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quarta-feira, 26 de julho de 2023

De Palma

De Palma
Para quem gosta de cinema de verdade esse filme é praticamente obrigatório. Traz uma longa entrevista com o diretor Brian De Palma onde ele relembra todos os seus filmes, os bastidores, as dificuldades em ser um cineasta autoral em Hollywood, além dos projetos que ficaram pelo meio do caminho. E obviamente há também uma farta dose de revelações de bastidores sobre como foi trabalhar com determinados atores. Por exemplo, ficamos sabendo que Sean Connery odiou o fato de seu personagem ser morto em "Os Intocáveis" e que Robert De Niro levou semanas para aceitar interpretar o mafioso Al Capone nessa produção que até hoje é considerada a definitiva sobre esse famoso gângster de Chicago. Para Kevin Costner sobram elogios e em relação a John Travolta há uma espécie de frustração pelo filme que fizeram juntos não ter dado certo, comercialmente falando. 

O diretor lamenta, com muita sinceridade e honestidade, o fracasso de certos filmes que ele dirigiu e que gostava muito como, por exemplo, "Um Tiro na Noite". Também fala bastante sobre "Scarface" e "O Pagamento Final", dois filmes em que dirigiu Al Pacino. O ator inclusive não teve o melhor dos relacionamentos com o diretor enquanto estava trabalhando ao seu lado. Em uma ocasião, cansado das repetições de uma mesma cena que durou praticamente toda uma madrugada,  Pacino simplesmente pegou o metrô de Nova Iorque e foi embora para casa, bem no meio das filmagens. Para De Palma, Pacino era um gênio, mas também um profissional muito temperamental e explosivo, tal como certos personagens que interpretou em sua vida. Enfim, primoroso e saboroso, é um depoimento do coração desse que sempre foi um dos meus diretores de cinema preferido. Um mestre da sétima arte. 

De Palma (Estados Unidos, 2015) Direção: Noah Baumbach, Jake Paltrow / Roteiro: Noah Baumbach, Jake Paltrow / Elenco: Brian De Palma, Mark Hamill, Amy Irving / Sinopse: Documentário sobre a carreira do diretor Brian De Palma. Através de uma longa entrevista ele relembra todo a sua filmografia, fazendo um painel e um panorama bem honesto sobre seu trabalho em Hollywood durante sua trajetória de cineasta. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Missão: Impossível

Esse é o primeiro de muitos. Tom Cruise era apenas um jovem garoto quando curtia a série de TV "Missão: Impossível" na década de 60. Os anos passaram e ele virou um astro do cinema. Vendo que poderia ser um bom investimento, acabou comprando os direitos autorais da série original por uma pechincha. Claro que Cruise estava visando ter sua própria franquia blockbuster, algo que ele realmente conseguiu transformar em um grande sucesso de bilheteria. Todos os filmes foram grandes êxitos comerciais e o mais interessante de tudo: não houve uma queda acentuada de qualidade entre um filme e outro. Ao longo da franquia Cruise manteve-se no posto de astro principal dos filmes e atuou também como produtor, trocando os diretores e roteiristas que lhe pareciam mais adequados. O resultado, se não chega a ser excepcional, mantém uma eficiência absoluta.

Esse primeiro filme é o mais charmoso de todos. As cenas de ação não eram tão exageradas, nem os efeitos especiais. O roteiro procurava ser também mais inteligente. É cinema pipoca por excelência. Nesse primeiro filme ainda há a preocupação de se apresentar os agentes e sua organização aos espectadores (que obviamente eram jovens demais para conhecer a série original). Uma vez explicado tudo, começa a ação - que não cessa mais até os letreiros finais. O maior interesse para os cinéfilos em geral vem da presença do diretor Brian De Palma. Eu o considero um dos grandes cineastas de sua geração, até mesmo quando aceitou participar de filmes mais comerciais como esse, onde seu lado autoral foi meio que deixado de lado para a criação de um genérico de puro entretenimento de massas. Brian De Palma realizou um filme esteticamente bonito de se ver, com excelentes cenas de ação e um roteiro redondinho que nunca perde o ritmo. Exatamente o que queria Tom Cruise. O resultado assim se mostra bastante satisfatório. Um filme aliás bem melhor do que a série que era meio capenga, vamos ser sinceros.

