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domingo, 9 de abril de 2023

Entre Mulheres

Título no Brasil: Entre Mulheres 
Título Original: Women Talking
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Plan B Entertainment
Direção: Sarah Polley
Roteiro: Sarah Polley, Miriam Toews
Elenco: Frances McDormand, Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley, Judith Ivey, Emily Mitchell

Sinopse:
Um grupo de mulheres que vive em uma comunidade religiosa fundamentalista e isolada, se reúne para decidir se vão continuar vivendo ali ou se vão embora para sempre. Elas optaram por fazer isso depois que casos de abuso e violência explodiram contra algumas delas. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado. Também indicado ao Oscar na categoria de melhor filme.

Comentários:
Um filme muito bom, baseado em diálogos primorosamente escritos e em excelentes atuações do elenco majoritariamente feminino. Quando o filme começou eu cheguei a pensar que ele se passava no século XIX ou algo assim, tamanho era o isolamento daquela comunidade. Só que para minha total surpresa a história se passa em 2010! Pessoas que vivem como se ainda estivessem no velho oeste, mas que vivem em nosso mundo atual. Realmente o pensamento religioso fundamentalista aprisiona a mente humana de uma maneira até mesmo perversa. E muitas das mulheres dessa comunidade religiosa sequer tiveram acesso a um ensino fundamental. E isso nos Estados Unidos, a nação mais tecnológica e avançada do mundo! Que Deus seria esse que aprisiona as pessoas na ignorância, no atraso e no obscurantismo? São questões como essa que temos quando assistimos a esse filme. E fora isso, tem todo aquele machismo violento e tóxico contra as mulheres, muitas vezes justificado até mesmo pela própria religião que seguem. Uma situação realmente no limite desse filme que, apesar de sua suposta simplicidade, lida com temas extremamente importantes como liberdade, dignidade pessoal e controle da própria vida. Merece meus aplausos. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Muito Além de Rangum

Título no Brasil: Muito Além de Rangum
Título Original: Beyond Rangoon
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock
Direção: John Boorman
Roteiro: Alex Lasker, Bill Rubenstein
Elenco: Patricia Arquette, Frances McDormand, U Aung Ko, Adelle Lutz, Victor Slezak, Spalding Gray

Sinopse:
A norte-americana Laura Bowman (Patricia Arquette) está tentando juntar os cacos de sua vida após o assassinato de seu marido e filho, e sai de férias com sua irmã para a Birmânia. Depois de perder seu passaporte em um comício político, ela fica sozinha por alguns dias, durante os quais se envolve com estudantes que lutam pela democracia. E vai sentir na pele os horrores de uma ditadura militar sanguinária.

Comentários:
Para minha tristeza pessoal vejo hoje em dia no Brasil pessoas pedindo por um regime de ditadura militar, debochando dos direitos humanos. Essas pessoas são totalmente estúpidas e ignorantes e pelo visto não possuem o menor conhecimento histórico do que acontece quando ditaduras militares assumem o poder e passam por cima do Estado democrático de direito. A história desse filme é um bom exemplo disso. Imagine uma norte-americana que sempre viveu na democracia sendo jogada bem no meio de uma ditadura militar linha dura no sudeste asiático. A história que é baseada em fatos reais expressa, de maneira até didática, o que vem a acontecer com ela. Só se sente na pele a importância dos valores democráticos quando eles deixam de existir. Só se entende perfeitamente a importância dos direitos humanos quando do seus direitos são violentamente violados. Essa é a grande lição desse filme. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

A Tragédia de Macbeth

Macbeth (Denzel Washington) sempre foi um cavaleiro leal ao seu rei. Durante a jornada de regresso de mais uma operação militar ele encontra na estrada com três velhas e estranhas bruxas que mais se parecem com corvos. Elas profetizam que ele será o próximo rei! Macbeth então fica com aquilo em sua mente. E as coisas pioram quando ele conta a tal profecia para sua esposa Lady Macbeth (Frances McDormand), uma mulher ambiciosa, fria e vil. A oportunidade surge quando o rei Duncan (Brendan Gleeson) chega para passar uma noite nos aposentos do castelo de Macbeth. Seu plano se torna bem sucedido. Ele se torna um regicida e pouco tempo depois assume o trono, mas a que preço? Cercado por inimigos por todos os lados, odiado pela nobreza, Macbeth vai se tornando cada vez mais sanguinário, paranoico e insano. Mais e mais mortes devem acontecer por todo o reino para que sua ganância de poder sem fim não seja interrompida.

Temos aqui mais uma adaptação da obra de William Shakespeare para o cinema. O que me causou estranheza foi saber que esse filme foi dirigido pelo Joel Coen. Não me entenda mal, considero ele um cineasta dos mais talentosos de sua geração, mas sinceramente não esperava vê-lo dirigindo nada envolvendo Shakespeare! Curiosamente deu certo, principalmente porque ele optou claramente por seguir os passos de Orson Welles. O seu filme é bem parecido com o clássico. Fotografia em preto e branco, cenários intimistas e fidelidade ao texto original da peça. Denzel Washington está ótimo no papel. Grande ator, aqui prova mais uma vez seu grande talento. Foi indicado ao Oscar por esse trabalho. Nessa fase de sua carreira nada poderia ter sido melhor.

