na rua de sua casa e de repente chega um grupo de protestantes quebrando tudo! A razão? Alguns católicos morariam ali. Um perfeito retrato da imbecilidade humana.

O roteiro original foi escrito por Kenneth Branagh. Ele nasceu em Belfast, então fica meio óbvio que essa história traz aspectos biográficos do próprio diretor. Ele é o próprio garoto  Buddy da história que conta. Curioso que o diretor separou os irlandenses em duas categorias: Aqueles que ficam e aqueles que se vão. Os irlandeses sempre tiveram a  vocação para a emigração. Muito por causa dos problemas econômicos vivenciados em sua nação ao longo dos séculos, mas também por uma vontade de ir embora, conhecer o mundo. E ele acabou fazendo parte daqueles que foram embora, junto com seu pai e sua mãe. Ficaram para trás seus avôs que ele tanto amava. O avô havia sido minerador de carvão e na velhice pagou o preço por ter ido até o fundo das minas. Morreu de uma grave doença de pulmão. A ética de trabalho de sua geração o levou para a cova."Belfast" é isso, lembranças da infância de Kenneth Branagh. O passado de sua vida relembrada de forma lírica.

Belfast (Belfast, Reino Unido, 2021) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Kenneth Branagh / Elenco: Jude Hill, Judi Dench, Ciarán Hinds, Caitriona Balfe / Sinopse: O filme conta a história de um garoto vivendo na Irlanda do Norte no final da década de 1960. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Kenneth Branagh). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Som, Melhor Direção (Kenneth Branagh), Melhor Música Original ("Down to Joy" de Van Morrison), Melhor Ator Coadjuvante (Ciarán Hinds) e Melhor Atriz Coadjuvante (Judi Dench).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Sua Majestade, Mrs. Brown

Até hoje os historiadores discutem a natureza do relacionamento da rainha Vitória com um de seus empregados, o Mr. Brown, que cuidava dos cavalos do palácio real. Teria sido um caso amoroso ou apenas uma amizade fraternal envolvendo uma solitária viúva e um homem que tinha a coragem de dizer tudo o que pensava para ela? É justamente a história que esse filme conta. Após a morte de seu marido, a Rainha Vitória (Judi Dench) entra em profunda depressão. Para aliviar sua dor ela acaba sendo amparada por John Brown (Billy Connolly), seu fiel cocheiro, que acaba se tornando seu grande amigo pessoal. Bom filme, muito interessante, explorando a figura de Mr. Brown, um sujeito comum que acabou virando alvo de fofocas durante a era vitoriana por causa de sua aproximação com a Rainha. Alguns historiadores defendem a tese de que havia ali algo muito maior do que a simples amizade, embora não existam provas concretas sobre isso.

Além da curiosidade histórica esse filme se destaca também pela bela atuação da atriz Judi Dench, uma dama do teatro inglês que vale qualquer ingresso. Sua atuação é sofisticada, terna e historicamente muito precisa. Um show de interpretação e bom gosto. Esse filme é um dos melhores já feitos sobre essa monarca inglesa, embora hoje em dia já existam outros filmes mostrando outras fases de sua vida e uma excelente série que inclusive já comentei aqui em nosso blog. Material, como se pode perceber, realmente não falta. O que se destaca nesse roteiro é que ele não se limita a mostrar seus grandes feitos como monarca, mas sim os aspectos mais pessoais, de sua vida privada, que a humanizam de forma maravilhosa.

Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs Brown, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 1997) Direção: John Madden / Roteiro: Jeremy Brock / Elenco: Judi Dench, Billy Connolly, Geoffrey Palmer / Sinopse: O filme conta parte da história da Rainha Vitória da Inglaterra. Idosa e solitária, ela acaba criando um relacionamento muito próximo com Mr. Brown, um homem rude, que acaba conquistando sua amizade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Judi Dench) e Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

007 - O Mundo Não é o Bastante

Eu sempre gostei muito de Pierce Brosnan como o agente James Bond. Muitos dizem que os roteiros dos filmes que estrelou não eram lá grande coisa e talvez possa existir algum fundo de verdade nisso, mas a despeito de tudo o feeling do Bond original foi bem captado por Brosnan (mais até do que o atual Bond, o carrancudo e nada charmoso Daniel Craig). Na era de Brosnan como Bond o estúdio priorizou mesmo a ação, com cenas extremamente bem elaboradas, algumas inclusive entre as mais bem realizadas de toda a franquia. Esse foi o terceiro filme estrelado pelo ator, logo após os grandes sucessos de "007 Contra GoldenEye" de 1995 e "007 - O Amanhã Nunca Morre" de 1997. Seu contrato inicial determinava a realização de uma trilogia que chegaria ao final aqui. Se a produção fizesse o mesmo sucesso ele poderia renovar um novo contrato, caso contrário o estúdio iria atrás de outro ator.

Assim que chegou nas telas a fita logo se revelou outro grande êxito de bilheteria, o que abriu as portas para um quarto filme, "007 - Um Novo Dia Para Morrer" em 2002, o último que faria na pele de Bond. Curiosamente o estúdio ofereceu a Brosnan um novo contrato para a realização de mais três filmes, mas ele preferiu assinar para a produção de apenas mais um filme. Parecia preocupado em ser marcado para sempre por apenas um papel, algo que havia atingido outros atores que passaram pela série como no caso de Roger Moore. "The World Is Not Enough" fica na média de sua passagem pela franquia. É bem movimentado, tem uma trama que lembra os primeiros livros de Ian Fleming e conta com um vilão bacana. Em poucas palavras tem tudo o que fez da fórmula Bond uma das mais bem sucedidas da história do cinema. É divertido, movimentado e tem um bom ator no papel principal. Sinceramente não vejo como ter algo a mais do que isso em um filme da série do mais famoso agente secreto do cinema. Está realmente de bom tamanho.