Missão: Impossível (Mission: Impossible, Estados Unidos, 1996) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Bruce Geller, David Koepp / Elenco: Tom Cruise, Jon Voight, Emmanuelle Béart / Sinopse: Acusado de traição e deslealdade contra seu próprio país um agente luta para provar sua inocência. Filme baseada na sétie de TV criada originalmente por Bruce Geller.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O Pagamento Final

Provavelmente tenha sido o último grande filme da carreira de Brian De Palma. Contando com um excelente roteiro e um elenco em estado de graça, ele acabou realizando um dos melhores filmes de gangsters do cinema americano. A trama mostra um velho criminoso que, de volta às ruas após cumprir uma pesada pena, procura por um recomeço em sua vida. Obviamente que em termos de interpretação todas as atenções se fixam no grande trabalho de atuação de Al Pacino. Carlito, seu personagem, é uma espécie de anti-herói trágico que acabou sendo tragado pelas armadilhas do destino. Não deixa de ser um patife, mas com nuances até mesmo mais românticas. Embora Pacino esteja excepcionalmente bem temos que reconhecer que o grande destaque mesmo do elenco é o ator Sean Penn. Quase irreconhecível, com forte maquiagem, careca e usando figurino dos anos 70, ele praticamente desaparece dentro de seu personagem, um advogado corrupto com problemas de dependência química.

O personagem de Penn também é um viciado em drogas sem controle, cheirando uma carreira de cocaína atrás da outra, completamente alucinado. Pode-se dizer que ele é o responsável por alguns dos melhores momentos de todo o filme. De Palma desfila elegância e bom gosto em cada tomada, o que me fez lembrar do grande diretor que ele foi no começo de sua carreira. Pena que ao lado do enorme talento também haja uma irregularidade absurda em sua obra, pois De Palma conseguia ir do genial ao medíocre com grande facilidade, numa verdadeira montanha russa artística. Em relação a esse filme porém não há o que se preocupar, pois certamente é uma de suas melhores obras primas. Um excelente filme que tive o privilégio de assistir no cinema, em seu lançamento original.

O Pagamento Final (Carlito's Way, Estados Unidos, 1993) Direção: Brian De Palma / Roteiro: David Koepp, baseado na novela escrita por Edwin Torres / Elenco: Al Pacino, Sean Penn, Penelope Ann Miller, John Leguizamo, Viggo Mortensen / Sinopse: O filme conta a história de um mafioso que após cumprir pena por longos anos tenta um recomeço em sua vida. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante - Drama (Sean Penn) e Melhor Atriz Coadjuvante - Drama (Penelope Ann Miller).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

A Fogueira das Vaidades

Título no Brasil: A Fogueira das Vaidades
Título Original: The Bonfire of the Vanities
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Michael Cristofer
Elenco: Tom Hanks, Bruce Willis, Melanie Griffith, Morgan Freeman, Kim Cattrall, Kevin Dunn

Sinopse:
Baseado no livro escrito por Tom Wolfe, o filme "A Fogueira das Vaidades" conta a história de um choque violento de classes sociais. Depois que sua amante atropela um jovem adolescente negro, um figurão de Wall Street vê sua vida se desfazer sob os holofotes da imprensa sensacionalista

Comentários:
Tinha tudo para ser um grande filme, um grande sucesso. Elenco recheado de astros e estrelas de Hollywood, um bom diretor e um livro de sucesso como base do roteiro. Só que ao invés disso "A Fogueira das Vaidades" se tornou um dos grandes fracassos do cinema americano nos anos 90. O que deu errado? Acredito que o problema principal veio do roteiro mal escrito. Perceba que a fina ironia do texto original escrito pelo autor Tom Wolfe simplesmente se perdeu nessa adaptação. Tudo ficou truncado, resultando em um filme realmente ruim de se assistir. Além disso o elenco não pareceu se encaixar bem, nem mesmo Tom Hanks parece bem. Inclusive considero esse seu pior filme. E assim o que era para ser um sucesso, uma obra-prima, afundou de forma absoluta. Pena que um livro tão interessante tenha resultado em um filme tão fraco. E o pior de tudo é que como o filme foi malhado pela crítica e o público não se interessou em assistir, provavelmente não haverá uma tentativa de adaptação do livro mais uma vez para o cinema. Bom material que se perdeu de forma definitiva na sétima arte.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de abril de 2021

Vestida para Matar

O mestre do suspense Alfred Hitchcock deixou vários súditos no  mundo do cinema. Um dos mais leais ao seu legado foi sem dúvida o diretor Brian De Palma. Alguns críticos de cinema nos anos 80 foram um pouco além, um pouco longe demais e afirmaram que De Palma seria o novo Hitchcock. Certamente um exagero. Porém é forçoso reconhecer que ele bem que tentou seguir esse caminho, muitas vezes resultando em bons filmes, como esse "Vestida Para Matar" onde há dezenas de referências aos filmes mais conhecidos de Hitchcock, como por exemplo, "Psicose" (na cena do chuveiro) e até mesmo "Um Corpo que Cai" (nas sequências passadas no museu). Enfim, o próprio De Palma deu muitos argumentos favoráveis a esse tipo de comparação.