A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth, Estados Unidos, 2021) Direção: Joel Coen / Roteiro: Joel Coen / Elenco: Denzel Washington, Frances McDormand, Brendan Gleeson, Alex Hassell / Sinopse: Adaptação para o cinema da obra de William Shakespeare. Na história um regicida começa a enlouquecer após subir ao trono. Inimigos e ameaças de morte estão por toda a parte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Denzel Washington), melhor design de produção e melhor direção de fotografia (Bruno Delbonnel).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Garotos Incríveis

Esse filme foi bastante badalado em seu lançamento, chegando inclusive a vencer um Oscar na categoria de Melhor Canção Original por "Things Have Changed" de Bob Dylan. Apesar de muito elogiado pela crítica nunca consegui gostar muito do filme e olha que tive muita boa vontade. O enredo passado em um meio universitário, com diálogos mais bem escritos do que o usual, poderia ser um diferencial. O problema é que o ritmo me soou fora do compasso, não fluindo naturalmente. Outro aspecto que me fez desanimar em relação a essa produção foi o papel de Michael Douglas. Ele aqui interpreta um professor intelectual que tenta potencializar os sonhos de seus pupilos. Esse tipo de personagem não combinou muito bem com o ator. Primeiro porque é complicado enxergar Douglas como um membro da academia. Segundo porque ao longo dos anos você vai criando uma imagem dele, até mesmo por causa de seus filmes anteriores, que pouco se encaixa aqui nessa história.  O filme realmente destoa do que o ator fez por anos.

De bom mesmo resta apenas o elenco mais jovem. Tobey Maguire, antes de se tornar o Homem-Aranha na primeira trilogia do personagem no cinema, está muito bem. Idem para uma ainda adolescente Katie Holmes. Por fim temos aqui um raro papel bem coadjuvante de Robert Downey Jr. Não é demais lembrar que o ator passou anos e anos tentando superar sua dependência química e isso significava muitas vezes encarar um projeto apenas como coadjuvante de luxo - nem que fosse para apenas ganhar o dinheiro suficiente para pagar as clínicas de rehab. Então é isso. Um roteiro até interessante que foi rodado de forma um tanto controvertida e pouco convincente. Infelizmente é lento e muitas vezes se perde o interesse. O mundo universitário americano, o melhor do mundo, merecia algo melhor.

Garotos Incríveis (Wonder Boys, Estados Unidos, 2000) Direção: Curtis Hanson / Roteiro: Steve Kloves, baseado no romance de Michael Chabon / Elenco: Michael Douglas, Tobey Maguire, Frances McDormand, Robert Downey Jr, Katie Holmes / Sinopse: Um professor universitário tenta inspirar seus alunos, potencializando seus sonhos pessoais para o futuro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Dede Allen) e Melhor Roteiro Adaptado (Steve Kloves).

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de abril de 2021

Nomadland

O filme conta a história de Fern (Frances McDormand). Ela perdeu o marido, que morreu de câncer. Sem filhos e sem emprego, teve que sair de casa por não conseguir pagar o aluguel. O único bem de valor que lhe sobrou foi sua van. Sem ter onde morar passou a morar dentro do carro. Viajando sempre pelo país, ela procura sobreviver com empregos temporários, bicos e alguma ajuda que encontra pelas estradas. Também passa a conhecer outras pessoas que estão na mesma situação. Pessoas mais velhas que o mercado de trabalho não quer. Desempregados errantes em busca de alguma esperança.

O filme "Nomadland" mostra o outro lado dos Estados Unidos. O lado dos pobres, dos excluídos, dos que não tem casa, nem endereço fixo. A crise econômica criou toda uma geração de pessoas que vivem como nômades, morando em seus carros, procurando por algum tipo de trabalho que conseguem encontrar. São professores, profissionais, pessoas inteligentes, mas que foram cuspidas fora pelo sistema capitalista. Alguns, mais velhos e sem família, vão vivendo um dia de cada vez. Não é uma vida fácil, mas é o que lhes sobrou em uma vida dura, cheia de privações.

O mais interessante é que existem apenas três atores profissionais em cena. O restante do elenco é formado por pessoas reais que vivem nessa situação, são verdadeiros nômades modernos. Vivem pelas estradas, em busca de alguma oportunidade. A atriz Frances McDormand interage com todos esses excluídos do sistema, muitas vezes sem script, apenas na base da conversação comum, na improvisação. O resultado ficou excelente. O espectador nem se dá conta do estilo do filme, que pode ser encarado também como sendo quase um documentário. Enfim, excelente filme, mostrando a pior face do capitalismo selvagem dos Estados Unidos e sua exclusão social.

Nomadland (Estados Unidos, 2020) Direção: Chloé Zhao / Roteiro: Jessica Bruder, Chloé Zhao / Elenco: Frances McDormand, David Strathairn, Linda May, Angela Reyes, / Sinopse: O filme mostra a vida de uma nômade moderna, que vive pelas estradas dos Estados Unidos, morando em seu próprio carro, sempre em busca de algum trabalho para sobreviver. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor atriz (Frances McDormand), melhor direção, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor direção de fotografia (Joshua James Richards). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de melhor filme - Drama e melhor direção (Chloé Zhao).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

As Duas Faces de um Crime

Título no Brasil: As Duas Faces de um Crime
Título Original: Primal Fear
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Gregory Hoblit
Roteiro: Steve Shagan
Elenco: Richard Gere, Edward Norton, Laura Linney, John Mahoney, Alfre Woodard, Frances McDormand

Sinopse:
O advogado Martin Vail (Richard Gere) aceita defender um jovem acusado de ter matado o arcebispo da cidade de Chigado, um caso escandaloso que abala as estruturas da comunidade. Será ele um inocente acusado injustamente ou um psicopata frio que usa os meandros da lei para sair impune da justiça?  Filme indicado ao BAFTA Awards, ao Oscar e ao Globo de Ouro.

