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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Brutalidade Mortal

Título no Brasil: Brutalidade Mortal
Título Original: Brute Force
Ano de Lançamento: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jules Dassin
Roteiro: Richard Brooks, Robert Patterson
Elenco: Burt Lancaster, Hume Cronyn, Yvonne De Carlo, Charles Bickford, Ella Raines, Sam Levene

Sinopse:
Na superlotada Penitenciária de Westgate, onde a violência e o medo são normas e o diretor tem menos poder do que os guardas e os principais prisioneiros, a violência explode a todo momento. O condenado violento, durão e obstinado Joe Collins (Lancaster) quer revanche contra o chefe da guarda, Capitão Munsey, um pequeno ditador que se orgulha do poder absoluto. Depois de muitas infrações, Joe e seus companheiros de cela são colocados no temido cano de esgoto; provocando um esquema de fuga que tem todas as chances de se transformar em um banho de sangue.

Comentários:
Esse segundo filme da carreira do ator Burt Lancaster foi considerado muito visceral e brutal, fazendo jus ao seu título. A história se passa dentro de uma prisão onde os condenados vivem praticamente como bestas, como animais enjaulados. Para Lancaster o filme foi muito adequado. Jovem, atlético e musculoso, mas ainda não muito experiente como ator, ele conseguiu se sobressair nas cenas de lutas e pancadaria. Só com o tempo é que esse ex-trapezista de circo iria finalmente se desenvolver como bom intérprete de papéis dramáticos, afinal tudo tem seu tempo e momento de acontecer. De uma forma ou outra uma coisa não se pode negar, até hoje impressiona pela força de suas imagens. E pensar que um filme com uma história tão atroz assim foi lançado nos anos 1940. Pois é, o cinema americano já estava em seu auge por essa época. Obs: Esse filme também é conhecido no Brasil apenas como "Brutalidade", pois foi exibido com esse nome em algumas reprises na madrugadas televisivas dos canais abertos nacionais. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

O Rochedo de Gibraltar

Título no Brasil: O Rochedo de Gibraltar
Título Original: Rocket Gibraltar
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Daniel Petrie
Roteiro: Amos Poe
Elenco: Burt Lancaster, Suzy Amis, Patricia Clarkson, Frances Conroy, Sinéad Cusack, John Glover

Sinopse:

Levi Rockwell (Lancaster) é um velho patriarca que decide reunir em seu aniversário todos os membros de sua grande família. Só que muitos deles estão passando por problemas em suas vidas. Usando de sua sabedoria adquirida pelos anos o velho Levi então decide ajudar cada um deles.

Comentários:
O tempo só fez bem para a carreira de Burt Lancaster. No começo de sua história em Hollywood ele era um jovem atlético, com origens no circo, que encarava qualquer cena de ação e aventura sem problemas. Conforme os anos foram passando Lancaster foi deixando esse tipo de filme de lado, assumindo riscos, atuando em dramas mais sofisticados, filmes com muita qualidade artística. E na velhice ele abraçou produções ainda mais relevantes, dramas sentimentais, com roteiros que procuravam passar belas mensagens sobre a natureza humana. Esse filme foi realizado com Burt Lancaster perto de anunciar sua aposentadoria do cinema, após décadas de trabalho árduo. É um filme sensível, muito bem conduzido, que mais uma vez coroou a filmografia desse grande ator e astro do cinema americano em seus anos dourados. Seja você admirador ou não de seus primeiros filmes esse é um item indispensável para se ter na coleção. É um mergulho na natureza humana e nas relações familiares.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Scorpio

Título no Brasil: Scorpio
Título Original: Scorpio
Ano de Lançamento: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: The Mirisch Corporation
Direção: Michael Winner
Roteiro: David W. Rintels, Gerald Wilson
Elenco: Burt Lancaster, Alain Delon, Paul Scofield

Sinopse:
Jean Laurier (Alain Delon) é um assassino que passa a planejar seu próximo serviço. E seu alvo agora é um veterano agente da CIA chamado Cross (Burt Lancaster). Há suspeitas dentro da agência de inteligência de que ele estaria repassando informações secretas para os russos em plena guerra fria. 

Comentários:
Alain Delon já era um dos nomes mais famosos e populares do cinema europeu quando foi aos Estados Unidos contracenar com o veterano astro da velha Hollywood Burt Lancaster. O resultado ficou muito bom como bem podemos conferir nesse filme de espionagem. Só que Delon tinha mesmo alguns problemas com a língua inglesa, algo que também aconteceu com Brigitte Bardot e que de certa maneira o impediu de ter uma carreira mais consistente dentro da indústria cinematográfica norte-americana. Ainda assim temos aqui certamente um bom filme, com roteiro bem escrito e trama cheia de surpresas e reviravoltas, como era de se esperar de um filme desse estilo. Pouco lembrado nos dias atuais, Scorpio é uma boa amostra desse gênero cinematográfico sempre relevante. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Vera Cruz

O filme já começa à toda mostrando o encontro da dupla central, Cooper e Lancaster, numa cena com diálogos totalmente cínicos e dúbios. De certa forma isso se repetirá em todo o restante da fita. Curioso porque até mesmo o personagem de Gary Cooper parece não ter muitos escrúpulos. Coronel do exército confederado ele agora vaga pelo deserto mexicano para vender sua mão de obra ao grupo que lhe pagar melhor, ou seja, é um mercenário. Já o personagem de Burt Lancaster é bem pior, ladrão de cavalos, mentiroso e trapaceiro, desde o começo do filme já sabemos que não há nada o que esperar dele em termos éticos. Algo que se confirma no final quando teremos o tradicional duelo no meio das ruínas de uma cidade mexicana! "Vera Cruz" foi um dos primeiros westerns em que a ação foi colocada em primeiro plano, superando até mesmo os cânones dos faroestes mais tradicionais. Muitos especialistas inclusive qualificam "Vera Cruz" como uma espécie de predecessor do que seria feito no chamado Western Spaguetti. Não chegaria a tanto mas não há como negar que os faroestes italianos iriam utilizar de vários elementos que estão presentes aqui.