"Vestida para Matar" faz parte de uma trilogia em que De Palma fez o seu melhor cinema. Completam esse ciclo os filmes "Dublê de Corpo" e "Os Intocáveis". São os filmes definitivos do diretor. Se ele não tivesse feito mais nada em toda a sua carreira, tendo apenas esses três filmes em sua filmografia, certamente ele já teria seu lugar reservado na história do cinema americano. Com doses exatas de um estilo que faria Alfred Hitchcock apreciar, esse foi um momento muito talentoso de sua carreira. Claro que revisto hoje em dia, já soa um pouco datado, algo que não aconteceu com a obra de Alfred Hitchcock. De qualquer forma sua tentativa de elevar o nível do cinema em sua época já merece todos os nossos aplausos.

Vestida para Matar (Dressed to Kill, Estados Unidos, 1980) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Brian De Palma / Elenco: Angie Dickinson, Michael Caine, Nancy Allen, Keith Gordon / Sinopse: Uma misteriosa mulher. de belos cabelos loiros, mata um dos pacientes de um psiquiatra renomado e depois vai atrás da garota de programa de luxo que testemunhou o assassinato. Quem vai sair vivo desse armadilha mortal? Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Atriz Revelação (Nancy Allen).

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de agosto de 2020

Domino

Título no Brasil: Domino
Título Original: Domino
Ano de Produção: 2019
País: Dinamarca, França
Estúdio: Backup Media, Saban Films
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Petter Skavlan
Elenco: Nikolaj Coster-Waldau, Guy Pearce, Søren Malling, Paprika Steen, Emrin Dalgic, Eriq Ebouaney

Sinopse:
Após a morte do parceiro, um policial da força de investigação da polícia da Dinamarca, decide descobrir o crime por conta própria. Ela vai até a Espanha para encontrar e prender o assassino e uma vez lá descobre que o criminoso tem envolvimento com o Estado Islâmico e o terrorismo internacional.

Comentários:
É muito decepcionante quando você assiste a um novo filme de um diretor que sempre gostou e esse se revela de péssima qualidade. É o caso desse thriller policial europeu chamado "Domino". O diretor Brian De Palma, de tantos filmes excelentes, parece que caiu em um abismo de filmes ruins. Esse é dos piores. Complicado entender como um cineasta como esse, que no passado chegou a ser comparado com Alfred Hitchcock, conseguiu cair tanto. Esse filme não é apenas ruim, mas cansativo e mal feito. Há cortes abruptos, revelando desleixo na edição final, A história é mal contada, cheio de buracos narrativos. Além de cenas que deveriam explorar suspense e tensão, mas que no final só são risíveis. Parece que depois de sucessivos fracassos comerciais no cinema americano, Brian De Palma só consegue espaço agora no cinema europeu, em pequenas companhias cinematográficas, que não estão interessadas em qualidade. Uma grande pena encontrar um mestre do cinema em situação tão ruim e delicada. Espero que ele um dia dê uma volta por cima na carreira, que hoje em dia está decisivamente em declínio completo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Femme Fatale

Título no Brasil: Femme Fatale
Título Original: Femme Fatale
Ano de Produção: 2002
País: França, Suíça
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma
Elenco: Rebecca Romijn, Antonio Banderas, Peter Coyote, Eriq Ebouaney, Edouard Montoute, Rie Rasmussen

Sinopse:
Laure (Rebecca Romijn) é uma mulher que procura por novos caminhos em sua vida, que tenta consertar as coisas erradas do passado, mesmo quando sua fama de vigarista volta para assombrá-la. Filme premiado no Seattle Film Critics Awards na categoria de Melhor Edição (Bill Pankow).

