terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

The Beatles - Let It Be (1970)

The Beatles - Let It Be (1970) - Fruto do projeto fracassado chamado Get Back o disco Let It Be foi o último disco oficial a ser lançado pelos Beatles (embora não fosse o último a ser gravado como muita gente pensa) e foi produzido por Phil Spector. A ideia inicial de Paul McCartney era filmar um grande documentário mostrando os Beatles dentro dos estúdios, criando e gravando a trilha sonora do filme para depois todos saírem em uma grande turnê em vários países. Deu com os burros n´água. Antes de mais nada as gravações dentro dos estúdios se tornaram um verdadeiro inferno, com os integrantes se ofendendo entre si a todo o tempo. Além do constante confronto entre Paul, George e John este ainda inventou de trazer a japonesa Yoko Ono para dentro de Abbey Road, causando mais aborrecimentos ainda ao resto do grupo e aos produtores do filme.

Para completar de afundar os planos de Get Back a ideia de sair novamente em turnê foi logo descartada pelos demais membros do grupo que não tinham mais a menor intenção de ter de arcar com toda a histeria da estrada, como nos tempos da Beatlemania. George Harrison odiou a ideia assim como John Lennon que não tinha mais nenhum interesse no grupo. Assim Get Back acabou afundando e sendo arquivado. Tudo o que restou foi um vasto material de cenas dos Beatles dentro do estúdio, ensaiando em uma Jam Session sem fim (e sem direção).  Quando o grupo finalmente rachou em 1969 a Apple resolveu ressuscitar o projeto. Trocaram o nome de tudo para Let It Be, contrataram uma boa equipe de cineastas para salvar o documentário e Lennon jogou nas mãos de Phil Spector os pedaços da sessões para que ele desse um jeito naquela bagunça sem fim.  Spector então arregaçou as mangas para encontrar em metros e metros de gravações, material suficiente para compor um disco que fosse comercialmente viável.

O resultado é irregular. Embora haja clássicos absolutos como Get Back, Let It Be, Across The Universe (pessimamente gravada na opinião de Lennon) e Long and Winding Road, a opção de Spector em dar um clima de descontração ao conjunto do disco - com bobagens ditas pelo próprio grupo entre as faixas, pedaços dispersos de músicas e piadinhas - não trouxe um produto à altura de um álbum dos Beatles. Do jeito que ficou mais parece um bootleg do que um disco oficial da gravadora do grupo. Certamente todo fã do conjunto britânico deve ter o álbum em sua discoteca mesmo que passe o resto da vida se lamentando que músicas tão belas não tenham sido lançadas em um disco ideal. Enfim é a vida...

1. Two of Us (Lennon / McCartney) - "Two of Us" é uma balada dos Beatles que sempre considerei subestimada. Nunca vi por aí muitos elogios sendo feitos a essa faixa. É uma criação de Paul McCartney, com pequenas contribuições de John Lennon. Gosto de seu lado acústico, fazendo inclusive com que a gravação tenha um aspecto de singeleza que deixa até uma impressão de que estamos ouvindo uma jam session e não uma gravação oficial dos Beatles. No disco original de 1970 o produtor Phil Spector conseguiu estragar a introdução da canção, colocando Lennon falando algumas bobagens antes da música começar. Nada a ver. Ficou fora de contexto, fora de nexo. Qual teria sido o motivo? Só o maluco do Spector poderia explicar. Penso que essa decisão de trazer uma espécie de som mais cru do disco não foi a melhor opção. Paul que sempre havia primado por belas produções nos discos dos Beatles ficou duplamente irritado quando ouviu o disco. Afinal nada havia sido passado por seu crivo pessoal. Uma bobagem atrás da outra.

2. Dig a Pony (Lennon / McCartney) - Canção composta por Lennon para Yoko Ono. Uma boa faixa, valorizada por bons arranjos criados por John e Paul. Apesar de ser uma canção bem gravada e tudo mais, acabou ganhando o desprezo de Lennon após o fim dos Beatles. Durante uma entrevista ele qualificou sua própria canção como "um lixo"! Não se deve dar ouvidos a John. Ele, depois do fim do grupo, começou a falar mal de muitas músicas e discos da banda, numa reação pouco racional, mais movida pela emoção e pelos problemas (inclusive legais) que ele enfrentou após o fim dos Beatles. Parecia que John queria destruir tudo o que era relativo aos Beatles, provavelmente tentando prejudicar os que ainda tinham direitos sobre as músicas e a marca comercial de seu antigo conjunto. A canção que foi originalmente chamada por John de "All I Want Is You" e acabou depois ganhando esse título mais original e mais criativo " Dig a Pony". Apesar do péssimo humor por parte de John em relação à música pode ouvir sem receios. É uma boa canção do álbum.

3. Across the Universe (Lennon / McCartney) - Outro grande momento de John Lennon em "Let It Be" é a canção "Across the Universe". Certamente é uma obra prima de Lennon. Uma música de melodia lindíssima, com letra igualmente inspiradora. John a compôs na Índia quando os Beatles foram se encontrar com o falso guru Maharishi Mahesh Yogi. De uma forma ou outra o clima espiritualista tocou profundamente a alma do Beatle, resultando em versos como esses: "Palavras flutuam como uma chuva sem fim em um copo de papel / Elas se mexem selvagemente enquanto deslizam pelo universo / Um monte de mágoas, um punhado de alegrias / Estão passando por minha mente / Me possuindo e acariciando / Glória ao maestro do universo / Nada vai mudar meu mundo". E a poesia de Lennon continuava: "Imagens de luzes quebradas / Que dançam na minha frente como milhões de olhos / Eles me chamam para ir pelo universo / Pensamentos se movem como um vento incansável / Dentro de uma caixa de correio / Elas tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho / Através do universo". John acabou não gostando da versão que foi gravada para o álbum "Let It Be". Ele acusou Paul diretamente de ter sabotado sua música. John afirmou anos depois em uma entrevista que os Beatles ficavam semanas trabalhando nos arranjos das músicas de McCartney e quando chegava na hora de gravar as suas músicas pintava um clima de preguiça e má vontade entre os demais Beatles. Verdade ou paranoia de John Lennon? Na minha opinião a gravação de "Across The Universe" que ouvimos aqui nesse disco é muito boa, com belos arranjos. Nem Phil Spector com toda a sua loucura conseguiu estragar a música. Tanto isso é verdade que até hoje é uma das músicas mais celebradas da discografia dos Beatles. Não penso que as acusações de John tinham algum fundo de verdade. Ele estava apenas magoado com Paul e resolveu soltar farpas contra ele pela imprensa. Algo até bem injusto. O fato inegável é que "Across The Universe" é uma obra prima irretocável dos Beatles. Uma música eterna.

4. I Me Mine (Harrison) - George Harrison já vinha numa relação conturbada com John quando finalmente entrou no estúdio para gravar essa bela balada chamada "I Me Mine". O fato é que após uma briga entre eles, John simplesmente boicotou a faixa do colega de banda, não aparecendo nas sessões de gravação dessa canção. Apenas Paul e Ringo participaram. A ausência de John Lennon obviamente é sentida, porém os três Beatles restantes acabaram fazendo uma bela gravação. O refrão era um exemplo de auto afirmação de Harrison em relação ao seu talento. Depois de ficar anos e anos na sombra de John e Paul ele cantava no refrão versos como: "Por todo o dia eu sou mais eu, sou mais eu, sou mais eu / Por toda a noite, eu sou mais eu, sou mais eu, sou mais eu / Agora estão com medo de largar / Todos estão tramando / Tornando-se mais forte o tempo todo / Por todo o dia eu sou mais eu / Eu, depois eu, depois eu / Eu, depois eu, depois eu / Tudo o que eu escuto sou mais eu, sou mais eu, sou mais eu / Até aquelas lágrimas, sou mais eu, sou mais eu, sou mais eu". A letra, como visto, podia ser encarada até mesmo como uma grande indireta contra a dupla Lennon e McCartney. Uma mensagem do tipo "Vocês são bons, mas eu sou mais eu!". Provavelmente Lennon tenha entendido isso e caído fora de sua gravação justamente por essa razão.

5. Dig It (Lennon / McCartney / Harrison / Starkey) - Não espere muito de "Dig It". Essa música é um besteirol Lenniano, como gostava de dizer Paul. Na verdade a gravação original é longa (e chata). Phil Spector resolveu cortar quase tudo, deixando no disco oficial apenas uma amostra de pouco mais de 50 segundos! Soa quase como uma introdução de "Let it Be". Não ficou bom. Melhor teria sido deixado essa jam session besteirol de fora do disco. Não acrescenta nada e nem está completa. Então porque lançar no álbum? Provavelmente Phil Spector a adicionou por gratidão (ou medo) de John Lennon. Afinal foi John quem o contratou para produzir o material que havia sido gravado.

6. Let It Be (Lennon / McCartney) - Paul McCartney compôs a música "Let It Be" em homenagem à memória de sua mãe, falecida muitos anos antes, quando ele era ainda um adolescente. Assim como John Lennon havia feito em "Julia" do Álbum Branco, Paul pensou que havia chegado sua hora de lembrar de sua mãe Mary. A música abria com o seguinte estrofe: "When I find myself in times of trouble / Mother Mary comes to me /  Speaking words of wisdom, let it be". Esses versos chamaram a atenção dos fãs dos Beatles. Houve uma certa especulação quando a música chegou no mercado de que Paul estava fazendo uma referência a Mary (Maria), mãe de Jesus. Seria uma canção religiosa? Anos depois, já com o fim dos Beatles, Paul finalmente explicou a letra dizendo: "Não é uma música sobre Maria, Nossa Senhora, mas sim sobre Mary, minha mãe. Ela era enfermeira em Liverpool, morreu muito jovem e minhas lembranças foram se apagando com o passar dos anos. Eu fiz a música pensando exclusivamente sobre ela. Quando ela voltava do hospital tarde da noite ou pela manhã, sempre me trazia algum presentinho, um carrinho de plástico ou qualquer outra coisa. Ela também sempre tinha palavras que me acalmava. Por isso a letra traz memórias que ainda tenho de sua presença calma e tranquilizadora".

7. Maggie Mae (Harrison) - O disco "Let It Be" chegou ao mercado montado pelo produtor Phil Spector. Ele resolveu aproveitar pequenos trechos de ensaios, em que os Beatles apenas brincavam no estúdio, em estilo jam session, sem qualquer compromisso, para encaixar entre as faixas principais do disco. Uma dessas canções em pedaços foi "Maggie Mae", uma musiquinha bem básica, com acordes engraçadinhos, que John e Paul tocaram nos estúdios, sem jamais pensar que ela iria parar em um disco oficial dos Beatles. A letra relembrava uma prostituta de Liverpool, dos tempos de adolescência de John e Paul. Inicialmente Paul McCartney ficou bem aborrecido em saber que a música iria fazer parte do repertório de "Let It Be", mas como as cópias já estavam sendo prensadas, não havia mais o que fazer. Para falar a verdade Paul nunca gostou de Phil Spector que só foi contratado por decisão de John Lennon, sem consultar os demais membros da banda.