Um dos elementos é justamente a simplificação dos roteiros em detrimento da ação incessante. A trama da produção na realidade se desenvolve praticamente toda em torno de uma diligência com carregamento de ouro que tenta chegar até o porto de Vera Cruz. No meio do caminho Cooper e Lancaster, que estão protegendo o carregamento ao lado de um pelotão do exército mexicano, vão enfrentando todo tipo de desafios, conflitos e traições (sim, todos querem no final ficar com a fortuna e para isso não medem esforços em trair qualquer um). A produção é muito boa - bem acima da média dos faroestes da época. O figurino dos mexicanos na fita pode até ser considerada exagerado, mas é fiel no final das contas uma vez que eles realmente se vestiam daquela maneira. Em conclusão Vera Cruz é um bom western, talvez um pouco prejudicado pelo excesso de personagens e pirotecnia. Vale pelo carisma de Lancaster e pela presença sempre muito digna do grande mito Gary Cooper.

Vera Cruz (Vera Cruz, Estados Unidos, 1954) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Roland Kibbee, James R. Webb / Elenco: Gary Cooper, Burt Lancaster, Denise Darcel / Sinopse: Durante a revolução mexicana de 1866 um grupo de pistoleiros e aventureiros americanos são contratados pelo Imperador Maximiliano para escoltar uma condessa mexicana até o porto de Vera Cruz.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

A um Passo da Eternidade

Título no Brasil: A um Passo da Eternidade
Título Original: From Here to Eternity
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Daniel Taradash, James Jones
Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober

Sinopse:
Um grupo de militares americanos, a maioria deles da Marinha (U.S. Navy) estão levando suas vidas enquanto trabalham em navios ancorados no porto de Pearl Harbor, no Havaí. Então. sem nenhum aviso, são surpreendidos por um ataque massivo da Força Aérea Imperial do Japão, se tornando o estopim da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial.

Comentários:
Esse clássico do cinema americano é até hoje considerado o filme definitivo do ataque japonês ao porto militar de Pearl Harbor. Até aquele momento o governo americano não tinha intenção de entrar na Guerra. Depois do ataque, que matou milhares de militares dos Estados Unidos, a entrada se tornou inevitável. O grande mérito desse roteiro não foi apenas mostrar o ataque em si, em cenas realmente memoráveis, algumas tiradas de arquivo, filmagens reais, mas também de individualizar aqueles militares, mostrando a vida deles antes do ataque, suas paixões, planos, a vida que ia seguindo normal até aquele dia que o próprio presidente Roosevelt diria que "entraria para a infâmia". Dando rosto e história a cada um desses personagens o filme humanizou a face das vítimas do ataque. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, sendo premiado em 8 categorias do Oscar. Até hoje é considerado um dos maiores clássicos da história de Hollywood.

Pablo Aluísio. 

 

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

A Defesa do Castelo

Título no Brasil: A Defesa do Castelo
Título Original: Castle Keep
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Daniel Taradash
Elenco: Burt Lancaster, Patrick O'Neal, Jean-Pierre Aumont, Peter Falk, Bruce Dern

Sinopse:
Durante a II Guerra Mundial um pequeno pelotão de soldados americanos liderados pelo Major Abraham Falconer (Burt Lancaster) é enviado para defender um castelo na Bélgica, uma propriedade rica e luxuosa pertencente ao Duque de Maldorais (Jean-Pierre Aumont). O lugar é de vital importância estratégica pois fica no caminho usado pelos alemães para chegar em Ardenas, onde se travaria a última das grandes batalhas do histórico conflito. Roteiro baseado na novela escrita por William Eastlake. 

Comentários:
Esse é um caso interessante. Apesar de ser um filme americano, dirigido por um cineasta também norte-americano, temos um resultado que mais se assemelha a um filme europeu da época. Pollack nitidamente segue os passos dos grandes diretores europeus, procurando seguir as mesmas técnicas narrativas e os mesmos enfoques cinematográficos que prevaleceram no velho continente. A própria forma de narrar a história reflete isso. Os cortes são muitas vezes inesperados e ao contrário do que sempre aconteceu nas grandes produções americanas de guerra não há interesse em mostrar tudo em detalhes, mas sim de forma indireta, de acordo com a percepção de cada soldado daquele pelotão do exército americano. Com isso a fidelidade história é deixada um pouco de lado, dando prioridade no desenvolvimento de cada personagem. O Major Falconer (Burt Lancaster) é um militar linha dura que pretende seguir o regulamento à risca, embora deslize de vez em quando (principalmente ao se envolver romanticamente com a própria esposa do duque dono do castelo). O Sargento Rossi (Peter Falk) está cansado da guerra e sonha em ser um padeiro na Europa, para viver uma vida simples, mas feliz. Já o soldado raso Piersall Benjamin (Al Freeman Jr.) sonha em ser escritor após a guerra, para narrar suas experiências vividas (na verdade esse personagem é o próprio autor do livro que deu origem ao filme, William Eastlake). Com belas locações e uma linha narrativa fragmentada, "Castle Keep" passa longe de ser um filme de guerra convencional, porém vale bastante a pena pelas ousadias que ousa cometer. Uma pequena obra-prima que merece ser redescoberta pelos cinéfilos apreciadores de filmes clássicos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Os Últimos Durões

Título no Brasil: Os Últimos Durões
Título Original: Tough Guys
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jeff Kanew
Roteiro: James Orr, Jim Cruickshank
Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Charles Durning, Alexis Smith, Dana Carvey, Darlanne Fluegel

Sinopse:
Harry Doyle (Burt Lancaster) e Archie Long (Kirk Douglas) são dois velhos criminosos que passaram décadas atrás das grades. Uma vez cumpridas as penas eles voltam para a liberdade, mas o mundo moderno lhes parece completamente diferente do passado. E agora, como vão sobreviver nessa nova realidade?