Comentários:
Em minha opinião Brian De Palma foi um dos melhores diretores de cinema em sua fase de maior criatividade, nos anos 80. Infelizmente ele foi perdendo o toque de talento para dirigir bons filmes, como também para escrever excelentes roteiros. Esse "Femme Fatale" foi lançado já quando a carreira do diretor estava entrando em franca decadência. Não existia mais os momentos de genialidade que o público havia assistido em filmes como "Vestida para Matar" ou "Dublê de Corpo". E nessa comparação nem mesmo vou citar sua maior obra-prima, "Os Intocáveis", pois seria até mesmo uma covardia. Assim o que temos aqui é apenas um filme morno, com poucos momentos realmente memoráveis. Ainda tentando reencontrar o velho caminho, aquele que homenageava e ao mesmo tempo se inspirava na obra do mestre Alfred Hitchcock, tudo o que De Palma encontrou foi mesmo o marasmo e o tédio. Realmente a história não funciona. O clima de filme tedioso logo se impõe e o espectador perde o interesse nos acontecimentos. No final de tudo o que se salva mesmo é a beleza da atriz Rebecca Romijn, mas isso, vamos ser sinceros, não tem nada a ver com bom cinema ou qualidades puramente cinematográficas desse diretor que um dia chegou a ser realmente genial.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Olhos de Serpente

Título no Brasil: Olhos de Serpente
Título Original: Snake Eyes
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma, David Koepp
Elenco: Nicolas Cage, Gary Sinise, John Heard, Kevin Dunn, Carla Gugino, Stan Shaw
  
Sinopse:
Rick Santoro (Nicolas Cage) é um tira de Atlantic City que precisa descobrir quem teria matado o Secretário de Defesa do Estado durante uma luta de boxe em sua cidade. Com ares de grandeza e egocentrismo, onde cabem até delírios de se ver como futuro prefeito da cidade, ele começa as investigações ao lado do comandante Kevin Dunne (Gary Sinise), um escroque sem alma.

Comentários:

Elenco bacana, uma boa produção com a marca Paramount, roteirista conhecido e um grande diretor no comando de tudo. Com esses ingredientes era de se esperar um ótimo filme, mas... Ainda me recordo de quando aluguei esse filme para assistir em casa (estou me lembrando da era VHS) e tive uma pequena decepção. Principalmente em relação ao final do filme. Até aquele momento nunca havia assistido nada que pudesse ser qualificado como "Ruim" com a assinatura do grande Brian De Palma! Essa pequena bomba foi o primeira experiência nesse sentido. De fato pouca coisa resiste. Além do óbvio figurino brega do ator Nicolas Cage com aqueles horríveis ternos de pele de crocodilo, o filme desfila pela tela um enredo sem graça, um desenvolvimento tedioso e uma direção preguiçosa e sem vontade por parte do cineasta De Palma. Na época eu já lia resenhas de revistas de cinema alertando para o fato dele estar entrando em um espiral de decadência, porém nada me prepararia para um filme tão abaixo do esperado como esse. É aquele tipo de produção que você assiste apenas uma vez para nunca mais rever! Melhor esquecer sua existência. E o curioso de tudo é que de uma maneira em geral os críticos ate elogiaram, mesmo que com certas reservas. O Nicolas Cage ainda tinha bastante prestígio entre eles e isso ajudou a melhorar sua repercussão de uma forma em geral, porém não há como negar que esse "Olhos de Serpente" é bem abaixo das expectativas. Foi acima de tudo um claro sinal de que o bom e velho Brian De Palma estava perdendo seu toque de mestre no cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Missão: Marte

Título no Brasil: Missão: Marte
Título Original: Mission to Mars
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Lowell Cannon, Jim Thomas
Elenco: Tim Robbins, Gary Sinise, Don Cheadle, Connie Nielsen, Jerry O'Connell, Peter Outerbridge
  
Sinopse:
Quando a primeira missão tripulada à Marte encontra algo inesperado, resultando em uma tragédia, um grupo de resgate é enviado para o Planeta Vermelho com a missão de investigar o que de fato teria acontecido. A missão é não apenas desvendar o mistério do que se abateu sobre os tripulantes dessa missão pioneira, mas também resgatar possíveis sobreviventes, para trazê-los de volta à Terra.