8. I've Got a Feeling (Lennon / McCartney) - Por falar em criações da dupla Lennon e McCartney, o blues "I've Got a Feeling" foi uma das últimas parcerias deles. Uma canção feita face a face, com ambos trabalhando e dando sugestões dentro do estúdio. Paul trouxe o esboço inicial e John começou a acrescentar notas, versos, instrumentos e arranjos. Acabou sendo uma das melhores faixas do disco. O curioso é que John e Paul quiseram imprimir na canção um certo tom de relaxamento, quase como se fosse uma jam session dentro dos estúdios. Só que tudo isso era obviamente bem trabalhado pela dupla. John Lennon resolveu inserir uma indireta para sua primeira esposa, Cynthia, nos versos da canção, quando canta "Oh, por favor acredite em mim, eu odiaria perder o trem / E se você me deixar por causa disso, eu não me atrasarei". Acontece que ela havia perdido o trem quando os Beatles foram para a Índia. Isso irritou profundamente John. Assim o Beatle passou meses longe dela, o que segundo ele próprio serviu para criar um fosso emocional entre o casal. Depois disso Yoko entrou na vida de John e o casamento deles acabou de vez. Já Paul resolveu escrever algumas linhas mais românticas para a música. É dele a seguinte estrofe: "Todos esses anos eu tenho andado por aí / Intrigado como é que ninguém veio me dizer / Que toda a minha procura se resumia a alguém / Que se parecesse contigo". Palavras escritas para Linda, o novo amor na vida de Paul. Afinal Jane Asher naquele momento já era passado.

9. One After 909 (Lennon / McCartney) - Uma das curiosidades mais interessantes do disco "Let It Be" foi a inclusão de uma nova versão para a música "One After 909". Na época os fãs dos Beatles não sabiam e nem foram informados sobre isso, mas essa canção que parecia ser uma doce novidade, uma criação inédita, era na verdade uma das mais antigas composições da dupla Lennon e McCartney. Na realidade esse excelente rock foi composto por John e Paul quando eles eram apenas adolescentes em Liverpool. Foi uma das primeiras experiências deles em criar seu próprio material. Uma música que foi escrita ainda nos anos 50. Pois bem, os Beatles já tinham gravado uma versão do rock na primeira metade dos anos 60. A versão ficou muito boa, realmente excelente. Quem tiver dúvidas ouça as versões gravadas em Abbey Road que foram lançadas no Anthology. Apesar dos bons resultados o que aconteceu a seguir segue sendo uma incógnita. A EMI Odeon simplesmente arquivou a gravação e ela ficou fechada nos porões da gravadora por longos anos! Inexplicavelmente aliás porque era uma versão tecnicamente muito boa. Durante as sessões do "Let It Be" John então resolveu trazer ela de novo, meio que na base da Jam Session, mas que acabou pegando. A versão dos Beatles nesse álbum também é muito boa. Esse é de fato um rock à prova de falhas, com guitarras fortes e aquele sentimento rockabilly que Lennon tanto adorava.

10. Long and Winding Road (Lennon / McCartney) - Uma das coisas que mais irritaram Paul McCartney quando finalmente ouviu o disco oficial "Let It Be" foi a forma como o produtor Phil Spector tratou sua criação "The Long and Winding Road". Para Paul os arranjos ficaram ruins, exagerados, bem de acordo com a "parede de som" que era característica de Spector. Definitivamente McCartney não queria aquele tipo de sonoridade para sua música, porém quando Paul finalmente a ouviu já era tarde demais. Os discos estavam prensados e nas lojas. Não tinha mais volta, era segurar a raiva e seguir em frente. Ele ainda iria reclamar disso em inúmeras entrevistas ao longo dos anos, mas definitivamente já era tarde demais."The Long and Winding Road" foi composta por Paul após o fim de seu longo relacionamento com a atriz Jane Asher. Ela foi a namorada de Paul durante praticamente toda a sua carreira ao lado dos Beatles. Todas as grandes composições dele nessa época foram criadas em cima de seu romance com Jane. Quando o namoro acabou Paul ficou bem arrasado e criou essa bela balada romântica, um adeus final aos anos que passou ao lado de Jane. Curiosamente Jane também foi responsável por ter jogado fora muitas músicas compostas por Paul e John durante a fase dos Beatles. Durante uma faxina ela resolveu jogar no lixo um monte de papéis. Eram letras de música de John e Paul - imaginem o tamanho do prejuízo histórico que isso causou! Mesmo assim, Paul realmente a amava e achava que um dia iria se casar com ela. Aliás todos os demais Beatles pensavam que eles iriam se casar algum dia. Infelizmente isso nunca aconteceu.

11. For You Blue (Harrison) - "For You Blue" foi composta por George Harrison. Em um álbum que trazia também "I Me Mine", considerada por muitos uma das melhores composições de Harrison, ela acabou ficando um pouco ofuscada. Mesmo assim gosto bastante da faixa. Algumas pessoas implicam com o uso da chamada sleep guitar, mas eu pessoalmente gosto desse tipo de sonoridade. Harrison acabou levando esse estilo para muitos de seus discos na carreira solo. Inclusive quando os três Beatles remanescentes resolveram gravar duas faixas no projeto "Anthology", Paul implicou com seu uso em "Free as a Bird" justamente por ter se tornado marca registrada de George. Se a faixa é bem arranjada e produzida, já não digo o mesmo de sua letra que em minha opinião é básica. Confira: "Porque você é bonita e adorável, garota, eu te amo / Porque você é bonita e adorável, garota, é verdade / Eu te amo mais do que amei a qualquer outra garota / Eu te quero de manhã, eu te amo / Eu te quero no momento em que me sinto triste / Eu vivo cada momento para você garota". Como se pode perceber os versos são bem simples. Amor colegial.

12. Get Back (Lennon / McCartney) - O curioso é que o álbum nem iria se chamar "Let It Be" mas sim "Get Back", que era um rock forte, com muita pegada, uma música também composta por Paul. Só nos últimos momentos, bem antes do lançamento do filme e do disco, é que Paul mudou de ideia, fazendo com que a balada sentimental e nostálgica "Let It Be" finalmente viesse a dar o título do disco como também do filme que estava sendo lançado. John Lennon cismou com a letra de "Get Back". Havia uma parte em que Paul cantava, olhando para Yoko Ono, em que ele dizia para ela voltar para o lugar de onde veio. John encarou isso como uma provocação direta de Paul e resolveu tomar satisfações. O clima que já não era bom dentro dos Beatles piorou, mas Paul não comprou briga, afirmando diplomaticamente para John que tudo não passava de paranoia de sua cabeça, uma vez que a canção não era sobre Yoko.

The Beatles - Let It Be (1970): John Lennon (Guitarra, violão, piano e vocal) / Paul McCartney (Baixo, violão, guitarra, piano e vocal) / George Harrison (Guitarra, violão e vocal) / Ringo Starr (Bateria) / Billy Preston (teclados) / Produção: Phil Spector / Selo: Apple - Emi Odeon / Data de gravação: 2 a 31 de Janeiro de 1969 (Apple Studios, Savile Row) e Janeiro de 1970 e Março de 1970 (Abbey Road Studios, Londres) / Data de Lançamento: 8 de maio de 1970 / Melhor Posição alcançada nas paradas: 1 (Inglaterra) e 1 (Estados Unidos).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Maria Antonieta

Título no Brasil: Maria Antonieta
Título Original: Marie-Antoinette
Ano de Produção: 2006
País: Canadá, França
Estúdio: GMT Productions, Télé-Québec
Direção: Francis Leclerc, Yves Simoneau
Roteiro: Jean-Claude Carrière
Elenco: Karine Vanasse, Olivier Aubin, Marie-Eve Beaulieu, Danny Gilmore, Hélène Florent
  
Sinopse:
Marie-Antoinette (Karine Vanasse) é uma jovem duquesa austríaca, filha da imperatriz Maria Teresa, que é dada em casamento ao futuro Rei da França, Louis XVI (Olivier Aubin). Ela chega a Paris com apenas 14 anos de idade. Após a morte do Rei Luís XV ela se torna Rainha da França, em um dos períodos mais turbulentos da história, com a eclosão da Revolução Francesa. Filme premiado pela Visual Effects Society Awards.

Comentários:
Produção franco canadense, muito bem realizada, que se propõe a contar a história da Rainha Marie-Antoinette (1755 - 1793). A estrutura do filme é bem interessante, quase adotando uma postura de semi documentário. Há uma narração que vai da primeira a última cena, tal como se houvesse alguém narrando um livro de história (ou um conto de fadas, dependendo do ponto de vista). A história de Maria Antonieta já é por si só por demais interessante, pois ela foi o símbolo do Antigo Regime, absolutista, com todos os exageros de luxo e poder, enquanto o povo francês padecia de uma grave crise, com fome e miséria por todo o reino. A rainha e o marido subiram ao poder ainda muito jovens, viviam alienados entre os muros do fabuloso palácio de Versalhes. O resultado de uma situação como essa não poderia ser diferente, pois logo explodiu um movimento revolucionário de consequências trágicas para toda a família real. Obviamente houve erros por parte de Luís XVI e Maria Antonieta, mas o filme também procura mostrar que eles também foram vítimas de injustiças, principalmente em seus julgamentos, verdadeiras farsas que visavam apenas punir e matar os membros da monarquia. Um dos pontos altos desse filme é a atuação da bela atriz canadense Karine Vanasse. Além de ser parecida com a rainha, ela ainda demonstra um grande carisma em cena. Outro ponto digno de nota é que o roteiro procurou colocar nos diálogos trechos de cartas que foram escritas pela própria Maria Antonieta, fazendo com que tudo seja historicamente ainda mais preciso. Um filme muito interessante para quem deseja conhecer melhor a vida da última rainha francesa.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Angústia

Título no Brasil: Angústia
Título Original: The Locket
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: John Brahm
Roteiro: Sheridan Gibney
Elenco: Laraine Day, Robert Mitchum, Brian Aherne

Sinopse:
A jovem e adorável Nancy (Laraine Day) parece ser a mulher ideal para se casar com o respeitável John Willis (Gene Raymond). O casamento é marcado, mas poucos momentos antes da cerimônia Wills é abordado por Harry Blair (Brian Aherne) que tenta convencer John a desistir do casamento o mais rapidamente possível! O motivo? Nancy seria sua esposa, uma mulher que tem muitos segredos em seu passado, uma mentirosa compulsiva, cleptomaníaca, que inventou toda uma farsa sobre sua vida para enganar seu futuro marido, o promissor John Willis. Afinal quem estaria realmente contando a verdade?

