quarta-feira, 28 de agosto de 2024
A Batalha de Midway
terça-feira, 20 de agosto de 2024
Consciências Mortas
terça-feira, 5 de dezembro de 2023
Henry Fonda - A Vingança de Frank James
O roteiro é muito bom, diria até excelente. O roteirista Sam Hellman fou um dos melhores escritores da era de ouro de Hollywood, só que historicamente falando praticamente nada do que se vê na tela realmente aconteceu. Na história real o assassino Robert Ford foi morto em um saloon por um desconhecido que queria ter a "honra" de ter matado aquele que matou Jesses James. Como se pode perceber nada a ver com o enredo de ficção desse filme.
Isso porém não deve desanimar o fã de faroestes. Afinal o que vale mesmo é a obra cinematográfica por si mesma. A história é importante, mas nem sempre funciona nas telas. Um pouco de romantização é necessária. No filme o próprio Frank James toma as rédeas da vingança, elaborando um plano para liquidar Robert Ford. Para isso ele chega a contar com velhos companheiros de cavalgadas, dos tempos em que a quadrilha de Jesse James varria o oeste, roubando bancos, trens e diligências que cruzassem seu caminho. Até hoje historiadores discutem sobre a real importância de Frank James no antigo bando do irmão após sua morte, porém todos são unânimes em dizer que Frank nada teve a ver com a morte de Ford.
Claro que um bom elenco ajuda bastante. Aqui temos o maravilhoso Henry Fonda como Frank James. No filme anterior ele era apenas um coadjuvante de luxo e aqui assume o papel principal. Inegavelmente o Frank James de Fonda foi muito mais convincente do que o Jesse James de Tyrone Power, um galã ao velho estilo de Hollywood que não convencia muito como um bandido do velho oeste. Com Fonda isso não aconteceu. O ator imprimiu ao seu papel um estilo mais rústico de ser. Um homem criado no interior, com aquele senso de vingança bem peculiar. Nada soa falso ou forçado em sua atuação. Penso que foi um dos melhores trabalhos de toda a carreira do grande Henry Fonda. Um ator excepcional que realmente marcou época na história do cinema americano.
A Vingança de Frank James / A Volta de Frank James (The Return of Frank James, EUA, 1940) Direção: Friz Lang / Roteiro: Sam Hellman / Elenco: Henry Fonda, Gene Tierney, Jackie Cooper, Henry Hull, John Carradine / Sinopse: Após o assassinato de seu irmão Jesse James (Tyrone Power) o pistoleiro Frank James (Henry Fonda) decide ir atrás de seu assassino, Robert Ford (John Carradine).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
Limite de Segurança
Título Original: Fail-Safe
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Walter Bernstein, Eugene Burdick
Elenco: Henry Fonda, Walter Matthau, Larry Hagman, Fritz Weaver, Edward Binns, William Hansen
Sinopse:
Durante uma operação padrão o sistema de segurança nacional dos Estados Unidos sofre uma pane técnica e um grupo de bombardeiros é enviado, por engano, para a União Soviética com a missão de jogar bombas atômicas sobre a capital da Rússia. No meio do pânico que se instala entre os comandantes das forças armadas, o presidente dos Estados Unidos, interpretado brilhantemente por Henry Fonda, é chamado para administrar a crise e tomar todas as decisões vitais! Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor filme.
Comentários:
"Fail-Safe" é obviamente um produto da guerra fria. Naquela época o mundo vivia sob tensão, duas super potências, Estados Unidos e União Soviética, estavam empenhadas numa corrida armamentista sem limites e o conflito nuclear parecia cada vez mais próximo. O roteiro parte de uma premissa muito interessante: E se a guerra fosse iniciada por um erro do próprio sistema que comandava toda aquela máquina de destruição global? O argumento é de denúncia e de aviso, pois o texto é claramente uma crítica contra o perigo de se manter todo o arsenal atômico sob controle de meras máquinas. Conforme a tecnologia ia avançando os grandes poderios nucleares desses países acabavam sendo controlados por máquinas de alta precisão, mas como máquinas, elas poderiam um dia também falhar e quando isso acontecesse o que poderia ser feito?
É em cima desse tipo de crise que todo o enredo do filme se desenvolve. Muitos vão achar que o desfecho de tudo é radical demais, alguns poderiam qualificar até mesmo como absurdo, principalmente a decisão final tomada pelo presidente interpretado pelo excelente Henry Fonda. Porém temos que levar em conta que o roteiro foi escrito diante daquele momento histórico, que era por si só já era muito paranoico, cheio de tensão. Mesmo assim considero um grande filme, com suspense e ótimos diálogos em todos os momentos do desenvolvimento da trama. Um filme bem intencionado que procura mostrar a insanidade da guerra fria que imperava naqueles anos de medo e suspense sobre o que poderia acontecer em uma guerra nuclear total.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 24 de maio de 2022
Jogada Decisiva
Título Original: A Big Hand for the Little Lady
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Fielder Cook
Roteiro: Sidney Carroll
Elenco: Henry Fonda, Joanne Woodward, Jason Robards, Paul Ford, Charles Bickford, Burgess Meredith.
Sinopse:
Uma vez por ano os homens mais ricos de Laredo se reúnem para uma partida decisiva de pôquer. Em jogo milhares de dólares. No dia em que o jogo começa um forasteiro, Meredith (Henry Fonda), chega na cidade ao lado de sua esposa e do pequeno filho. Ele é um ex-viciado em jogos de azar que está apenas de passagem. Embora tenha prometido para sua mulher que nunca mais jogaria em sua vida, não consegue resistir à tentação de entrar naquele jogo, para quem sabe ganhar uma bolada, rápida e fácil! O problema é que Meredith realmente não tem limites e começa a apostar tudo o que tem, inclusive seu futuro.
