sexta-feira, 17 de março de 2023
O Enfermeiro da Noite
sexta-feira, 29 de abril de 2022
Os Olhos de Tammy Faye
Eles ficaram tão ricos com as doações dos que assistiam seus programas que logo compraram sua própria emissora de televisão. O problema é que com dinheiro demais, vem também os excessos. A Tammy usava um estilo que eu só poderia qualificar como "brega evangélica americana". Sempre com roupas luxuosas, maquiagem excessiva e muita ostentação de riquezas, com os dedos lotados de diamantes. Além disso havia mansões, carros luxuosos e tudo o que dinheiro podia comprar. Mensagem de Jesus? Esqueça, o negócio era ter muita grana mesmo! Com uma personagem tão extravagante assim a atriz Jessica Chastain conseguiu realizar aquele que talvez seja a melhor interpretação de sua carreira. Acabou sendo premiada com o Oscar de melhor atriz. Prêmio mais do que merecido.
Voltemos aos fatos. O fisco americano começou a ficar de olho no casal e aí já sabe. Descobriu-se que eles pediam dinheiro para construir casas para os mais pobres, mas que no fundo usavam o dinheiro em benefício próprio. A grana era gasta mesmo em suas vidas de luxos. O FBI bateu em cima e aí o império começou a ruir. A Tammy ainda conseguiu uma sobrevida porque era cantora gospel (daquelas bem bregas) e sempre teria como se sustentar. O problema é que o marido, que posava de senhor da moralidade, eram também um homossexual por trás das cortinas. A Tammy Faye já faleceu, mas deixou um legado bem negativo no mundo religioso dos EUA. Seu único aspecto positivo, pelo que vi no filme, foi que ela tentou combater o preconceito contra homossexuais dentro do mundo evangélico americano. Fora isso deixou discos bregas gospel e muita teologia da prosperidade na cabeça dos seguidores, algo que se repete à todo vapor no Brasil dos dias atuais. Que legado ruim, hein Tammy...
Os Olhos de Tammy Faye (The Eyes of Tammy Faye, Estados Unidos, 2021) Direção: Michael Showalter / Roteiro: Abe Sylvia / Elenco: Jessica Chastain, Andrew Garfield, Vincent D'Onofrio, Mark Wystrach / Sinopse: O filme conta a história da vida da pastora Tammy Faye; De origem humilde, ela se tornou fabulosamente rica ao lado do marido ao espalhar a teologia da prosperidade em programas de TV nos Estados Unidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor maquiagem e cabelo e melhor atriz (Jessica Chastain).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
It: Capítulo Dois
O primeiro filme foi um grande sucesso de bilheteria. Custou apenas 35 milhões de dólares e faturou nas bilheterias mais de 75o milhões. Um lucro fantástico. Por isso era esperado que uma continuação fosse realizada. E assim chegamos nesse segundo capítulo. Essa sequência foi criticada por dois aspectos básicos. O filme seria muito longo e cansativo e seu roteiro seria repetitivo. Eu tenho uma visão diferente. Sim, o filme é longo. Quase três horas de duração. Porém não me soou cansativo. As pessoas esquecem que o livro original de Stephen King tem mais de mil páginas! Adaptar um livro desse tamanho para o cinema só poderia resultar mesmo em um filme longo. Cansativo porém não achei. Os roteiristas trouxeram o que era essencial para o filme. Como há vários personagens seria mesmo necessário ter espaço para cada um deles demonstrar sua personalidade no filme. Foi isso o que aconteceu. O palhaço Pennywise aparece a cada um deles em cenas individuais onde ele trabalha o lado psicológico dos garotos, seus traumas, seus complexos. Isso está no livro e era necessário trazer também para o filme. Não havia como retirar do roteiro.
Com isso o segundo filme ficou mesmo longo, não tinha outra saída. Porem cada um desses momentos não é gratuito. O uso de vários flashbacks também foi criticado de forma indevida. Essa é a estrutura do livro, com passagens do passado e presente se intercalando. É uma ferramenta narrativa do próprio Stephen King que os roteiristas utilizaram também aqui. Ficou adequado. A edição é inteligente, mesclando em uma só sequência com passado e presente, tudo feito de forma bem eficaz. O resultado final me agradou bastante. O roteiro brinca até com o fato de que muitos criticam os finais dos livros de Stephen King. Ele inclusive está no filme, numa ponta, como um vendedor de coisas velhas. Pois bem, há que tenha odiado o final, achando simplista demais como os personagens deram fim ao Pennywise. Na minha opinião tudo foi válido e tem seu lugar no filme. A luta entre o palhaço e os protagonistas é no fundo psicológica e uma solução dessa natureza seria o mais adequado para o desfecho do enredo. Do jeito que ficou me agradou bastante. E se você gosta mesmo de Stephen King, então o filme se torna essencial.
It: Capítulo Dois (It Chapter Two, Estados Unidos, 2019) Direção: Andy Muschietti / Roteiro: Gary Dauberman / Elenco: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Bill Skarsgård / Sinopse: Vinte e sete anos após os acontecimentos do primeiro filme o palhaço Pennywise está de volta. Crianças começam a desaparecer novamente. Com isso os garotos do primeiro filme (agora todos adultos) resolvem se unir mais uma vez para acabar com as monstruosidades do palhaço.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 2 de setembro de 2019
X-Men: Fênix Negra
Título Original: Dark Phoenix
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Simon Kinberg
Roteiro: Simon Kinberg
Elenco: Sophie Turner, Jessica Chastain, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult
Sinopse:
Durante um resgate no espaço Jean Grey (Turner) é exposta a uma força do cosmos desconhecida. A partir desse momento ela muda completamente, se tornando extremamente poderosa, o que acaba colocando a Terra e os próprios membros da equipe X-Men em perigo. Filme baseado nos personagens criados por Stan Lee.
