segunda-feira, 9 de outubro de 2023
O Circo
segunda-feira, 29 de maio de 2023
Um Rei em Nova York
segunda-feira, 10 de abril de 2023
A Condessa de Hong Kong
segunda-feira, 27 de março de 2023
Tempos Modernos
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
Luzes da Cidade
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Monsieur Verdoux
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023
Luzes da Ribalta
quarta-feira, 23 de junho de 2021
O Grande Ditador
Charles Chaplin fez esse filme para ridicularizar o ditador alemão Adolf Hitler, como todos sabemos. Entretanto há dois contextos históricos importantes sobre essa produção. Ele foi realizada antes dos Estados Unidos entraram na II Guerra Mundial. Naquele momento ainda havia um posicionamento do governo americano de não se envolver naquela guerra na Europa. Por essa razão não foram poucos os que atacaram Chaplin por causa da forma nada sutil que ele ironizava a figura completamente absurda do líder nazista. Outro ponto a se destacar é que Chaplin e o mundo não tinham conhecimento ainda do holocausto que estava acontecendo nos campos de concentração. Depois quando tudo foi revelado Chaplin ficou tão chocado que disse numa entrevista que se soubesse dessa realidade não teria feito humor em cima de algo tão trágico.
De qualquer maneira "O Grande Ditador" teve um grande papel naquele momento histórico. Hitler, com sua retórica de ódio e violência, havia capturado toda uma nação e estava começando a invadir outros países. A perseguição aos judeus e a ideologia racista já eram uma realidade palpável, só não se sabia ainda da tal solução final, em que os nazistas exterminavam judeus em seus fornos de alta pressão. Algo terrível. Em seu bem elaborado roteiro Chaplin procurava expor o fato inegável de como esses ditadores eram figuras ridículas e cruéis. Era uma denúncia em forma de humor, contra esse tipo de fascista tão perigoso para o mundo. E nesse aspecto acabou fazendo um dos filmes mais importantes da história do cinema.
O Grande Ditador (The Great Dictator, Estados Unidos, 1940) Direção: Charles Chaplin / Roteiro: Charles Chaplin / Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie / Sinopse: O filme conta a história de dois homens que são fisicamente muito parecidos. Um deles é o megalomaníaco ditador da Tomania chamado Hynkel. O outro é um modesto barbeiro, um homem do povo, um trabalhador judeu. E os caminhos de ambos acabam se cruzando no meio de um caos político que se abate sobre aquela nação.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
O Garoto
Charles Chaplin foi um dos maiores gênios da história do cinema. Um humanista que usou sua arte para mostrar os problemas sociais e econômicos de seu tempo. O seu mais famoso personagem, o vagabundo, é sem dúvida uma criação genial, fruto da própria vivência de Chaplin, que vindo de origem humilde, sabia muito bem sobre a vida dos excluídos, dos pobres e abandonados que vagavam pelas ruas atrás de uma oportunidade qualquer. Em "O Garoto" ele abraça definitivamente esse cinema mais consciente, ainda com muito bom humor, mas também com uma preocupação em mostrar a crueldade do sistema, que jogava à margem milhares de pessoas desprovidas. Uma dessas pessoas era justamente o garoto que dá nome ao filme. Ele nasce em um lugar miserável e é abandonado pela mãe que não tinha condições de criar seu filho. Logo após esse fato triste o vagabundo (conhecido no Brasil pelo nome Carlitos) acabava encontrando a criança abandonada e mesmo sendo um pobre homem, que mal podia cuidar de si mesmo, resolvia criar o pequeno abandonado. Mesmo sendo tão pobre quanto sua mãe,
Carlitos resolve assumir a responsabilidade. E contra todas as previsões eles acabam formando uma bela dupla, vivendo de dar pequenos golpes pela vizinhança. O garoto ira lhe ajudar na luta pela sobrevivência, por exemplo, quebrando as vidraças das casas para logo após surgir Carlitos, distraído, andando pelas ruas, oferecendo seus serviços de vidraceiro. Esse ponto da história, claro, gera cenas de puro humor no filme. As coisas mudam quando a assistência social tem conhecimento da existência do garoto sendo criado por um vagabundo como Carlitos. A partir daí eles são separados, o que cria excelentes momentos do roteiro de Chaplin, intercalando cenas que oram são comoventes, ora são engraçadas e divertidas. Cenas que apenas gênios da sétima arte como Charles Chaplin, poderiam criar. Aqui temos outro exemplo do talento inigualável de Chaplin pois ele era capaz de fazer rir e chorar em questão de segundos, manipulando as emoções do público de forma magistral.