Comentários:
Em filmes do estilo noir é de se esperar que nada seja o que aparenta ser. Um exemplo perfeito encontramos aqui nesse roteiro. A personagem Nancy (interpretado pela linda atriz Laraine Day, parece realmente ser uma dama da sociedade, a mulher perfeita para se casar e constituir uma família. Pelo menos assim pensa seu noivo. Imagine tudo ruir com o surgimento de um perfeito estranho afirmando que sabe todos os podres de seu passado e como se isso não fosse ruim o suficiente ainda revela ser ele o verdadeiro marido dela! O enredo se passa todo na alta sociedade de New Orleans, então a direção de arte é realmente um destaque, com figurinos bonitos e estilosos. A cena em que Laraine Day vestida de noiva não aguenta a pressão psicológica pela qual está passando é realmente um primor de interpretação por parte da atriz (que injustamente não foi indicada ao Oscar, embora todos estivessem esperando pelo grande prêmio da Academia por sua inspirada atuação). "The Locket" ainda traz uma trama inteligente e intrigante, que leva o espectador e ter dúvidas até praticamente seu final. Se você é cinéfilo e gosta de filmes noir não deixe de conferir esse pequeno clássico dramático do pós-guerra.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Tensão em Shangai

Título no Brasil: Tensão em Shangai
Título Original: The Shanghai Gesture
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Josef von Sternberg
Roteiro: Josef von Sternberg, Geza Herczeg
Elenco: Gene Tierney, Walter Huston, Victor Mature
  
Sinopse:
Poppy (Gene Tierney) é uma jovem garota que decide tentar a sorte na distante e exótica Xangai, onde acaba conhecendo Madame Gin Sling (Ona Munson), uma mulher muito determinada que conseguiu sair da pobreza absoluta para o sucesso empresarial ao inaugurar um cassino na cidade. Sir Guy Charteris (Walter Huston) é um empresário estrangeiro que vai a Xangai em busca de novos investimentos. Lá começa a adquirir grandes áreas para seus empreendimentos comerciais. Logo percebe que a casa comandada por Gin Sling tem grande valor empresarial, mas a velha senhora se recusa a vender o seu cassino. O que ele nem desconfia é que tem um passado em comum com a jovem Poppy, que agora trabalha sob as ordens de Madame Sling.

Comentários:
O oriente sempre exerceu um grande poder de atração sobre os americanos em geral. Sabendo disso Hollywood começou a explorar dramas e aventuras passadas em terras distantes como a China ou a Indochina (atual Vietnã). Essa produção da United Artists vai por esse caminho. O filme foi todo rodado em Chinatown, bairro de imigrantes orientais em Los Angeles. A arquitetura e os costumes do local serviram para recriar a Xangai do roteiro. No elenco o forte ator Victor Mature (que iria virar um ídolo nos anos seguintes) fez um dos seus primeiros trabalhos no cinema. O curioso aqui é que o diretor austríaco Josef von Sternberg decidiu deixar os ares de aventura exótica de lado, como queriam os produtores, para investir mais no lado dramático dos personagens principais. Assim o enredo se revela quase como uma novela, onde traições e reviravoltas na trama (incluindo aí a revelação de uma filha desconhecida) dão as cartas na estória. Não é um aspecto muito surpreendente pois a peça que deu origem ao filme chamada "Mother Goddam" era realmente um drama pesado, com muitas lágrimas e momentos de tensão e tristeza. Sternberg sabia muito bem disso e não quis ser desrespeitoso com o autor Geza Herczeg (que gentilmente colaborou no roteiro). A obra original que estreou na Broadway com grande sucesso na década de 1920 inclusive inspirou o lendário Cecil B. DeMille a também realizar sua própria versão do texto em 1929. Em conclusão temos aqui um filme muito honesto em suas pretensões cinematográficas. 

Pablo Aluísio.

Diário de um Pároco de Aldeia

Título no Brasil: Diário de um Pároco de Aldeia
Título Original: Journal d'un Curé de Campagne
Ano de Produção: 1951
País: França
Estúdio: Union Générale Cinématographique (UGC)
Direção: Robert Bresson
Roteiro: Georges Bernanos, Robert Bresson
Elenco: Claude Laydu, Nicole Ladmiral, Jean Riveyre

Sinopse:
Após se formar no seminário um jovem padre é enviado pela Igreja Católica para assumir a pequena e distante paróquia de Ambricourt, no interior rural da França. Lá acaba encontrando um rebanho disperso, desinteressado e pouco religioso. Sua situação é agravada por uma crise existencial que coloca em dúvida até mesmo sua vocação para o sacerdócio. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator Estrangeiro (Claude Laydu). Filme vencedor do Festival de Veneza nas categorias de Melhor Direção (Robert Bresson) e Melhor Roteiro Adaptado.

Comentários:
Um drama delicado e muito bem escrito baseado na prestigiada novela escrita por Georges Bernanos. O local é uma região pobre e distante na França rural do começo do século XX. É justamente para lá que é enviado um padre recém formado no seminário. Assim que chega ele logo percebe que as coisas não serão simples ou fáceis. O povo local anda apático, sem esperanças. A igreja vive vazia e nem mesmo as crianças parecem interessadas em fazer o catecismo. Some-se a isso a precariedade da paróquia que sequer tem energia elétrica. Sem dinheiro ou meios adequados, o jovem sacerdote precisa se deslocar numa velha bicicleta em vielas cheias de lama e buracos. Um dos momentos mais interessantes acontece quando o padre encontra seu superior, um homem já muito vivido pelo tempo que lhe dá uma grande lição de vida ao lhe explicar que bons padres nem sempre são amados por seus fiéis, mas sim respeitados. No fundo, na essência desse enredo, o mais relevante é presenciar o cotidiano de um padre francês que luta contra todas as adversidades possíveis e imagináveis para reafirmar sua fé católica em um mundo melhor. Através de uma narração em off, onde ele escreve suas memórias em um diário o espectador vai conhecendo seus pensamentos e sua visão de mundo. O ator Claude Laydu enriquece o filme ao disponibilizar uma atuação de introspecção, onde ele tenta passar ao espectador todo o conflito interno pelo qual passa em sua mente. Enfim, temos aqui um belo drama com todos os ingredientes que já conhecemos tão bem do prestigiado e intelectualizado cinema franco.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Os Irmãos Karamazov

Título no Brasil: Os Irmãos Karamazov
Título Original: The Brothers Karamazov
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Julius J. Epstein
Elenco: Yul Brynner, Maria Schell, Claire Bloom, Lee J. Cobb, William Shatner, Richard Basehart

Sinopse:
O filme conta a história de três irmãos que vivem na Rússia czarista na década de 1870. O mais velho deles é o tenente Dmitri Karamazov (Yul Brynner), homem honesto, mas problemático, sempre envolvido com dívidas de jogo e mulheres sem reputação. O irmão do meio é o escritor e jornalista Ivan Karamazov (Richard Basehart). Por fim há o caçula Alexi Karamazov (William Shatner) que resolve dedicar sua vida à santidade, se tornando monge da Igreja. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Lee J. Cobb). Também indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival.

Comentários:
"Os Irmãos Karamazov" de Fyodor Dostoevsky é uma das obras mais importantes da literatura russa. Adaptar um romace como esse, com centenas de páginas, para um filme de pouco mais de duas horas de duração nunca foi uma tarefa fácil. Mesmo assim o diretor Richard Brooks conseguiu realizar um bom filme. Nessa trama envolvendo a família Karamazov há praticamente de tudo: assassinatos, traições, duelos, etc. Até mesmo há uma mulher chamada Grushenka (Maria Schell) que é disputada entre pai e filho. Ao assistir a esse filme o espectador vai perceber que em determinados momentos o enredo pode parecer truncado, com situações forçadas que acontecem rápido demais. Isso se deve mesmo ao fato de se adaptar um livro longo para um filme de limitada duração. Assim quando o tenente  Dmitri Karamazov (Yul Brynner) cai de amores por Grushenka, praticamente da noite para o dia, ficamos com aquela sensação de que aquilo aconteceu de forma rápida demais. O que no livro levam páginas e mais páginas, capítulos e mais capítulos, acaba ocorrendo no filme entre uma cena e outra. Por isso é necessário ter uma certa consciência disso para que o filme realmente funcione bem. Outro aspecto que temos que levar em conta é que na Rússia do século XIX havia um outro código de honra, outros valores que atualmente não fazem muito sentido. Assim quando o garotinho filho do velho capitão Snegiryov cai doente, com vergonha das atitudes de seu pai, há uma certa sensação de que nada daquilo faz muito sentido. Sem colocar o contexto histórico na equação, de fato essa parte da dramaturgia não funciona. A despeito dessas observações ainda considero uma bela obra cinematográfica, valorizada por uma boa produção, elenco afinado (até o "capitão Kirk" William Shatner funciona como um monge!) e roteiro coeso, que no final fez o que era possível para trazer a monumental obra escrita por Dostoevsky para as telas de cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Com a Maldade na Alma

Filme realmente muito bom, mas pouco lembrado nos dias de hoje. A história começa em 1927, numa daquelas belas mansões sulistas, com suas colinas romanas brancas e todo o luxo e charme das antigas fazendas de algodão da região. É lá que vive Charlotte Hollis e seu pai, um milionário da Louisiana. É uma noite de baile, com Charlotte radiante pois está ao lado de seu amado noivo. O problema é que seu pai descobriu que o sujeito não passa de um vigarista. Além de estar obviamente de olho em sua fortuna, o playboy esconde ainda algo pior do que se imaginava: ele já é um homem casado! Claro que a revelação feita a Charlotte a deixa enlouquecida! Mais grave do que isso, seu noivo é morto brutalmente naquela mesma noite. O que era classe e sofisticação vira barbárie e crime.

Assim o filme avança no tempo. Quando o espectador percebe a história vai para 1964. O tempo passou. A doce e debutante Charlotte Hollis envelheceu sozinha, sem ter se casado e com a infâmia de ter sido acusada de ser a assassina de seu noivo. Agora o interessante: o roteiro que escondeu o tempo todo o rosto de Charlotte mostra sua face pela primeira vez. Nessa fase de velhice ela assume as feições da maravilhosa atriz Bette Davis. Aliás um papel ideal para a grande dama da atuação. A personagem de Charlotte na velhice é um prêmio para ela! Escondida da sociedade na velha mansão, com fama de ser a louca da região, ela passa os seus dias sendo atormentada pelos fantasmas do passado. A antiga casa da fazenda foi desapropriada pelas autoridades para a construção de uma rodovia, mas ela se recusa a sair de lá. Criando um impasse chega sua prima distante, Miriam (na interpretação de outro mito do cinema, Olivia de Havilland), para tentar convencê-la a ir embora. É um filme de muitas nuance psicológicas. Os principais personagens não parecem ser o que são na verdade, por isso fique atento. Os que são pura bondade e graça na verdade escondem intenções de pura ganância.