Comentários:
Criticaram bastante esse filme. Os críticos de cinema não acharam grande coisa e os fãs de quadrinhos literalmente desceram a lenha no filme. Gente chata. O filme funcionou muito bem no meu caso. O que eu procurava por aqui? Diversão e passatempo por duas horas. Acabei sendo plenamente satisfeito. O filme entrega o que promete. Não adianta procurar os mínimos detalhes em termos de diferença do cinema para os quadrinhos. São linguagens diferentes, os filmes nunca terão a fidelidade completa do que se lê nas revistas. São dois mundos diversos. Como não sou leitor de comics acabei curtindo o filme pelo que ele é, cinema pipoca em sua essência. Há um enredo bem contado, com começo, meio e fim, bons efeitos especiais, um elenco carismático e isso era basicamente tudo o que eu estava procurando. Além disso essa personagem Jean Grey é uma das mais interessantes dessa universo da Marvel. É estranha, complexa, caminha numa tênua linha entre o bem e o mal e é superpoderosa ao extremo. Ela já havia sido bem explorada na franquia original X-Men. Também gostei da atriz Sophie Turner no papel. Confesso que sou suspeito pois sempre gostei dela como Sansa Stark em "Game of Thrones". Aqui repete o bom trabalho. Então é isso. Como cinema pipoca esse novo X-Men não deixou nada a desejar. O resto é chatice de gente exigente demais.
Pablo Aluísio.
domingo, 2 de dezembro de 2018
Uma Mulher Exemplar
Porém o que mais em incomodou foi a falta de uma caracterização melhor em relação aos dois personagens principais. Quando Catherine decidiu ir para o oeste, ela já era uma senhora idosa, bem mais velha do que a atriz Jessica Chastain. O mesmo acontecia com Touro Sentado, que naquela época também já era um ancião, uma pessoa de idade avançada, vivendo seus últimos dias. No filme porém os dois são retratados como pessoas jovens. A pior caracterização é a do chefe indígena, aqui interpretado pelo ator Michael Greyeyes. Ele é alto, forte, esbanjando saúde. Ora Touro Sentado era um senhor já debilitado pela saúde quando encontrou Catherine. Era de baixa estatura e estava morrendo. Assim assista ao filme, aprenda sobre seu enredo histórico, mas não deixe o senso crítico de lado. Nem tudo que acontece na tela, aconteceu de fato na história real.
Uma Mulher Exemplar (Woman Walks Ahead, Estados Unidos, 2017) Direção: Susanna White / Roteiro: Steven Knight / Elenco: Jessica Chastain, Michael Greyeyes, Ciarán Hinds, Sam Rockwell, Louisa Krause, Boots Southerland / Sinopse: Após ficar viúva, a pintora Catherine Weldon decide viver uma verdadeira aventura, indo até o velho oeste para encontrar e pintar um retrato do lendário cacique Sioux Touro Sentado.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 11 de maio de 2018
O Zoológico de Varsóvia
Os acontecimentos que se vê no filme foram baseados em fatos reais. A conhecida brutalidade dos nazistas se impõe desde os primeiros dias que suas botas atravessam os muros da cidade. Imediatamente eles transformam o Zoo em centro de estacionamento das tropas alemãs. E como de costume logo começam todas as atrocidades, principalmente contra os judeus da região. Bem, se você sabe o mínimo sobre a guerra sabe que Varsóvia ficou particularmente conhecida por causa do gueto que foi criado pelos nazistas, onde eles confinaram todos os judeus da cidade. Em péssimas condições humanitárias as famílias eram presas lá para depois serem enviadas para os campos de concentração. A Polônia em particular ficou muito conhecida por causa de Auschwitz, o maior campo de extermínio dos nazistas. Milhares de poloneses foram mortos entre seus muros. É o que a história iria chamar nos anos que viriam de Holocausto.
Esse é um aspecto amplo da questão. O roteiro desse filme porém procura contar a história particular de Antonina e de como ela conseguiu salvar vidas, usando justamente dos esconderijos de seu Zoológico. Uma jaula de tigres no subsolo ou o reduto onde os ursos viviam, tudo virou refúgio para que crianças, mulheres e homens judeus pudessem escapar da caçada do nazismo. Um filme que me surpreendeu positivamente pois mostra que pessoas comuns também podem fazer grande diferença quando é necessário, principalmente em momentos cruciais da história. No final a mensagem que realmente fica desse filme pode ser resumida naquela singela frase do Talmud que diz: "Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro!". A mais pura verdade!
O Zoológico de Varsóvia (The Zookeeper's Wife, Inglaterra, Estados Unidos, República Tcheca, 2017) Direção: Niki Caro / Roteiro: Angela Workman, baseada no livro escrito por Diane Ackerman / Elenco: Jessica Chastain, Johan Heldenbergh, Daniel Brühl, Timothy Radford / Sinopse: Antonina Zabinska (Jessica Chastain) vive feliz ao lado do marido, trabalhando e administrando o Zoológico de Varsóvia até que tudo acaba em tragédia quando as tropas nazistas começam a ocupar o país, a Polônia, dando origem ao conflito internacional que ficaria conhecido como Segunda Grande Guerra Mundial.