Mesmo passado tanto tempo "O Garoto" ainda comove. Seu roteiro tem obviamente toques biográficos, pois o próprio Chaplin se tornou um órfão quando garoto pois sua mãe apresentou desde muito cedo problemas mentais fazendo com que ele e seu irmão Sidney fossem enviados para diversos orfanatos de Londres. Assim quando vemos o garoto chorando ao ser levado por agentes da assistência social entendemos logo que aquele é o próprio Chaplin relembrando de fatos tristes de sua infância. Na verdade os dois personagens, tanto o vagabundo como também o garoto, são faces de uma mesma personalidade, a de seu criador, Charles Chaplin. "O Garoto" marcou muito, tanto que virou um ícone cultural relembrado até hoje. A imagem do vagabundo ao lado do garoto em uma rua suja e abandonada ainda evoca muita emoção. Um momento eterno e inesquecível da história do cinema.
O Garoto (The Kid, Estados Unidos, 1921) Direção: Charles Chaplin / Roteiro: Charles Chaplin / Elenco: Charles Chaplin, Jackie Coogan, Carl Miller, Edna Purviance / Sinopse: Carlitos (Chaplin), o eterno vagabundo, encontra uma criança abandonada e resolve criar como se fosse seu filho. A relação fraterna será bruscamente interrompida quando a assistência social tenta levar o garoto para um orfanato. Filme escolhido pela National Film Preservation Board para preservação da memória cultural dos Estados Unidos,
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 21 de março de 2018
Em Busca do Ouro
Depois chega outro aventureiro, um sujeito rude, barbudo, um ogro. Os três então tentam sobreviver à grande tempestade de neve. Com seus personagens morrendo de fome Chaplin traz a primeira cena antológica do filme, quando ele prepara sua própria botina como se fosse uma iguaria gourmet. O couro da bota vira um bom filé e os cadarços uma macarronada saborosa. Outra cena sempre muito lembrada acontece quando seu companheiro de cabana, já delirando pela fome, começa a enxergar Carlitos como se fosse um enorme e suculento frango. Há também a genial dança dos pãezinhos, inesquecível. Um marco de Chaplin no cinema. Depois desses apertos finalmente o "aventureiro solitário" chega numa pequena vila, daquelas erguidas da noite para o dia pelos mineradores. E lá Chaplin traz um pouco mais de leveza romântica ao filme, com seu vagabundo se apaixonando platonicamente por uma bela do lugar. Enfim, todos os elementos Chaplinianos estão presentes no filme. Mais um belo momento desse gênio do cinema que conseguiu atravessar o teste do tempo.
Em Busca do Ouro (The Gold Rush, Estados Unidos, 1925) Direção: Charles Chaplin / Roteiro: Charles Chaplin / Elenco: Charles Chaplin, Mack Swain, Tom Murray / Sinopse: Carlitos (Chaplin) vai até o Alaska onde ouro foi descoberto, causando uma verdadeira febre do ouro, com milhares de pessoas tentando a sorte nas montanhas geladas da região. Com fome e morrendo de frio ele finalmente alcança uma cabana, onde começa sua aventura em busca da riqueza. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (RCA Sound) e Melhor Música (Max Terr).
Pablo Aluísio.
domingo, 16 de agosto de 2015
Corridas de Automóveis para Meninos
Título Original: Kid Auto Races at Venice
Ano de Produção: 1914
País: Estados Unidos
Estúdio: Keystone Film Company
Direção: Henry Lehrman
Roteiro: Henry Lehrman, Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Henry Lehrman
Sinopse:
Um cameraman tenta filmar uma corrida de garotos em Venice mas acaba tendo que lidar com um espectador inconveniente (Chaplin) que tenta a todo custo ser filmado nas imagens. Fingindo estar passeando ou de bobeira ele coloca todo o trabalho do câmera a perder! Primeira aparicão de Charles Chaplin no cinema americano.