Comentários:
"Jogada Decisiva" me lembrou muito do grande clássico "Um Golpe de Mestre". Não tecerei maiores comentários sobre essa semelhança pois corre-se o risco de estragar as surpresas do roteiro para o espectador. Dito isso, não poderia deixar de recomendar essa trama em tom de farsa que cativa o público por causa de seu roteiro bem bolado e cheio de reviravoltas interessantes. Henry Fonda interpreta um pobre coitado que chega na cidade e fica louco para participar de uma partida de pôquer onde apenas figurões jogam. Ele tem um passado como jogador compulsivo, daqueles que apostam até suas calças e não consegue parar. Sua paciente e sofrida esposa é interpretada pela linda Joanne Woodward, em ótimo momento pois sua personagem dá uma verdadeira guinada em pouco mais de 90 minutos de duração do filme. Outro destaque vem para os demais jogadores, em especial Henry Drummond (Roberts), um fazendeiro mal educado, mas prático em sua vida (a forma como faz para se livrar do noivo de sua filha é divertido e bem ácido). Por fim cabe o aviso ao espectador de que dois terços do filme se passa em volta de uma mesa de pôquer, com todas as tensões e sutilezas desse jogo. Mesmo assim não é, em absoluto, um filme maçante, pelo contrário, sua estrutura teatral vai enganar muita gente pois o roteiro, o grande achada da produção, dá de dez a zero em muito filme atual. Em suma, divertido e inteligente nas medidas certas.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 11 de abril de 2022
As Vinhas da Ira
Dirigido pelas lentes do genial John Ford, o antológico clássico consegue, em 140 minutos, encapsular toda a angústia e desespero dos agricultores americanos num dos períodos mais negros da história americana. A situação profundamente angustiante, somada a uma paisagem distópica, abrutalhada e entristecida, é filtrada por uma fotografia requintada onde a beleza do preto e do branco parecem amenizar boa parte de toda a miséria e desesperança daquelas pessoas. O longa - vencedor de dois Oscars nas categorias de melhor diretor (John Ford) e melhor atriz coadjuvante (Jane Darwell) - nos brinda com diálogos e metáforas tão memoráveis e atuações tão fantásticas que cada personagem, e até mesmo o calhambeque, deveria, cada um deles, ganhar um Oscar. Um filme realmente magnífico.
As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath, Estados Unidos, 1940) Direção: John Ford / Roteiro: Nunnally Johnson / Elenco: Henry Fonda, Jane Darwell, John Carradine / Sinopse: O filme conta a história de uma família pobre dos Estados Unidos que precisa ir embora, para outro estado, em busca de trabalho e meios de sobrevivência durante a grande depressão que assolou os Estados Unidos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor filme, melhor ator (Henry Fonda) e melhor roteiro adaptado. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor direção (John Ford) e melhor atriz coadjuvante (Jane Darwell).
Telmo Vilela e Pablo Aluísio.
terça-feira, 5 de abril de 2022
Ninho de Cobras
Título Original: There Was a Crooked Man...
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Roteiro: David Newman, Robert Benton
Elenco: Kirk Douglas, Henry Fonda, Burgess Meredith, Arthur O'Connell, Hume Cronyn, Warren Oates
Sinopse:
Ladrão e pistoleiro, o bandoleiro Paris Pitman, Jr (Kirk Douglas) rouba uma fazenda e esconde o dinheiro em um ninho de cobras no meio do deserto. Para seu azar logo é preso, sendo enviado para uma das piores prisões do velho oeste. E o lugar passa a ser comandado por um diretor linha dura, o ex-xerife Woodward W. Lopeman (Henry Fonda). Para Paris isso não importa. Ele precisa dar um jeito de fugir daquele lugar infernal.
Comentários:
Excelente filme! O western já estava decaindo, descendo a ladeira, quando esse filme chegou nos cinemas em 1970. Foi um sopro de renovação. É um belo faroeste onde todos os elementos parecem estar no lugar certo. A única coisa que me soou um pouco diferente foi a trilha sonora escrita e executada pelo Trini Lopez, um artista popular naqueles tempos. De qualquer forma todos os personagens são essenciais. Kirk Douglas interpreta um patife. Um sujeito que sabe que tem um ás na manga, justamente o dinheiro que escondeu no deserto. A informação vaza na prisão o que garante sua vida pois todos os bandidos que estão presos também querem um pedaço dessa pequena fortuna. O novo diretor da prisão bem no meio do deserto é um sujeito com fama de ser incorruptível, um velho xerife que praticamente aposentado aceita ser o diretor daquela prisão cheia de homens perigosos, assassinos de todos os tipos. Henry Fonda era o tipo de ator que tinha uma grandeza excepcional. Se o roteiro afirmava que ele nunca seria corrompido, o ator fazia o público acreditar nisso. Enfim, eis um filmão de faroeste, para se ter na coleção de qualquer cinéfilo que se preze.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Uma Batalha no Inferno
Esse é considerado um dos grandes filmes de guerra do cinema americano. E quando uso o adjetivo grande não estou me referindo apenas às suas inegáveis qualidades cinematográficas, mas também à sua duração, pois com mais de duas horas e quarenta e cinco minutos não poderia ser de outra maneira. É certamente um filme longo, mas não fique preocupado pois no final das contas não se torna cansativo em nenhum momento, muito pelo contrário. O elenco é cheio de estrelas, basta dar uma olhada em sua ficha técnica para perceber isso. Nessa época tinha se tornado comum filmes com um elenco numeroso.