Comentários:
Como dois velhos gângsteres, da velha escola do crime, iriam sobreviver de volta às ruas depois de anos e anos dentro da prisão? Essa é a premissa básica desse filme. Calma, não se trata de um drama discutindo essa questão, que inclusive poderia render um ótimo argumento para um filme mais sério. Entretanto aqui o tom é de comédia. Esses dois criminosos, agora idosos, tentam cometer os mesmos crimes usando das velhas táticas, há muito obsoletas pelo passar do tempo. O filme na verdade é praticamente uma despedida e uma homenagem desses dois veteranos do cinema. Burt Lancaster, o antigo astro dos filmes de piratas, sempre sorridente e atlético e Kirk Douglas, um ícone do cinema americano em sua fase de ouro, mostram como ainda eram durões de verdade. É um filme divertido e até mesmo engraçado, porém uma dupla dessas, de tanta importância, poderia ter se envolvido em algo maior, à altura de suas carreiras.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de maio de 2021

Uma Vida Por um Fio

Quando o filme começa, Leona Stevenson (Barbara Stanwyck) está desesperada ao telefone tentando localizar o marido. Ele ficou de chegar em casa cedo, mas simplesmente desaparece. No trabalho ninguém tem notícias. Ela é a filha herdeira de um rico industrial do ramo de produtos químicos. Está sozinha em casa e por causa de uma doença no coração não consegue se locomover. Ligando para várias pessoas ela vai descobrindo que existe um plano... para matá-la! Com isso o desespero se espalha, ainda mais depois que descobre que há um invasor em sua bela mansão. É o assassino, chegando para colocar um fim em sua vida.

Eu poderia definir esse clássico "Sorry, Wrong Number" como um drama de suspense e crime. A história é bem sórdida, se formos analisar bem. Há essa mulher rica, que decidiu por capricho se casar com um homem pobre, interpretado pelo ótimo Burt Lancaster. É um sujeito sem grandes valores pessoais. Embora diga que quer vencer na vida por seus próprios méritos, não pensa muito antes de entrar numa jogada criminosa, onde passa a roubar a fábrica de seu próprio sogro. Pior do que isso, ele descobre que há um seguro de vida de alguns milhões de dólares no nome de sua esposa. Se ela morrer, ele ficará milionário. Então juntando todos os pontos temos o ambiente ideal para o surgimento de um plano de assassinato.

Barbara Stanwyck está maravilhosa em sua atuação. Deitada a maior parte do filme em uma cama, com joias e cercada de todo o luxo, ela percebe que na verdade está no centro de um plano criminoso, onde ela é a principal vítima. Por esse trabalho ela foi indicada ao Oscar naquele ano. Já Burt Lancaster, que fez toda a sua carreira interpretando mocinhos e heróis, aqui surge como um mau caráter, um homem de valores vis, que só pensa em ficar rico, nem que para isso precise matar a própria esposa. Enfim, sordidez para todos os lados nesse grande filme clássico. Simplesmente imperdível.

Uma Vida Por um Fio (Sorry, Wrong Number, Estados Unidos, 1948) Direção: Anatole Litvak / Roteiro: Lucille Fletcher / Elenco: Barbara Stanwyck, Burt Lancaster, Ann Richards, Wendell Corey / Sinopse: Leona Stevenson (Barbara Stanwyck) é a rica herdeira que fica em casa, sozinha e sem ter como se locomover, por causa de uma doença no coração. A única coisa que tem para se comunicar com as pessoas é um telefone ao lado da cama. E sua casa acaba de ser invadida por um assassino profissional. Estaria seu marido por trás desse crime? Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Barbara Stanwyck).

Pablo Aluísio.

O Gavião e a Flecha

Título no Brasil: O Gavião e a Flecha
Título Original: The Flame and the Arrow
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Waldo Salt
Elenco:  Burt Lancaster, Virginia Mayo, Robert Douglas, Aline MacMahon, Frank Allenby, Nick Cravat

Sinopse:
Na idade Média, na região da Lombardia dominada por um principado alemão, um homem das montanhas chamado Dardo Bartoli (Burt Lancaster) entra em conflito contra o Duque estrangeiro conhecido como "O Falcão". E sua briga não se resume na dominação alemã da região, mas também em questões pessoais e familiares. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia (Ernest Haller) e melhor música (Max Steiner).

Comentários:
O filme é uma aventura ao estilo Robin Hodd. Aliás o personagem interpretado por Lancaster pode ser conceituado como um genérico italiano do famoso ladrão inglês. Ele vive na floresta, tem seu bando de salteadores felizes e luta contra a opressão, no caso aqui um reino de origem germânica que domina a região italiana da Lombardia. O filme é curto, menos de 80 minutos de duração e investe forte nas cenas de ação e lutas. E nessas encontramos um aspecto curioso. Como se sabe o ator Burt Lancaster veio do circo. Foi sua primeira escola. E tudo o que ele aprendeu na vida circense, como malabarismos e acrobacias, ele usa em cena nesse filme. Inclusive dispensou dublês. Além disso ele trouxe toda a trupe do circo que conhecia para trabalhar também no filme. São seus amigos do passado. Assim temos todos os tipos de números de acrobatas que você possa imaginar. É um filme ao velho estilo das matinês, então também não espere por roteiro detalhado e cheio de conteúdo. É um filme para pura diversão, basicamente isso.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Oeste Selvagem

Título no Brasil: Oeste Selvagem
Título Original: Buffalo Bill and the Indians
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Dino De Laurentiis Company
Direção: Robert Altman
Roteiro: Arthur Kopit, Alan Rudolph
Elenco: Paul Newman, Burt Lancaster, Harvey Keitel, Joel Grey, Kevin McCarthy, Frank Kaquitts

Sinopse:
William Cody (Paul Newman), um empresário de circo, que usa o nome artístico de Buffalo Bill, decide contratar uma nova atração para suas apresentações, nada mais do que o verdadeiro Touro Sentado, chefe tribal que lutou contra a sétima cavalaria no passado. Filme premiado no Berlin International Film Festival.