Pablo Aluísio.
sábado, 10 de fevereiro de 2018
A Grande Jogada
O roteiro se divide em duas linhas narrativas, uma no passado mostrando Molly no começo da vida, tentando ser esportista e depois entrando no mundo dos jogos ilegais e uma no presente, com ela já cercada pelo FBI, sendo processada, podendo pegar uma pena dura de prisão. Tudo, passado e presente, se mistura, resultando em um filme realmente muito bom. De forma inteligente o roteiro não fica girando em torno dos detalhes do poker, algo que poderia interessar apenas aos praticantes desse jogo. Ao invés disso mostra o lado mais humano de Molly, suas motivações e os traumas que traz do passado. Um aspecto interessante é que o pai dela é interpretado por Kevin Costner, em um papel até pequeno, mas muito importante dentro do filme como um todo. Outro ponto positivo ocorre quando a máfia resolve entrar no negócio de Molly. Afinal onde há jogo ilegal e muito dinheiro rolando, a máfia acaba entrando, pelo bem ou pelo mal. Então é isso. Um filme com um roteiro realmente acima da média, que vai jogando informações e situações na tela sem nunca subestimar a inteligência do espectador.
A Grande Jogada (Molly's Game, Estados Unidos, 2017) Direção: Aaron Sorkin / Roteiro: Aaron Sorkin, baseado no livro de memórias de Molly Bloom / Elenco: Jessica Chastain, Idris Elba, Kevin Costner / Sinopse: Quando Molly (Jessica Chastain) percebe que seus sonhos de se tornar uma atleta olímpica campeã acabaram após um sério acidente, ela decide dar um novo rumo na sua vida. Desiste de ir para a universidade cursar Direito e entra em outro ramo, esse bem mais perigoso, o dos jogos ilegais de poker com milionários e mafiosos. Filme indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Aaron Sorkin). Igualmente indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Jessica Chastain).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 5 de junho de 2017
Armas na Mesa
O roteiro do filme não se aprofunda muito no mérito da causa, se o maior controle de armas é ou não justificado. Ao contrário disso ele explora apenas o lado do lobby, sempre muito poderoso e influente nos meios políticos de Washington. De um lado o poderoso lobby que defende a indústria de armas, um negócio que gera bilhões de dólares todos os anos. Do outro lado os que advogam um controle maior, um sistema que evite que armas poderosas caíam nas mãos de criminosos e sociopatas. O curioso é que a protagonista no começo da história trabalha para uma empresa que é contratada para defender a indústria de armas, porém logo muda de lado, procurando trabalhar os argumentos daqueles que sofreram algum tipo de violência, como os familiares das vítimas.
O saldo geral é positivo. O filme é bom, porém um pouco longo demais. A atriz Jessica Chastain tem o grande momento de sua carreira, pois ela brilha mais do que todo o resto do elenco junto. A sua personagem é fria, obcecada e em muitos aspectos nada ética. É verdade que o clímax do filme, quando ela dá a cartada final perante a comissão do congresso, vai ser considerado por muitos como apelativo, porém é fato que de vez em quando esse tipo de protagonista sem escrúpulos surge em filmes e séries com sucesso (ela me lembrou inclusive da série "Damage" nesse aspecto). A Sloane é bem desse tipo. Uma profissional que não está interessada em saber se está do lado certo da lei. Para ela o que importa é apenas a vitória, custe o que custar.
Armas na Mesa (Miss Sloane, Estados Unidos, França, 2016) Direção: John Madden / Roteiro: Jonathan Perera / Elenco: Jessica Chastain, Mark Strong, Gugu Mbatha-Raw / Sinopse: Elizabeth Sloane (Jessica Chastain) é uma lobista trabalhando na capital americana para que um projeto de lei que controla com mais rigor a venda de armas seja aprovada pelo congresso. Para conseguir os votos ela começa a usar diversos métodos ilegais e anti-éticos para conseguir a aprovação. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz - Drama (Jessica Chastain).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
It - Capítulo Dois
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Gary Dauberman
Elenco: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Skarsgård, Bill Hader, Isaiah Mustafa, James Ransone,
Sinopse:
Mais um filme baseado na obra-prima escrita por Stephen king. A trama se passa vinte e sete anos depois dos primeiros acontecimentos mostrados no primeiro filme. Aqui o grupo de amigos vai precisar se reunir mais uma vez para enfrentar o terrível palhaço assassino Pennywise (Bill Skarsgård).