Esse clássico do cinema assim fecha seu ciclo trafegando em vários gêneros. Há o suspense e até mesmo o horror proveniente das supostas aparições dos fantasmas do passado, o drama representado pela triste situação de Charlotte que vê sua vida cair em desgraça e até mesmo um aspecto de filme noir nas intenções não confessadas de se colocar as mãos em sua fortuna. Tudo muito bem mesclado em um roteiro realmente excepcional, valorizado bastante pelas grandes atrizes em cena. Confesso que me surpreendi, sendo desde já um dos melhores filmes da carreira de Bette Davis, uma atriz cuja filmografia foi realmente inigualável.

Com a Maldade na Alma (Hush...Hush, Sweet Charlotte, Estados Unidos, 1964) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Henry Farrell, Lukas Heller / Elenco: Bette Davis, Olivia de Havilland, Joseph Cotten, Agnes Moorehead / Sinopse: Charlotte Hollis (Davis) é uma velha senhora, com fama de louca e assassina, que mora em um velho casarão do começo do século XX. Quando sua propriedade é desapropriada pelas autoridades ela precisa sair do lugar. Sua prima Miriam (Havilland) chega então para tentar convencê-la a ir embora, mas não sem antes que todos os fantasmas do passado voltem para atormentar ainda mais Charlotte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Agnes Moorehead), Melhor Fotografia (Joseph F. Biroc), Melhor Direção de Arte (William Glasgow e Raphael Bretton), Melhor Figurino (Norma Koch), Melhor Edição (Michael Luciano) e Melhor Música Original ("Hush...Hush, Sweet Charlotte"). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Agnes Moorehead).

Pablo Aluísio.

O Inferno Nº 17

Título no Brasil: O Inferno Nº 17
Título Original: Stalag 17
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder, Edwin Blum
Elenco: William Holden, Don Taylor, Otto Preminger, Robert Strauss, Harvey Lembeck, Richard Erdman

Sinopse:
Um grupo de militares americanos são feitos prisioneiros em um campo de concentração nazista durante a II Guerra Mundial. Eles fazem vários planos de fuga, mas todos eles são descobertos pelos alemães. Quem seria o traidor que estaria entregando seus próprios companheiros da farda para o inimigo? Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Strauss) e Melhor Direção (Billy Wilder). Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator (William Holden).

Comentários:
Billy Wilder foi um dos grandes diretores da história de Hollywood. Disso poucos duvidam. Só que aqui nessa produção ele errou a mão. No enredo temos um grupo de americanos que caíram nas mãos dos alemães durante a guerra. Eles estão alojados no pavimento 17 desse campo. Assim o roteiro vai desenvolvendo as características de cada personagem com muito humor. O humor aliás é o grande problema desse filme. Se Wilder, com essa mesma história, tivesse feito um drama de guerra teríamos em mãos um clássico, sem dúvida. Porém com esse humor rasteiro, muitas vezes pastelão, a coisa toda ficou terrivelmente datada. Some-se a isso o problema básico de inserir cenas cômicas nesse tipo de cenário. Numa das cenas um grupo de prisioneiras russas são levadas para banho e higienização. Ora, a cena lembra demais as fileiras de pessoas que eram conduzidas para a câmera de gás. Seria necessário mesmo tentar arrancar algo engraçado de uma situação dessas, ainda mais poucos anos depois que o mundo descobriu o holocausto? Certamente foi uma bola fora de Wilder, que inclusive tinha origens judaicas! Em termos de elenco temos um grupo de atores bem homogêneo, separados entre os humoristas e os que tentam trazer alguma carga dramática ao filme. Entre eles quem se destaca é o astro William Holden. Ele interpreta esse sargento que tenta com esperteza sobreviver no campo, inclusive fazendo amizade com os guardas nazistas! Por isso todos começam a pensar que ele seria o traidor dos demais americanos. Mas será que ele seria mesmo o culpado? O trabalho de Holden lhe valeu o Oscar de melhor ator daquele ano. Um exagero! Não há nada demais em sua atuação. Aliás o ator fez dezenas de outros trabalhos mais consistentes e interessantes e nunca foi premiado por esses outros filmes! Coisas absurdas que aconteceram na história da Academia. Então é isso. Um filme apenas mediano que curiosamente foi estragado em parte justamente pelo humor fora de hora e inconveniente de Billy Wilder.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Garotas e Mais Garotas

Título no Brasil: Garotas e Mais Garotas
Título Original: Girls! Girls! Girls!
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Allan Weiss, Edward Anhalt
Elenco: Elvis Presley, Stella Stevens, Jeremy Slate, Laurel Goodwin, Benson Fong, Robert Strauss

Sinopse:

O sonho de Ross Carpenter (Elvis Presley) é ter seu próprio barco de pesca, onde ele poderá finalmente ter uma renda fixa e segura. A oportunidade surge quando seu ex-patrão resolve colocar algumas embarcações à venda. Ross porém não tem ainda o dinheiro suficiente, que ele espera levantar cantando nos bares e nightclubs locais.

Comentários:
Mais uma comédia romântica musical com Elvis Presley nos anos 60. Esse tipo de filme fazia bastante sucesso e Elvis conseguia não apenas emplacar sucessos de bilhterias como também discos nas paradas musicais, pois nessa época suas trilhas sonoras faziam bastante sucesso. A fórmula era basicamente a mesma: Elvis interpreta um sujeita boa pinta que geralmente era disputado por duas mulheres (uma mais jovem e uma mais velha) enquanto desfilava seus sucessos em cenas de canto e dança. Esse "Girls! Girls! Girls!" foi filmado no mesmo estúdio, com o mesmo diretor e roteirista de "Feitiço Havaiano", o grande sucesso de Elvis nos cinemas. A trilha sonora trazia uma sonoridade mais caribenha, apesar do filme ter sido todo filmado nas ilhas havaianas (em lugares que deram uma bonita fotografia à produção). De quebra ainda trouxe alguns his como "Return to Sender" (que vendeu milhões de cópias de seu single) e o tema principal, um cover do grupo The Drifters. Por fim um detalhe curioso e interessante: esse filme acabou sendo indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical do ano. Algo que era até bem raro em termos de filmografia de Elvis Presley. 

Pablo Aluísio.

A Dança dos Vampiros

Quando assisti a esse filme pela primeira vez ainda era um garoto, nos anos 80, quando ele era reprisado com até certa frequência no Supercine da Rede Globo. Claro que na época me diverti bastante. O filme era uma sátira bem construída em cima do mito do Conde Drácula. Na época em que foi produzido o diretor Roman Polanski não conseguiu os direitos autorais da famosa criação de Bram Stoker, então ele criou um vampiro genérico, com todas as características do famoso nobre do livro original. Aqui o vampiro se chama Conde von Krolock. Sua existência real é cercada de mitos e lendas. Para o professor Abronsius (Jack MacGowran) e seu assistente Alfred (interpretado pelo próprio Roman Polanski) essa criatura da noite se torna justamente o que eles procuravam há tempos. O atrapalhado professor, uma mistura de Van Helsing com Albert Einstein, foi praticamente expulso do meio acadêmico justamente por afirmar que vampiros eram reais e que existiam. Agora ele tem a grande chance de provar sua teoria.

O roteiro é pura cultura pop. Provavelmente esse seja o filme mais diferenciado da filmografia de Roman Polanski pois ele não quis nada com o cinema mais cult e de arte, optando pela pura diversão pipoca. No geral é um terror em tom de comédia, com excelentes sequências de bom humor. O personagem do professor Abronsius é bem caricato e não ficaria deslocado em um filme de Jerry Lewis, por exemplo. O ator que o interpreta, Jack MacGowran, hoje é pouco lembrado (ele faleceu em 1973), mas tinha grande talento e uma longa carreira quando foi contratado por Polanski para atuar nesse filme. Em termos de atuação ele é o destaque absoluto do filme. Além dele destaco no elenco a presença da atriz Sharon Tate. Uma mulher linda que teve um caso com Polanski e que estava esperando um filho dele quando foi brutalmente assassinada pelo bando de psicopatas drogados comandados por Charles Manson dois anos depois que atuou nesse filme. Uma coisa terrível. Enfim, "A Dança dos Vampiros" ainda mantém seu charme nostálgico original, embora deva reconhecer que nessa segunda revisão já não me diverti tanto como na primeira vez que o vi. Provavelmente isso tenha acontecido porque afinal de contas não tenho mais 14 anos de idade.

A Dança dos Vampiros (Dance of the Vampires, Inglaterra, Estados Unidos, 1967) Direção: Roman Polanski / Roteiro: Gérard Brach, Roman Polanski / Elenco: Jack MacGowran, Roman Polanski, Sharon Tate, Ferdy Mayne, Alfie Bass, Terry Downes / Sinopse: Em busca de provas que os vampiros são reais e realmente existem, o professor Abronsius (Jack MacGowran) e seu assistente Alfred (Polanski) viajam até o leste europeu. Ao chegaram numa pequena vila descobrem que há um castelo na região, onde habita uma figura sinistra chamada Conde von Krolock (Ferdy Mayne). Segunda lendas ele seria um vampiro que sequestra donzelas das pequeninas vilas vizinhas. O tipo ideal para provar a teoria do velho e atrapalhado professor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei

Na década de 1960 o ator Marlon Brando fez um de seus westerns mais singulares. Era "Sangue em Sonora" onde o astro cavalgava pelas regiões menos acolhedoras do velho oeste. Agora outro bom ator, Ed Harris, resolveu realizar um novo filme baseado no mesmo livro que deu origem ao filme de Brando. Não se pode considerar um remake, mas sim um filme que procura ser mais fiel à obra literária original. O enredo lida com as desilusões de um velho xerife que vendo sua vida passar e a velhice chegar resolve se envolver com uma mulher de má reputação. Acompanhado de um leal ajudante ele tenta trazer algum sentido para sua vida emocional, mesmo que para isso tenha que ser praticamente desmoralizado na cidade onde vive e trabalha. O problema é que a mulher que ele deposita todas as suas fichas também vira alvo de desejo de seu parceiro. Esse western recente foi dirigido pelo ator Ed Harris que prefere contar sua estória de forma cadenciada, sem pressa, tentando apresentar todos os personagens em cena ao espectador para que ele se familiarize com tudo o que acontece ao redor.