Comentários:
O verdadeiro Buffalo Bill era um contador de lorotas. Um artista que criava histórias fantasiosas de sua vida para vender seu show itinerante. Esse era composto por atores e atrizes, artistas de circo e outros tipos que interpretavam personagens do velho oeste como cowboys, soldados da cavalaria e índios selvagens. Com o passar do tempo ele resolveu investir mais alto em seu elenco, chegando ao ponto de contratar o verdadeiro Touro Sentado para aparecer nas apresentações. O velho chefe tribal, coitado, estava arruinado. Ele havia sido derrotado pelo exército americano e sucumbia à fome e a miséria junto ao seu povo em reservas controladas pelo governo. Ao entrar para o circo de Buffalo Bill ele estava mais preocupado em sobreviver, em não morrer de fome, do que qualquer outra coisa. Além disso queria ajudar o seu povo que sofria cada vez mais. Então o que acabou acontecendo foi o encontro entre o falso homem do velho oeste, personificado por Buffalo Bill e o verdadeiro protagonista da mitologia do western, na presença de Touro Sentado. Esse filme do diretor Robert Altman recriou essa interessante história. E Paul Newman está ótimo como o bufão Buffalo Bill, um canstrão, falastrão, bufão, um homem que mentia tanto que acabava acreditando nas próprias mentiras inventadas por ele mesmo. Um personagem realmente saboroso para um grande ator esbanjar talento em cena.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de maio de 2020

A Embriaguez do Sucesso

Título no Brasil: A Embriaguez do Sucesso
Título Original: Sweet Smell of Success
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Alexander Mackendrick
Roteiro: Clifford Odets, Ernest Lehman
Elenco: Burt Lancaster, Tony Curtis, Susan Harrison, Martin Milner, Jeff Donnell, Sam Levene

Sinopse:
Poderoso, mas antiético, colunista da Broadway J.J. Hunsecker (Burt Lancaster) obriga o inescrupuloso agente de imprensa Sidney Falco (Tony Curtis) a terminar o romance de sua irmã com um músico de jazz. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor ator (Tony Curtis).

Comentários:
Excelente filme clássico onde a dupla central de atores surpreende. Burt Lancaster era visto como um herói dos filmes de aventura. Ele começou sua carreira no circo e se tornou famoso no cinema por causa de seus personagens atléticos, cheios de força e honestidade. Já Tony Curtis foi um dos galãs mais populares de sua época. Ele tinha um raro talento para comédias românticas, onde seu tipo se encaixava perfeitamente bem. Pois tanto Lancaster como Curtis decidiram deixar essas imagens para trás nesse filme. Aqui eles interpretam tipos asquerosos e sem ética, que usam de tudo para manipular as pessoas, atingindo assim seus objetivos nada nobres. É uma disputa de sordidez para ver quem é o mais inescrupuloso, o mais mau-caráter dos dois. Para atores que construíram suas carreiras em cima da imagem de protagonistas bonzinhos foi uma mudança e tanto. O filme também surpreende pela qualidade. A fotografia em bonito preto e branco captou as ruas reais de Nova Iorque, fugindo do esquema de filmagem dentro de estúdios que era tão comum em Los Angeles. Isso trouxe um realismo incrível ao filme. Enfim, uma ótima amostra de ousadia na era de ouro em Hollywood, em um filme onde não havia protagonistas, mas apenas antagonistas. Foi um serviço completo de vilania e bom cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O Homem de Alcatraz

Título no Brasil: O Homem de Alcatraz
Título Original: Birdman of Alcatraz
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Frankenheimer
Roteiro: Guy Trosper
Elenco: Burt Lancaster, Karl Malden, Thelma Ritter, Neville Brand, Betty Field, Telly Savalas 

Sinopse:
A história do filme é baseada em fatos reais, com roteiro adaptado do livro escrito por Thomas E. Gaddis. Robert Stroud (Burt Lancaster) é um prisioneiro federal que cumpre pena na prisão de morte em Alcatraz, na Baía de San Francisco. Ele ficou famoso ao se tornar, de forma completamente autodidata dentro da prisão, uma autoridade sobre assuntos científicos envolvendo pássaros.

Comentários:
Esse filme é maravilhoso, se tornando até mesmo emocionante. Ele mostra, através da história real de um prisioneiro americano em Alcatraz, a capacidade do ser humano em superar adversidades. O protagonista supera o fato de sofrer uma condenação à morte para tentar se tornar um homem melhor. Durante uma manhã um passarinho pousa na janela de sua cela. O animal está ferido. Então ele começa a tratar a ave. Isso inicia um interesse pessoal dele por ciência, por biologia. Ele então começa a estudar os pássaros, estudando dia e noite, se tornando um dos maiores experts no assunto em seu país. Assim começa uma campanha fora da cadeia para que ele não seja executado, afinal ele se mostra completamente recuperado, virando mesmo um homem sábio dentro da cadeia, mostrando que nem as paredes de uma prisão podem cercear o desejo de um homem em busca do conhecimento e da ciência. O filme é perfeito como obra cinematográfica em si, embora tenha sofrido diversas críticas em seu lançamento original por supostamente romancear demais a personalidade de Robert Stroud. Na vida real ele era sim extremamente inteligente, com alto QI, algo que o roteiro do filme deixa bem claro, porém tinha também uma personalidade perigosa e violenta, um tanto diferente do bondoso personagem interpretado por Burt Lancaster. Isso porém não apaga o fato de que esse é um grande filme. Como puro cinema é nota 10 com louvor. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Burt Lancaster), melhor ator coadjuvante (Telly Savalas), melhor atriz coadjuvante (Thelma Ritter) e melhor direção de fotografia (Burnett Guffey).