Como essa produção foi feita para ser exibida no sistema Cinerama (em telas gigantescas), o estúdio entendeu por bem convocar muitos de seus astros para garantir boa bilheteria, pois o investimento para sua produção foi alto. A boa notícia é que os atores estão bem aproveitados, pois cada um, à sua maneira, tem chance de desenvolver seu respectivo personagem. Assim Fonda interpreta um Coronel que é desacreditado no comando, pois entende que haverá uma ofensiva do exército alemão a qualquer momento (já que seus superiores acreditavam bem ao contrário, que não haveria mais surpresas pois a Alemanha estava praticamente derrotada).
O ator Telly Savalas interpreta um sargento rabugento, comandante de um tanque, que está mais preocupado em fazer algum dinheiro na guerra do que propriamente em derrotar os alemães. Até Charles Bronson dá as caras como um major do front de batalha que, feito prisioneiro, resolve enfrentar face a face o oficial alemão responsável por sua prisão. O cineasta Ken Annakin mostra muita habilidade no confronto de tanques aliados e alemães. Como não havia computação gráfica na época eles de fato estão lá, em cena, trocando fogo cruzado no campo de batalha. Um belo filme, muito bem realizado, mostrando um evento crucial da Segunda Guerra Mundial. Um dos grandes clássicos do gênero, não resta a menor dúvida.
Uma Batalha no Inferno (Battle of the Bulge, Estados Unidos, 1965) Estúdio: Warner Bros / Direção: Ken Annakin / Roteiro: Philip Yordan, Milton Sperling / Elenco: Henry Fonda, Charles Bronson, Telly Savalas, Robert Shaw, Robert Ryan, George Montgomery, Pier Angeli / Sinopse: Com a Alemanha nazista praticamente derrotada na II Grande Guerra Mundial, Hitler decide partir para uma última e decisiva ofensiva para tentar impedir a invasão das fronteiras alemãs por exércitos inimigos. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Telly Savalas).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Paixão dos Fortes
Certa noite, Wyatt, Virgil e Morgan Earp vão até à cidade de Tombstone para conhecê-la um pouco mais e deixam o irmão mais novo, James Earp, sozinho, tomando conta do gado e do acampamento. Ao retornarem, o cenário é desolador: todo o gado havia sido roubado e James Earp, assassinado. Depois de enterrar o irmão, Wyatt torna-se xerife de Tombstone com o objetivo de vingar os assassinos do jovem irmão, e manter a cidade em paz. Ele ainda não sabe quem são os assassinos de seu irmão, no entanto, uma certa turma não sai de sua cabeça: os Clanton (Clanton pai, Billy Clanton, Ike Clanton) e seus comparsas: Billy Claiborne, Tom e Frank McLaury. Wyatt conhece Chihuahua (Linda Darnel) uma espevitada dançarina do saloon local, que alimenta apenas um sonho: a volta de sua paixão, John Henry "Doc" Holliday, ou apenas Doc Holliday: pistoleiro, jogador e dentista (daí o apelido Doc).
A fervura aumenta com a chegada à cidade do irascível Doc Holliday (Victor Mature). Depois de rever a bela Chihuahua o dentista conhece de perto o lendário Wyatt Earp. Wyatt aproxima-se de Doc, mas o encontro dos dois que a princípio poderia se tranformar numa grande amizade vira uma conturbada relação de amizade e ódio que se arrasta até o fim do clássico. Certo dia chega à cidade a bela Clementine Carter (Cathy Downs). Antiga paixão do Doc, Clementine (que inspira a trilha sonora) chega para reencontrar seu antigo e intratável amor. Doc odeia sua presença e diz que se ela não for embora, ele irá. Wyatt apaixona-se por Clementine que resolve ficar. Revoltada com a presença de Clementine em Tombstone, Chihuahua vai até seu quarto para expulsá-la do hotel e da cidade no exato momento em que é surpreendida pela chegada de Wyatt Earp que acalma a situação. Enquanto conversa com Chihuahua, Earp nota que ela está usando um colar que pertenceu ao seu irmão assassinado. O famoso xerife fica então a poucos instantes de descobrir quem realmente matou seu irmão.
Paixão dos Fortes é um diamante da sétima arte e foi reconhecido pelo próprio John Ford como o seu filme mais precioso. Durante quarenta e cinco dias de filmagens, Ford construiu um verdadeiro monumento, não só ao cinema mas às artes em geral. Ele não era apenas um diretor de cinema, mas também um poeta, um pintor e um visionário de cenas antológicas que marcaram para sempre a história do cinema americano. No clássico, sua chancela está em cada cena e em cada fala. A esplêndida direção de fotografia de Joseph Mac Donald equilibra as imagens em preto e branco com brilhos e sombreamentos excepcionais. O elenco, recheado de lendas do cinema como Henry Fonda, Linda Darnell, Victor Mature e Walter Brennan são a cereja do bolo deste clássico inesquecível que entrou para a história do cinema.
Paixão dos Fortes (My Darling Clementine, EUA, 1946) Direção: John Ford / Roteiro: Samuel G. Engel, Winston Miller / Elenco: Henry Fonda, Linda Darnell, Victor Mature / Sinopse: Um dos grandes clássicos de John Ford "Paixão dos Fortes" conta parte da história do lendário xerife Wyatt Earp e o famoso conflito armado ocorrido no OK Corral.
Telmo Vilela Jr.
sábado, 19 de setembro de 2020
Médica, Bonita e Solteira
Depois do sucesso dos filmes estrelados por Rock Hudson e Doris Day, as produções românticas do cinema americano nunca mais foram as mesmas. Que o diga esse simpático "Médica, Bonita e Solteira" que tentava seguir pelo mesmo caminho. E o que exatamente esses filmes tinham de diferente? Na década de 1950 os filmes sobre relacionamentos eram extremamente românticos, melosos, puxando para o melodramático. Uma ingenuidade só! Já na década de 1960 eles se tornaram bem mais picantes, cínicos e bem humorados. A nova posição da mulher dentro da sociedade já não comportava aquela heroína bobinha dos antigos filmes, onde a mulher geralmente ficava sonhando acordada com o aparecimento do príncipe encantando com sua armadura reluzente e brilhante. Aqui temos um exemplo de personagem feminino que já era independente e não precisava de um casamento para se firmar dentro da sociedade.