Foi justamente essa decisão de realizar um faroeste mais contemplativo que incomodou a alguns fãs de western. O filme tem seu próprio ritmo, menos ágil e menos frenético. O elenco é liderado por um trio muito interessante. O primeiro é o próprio Ed Harris que incorpora perfeitamente as nuances psicológicas de seu personagem. É um homem durão que percebe que seu tempo provavelmente já acabou. Ao seu lado brilha também o talentoso Viggo Mortensen, que passa muito vigor e tensão sexual com a situação vivida por seu papel. Por fim a bela Renee Zellweger, que já havia se dado muito bem no velho oeste com o sucesso de público e crítica "Cold Mountain". Ela novamente está bem carismática em cena mas é forçoso reconhecer que o excesso de botox que ela desfila em cada cena causa um certo desconforto pois obviamente isso seria impossível de acontecer com uma mulher do século XIX. No geral é um bom filme, que pede um pouco de cumplicidade do espectador, em aceitar seu ritmo mais lento e contemplativo. Se você não se incomodar com isso certamente irá se divertir com a proposta de Ed Harris em seu filme.

Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (Appaloosa, Estados Unidos, 2008) Direção: Ed Harris / Roteiro: Ed Harris, Robert Knott / Elenco: Ed Harris, Renée Zellweger, Viggo Mortensen, Jeremy Irons, Lance Henriksen / Sinopse: Dupla é contratada como xerifes numa isolada cidade do velho oeste com problemas de lei e ordem. Ambos porém acabam se apaixonando pela mesma mulher criando muitas tensões entre eles.

Pablo Aluísio. 

A Fuga do Forte Bravo

Título no Brasil: A Fera do Forte Bravo
Título Original: Escape from Fort Bravo
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges
Roteiro: Frank Fenton, Phillip Rock
Elenco: William Holden, Eleanor Parker, John Forsythe
  
Sinopse:
Por ser localizado em uma região distante e isolada, bem no meio do deserto, o Forte Bravo acaba se transformando em uma guarnição militar que ao mesmo tempo funciona como prisão de soldados confederados durante a Guerra Civil Americana. Cabe ao Capitão Roper (William Holden) a missão de capturar eventuais fugitivos, os caçando pelas areias escaldantes do deserto. Dono de um estilo duro e disciplinador, ele logo passa a ser hostilizado pelos prisioneiros. Para Roper porém essa é a menor de suas preocupações, pois o Forte está localizado em território hostil, rodeado por montanhas cheias de indígenas Mescaleros.

Comentários:
O cineasta John Sturges foi um dos grandes mestres do western americano. Aqui ele novamente entrega uma bela obra cinematográfica que certamente não vai decepcionar os fãs do gênero. O enredo do filme se passa no Forte Bravo, um regimento longínquo do exército americano. Cabia a essa divisão a incumbência de enfrentar as tribos selvagens do local, garantindo segurança e domínio sobre aquelas terras distantes. Como é localizado nos confins do oeste o governo americano logo transforma o lugar em uma prisão para rebeldes confederados. Não tarda e as hostilidades logo crescem entre ianques e sulistas. Eles porém precisam enfrentar um inimigo em comum, os Mescaleros, índios conhecidos por seu estilo guerreiro e selvagem. O roteiro se desenvolve assim em três atos básicos, um dentro do Forte Bravo quando Roper retorna de uma missão de captura, o segundo quando prisioneiros fogem para o deserto e finalmente o terceiro, quando Roper e seus homens são encurralados pelos indígenas. O argumento pretende demonstrar que não havia muito sentido na luta entre soldados da União e da Confederação, porque no final das contas todos eles eram americanos. Os Mescaleros acabam funcionando assim como um fator de união entre eles, pois diante de um inimigo comum o que valia mesmo era a luta pela América, por sua nação.

Pablo Aluísio.

Charro!

Título no Brasil: Charro!
Título Original: Charro!
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: National General Pictures
Direção: Charles Marquis Warren
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frederick Louis Fox
Elenco: Elvis Presley, Ina Balin, Victor French
  
Sinopse:
Jess Wade (Elvis Presley) é falsamente acusado de ter roubado um canhão das forças revolucionárias mexicanas. Para então limpar seu nome e restabelecer a justiça ele resolve tentar encontrar os verdadeiros culpados, um bando de criminosos e bandoleiros que espalham terror por onde passam. "Charro!" é o último western da filmografia do cantor e ator Elvis Presley (1935 - 1977) que em pouco tempo deixaria Hollywood para se dedicar exclusivamente à sua carreira como cantor em Las Vegas.

Comentários:
Existem filmes que nem deveriam existir. Lamento dizer, mas esse é o caso de Charro! O filme foi claramente uma tentativa de levantar a carreira do cantor Elvis Presley no cinema. Ele que havia começado tão bem em Hollywood na década de 1950, estrelando bons filmes musicais - e alguns clássicos como "Balada Sangrenta" de 1958 - acabou perdendo o rumo na década seguinte. Os estúdios não se interessavam mais com qualidade e assim Elvis foi jogado em fitas comerciais com baixo teor artístico, realizadas em ritmo industrial. Em média três filmes por ano, sem qualquer capricho em termos de roteiro, atuação ou direção. Quando os anos 60 foram chegando ao fim, Elvis e seu empresário tentaram renovar um pouco sua estagnada carreira cinematográfica e "Charro!" foi certamente um dos veículos que foram usados nessa direção. Infelizmente não deu certo. Embora seja um faroeste americano o filme tenta seguir os passos da estética do chamado Western Spaghetti, com ênfase nos filmes italianos de bangue-bangue, como aqueles estrelados por Franco Nero, naquele período desfrutando do auge de sua popularidade. O problema básico era que Elvis Presley não era Franco Nero e nem Charro era Django. Mesmo de barba o grande astro do Rock não consegue convencer em seu papel. A produção mais lembra um telefilme, com orçamento restrito e problemas de ambientação. O roteiro também tem várias falhas, pois foi praticamente escrito no calor das filmagens. Enfim, nem o astro da música precisava de um filme assim em seu currículo e nem o mundo do Western estava precisando de uma cópia americana de filmes italianos de faroeste. Como eu disse, essa é realmente uma produção que não precisava ter existido.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Os Profissionais

Título no Brasil: Os Profissionais
Título Original: The Professionals
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Frank O'Rourke, Richard Brooks
Elenco: Burt Lancaster, Lee Marvin, Jack Palance, Claudia Cardinale, Robert Ryan
  
Sinopse:
O milionário JW Grant (Ralph Bellamy) resolve contratar o veterano S. Fardan (Lee Marvin) para encontrar sua esposa, Maria (Claudia Cardinale) que foi sequestrada pelo bandido e revolucionário mexicano Jesus Raza (Jack Palance). Fardan assim forma seu grupo, chamando para integrá-lo o especialista em explosivos Johnny Dolworth (Burt Lancaster). Definitivamente não será um trabalho dos mais fáceis, uma vez que Raza conta com um numeroso grupo de bandoleiros ao seu lado, mais de 150 bandidos fortemente armados. Entrar em seu território no México para resgatar a esposa de Grant e sair de lá vivo exigirá muita coragem e bravura por parte de Fardan e seu grupo de bravos homens.

Comentários:
Um dos grandes clássicos do Western americano, "Os Profissionais" foi um grande sucesso de público e crítica. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção, Roteiro e Fotografia e ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Revelação Feminina (Marie Gomez), o filme continua sendo um exemplo perfeito de ação, aventura e roteiro bem escrito. A trama em um primeiro momento pode parecer até simples. O grupo liderado por Lee Marvin é contratado para encontrar a mulher de um figurão americano, um sujeito muito rico que afirma que ela fora sequestrada pelo líder revolucionário e criminoso Raza. A questão é que há algo de errado com toda a história contada por ele, como bem deduz Dolworth (Lancaster). Mesmo assim eles topam o desafio, até porque o milionário lhes oferece dez mil dólares por cabeça caso eles consigam trazer de volta a jovem sã e salva aos Estados Unidos. A partir daí os quatro membros do grupo de Marvin vão até o México enfrentar centenas de bandidos armados até os dentes! 

Improvável o resgate? Bom, com um pouco de inteligência e sabendo jogar bem os dados certos até que não será algo impossível de fazer. Além da excelente direção do veterano cineasta Richard Brooks, esse faroeste conta com um elenco muito bom. Lee Marvin repete seu eterno papel de durão, um sujeito de poucas palavras, mas muito bom naquilo que se propõe a fazer. Ele tem um objetivo a cumprir e nada o fará parar. Burt Lancaster dá vida a um especialista em dinamite, um cowboy que nas horas vagas se dedica a tudo aquilo que mais gosta: jogo de cartas, whisky e mulheres, não necessariamente nessa ordem. Alguns de seus diálogos, cheios de ironias e uma visão cínica da vida, formam um dos melhores aspectos de todo o filme. Jack Palance está ótimo como o bandoleiro Jesus Raza. Com bigodes à la Josef Stálin, o ator encontrou um vilão bem de acordo com sua já tão conhecida personalidade nas telas. Por fim há a beleza de Claudia Cardinale. Provavelmente foi uma das atrizes mais bonitas da história do cinema. Aqui ela precisa desfilar não apenas sua bela estética, mas também convencer na pele de uma mulher que acreditava plenamente em seus próprios ideais. Com tantos pontos a favor não é de se admirar que "The Professionals" seja mesmo um dos melhores faroestes da década de 1960. Simplesmente Imperdível.

Pablo Aluísio.

O Sabre e a Flecha

Título no Brasil: O Sabre e a Flecha
Título Original: Last of the Comanches
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Kenneth Gamet
Elenco: Broderick Crawford, Barbara Hale, Johnny Stewart
  
Sinopse:
Um grupo da cavalaria americana sofre uma emboscada numa cidadezinha do velho oeste. Comandados pelo cacique Nuvem Negra os nativos acabam promovendo uma invasão do lugar, destruindo com tudo e massacrando os soldados. Apenas seis membros da cavalaria sobrevivem e partem rumo ao deserto, em fuga. Sem água e mantimentos acabam encontrando uma diligência. Unidos tentarão sobreviver às duras condições da viagem. O objetivo é encontrar água potável e depois rumar em direção a um forte do exército, mas chegar lá se mostrará um grande desafio, até porque Nuvem Negra e seus guerreiros resolvem perseguir os últimos brancos sobreviventes. 