Comentários:
O filme custou 100 milhões de dólares, mas acabou fracassando nas bilheterias. É até complicado entender porque um filme como esse fracassou. Na realidade o diretor Brian De Palma já vinha em baixa há muitos anos. Depois dos anos 80 o cineasta entrou em uma decadência incrível, não acertando mais em nada do que dirigiu. A crítica então criou uma aversão natural, instantânea e muitas vezes injusta em relação aos seus filmes. Esse "Missão: Marte" foi severamente massacrado pela crítica americana antes mesmo de chegar nas telas. Quando o filme finalmente foi lançado já havia um clima ruim completo em relação a ele. É certo que "Mission to Mars" não é um filmão, porém ele não é tão ruim como foi escrito nas críticas da época. É uma ficção até bem interessante, com alguns problemas é claro, mas passa longe, bem longe de ser a bomba que pintaram dele. Provavelmente o erro maior tenha sido na escolha do elenco, já que Tim Robbins não convence nunca em seu personagem. Esse estilo definitivamente não é o dele. Melhor se sai Gary Sinise, que não importa o tipo de papel, parece sempre disposto a dar o melhor de si em uma boa interpretação. Então é isso, considerado um lixo por muitos, o pior filme de Brian De Palma, essa ficção não é tão péssima como pintaram em seu lançamento. Vale a pena assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de novembro de 2014

Scarface

Título no Brasil: Scarface
Título Original: Scarface
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Oliver Stone
Elenco: Al Pacino, Michelle Pfeiffer, Steven Bauer, Mary Elizabeth Mastrantonio, F. Murray Abraham, Robert Loggia

Sinopse:
Remake do clássico filme de gangsters da década de 1930. Agora o espectador é convidado a conhecer Tony Montana (Al Pacino), um refugiado cubano que deseja viver intensamente o chamado American Dream. Ele quer vencer e subir na vida na América dos anos 80. Para isso não mede esforços em roubar, matar e traficar o maior número possível de toneladas de cocaína para dentro do mercado americano. Quem cruzar seu caminho será recebido com chumbo quente. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Al Pacino), Melhor Ator Coadjuvante (Steven Bauer) e Melhor Trilha Sonora.

Comentários:
Até hoje é uma obra controvertida, havendo defensores e detratores apaixonados de ambos os lados da balança. Alguns consideram um filme violento, vulgar e ofensivo ao extremo. Outros dizem que "Scarface" é uma obra prima da safra mais inspirada de Brian de Palma. Afinal quem tem a razão? Na verdade essa nova versão do famoso personagem Tony Montana (praticamente uma caricatura de Al Capone) tem seus pontos positivos e negativos. A diferença é que tudo parece ser levado ao extremo, então quando o filme acerta, ele realmente passeia pela perfeição e quando erra, cai facilmente na vulgaridade gratuita. No meio da montanha russa o que podemos afirmar com certeza é que Brian De Palma realizou sua obra mais visceral. O personagem de Al Pacino tem fome de vencer na vida, uma vontade tão ferrenha que ele não pensa duas vezes em passar por cima de todos os valores morais e éticos mais caros para a sociedade. Para Tony Montana não importa perder sua alma, mas sim conquistar o mundo, acima de tudo! E não há caminho mais fácil para isso do que o submundo milionário das drogas! Até hoje certos momentos são lembrados, como a verdadeira montanha de cocaína que voa pelos ares, ou do acesso de fúria de Al atirando com sua metralhadora para todos os lados. De fato você não vai encontrar sutileza por aqui, mas certamente encontrará um filme mais do que instigante. Não há limites para Tony Montana, essa é a mensagem principal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Guerra Sem Cortes

Título no Brasil: Guerra Sem Cortes
Título Original: Redacted
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Film Farm, The, HDNet Films
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma
Elenco: Patrick Carroll, Rob Devaney, Izzy Diaz

Sinopse:
Um esquadrão de soldados americanos está parado em um posto no Iraque, convivendo com a população local e a mídia instalada na região. Cada grupo destes é afetado pela guerra de forma distinta, e suas histórias são contadas pelas imagens criadas no momento: um soldado produz um vídeo-diário, uma equipe francesa filma um documentário, sites árabes colocam cenas de insurgentes plantando bombas, mulheres mandam mensagens para seus maridos via blogs e o You Tube revela a barbaridade existente na guerra.

Comentários:
Uma tentativa por parte do cineasta Brian de Palma em construir uma produção diferente, que procura captar o momento vivido tanto pelas tropas americanas como pelo povo dos países ocupados. O resultado é irregular, onde bons momentos são intercalados com cenas sem maior impacto, talvez por causa da edição que se mostra um pouco fora de foco, sem um caminho definido a seguir. Mesmo com esses problemas pontuais temos realmente uma obra no mínimo intrigante, mostrando o lado mais pessoal e individual da guerra, procurando fugir do exagero que a imprensa, principalmente americana, costuma construir nessas situações de conflito envolvendo o seu próprio exército.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dublê de Corpo