A protagonista desse filme se chamava Helen Brown (Natalie Wood), uma mulher independente, bem sucedida, que não precisa de um relacionamento com um homem para se tornar feliz. Em vista disso ela resolve escrever um livro contando sua forma de entender a nova realidade feminina de seu tempo. O livro se torna um grande sucesso de vendas, o que desperta a curiosidade do jornalista Bob Weston (Tony Curtis), que deseja descobrir todos os mais íntimos segredos por trás da imagem da autora do livro. Já deu para perceber que apesar das intenções nada louváveis de Bob ele vai acabar se apaixonando por Helen, pois afinal ela evita de todas as formas se tornar mais uma presa na enorme lista de conquistas do charmoso jornalista. A Warner investiu pesado nesse filme, até porque tinha a intenção de ganhar esse rico nicho de mercado das comédias românticas mais ousadas da década de 1960. Para isso não mediu esforços, colocando como meros coadjuvantes grandes nomes de Hollywood como por exemplo Henry Fonda e Lauren Bacall. O filme é divertido, não há como negar, mas também fica muito longe de repetir os bons roteiros da dupla Hudson / Day.
Apesar do carisma dos atores Tony Curtis e Natalie Wood, o
filme não conseguiu cumprir todas as expectativas simplesmente porque em
1964 ele já foi considerado sem novidades, já que o assunto já tinha
sido exaurido nos filmes da Universal com Doris Day e Rock Hudson. De
qualquer maneira vale ser redescoberto. Que o diga os produtores em
Hollywood que se inspiraram nele para realizar "Abaixo o Amor" com Renée
Zellweger e Ewan McGregor, uma homenagem bem humorada a esses antigos
filmes. Assista aos dois filmes e compare. No mínimo você terá uma boa
diversão.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Tempestade Sobre Washington
"Tempestade Sobre Washington" era um excelente drama que mostrava todo o jogo sujo que acontecia na capital dos Estados Unidos, nos bastidores de sua política. Cartas marcadas, pressões, extorsões, compras de consciências, chantagem, tudo o que rolava por debaixo do tapete para que o presidente americano pudesse nomear como Secretário do Estado um nome que escolheu, o astuto Robert Leffingwell (personagem brilhantemente interpretado pelo grande Henry Fonda). Acontece que no meio da sabatina promovida pelo senado se descobriu que o preferido do presidente tinha um passado obscuro, que o ligava inclusive a um movimento radical de esquerda! Imaginem o tamanho do problema dentro do senado quando se descobre que um supostamente comunista de carteirinha estava prestes a ser nomeado para um dos mais altos cargos do poder executivo! Poucas coisas poderiam ser mais explosivas do que isso dentro da capital dos Estados Unidos.
O elenco é fantástico. Charles Laughton como o Senador Seabright Cooley está particularmente inspirado. Que grande ator! Merecidamente foi premiado com o prêmio de melhor ator da Academia Britânica. Já Henry Fonda no papel de Robert A. Leffingwell é outro destaque. Um personagem muito dúbio, que ora surge como íntegro e honesto para logo depois se revelar mais sinistro do que se esperava. Pena que como o filme gravita em torno de sua nomeação, seu personagem não apareça muito, geralmente ficando na surdina. Mesmo assim quando Fonda surge em cena é aquele show de talento. Ele foi certamente um dos melhores atores da história de Hollywood. Sua interpretação ora surge de forma sutil, feita de nuances, ora com explosão de raiva e fúria. Um modo de ser bem dual, como convinha ao seu personagem. Toda a sua interpretação vai no sentido do público ficar sem saber no que realmente acreditar. Afinal ele é um homem de boas intenções ou um canalha? Por fim nada mais justo do que a Palma de Ouro em Cannes para premiar o grande diretor Otto Preminger, cineasta sério, inteligente, competente, avesso a sentimentalismos e sensacionalismos baratos. Aqui ele adota um tom perturbadoramente frio e calculista. Assim temos uma grande obra, um filme tecnicamente impecável que mostra as vísceras da democracia americana. Se você se interessa pelo sórdido mundo dos conchavos e acordos políticos, não pode perder esse ótimo “Tempestade Sobre Washington”.
Tempestade Sobre Washington (Advise & Consent, Estados Unidos, 1962) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Wendell Mayes, baseado no livro de Allen Drury / Elenco: Henry Fonda, Charles Laughton, Franchot Tone, Lew Ayres / Sinopse: O filme mostra a luta de bastidores em Washington para a nomeação de um novo Secretário de Estado. Filme premiado com a Palma de Ouro em Cannes. Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor ator (Charles Laughton).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 23 de junho de 2020
Meu Nome é Ninguém
Os mais jovens hoje em dia talvez não mais conheçam Terence Hill, mas quem tem mais de 40 anos sabe muito bem quem foi ele. Estrelou comédias e filmes de western muito populares, inclusive no Brasil. Como esquecer de Trinity, personagem imortal do cinema italiano de western Spaguetti? Ao lado do companheiro e amigo Bud Spencer também rodou inúmeros filmes pastelões que fizeram a alegria da garotada nas décadas de 1960, 70 e 80. Aqui Mario interpreta um verdadeiro “genérico” de Trinity, um personagem chamado “Nessuno” ou em bom português, “Ninguém”. Pegando nuances e características dos pistoleiros sem nome interpretados por Clint Eastwood, o ator faz na verdade uma grande paródia em cima desse tipo de personagem, que era muito popular nos filmes da época.