Comentários:
Ótimo drama de tribunal. O ator Edward Norton foi indicado ao Oscar por sua atuação e acabou sendo premiado com o Globo de Ouro pelo filme. Aliás um dos aspectos mais claros dessa produção vem justamente do trabalho de Edward Norton. Ele roubou todas as atenções, deixando o galã Richard Gere em segundo plano, embora ele fosse o protagonista do filme, interpretando esse advogado criminalista muito charmoso e cheio de classe. Embora seja um filme que agrada a todos os tipos de públicos, esse é bem mais recomendado para os profissionais da área jurídica. Isso porque o roteiro (que foi baseado no livro escrito por William Diehl) explora os diversos caminhos legais que um advogado inteligente e sagaz pode percorrer para livrar seu cliente de uma pena pesada. E tudo leva para um final, um desfecho, que considerei muito bem elaborado. Vai ser perturbador para alguns, mas no meu caso achei tudo extremamente coerente com a história como um todo. Enfim, ótimo filme, gostei bastante.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Fargo

Um vendedor de carros usados percebe que seu negócio está falido, não tem mais jeito. Desesperado, tem uma péssima ideia. Contrata dois bandidos para sequestrar sua própria esposa. Acontece que seu sogro é um homem rico e ele acredita que vai conseguir o dinheiro que está precisando com esse golpe, só que as coisas não saem como era planejado e sua vida se torna um verdadeiro inferno. E o mais estranho de tudo é perceber que o enredo do filme foi inteiramente baseado numa história real! "Fargo" foi muito elogiado em seu lançamento. Muitos críticos dizem até hoje que esse filme é a verdadeira obra-prima dos irmãos Coen. Uma comédia (será que poderíamos mesmo qualificar como uma comédia?) de muito humor negro e situações surreais. O elenco é excelente, com destaque para a atriz Frances McDormand, aqui no papel de sua vida, considerada a melhor atuação de sua carreira. Ele interpreta uma policial de interior grávida que passa a investigar o caso. Ela venceu merecidamente o Oscar naquele ano por seu trabalho de atuação. Seu sotaque caipira, do interior dos Estados Unidos, aliado a um certo desconforto social, é uma das melhores coisas do filme.

Outro destaque no elenco vem no trabalho de William H. Macy. Sempre o achei muito subestimado. Ótimo ator, sempre em papéis secundários, merecia ter tido uma carreira de maior destaque no cinema. Na TV há anos brilha na hilariante série "Shameless", uma das minhas preferidas. Em relação à direção tenho apenas elogios. Quem dirigiu o filme mesmo foi Ethan Coen. Ele deixou um pouco de lado apenas a valorização estética de outros filmes dos irmãos Coen, para dar maior espaço aos ótimos diálogos do roteiro. O resultado ficou muito bom, abrindo espaço ainda mais relevante para o elenco desfilar seu talento. Enfim, se você aprecia o trabalho do irmãos Coen, "Fargo" é aquele tipo de filme que não pode faltar em sua cinemateca.

Fargo: Uma Comédia de Erros (Fargo, Estados Unidos, 1996) Direção: Joel Coen, Ethan Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen / Elenco: William H. Macy, Frances McDormand, Steve Buscemi, Kristin Rudrüd, Harve Presnell, Tony Denman / Sinopse: Um falido vendedor de carros usados decide dar um golpe no sogro rico ao contratar homens para sequestrar sua própria esposa. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor atriz (Frances McDormand) e melhor roteiro (Joel Coen, Ethan Coen). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor ator coadjuvante (William H. Macy), melhor direção de fotografia (Roger Deakins) e melhor edição (Joel Coen, Ethan Coen). Filme premiado com a Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Darkman: Vingança sem Rosto

Título no Brasil: Darkman - Vingança sem Rosto
Título Original: Darkman
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi, Chuck Pfarrer
Elenco: Liam Neeson, Frances McDormand, Colin Friels, Larry Drake, Nelson Mashita, Ted Raimi

Sinopse:
Após uma enorme explosão no laboratório onde trabalha, o pesquisador Peyton Westlake (Liam Neeson) fica com seu rosto destruído. Após se recuperar de todos os ferimentos, ele passa a assumir a identidade de um vingador chamado Darkman e parte para cima de todos os responsáveis por sua situação.

Comentários:
Assisti ainda nos tempos do VHS. Penso que não é um grande filme, para falar a verdade mal funcionava como mera diversão nos anos 90. O problema básico é desse personagem em si, o tal de Darkman, que é muito cheio de clichês por todos os lados. Com ecos de Fantasma da Ópera, ele é fruto de uma grande explosão em seu laboratório. A partir daí, com o rosto desfigurado, sua vida praticamente acaba, mas ele consegue encontrar uma nova razão de viver... na caça de criminosos pela cidade! Pois é, tem coisas retiradas da origem do Batman também. Usando disfarces, ele se infiltra no meio do submundo para saciar sua sede de vingança (olha uma frase bem clchê por aqui...) Um dos slogans da época dizia que o Darkman poderia se parecer com qualquer homem (por causa de seus disfarces), mas ao mesmo tempo não se parecia com ninguém! Vai entender essa frase sem sentido... Enfim, o que me parece é que o Sam Raimi tinha sofrido uma espécie de overdose de quadrinhos e resolveu criar o seu próprio personagem. Não deu muito certo, vamos ser sinceros. Ainda mais por expor demais o Darkman, de dia, em qualquer lugar. O certo teria sido usá-lo apenas nas sombras, na noite. Afinal o nome do tal sujeito era Darkman...