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de dezembro de 2019

Sem Lei e Sem Alma

Entre tantas histórias que ficaram célebres no velho oeste poucas conseguiram alcançar a fama do tiroteio ocorrido no Ok Corral em Tombstone, Arizona. De um lado o lendário xerife Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas). Do outro lado o bando dos irmãos Clanton. Ambos se enfrentaram face a face, cada um a poucos metros do outro, armas em punho, um duelo que entrou para a história e que foi fartamente explorado no cinema durante todos esses anos. Esse "Sem Lei e Sem Alma" é até hoje considerado uma das melhores versões já feitas sobre o evento. O roteiro é extremamente bem trabalhado, nitidamente dividido em dois atos que se fecham e se complementam de forma perfeita. No primeiro ato acompanhamos a chegada de Wyatt Earp numa pequena cidade do velho oeste. Ele vem no encalço de Johnny Ringo (John Ireland) e seu bando. Lá se aproxima do pistoleiro e jogador inveterado Doc Holliday e acaba salvando sua vida ao ajudá-lo a fugir de seu próprio linchamento. No segundo ato encontramos os personagens já em Tombstone, a lendária cidade, onde nos 15 minutos finais do filme ocorrerá o famoso confronto no O.K. Corral.

Burt Lancaster e Kirk Douglas estão perfeitos em seus papéis. Kirk Douglas em especial encontrou grande afinidade entre sua própria personalidade expansiva e extrovertida e a figura do lendário Doc Holliday. Esse como já tive a oportunidade de escrever é realmente um personagem à prova de falhas. Um dentista corroído pela tuberculose que ocupava todo seu tempo jogando cartas e se envolvendo em confusões pelas cidadezinhas por onde passava. O que fazia de Doc um ótimo pistoleiro é que seu instinto de preservação já não era tão acentuado pois sempre se via no limite, à beira da morte, por isso para ele tanto fazia morrer em um tiroteio ou escapar vivo para mais um duelo à frente. Sua frieza e pontaria certeira o transformaram em uma lenda do velho oeste. Já Wyatt Earp também encontrou um ator ideal em Burt Lancaster. Íntegro, honesto e temido, procurava manter a lei em uma região infestada de facínoras e bandoleiros. O duelo no O.K. Curral foi apenas uma das inúmeras histórias envolvendo esse famoso homem da lei.

Para finalizar é bom salientar que a despeito de sua imensa qualidade cinematográfica, "Sem Lei e Sem Alma" não é completamente fiel aos fatos históricos. O próprio duelo final, razão de existência do filme, não ocorreu da forma mostrada no filme. De fato os eventos reais foram bem mais simples, pois os dois grupos rivais estavam frente a frente, a poucos metros uns dos outros. No filme há toda uma sequência de cenas que não existiram, como a queima da carroça, por exemplo. Johnny Ringo, o famoso pistoleiro, também não estava no confronto do O.K. Ele foi morto tempos depois no meio do deserto. Suspeita-se que foi morto por Doc Holliday pois ambos tinham uma rivalidade antiga que só seria resolvida com armas em punho. De qualquer forma esses detalhes em nada diminuem a extrema qualidade de "Sem Lei e Sem Alma", que hoje é considerado merecidamente um dos melhores filmes clássicos de western já realizados. Uma obra-prima certamente.

Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the O.K. Corral, Estados Unidos, 1957) Direção: John Sturges / Roteiro: Leon Uris baseado no artigo escrito por George Scullin / Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet, John Ireland, Frank Faylen, Ted de Corsia, Dennis Hopper, DeForest Kelley, Martin Milner / Sinopse: Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas) resolvem enfrentar cara a cara um bando de ladrões de gado no O.K. Corral em Tombstone, Arizona.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de dezembro de 2019

A Um Passo da Eternidade

O soldado Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift) é transferido para uma base militar no Havaí após ter alguns problemas com oficiais no quartel onde servia. Lá ele fica sob o comando do Sargento Milton Warden (Burt Lancaster). Prewitt tem fama de bom boxeador, mas não quer voltar aos ringues. Como o Comandante do grupo é fã do esporte ele tenta convencer o soldado a lutar de qualquer jeito ao lhe impor uma rígida disciplina militar. Seu objetivo é forçar Previtt a lutar na competição militar, mas ele resiste bravamente. Nesse ínterim, o Sargento Milton decide começar um caso extraconjugal com a bela Karen Holmes (Deborah Kerr); O problema é que ela é a esposa de seu Capitão!

"A Um Passo da Eternidade" é um dos clássicos mais famosos da história do cinema americano. O que o distingue dos demais filmes de guerra da época é que o roteiro do filme procura desenvolver o máximo possível o aspecto mais humano dos personagens em cena. O papel de Clift é um exemplo. Ele é um novato que sofre todos os tipos de humilhações dentro da base. Mesmo assim resiste ás provocações para demonstrar seu ponto de vista. Ao se envolver com a dançarina de cabaré Lorene Burke (Donna Reed) ele procura acima de tudo uma redenção em sua vida, algo que valha a pena lutar. O enredo gira em torno dele, mas o filme não se resume a isso pois tem como pano de fundo o grande ataque japonês ao porto americano de Pearl Harbor, fato que ocasionou a entrada dos EUA na II Guerra Mundial. O argumento assim tenta dar um rosto e uma história para os milhares de militares americanos que estavam no Havaí nesse grande bombardeio das forças do império japonês.