007 - O Mundo Não é o Bastante (The World Is Not Enough, Inglaterra, Estados Unidos, 1999) Direção: Michael Apted / Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade / Elenco: Pierce Brosnan, Sophie Marceau, Robert Carlyle, Denise Richards, Judi Dench, John Cleese / Sinopse: O agente James Bond (Brosnan) enfrenta um novo vilão, um estranho sujeito que parece ser imune à dor física. Ao mesmo tempo ele precisa proteger uma rica herdeira do mundo do petróleo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

007 - Um Novo Dia Para Morrer

Esse foi o último filme de Pierce Brosnan no papel de James Bond. Depois da era Roger Moore, Brosnan foi o mais bem sucedido ator a interpretar o famoso agente inglês, a tal ponto que a MGM não queria descartá-lo da franquia, havendo ainda a possibilidade dele realizar mais dois ou até mesmo três filmes com o personagem! Infelizmente as negociações não foram em frente e o ator deu adeus a Bond pelo menos no cinema (no mundo dos games ele ainda iria emprestar sua voz uma última vez no jogo "James Bond 007: Everything or Nothing", um ano depois). Pois bem, esse "Die Another Day" é um dos que mais se aproximam do velho espírito dos primeiros filmes com Bond, com direito até mesmo a uma fortaleza na neve que poderia ter saído diretamente de produções como "O Satânico Dr. No". Os vilões são os norte-coreanos (o que não ficou datado, haja visto as insanidades do ditador Kim Jong-Un quando o filme foi lançado).

Há uma ótima Bond Girl no filme. Ao lado de James Bond surge uma agente americana chamada Jinx Johnson interpretada pela atriz Halle Berry (na época em grande fase na carreira). Como convém em todo filme com 007 há muita ação, perseguições mirabolantes, pirotecnia e invenções tecnológicas de última geração, com direito até mesmo a um Aston Martin com uma camuflagem inovadora que o deixava completamente invísivel! Numa das cenas mais bem elaboradas o agente inglês usa justamente esse veículo especial para liquidar um assassino norte-coreano em uma fortaleza de gelo no hemisfério norte - vamos convir que nada poderia ser mais James Bond do que isso, não é mesmo?

007 - Um Novo Dia Para Morrer (Die Another Day, Inglaterra, Estados Unidos, 2002) Direção: Lee Tamahori / Roteiro: Neal Purvis, baseado nos personagens criados por Ian Fleming / Elenco: Pierce Brosnan, Halle Berry, Judi Dench, John Cleese, Michael Madsen / Sinopse: O agente britânico James Bond (Pierce Brosnan) precisa deter um general da Coreia do Norte que deseja colocar as mãos em uma arma nuclear que pode destruir o mundo. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música Original ("Die Another Day" de Madonna).

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de julho de 2021

Nine

Gostei desse musical. A direção foi de Rob Marshall, o mesmo cineasta que dirigiu "Chicago". Se aquele ganhou o Oscar e foi consagrado, nesse aqui teve resultados bem mais modestos. Mesmo assim se trata de um filme com classe, muito sofisticado, com ótima trilha sonora. A história conta a crise existencial e artística pela qual passa o cineasta italiano Guido Contini (Daniel Day-Lewis). No passado ele fez uma série de filmes maravilhosos, amados por todos. Só que agora ele parece ter perdido a originalidade e a criatividade para dirigir filmes. Seus últimos lançamentos foram fracassos comerciais. E agora, perto do começo das filmagens de seu novo filme, não há nada, não há script e nem um roteiro. Ele se sente completamente vazio.

O enredo de "Nine" foi claramente inspirado na vida do cineasta Federico Fellini, a tal ponto que o personagem também é chamado várias vezes de "maestro". E no meio dessa história vão surgindo os números musicais, todos ótimos em minha visão. O elenco conta com uma galeria de estrelas de Hollywood e cada uma delas tem seu próprio número musical onde dança e canta (muito bem, por sinal). A única que achei um pouco desperdiçada foi Nicole Kidman. Ela interpreta a musa dos filmes do diretor Guido. Só tem um belo número onde canta - ela tem uma voz linda - mas fora isso tem pouco espaço denrro da história. Daniel Day-Lewis tem mais espaço, obviamente. Além de seu conhecido talento como ator ele surpreende completamente ao cantar. Tem voz bonita e não desafina em nenhuma nota. Enfim, um filme bonito de se ver e também de se ouvir. Gostei de praticamente tudo.

Nine (Nine, Estados Unidos, Itália, 2009) Direção: Rob Marshall / Roteiro: Michael Tolkin, Anthony Minghella, baseados no musical da Broadway "Nine" de Arthur Kopit / Elenco: Daniel Day-Lewis, Nicole Kidman, Penélope Cruz, Judi Dench, Sophia Loren, Kate Hudson, Marion Cotillard / Sinopse: Diretor de cinema passa por uma crise pessoal e artística. Além de não ter nenhuma ideia para seu próximo filme ainda precisa lidar com problemas pessoais envolvendo os amores de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz coadjuvante (Penélope Cruz), melhor figurino, melhor música (Take It All) e melhor direção de arte.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Nem que a Vaca Tussa

Título no Brasil: Nem que a Vaca Tussa
Título Original: Home on the Range
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Will Finn, John Sanford
Roteiro: Will Finn, John Sanford
Elenco: Judi Dench, Cuba Gooding Jr, Jennifer Tilly, Steve Buscemi, Estelle Harris, Randy Quaid

Sinopse:
No velho oeste, três vaquinhas se unem para ajudar a manter a fazenda onde sempre viveram e que agora corre risco por causa de um malfeitor e de dívidas da proprietária, uma senhora bondosa. Filme indicado ao Annie Awards, o Oscar da animação.