Aqui acompanhamos a estória de Jack Beauregard (Henry Fonda), um lendário pistoleiro do velho oeste que na velhice resolve ir para a Europa em busca de paz e tranqüilidade. Chegando lá começa a ser importunado por “Ninguém” (Terence Hill), um jovem pistoleiro que idolatra o passado glorioso de Jack. Sem muita noção, acaba colocando o americano em diversas situações complicadas, que vão do constrangedor ao perigo completo, ao ter que enfrentar um grupo de malfeitores, uma gangue de criminosos chamada The Wild Bunch. Apesar da sinopse bem ao velho estilo do faroeste, esse não é um filme para ser levado muito à sério, pois como não poderia deixar de ser em produções desse tipo, há também um acentuado tom cômico nas cenas. O humor sempre se mostra presente. Devo confessar que ver o grande mito Henry Fonda em filmes assim não me agradou completamente. Na verdade ele só fez o filme por pedido do amigo Sergio Leone (que assinou o roteiro). O interessante é que Fonda ficou doente logo no começo das filmagens na Espanha e o filme teve que ser terminado nos Estados Unidos, usando locações na Louisiana, Colorado e Novo México.
Isso até que foi bom pois tirou um pouco daquelas ambientações mais manjadas do cinema de western spaguetti. Além disso abriu portas para Terence Hill no cinema americano, que era o sonho de todo ator europeu da época. De qualquer modo o filme conseguiu virar um sucesso de bilheteria na Europa e no Brasil, talvez pelas forças dos nomes de Leone e Fonda. Também foi um dos últimos faroestes de Henry Fonda, pois naquela época já se sentia velho demais para o gênero. Então fica a dica desse western temporão com os mitos Fonda e Sergio Leone. Não é algo excepcional e nem uma obra-prima, mas pelos nomes envolvidos certamente merece ser redescoberto pelos admiradores do gênero.
Meu Nome é Ninguém (Il mio nome è Nessuno, Itália, 1973) Direção: Tonino Valerii / Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella / Elenco: Terence Hill, Henry Fonda, Jean Martin / Sinopse: Jack Beauregard (Henry Fonda), um lendário pistoleiro do velho oeste decide mudar de ares agora que está chegando na sua velhice. Só que seu descanso acaba sendo interrompida por um sujeito que se chama "Ninguém" (Terence Hill). E isso vai acabar lhe trazendo muitos problemas.
Pablo Aluísio.
domingo, 16 de fevereiro de 2020
A Conquista do Oeste
Realmente é uma produção de encher os olhos, com três diretores e um elenco fenomenal. O resultado de tanto pretensão porém ficou pelo meio do caminho. "A Conquista do Oeste" passa longe de ser o filme definitivo do western americano. Na realidade é uma produção muito megalomaníaca que a despeito dos grandes nomes envolvidos não passa de uma fita convencional, pouco memorável. O problema é definitivamente de seu roteiro. São vários episódios com linhas narrativas que as ligam numa unidade, mas nenhuma delas é bem desenvolvida. Tudo soa bem superficial.
O grande elenco também é outro problema. Apesar dos mitos envolvidos nenhum deles tem oportunidade de disponibilizar um bom trabalho, realmente marcante. John Wayne, por exemplo, só tem praticamente duas cenas sem maior importância. Ele interpreta o famoso general Sherman, mas isso faz pouca diferença pois tão rápido como aparece, desaparece do filme, deixando desolados seus fãs que esperavam por algo mais substancioso. James Stewart tem um papel um pouquinho melhor, de um pioneiro que vive nas montanhas, mas é outro grande nome que também é desperdiçado. A única que faz parte de todos os segmentos é a personagem de Debbie Reynolds, porém ela não é uma figura de ponta no mundo do faroeste. Quem não gosta dela certamente não se importará com sua personagem. Assim, em conclusão, podemos definir "A Conquista do Oeste" como um filme grande, mas não um grande filme. Faltou um melhor equilíbrio.
A Conquista do Oeste (How the West Was Won, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford ("The Civil War") / Henry Hathaway ("The Rivers", "The Plains", "The Outlaws") / George Marshall ("The Railroad") / Roteiro: James R. Webb, John Gay / Elenco: Debbie Reynolds, James Stewart, Lee J. Cobb, Henry Fonda, Carolyn Jones, Karl Malden, Gregory Peck, George Peppard, Richard Widmark, Eli Wallach, John Wayne / Sinopse: A saga de uma família de pioneiros cujos descendentes participarão dos grandes eventos que marcaram a história do oeste americano.Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro (James R. Webb), Melhor Som (Franklin Milton) e Melhor Edição (Harold F. Kress).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
Guerra e Paz
O diretor King Vidor sempre teve a mão pesada e aqui ela ficou ainda mais pesada por causa do material que precisou adaptar. O resultado foi um filme com três horas e meia de duração, com muitos personagens, que em muitas ocasiões se torna cansativo. A produção é ótima pois o filme foi rodado em Roma, nos estúdios da Cinecittà, com produção do grande Dino De Laurentiis e Carlo Ponti, dois dos maiores produtores da história do cinema europeu, porém nem a grande pompa e luxo escondeu alguns problemas do roteiro. Para se ter uma ideia foram necessários nove roteiristas para se chegar numa versão final do texto. Mesmo assim não ficou tão tão bom.