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de março de 2020

O Homem que Não Estava Lá

Título no Brasil: O Homem que Não Estava Lá
Título Original: The Man Who Wasn't There
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: USA Films
Direção: Joel Coen, Ethan Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Elenco: Billy Bob Thornton, Frances McDormand, James Gandolfini, Michael Badalucco, Katherine Borowitz, Jon Polito

Sinopse:
Ed Crane (Billy Bob Thornton) trabalha como barbeiro. Ele é um homem honesto e trabalhador. Também é um sujeito de poucas palavras. Sua vida simples e objetiva acaba quando ele passa a desconfiar que sua esposa o está traindo. Doris (Frances McDormand) passa a ser então o tormento de sua vida.

Comentários:
Eu particularmente considero os irmãos Coen cineastas brilhantes. Nunca assisti a um filme deles que não fosse no mínimo interessante. Isso sem falar nas diversos excelentes filmes que dirigiram e roteirizaram. Aqui eles fazem uma homenagem ao cinema noir. O filme tem uma bela fotografia em preto e branco assinada por Roger Deakins. Esse diretor de fotografia inclusive foi indicado ao Oscar da categoria por esse mesmo trabalho. A crítica adorou "O Homem que Não Estava Lá" e isso resultou também em uma prestigiada indicação ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama. Todas essas indicações foram mais do que merecidas. O filme é realmente uma pequena obra-prima. O elenco é ótimo e Billy Bob Thornton nunca esteve tão bem. Caladão e observador, ele narra todos os acontecimentos que se passam na tela, com sobriedade e precisão, apesar do absurdo de certos momentos. E do elenco também destacaria a atriz Frances McDormand como a suposta esposa infiel e o excelente James Gandolfini como um mafioso! A cena dele com Billy Bob Thornton é uma das melhores coisas do filme. Enfim, não deixe passar esse filme em branco. É uma viagem ao passado, para a imortal estética do cinema noir dos anos 1940. Um presente para qualquer cinéfilo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O Último Suspeito

Esse "City by the Sea" não é um grande filme policial, mas até que tem seus bons momentos. O assisti já no apagar das luzes da era dos videocassetes, quando as locadoras começavam a fechar suas portas por causa da popularização da internet. Um caminho sem volta. Pois bem, aqui temos um enredo interessante. Um policial, que dedicou toda a sua vida na preservação da lei, passa a ser suspeito de um crime bárbaro! Teria alguma lógica nas suspeitas, sendo que ele sempre foi tão íntegro e honesto? Aparentemente sim, já que seu passado esconde algo que ele sempre quis esconder, varrer para debaixo do tapete.

Acontece que seu pai foi um assassino. Nos anos 50 ele passou medo e terror para a pequena cidadezinha onde morava. Após matar um inocente com requintes de crueldade acabou sendo condenado à morte, em um tipo bem primitivo e selvagem de punição, a corda da forca! Isso mesmo, o pai do policial era um criminoso condenado à morte por enforcamento. O roteiro assim tenta, num viés Darwiniano, confundir o espectador! Teria ele herdado os genes podres de seu pai? Ok, no mundo real praticamente ninguém levaria algo assim à sério, mas em um filme... por que não? Eu particularmente coloco o filme lado a lado com as dezenas de fitas policiais apagadas que De Niro atuou ao longo de sua carreira, mas aqui pelo menos há o charme desse roteiro que brinca com o passado negro de um homem que se dedicou a ser um bom tira por toda a sua miserável vida.

O Último Suspeito (City by the Sea, Estados Unidos, 2002) Estúdio: Warner Bros / Data de Lançamento: 10 de novembro de 2002 (EUA) / Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Mike McAlary, Ken Hixon / Elenco: Robert De Niro, James Franco, Frances McDormand.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Três Anúncios Para um Crime

Esse filme está sendo apontado por alguns críticos nos Estados Unidos como um dos mais fortes concorrentes a vencer o Oscar na categoria de melhor filme do ano. É a história de uma mãe, Mildred (Frances McDormand), que após a morte brutal da filha (ela foi estuprada, assassinada e seu corpo queimado), resolve constranger os policiais da pequena cidade onde mora porque eles não conseguiram descobrir o autor do crime. Assim ela aluga três outdoors na estrada e coloca lá frases de indignação e ironia com o fato da polícia nunca ter pego o assassino de sua filha. Claro que algo assim logo se torna o principal tema de conversas da cidade, até porque o xerife local, Willoughby (Woody Harrelson), é querido dentro da comunidade e as pessoas em geral acabam ficando do seu lado.

O roteiro assim se desenvolve em cima desse clima de constrangimento e tensão com as placas provocativas contra a polícia, sua inércia e incompetência de colocar atrás das grades o criminoso que matou a jovem garota. Um dos policiais da equipe do xerife é um sujeitinho desprezível (interpretado com maestria por Sam Rockwell), conhecido na cidade por prender e torturar negros sem motivos, tudo fruto apenas de seu racismo. Mexer com pessoas assim não parece ser uma boa ideia, mas Mildred segue em frente, mesmo sofrendo todos os tipos de intimidações. Ela quer a solução do crime, quer o assassino atrás das grades e não mede esforços para isso, nem que tenha que passar por cima de toda aquela caipirada que mora naquele lugar esquecido por Deus.