Comentários:
A crítica não gostou muito. Alguns fãs de Stephen King voltaram a criticar negativamente, mas nem essa onda toda conseguiu atrapalhar o filme em termos de bilheteria. Somando-se o mercado americano com o internacional o filme já rompeu a barreira dos 700 milhões de dólares arrecadados. Um ótimo número, ainda mais para um filme de terror e mais, uma sequência. De fato é algo inédito dentro da indústria. No mais gostei de praticamente tudo por aqui. Alguns disseram que o filme ficou longo demais e em algumas partes cansativo. Discordo. Achei tudo no lugar certo, inclusive no desenvolvimento de todos os personagens. Alguns leitores de King reclamaram dizendo que o filme não havia sido fiel ao livro original. Ora, nem o primeiro filme foi, então pedir algo assim para sua continuação não soa bem ou adequado. Literatura e cinema são linguagens diferentes. Mudanças já eram esperadas para essa adaptação para as telas. O que vale muito a pena aqui é rever todos os personagens, agora adultos, tendo que lidar com um antigo problema, o palhaço sobrenatural Pennywise. Ele está de volta para aterrorizar a vida de todos eles, para deleite dos fãs de filmes de terror.E se você gosta da obra de Stephen King, então corra para assistir. É mesmo um momento imperdível do escritor na sétima arte.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 16 de agosto de 2016
O Caçador e a Rainha do Gelo
Para minha surpresa pude constatar que o resultado se mostrou bem melhor do que eu esperava. Eu credito isso a alguns fatores interessantes. O primeiro, mais óbvio, foi a saída de Kristen Stewart do projeto. Seu personagem, a princesa Branca de Neve, é citada no enredo desse novo filme, mas ela nunca aparece em cena. Ao invés disso o roteiro se foca na Rainha do Gelo (Emily Blunt) e seus planos de dominar todos os reinos vizinhos ao seu. Ela recruta crianças órfãs para formar seu exército imbatível. Destruída emocionalmente no passado pela morte de seu filho, ainda uma criança no berço, ela não admite que seu subordinados se rendem ao amor. E é justamente isso que acontece com o casal Sara (Jessica Chastain, maquiada para não parecer tão ruiva!) e Eric (Chris Hemsworth, o próprio Thor que volta para um papel maior). O segundo ponto positivo é justamente esse, pois o enredo é original, não ficando preso a um conto de fadas do começo ao fim, como ocorreu no primeiro filme.
O roteiro, que achei até muito bem escrito, vai e vem no tempo. Há uma introdução, usa-se bem o recurso do flashback, para depois retornar finalmente ao tempo presente. Tudo bem encaixado. O bom é que os roteiristas criaram uma estória com liberdade, sem muita ligação com "Branca de Neve e os Sete Anões". Essa liberdade ajudou ao filme. A estrutura do roteiro é básica, temos que admitir, mas bem conduzida. Os efeitos especiais também se destacam. A personagem de Charlize Theron, a rainha má do conto original, está de volta, porém em outra forma. Sua "saída" de dentro do espelho me fez lembrar os efeitos digitais revolucionários de "O Exterminador do Futuro 2". Muito bem realizado. No geral gostei do filme. Talvez esse salto de qualidade demonstre aos executivos de Hollywood que a aposta em ideias originais pode ser muito mais interessante do que requentar velhas fórmulas ou antigos contos de fadas.
O Caçador e a Rainha do Gelo (The Huntsman: Winter's War, Estados Unidos, 2016) Direção: Cedric Nicolas-Troyan / Roteiro: Evan Spiliotopoulos, Craig Mazin / Elenco: Emily Blunt, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Jessica Chastain, Nick Frost, Rob Brydon, Sheridan Smith, Alexandra Roach / Sinopse: Após a morte da sua irmã, a Rainha do Gelo Freya (Blunt) começa a formar um grande exército de conquista. Além de dominar todo o mundo conhecido, ela pretende colocar as mãos no espelho mágico que pertenceu a Ravenna (Charlize Theron). Com ele pensa ampliar ainda mais suas conquistas. Para isso porém terá que deter um casal apaixonado, ajudado por anões dispostos a tudo para vencer o império do mal de Freya. Filme indicado ao Teen Choice Awards.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 17 de junho de 2016
O Abrigo
Título Original: Take Shelter
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Jeff Nichols
Roteiro: Jeff Nichols
Elenco: Michael Shannon, Jessica Chastain, Shea Whigham
Sinopse:
Curtis (Michael Shannon) é um pai de família comum do meio oeste americano. Sua filha tem necessidades especiais e seu casamento passa por uma crise. Apesar disso ele tenta levar sua vida em frente, até o momento em que começa a ter visões, pesadelos e alucinações. Com histórico familiar de esquizofrenia ele ignora isso e fica convencido de que o apocalipse está próximo. Para salvar sua família desse cataclisma ele começa a ficar obcecado em construir um abrigo enterrado em seu quintal.
Comentários:
Um filme bem fora do convencional. O roteiro não parece muito preocupado em destrinchar sua estória, mas sim em explorar todas as interpretações possíveis sobre o que realmente estaria acontecendo com o personagem principail. Estaria ele ficando louco ou sua preocupação com um grande desastre de proporções épicas teria algum fundo de verdade? Procurando ser enigmático o argumento então parte desse pressuposto para desfiar, sua no mínimo curiosa, trama. O grande destaque, além da excelente direção de Jeff Nichols, vai para a inspirada atuação do ator Michael Shannon. Ele domina o filme da primeira à última cena. O espectador acaba ora simpatizando com suas sinceras intenções, ora fica espantado por suas atitudes bizarras sob um ponto de vista puramente racional. No geral passa longe de ser um filme acessível a todos os públicos, mas por ser tão original vale certamente a pena conhecer (e de quebra tentar desvendar a estranha mente de Curtis, um sujeito fora do normal, porém não menos do que realmente interessante).