Comentários:
Bom faroeste que centra seu argumento na luta do homem contra a natureza hostil. Os soldados que conseguem sobreviver a um grande ataque Indígena, acabam fugindo a esmo, sem direção, indo parar no meio de um deserto devastador. Estão praticamente sem esperanças quando encontram uma diligência. Ela se dirige para a mesma cidade que acabou de ser destruída pelos índios comandados por Nuvem Negra - um renegado que se nega a entrar em um acordo de paz com os brancos. A história se passa em 1876, quando a maioria das nações nativas já tinham celebrado acordos de paz com o exército americano. Apenas alguns grupos isolados continuavam a lutar. Assim começa um jogo de sobrevivência envolvendo os militares e os viajantes da diligência: uma irmã de um soldado, um vendedor de whisky e um comerciante. Na dura viagem acabam encontrando ainda outras pessoas, inclusive um fugitivo e um garoto Kiowa, que acaba servindo como ajuda preciosa na busca por fontes de água na desolada região. O filme é curto, com pouco menos de noventa minutos, mas bem escrito. Isso porque não perde tempo com elementos desnecessários, se concentrando mesmo em seu foco narrativo central, que se mostra muito bom e interessante, prendendo de fato a atenção do espectador. Um western americano eficiente e ainda hoje ainda muito atrativo. Vale bastante a pena conhecer. 

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O Mensageiro da Morte

Título no Brasil: O Mensageiro da Morte
Título Original: The Hangman
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Dudley Nichols, Luke Short
Elenco: Robert Taylor, Tina Louise, Fess Parker
  
Sinopse:
Mackenzie Bovard (Robert Taylor) tem uma forma incomum de ganhar a vida: ele é um caçador de foragidos no velho oeste. Assistente de um delegado federal cabe a Bovard ir em busca de criminosos condenados, fugitivos da lei. Seu alvo agora é um ex-soldado da cavalaria, que jogou fora sua carreira militar ao se envolver com uma quadrilha de renegados. Seguindo pistas, Bovard acaba indo parar numa cidadezinha da Califórnia, onde o suposto fugitivo estaria usando uma identidade falsa, sendo conhecido na região como Johnny Bishop (Jack Lord). Com a ajuda de uma testemunha ele pretende finalmente prender o criminoso.

Comentários:
Bom faroeste dirigido pelo mestre Michael Curtiz, o mesmo diretor de "Casablanca" e tantos outros clássicos da era de ouro do cinema americano. O enredo aqui gira em torno do personagem conhecido como "O Enforcador". Esse apelido lhe foi dado porque invariavelmente todos os criminosos que ele consegue colocar na cadeia acabam sendo enforcados por seus crimes. Veterano e durão, ele não vê maiores problemas em ir atrás de um ex-militar chamado Johnny Butterfield, que agora estaria usando uma identidade falsa numa pequena cidade perdida bem no meio do deserto. Como ele nunca viu o criminoso pessoalmente acaba contando com o apoio da bonita Selah Jennison (Tina Louise) que havia conhecido bem o bandoleiro no passado. O problema é que Johnny aparenta ter um raro talento em fazer amizades, o que torna tudo ainda mais complicado para sua captura, uma vez que praticamente todas as pessoas da cidade resolvem lhe ajudar de alguma maneira, evitando assim que ele seja preso e enforcado. O filme é estrelado pelo galã Robert Taylor, que aqui apresenta uma interpretação bem contida e segura. Seu personagem, um homem da lei frio e muitas vezes rude, acaba caindo de amores justamente pela senhorita Jennison, que supostamente estaria ali para lhe ajudar a prender o criminoso, mas que na verdade, pelas suas costas, o trai, ajudando Johnny a escapar das garras da lei. É um western até curtinho e despretensioso, um dos filmes mais simples e despojados do grande Curtiz, já naquela época enfrentado problemas de saúde que iriam encurtar sua maravilhosa carreira em alguns anos.

Pablo Aluísio.

Hordas Selvagens

Título no Brasil: Hordas Selvagens
Título Original: The Great Sioux Uprising
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Lloyd Bacon
Roteiro: J. Robert Bren, Gladys Atwater
Elenco: Jeff Chandler, Faith Domergue, Lyle Bettger
  
Sinopse:
Jonathan Westgate (Jeff Chandler) é um médico militar que durante a guerra civil americana decide voltar para a vida civil. Assim parte rumo em direção ao oeste selvagem. No caminho acaba indo parar numa pequena cidade que está passando por um momento turbulento. A região é assolada por bandoleiros especializados em roubar cavalos. Por trás de tudo, ao que tudo indica, está um próspero rancheiro. Westgate acaba descobrindo, por mero acaso, toda a verdade após perceber pistas em um cavalo ferido. Isso acaba colocando sua vida em perigo.

Comentários:
Mais um faroeste B da Universal estrelada pelo galã de cabelos grisalhos Jeff Chandler. Assim que li a sinopse original pensei que Chandler retornaria para o papel de índio, algo que não lhe caía muito bem por causa de seus traços nitidamente europeus. Os diretores de elenco, sabe-se lá a razão, sempre viram o ator como um bom nome para interpretar nativos, o que geralmente acabava tornado tudo ridículo. Enchiam Chandler de tinta vermelha e tentavam passar veracidade na tela - claro que quase nunca dava certo! Aqui, para alivio geral, ele finalmente volta a interpretar um homem branco. O roteiro é usual, sem maiores novidades. Existe um triângulo amoroso envolvendo Chandler, uma comerciante de cavalos e o rancheiro, que nas horas vagas tenta roubar cavalos selvagens dos Sioux, causando tensão e conflito por toda a região. Para completar o quadro narrativo existe uma tentativa por parte de um general confederado em recrutar as nações indígenas para lutarem ao lado do sul na guerra civil! Nem preciso dizer que historicamente essa é uma questão bem discutida, já que os confederados estavam na guerra para manter a escravidão negra e se aliar a índios certamente resultaria em uma enorme contradição racial em seus próprios termos! De qualquer maneira esse é um detalhe menor, até porque o filme se revela logo um faroeste na média, que funciona bem como uma diversão ligeira. PS: A partir de hoje as resenhas de filmes de western serão publicadas aqui em nosso blog "Pablo Aluísio". O "Cine Western" foi desativado pois não tenho tempo para me dedicar a vários blogs ao mesmo tempo e todas as resenhas de lá foram devidamente transferidas aqui para nosso acervo. Basta clicar no marcador "Western" para ter acesso a todo o material. Assim vamos em frente, um grande abraço.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

A Última Diligência

Título no Brasil: A Última Diligência
Título Original: Stagecoach
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Gordon Douglas
Roteiro: Joseph Landon, Dudley Nichol
Elenco: Ann-Margret, Alex Cord, Bing Crosby, Stefanie Powers, Van Heflin, Red Buttons
  
Sinopse:
Um grupo de viajantes decide enfrentar um longo trajeto até a cidade de Cheyenne. O problema é que a região está dominada por guerreiros Sioux comandados por um cacique conhecido por sua violência contra caravanas de homens brancos. Contando com o apoio da cavalaria até um terço da jornada, eles precisam sobreviver durante todo o restante do trajeto, algo que definitivamente não será nada fácil de alcançar. Os perigos são muitos, mas todos anseiam ir embora por um motivo ou outro, de acordo com seus próprios problemas pessoais. O objetivo é começar vida nova em um novo lugar.

Comentários:
Gostei bastante desse western. O roteiro é muito bom e consegue desenvolver bem todos os personagens ao mesmo tempo em que não deixa o filme cair no marasmo ou no lugar comum. Basicamente temos esse grupo bem diferente de pessoas precisando se unir para sobreviver a uma perigosa viagem de diligência até a distante Cheyenne. No caminho precisam vencer o perigo da presença dos nativos e guerreiros comandados pelo infame Cachorro Louco (o mesmo cacique que chacinou a Sétima Cavalaria do General Custer). O grupo é bem diversificado, havendo desde bandidos procurados pela lei como Ringo Kid (Alex Cord), até o próprio xerife da região, Curly Wilcox (interpretado pelo veterano ator de faroestes Van Heflin), passando ainda por uma prostituta e dançarina de saloon, Dallas (Ann-Margret), até uma respeitada dama da sociedade, a senhorita Lucy Mallory (Stefanie Powers, que anos depois iria fazer muito sucesso na TV com a série "Casal 20"). 

Por fim, completando o grupo temos um banqueiro almofadinha (que na verdade está tentando fugir com o dinheiro da empresa onde trabalha), um jogador inveterado, um vendedor de whisks e um médico alcoólatra conhecido como "Doc" Josiah Boone (curiosamente interpretado pelo famoso cantor Bing Crosby, que se sai excepcionalmente muito bem em sua atuação). O elenco, como se pode perceber, é acima da média, mas quem se destaca mesmo é uma jovem (e linda) Ann-Margret! Dois anos após seu sucesso ao lado do roqueiro Elvis Presley em "Viva Las Vegas" ela conseguiu outra excelente atuação. Sua personagem Dallas é ao mesmo tempo uma figura doce e terna, mas também esperta, até mesmo por causa da vida que leva. Ela se apaixona pelo fugitivo Ringo Kid e pretende recomeçar vida nova ao seu lado. Se você ainda tinha alguma dúvida se ela foi mesmo uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood basta vê-la aqui em cena. Ann-Margret está simplesmente linda, com figurino de época, realçando ainda mais sua beleza ruiva, roubando todas as atenções do espectador. Enfim, grande faroeste que vale muito a pena conhecer. Uma das melhores produções da Fox no gênero, sem favor ou exagero algum.

Pablo Aluísio.

Maldade

Título no Brasil: Maldade
Título Original: The Thundering Herd
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Zane Grey, Jack Cunningham
Elenco: Randolph Scott, Judith Allen, Buster Crabbe, Noah Beery, Raymond Hatton, Blanche Friderici

Sinopse:
Dois caçadores rivais se reencontram em um lugar selvagem e hostil, com índios determinados a exterminarem todos os caçadores brancos de búfalos que se encontram em seus territórios. E a rivalidade não se limita ao comércio de pele, mas também aos assuntos do coração, pois ambos são apaixonados pela mesma mulher.

Comentários:
Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano. Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçavam búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho porém era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O Correio do Inferno

A história do filme explora os serviços de correspondência que existiam no velho oeste. Já naqueles tempos havia um sistema de entrega de cartas bem organizado, ligando a costa oeste e a costa leste do país. Essas encomendas, cargas e cartas eram levadas em diligências pelos territórios mais hostis. Além de bandidos havia ainda a sempre ameaça de algum ataque indígena. Pois bem no filme temos como protagonista um personagem chamado Tom Owens (Tyrone Power). Ele trabalha em um posto avançado dos correios, bem no meio do deserto. Esses postos eram usados como paradas para as diligências, onde os cavalos eram trocados e os passageiros poderiam fazer alguma refeição. Acontece que uma quadrilha está atuando na região, um bando de ladrões e assassinos comandados por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe).