Baseado no romance best-seller de James Jones, "A Um Passo da Eternidade" é, em essência, um filme sobre relacionamentos humanos, paixões, rivalidades nas vésperas de um dos maiores acontecimentos da história norte-americana. Além do filme em si ser um marco, a produção ficou conhecida também por várias histórias de bastidores. Uma das mais conhecidas envolveu o cantor Frank Sinatra. Na época ele estava em um péssimo momento na carreira. Após ter um problema vocal suas vendas despencaram e assim Sinatra ficou sem muitas alternativas. Ao descobrir que a Columbia faria "A um Passo da Eternidade" resolveu lutar pelo papel de Angelo Maggio, um soldado boa praça que é vítima de um guarda sádico (interpretado pelo sempre ótimo Ernest Borgnine). O drama para Sinatra começou quando o diretor Fred Zinnemann o recusou para o filme. Segundo afirmam alguns livros o chefão mafioso Sam Giancana, atendendo a um pedido desesperado de Sinatra, colocou Zinnemann contra a parede para que ele escalasse o cantor em decadência. O fato acabou sendo utilizado em "O Poderoso Chefão" em uma cena em que um cantor italiano pede ajuda a Don Vito Corleone para que ele fosse escalado para um filme importante.  A cena é impactante quando uma cabeça de cavalo decepada é colocada ao lado da cama de um cineasta famoso.

De qualquer modo, seja lá como entrou no filme, o fato é que Sinatra conseguiu voltar ao auge. Ele venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação e o filme acabou se tornando o grande premiado de seu ano, levando para casa ainda mais sete prêmios. Uma consagração praticamente completa na mais prestigiada premiação do cinema mundial. Burt Lancaster também foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas não venceu. Havia um certo preconceito contra ele, por ser um astro de filmes de ação e aventura na época. Já Montgomery Clift foi completamente esquecido em mais uma daquelas famosas injustiças da Academia. A consolação para Lancaster veio pelo fato de ter feito a cena mais famosa de sua carreira, quando beija Deborah Kerr na beira da praia. Um momento considerado extremamente ousado para a época, com sensualidade à flor da pele.

A Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity, Estados Unidos, 1953) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Daniel Taradash baseado no romance de James Jones / Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Frank Sinatra, Donna Reed, Ernest Borgnine, Philip Ober / Sinopse: Nas vésperas do ataque japonês à base de Pearl Harbor, fato que levou os Estados Unidos a entrarem na II Guerra Mundial, um grupo de soldados vivem seus dramas pessoais em um regimento do Havaí. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Fred Zinnemann), Melhor Roteiro (Daniel Taradash), Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra), Melhor Atriz Coadjuvante (Donna Reed), Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey), Melhor Som (John P. Livadary) e Melhor Edição (William A. Lyon). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Fred Zinnemann) e Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra),  

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Sua Majestade o Aventureiro

Um filme clássico explorando a beleza natural dos sete mares, assim podemos definir essa produção, um belo exemplo de aventura da década de 1950. O enredo não poderia ser mais adequado. Depois de sofrer um motim em seu navio, o Capitão David Dion O'Keefe (Burt Lancaster) vai parar em uma ilha remota no Pacífico Sul. Lá ele descobre um grande potencial para comercializar o óleo dos coqueiros da região, algo de muito valor para ser vendido na rota comercial em direção à Europa. Após fazer amizade com os nativos locais O'Keefe retorna para Hong Kong onde pretende comprar um navio para colocar em prática seus planos. O problema é que várias companhias concorrentes farão de tudo para destruir o objetivo comercial do veterano capitão dos mares. Aventura filmada nas ilhas Fiji, um dos lugares mais bonitos do mundo. Claro que uma produção americana realizada em um lugar tão distante, do outro lado do planeta, acabaria se tornando um desafio e tanto. O diretor Byron Haskin ficou doente durante as filmagens e o próprio astro Burt Lancaster assumiu parte da direção (embora jamais tenha sido creditado por isso pela Warner). Algo até muito injusto porque como podemos perceber bem ao assistir a esse filme o astro Lancaster tinha uma boa mão como cineasta. Ele sabia muito bem o que queria e conseguia extrair o melhor das cenas com mais ação e lutas. Além disso captou como poucos a beleza natural dos lugares onde o filme foi feito.

Como era comum em filmes como esse na época, o protagonista era um aventureiro, um homem que enfrentava todos os desafios para atingir seus objetivos. Um papel perfeito para Burt Lancaster que vindo do circo se sentia muito bem nesse tipo de aventura onde o aspecto físico do ator era bem mais explorado do que sua capacidade dramática. Aliás em inúmeras cenas Lancaster dispensou o uso de dublês, fazendo ele mesmo várias das sequências mais perigosas. Numa delas ele desce a montanha de uma pedreira antes de haver uma grande explosão. Para isso usa apenas cordas, tal como se estivesse em um número de malabarismo sobre o picadeiro. Já sob o ponto de vista atual o roteiro de "His Majesty O'Keefe" poderia até mesmo ser considerado um pouco complicado de digerir. Isso porque o personagem de Burt Lancaster, apesar de seu estilo jovial e dinâmico, sempre com uma atitude de bom mocismo, pretende no final das contas apenas explorar o povo daquela ilha distante; pois o que ele tinha em mente mesmo era comercializar os recursos naturais que supostamente seriam deles de direito.

Um dos problemas que o Capitão precisa resolver é como colocar toda aquela gente para trabalhar atendendo ao seu próprio interesse de ficar rico. Os nativos não pareciam muito propensos ao trabalho, mas sim a cultuar pedras que eles consideravam sagradas. A ótica do colonizador assim acabou prevalecendo, com o Capitão O'Keefe sempre disposto a bolar alguma jogada para se dar bem com a mão de obra daquele povo primitivo. Por fim o filme também traz doses de romantismo, principalmente no romance entre o Capitão e uma garota muito bonita da ilha, interpretada pela bela atriz Joan Rice. Então é isso. "Sua Majestade o Aventureiro" é certamente um bom filme de aventuras ao velho estilo de Hollywood, com muita ação, desafios e a sempre exuberante natureza de Fiji, com suas águas cristalinas e paisagens de tirar o fôlego. Deixe de lado um pouco seu teor politicamente incorreto e tente se divertir, levando em conta a mentalidade da época em que o filme foi lançado. Assim você terá uma ótima diversão passada nos mares do Sul.