Era necessário enxugar ainda mais a história, para que não ficasse tão dispersa. Bom, mesmo com eventuais problemas como esses que foram citados, é inegável que se trata de um grande filme, um daqueles épicos que não são feitos mais hoje em dia. Outro ponto que merece destaque é o elenco. Henry Fonda me pareceu um pouco perdido em seu personagem, que era muito mais jovem do que sua idade na época em que o filme foi feito. Sua presença ainda assim é um dos grandes atrativos do filme. Melhor se sai a bela e carismática Audrey Hepburn! Ela só não se torna melhor porque sua personagem não foi tão bem tratada pelo roteiro. Do jeito que ficou, por exemplo, sua paixão por um outro pretendente, enquanto seu noivo prometido está na guerra, acabou soando pouco verossímil. A questão é justamente essa, mesmo com três horas de duração o filme não conseguiu dar conta de tantos personagens complexos e relevantes para a trama. Adaptar Tolstoy para o cinema realmente nunca foi algo simples.
Guerra e Paz (War and Peace, Estados Unidos, Itália, 1956) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: King Vidor / Roteiro: Bridget Boland / Elenco: Henry Fonda, Audrey Hepburn, Mel Ferrer, Vittorio Gassman, Anita Ekberg, Tullio Carminati / Sinopse: Durante a Rússia Czarista um jovem acaba recebendo uma grande fortuna de herança. Ele porém não tem a experiência de vida e nem a vivência para lidar com essa riqueza. Pior do que isso, sua nação está prestes a ser invadida pelas tropas do general francês Napoleão Bonaparte, algo que mudará a vida de todas as pessoas daquele período histórico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (King Vidor), Melhor Fotografia (Jack Cardiff) e Melhor Figurino (Maria De Matteis).
Pablo Aluísio.
Jezebel
Dois aspectos históricos bem interessantes acompanham o enredo de "Jezebel". O primeiro é o fato da história se passar apenas poucos anos antes do começo da guerra civil americana. Já naquela época os ânimos surgem bem aflorados, dominando as conversas dos sulistas pelos salões das cidades. Outro é o surgimento da febre amarela no sul, levando morte e destruição em uma escala jamais vista. Essa doença que se dissemina com extrema rapidez vai ser essencial no desenrolar da história, culminando numa forte cena final que certamente marcou época e é o grande momento de todo o filme.
"Jezebel" foi baseado numa peça escrita por Owen Davis. De certa forma foi uma produção que antecipou em um ano o impacto do clássico "E o Vento Levou". As duas histórias dos filmes são bem parecidas, com enredos se passando no sul escravocrata, nos tempos da guerra civil. As duas protagonistas também são bem semelhantes. Até mesmo em termos de premiação da academia temos semelhanças pois Bette Davis foi merecidamente premiada com a estatueta de melhor atriz do ano com essa interpretação. Ela era ainda bem jovem, mas já imprimia a marca de sua forte personalidade em sua personagem. Décadas mais tarde, após o falecimento de Bette Davis, o diretor Steven Spielberg compraria o Oscar que ela havia sido premiada por esse filme e que estava à venda em um leilão em Londres. Ele comprou a estatueta e a devolveu para o museu da academia em Hollywood. Um gesto de preservação da história do cinema. Em suma, esse é de fato um dos melhores filmes históricos desse momento crucial na história dos Estados Unidos. Um clássico absoluto do cinema americano em sua era de ouro.
Jezebel (Jezebel, Estados Unidos,1938) Direção: William Wyler / Roteiro: Clements Ripley, Abem Finkel / Elenco: Bette Davis, Henry Fonda, George Brent / Sinopse: Julie (Bette Davis) é uma jovem mimada e de personalidade forte. Ela tem um romance com um jovem banqueiro chamado Preston (Fonda), mas esse vai aos poucos perdendo a paciência com seus inúmeros caprichos. Quando a febre amarela assola a região o casal se colocará a prova, principalmente quando Julie descobrir que o grande amor de sua vida se casou com uma jovem do norte após o rompimento de seu conturbado namoro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Fotografia (Ernest Haller) e Melhor Música (Max Steiner). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Bette Davis) e Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
A Primeira Vitória
Mais um ótimo filme de guerra lançado nas comemorações dos vinte anos do fim da II Grande Guerra Mundial. O cenário é composto pelos mares do Pacífico Sul onde a frota americana estava estacionada, antes da entrada do país no maior conflito armado da história. Uma vez atacados no porto militar de Pearl Harbor não houve outra alternativa a não ser entrar na guerra de forma definitiva. O personagem principal é um velho lobo do mar, um comandante de cruzadores interpretado por John Wayne. Vivendo desde os 20 anos de idade na Marinha americana ele não teve muito tempo para se dedicar a sua vida pessoal. Quando cai em desgraça com o comando naval por causa de uma manobra equivocada que o fez ser atacado por um submarino do Japão, tudo o que sobra para ele é ficar em terra fazendo serviços burocráticos, algo mortalmente entediante e maçante para um homem como ele.
Tudo muda quando os almirantes da Marinha americana descobrem que uma operação de invasão de algumas ilhas ocupadas pelos japoneses não está dando certo. O comandante que está lá não tem iniciativa e nem a experiência necessária. Para contornar a situação a única maneira de dar alguma mobilidade para aquela operação seria trazer homens com muitos anos de combate, como o próprio Rock Torrey (Wayne). Assim ele é reincorporado pela frota, tendo a missão de varrer a região, expulsando os japoneses daquelas ilhas pois elas seriam necessárias para servir de ponte de partida para os pesados aviões bombardeiros B17. O foco do roteiro de "In Harm's Way" é justamente esse, o de mostrar as primeiras operações de guerra dos americanos logo após a pesada derrota sofrida em Pearl Harbor. Por essa razão também recebeu o título no Brasil, muito apropriado por sinal, de "A Primeira Vitória".