Comentários:
Fazia muitos anos que os estúdios Disney não  profuzia mais animações ao estilo clássico, chamado hoje em dia de animação 2D. Assim causou surpresa no mercado quando os executivos da Disney anunciaram a produção dessa animação intitulada "Home on the Range", com técnicas de animação bem tradicionais, sem o uso intensivo da tecnologia digital como havia se tornado comum. Era um desenho animado de acordo com os valores da velha escola. O resultado ficou muito bom, bem nostálgico, muito embora a Disney percebesse que as crianças atuais preferiam mesmo animações digitais, de preferência em 3D. Não foi assim um grande sucesso de bilheteria. De qualquer maneira essa produção serviu para resgatar o antigo modo de fazer esse tipo de filme, o mesmo que havia criado lá atrás toda a tradição cinematográfica da própria Disney.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Chá com Mussolini

Título no Brasil: Chá com Mussolini
Título Original: Un tè con Mussolini
Ano de Produção: 1999
País: Itália, Inglaterra
Estúdio: Medusa Films, Cattleya Cinema
Direção: Franco Zeffirelli
Roteiro: John Mortimer, Franco Zeffirelli
Elenco: Maggie Smith, Cher, Judi Dench, Lily Tomlin, Joan Plowright, Baird Wallace, Baird Wallace

Sinopse:
Um grupo de senhoras inglesas, na terceira idade, vivendo em Florença na Itália nas vésperas da eclosão da II Guerra Mundial, acabam sendo vítimas do regime fascista de Mussolini, apenas por causa de sua nacionalidade. E algumas delas, por ironia do destino, tinham até grande apreço pela figura do Duce. Filme premiado pelo BAFTA Awards na categoria de melhor atriz coadjuvante (Maggie Smith).

Comentários:
Bom filme. O contexto histórico é dos mais interessantes, mostrando a Itália nas vésperas do pais entrar de vez na II Guerra Mundial como aliado dos nazistas de Hitler. Aqui o mais interessante é como os fascistas são mostrados. No começo do filme eles são vistos pelas senhoras inglesas como bons rapazes, patriotas, cristãos, que querem implantar a lei e a ordem no país. Só que não demora muito e a verdadeira face deles surge, com muita violência e perseguições, inclusive contra elas. Há um garoto que permeia toda a trama, um jovem que o pai tenta esconder da esposa porque ele é fruto de um caso extraconjugal. Acaba indo parar em um orfanato. E esse menino termina sendo adotado informalmente pelas senhoras britânicas. As características do cinema italiano também se fazem bem presentes, com aqueles temas incidentais bem melosos e piegas. A única coisa que não me convenceu muito nesse bom filme foi justamente o trabalho da cantora Cher. Ela interpreta uma americana rica e espalhafatosa. Sua atuação não ficou boa. Colocar Cher em filme de época, com todos aqueles figurinos antigos, definitivamente não funciona muito bem. Fica muito superficial e nada convincente. Fora isso, o filme pode ser considerado até muito bom.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Uma Janela para o Amor

Título no Brasil: Uma Janela para o Amor
Título Original: A Room with a View
Ano de Produção: 1985
País: Inglaterra
Estúdio: Goldcrest Films International
Direção: James Ivory
Roteiro: Ruth Prawer Jhabvala
Elenco: Helena Bonham Carter, Maggie Smith, Judi Dench, Julian Sands, Daniel Day-Lewis, Denholm Elliott

Sinopse:
Com roteiro baseado no romance escrito por E.M. Forster, o filme conta a história da jovem aristocrática inglesa Lucy Honeychurch (Helena Bonham Carter). No começo do século XX ela decide fazer uma viagem até Florença, onde descobre um grande amor. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor roteiro adaptado, melhor ator coadjuvante (Denholm Elliott), melhor atriz coadjuvante (Maggie Smith), melhor direção (James Ivory) e melhor diração de fotografia (Tony Pierce-Roberts).

Comentários:
Esse filme concorreu em oito categorias do Oscar, se saindo vencedor em três (roteiro adaptado, direção de arte e figurino). Merecia mais prêmios, afinal foi o filme mais caro rodado na Inglaterra naquele ano, custando mais de 50 milhões de dólares (um padrão elevado para os anos 80). E de fato é uma produção de encher os olhos do espectador, com uma primorosa recriação da fase histórica onde a história do filme se passa. O brilhante cineasta James Ivory sempre foi um artesão da sétima arte, criando uma "parceria" com o obra de E.M. Forster que resultou em algumas produções que com o passar do tempo foram elevadas para a categoria de obras-primas da sétima arte. Outro destaque dessa produção foi a reunião de atrizes inglesas de gerações diversas, todas consideradas as mais talentosas de sua época, com destaque para Maggie Smith (sempre ótima, aqui sendo premiada por seu trabalho com o Globo de Ouro), Judi Dench (a grande dama da dramaturgia inglesa) e Helena Bonham Carter (Já se destacando em seu primeiro grande filme internacional). E o elenco masculino não fica muito atrás, contando com o excelente  Daniel Day-Lewis em um papel coadjuvante. Algo inimaginável de acontecer nos dias de hoje. Enfim, esse filme é um verdadeiro primor do cinema. Um daqueles itens que não podem ficar de fora na coleção de qualquer cinéfilo que se preze.

Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de abril de 2020

A Pura Verdade

A ligação do ator e diretor Kenneth Branagh com William Shakespeare vem de longe. Ele adaptou no passado vários clássicos do autor inglês para o cinema. Todos com absoluto sucesso. Agora ele volta sob uma nova perspectiva, interpretando o próprio Shakespeare. Com maquiagem para se parecer mais com o dramaturgo, o resultado ficou excelente. O roteiro mostra os anos finais da vida dele, quando se recolheu para sua cidade natal, tentando levar uma aposentadoria tranquila. Quando o filme começa ele surge contemplando seu teatro em Londres sendo consumido pelas chamas. Diante dessa tragédia ele simplesmente desiste de seguir em frente. Fecha o teatro, deixa de escrever novas peças e volta para o interior.

O problema é que durante toda a sua vida Shakespeare foi um homem ausente. Retornar para a convivência com sua família não é das coisas mais simples. Ele carrega um trauma, pela morte de seu filho de 11 anos. Quando o garoto morreu ele se encontrava distante, longe, trabalhando em Londres e sequer foi ao funeral do filho. Agora essas lembranças dolorosas do passado voltam para lhe assombrar. E o fato de não ter um relacionamento pacífico com suas duas filhas torna a coisa ainda mais complicada. Uma das filhas é solteira, não quer se casar e sofre de um estigma social que era comum na época. Shakespeare quer que ela se case, para ter um neto do sexo masculino pois ele anseia por um herdeiro para seu legado.

Outros aspectos interessantes do ponto de vista histórico surgem nesse bem escrito roteiro. Por exemplo, você sabia que a esposa do escritor era completamente analfabeta? Anne Shakespeare (Judi Dench) foi uma mulher importante em sua vida, mas sem educação formal, não conseguia ler sequer uma página da obra monumental escrita pelo marido. Em relação ao falecimento precoce do garoto Hamnet Shakespeare, o filme toma algumas liberdades históricas. É uma boa narrativa ficcional sobre as razões de sua morte, mas a verdade é que até hoje os historiadores não sabem com certeza do que ele morreu.  Por fim há uma curiosa insinuação de um amor homossexual entre William Shakespeare e o Conde de Southampton (Ian McKellen), algo que teria acontecido no passado, mas que teria dado vazão a versos apaixonados do escritor para o nobre. A pura verdade ou mera ficção?

A Pura Verdade (All Is True, Inglaterra, 2018) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Ben Elton / Elenco: Kenneth Branagh, Judi Dench, Ian McKellen, Kathryn Wilder / Sinopse: O filme conta os últimos anos de vida do famoso escritor e dramaturgo William Shakespeare. Após um incêndio que destrói seu teatro em Londres ele volta para sua terra natal, no interior. Lá precisa lidar com os problemas familiares de suas filhas e sua esposa, enquanto decide construir um jardim em memória ao falecimento de seu filho.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 6 de agosto de 2019

A Batalha de Riddick

Título no Brasil: A Batalha de Riddick
Título Original: The Chronicles of Riddick
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: David Twohy
Roteiro: Jim Wheat, Ken Wheat
Elenco: Vin Diesel, Judi Dench, Colm Feore, Thandie Newton, Karl Urban, Alexa Davalos

Sinopse:
Procurando por uma rota de fuga o criminoso procurado Riddick (Diesel) vai parar em um planeta distante, inóspido, chamado Helion Prime. Nesse mundo estranho ele tentará sobreviver a todos os desafios, inclusive a uma raça guerreira e cruel.

Comentários:
É um bom filme de ficção, provavelmente o melhor já feito por Vin Diesel. Também é o mais inteligente filme da carreira desse brucutu do cinema. Na verdade se trata de uma sequência, uma continuação. O primeiro filme "Eclipse Mortal" também era muito bom, porém esse aqui supera em termos de roteiro, produção e design. A trama também é muito superior ao primeiro filme, contando com reviravoltas bem colocadas, situações e cenas bem desenvolvidas. O elenco de apoio contou com a presença de Judi Dench, só para se ter uma ideia de como o estúdio levou à sério esse Sci-fi. Infelizmente apesar de todo o capricho o filme não foi bem nas bilheterias. Saiu-se bem pior do que o primeiro filme, isso apesar do investimento de mais de 100 milhões de dólares na produção. O público fã de Diesel provavelmente achou sofisticado demais, já que eles apenas queriam pancadaria (no futuro) e mais nada. Ignore esse fato e assista ao filme pelas suas qualidades cinematográficas. Você não vai se arrepender.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

A Espiã Vermelha

A história desse filme é baseada em fatos reais. A protagonista se chamava Joan Stanley. Ele foi uma física inglesa que acabou sendo recrutada para participar da equipe que iria tentar produzir a primeira bomba atômica da Inglaterra. Isso nasceu da necessidade de vencer os alemães na II Guerra Mundial. Era imperioso construir essa nova arma nuclear antes dos nazistas, pois caso contrário tudo estaria perdido. Só que havia um problema com Joan. Ela era apaixonada, desde os tempos de universidade, por um jovem com ideais socialistas. Um típico jovem que acreditava que o comunismo iria trazer a resposta para todos os problemas da humanidade. Consumida por essa paixão ela começou então a repassar ao namorado segredos militares da Inglaterra. Esse por sua vez enviava todo o material para a União Soviética.

Várias pessoas acabariam sendo presas e acusadas de traição porém por uma ironia do destino Joan escaparia do serviço secreto de sua majestade. Só muitos anos depois, quando já estava com mais de 80 anos de idade é que tudo veio à tona. A "Red Joan" (Joan vermelha) como ficaria conhecida, havia sido desmascarada como uma das mais eficientes espiãs da história da guerra fria. E imaginar que tudo havia começado apenas porque ela era apaixonada por um jovem idealista, de viés de esquerda, que acreditava que o que acontecia na Rússia era uma maravilha e que iria trazer igualdade para toda a sociedade. Um típico inocente útil (seu final foi bem trágico, é bom frisar, morto justamente por aqueles em quem ele acreditava cegamente!). Pois bem, temos aqui sem dúvida um bom filme, valorizado pela atuação da excelente veterana  Judi Dench que interpreta Joan na velhice. Imagine o choque de seus vizinhos quando descobriram que aquela amável velhinha havia traído seu país durante a guerra fria. Só isso já justificaria uma boa olhada nessa produção.