Vinnie Holt (Susan Hayward) é uma passageira de uma dessas diligências que faz uma parada no posto onde Tom trabalha. Quando a notícia que uma quadrilha está à solta chega até eles, Vinnie é obrigada a ficar na estação. Ela viaja com uma criança, sua sobrinha, e a companhia não admite que crianças viajem nesse tipo de situação. O problema é que a própria estação é tomada pelos bandoleiros, fazendo com que ela e Tom fiquem como reféns. O filme se desenvolve praticamente todo dentro dessa estação, bem no meio do deserto. Os criminosos estão à espera de uma diligência que chegará por lá no dia seguinte, trazendo ouro da Califórnia. O objetivo é claro é pegar a pequena fortuna e depois partir em fuga novamente.

Esse é um bom faroeste, valorizado pelo roteiro bem escrito, excelente direção do mestre Henry Hathaway e um elenco acima da média. Tyrone Power está menos heroico do que de costume. Ele que se destacou em tantos épicos assinados por King Victor, aqui não faz muito mais do que o habitual. De certa forma ele é superado pela atriz Susan Hayward. Além de ter cenas realmente boas, sua personagem passa longe de ser uma mocinha tolinha de filmes de western, como era muito retratado na época. Cheia de força de vontade e fibra, ela é uma das melhores razões para assistir a esse filme. Além disso, vamos ser sinceros, como ela estava bonita quando fez esse filme! Dizem que tinha um caso com o milionário excêntrico Howard Hughes quando o filme foi realizado. Sorte a dele! No mais é um faroeste que vale a pena conhecer. Hoje em dia não é tão citado, nem pelos fãs do gênero! De qualquer forma nunca é tarde para conferir. Não deixe passar em branco.

O Correio do Inferno (Rawhide, Estados Unidos, 1951) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Dudley Nichols / Elenco: Tyrone Power, Susan Hayward, Hugh Marlowe, Dean Jagger / Sinopse: Durante uma viagem de diligência no velho oeste, a passageira Vinnie Holt (Susan Hayward) e sua sobrinha, uma garotinha de dois anos, é obrigada a ficar numa estação avançada no deserto, até que o xerife capture o bando liderado por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe). O problema é que a quadrilha acaba chegando na estação, fazendo todos de reféns, inclusive o empregado da companhia, Tom Owens (Tyrone Power).

Pablo Aluísio.

Cavaleiro do Texas

Título no Brasil: Cavaleiro do Texas
Título Original: Texas Cyclone
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: D. Ross Lederman
Roteiro: Randall Faye, William Colt MacDonald
Elenco: Tim McCoy, John Wayne, Shirley Grey, Wheeler Oakman, Wallace MacDonald, Jim Farley

Sinopse:
Pecos Grant se desloca para uma cidade estranha apenas para descobrir que todos o reconhecem, não como Pecos Grant, mas como um homem supostamente chamado Rawlins. Mesmo a esposa de Rawlins acha que seu marido voltou. Pecos então se propõe a resolver o mistério. O que afinal estaria acontecendo naquela cidade perdida no meio do deserto?

Comentários:
Em 1932 John Wayne atuou no filme "Cavaleiro do Texas" (Texas Cyclone). A direção dessa fita foi do cineasta  D. Ross Lederman. Wayne era até então apenas o quarto nome do elenco, bem atrás do verdadeiro astro do faroeste, o cowboy Tim McCoy. Era um filme de matinê, uma fita rápida de apenas 60 minutos de duração. A  Columbia Pictures estava investindo bastante nesse tipo de produção, exibida para o público jovem, com preços promocionais. Filmes de orçamentos pequenos que traziam lucro certo a cada exibição. Dentro da carreira de John Wayne não trouxe muito em termos de qualidade, mas serviu para deixá-lo na ativa, trabalhando e se tornando mais familiar para o público espectador. Quanto mais conhecido ele ia ficando, melhor!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Homem sem Rumo

Título no Brasil: Homem sem Rumo
Título Original: Man Without a Star
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio:  Universal Pictures
Direção: King Vidor
Roteiro: Borden Chase, D.D. Beauchamp
Elenco: Kirk Douglas, Jeanne Crain, Claire Trevor, William Campbell, Richard Boone, Jay C. Flippen

Sinopse:
Dempsey Rae (Kirk Douglas) é um cowboy errante que chega numa pequena cidade do velho oeste. Ele chega até lá pegando carona em um trem de carga. A região é dominada por grandes rebanhos de gado, o que coloca os vários fazendeiros em choque uns contra os outros.

Comentários:
Faroeste B da Universal que tem um aspecto curioso em seu roteiro. Como se sabe a figura do cowboy foi desaparecendo do velho oeste por causa de um pequeno fio de metal (o arame farpado) que foi usado para cercar as propriedades rurais. Com isso as grandes jornadas com cinco, dez mil cabeças de gado, foram se tornando cada vez mais raras. Sem as viagens com o rebanho o cowboy lendário, típico do século XIX nos Estados Unidos, foi lentamente desaparecendo. O personagem de Kirk Douglas é um desses cowboys do passado. Ele viaja e vai arranjando emprego por onde chega. Na nova cidade Kirk acaba trabalhando para uma rancheira, Reed Bowman (Jeanne Crain). Ela é uma mulher do leste que está apenas na região para embarcar um grande rebanho de 15 mil cabeças de gado, só que os fazendeiros do lugar acreditam que esses animais vão destruir o pasto das fazendas da região. Assim começam a cercar seus campos com arama farpado, o que vai criar muitos atritos entre todos. Kirk se alia com a rancheira e começa a entrar em confronto com os bandos pagos pelos demais fazendeiros. Tiro para todo lado. No geral é um filme modesto, sem grande produção ou orçamento, mas a presença de Kirk Douglas compensa esse aspecto. Com cabelos loiros, numa caracterização jovial e atlética, ele é realmente a alma do filme. Esbanja carisma em cada cena. Além disso dá uma rara canja em sua filmografia, chegando a cantar (bem!) e tocar banjo! Quem diria, logo o durão Kirk Douglas...

Pablo Aluísio.

Serras Sangrentas

Título no Brasil: Serras Sangrentas
Título Original: Sierra
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alfred E. Green
Roteiro: Edna Anhalt
Elenco: Wanda Hendrix, Audie Murphy, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis

Sinopse:
Pai e filho vivem em um lugar isolado nas montanhas. Eles estão naquele lugar porque o pai Jeff é procurado por ter matado um homem. A questão é que ele não foi o autor do crime. As coisas mudam quando surge uma jovem perdida, Riley Martin. Ela descobre que o filho nunca se envolveu com uma mulher antes, criando uma certa tensão sexual entre ela e o filho do pai fugitivo.

Comentários:
Nesse mesmo ano Audie Murphy surgiria nas telas com mais um western intitulado no Brasil de "Serras Sangrentas". Originalmente o filme se chamava "Sierra" e era dirigido por Alfred E. Green. Baseado na novela escrita por Stuart Hardy, a estória mostrava a luta de pai e filho tentando sobreviver nas montanhas em uma época em que a lei e a ordem eram apenas esperanças vãs de surgir naquelas regiões perdidas do velho oeste. Curiosamente esse faroeste era estrelado por uma atriz, a bela Wanda Hendrix. Audie Murphy era apenas o segundo nome do elenco, mostrando que ele estava disposto a ceder espaço em prol de atuar em bons filmes, com roteiros mais bem escritos. Por fim um detalhe interessante que passa despercebida por muita gente, a presença do ator Tony Curtis no comecinho da carreira na época em que ele era um completo desconhecido, apenas um ator treinado pelo setor de novos atores da Universal. Em poucos anos ele iria se tornar um dos grandes astros do estúdio, ao lado de Rock Hudson, que também teve uma origem bem parecida com Curtis. A dupla iria se tornar muito mais famosa que o próprio Audie Murphy.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Atire a Primeira Pedra

Título no Brasil: Atire a Primeira Pedra
Título Original: Destry Rides Again
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Felix Jackson, Gertrude Purcell
Elenco: Marlene Dietrich, James Stewart, Mischa Auer, Charles Winninger, Brian Donlevy, Allen Jenkins

Sinopse:
Após a morte do xerife, o prefeito de uma pequena cidadezinha do Texas resolve nomear Tom Destry Jr (James Stewart) como o novo xerife. Inicialmente desacreditado por todos, aos poucos ele vai ganhando a confiança dos habitatantes do lugar, iniciando também um breve romance com a bela cantora do saloon, Frenchy (Marlene Dietrich).

Comentários:
Depois de "A Mulher Faz o Homem", assinado pelo grande diretor Frank Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western. O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano. Hoje em dia o filme vale a pena principalmente por seu valor histórico. Afinal reuniu em seu elenco dois mitos do cinema internacional, Stewart e Marlene Dietrich.

Pablo Aluísio.

Gloriosa Vingança

Título no Brasil: Gloriosa Vingança
Título Original: Texas
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Horace McCoy, Lewis Meltzer
Elenco: William Holden, Glenn Ford, Claire Trevor, George Bancroft, Edgar Buchanan, Don Beddoe

Sinopse:
Dois homens do leste, Dan Thomas (William Holden) e Tod Ramsey (Glenn Ford), resolvem ir até o velho oeste, no norte do Texas, para tentar a sorte. Eles querem ganhar a vida jogando cartas e ocasionalmente trabalhando como cowboys. Ao chegarem numa pequena cidade percebem que nem tudo será como eles haviam inicialmente planejado.

Comentários:
Em 1941 o diretor George Marshall, cumprindo seu contrato com a Columbia Pictures, resolveu rodar um faroeste mais diferenciado. Com toques de bom humor e contando com uma dupla que nunca havia trabalhado antes, ele conseguiu um bom resultado nesse western de contrastes chamado "Texas". A ideia do roteiro era realmente explorar o choque cultural entre dois cavaleiros que saíam do leste industrializado e desenvolvido para os rincões do solo texano, com seus cowboys durões, bons de briga e muitos tiroteios. Nesse aspecto quem funcionou melhor no filme foi o ator William Holden que era mesmo um tipo bem cosmopolita, da cidade grande. Já Glenn Ford já era muito mais associado ao gênero western, não ficando estranho com roupas de cowboy, atravessando as planícies texanos em cima de seu cavalo. No geral é um bom faroeste, valorizado não apenas pela boa direção de Marshall, um craque nesse tipo de filme, mas também pelo bom roteiro e a presença sempre marcante de Ford e Holden, dois astros populares da época.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Oscar 2018 - Melhor Ator

Um ano apenas razoável. Não vi nenhuma atuação de impressionar. Apenas bons trabalhos, alguns ajudados pelo departamento de maquiagem dos estúdios, que estão mais sofisticados a cada ano. Entre os meus preferidos está obviamente Gary Oldman por "O Destino de uma Nação" (Darkest Hour). Embaixo de pesada maquiagem ele interpreta um Winston Churchill recém alçado ao poder, precisando lidar com uma oposição ferrenha dentro do parlamento, ao mesmo tempo em que precisa enfrentar a ameaça nazista. Apesar de tudo considerei uma boa atuação. Oldman incorporou os trejeitos do velho primeiro ministro. Em alguns momentos derrapa um pouco, indo para o lado mais da caricatura, mas nunca chega a comprometer seu trabalho. Pelo tamanho da figura do personagem histórico que interpreta um Oscar nesse ano seria bem-vindo.