Comentários:
Primeiro filme do genial Charles Chaplin (1889–1977). Na época ele era apenas um inglês na Califórnia tentando entender as manhas da nascente indústria cinematográfica americana que nascia. Assim em seu primeiro dia de trabalho ele foi desafiado pelo diretor Henry Lehrman a dar senso de humor a uma corrida que estava sendo realizada com pequenos carros pilotados pela garotada. Charles Chaplin então teve uma ideia original e que já mostrava sinais da genialidade que iria desenvolver nos anos seguintes. O que seria mais inconveniente do que um sujeito sem noção que, querendo aparecer para as câmeras a todo custo, surgia a todo momento no meio da filmagem da corrida, atrapalhando todo o trabalho do câmera? E foi justamente com essa ideia simples - mas muito engraçada - que Chaplin surgiu pela primeira vez nas telas. O curta tem pouco mais de dez minutos mas as risadas são garantidas. Chaplin também já demonstra um pouco do figurino que iria lhe transformar em um dos maiores mitos da sétima arte. O terno desajeitado, fora de seu número certo, e uma inconveniência divertida que nascia até mesmo de uma ingenuidade já antecipava o que veríamos no imortal Carlitos. Esse filme está celebrando cem anos de idade agora em 2014. Uma boa pedida para quem quiser conferir Chaplin pela primeira vez nos cinemas.
Pablo Aluísio.
domingo, 25 de novembro de 2007
Charles Chaplin - Hollywood Boulevard - Parte 4
Chaplin veio para se tornar a estrela mais popular do estúdio, mas isso iria demorar ainda algum tempo. Mack Sennett errou ao colocar Chaplin para atuar numa série de comédias pastelões sem muito capricho, sem maiores cuidados. Também se equivocou ao escalar velhos diretores de teatro burlesco para dirigir Chaplin. Ele conhecia todos os truques desse tipo de comédia e se sentia farto de repetir as mesmas coisas sempre, comédia pastelão após comédia pastelão. Ele queria algo diferente.
Havia uma jovem atriz chamada Mabel Normand, uma graça de pessoa com quem Chaplin havia contracenado algumas vezes. Ele tinha 20 e poucos anos e quase nenhuma experiência a mais no teatro e cinema. Sennett era apaixonado secretamente por ela e por isso a colocou para dirigir Chaplin. O comediante achou a situação absurda, não porque não gostasse dela, mas sim porque ele, Chaplin, era muito mais experiente e teria muito mais a contribuir na direção de seus próprios filmes. Na verdade já nessa fase muito inicial de sua carreira, Chaplin queria ser cineasta, pois ideias não lhe faltavam (e nem talento).
Mesmo assim por ordem do estúdio Chaplin foi lá trabalhar sendo dirigido pela beldade Mabel Normand. Esses primeiros filmes pecam pela ingenuidade extrema e por Chaplin ainda não ter criado totalmente seu mais famoso personagem, o do Vagabundo. Ora Chaplin aparecia como o bêbado que tentava manter a dignidade mesmo estando completamente embriagado (dizem que inspirado no próprio pai), ora como o romântico almofadinha que não conseguia convencer a bela garota a se tornar sua namorada. Apareceu também como policial na trupe dos Keustone Cops, mas sem se destacar muito. Só depois de muita conversa foi que finalmente o produtor Mack Sennett aceitou que Chaplin viesse a dirigir seus primeiros filmes de comédia. Uma gênio estava nascendo na sétima arte.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Charles Chaplin - Hollywood Boulevard - Parte 3
O mesmo aconteceu com a mãe de Chaplin. Hannah tinha uma excelente percepção das pessoas. Ela passava as manhãs olhando pela janela de seu pequenino apartamento de Londres e ia imitando todos os que passavam pela rua. "Lá vem o senhor Wilson. Apressado, com os sapatos desamarrados. Provavelmente brigou com a esposa" - Ela dizia - e depois disso começava a imitar o jeito de andar do Sr. Wilson. Chaplin, ainda criança, via tudo aquilo e achava maravilhoso. De fato Hannah teria sido uma grande artista se não sofresse de uma grave doença mental que nas crises a deixava inabilitada para cuidar dos dois filhos,