A Espiã Vermelha (Red Joan, Inglaterra, 2018) Direção: Trevor Nunn / Roteiro: Lindsay Shapero, baseada no livro escrito por Jennie Rooney / Elenco: Judi Dench, Sophie Cookson, Stephen Campbell Moore / Sinopse: O filme conta a história de Joan Stanley, uma inglesa que passou segredos militares envolvendo a construção da bomba atômica para a União Soviética durante a guerra fria.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Nunca te Vi, Sempre te Amei

A história é baseada em fatos reais e foi escrita em forma de romance pela própria autora Helene Hanff. O título nacional é equivocado. Não há um clima de romantismo ou paixão no ar entre os dois personagens principais. Ao invés disso temos uma amizade entre a escritora, aqui cliente da lojas de livros, e todos os demais empregados da pequena empresa. O nome original do filme (84 Charing Cross Road) traz justamente o endereço da livraria, afinal é um filme à moda antiga, do tempo em que as pessoas ainda se correspondiam através de cartas. Antes de virar filme esse enredo rendeu uma boa peça teatral que ficou alguns anos em cartaz em Nova Iorque e Londres. Sua origem teatral inclusive fica bem óbvia na narrativa que o roteiro imprime. Para um palco se mostra de fato ideal. Ambiente fechado, praticamente apenas dois cenários (Nova Iorque e Londres) e a força do texto declamado. Ideal para ótimos atores, principalmente os que tiveram formação nos palcos da vida.

Só que nesse duelo de interpretações quem acaba vencendo (mesmo utilizando esse termo de forma equivocada) é a americana Anne Bancroft. Sua personagem é mais rica em dramaturgia, tem mais personalidade, além de ser o principal foco de movimentação do enredo. Sempre fumando um cigarro atrás do outro, falando sem parar, com uma fina ironia na ponta da língua, ela acaba ofuscando o bom e velho Hopkins, que tem um personagem mais contido.

Aliás esse choque cultural nascido entre o modo de ser de uma nova-iorquina estressada e o estilo de vida mais pacato, educado e modesto dos ingleses forma a espinha dorsal narrativa do filme. No começo da história os ingleses ainda viviam em um sistema de racionamento muito severo. Assim qualquer presente que a escritora americana mandava - fosse um presunto ou  enlatados em geral - acabava sendo comemorados pelos empregados da loja como verdadeiras dádivas. Nada mais comum em um país que ainda estava se recuperando dos escombros da II Guerra Mundial. Enfim, é isso. Uma boa película com o charme do cinema inglês aliado ao estilo mais cru e direto dos filmes americanos. De fato uma bela combinação cinematográfica.

Nunca te Vi, Sempre te Amei (84 Charing Cross Road, Inglaterra, Estados Unidos, 1987) Direção: David Hugh Jones (como David Jones) / Roteiro: James Roose-Evans, baseado no livro de Helene Hanff / Elenco: Anthony Hopkins, Anne Bancroft,  Judi Dench, Maurice Denham / Sinopse: A história de amizade entre um vendedor inglês de livros e uma americana, leitora voraz de livros raros.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Sua Majestade, Mrs. Brown

Assisti pela primeira vez em 1997. Ontem resolvi rever, isso pela simples razão de que ando interessado na história da Rainha Vitória. Acontece que estou acompanhando a série "Victoria" da TV britânica, então sempre surge aquele interesse na figura histórica. Esse filme já mostra a rainha em seus últimos anos, em pleno luto pela morte do marido. A corte toda se veste de preto e há um clima de tristeza no ar. A rainha também havia se retirado de sua vida pública, preferindo viver em um palácio afastado, nos arredores da Escócia. E é justamente nesse clima de pesar que chega um novo criado, um cavalariço chamado Mr. Brown.

Ele meio que desafia a rainha a sair de seu estado melancólico. Todos os dias se coloca em frente ao palácio com a bela montaria da rainha. Isso perturba Vitória em um primeiro momento, mas depois ela cede e começa a fazer passeios a cavalo diariamente. Segundo Mr. Brown apenas o ar livre vai tirar a rainha de seu estado de miserável infelicidade. Aos poucos, como era de se supor, a monarca e seu empregado vão criando uma aproximação, uma amizade sincera entre duas pessoas que se encontram em polos opostos da sociedade inglesa. Claro que isso também começa a despertar suspeitas e ciúmes dentro da nobreza. Não demora muito e as fofocas começam a ficar mais intensas. Estariam tendo um caso amoroso?

Até hoje historiadores não chegaram a uma conclusão sobre isso. O roteiro do filme por sua vez resolveu não tomar certas liberdades com o caso, o que andou bem. Não seria de bom tom mostrar um relacionamento amoroso que nunca foi comprovado, manchando de certa forma a maneira como a rainha Vitória seria retratada no cinema. Entre tantas dúvidas históricas porém emerge um belo filme, com destaque para o elenco. Judi Dench tem o porte certo de uma rainha. Basta sua presença na tela para afastar qualquer dúvida sobre isso. Uma atriz como poucas. Já Billy Connolly também não fica atrás. A suposta rudeza de seu Mr. Brown esconde uma postura de fidelidade e lealdade inquebráveis. Enfim, um belo filme que retratou muito bem a famosa rainha Vitória que deu nome a todo um século na história do império britânico.

Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs Brown, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, 1997) Direção: John Madden / Roteiro: Jeremy Brock / Elenco: Judi Dench, Billy Connolly, Geoffrey Palmer / Sinopse: O filme mostra a amizade que surgiu entre a rainha Vitória e seu criado Mr. Brown. Nele ela encontrou um amigo leal a quem poderia confessar seus mais íntimos pensamentos. Filme vencedor do Globo de Ouro e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Judi Dench). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Judi Dench), e Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Victoria & Abdul

Poucas vezes no mundo das artes se teve tanto interesse na figura da Rainha Vitória. Além de uma série popular sendo exibida atualmente na Inglaterra, temos aqui um belo filme mostrando uma história pouco conhecida da amizade da Rainha (já octogenária) com um criado indiano chamado Abdul Karim. Eles se conheceram por mero acaso, quando Abdul foi designado para presentear a Rainha, durante um banquete, com uma moeda tradicional da Índia. A monarca não deu muita bola para o presente, mas ficou impressionada e interessada na figura do indiano. A partir daí se aproximaram e uma inusitada amizade se criou entre eles.

Obviamente que a Rainha da Inglaterra ter uma aproximação assim tão de perto com um indiano, ainda mais muçulmano, criou uma série de atritos com os demais membros da família real. Vitória, no fundo uma mulher solitária, sem amigos, já com oitenta anos, sentia-se muito sozinha e amarga, principalmente pelo fato de que todas as pessoas de quem realmente gostava já tinham morrido naquela fase de sua vida. O filho, chamado por ela de Bertie, futuro Rei Eduardo VII, não passava de um homem fútil que só trazia aborrecimentos para ela. As demais filhas também não lhe traziam mais boas notícias, assim acabou sobrando para ele ter pequenos momentos agradáveis com seu servil Abdul, que era um homem inteligente que estava sempre disposto a contar e ensinar coisas para a Rainha. Ela era a Imperatriz da Índia naquele momento, mas nunca havia ido naquele distante e exótico país, tampouco conhecia sua história e riqueza cultural. Abdul acabou abrindo essas portas de conhecimento para ela.

Além de ser historicamente muito interessante, "Victoria & Abdul" ainda passeia pela vida privada e mais íntima da Rainha, a mostrando em momentos bem humanos. Ela foi a monarca que mais tempo ficou no trono na Inglaterra e deu nome a todo um século, chamado de "Era Vitoriana". Foi o auge do império britânico, com possessões e colônias em todos os lugares do mundo conhecido. Claro que em um filme assim haveria a necessidade de ter uma grande atriz interpretando a Rainha Vitória. E ela está lá, Judi Dench. Essa maravilhosa atriz já havia inclusive interpretado Vitória em "Sua Majestade, Mr. Brown" e agora retorna ao mesmo papel. Envelhecida ainda mais por uma bem feita maquiagem (que está concorrendo ao Oscar nessa categoria), ela realmente impressiona pelo talento e pela sensibilidade mostrada em cada momento do filme. Sua atuação é grandiosa. Em suma, um belo filme, um dos melhores de 2017, que inclusive não foi indicado na principal categoria (o de melhor filme do ano). Mais uma injustiça na longa lista da história do Oscar.

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Victoria & Abdul, Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Lee Hall / Elenco: Judi Dench, Ali Fazal, Tim Pigott-Smith, Eddie Izzard / Sinopse: Baseado no livro escrito por Shrabani Basu, o filme conta a história real da amizade da Rainha Victoria com um serviçal indiano, que se tornou uma pessoa bem próxima dela em seus últimos anos de vida. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Judi Dench). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Maquiagem e Cabelo (Daniel Phillips e Loulia Sheppard) e Melhor Figurino (Consolata Boyle).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Amor & Tulipas

Esse filme é um folhetim. Assim se você gosta de novelas muito provavelmente vai gostar desse "Amor & Tulipas". E como todo folhetim esse roteiro também tem um enredo com romances, traições e reviravoltas. Tudo se passa no século XVII, na Holanda. O rico comerciante Cornelis Sandvoort (Christoph Waltz) ficou viúvo após a morte da esposa em trabalho de parto. Ele pretende reconstruir sua vida e para isso precisa de um herdeiro. Em suas próprias palavras: "Um homem precisa deixar seu nome e sua fortuna para um filho!". Como já é um senhor com uma certa idade ele não vai mesmo conquistar nenhuma beldade da cidade onde vive, a não ser que seja uma interesseira.

Para resolver seus problemas ele decide ir até um orfanato mantido pela Igreja Católica. Lá existem muitas moças bem educadas, mas pobres, que só esperam por um bom casamento. Acaba encontrando o que procura em Sophia (Alicia Vikander). Eles se casam e tudo corre bem, a não ser pelo fato dela não conseguir engravidar, justamente o que Cornelis mais desejava. Pior do que isso, a jovem Sophia acaba se apaixonando por outro homem, um pintor contratado pelo marido para fazer um quadro clássico do casal. E a parti daí já sabemos mais ou menos o que virá. O marido é um bom homem, muito dedicado ao seu casamento, mas ela não o ama como deveria. Seu coração pertence mesmo ao jovem pintor interpretado por Dane DeHaan.

O filme tem boa produção, com excelente reconstituição de época, inclusive reproduzindo os estranhos figurinos daquele período histórico. O melhor ator em cena é justamente Christoph Waltz interpretando o marido traído. Mais contido do que o habitual, sem exageros dramáticos, ele procura escapar um pouco dos personagens de vilões que andou fazendo ultimamente. Outro destaque, com menos espaço na história, é a presença da grande dama do teatro e cinema Judi Dench. Ela interpreta uma freira que cuida de uma plantação de tulipas no convento onde mora. O roteiro aliás mostra um estranho mercado de vendas dessas flores que viraram objetos de especulação na época, com algumas delas valendo pequenas fortunas. Por fim há também a presença do comediante Zach Galifianakis em mais um papel de porcalhão bêbado. É o alívio cômico da trama. No geral é um bom filme, nada demais, um pouco folhetinesco além da conta, mas que cumpre seu papel.