Pablo Aluísio.
sábado, 14 de novembro de 2015
A Colina Escarlate
O grande destaque desse terror ao velho estilo dirigido por Guillermo del Toro vem da direção de arte (ou como alguns preferem chamar atualmente, do design de produção). A velha e decadente mansão da família Sharpe acaba se tornando ela própria uma personagem da história. Construída em cima de uma antiga mina de argila, vai afundando a cada ano, parcialmente destruída pela ação do tempo. A antiga casa é aterrorizante, escura e sombria. Lembra muito as velhas casas mal assombradas dos antigos filmes ingleses. E dentro do espírito decadente dessa pequena nobreza em ruínas se esconde todos os tipos de relações incestuosas e taras inconfessáveis. O mistério vai se revelando aos poucos em um clima que me agradou bastante. O roteiro, embora seja de certa maneira previsível, tem sua dose de charme e elegância. Os fantasmas que vão surgindo se encaixam perfeitamente no enredo, revelando aos poucos a sangrenta história do lugar. Os efeitos especiais são adequados, de bom gosto e estão inseridos na proposta de se contar bem os fatos do passado da dinastia Sharpe. O enorme cenário que foi construído para a realização do filme é real, não virtual, o que acrescentou muito no resultado final. O elenco também me agradou muito, principalmente a atuação do ator Charlie Hunnam (o 'Jax' Teller de "Sons of Anarchy"). Para quem interpreta um motoqueiro na série, não ficou nada mal como um médico vitoriano com vocação a gestos heroicos. Aliás todos os personagens do filme nos remetem àquele universo vitoriano dos antigos romances ingleses. Todos de uma maneira ou outra surgem finos, educados e sofisticados na superfície, embora na realidade sejam grotescos, gananciosos, rudes e mesquinhos no interior de suas almas. Assim não deixe de conhecer. É de fato um terror muito bom, com um irresistível sabor nostálgico, tudo embalado em um visual realmente impressionante, de encher os olhos.
A Colina Escarlate (Crimson Peak, Estados Unidos, Canadá, 2015) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro, Matthew Robbins / Elenco: Mia Wasikowska, Jessica Chastain, Tom Hiddleston, Charlie Hunnam, Jim Beaver / Sinopse: Edith Cushing (Mia Wasikowska) é uma jovem herdeira americana que é seduzida pelo galante nobre inglês Thomas Sharpe (Tom Hiddleston). Membro de uma realeza arruinada financeiramente ele precisa do dinheiro de Edith para a construção de uma máquina a vapor inovadora que irá agilizar a extração de argila vermelha de uma velha e abandonada mina que pertence à sua família há gerações. Depois de se casar com Edith ele a leva para morar na vitoriana mansão de Allerdale Hall. A velha casa, decadente e destruída, esconde segredos terríveis que logo Edith irá descobrir.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Interestelar
Já deu para perceber que não é uma ficção para quem andou cabulando as aulas de física no ensino médio não é mesmo? Pois bem. Se o espectador conseguir pelo menos pegar parte dessas nuances já terá feito alguma coisa. Na verdade o filme tem além de um roteiro excepcional uma direção de arte brilhante (que recria como seria alguns exoplanetas no universo) e efeitos especiais bem feitos e que trabalham em sintonia com a história que está contando. Provavelmente o filme vai agradar muito mais aos que já se interessam por esse tipo de tema. Os espectadores eventuais que não estejam dispostos a pensar muito vão acabar sofrendo para pegar tudo o que vê na sua frente. Não é um filme para amadores. "Interestelar" exige concentração e foco, algo que infelizmente falta em abundância no público que frequenta cinemas hoje em dia.
Interestelar (Interstellar, Estados Unidos, 2014) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan / Elenco: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, John Lithgow, Ellen Burstyn, Jessica Chastain, Casey Affleck / Sinopse: Ex piloto do programa espacial é recrutado para uma nova missão da NASA. Ele deverá ir junto com sua tripulação em direção a um enorme "buraco de minhoca" cósmico em busca de respostas sobre três missões anteriores que não retornaram ao planeta Terra. O objetivo é procurar um novo lugar para colonização pela raça humana pois os recursos naturais da Terra estão virtualmente esgotados. O lema da missão passa a ser "A humanidade nasceu na Terra, mas não precisa morrer nela". Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado nas categorias de Melhor mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Design de Produção e Melhor Música Original.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Perdido em Marte
Título Original: The Martian
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Drew Goddard, Andy Weir
Elenco: Matt Damon, Jessica Chastain, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Chiwetel Ejiofor, Kristen Wiig
Sinopse:
Durante uma expedição ao planeta vermelho Marte, um astronauta americano chamado Mark Watney (Matt Damon) é deixado para trás por sua tripulação após a nave exploradora ser atingida por uma imensa tempestade de areia. Dado como morto, ele precisa sobreviver no inóspito planeta contando apenas com recursos limitados de água, comida e oxigênio. Seu objetivo é ficar vivo até a chegada de uma improvável missão de resgate. Roteiro baseado no livro de ficção de Andy Weir.