Olha, sendo bem sincero, a trama desse filme não me pareceu grande coisa. De fato o roteiro não avança muito. Você fica esperando alguma coisa acontecer ou se resolver, mas tudo vai ficando na mesma situação, batendo na mesma tecla. Passa longe, em minha opinião, de ser considerado o melhor filme do ano! Acho essa consideração até um pouco absurda. Talvez isso seja o retrato da queda de qualidade dos filmes nos últimos anos. Até fitas medianas como essa acabam ganhando um status fora de propósito. A única qualidade mais louvável vem do elenco, esse sim muito bom, acima da média. Tanto Frances McDormand, como Woody Harrelson, estão muito bem. Eles são grandes atores e isso era até de se esperar. Até o pequeno grande ator Peter Dinklage, que não tem muito espaço dentro da história, está bem. Assim a grande força dessa produção vem do elenco realmente. Já o roteiro e a trama em si me pareceram bem convencionais, com nada de extraordinário para ganhar tanta atenção.

Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, Estados Unidos, 2017) Direção: Martin McDonagh / Roteiro: Martin McDonagh / Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Peter Dinklage / Sinopse: Após a morte horrível de sua filha, uma mãe resolve partir pra cima dos policiais que não resolveram e solucionaram o caso. Ela aluga três outdoors com mensagens irônicas e provocativas contra os tiras. Isso acaba causando uma grande repercussão na cidadezinha onde mora. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Frances McDormand) e Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell). Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Frances McDormand), Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell), Melhor Ator Coadjuvante (Woody Harrelson), Melhor Roteiro, Edição e Trilha Sonora incidental.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Ave, César!

Os irmãos Coen se enquadram naquele seleto grupo de cineastas que você deve acompanhar de perto, assistindo a todos os seus filmes, mesmo os que são apenas medianos. Eles são tão criativos que pelo menos alguma coisa relevante você encontrará em suas obras. Esse "Ave, César!" se propõe a ser uma comédia, uma sátira aos bons e velhos tempos da Hollywood dos anos clássicos. Porém o humor é tão sofisticado, que você terá que saber um pouco da história do cinema americano para se divertir completamente. Cada personagem, cada evento mostrado no filme, tem uma referência histórica com algo que efetivamente aconteceu no passado. A trama é relativamente simples e muito divertida. Um astro de Hollywood, um galã canastrão chamado Baird Whitlock (George Clooney), é sequestrado bem no meio das filmagens de um grande épico que conta a história de um general romano nos dias de Jesus. Levado a uma casa isolada ele encontra um grupo de roteiristas e escritores comunistas que tentam fazer sua cabeça sobre as injustiças do capitalismo. É obviamente uma referência aos anos do Macartismo, quando se iniciou uma verdadeira caça às bruxas contra profissionais de Hollywood que tivesse algum contato com o partido comunista. Tudo é levado numa fina ironia, muito bem desenvolvida.

O mais interessante é que o filme não fica por aí. Há inúmeras referências a diversos atores e diretores da era de ouro do cinema americano, passando por um ator cowboy que não tinha talento nenhum para atuar (mesclando Tom Mix a Audie Murphy), um dançarino de musicais que é na verdade o grande elo de ligação com os soviéticos (uma mistura de Errol Flynn com Gene Kelly), até uma atriz cheia de problemas pessoais, especializada em fazer filmes com danças em piscinas (numa óbvia referência à atriz sereia Esther Williams). E tentando contornar todas as situações delicadas surge Eddie Mannix (Josh Brolin), um sujeito contratado pelos estúdios cujo trabalho consistia basicamente em abafar escândalos, resolver problemas pessoais dos astros e estrelas, mantendo o estúdio funcionando normalmente.

É um bem humorado retrato da época em que imperava o Star System, quando os estúdios cuidavam pessoalmente de cada ator e atriz que estivesse sob contrato. Esse sistema durou até meados dos anos 1960, quando os grandes estúdios americanos se cansaram de exercer a função de babás de adultos infantilizados com problemas emocionais (algo que poderia ser dito de praticamente 90 por cento das estrelas). A partir daí cada um que cuidasse de sua própria vida. Assim esse "Ave, César!" é uma aula nostálgica, com muito bom humor, de um tempo que não existe mais. Gostei bastante desse filme. Bem produzido, com ótimo roteiro, é uma dessas produções inteligentes que estão cada vez mais raras ultimamente.

Ave, César! (Hail, Caesar!, Estados Unidos, 2016) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen / Elenco: Josh Brolin, George Clooney, Ralph Fiennes, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Alden Ehrenreich, Channing Tatum, Frances McDormand, Jonah Hill, Christopher Lambert / Sinopse: Eddie Mannix (Josh Brolin) é um "faz tudo" de um grande estúdio de cinema em Hollywood que precisa resolver todos os problemas que vão surgindo envolvendo astros e estrelas. As coisas pioram quando o ator Baird Whitlock (George Clooney) é raptado por roteiristas comunistas que pedem 100 mil dólares de resgate. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria Melhor Design de Produção (Jess Gonchor e Nancy Haigh).

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de maio de 2017

Terra Prometida

A história do filme acompanha Steve Butler (Matt Damon) e sua colega Sue Thomason (Frances McDormand) que viajam até uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Na região há um vasto reservatório de gás natural no subsolo. Eles trabalham para uma empresa que tem planos de explorar economicamente essa reserva. Para isso porém será necessário convencer os moradores e donos de fazendas a venderem suas propriedades para a companhia mineradora, algo que não vai ser muito fácil pois ao mesmo tempo em que chegam na cidade também aparece um ecologista que lutará para que ninguém venda suas terras.