Fazia bastante tempo que tinha assistido pela última vez a esse "Dublê de Corpo". Pensei até que não iria me lembrar de nada mas conforme fui vendo o filme a memória foi voltando. Essa película faz parte da fase mais inspirada da carreira de Brian De Palma. Suas intenções são facilmente entendidas, principalmente para os amantes da sétima arte. O roteiro se torna muito interessante para os cinéfilos por essa razão. O argumento sem dúvida é muito bom e brinca bastante com inúmeras referencias cinematográficas - em especial com os filmes de Alfred Hitchcock. O voyeurismo é claramente inspirado no clássico "Janela Indiscreta" e a trama é bem parecida com a de "Disque M para Matar". Eu sempre vi essa produção como uma grande e bela homenagem do diretor De Palma ao imortal mestre do suspense. O enredo mostra as dificuldades de um ator de filmes B em levar adiante sua carreira, cada vez mais apagada. Frustrado na vida profissional ele acaba desenvolvendo um fetiche em espionar uma mulher do apartamento vizinho ao seu. Ela também parece notar o interesse do vizinho bisbilhoteiro pois não se faz de tímida em ficar nua todas as noites na janela de seu quarto.

O que parecia ser um ato voyeur sem maiores consequências acaba desencadeando uma série de problemas pois o ator começa a desconfiar que a mulher alvo de suas espiadas noturnas na realidade corre sério risco de vida. Ele então decide seguir todos os passos dela, se vendo cada vez mais inserido dentro de uma complicada rede de mistérios e assassinatos no mundo da indústria adulta americana. Revelar mais seria equivocado de nossa parte pois esse é aquele tipo de filme que quanto menos se souber de antemão, melhor. Claro que aquele que vai assistir pela primeira vez irá se divertir muito mais uma vez que o roteiro aposta na surpresa para capturar o espectador de jeito. Para quem já viu, como eu, também não deixa de ser curioso rever um filme do mestre De Palma, no auge de sua criatividade artística. Pena que depois de uma década de bons filmes o diretor tenha entrado em franca decadência. Certa vez li um artigo em que o autor defendia a tese de que qualquer cineasta só tem no máximo uma década de auge criativo, decaindo logo após. Infelizmente o grande Brian De Palma parece confirmar essa teoria. De qualquer maneira se ainda não conhece não deixe de ver. É um dos melhores suspenses da década de 80, sem a menor sombra de dúvida.

Dublê de Corpo (Body Double, Estados Unidos, 1984) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Robert J. Avrech, Brian De Palma / Elenco: Craig Wasson, Melanie Griffith, Gregg Henry, Deborah Shelton, Guy Boyd / Sinopse: Em clima de suspense o diretor Brian De Palma conta a estoria de um ator fracassado que ao espiar sua vizinha do apartamento ao lado acaba entrando numa intrigada rede de assassinatos e crimes.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Carrie, a Estranha

Vem remake novo por aí (Deus nos ajude!) desse grande clássico moderno dos filmes de terror. “Carrie, a Estranha” marcou época por vários motivos mas principalmente por causa de seu roteiro bem trabalhado, por seu clima de tensão e desconforto e por sua refinada direção de arte que consegue mesclar o grotesco e o belo em doses generosas. Na trama conhecemos Carrie (Sissy Spacek), uma garota de 17 anos pretensamente normal que logo descobre que a escola e a vida não são fáceis. Sofrendo de bullying no colégio, a jovem e tímida Carrie acaba se tornando o alvo preferido de piadas e chacotas de seus colegas de classe – um bando de garotos e garotas sem valores morais, só interessados em si mesmo e em suas grotescas atitudes com os não populares. Para piorar o que já é bem ruim em sua vida escolar Carrie ainda tem que lidar com uma mãe fundamentalista, fanática religiosa, que não consegue pensar ou agir racionalmente. Passando pelas dificuldades da adolescência, tendo que entender sua própria sexualidade sem contar com sua mãe obsessiva (que acha que tudo é pecado) Carrie vai chegando ao seu limite.

O filme é baseado em mais um best seller de Stephen King, o mestre da literatura de terror. Como sempre ocorre King se aproveita do cotidiano de lugares tipicamente americanos para desenvolver suas tramas de terror e suspense. Em Carrie ele foi genial porque conseguiu unir os anseios da uma juventude complicada com eventos sobrenaturais, tudo com um toque que beira a genialidade. Aqui tudo funciona maravilhosamente bem, desde a direção talentosa de Brian De Palma (em uma época particularmente inspirada de sua carreira), até a interpretação na medida de Sissy Spacek no papel de Carrie. O curioso é que a famosa cena final do baile quase foi cortada da versão final pelo estúdio por ser considerada na época “sangrenta demais” (mal sabiam eles no que o cinema de terror iria se transformar nos próximos anos). Hoje em dia Carrie é considerado um pequeno clássico moderno do terror, um filme que marcou época e que está prestes a ser destruído (será mesmo?) por mais um remake oportunista! Melhor rever o original.