Sua Majestade o Aventureiro (His Majesty O'Keefe, Estados Unidos, 1954) Estúdio: Warner Bros / Direção: Byron Haskin / Roteiro: Borden Chase, James Hill / Elenco: Burt Lancaster, Joan Rice, André Morell, Abraham Sofaer / Sinopse: Explorador, marinheiro e aventureiro um capitão descobre uma maneira de ficar rico com as belezas naturais de uma ilha perdida e quase inexplorada localizada no Pacífico Sul.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O Discípulo do Diabo

Durante o período colonial um arrogante comandante militar inglês, o general Burgoyne (Laurence Olivier) tenta manter uma província da colônia sob controle, combatendo e perseguindo os rebeldes nativos que desejam a independência do país. Durante um enforcamento de um líder rebelde, um religioso local, o reverendo Anthony Anderson (Burt Lancaster), solicita ao comando militar britânico para que o morto seja enterrado sob a tradição cristã mas o pedido é negado. Após o roubo do corpo por Richard Dudgeon (Kirk Douglas) a repressão aumenta, criando um clima de terror na região. “O Discípulo do Diabo” é um filme extremamente curioso. Realizado em 1959 o filme foca seu roteiro na antevéspera da revolução americana, quando os colonos, cansados da exploração da metrópole britânica, começam a despertar o sentimento de nacionalismo e independência.

O elenco reúne três grandes mitos do cinema da época, Kirk Douglas (fazendo a ovelha negra de sua rica família, encarnando um personagem anárquico e irreverente), Burt Lancaster (fazendo um religioso com punhos fortes) e finalmente Laurence Olivier (em boa caracterização de um militar inglês pomposo mas consciente da fragilidade de suas tropas em vista do crescente aumento do número de rebeldes dentro da colônia). O interessante é que o roteiro intercala um tom mais sério com cenas mais leves, até românticas, tudo em menos de 90 minutos de duração. Há boa reconstituição histórica e uma curiosa linha narrativa feita em animação para situar o espectador sobre o contexto histórico em que o enredo se desenvolve. Hoje em dia alguns aspectos do argumento podem soar inocentes (como a troca de identidade entre os personagens de Kirk Douglas e Burt Lancaster) mas no saldo final tudo é muito bem realizado e mantém o interesse. Fica a dica para quem gosta de filmes enfocando o período colonial da história norte-americana.

O Discípulo do Diabo (The Devil's Disciple, EUA, 1959) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: John Dighton, Roland Kibbee / Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Laurence Olivier, Janette Scott / Sinopse: Durante o período colonial um arrogante comandante militar inglês, o general Burgoyne (Laurence Olivier) tenta manter uma província da colônia sob controle, combatendo e perseguindo os rebeldes nativos que desejam a independência do país.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de outubro de 2019

Aeroporto

Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os filmes de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.

Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George Kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.

Aeroporto (Airport, EUA, 1970) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset / Sinopse: Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Vera Cruz

O filme já começa à toda mostrando o encontro da dupla central, Cooper e Lancaster, numa cena com diálogos totalmente cínicos e dúbios. De certa forma isso se repetirá em todo o restante da fita. Curioso porque até mesmo o personagem de Gary Cooper parece não ter muitos escrúpulos. Coronel do exército confederado ele agora vaga pelo deserto mexicano para vender sua mão de obra ao grupo que lhe pagar melhor, ou seja, é um mercenário. Já o personagem de Burt Lancaster é bem pior, ladrão de cavalos, mentiroso e trapaceiro, desde o começo do filme já sabemos que não há nada o que esperar dele em termos éticos. Algo que se confirma no final quando teremos o tradicional duelo no meio das ruínas de uma cidade mexicana! "Vera Cruz" foi um dos primeiros filmes de western em que a ação foi colocada em primeiro plano, superando até mesmo os cânones dos faroestes mais tradicionais. Muitos especialistas inclusive qualificam "Vera Cruz" como uma espécie de predecessor do que seria feito no chamado Western Spaguetti. Não chegaria a tanto mas não há como negar que os faroestes italianos iriam utilizar de vários elementos que estão presentes aqui.

Um dos elementos é justamente a simplificação dos roteiros em detrimento da ação incessante. A trama da produção na realidade se desenvolve praticamente toda em torno de uma diligência com carregamento de ouro que tenta chegar até o porto de Vera Cruz. No meio do caminho Cooper e Lancaster, que estão protegendo o carregamento ao lado de um pelotão do exército mexicano, vão enfrentando todo tipo de desafios, conflitos e traições (sim, todos querem no final ficar com a fortuna e para isso não medem esforços em trair qualquer um). A produção é muito boa - bem acima da média dos faroestes da época. O figurino dos mexicanos na fita pode até ser considerada exagerado, mas é fiel no final das contas uma vez que eles realmente se vestiam daquela maneira. Em conclusão Vera Cruz é um bom western, talvez um pouco prejudicado pelo excesso de personagens e pirotecnia. Vale pelo carisma de Lancaster e pela presença sempre muito digna do grande mito Gary Cooper.

Vera Cruz (Vera Cruz, EUA, 1954) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Roland Kibbee, James R. Webb / Elenco: Gary Cooper, Burt Lancaster, Denise Darcel / Sinopse: Durante a revolução mexicana de 1866 um grupo de pistoleiros e aventureiros americanos são contratados pelo Imperador Maximiliano para escoltar uma condessa mexicana até o porto de Vera Cruz.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de abril de 2019

O Julgamento de Nuremberg

A Alemanha nazista foi palco das maiores atrocidades da história da humanidade. O holocausto foi um momento único de terror e desumanidade na trajetória do homem sobre a Terra. Após o fim da Segunda Guerra Mundial todos aqueles que de alguma forma colaboraram com o regime nazista de Adolf Hitler foram julgados na cidade de Nuremberg. Infelizmente alguns líderes nazistas conseguiram escapar dessa corte internacional se suicidando ou então fugindo para outros países distantes. O braço direito de Hitler, Himmler, por exemplo, foi capturado, mas se matou com cianureto em sua cela antes que pudesse enfrentar seu julgamento. Ficaram impunes e não pagaram por seus crimes horrendos, infelizmente.