O que mais me deixou admirado nesse filme de Gus Van Sant foi seu terrível convencionalismo. Van Sant foi um dos diretores mais inovadores de sua geração, sempre explorando temas polêmicos, optando muitas vezes por uma linguagem cinematográfica inovadora. Só que aqui ele preferiu o convencional, o banal, diria até o burocrático. O filme é totalmente quadrado, sem qualquer tipo de inovação de qualquer tipo. Van Sant conta a sua história com extrema preguiça, sem maiores envolvimentos. Por tudo isso podemos dizer que esse "Promised Land" é seguramente um dos seus filmes mais enfadonhos. Quem estiver em busca do bom e velho Van Sant, do artístico e autoral Van Sant, certamente vai quebrar a cara.

O personagem principal interpretado pelo ator Matt Damon é de um bom mocismo irritante. Ele trabalha para uma companhia de exploração de combustíveis naturais, que quer explorar a região para extrair gás natural, mas acredita piamente (e estupidamente) que essa grande corporação bilionária, capitalista ao extremo, só tem intenções boas e positivas sobre as terras que deseja comprar. É ser muito bobo para convencer o espectador. Pior é saber que o ecologista que o combate também tem seus segredos. Aliás a figura desse oponente é responsável pela única reviravolta digna de surpresas dentro do enredo, porque tudo o mais é terrivelmente chatinho. Enfim, tirando um ou outro momento esse filme deixa bastante a desejar. Pelo visto o outrora rebelde e contestador Gus Van Sant virou apenas um cineasta comum... e dos mais entediantes.

Terra Prometida (Promised Land, Estados Unidos, 2012) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: John Krasinski, Matt Damon / Elenco: Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski / Sinopse: Dois empregados de uma bilionária companhia mineradora vão até o interior com o objetivo de convencer os moradores a venderem suas terras. A empresa tem planos de explorar um rico manancial de gás natural que existe no subsolo. Um jovem ecologista porém também chega para convencer todos do contrário. Ele defende a ideia que a companhia já destruiu o meio ambiente de outras cidades, causando um grande desastre ambiental. Filme participante da seleção do Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Um Canto de Esperança

Título no Brasil: Um Canto de Esperança
Título Original: Paradise Road
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Village Roadshow Pictures
Direção: Bruce Beresford
Roteiro: David Giles, Martin Meader
Elenco: Glenn Close, Frances McDormand, Pauline Collins, Cate Blanchett, Julianna Margulies, Pamela Rabe
  
Sinopse:
Filme baseado em fatos reais. Durante a II Guerra Mundial um grupo de mulheres americanas e europeias são aprisionadas por tropas japonesas na distante e isolada ilha de Sumatra. Para suportar a prisão - completamente injusta e sem razão de ser - elas usam a música para tornar seus dias menos miseráveis e torturantes. Filme premiado pela  Australian Cinematographers Society e Film Critics Circle of Australia Awards.

Comentários:
A II Guerra Mundial não foi apenas a guerra dos grandes acontecimentos, das grandes batalhas épicas. A guerra destruiu também a vida de milhões de pessoas comuns, que nada tinham a ver com o conflito armado. Um exemplo podemos conferir nesse filme onde várias mulheres são enviadas para uma prisão apenas por causa de suas nacionalidades. Os japoneses as aprisionam sem razão de ser, apenas por serem estrangeiras. As atrocidades japonesas durante a guerra impressionam, na China ocupada, por exemplo, as tropas japonesas promoviam estupros coletivos, massacres e chegavam ao requinte da crueldade de enterrar pessoas vivas, fora a tortura que era algo muito comum no cotidiano daqueles militares. Assim o roteiro dessa produção explora mais um crime de guerra dos japoneses, porém de uma forma mais sutil e com uma certa dose de diplomacia. Penso inclusive que o fato histórico real foi bem mais brutal do que vemos. De qualquer forma o ótimo elenco e a delicadeza de sua mensagem valem qualquer esforço. Um momento da II Guerra Mundial que segue esquecido, infelizmente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Terra Fria

Não adianta. Algumas atrizes são tão bonitas que nem em histórias trágicas e sofridas se consegue retirar sua beleza para fora das telas. Charlize Theron sempre foi uma das mais belas do cinema atual. Tentando fugir desse rótulo ela andou procurando por roteiros mais desafiadores, que a tirassem desse modelo de beleza vazia que andava sondando sua filmografia. Afinal esse é de certa forma um estigma que acompanha muitas atrizes e atores. Eles temem que sem o devido reconhecimento por seu trabalho dramático sejam esquecidos após os anos lhes retirarem sua estética. Afinal de contas um rosto bonito só dura mesmo alguns poucos anos.

Nesse "North Country" Charlize Theron interpreta Josey Aimes. Ela é uma mãe solteira que precisa trabalhar para criar seus dois filhos. De volta à terra natal, em Minnesota, tudo o que consegue arranjar é um emprego duro nas minas da região. O trabalho é pesado, mas o salário minguado pelo menos coloca a comida sobre a mesa e para ela isso é tudo o que importa no momento. O problema é que ela, por ser uma bela mulher ainda, acaba sendo vítima de assédio sexual de seus próprios superiores no emprego. A partir daí a coisa foge do controle e sua história acaba sendo o retrato das dificuldades que as mulheres enfrentam dentro do mercado de trabalho. Um filme muito bom em que Charlize tenta de todas as formas surgir na tela não como uma deusa do cinema, mas sim como uma mulher normal, operária, que tenta ganhar a vida de forma honesta e íntegra. Ela conseguiu. Belo roteiro social que merece passar por uma nova revisão, sempre que possível.