Carrie, a Estranha (Carrie, Estados Unidos, 1978) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Lawrence D. Cohen, baseado no livro de Stephen King / Elenco: Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, John Travolta,  Nancy Allen / Sinopse: Carrie é uma garota de 17 anos que sofre de todo tipo de abuso, em casa e na escola. Com poderes sobrenaturais de telecinese ela finalmente se vingará de todos quando chegar ao seu limite de tolerância.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Dália Negra

Sou da opinião que esse filme tinha tudo para dar certo. Até porque mexe com a história real de um dos casos de morte mais infames da história de Hollywood. Para quem não conhece o caso da Dália Negra ficou muito conhecido na época. Esse era o nome usado por Elizabeth Short, uma aspirante à atriz em Hollywood que foi encontrada assassinada de forma brutal numa manhã de 1947, numa rua de Los Angeles. Ela tinha sido esquartejada e seus membros estavam separados. O tronco ao lado de suas pernas No rosto o toque maquiavélico do assassino: ele rasgou a boca da vítima dando-lhe uma expressão parecida com a do Coringa do famoso personagem dos quadrinhos. A opinião pública, como não era de se espantar, ficou completamente chocada e exigiu a prisão do assassino mas os anos se passaram e até hoje o homicídio se encontra em aberto no Departamento de Polícia, sem que se tenha chegado à solução do caso. Assim como aconteceu com Jack o Estripador, o caso ficou sem desfecho e o assassino jamais foi encontrado. A morte horrenda porém entrou na cultura pop e deu origem a vários livros, teorias da conspiração e documentários.

Um dos livros mais interessante sobre a morte de Elizabeth Short foi escrito pelo autor James Elroy. Foi justamente essa a base desse filme dirigido pelo mestre Brian De Palma. O simples fato dessa história terrível ser enfocada com as lentes desse diretor já era motivo para comemoração, uma vez que De Palma legou ao cinema contemporâneo alguns dos melhores filmes de suspense dos últimos anos. Infelizmente o tão talentoso cineasta de outrora parece passar por uma crise criativa. Assim as boas expectativas logo se tornaram mais uma decepção. “Dália Negra” por Brian De Palma ficou pelo meio do caminho. O filme é estilizado demais e logo se torna muito falso, apostando em um realismo fantástico que simplesmente não funciona. O roteiro também é muito confuso, misturando fatos reais com imaginação, causando no final cansaço no espectador. Analisando bem esse “Dália Negra” cheguei na conclusão que De Palma errou em tentar responder a pergunta sobre quem teria sido o assassino da atriz. Se tivesse optado por contar apenas os fatos históricos como aconteceram na realidade o resultado teria sido fantástico. Ao invés disso escolheu adotar uma das teorias que rondam essa morte, mas tudo realizado sob uma ótica sensacionalista e infeliz que joga os poucos méritos do filme no chão. O desfecho então nem se fala, completamente sem noção e obtuso. Tive a oportunidade de assistir no cinema, só para se ter uma idéia de como minhas expectativas estavam altas, mas no final tudo se transformou em um enorme desapontamento. O filme, como não poderia deixar de ser, fracassou nas bilheterias. É uma pena pois provavelmente não veremos mais, pelo menos por algum tempo, alguma produção melhor enfocando essa história, uma das mais sinistras e sombrias da história de Hollywood.

Dália Negra (The Black Dahlia, Estados Unidos, 2006) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Josh Friedman / Elenco: Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Hilary Swank, Aaron Eckhart, Mia Kirshner, William Finley, John Kavanagh / Sinopse: Elizabeth Short, uma aspirante à atriz em Hollywood é brutalmente assassinada em Los Angeles. Seu corpo é encontrado com sinais de tortura e sadismo incomparáveis. Agora o departamento de polícia da cidade terá que se empenhar para solucionar essa morte horrenda.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Pecados de Guerra