Charles Chaplin (o filho, futuro Carlitos) e Sydney (o sempre esforçado irmão mais velho de Charlie) tiveram que se virar desde sempre por causa dos problemas mentais da mãe e da ausência do pai. Sydney arranjou emprego como marinheiro e o pequeno Charlie começou a ganhar alguns trocados fazendo danças e mímicas em pequenas apresentações pelas feiras e ruas. Os teatros de Londres tiveram um grande momento no começo do século XX e Charlie viu que poderia ganhar fazendo pequenos números. Conseguiu até mesmo um contrato fixo dentro de uma trupe de garotos que se apresentavam dentro de um número cômico. De fato Charles Chaplin foi artista desde muito jovem, ainda criança. Ele se lembraria desses anos com nostalgia e alegria, principalmente pelos palhaços que conheceu ao longo da vida. Os velhos artistas circenses em muito lhe inspiraram quando ele finalmente abraçou a carreira de comediante no cinema alguns anos mais tarde.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Charles Chaplin - Hollywood Boulevard - Parte 2
Mesmo quando estava em férias Chaplin não parava de pensar em cinema. Ele estava sempre com uma agenda à mão onde fazia anotações, esboços para os roteiros de suas comédias. Chaplin sabia que o cotidiano era um ótimo lugar para arranjar ideias. Assim quando estava na praia, em férias, e viu ao longe um navio cheio de imigrantes decidiu que iria escrever um roteiro onde Carlitos era também um imigrante chegando na América, passando por apuros no navio de passageiros.
Ele também passou a se dedicar à música. Chaplin queria ser um artista completo e em sua opinião jamais chegaria a esse nível de perfeição se não se tornasse também um compositor. Em poucos anos se tornou bastante talentoso, compondo inclusive algumas canções que se tornaram obras primas como a bela "Smile". Ser diretor, roteirista e compositor não eram apenas as qualidades de Chaplin no cinema. Ele também era cenógrafo, criando os cenários de seus filmes, figurinista, pensando em cada roupa de cada coadjuvante e extra de seus filmes e obviamente também produtor pois ele produzia muitas vezes com seu próprio dinheiro os filmes em que atuava.
Com o controle todo em suas mãos Chaplin também conseguiu formar seu próprio estúdio de cinema. Ao lado de outros atores e atrizes ele fundou a United Artists (Artistas Unidos), um estúdio onde os artistas seriam os donos, os seus próprios patrões. A ideia deu muito certo e em pouco tempo o estúdio começou a colecionar prêmios e sucessos de bilheteria. Alguns anos depois Chaplin decidiu que era hora de transformar a empresa em uma Sociedade Anônima. A venda de ações nos anos 60 o deixaria imensamente rico, milionário. Pois é, além de grande artista Chaplin sabia ser também um capitalista muito bem sucedido.
Pablo Aluísio.
domingo, 16 de setembro de 2007
Charles Chaplin - Hollywood Boulevard - Parte 1
Entrou com um processo na corte de Los Angeles, proibindo que os garotos fossem explorados comercialmente pela mãe, numa jogada grotesca de oportunismo barato. Assim que conseguiu a vitória nos tribunais Chaplin declarou para a imprensa: "Eles poderão fazer o que quiser de suas vidas no futuro. Se quiserem se tornar atores ou comediantes terão o meu apoio. Isso porém apenas após se tornarem adultos. Conheço a exploração e as tragédias que acompanham a carreira de muitos atores mirins. Não quero isso para meus filhos!".
Depois dessa batalha judicial Chaplin resolveu se aproximar mais dos meninos. Embora cultivasse a imagem do adorável vagabundo nas telas, o fato era que em sua vida pessoal Chaplin era um homem até mesmo introvertido, taciturno, um diretor obcecado pela perfeição que poderia ser também rude nas filmagens com suas equipes. A reaproximação entre pai e seus filhos foi algo positivo, bom, mas não livrou Charles Chaplin Jr de ter muitos problemas emocionais em sua vida. Sempre à sombra do mito do pai, algo que ele jamais poderia superar, tentou uma carreira de ator quando atingiu a maioridade, mas nunca conseguiu o sucesso. Ele escreveria um livro chamado "Meu Pai, Charlie Chaplin" e morreria tragicamente e precocemente, após enfrentar anos de problemas com drogas.