O cineasta Otto Preminger priorizou duas coisas básicas nesse filme. A primeira foi valorizar todos os personagens. Eles são bem desenvolvidos, com histórias e dramas pessoais. Não são apenas militares anônimos. O personagem de Kirk Douglas, por exemplo, é um homem devastado pela morte de sua jovem esposa, morta justamente durante o ataque do Japão a Pearl Harbor. John Wayne é um comandante que se sente mais à vontade no mar, enfrentando seus inimigos, do que em terra, tendo que lidar com os seus problemas pessoais. O segundo aspecto é que Otto Preminger também parece bastante preocupado em satisfazer o público que deseja assistir apenas a um grande filme de guerra, algo que consegue cumprir sem problemas. Por fim, nesse rico roteiro, ainda há espaço para críticas sobre influências políticas dentro da própria hierarquia da Marinha, onde homens ineptos, acabavam ganhando posições de comando sem ter preparo militar para isso. Enfim, temos aqui um drama de guerra completo, onde não falta nenhum elemento importante. Uma obra prima entre os filmes de guerra do cinema clássico americano. Excelente!
A Primeira Vitória (In Harm's Way, Estados Unidos, 1965) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Otto Preminger / Roteiro: Wendell Mayes, baseado no livro de James Bassett / Elenco: John Wayne, Kirk Douglas, Burgess Meredith, Henry Fonda, Patricia Neal, Brandon De Wilde, Carroll O'Connor, Patrick O'Neal, Dana Andrews / Sinopse: Dois oficiais da Marinha dos Estados Unidos no Havaí, precisam lidar com os desafios da II Guerra Mundial enquanto tentam acertar aspectos de sua vida pessoal. Roteiro baseado em fatos reais. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia (Loyal Griggs). Vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz Estrangeira (Patricia Neal).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
A Vingança de Frank James
O roteiro de “A Vingança de Frank James” toma várias liberdades com a história original. Embora Frank tenha sido realmente inocentado de todas as acusações (em dois e não em apenas um julgamento como se vê no filme) ele não teve qualquer ligação com a morte de Robert Ford, assassino de seu irmão Jesse James. No roteiro aqui Frank James sai no encalço de Robert Ford dentro de um estábulo. Na história real Ford foi morto em seu Saloon por um sujeito que queria ter a honra de matar o homem que matou Jesse James. Mesmo com a pouca fidelidade histórica o roteiro de “A Vingança de Frank James” é muito bem escrito, contando uma longa história sem se tornar cansativo e enfadonho. Além disso consegue se fechar muito bem em si mesmo. Tudo muito bem arranjado, mesmo que misture fatos reais com eventos meramente fictícios.
Houve uma mudança na direção. Saiu Henry King e entrou o genial Fritz Lang. Lang imprime um tom mais sério no filme mas ao mesmo tempo se mostra fiel à estrutura de dramaturgia do filme anterior. Os personagens de “Jesse James” que reaparecem aqui usam da mesma caracterização e tom, o que demonstra que Fritz Lang, apesar de ter sido um dos cineastas mais autorais da história do cinema mantém a espinha dorsal montada por Henry King em “Jesse James”. Fritz Lang foi escalado por Zanuck depois que esse teve alguns atritos com Henry King que não aceitava muito bem as inúmeras interferências do produtor em seu filme. O resultado final aqui como se nota é muito bom, mostrando que Fritz Lang também poderia ser um cineasta de estúdio, sem maiores vôos autorais como conhecemos de outros filmes seus.
Em termos de produção, nada a reclamar. Novamente se faz presente a mão forte de Darryl F. Zanuck como produtor. Embora não tenha sido creditado em “Jesse James” aqui ele fez questão de assinar o filme, fruto obviamente de seu grande sucesso. Ao lado de Fritz Lang construiu uma continuação de excelente nível. O produtor também interferiu bastante no roteiro e na escalação do elenco. Trocou alguns nomes e eliminou personagens. Foi dele inclusive a idéia de colocar cenas de “Jesse James” aqui no começo do filme (inclusive a cena da morte de Jesse, extraída da primeira produção com Tyrone Power sendo assassinado).
A Vingança de Frank James (The Return of Frank James, EUA, 1940) Direção: Friz Lang / Roteiro: Sam Hellman / Elenco: Henry Fonda, Gene Tierney, Jackie Cooper, Henry Hull, John Carradine / Sinopse: Após o assassinato de seu irmão Jesse James (Tyrone Power) o pistoleiro Frank James (Henry Fonda) decide ir atrás de seu assassino, Robert Ford (John Carradine).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
Jesse James
Um dos melhores motivos para se assistir “Jesse James” é o seu elenco. Tyrone Power está bem como o personagem principal, embora haja limitações em sua caracterização pois ele está de certa forma muito polido em cena (o verdadeiro Jesse James era mais turrão e rude). Melhor se sai Henry Fonda, com trejeitos rústicos do interior, sempre cuspindo fumo e com olhar de caipirão desconfiado. Sua atuação demonstra uma preocupação maior em construir um personagem mais próximo da realidade. Seu Frank James não aparece muito, mas quando surge chama bem a atenção. A atriz Nancy Kelly que faz a esposa de James surpreende em ótimas cenas. São dela inclusive os momentos mais dramáticos como àquele em que resolve ir embora com o filho recém nascido. Por fim, completando o núcleo do elenco principal temos Randolph Scott. Em papel coadjuvante o ator está excepcionalmente bem na pele de um sujeito que caça Jesse James no começo do filme, mas que depois compreende a situação do criminoso e acaba mudando de atitude, ajudando inclusive sua família.
Embota não tenha sido creditado o filme foi produzido pessoalmente pelo chefão da Fox, Darryl F. Zanuck. Isso significa que “Jesse James” contou com o melhor que estava disponível na época no estúdio. De fato a produção é de muito bom gosto, com boa reconstituição de época (inclusive no que diz respeito a pequenos detalhes como figurino). Há ótimas cenas de roubos de trens, bancos e perseguições. Uma sequência que inclusive chama a atenção até hoje é aquela em que Jesse e Frank James pulam com seus cavalos do alto de um despenhadeiro em um rio abaixo. Pela altura e pela coragem dos dublês o resultado final realmente impressiona. A nota triste é que os animais foram sacrificados após soltarem daquela altura o que levou o filme a ser enquadrado em uma lista do American Human Associate por crueldade animal em filmes de Hollywood.