Comentários:
Pessoalmente eu não gosto da tecnologia 3D. Em minha opinião ela atrapalha mais do que ajuda ao espectador na imersão do que se vê na tela. Há filmes porém que valem a pena o esforço. "The Martian" é um deles. A riqueza de detalhes do mundo marciano fica bem melhor em 3D, o que já era de se imaginar. Além disso esse é um filme que conta com ótimos efeitos visuais que podem ser bem apreciados nesse formato. O roteiro também me agradou bastante principalmente pela escolha de seguir por um caminho mais centrado na ciência. Certamente há boas cenas de ação e aventura, mas esse não é ponto focal da história. A premissa básica se concentra em um astronauta esquecido em Marte e a maneira que ele deverá encontrar para sobreviver em um mundo tão estéril e hostil como aquele. Sua salvação acaba vindo do fato dele ser um especialista em botânica, assim seu conhecimento é usado nas inúmeras tentativas de se criar uma pequena horta de alimentos dentro da base espacial a que fica recluso. Como Marte anda na moda por causa das várias missões robóticas que a NASA tem enviado para lá, o diretor Ridley Scott contou com a opinião de vários especialistas, cientistas que estão procurando há anos soluções para problemas que serão enfrentados numa futura viagem a Marte. Talvez o público mais jovem possa até vir a se aborrecer com o ritmo do filme por causa disso, mas quem estiver em busca de um filme inteligente e mais coerente sobre o que possivelmente venha a acontecer com uma viagem tripulada naquele planeta certamente vai gostar do resultado.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
Perdido em Marte
O filme tem problemas de lógica. Aqui vai alguns furos do roteiro - e contém spoilers. Em resumo: Matt Damon e seu eterno jeito de adolescente baby face fica em Marte após uma tempestade épica. Seus companheiros de missão vão embora e ele fica para trás, enterrado na areia. Pior do que isso, sua barriga foi perfurada por um pedaço de metal. Bom, sabemos que naquele ambiente radioativo isso seria morte certa, mas vamos relevar, afinal de contas ele se recupera bem rapidinho (absurdo 1). Seguindo em frente... Ele volta ferido para a estação e lá encontra tudo o que precisa para sobreviver, menos comida que tem em estoque limitado. Para viver até que uma missão de resgate venha lhe salvar ele precisa fazer como Quincas Borba e plantar batatas numa hortinha improvisada dentro da estação (absurdo 2: aquela terra cheia de radiação jamais seria adequada para a germinação de qualquer tipo de alimento viável). Embora esteja em uma estação espacial de última tecnologia ele não tem como se comunicar com a Terra (absurdo 3, que nunca é explicado direito, como um equipamento daquele não possui um único rádio primitivo?). Para achar um modo de comunicação ele então vai atrás de uma antiga sonda, a Mars Pathfinder (absurdo 4 - como ele achou um equipamento pequeno daqueles em um planeta daquela dimensão?). Por fim no momento do resgate ele entra em órbita com uma nave adaptada, sem nariz (é sério!) e com uma lona cobrindo tudo (absurdo dos absurdos, não merece nem comentários). No final fica aquela sensação de ter visto algo que parece sério, mas não é! Parece científico, mas também não é! Pelo menos parece divertido... e pelo menos nesse ponto é de fato mesmo. Se eu gostei do filme? Bom, depende do que você espera ver. Se for apenas para levar a gurizada para o cinema até que não chega a dar dor de barriga. Agora se você estiver em busca de algo bom de verdade é melhor desistir de Marte porque no cinema americano o planeta vermelho realmente não dá muito certo mesmo. Melhor os produtores tentarem algo em Plutão da próxima vez...
Perdido em Marte (The Martian, Estados Unidos, 2015) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Drew Goddard / Elenco: Matt Damon, Jessica Chastain, Kristen Wiig / Sinopse: Um astronauta fica perdido em Marte durante uma expedição. E ele terá que sobreviver de alguma forma. Sua plantação de batatas pode significar vida ou morte naquele distante e hostil planeta.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 31 de março de 2015
Interestelar
Que Christopher Nolan é um dos diretores mais talentosos do cinema americano atual já não restam dúvidas. Qualquer filme assinado por ele já é motivo por si só para ser conferido, até de forma obrigatória, pelos cinéfilos mais antenados. Nessa produção Nolan resolveu ir além. Desde os primeiros momentos sabemos que ele vai explorar um tema que já foi muito caro na história da sétima arte. Não precisa ir muito longe para entender que o grande modelo seguido por Nolan foi o clássico de Stanley Kubrick, "2001 - Uma Odisseia no Espaço". O argumento basicamente segue os passos do clássico filme original. De certa maneira tudo pode até mesmo ser encarado como uma revitalização do tema ou até mesmo uma forma de tornar sua proposta mais acessível ao grande público. Obviamente que essa produção não tem a consistência filosófica e existencial do filme original. isso porém não se torna um problema. Acredito que Nolan quis apenas realizar uma ficção científica inteligente, lidando com temas da Astrofísica que estão bastante em voga atualmente. Se você não entende ou não curte ciência não precisa também se preocupar. Nolan escreveu seu filme de forma que seja acessível ao homem médio. Claro que conceitos relativos como tempo, espaço e gravidade, formam a espinha dorsal do enredo, mas isso pode ser entendido sem maiores problemas desde que você tenha ao menos uma base de física (até mesmo o feijão com arroz ensinado no ensino médio lhe trará algum apoio nesse sentido). Assim o que temos aqui é uma estória até simples, muitas vezes bem fantasiosa, com um background científico mais aprofundado. Algumas situações do roteiro chegam um pouco a incomodar pelas soluções fáceis demais que vão surgindo. Por exemplo, mesmo aposentado há anos o personagem de Matthew McConaughey é logo incorporado na missão espacial, assim quase da noite para o dia, algo que seria inimaginável em uma situação real. Parece que Nolan e seu irmão Jonathan capricharam nas tintas científicas de sua trama e se descuidaram um pouco de certos acontecimentos mais banais do enredo.