Amor & Tulipas (Tulip Fever, Estados Unidos, 2017) Direção: Justin Chadwick / Roteiro: Deborah Moggach, Tom Stoppard / Elenco: Christoph Waltz, Judi Dench, Zach Galifianakis, Alicia Vikander, Holliday Grainger, Dane DeHaan / Sinopse: Jovem mocinha, criada em um orfanato católico, é dada em casamento a um rico comerciante holandês. Ele quer um herdeiro pois se tornou viúvo no casamento anterior. A nova esposa é submissa e leal, mas não consegue engravidar. Pior do que isso, depois de algum tempo ela acaba se apaixonando por um jovem pintor.

Pablo Aluísio.


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Assassinato no Expresso do Oriente

Sempre gostei das adaptações dos livros de Agatha Christie para o cinema. Grandes filmes do passado mantiveram bem essa tradição. Provavelmente o livro mais famosa dessa escritora seja exatamente esse, "Assassinato no Expresso do Oriente". Aqui você encontrará todos os ingredientes que fizeram dessa pacata velhinha inglesa uma das maiores vendedores de livros de todos os tempos. Sempre há um mistério a se resolver e vários suspeitos geralmente em ambientes fechados. É quase uma experiência empírica. Com o ambiente controlado fica mais fácil estudar os objetos de estudo, que são justamente as pessoas suspeitas do crime que move toda a trama. Esse sempre foi o grande atrativo da obra de Agatha Christie: resolver um caso misterioso e desvendar a identidade do verdadeiro autor do crime.

Pois bem, nem faz muito tempo que assisti a versão de 1974. Um filme muito bom por sinal. Agora o ator e diretor Kenneth Branagh resolveu apostar numa nova adaptação. Como é de praxe nesse tipo de filme ele contou também com um elenco numeroso, cheio de nomes famosos, do passado e do presente. O problema é que Kenneth Branagh decidiu que iria fazer um produto fast food, de rápida digestão, a ser exibido nos cinemas comerciais de shopping center mundo afora. Uma decisão lamentável. Tudo parece acontecer rápido demais, sem explorar o clima e nem os personagens que rondam esse assassinato que ocorre justamente nesse trem tão famoso, o Orient Express. Esse aliás é o grande problema desse novo filme: a pressa. Praticamente tudo vai se atropelando, sem muita sofisticação, sem muita preocupação em se criar todo um ambiente sofisticado para contrastar justamente com o lado grotesco de um homicídio.

Em um filme assim temos que ter também uma caracterização perfeita do detetive Hercule Poirot. Nesse quesito nenhum ator até hoje conseguiu superar Peter Ustinov que foi a mais perfeita encarnação de Poirot no cinema. Talvez envaidecido por sua própria fama, o diretor Kenneth Branagh cometeu o erro fatal de se auto escalar como Poirot. Ficou péssimo. Ele não tem nem a corporação física de ser Poirot que sempre foi um figura bonachona, com quilinhos a mais e QI acima do normal. Tentando ser Poirot  Kenneth Branagh só se tornou muito chato! E o que dizer daquele bigode simplesmente horrível que ele ostenta no filme? Com o personagem central mal escalado tudo fica mais difícil. Para piorar ainda mais a situação a pressa não dá chance nenhuma para nenhum dos atores desse rico elenco se sobressair. Eles possuem apenas pequenos momentos, pequenos trechos que não fazem muita diferença. Assim o meu veredito final não é bom. Não gostei dessa nova versão que peca por querer ser comercial demais. Ficou com cara mesmo de fast food descartável.

Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Michael Green, baseado na obra escrita por Agatha Christie / Elenco: Kenneth Branagh, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Michelle Pfeiffer, Judi Dench,  Johnny Depp / Sinopse: Durante uma viagem no Expresso do Oriente um homem é morto misteriosamente em sua cabine. Para descobrir o crime entra em cena o detetive Hercule Poirot que acaba descobrindo que praticamente cada um dos passageiros do trem teria um motivo para assassinar o tal sujeito.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Shakespeare Apaixonado

Título no Brasil: Shakespeare Apaixonado
Título Original: Shakespeare in Love
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Madden
Roteiro: Marc Norman, Tom Stoppard
Elenco: Gwyneth Paltrow, Joseph Fiennes, Geoffrey Rush, Tom Wilkinson, Judi Dench
  
Sinopse:
William Shakespeare (Joseph Fiennes) é um jovem escritor, ainda em busca de seu próprio espaço, que se apaixona pela linda e perfeita Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow) que passa a ser sua musa, fonte de inspiração para sua obra e arte. Completamente apaixonado ele vai finalmente entender que sua paixão simplesmente não basta para transformar seus sentimentos em uma bela história de amor.