Já em termos de direção, não há mesmo o que reclamar. O diretor Henry King soube ser conciso em “Jesse James” e realizou um trabalho enxuto e eficiente. Evitou glamorizar a vida do criminoso. Como o filme teve um cronograma de filmagens muito austero, o cineasta Henry King contou com a ajuda de outro diretor da Fox, Irving Cummings, que acabou não sendo creditado. Henry King aqui trabalhou novamente ao lado de um de seus atores preferidos, Tyrone Power. Juntos tiveram grandes êxitos de bilheteria em filmes de capa e espada – sendo esse “Jesse James” mais uma bem sucedida parceria entre eles, embora em um estilo completamente diferente. O filme foi a quarta maior bilheteria do ano só ficando atrás apenas de fenômenos como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”.
Jesse James (Jesse James, Estados Unidos, 1939) Direção: Henry King / Roteiro: Nunnally Johnson, Gene Fowler, Curtis Kenyon, Hal Long / Elenco: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, Donald Meek, John Carradine / Sinopse: Cinebiografia do famoso criminoso Jesse James (Tyrone Power) que ao lado de seu irmão Frank James (Henry Fonda) assaltava bancos, trens e diligências no velho oeste.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 5 de novembro de 2019
A Caçada
"A Caçada" é uma experiência que Henry Fonda fez em 1967. Ator consagrado de cinema aceitou realizar esse telefilme para a Universal. O curioso é que apesar de ser um produto televisivo "Stranger On The Run" não apresenta uma produção modesta, pelo contrário, o filme mostra uma boa reconstituição de época, inclusive com o uso de toda uma cidade cenográfica com direito a trilhos de ferrovia e trens antigos. Certamente não é um telefilme típico da TV americana dos anos 60. É bem melhor.
Henry Fonda surge em um papel diferente dos que estava acostumado a interpretar em filmes de western. Aqui ele não é um ás do gatilho e nem muito menos um pistoleiro profissional. Na realidade seu personagem Ben Chamberlain é apenas um cidadão comum acusado de um crime que não cometeu. Fonda como sempre está muito bem, numa interpretação muito coesa e adequada. Sua parceira em cena, Anne Baxter, também demonstra talento e carisma. O problema em termos de elenco surge na figura do ator Michael Parks que faz o xerife que caça Fonda. Sem muita expressão não consegue ficar à altura de Henry em nenhum momento. No elenco de apoio ainda temos Sal Mineo fazendo um membro do bando do Xerife.
"A Caçada" foi dirigido por Don Siegel, diretor de TV que depois iniciaria uma ótima parceria com Clint Eastwood em alguns dos mais lembrados faroestes da década de 1970. Pelo jeito tomou gosto pela mitologia do western. Então é isso, "A Caçada" é uma produção feita para a TV que está bem acima da média do que se produzia naquela década. É sem dúvida um filme menor dentro da rica filmografia do mito Henry Fonda mas não deixa de ser um bom western que merece ser redescoberto nos dias atuais.
A Caçada (Stranger On The Run, EUA, 1967) Direção: Don Siegel / Roteiro: Dean Riesner, Reginald Rose / Elenco: Henry Fonda, Anne Baxter, Michael Parks, Sal Mineo / Sinopse: Ben Chamberlain (Henry Fonda) é um forasteiro acusado injustamente de ter assassinado uma jovem. Lutando por sua vida foge para o deserto onde passa a ser caçado pelo xerife McKay (Michael Parks) e seu bando de auxiliares.
Pablo Aluísio.
sábado, 19 de janeiro de 2019
A Conquista do Oeste
Tinha tudo para ser um grande filme, mas acabou sendo prejudicado por suas próprias pretensões absurdas. Quando a Metro decidiu produzir esse faroeste resolveu que iria realizar "o filme definitivo" sobre o velho oeste. Para isso contratou três grandes diretores do gênero e um elenco milionário que contava com, entre outros astros, James Stewart, John Wayne e Gregory Peck. A promessa era de que haveria mesmo uma super produção vindo. Além disso contava com um novo sistema de exibição chamado Cinerama, que tinha como objetivo dar uma visão completa da cena para o público, com três enormes telas.
Infelizmente as coisas não foram bem. O excesso de atores, diretores e roteiristas só resultou em um filme longo, arrastado e superficial. Nenhum personagem tinha tempo de se desenvolver bem. Dizia-se na época que a Metro havia juntado três roteiros de três filmes diferentes em um só! Não poderia dar certo mesmo. Além disso o tal sistema de tela tripla cansava o espectador que em determinado momento não sabia nem em que direção deveria olhar. Mais uma experiência para atrair público que não havia dado muito certo. Revisto hoje em dia o filme não se sustenta muito. Todos os elementos estão lá, porém isso não resultou em um grande filme, mas apenas em um filme grande, longo demais, que acaba causando simples tédio.
A Conquista do Oeste (How the West Was Won, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford, Henry Hathaway, George Marshall, Richard Thorpe / Roteiro: James R. Webb, John Gay / Elenco: James Stewart, John Wayne, Gregory Peck, Henry Fonda, Debbie Reynolds, Karl Malden, George Peppard, Eli Wallach, Richard Widmark / Sinopse: São três histórias que se interligam e que contam a história da colonização do velho oeste americano, com seus pioneiros, cowboys, militares e fazendeiros. Todos em busca de uma vida melhor.
Pablo Aluísio.