Meu segundo na escala de preferência é Daniel Day-Lewis,  por "Trama Fantasma" (Phantom Thread). Há informações que essa seja sua despedida do cinema, mas eu não acredito que isso vai acontecer. Nesse filme muito fino e sofisticado o talentoso Lewis interpreta um estilista londrino que, obcecado pelo trabalho, acaba encontrando o amor na figura de uma garçonete desajeitada que ele conhece em uma lanchonete do interior. O fino da interpretação de Lewis vem do fato de seu personagem ser bem complexo do ponto de vista psicológico. Obcecado pela mãe ele tinha crises que o impedia de trabalhar e criar. Assim acabou encontrando o suporte na companhia da fiel Alma, sua paixão de vida.

Denzel Washington, por sua vez, interpreta um tipo bem diferente em "Roman J. Israel, Esq". Aqui a maquiagem é tão pesada, aliada a figurino e cabelo, que muitos nem vão reconhecer o ator. A boa nota é que Denzel tem figurado constantemente na lista dos melhores atores do ano, mostrando que ele é realmente um talento nato. Vai ganhar? Dificilmente. Quando a maquiagem é pesada demais os membros da academia acabam desvalorizando um pouco o trabalho do ator, afirmando que a maquiagem já fez grande parte do trabalho.

Por fim dois nomes fracos. O pior deles é a presença de Daniel Kaluuya, por "Corra!" (Get Out). Que filme porcaria! Não sei aonde está o brilhantismo de sua atuação nesse terror B sem atrativos. Fazer cara de bobão, de namorado de garota branca sendo um negro é pressuposto de talento dramático? Se for isso, então temos uma novidade na escolha dos melhores atores do ano. Outro bem fraco é Timothée Chalamet, por "Me Chame Pelo Seu Nome" (Call Me by Your Name). É um azarão na lista e como acontece nesse caso já sabemos: ele deve agradecer pela lembrança e nada mais. A indicação já é um prêmio em si mesmo. Não pense em levantar a estatueta.

Pablo Aluísio.

Those Who Kill / Outsiders

Those Who Kill 1.03 -  Rocking the Boat Estou no comecinho dessa série. Ainda estou me familiarizando com os personagens. Recapitulando os episódios anteriores: uma garota é brutalmente assassinada em um beco sujo, com fortes pancadas ao lado de um depósito de lixo. Inicialmente as investigações levam a um jovem, criado em um lar adotivo, cheio de problemas pessoais mas ele é encontrado morto debaixo de uma ponte. Provável suicídio. Nesse episódio as coisas ficam mais claras. Entra em cena uma suspeita, uma garota muito perturbada que tem acessos de fúria. A personagem principal dessa série é a policial do departamento de homicídios Catherine Jensen (Chloë Sevigny). Confesso que ela me lembrou de outra personagem de tira feminino, a investigadora Sonya Cross de "The Bridge" (ainda falarei sobre essa boa série também em breve). Assim como a outra detetive essa também tem problemas emocionais, não consegue firmar relacionamentos sérios e duradouros e resolve o problema da falta de uma vida sexual de forma bem pragmática! Só vendo para crer. Ainda é cedo para dizer se "Those Who Kill" terá vida longa  ou se vai sobreviver dentro do competitivo mercado televisivo americano, o que posso antecipar é que pelo menos por enquanto os episódios estão bem interessantes. /  Those Who Kill 1.03 -  Rocking the Boa (EUA, 2014) Direção: Phil Abraham / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison

Those Who Kill 1.06 - Always After
Cada dia vai ficando melhor. Como se sabe a personagem principal é a policial Catherine Jensen (Chloë Sevigny). Ela carrega muitos traumas da infância porque foi abusada por seu próprio pai. Assim quando surge um novo caso envolvendo um histórico semelhante, ela fica fora de si. Uma família é encontrada morta e todas as pistas levam a crer que foram assassinados pelo próprio pai, um sujeito também abusivo e insano. Conforme as investigações vão ocorrendo algo novo surge no ar, provando que Catherine precisa cada vez mais tentar separar sua vida profissional da pessoal. Essa última aliás é um desastre completo, já que ela não consegue manter um relacionamento sólido com nenhum homem, se dando no máximo a oportunidade de uma transa casual, quando lhe convém, mas sempre sem envolvimento nenhum, tudo realizado com uma carga enorme de distância emocional. Chamo atenção para o trabalho da atriz Chloë Sevigny. Ela tem aquele tipo de rosto bem marcante, que usa para expressar toda o conflito interno de sua alma. Uma série que se continuar sendo tão bem trabalhada como tem mostrado os últimos episódios poderá certamente surpreender e muito ao público. / Those Who Kill - Always After (EUA, 2014) Direção: Stefan Schwartz / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison.

Those Who Kill 1.07 - A Safe Place
Esse episódio foi um dos melhores que assisti da série até hoje! Para quem ainda não conhece "Those Who Kill" é um drama policial centrado na figura da detetive Catherine Jensen (Chloë Sevigny) do Departamento de Polícia de  Pittsburgh, na Pennsylvania. Ela tem um passado terrível para lidar porque seu padrasto era abusivo em relação a ela durante sua infância. Juiz rico e poderoso, se escondia atrás de seu status para que ninguém ficasse sabendo da verdade, pois era na realidade um pedófilo contumaz. Para piorar ainda mais o quadro, tudo indica que ele foi o responsável pela morte de seu jovem irmão, quando era apenas um garoto. Enquanto não consegue juntar todas as provas para condená-lo, ela segue seu trabalho como investigadora. Agora tem um crime assustador para resolver. No episódio anterior toda uma família foi encontrada assassinada. Inicialmente pensou-se que o pai teria sido o responsável, porém pistas levaram a outro caminho. Na cena do crime foram encontrados traços de Alumina, um componente bastante usado em reformas de casas. Na residência ao lado estava havendo uma reforma, o que faz com que Jensen passe a investigar os trabalhadores daquela obra. Uma decisão bastante acertada. Em pouco tempo ela chega na pessoa de Rodney Bosch (Rodney Rowland), um sujeito com graves problemas mentais. Ele inclusive foi demitido por estar "espionando" a esposa do dono da casa que estava sendo reformada. Maior suspeito certamente não haveria de existir. Seguindo as pistas Jensen descobre mais: ele teria sido responsável pela falência da empresa de construção civil que herdara do pai. Depois disso, em um surto psicótico acabou matando sua própria família. Não precisa ser muito perspicaz para entender que o sujeito era mesmo forte candidato a ser o assassino. O clímax desse episódio é excelente, com Jensen tentando salvar a vida de uma outra família que cai nas garras do psicopata. Enquanto ela tenta entrar em sua mente um atirador de elite se posiciona do lado de fora da casa! Suspense e tensão em doses exatas. Então é isso, "Those Who Kill" tem se revelado cada vez mais como uma ótima pedida para que gosta de séries policiais mais dramáticas, que explorem psicologicamente melhor seus personagens, trazendo com isso mais conteúdo nos roteiros. / Those Who Kill 1.07 - A Safe Place (EUA, 2014) Direção: Sam Miller / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison, Bruce Davison.

Those Who Kill 1.08 - Insomnia
Uma nova droga está nas ruas. Uma variação agressiva do Ecstasy. Após um jovem literalmente pular pela janela de um prédio durante uma rave, logo após ingerir algumas doses dessa substância, a detetive Catherine Jensen (Chloë Sevigny) é designada para resolver o caso. Não vai ser fácil, até porque sua própria vida pessoal está completamente caótica. Jensen não consegue manter um relacionamento sério e duradouro com os homens em geral (fruto do fato de ter sofrido e presenciado abusos sexuais cometidos por seu padrasto pedófilo  contra seu irmão mais jovem durante sua conturbada infância). Traumas desse tipo são levados para o resto da vida. Para piorar Jensen resolve confrontar sua mãe sobre tudo o que aconteceu no passado, mas antes dessa conversa acontecer ela acaba sofrendo um AVC. Some-se a isso o fato de um serial killer insano e torturador estar à solta e você entenderá porque "Those Who Kill" pode ser considerada uma das melhores séries policiais da atualidade. O mundo cão nunca teve tintas tão ousadas. / Those Who Kill 1.08 - Insomnia (EUA, 2014) Direção: John David Coles / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison.

Outsiders 1.01 - Farrell Wine
Conferi o episódio piloto dessa nova série chamada "Outsiders". Nos estados sulistas americanos há um tipo de caipira mais isolado, que vive nas montanhas, tendo pouco ou nenhum contato com as cidades, ou como queiram, a civilização. Em cima disso criou-se o enredo dessa série. Os caipiras aqui não são apenas esquisitos, diferentes, mas extremamente incivilizados. Eles rejeitam o uso de dinheiro e quando descem na cidade só o fazem para roubar bens e alimentos. Quase selvagens completos. Curiosamente os roteiristas deixaram várias insinuações no meio do caminho, que não sei se serão levadas em frente, como a de que todos eles seriam também lobisomens! Imagine você, que coisa... Mesmo assim o primeiro episódio não é ruim. Há um tira de cidade pequena que evita ter que lidar com a caipirada violenta, mas que mais cedo ou mais tarde terá que enfrentá-los pois uma ordem de despejo foi emitida pela justiça do condado. A montanha em que vivem tem uma grande reserva de carvão e pertence a uma rica companhia que os querem tirar de lá, o mais rapidamente possível. O elenco é formado quase que exclusivamente por desconhecidos, com exceção do ator David Morse. Outro aspecto digno de nota é que a matutada usa carros e veículos envenenados, como se fossem uma versão caipira das montanhas de "Mad Max"! Por ser tão diferente vale a pena acompanhar a série para ver no que tudo isso vai dar. Pelo menos tentaram sair um pouco do convencional. / Outsiders 1.01 - Farrell Wine (EUA, 2016) Direção: Adam Bernstein / Roteiro: Peter Mattei / Elenco: David Morse, Joe Anderson, Gillian Alexy.

Pablo Aluísio.