Charles Chaplin achava, como muitos pais de seu tempo, que apenas a dureza e a firmeza de disciplina colocaria seu filho na linha. Assim ele procurou dar uma educação austera e disciplinadora aos filhos, no estilo mais conservador, mas com o passar dos anos acabou percebendo que isso não daria muito certo. Os meninos se ressentiam do pai, de seu jeito duro de ser, sempre como um figura autoritária, e com o passar dos anos acabaram se afastando mais ainda dele. O fato de Chaplin ter constituído uma nova família, anos depois, piorou ainda mais esse quadro. De fato pai e filhos nunca tiveram mesmo uma relação carinhosa e isenta de muitos problemas.
Pablo Aluísio.
sábado, 15 de setembro de 2007
Chaplin
Quando Fred Karno o contratou para participar de sua companhia de humor ele não levava muita fé em Chaplin. Dizia que Charles não tinha "alma de palhaço" e tampouco era simpático o suficiente para ter carisma junto ao público. Ironicamente foi através de Karno que Chaplin acabou viajando em excursão para os Estados Unidos, indo parar em Hollywood na Califórnia, a capital mundial do cinema naquela época.
O primeiro grande personagem de sucesso que Chaplin interpretou no teatro, em uma peça produzida justamente por Karno, era a de um bêbado que chegava tarde da noite e ao abrir a porta descobria que não estava em seu apartamento, mas em outro lugar completamente desconhecido para ele. Já nesse papel Chaplin trazia algumas características que iriam consagrar o seu vagabundo Carlitos. Ele usava um chapéu coco, calças largas demais e sapatos vários números acima do ideal. Para dizer a verdade só faltaria o bigodinho quadrado e a bengala para virar Carlitos.
Já nessa época ainda muito inicial da carreira de Chaplin ele sabia que o público provavelmente não iria rir de alguém tentando arrancar risos de qualquer forma. Seus personagens eram geralmente homens sérios que colocados em situações constrangedoras tentavam manter a dignidade a todo custo. Dessa situação comprometedora nascia o riso. Foi graças ao cambaleante bêbado que Chaplin chegou pela primeira vez em Nova Iorque após uma longa viagem de navio, passando primeiro pelo gelado Canadá. Por essa época Chaplin apenas ouvira falar dessa nova invenção, o cinema e de como os artistas estavam ficando ricos com a comercialização dos filmes. Mal sabia ele o que o destino estava lhe reservando.
Pablo Aluísio.
domingo, 27 de maio de 2007
Charles Chaplin
Charles Chaplin - Luzes da Cidade (1931)
Diversas cenas com Charles Chaplin, Virginia Cherrill e Harry Myers no clássico imortal Luzes da Cidade (City Lights, EUA, 1931). Esse é um dos filmes mais celebrados com o personagem Carlitos, onde Chaplin usa de forma maravilhosa a ternura e a sensibilidade do amor de um vagabundo por uma bela vendedora de flores cega. O filme era o preferido do grande cineasta Orson Welles que afirmava que nenhum outro diretor conseguiria captar tanta sensibilidade emocional como fez Chaplin nessa película. Uma verdadeira obra prima da sétima arte.
Charles Chaplin - O Grande Ditador
Quando Chaplin resolveu filmar seu roteiro de "O Grande Ditador" muitos em Hollywood não apoiaram a ideia. O argumento era uma provocação direta contra o ditador alemão Adolf Hitler. Naquela ocasião os Estados Unidos ainda não tinham entrado na guerra e muitos setores defendiam que os americanos não deveriam entrar em outra guerra na Europa. Por isso muitos achavam equivocado o tema de seu novo filme. Chaplin porém estava firme em suas convicções, fortalecidas ainda mais pelo que lia e se informava, principalmente na questão da perseguição dos judeus em todos os países dominados pelo Terceiro Reich. Curiosamente apesar de saber de muitos absurdos que estavam acontecendo no continente europeu, Chaplin não tinha conhecimento ainda do que acontecia nos campos de concentração, no que anos depois ficou conhecido como o holocausto nazista. Sobre isso Chaplin confessou anos depois: "Se eu soubesse exatamente o que estava acontecendo na Alemanha, no horror do holocausto, provavelmente não teria feito o filme".