Na verdade histórica não houve apenas um julgamento em Nuremberg, mas vários, com muitos réus dos mais diversos setores da Alemanha nazista. Esse filme se concentra no julgamento de membros do poder judiciário (juízes em sua maioria) e promotores públicos que não apenas colaboraram com o nazismo como chancelaram leis e decretos do Reich completamente absurdos, como os que previam pena de morte para arianos que se envolvessem com não-arianos e judeus ou que traziam normas sobre esterilização dos indesejados ao regime como comunistas, doentes mentais e membros de etnias consideradas inferiores pela doutrina nazista. No banco de réus se encontrava justamente um dos maiores juristas do direito alemão, o Dr. Ernst Janning (Burt Lancaster), homem culto, amante das artes e um autor e magistrado consagrado que a despeito de sua vasta cultura jurídica e humanista não hesitou em colaborar diretamente com os ideais de Hitler, inclusive enviando milhares de inocentes para campos de concentração do Terceiro Reich.

O roteiro do filme é primoroso, mostrando essa enorme contradição em que intelectuais e homens da mais fina cultura se tornavam meros instrumentos de morte para a máquina de extermínio nazista. O argumento também ousa perguntar até onde teria ido a responsabilidade do povo alemão pelos terríveis crimes de guerra promovidos pelos homens de Hitler. Isso é bem exemplificado pelos próprios réus no processo. Embora ocupassem altos cargos dentro do Reich todos negaram de forma incisiva que jamais souberam do que se passava dentro dos muros dos campos de extermínio.

O juiz americano Dan Haywood, indicado para julgar esses criminosos de guerra, é magnificamente interpretado por Spencer Tracy. Seu personagem é um sujeito provinciano do interior dos EUA, que fica chocado com a extrema brutalidade que toma conhecimento durante os depoimentos de testemunhas. Não menos talentosos em cena estão Richard Widmark como o promotor, membro das forças armadas americanas e Maximilian Schell, interpretando o advogado de defesa. Elenco fabuloso que conta ainda com grandes atores dando vida às testemunhas do caso, com destaque para  Montgomery Clift como uma das vítimas da política nazista de pureza racial. O filme exige um certo comprometimento do espectador uma vez que sua duração ultrapassa as três horas, mas quem se propor a assistir a “O Julgamento de Nuremberg” será muito bem recompensado pois certamente se trata de uma obra prima da história do cinema.

O Julgamento de Nuremberg (Judgment at Nuremberg, EUA, 1961) Direção: Stanley Kramer / Roteiro: Abby Mann / Elenco: Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Maximilian Schell, Montgomery Clift, Judy Garland, William Shatner, Marlene Dietrich / Sinopse: O filme narra os acontecimentos que ocorreram durante um dos mais famosos julgamentos realizados na cidade de Nuremberg após o fim da Segunda Guerra. No banco dos réus juízes e promotores alemães que colaboraram com a política nazista de extermínio e esterilização de raças consideradas inferiores.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de abril de 2019

Revanche Selvagem

Após passar todo o inverno capturando animais selvagens para extrair suas peles, o caçador Joe Bass (Burt Lancaster) se vê encurralado por um grupo de índios das montanhas. Eles lhe dão uma alternativa: trocar as peles por um negro que tinham capturado. Obviamente Bass não tem nenhum interesse em possuir um escravo mas como fica sob ameaça de arcos e flechas não vê outra alternativa a não ser aceitar a “proposta” dos indígenas. Feita a troca eles vão embora e Bass se torna o dono de Joseph Lee (Ossie Davis), um negro que pensa ser um comanche (havia sido criado por essa tribo). O fato porém é que Bass não desistirá de suas peles tão facilmente assim e parte no encalço dos índios esperando pela oportunidade de roubar a carga sem que eles percebam. Para seu infortúnio porém antes que isso aconteça os índios são atacados por um grupo de renegados liderados por Jim Howie (Telly Savalas). A especialidade deles é a matança de indígenas pois há uma recompensa paga pelo governo do território por cada escalpo que eles conseguirem. Assim que matam os índios eles tomam posse das peles de Bass que agora terá que enfrentá-los para reaver o que é seu de direito.

“Revanche Selvagem” é um excelente western que foi bem subestimado em sua época e continua a ser pouco conhecido pelos fãs do gênero. Apesar da sinopse dar a entender de que se trata de um faroeste ao velho estilo, o filme já apresenta um tom mais leve onde se mesclam cenas de lutas e tiroteios com pequenas partes de puro humor. A relação entre Bass (Lancaster) e o escravo Lee, por exemplo, rende bons momentos e ótimos diálogos. O negro pensa ser um índio comanche, apesar de todas as evidencias em contrário. Ossie Davis que interpreta esse personagem está muito bem. Outro destaque é Telly Savalas, ator que ficou famoso por causa da série Kojak, grande sucesso da TV americana na década de 70. Ele lidera um grupo de ladrões, assassinos e facínoras em geral que vagam pelos campos em busca de índios, cujos escalpos são trocados por recompensas pagas (“o mais vil serviço do velho oeste” segundo as palavras do personagem de Lancaster). Shelley Winters se despe de vaidades e faz a mulher de Telly Savalas, já um tanto farta das viagens intermináveis no meio do nada. Enfim, “Revanche Selvagem” merece ser redescoberto. Seu bom roteiro, as boas atuações e a direção do sempre ótimo Sydney Pollack garantem ainda mais a sessão.

Revanche Selvagem (The Scalphunters, EUA, 1968) Direção: Sydney Pollack / Roteiro: William W. Norton / Elenco: Burt Lancaster, Shelley Winters, Telly Savalas, Ossie Davis / Sinopse: Caçador de peles das montanhas (Lancaster) passa por muitos conflitos para reaver as peles que foram tomadas por índios selvagens em troca de um escravo negro.

Pablo Aluísio.