Além disso alguns aspectos dos planetas visitados são bem pueris (diria até primários) do ponto de vista astronômico, mas nada disso chega a se tornar um problema de complicada superação. O que vale mesmo em tudo é o conceito de dimensões paralelas explorada por Nolan, principalmente nas sequências finais quando temos uma verdadeira flâmula dos conceitos de multi universos dimensionais. Sim, alguns aspectos do roteiro serão banais, como a enésima exploração do tema de um planeta exaurido em seus recursos naturais, mas se pensarmos bem tudo isso nada mais é do que uma bengala narrativa para que Nolan desenvolva seu tema principal. No geral a família - que mais parece ter saído de um filme de Spielberg por causa da pieguice excessiva - acaba também servindo de uma ferramenta puramente narrativa para que o diretor desenvolva suas ideias mais científicas, as principais no final de tudo. Certamente Interestelar é um belo filme, com uma proposta que vai até mesmo soar intrigante nos dias de hoje. Poderia ser uma obra prima se Nolan fosse mais além mesmo, com coragem, como fez Kubrick no passado em sua obra cinematográfica imortal. Ao dar espaço para pequenas concessões comerciais em seu roteiro, Nolan perdeu talvez a grande chance de realizar a maior obra prima de toda a sua carreira. Nem sempre tentar agradar ao grande público que lota os cinemas comerciais pode compensar, olhando-se tudo sob esse ponto de vista, esse tipo de situação. De bom mesmo o que ficará dessa produção será o desenvolvimento de conceitos científicos e a bela mensagem de Nolan sobre a importância do amor, encarado quase como uma variável puramente astrofísica. Quem diria que um cineasta conseguiria reunir dois temas assim tão dispares em um mesmo pacote? Sensacional.
Interestelar (Interstellar, EUA, 2014) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan / Elenco: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, John Lithgow, Ellen Burstyn, Jessica Chastain, Casey Affleck / Sinopse: Ex piloto do programa espacial é recrutado para uma nova missão da NASA. Ele deverá ir junto com sua tripulação em direção a um enorme "buraco de minhoca" cósmico em busca de respostas sobre três missões anteriores que não retornaram ao planeta Terra. O objetivo é procurar um novo lugar para colonização pela raça humana pois os recursos naturais da Terra estão virtualmente esgotados. O lema da missão passa a ser "A humanidade nasceu na Terra, mas não precisa morrer nela". Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado nas categorias de Melhor mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Design de Produção e Melhor Música Original.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
A Árvore da Vida
Título Original: The Tree of Life
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain
Sinopse:
Jack (Sean Penn) é um arquiteto bem sucedido que começa a relembrar fatos dispersos de sua infância, nos nos 1950, ao lado de seus três irmãos, sua mãe submissa e seu pai Mr. O'Brien (Brad Pitt), um homem disciplinador, rígido, austero mas também bem hipócrita. Filme indicado ao Oscar nas categorias Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Filme. Vencedor do prêmio da AFI Awards na categoria Melhor Filme. Vencedor da Palma de Ouro no Cannes Film Festival.
Comentários:
Considero um dos filmes mais pretensiosos do cineasta Terrence Malick. Isso porém não é uma crítica negativa, apenas uma observação. O que ele deseja com sua linha narrativa (ou a falta dela, dependendo do ponto de vista) é fazer uma parábola entre a insignificância da vida de um ser humano com a imensidão do cosmos. A chave que abre essa dualidade ocorre justamente quando a mãe, desesperada pela morte do filho, pergunta onde estaria Deus diante de sua tragédia familiar? A partir desse ponto Malick dá vazão ao seu pretensioso ciclo estético e filosófico, mostrando a evolução da vida e o surgimento do universo desde os seus primórdios, passando pela era dos primeiros seres vivos, até chegar de volta ao seio daquela tipica família americana. A partir daí mergulhamos nas lembranças do personagem Jack. O curioso é que todo o filme é desenvolvido assim, em ritmo de memórias, e por isso não há espaço para uma narração convencional, mas apenas momentos marcantes, quase sem diálogos, que vão se desenrolando na tela. Materialmente o substrato desse filme é muito rico em linguagem cinematográfica pura, mas em termos de comunicação com o público em geral não é uma obra fácil de absorver. Os dialogos são poucos, dispersos, e Terrence Malick procura muito mais pela sensibilidade emocional do que pela razão de uma narrativa linear. As imagens são lindíssimas e isso acaba deixando todo o resto em segundo plano. Certamente Malick não conseguiu com esse filme responder as grandes questões existenciais do ser humano, mas seguramente chegou bem perto disso. É uma obra prima da sétima arte.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Mama
Esse filme tem vários méritos mas o principal é apostar no suspense ao invés do terror explicito, gore. Tudo vai acontecendo aos poucos. As duas garotas voltam para a civilização cinco anos depois, ao serem encontradas por seu tio, mas começam a apresentar um comportamento errático, andando como animais da floresta, sem condições de suportar qualquer contato físico com outro ser humano. O roteiro mostra a complicada adaptação das meninas enquanto eventos inexplicáveis começam a acontecer na casa de seu tio para onde elas são levadas. As duas jovens atrizes dão show de talento, principalmente a mais jovem que se comporta de maneira selvagem. O diretor Andres Muschietti conseguiu realizar uma obra que realmente agrada aos fãs de filmes de terror da velha escola. Apesar de ser apenas produtor não há como negar que sentimos a mão de Guilhermo Del Toro em diversas partes da película, em especial na caprichada direção de arte. Enfim fica a recomendação desse “Mama”, um terror atual com sabor dos antigos filmes do gênero. Muito bom.