Chaplin e a Guerra
Na foto Charles Chaplin sorri, após falar com alguns jornalistas em Londres. O ator e diretor não ficou omisso durante a Segunda Guerra Mundial e defendeu com entusiasmo a chamada abertura de uma segunda frente na Europa para ajudar a União Soviética a enfrentar o nazismo. Sua sugestão porém não foi tão bem aceita e vários jornalistas começaram a atacar Chaplin, o acusando de ser na verdade um comunista. Acusado de não ser americano e não ter um sentimento patriótico com o país que o acolheu por tantos anos, Chaplin ficou visivelmente entristecido com a verdadeira guerra que lhe era feita pelos jornais. Charles Chaplin, um artista que sempre teve uma visão muito social do mundo, negou as acusações e disse uma de suas frases mais famosas: "Eu sou um cidadão do Mundo".
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 1 de março de 2007
Charles Chaplin na Mutual
E foi justamente na viagem até Nova Iorque, para receber Sydney, que Charles Chaplin tomou conhecimento de sua grande popularidade. O jornal informou ao público que o comediante estaria na estação no dia seguinte. Quando Chaplin chegou por lá encontrou uma verdadeira multidão lhe esperando, para sua grande surpresa. Ele nunca havia sido confrontado antes com o tamanho de sua fama!
Com a Mutual Films Chaplin teria além de um ótimo salário e pagamentos em geral, total controle da parte artística de seus filmes. Diante da repercussão de seu contrato e dos grandes valores envolvidos, ele decidiu escrever uma carta ao público, para ser publicada nos principais jornais da América. Nela Chaplin explicava que o dinheiro não era o mais importante. Que assinar contratos era uma coisa séria e que ele preferia se focar apenas no humor, na diversão. Também avisou aos fãs que iria se empenhar muito em fazer os melhores filmes que pudesse, para que todos dessem muitas risadas no cinema.
A parceria de Chaplin com a Mutual também transformou a arte de fazer filmes em indústria de massa. A Mutual era uma companhia aberta, com acionistas e mentalidade de empresa grande. Eles estimaram que iriam recuperar o investimento em poucos meses e estavam certos. Também separaram os departamentos de arte, que seriam controlados por artistas, da parte financeira. Antes disso os estúdios misturavam tudo, causando tensões entre executivos e atores, diretores, etc. Com isso Charles Chaplin acabou transformando o cinema em um ramo milionário, um mercado para grandes investimentos e lucro.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de fevereiro de 2007
Carlitos Bombeiro
Título Original: The Fireman
Ano de Produção: 1916
País: Estados Unidos
Estúdio: Mutual Film
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin, Vincent Bryan
Elenco: Charles Chaplin, Edna Purviance, Lloyd Bacon, Eric Campbell, Leo White, James T. Kelley
Sinopse:
Carlitos (Charles Chaplin) arranja um novo emprego no corpo de bombeiros da cidade. Tudo começa bem calmo, mas logo se transforma em caos quando ele e seus companheiros precisam apagar um grande incêndio em uma casa. E quem poderia imaginar que ele iria encontrar o grande amor de sua vida nessa tragédia?
Comentários:
Depois do sucesso de seus primeiros filmes Chaplin finalmente pôde colocar em prática suas ideias de humor físico mais bem elaborado. Agora ele pedia ao estúdio não apenas um grande elenco de apoio, com coadjuvantes e extras, etc, mas também cenários muito bem elaborados. Para esse filme Chaplin pediu duas casas para incendiar, além de acesso sem restrições ao quartel do corpo de bombeiros de Los Angeles, dois pedidos que foram aceitos, não sem grande sacríficio. Os bombeiros adoravam Chaplin e não se recusaram a aparecerem no filme. Até porque foi necessário mesmo a presença deles por causa das casas pegando fogo - e de verdade! O filme é muito divertido, como era de se esperar. Com 24 minutos de duração, o que hoje em dia seria considerado um curta-metragem, foi também um dos últimos filmes de Chaplin em que ele investiu basicamente no humor físico, sem desenvolver muito os personagens, algo que em breve iria acontecer.
Pablo Aluísio.