Terra Fria (North Country, Estados Unidos, 2005) Direção: Niki Caro / Roteiro: Michael Seitzman, Clara Bingham / Elenco: Charlize Theron, Jeremy Renner, Frances McDormand / Sinopse: O filme conta a história de uma mãe solteira em um momento particularmente complicado de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Charlize Theron) e Melhor Atriz Coadjuvante (Frances McDormand). Também indicado ao Globo de Ouro e ao Bafta nas mesmas categorias.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Queime Depois de Ler

Título no Brasil: Queime Depois de Ler
Título Original: Burn After Reading
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features, StudioCanal, Relativity Media
Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Brad Pitt, Frances McDormand, George Clooney, John Malkovich
  
Sinopse:
Osbourne Cox (John Malkovich) é um ex-agente da CIA que resolve escrever suas memórias como retaliação de sua injusta demissão, porém parte de seus maiores segredos vão parar nas mãos de uma dupla de idiotas que pretendem ganhar dinheiro com o material. Para piorar sua esposa também está pensando em pedir o divórcio, transformando a vida de Cox em um verdadeiro caos pessoal e profissional. Filme indicado a duas categorias no Globo de Ouro. 

Comentários:
Filme que foi bem elogiado pela crítica americana, mas que sinceramente não me agradou muito. Na verdade não é aquele tipo de filme que chega ao ponto de lhe aborrecer, porém a sensação de decepção fica bem clara no final da exibição. De repente você olha para o lado e pergunta a si mesmo: "Era isso!? Só isso!?". A questão que ninguém fala é que de tempos em tempos a crítica americana elege seus "queridinhos" e então todo e qualquer filme lançado por esse seleto grupo de diretores cai nas graças deles e em consequência pelo resto do mundo - até porque o que é elogiado dentro dos Estados Unidos tem a tendência de ser elogiado também no mercado internacional, a reboque. Ethan Coen e Joel Coen são a bola da vez. Não nego o talento dos irmãos siameses, longe disso, mas o fato é que esse é o pior filme da dupla, beirando as raias da imbecilidade completa. Curioso notar também o elenco de primeiro escalão que eles conseguiram reunir. É como eu disse, quando um cineasta cai nas graças dos críticos americanos quaisquer projetos dirigidos por eles logo viram verdadeiros chamarizes de estrelas, muitas delas em busca de resenhas positivas a qualquer custo. No geral "Burn After Reading" é uma tremenda bobagem, com cenas engraçadinhas que não vão para lugar nenhum. A única coisa que realmente vai levá-lo até o fim é o elenco estelar. Muitos deles pagando mico mesmo. George Clooney hoje em dia é uma celebridade, mais do que um ator, então não importa muito. O que me surpreende mesmo é ver gente do quilate de John Malkovich embarcando nessa barca furada. Se não conhece deixe para lá, e se já viu esqueça, é o melhor a fazer.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quase Famosos

Título no Brasil: Quase Famosos
Título Original: Almost Famous
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures, DreamWorks SKG
Direção: Cameron Crowe
Roteiro: Cameron Crowe
Elenco:  Billy Crudup, Frances McDormand, Kate Hudson, Philip Seymour Hoffman

Sinopse: Um garoto de apenas 15 anos realiza o sonho de qualquer jovem de sua idade: cobrir a excursão de uma banda de rock durante os anos 70. Contratado pela famosa revista Rolling Stone ele coloca o pé na estrada ao lado de músicos, empresários e tietes e vivencia na pele os loucos anos da história do rock americano.

Comentários:
Sim, faz bastante tempo, mas me lembro bem do lançamento desse "Almost Famous". Na época o filme foi mais do que badalado. Também pudera, o cineasta Cameron Crowe virou o queridinho da mídia e do jornalismo que se achava mais descolado. No auge do exagero chegaram a chamar Crowe de "gênio da nova geração". Como sou muito precavido desses arroubos da imprensa - sempre indo atrás da última modinha - resolvi esperar para crer. Não há como negar que " Quase Famosos" é um bom filme. O mesmo se aplica a "Jerry Maguire" e "Vida de Solteiro". O mesmo não se pode dizer porém de coisas como "Tudo Acontece em Elizabethtown" e "Compramos Um Zoológico". Trocando em miúdos: Crowe é um diretor interessante? Sim, claro. É um gênio da sétima arte? Não, faça-me o favor... Assim deixando as bobagens da mídia de lado vamos analisar o filme sem exageros. O roteiro é de fato acima da média (levemente inspirado na própria vida de Crowe) e o elenco como um todo está muito bem (com destaque para Frances McDormand, Kate Hudson e Philip Seymour Hoffman). Obviamente que quem gosta de Rock vai apreciar muito mais, afinal o filme passeia com desenvoltura dentro do cenário musical das bandas dos anos 70. Mas fora isso não há como qualificar "Quase Famosos" como excepcional ou obra prima. Assista, ignore as opiniões mais ufanistas e descabeladas e o mais importante de tudo, divirta-se sem maiores compromissos. Quer algo mais rock ´n´ roll do que isso?

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Transformers: O Lado Oculto da Lua

Michael Bay é certamente o cineasta mais destemperado do cinema americano atual. Não há mais limites para seus exageros. Os filmes de Bay foram crescendo em megalomania nos últimos anos até chegar em um ponto em que acredito que ele não saiba mais fazer qualquer outro tipo de filme que não seja desse tipo – onde a metade da terra é destruída numa orgia desenfreada de efeitos digitais. Aqui Bay mistura fatos históricos com pirotecnia elevada à nona potência para criar mais um blockbuster sem muita noção, mas que certamente agrada aos fãs mais jovens, principalmente aqueles viciados em videogames. Para um público que vive conectado 24 horas por dia a receita deve ser muito bem-vinda, familiar até. Na “trama” acompanhamos um rocambole que mistura missão Apollo com espaçonaves caídas na lua, segredos milenares envolvendo os Transformers, um equipamento de grande tecnologia e a luta para se apoderar de todo esse poder. Esqueça todo tipo de lógica, basta dizer que o objetivo final dos Decepticons é trazer seu moribundo planeta para cá, escravizar os bilhões de seres humanos e reviver seus dias de glória quando eram considerados “deuses”! Para frear seus planos a humanidade só conta com o apoio dos Autobots, liderados por Optimus Prime.