Comentários:
Sempre achei muito superestimado esse filme. Em seu ano ele levou todos os grandes prêmios da Academia, inclusive melhor filme, melhor atriz (Gwyneth Paltrow), atriz coadjuvante (Judi Dench), roteiro, direção de arte, figurinos, etc... Um exagero! Quando o filme recebeu essa tonelada de prêmios cheguei a me animar e fui ao cinema conferir - imaginem a decepção! O que encontrei foi um filme pop, falsamente histórico, com um enredo piegas e meloso demais para se levar à sério. Pior do que isso, o filme falha miseravelmente onde não poderia falhar, pois a química entre Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes não existe, é zero! Como um romance pode se sustentar se o espectador não consegue se convencer que os personagens estão efetivamente apaixonados e enamorados, vivendo o amor de suas vidas? Absurdo! Aliás devo dizer que a atriz Gwyneth Paltrow sempre fracassou nesse tipo de papel. Ela tem uma personalidade fria, sem muito calor humano. Sua personagem, que deveria ser pura paixão, acaba sendo apenas pura frieza, com isso tudo desmorona. Claro que há uma bela produção desfilando em cena, com figurinos, reconstituição de época e tudo mais. Em termos de luxo nada falta - porém só isso não faz um grande filme. Tem que ter alma, paixão, romance... coisas que "Shakespeare in Love" definitivamente não tem para passar ao público.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Lar das Crianças Peculiares

Título no Brasil: O Lar das Crianças Peculiares
Título Original: Miss Peregrine's Home for Peculiar Children
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Tim Burton
Roteiro: Jane Goldman
Elenco: Eva Green, Asa Butterfield, Samuel L. Jackson, Judi Dench, Rupert Everett, Terence Stamp
  
Sinopse:
Após a morte de seu avô, o jovem Jake (Asa Butterfield) resolve descobrir o que realmente aconteceu. O velho sempre dizia que havia sido criado em um orfanato em Gales onde moravam crianças extraordinárias, peculiares. Durante a II Guerra Mundial ele havia deixado todos para trás, indo servir o exército, mas agora, na velhice, começava a ser perseguido por estranhas criaturas que queriam saber para onde havia ido as crianças peculiares da senhorita Peregrine (Eva Green).

Comentários:
Que Tim Burton há muito tempo anda devendo um bom filme isso todos os cinéfilos sabem. O que eu não sabia era como esse seu novo filme seria tão decepcionante. Não conheço o livro original, porém já vi muitos leitores da obra de Ransom Riggs reclamando muito dessa adaptação de seu livro para o cinema. Segundo eles vários elementos importantes do enredo original ficaram de fora, além de terem alterado o próprio final do livro. Minha visão assim é limitada apenas ao filme em si e posso dizer que esse é bem fraco. Na verdade o filme só funciona mesmo em sua terça parte inicial. Aqui há bons elementos de suspense e mistério que acaba prendendo a atenção do espectador. Depois que tudo é revelado a situação se torna a mais clichê possível, com aquela velha luta dos bonzinhos contra os malvados. Tudo bem que é um filme feito para o público infanto-juvenil, mas sinceramente precisava mesmo Tim Burton ser tão raso? Se o roteiro tem falhas o que mais me irritou mesmo foi o desperdício dos bons atores. Quem conhece Eva Green de outros trabalhos vai ficar totalmente insatisfeito. Sua personagem parece não ter muita personalidade, é fraca e não dá chance para Eva brilhar mais uma vez. Pior é a péssima participação da dama do teatro Judi Dench! Sua atuação e importância dentro do filme é nula, um absurdo! 

E o que dizer do veterano Terence Stamp? Esse ainda tem uma ou outra boa cena, mas é muito pouco! Sobra Samuel L. Jackson como um vilão caricato que solta as famigeradas piadinhas (sem graça, é bom avisar). Já em relação aos principais personagens devo dizer que embora sejam criativos e imaginativos (como convém a uma fábula) nenhum deles me cativou em particular. Alguns são bem esquisitos e estranhos, como dois pequenos gêmeos que se vestem como dois fantasminhas! Outra precisa andar com sapatos de chumbo para não sair voando e uma garotinha tem a força de vários homens. Nenhuma das crianças é muito bem desenvolvida, o que deve ter deixado ainda mais irritado o leitor do livro original. O uso dos recursos das fendas temporais até que é bem interessante, mas presumo que as crianças pequenas não vão entender direito o que se passa. Enfim, se o filme se limitasse apenas ao início de sua trama até que teria alguma qualidade maior a se elogiar. O problema é que ele, apesar de seu visual gótico, é bobo demais para ser levado à sério. Com duas horas de duração facilmente fica cansativo. Enfim, outra bola fora de Tim Burton.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de maio de 2016

Chocolate

Título no Brasil: Chocolate
Título Original: Chocolat
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Miramax
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: Robert Nelson Jacobs, baseado no romance de Joanne Harris
Elenco: Juliette Binoche, Johnny Depp, Judi Dench, Alfred Molina, Carrie-Anne Moss
  
Sinopse:
Vianne Rocher (Juliette Binoche) resolve abrir uma pequena loja de doces numa cidadezinha do interior da França. Para sua surpresa a sua presença e seu modo de vida acaba chocando os padrões morais da comunidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Juliette Binoche), Melhor Atriz Coadjuvante (Judi Dench), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Música (Rachel Portman). Indicado ao Globo de Ouro em quatro categorias, entre elas a de Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Comentários:
Nunca considerei um grande filme. Na verdade era um típico filme da Miramax na época. E o que isso exatamente significava? Bom, basicamente uma produção com jeitão de filme europeu, roteiro que se propunha a ser cult, mas tudo embalado com um rótulo mais comercial. Não é um produto autêntico ou original, mas uma imitação para consumo popular do americano médio. Um dos problemas desse filme é que seu enredo não vai para lugar nenhum. Depp obviamente deve ter adorado seu personagem, meio cigano, meio andarilho, que nos remete ao velho ideal do herói romântico sem passado e sem destino pela frente. O que vale realmente a pena nessa produção meio fake é o elenco - cheio de atores e atrizes talentosos - e os belos cenários naturais pois o filme foi rodado numa região bem bucólica da França. Aquelas pequenas comunidades, algumas delas fundadas na Idade Média, ainda mantém um charme irresistível, ainda mais para quem adora história em geral. Então é isso, o filme é bonito, mas um pouco vazio. Vale conhecer uma vez e é só.

Pablo Aluísio.