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terça-feira, 22 de setembro de 2020

Duna

Certa vez o diretor David Lynch disse em uma entrevista que tinha orgulho de todos os filmes que havia dirigido ao longo de sua carreira... menos de Duna! Pois é, renegado pelo próprio Lynch, essa ficção baseada na obra escrita por Frank Herbert continua a ser alvo de ódios e paixões. O que deu errado? No meu ponto de vista o maior problema aqui foi que Lynch simplesmente não conhecia e nem chegou a dominar direito o livro original. Assim ele meio que foi às cegas para o trabalho, sem se dar conta que o livro, ou melhor dizendo, a série de livros de Duna, tinha um grande número de fãs e admiradores. E foram justamente os leitores dos livros que mais se decepcionaram com esse filme.

Eu entendo bem esse tipo de sensação. Havia tanta coisa para trazer das páginas da literatura para o cinema que simplesmente ficou impossível adaptar direito, fazer essa transposição. O universo de Duna nos livros é cheio de detalhes, com dinastias, religiões, culturas próprias. No filme tudo é meio que jogado na cara do espectador. É o típico caso de um roteiro que não conseguiu dar conta daquilo que estava sendo adaptado. Aliás é bom dizer que o ritmo do filme surge ora truncado, mal editado, ora com pressa, para terminar logo tudo na base da correria. Ficou ruim, vamos ser bem sinceros. E as brigas do diretor com o produtor Dino De Laurentiis só serviu para piorar tudo. O que já era ruim, ficou ainda mais medonho.

Se o filme não apresenta um bom roteiro, pelas razões que já escrevi, pelo menos há boas ideias na direção de arte, figurinos, cenários, etc. Duna tem um estilo visual bem próprio, que procurava ser original. Em termos de efeitos especiais há algo curioso. Os efeitos que reproduzem as naves espaciais ficaram absurdamente datadas e envelhecidas. Vistas hoje em dia soam simplesmente horríveis. Por outro lado os vermes gigantes que se arrastam pelas areias do planeta Duna ainda convencem, mesmo após tantos anos. Pena que nada poderia salvar as cenas em que o protagonista literalmente monta nos bichanos, como se fosse um cavalo espacial. O problema aqui é do material original e não do filme propriamente dito. Sim, é ridículo, mas culpem o escritor, não David Lynch por esses momentos constrangedores.

Duna não foi um sucesso comercial. Considerada uma produção cara demais para a época (algo em torno de 40 milhões de dólares) o filme não trouxe retorno para seus produtores, o que ajudou a afundar ainda mais a  Dino De Laurentiis Company. As brigas no set de filmagens e os problemas de finalização do filme se tornaram lendários e acabaram mais conhecidos do que o filme em si, já que poucas pessoas foram ao cinema conferir o resultado final. Agora teremos uma nova versão, dirigida pelo competente Denis Villeneuve. Será que dessa vez vai dar certo? Não sabemos ainda, mas é curioso saber que essa segunda versão também tem enfrentado diversos problemas no set de filmagens e pós-produção. Para tornar tudo ainda pior há a questão da pandemia que jogou o filme para uma data ainda incerta. Pelo visto adaptar Duna para o cinema nunca vai ser mesmo algo fácil de se fazer.

Duna (Duna, Estados Unidos, Itália, México, 1984) Direção: David Lynch / Roteiro: David Lynch / Elenco: Kyle MacLachlan, Virginia Madsen, Patrick Stewart, Francesca Annis, Linda Hunt, Brad Dourif, Silvana Mangano, Kenneth McMillan, Sting / Sinopse: No distante e desértico planeta de Duna, uma especiaria é especialmente valorizada, considerada a maior fonte de riquezas do universo. Duas dinastias começam a lutar pelo controle daquele mundo, ao mesmo tempo em que o jovem Paul Atreides vai se firmando como o líder profetizado que iria trazer liberdade e paz para aquele lugar perdido do universo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor som.

Pablo Aluísio. 

domingo, 16 de dezembro de 2007

Barrabás

Roteiro e Argumento: O roteiro de Barrabás foi escrito baseado no romance do escritor Par Lagervist, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1951. É importante esclarecer que tirando o Novo Testamento não existem fontes históricas sobre quem seria ou o que teria acontecido com Barrabás após a crucificação de Jesus Cristo. Tudo o que se sabe ao certo é que era um rebelde da tribo dos Zelotes que estava preso acusado de assassinato. Assim tudo o que se passa no filme é mera ficção, romance, literatura. De qualquer forma o roteiro, seguindo os passos do livro, é muito bem escrito e lida com vários aspectos da Roma Antiga de forma bem eficiente, sendo mostrados aspectos da escravidão no império, das arenas de gladiadores e do nascimento da nova religião, o cristianismo.

Elenco: Barrabás tem um elenco muito bom a começar por Anthony Quinn no papel título. Sua interpretação é muito adequada. Seu personagem é uma pessoa rude, brutal, fruto do meio, que tenta entender a filosofia do cristianismo em um mundo que até então só lhe exigia violência e força. Outro grande ator em cena é Jack Palance. Ele interpreta um gladiador que treina e depois enfrenta Barrabás na arena (numa ótima cena do filme, muito bem editada e realizada). Palance não aparece muito mas quando surge traz muito ao filme. Outro destaque é a presença da musa italiana Silvana Mangano. Seu papel também é pequeno, geralmente surgindo nas cenas de taberna mas mesmo assim consegue marcar boa presença.

Produção: A produção do filme é do famoso Dino de Laurentis. Esse produtor foi o que mais próximo surgiu na linha deixada por Cecil B. De Mille. Ele não economizava recursos em seus épicos e procurava trazer o melhor, seja em cenários, seja em figurinos luxuosos. O filme foi totalmente rodado na Itália em parceria com a Columbia Pictures. Isso deu uma veracidade maior ao que se passa em cena pois as locações chegaram ao ponto de utilizar antigas construções romanas como as minas no Monte Etna na Sicília e o anfiteatro de Verona. Além disso a experiência dos profissionais de Cinecittà ajudaram muito para melhorar ainda mais esse aspecto do filme. Produção realmente classe A.

Direção: Barrabás foi dirigido por Richard Flescher que já tinha experiência com produções caras e complicadas antes (havia dirigido "20 Mil Léguas Submarinas" cinco anos antes). Seu trabalho é muito bom, algumas cenas lembram até mesmo pinturas da Renascença como a crucificação coletiva na cena final do filme. Também mostrou grande competência na direção de cenas com grande número de extras - como vemos nas cenas de Arena. Ele ainda faria um interessante filme anos depois com Tony Curtis chamado "O Homem que Odiava as Mulheres".

Barrabás (Barabbas, EUA - Itália, 1962) / Diretor: Richard Fleischer / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Produção: Dino de Laurentis / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Elenco: Anthony Quinn, Silvana Mangano, Arthur Kennedy, Katy Jurado, Jack Palance, Vittorio Gassman, Harry Andrews, Ernest Borgnine e Valentina Cortese. / Sinopse: Criminoso e assassino judeu chamado Barrabás (Anthony Quinn) é libertado no lugar de um jovem profeta chamado Jesus de Nazaré. Após ser escolhido no lugar do Messias tenta entender a razão de ter sido poupado da morte em detrimento do Nazareno que é crucificado por tropas romanas.

Pablo Aluísio.