O enredo soa maluco demais para você? Pois é, mas no final das contas quem liga para isso? Bay sabe que coisas como roteiro, lógica e argumento inexistem em praticamente toda a sua filmografia. Ao invés disso ele investe pesadamente em efeitos digitais. Olhando sob esse aspecto realmente não há o que criticar pois “Transformers” traz o que há de mais sofisticado nesse quesito. As cenas de ação são tantas e em tal número que não é incomum o espectador perder completamente o fio da meada do que se passa na tela, no meio daquele quebra pau de metais retorcidos e aço voando para todos os lados. Não existe nenhum personagem bem desenvolvido, nem os humanos, o tal de Shia LaBeouf continua muito ruim. A correria é tamanha que nem sabemos direito o nome de seu personagem! O pior é que isso não faz a menor diferença! De bom e engraçado mesmo apenas algumas piadinhas sobre o meio corporativo das grandes empresas e as participações especiais de John Malkovich e do astronauta Buzz Aldrin mas isso é o de menos. Tudo no fundo não passa de mera desculpa para se utilizar de toneladas de efeitos especiais a todo momento. Esqueça todo o resto, o novo Transformers se resume a apenas isso mesmo. Game Over. 

Transformers: O Lado Oculto da Lua (Transformers: Dark of the Moon, Estados Unidos, 2011) Direção: Michael Bay / Roteiro: Ehren Kruger / Elenco: Shia LaBeouf, Rosie Huntington-Whiteley, Josh Duhamel, John Malkovich, Frances McDormand, Patrick Dempsey, Buzz Aldrin, Kevin Dunn, John Turturro / Sinopse: Após uma nave espacial cair na lua a NASA envia uma expedição para descobrir do que se trata a espaçonave. Nesse meio tempo os Decepticons planejam dominar todo o planeta Terra.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de março de 2012

Mississippi em Chamas

Dois Agentes do FBI, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), chegam a uma pequena cidade do Mississippi para investigar a morte de três militantes dos direitos civis durante a década de 60. Lá encontram pela frente todo tipo de dificuldade para levar em frente as investigações, tendo que lidar com a hostilidade das autoridades e da população local. "Mississippi em Chamas" é um dos melhores trabalhos do excelente cineasta Alan Parker. O filme mostra como poucos a engrenagem do ódio racial que insiste em perdurar em certas localidades mais distantes dos grandes centros urbanos dos EUA. Essa região é formada por vários Estados de forte tradição em segregação racial. Localidades onde a igualdade racial ainda não fez morada. Não é demais lembrar que foram esses mesmos Estados que tentaram sair da federação americana por causa da questão da escravidão, gerando a Guerra Civil entre norte e sul. Pelo visto a velha mentalidade confederada ainda persiste mesmo após décadas do fim do conflito. O governo americano sob a presidência de John Kennedy sancionou várias leis de igualdade entre brancos e negros mas como mostrado no filme nem sempre leis são suficientes para mudar décadas de mentalidade segregacionista.

O grande nome do elenco aqui é Gene Hackman. Ele interpreta um agente do FBI que, tendo nascido no sul racista, acaba ficando entre a cruz e a espada, entre os valores no qual foi criado e as regras da sua agência de investigação. Já Willem Dafoe interpreta o parceiro que segue as regras do Bureau mais de perto, procurando seguir os procedimentos à risca. Entre o elenco de apoio os destaques são dois: R. Lee Ermey (o sargento durão de Nascido Para Matar) na pele do prefeito da cidade e Frances McDormand como a sofrida esposa de um policial e membro da Klu Klux Klan. O roteiro é muito bem elaborado, fugindo sempre dos clichês que poderiam surgir nesse tipo de filme que mostra dois agentes da lei durante uma investigação complicada. O roteirista Chris Gerolmo foi muito feliz na condução da estória fugindo sempre de situações convencionais ou burocráticas. Já sobre Alan Parker não há muito o que falar. Sempre foi um dos meus cineastas preferidos, um diretor com uma filmografia cheia de filmes intrigantes ou viscerais tais como "Coração Satânico" (sua obra prima na minha opinião) e "O Expresso da Meia Noite". Infelizmente recentemente esteve no Brasil e explicou que anda no ostracismo pois os estúdios atualmente preferem não mais bancar filmes com temáticas sociais como a que vemos nessa produção. Pelo jeito a mentalidade tacanha não é privilégio apenas dos sulistas norte-americanos. Só podemos mesmo lamentar. De qualquer forma fica a dica - se ainda não assistiu não deixe de conferir esse grande filme dos anos 80.

Mississippi em Chamas (Mississippi Burning, Estados Unidos, 1988) Direção: Alan Parker / Roteiro: Chris Gerolmo / Elenco: Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand, R. Lee Ermey, Brad Dourif / Sinopse: Dois Agentes do FBI, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), chegam a uma pequena cidade do Mississippi para investigar a morte de três militantes dos direitos civis durante a década de 60. No local encontram pela frente todo tipo de dificuldade para levar em frente as investigações, tendo que lidar com a hostilidade das autoridades e da população local.

Pablo Aluísio.