Mama (Mama, Canadá, Espanha, 2013) Direção: Andres Muschietti / Roteiro: Neil Cross, Andres Muschietti, Barbara Muschietti / Elenco: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau, Megan Charpentier, Daniel Kash, Julia Chantrey / Sinopse: Duas garotinhas acabam ficando por cinco anos perdidas no meio de uma floresta sombria sendo salvas por uma entidade sobrenatural ao qual chamam de “Mama”! Após serem resgatadas elas voltam para a civilização mas com uma inesperada e sinistra companhia!
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Os Infratores
O roteiro não esconde o fato de simpatizar completamente com esses personagens criminosos. Eles são tratados com grande simpatia e mesmo quando cometem crimes (como assassinatos e mutilações) são justificados como meros justiceiros. Na verdade não existem pessoas de bem no enredo pois todos são bandidos, até mesmo os policiais, vistos apenas como corruptos e sujos. Por falar em homens da lei a melhor coisa do elenco é a atuação de Guy Pearce como um agente almofadinha que comete as maiores barbaridades sem amassar o paletó da moda! O elenco é muito bom analisando os nomes que fazem parte dele mas são praticamente todos mal aproveitados. O ótimo Gary Oldman, por exemplo, interpreta um gangster famoso mas suas cenas são poucas e esporádicas. Em suma, “Os Infratores” não é um grande filme de gangsters e para falar a verdade não chega nem perto dos grandes clássicos do gênero mas pode ser encarado como um mero entretenimento. Sua maior falha talvez seja o tom ameno e de leve farsa, suavizando a figura dos criminosos, mas isso acaba sendo de menor importância. Fora isso pode ser assistido sem maiores pretensões.
Os Infratores (Lawless, Estados Unidos, 2012) Direção: John Hillcoat / Roteiro: Nick Cave / Elenco: Tom Hardy, Guy Pearce, Gary Oldman, ShiaLaBeouf, Jessica Chastain, Mia Wasikowska, Dane DeHaan, Noah Taylor, Jason Clarke, / Sinopse: Três irmãos começam a vender bebidas ilegais durante a década de 1930 na vigência da lei seca. Pressionados a pagarem propina para as autoridades, para assim continuarem suas atividades ilegais se rebelam e enfrentam a ira dos “homens da lei”, entre eles um procurador sujo e um agente especial corrupto.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
A Hora Mais Escura
Estaria a diretora Kathryn Bigelow (a mesma de “Guerra ao Terror” e ex-esposa de James Cameron) dando aval a esse tipo de prática? Sinceramente não consegui ver dessa forma. Na realidade o filme adota uma postura neutra em relação a isso, nem condenando abertamente e nem avalizando esse tipo de prática. O roteiro na verdade apenas mostra o que aconteceu e tenta não passar nenhum juízo de valor sobre isso. Talvez essa falta de condenação com o que ocorre na tela tenha sido o fator que incomodou tanto. A verdade pura e simples é que após 11 de setembro de 2001 a pressa e o desespero de se colocar as garras em Bin Laden passaram a ser justificativas para várias práticas ilegais e criminosas. A pressão da opinião pública fez com que o governo dos EUA partisse para o vale tudo. Nisso se jogou pela janela anos e anos de tradição liberal e de defesa dos direitos individuais das leis e da constituição daquele país. A impressão que passa é que no calor dos acontecimentos simplesmente se ignorou vários fundamentos que formam os ideais mais caros da democracia americana. Para se ter uma idéia todos os presos acusados de terrorismo sequer tiveram direito a julgamentos judiciais. Devido processo legal, contraditório, direito de defesa e vários outros preceitos foram totalmente desprezados. A única “lei” que imperou nessa busca foi a da tortura e da violência sem freios.
O filme adota um tom quase documental. Os personagens são membros da CIA com um único objetivo. Curiosamente o filme mostra dois aspectos bem interessantes: o primeiro mostra bem que a CIA não colocou as mãos em Bin Laden antes, não por falta de informações, mas por excesso delas – no meio de tantos dados ficou realmente complicado entender bem a organização que Bin Laden liderava e quais eram as ligações que poderiam levar até ele. Também mostra que mesmo os mais ferrenhos defensores do terrorismo sucumbiam à força do suborno, do dinheiro vivo. Numa das cenas mais emblemáticas, um membro da CIA consegue uma informação preciosa simplesmente jogando um carro de alto luxo nas mãos do informante. No final das contas a cena que melhor resume “A Hora Mais Escura” é aquela quando o presidente Obama surge na TV negando com veemência que haja tortura promovida contra prisioneiros em Guantanamo. Ao ver aquilo uma agente da CIA dá um sorrisinho irônico, obviamente pensando consigo mesmo sobre a lorota presidencial. “A Hora Mais Escura” é um bom espelho para que os americanos se vejam como realmente são. Talvez por isso tenha sido tão polêmico pois nem sempre se olhar no espelho é uma atitude confortável ou agradável, principalmente para quem viola as leis de seu próprio país.
A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, Estados Unidos, 2012) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Mark Boal / Elenco: Jessica Chastain, Kyle Chandler, James Gandolfini, Ricky Sekhon, Joel Edgerton, Scott Adkins, Mark Strong, Jennifer Ehle, Chris Pratt, Taylor Kinney / Sinopse: Agente da CIA começa a participar das investigações que tentam encontrar o paradeiro do terrorista Osama Bin Laden. Usando de métodos de tortura a agência tenta colocar as mãos no líder da Al-Qaeda. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Atriz (Jessica Chastain), Roteiro Original, Edição e Edição de Som. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Atriz na categoria Drama para Jessica Chastain.
Pablo Aluísio.