Fracasso de público e crítica em seu lançamento esse Pecados de Guerra merece passar por uma revisão. Lançado no auge da exploração do cinema sobre a Guerra do Vitetnã o filme teve a coragem de mostrar uma história baseada em fatos reais que incomodou e muito a sociedade americana na época. Sempre vistos como heróis os militares americanos no exterior aqui são retratados como criminosos, estupradores e insanos em um conflito sem o menor sentido. Sean Penn faz o Sargento Tony Meserve, um sujeito com ares de psicopata que comete um estupro durante a campanha americana no Vietnã. Já Michael J. Fox interpreta o soldado Eriksson que numa crise de consciência resolve contar tudo o que aconteceu. Obviamente que agindo assim ele ganha a hostilidade imediata de Meserve que o intimida e o ameaça, mostrando que nem as fileiras do maior exército do mundo estão a salvo de psicopatas e criminosos. Sean Penn na época vivia  sua pior fase pessoal. Casado com Madonna ele estava sempre entrando em brigas com Paparazzis que insistiam em tirar fotos de sua esposa nos momentos mais inconvenientes. A verdade pura e simples é que Penn era muito jovem e muito esquentado, sempre se envolvendo em confusões que o levaram inclusive para a cadeia por agressão e desordem.

Seu relacionamento durante as filmagens não melhorou em nada. Confundindo personagem com vida real ele misturou ficção com realidade e partiu para o confronto com o pacato Michael J. Fox fora das telas. Ambos viviam em tensão constante e Fox evitava até mesmo sentar perto de Penn durante as refeições no set. Segundo foi noticiado depois por alguns membros da equipe Penn inclusive chamou Fox para a briga após uma cena particularmente intensa. Tanta dedicação e entrega ao seu personagem porém não adiantaram muito. O público parecia cansado de filmes realistas sobre o Vietnã e o tema envolvendo estupro pareceu pesado demais para a platéia que abandonou os cinemas vazios. Pior para Brian De Palma que começou aí um inferno astral em sua carreira, com sucessivos fracassos que acabaram enterrando sua até então bem sucedida filmografia. De qualquer modo, pelo tema instigante e polêmico o filme merece passar por uma revisão - caso não tenha assistido ainda procure conhecer Pecados de Guerra, um filme forte demais para a década de 80.

Pecados de Guerra (Casualties of War, Estados Unidos, 1989) Direção: Brian De Palma / Roteiro: David Rabe baseado no livro de Daniel Lang / Elenco: Michael J. Fox, Sean Penn, Don Harvey,  John C. Reilly,  John Leguizamo / Sinopse: Durante a guerra do Vietnã um soldado testemunha um estupro promovido por um insano sargento americano. Disposto a falar ele enfrentará todo tipo de pressão e hostilidade para ficar de boca fechada. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Scarface

Al Pacino é um dos grandes atores do século. Disso tenho certeza poucas pessoas ainda tem dúvidas. Recentemente assisti um filme dele que me deixou bastante desapontado. Intitulado 88 minutos, o filme é um completo equívoco. Roteiro fraco, situações clichês e o pior: um Pacino atuando no piloto automático. Muito longe dos seus dias de glória quando apresentava atuações tão brilhantes que salvavam até mesmo filmes medianos ou com certos problemas de script e argumento. Um desses filmes que foram salvos completamente pelo talento de Pacino foi o (agora) clássico "Scarface", dirigido por Brian De Palma. Uma refilmagem atualizada de "Scarface, a Vergonha de uma Nação", filmado na década de 30 e que acabou sendo o grande precursor dos chamados filmes de Gangsters. Nessa nova versão o então roteirista Oliver Stone mudou completamente o foco do filme, tirando o cenário de uma Chicago empoeirada dos anos de ouro de Capone para uma Flórida ensolarada, atual e cheia de imigrantes provenientes de Cuba.

Entre esses cubanos que saíram da ilha de Fidel Castro está justamente Tony Montana, o personagem de Pacino. Com ficha criminal ele é praticamente banido pelo governo cubano para ir como refugiado aos EUA. Obviamente uma estratégia dos comunistas para expulsar a escória da sociedade cubana, visando justamente transferir o problema para os "irmãos" ianques. Como todo imigrante que chega na América seu grande sonho é aproveitar as oportunidades que a sociedade capitalista lhe oferece para subir na vida rapidamente. Porém como um cubano sem instrução formal e sem formação profissional tudo o que lhe resta é tentar subir no escalão das organizações criminosas, participando do submundo do tráfico de drogas.

Scarface não envelheceu muito. Seu roteiro é bem escrito e com situações bem armadas. Tem boa produção e conta com a sempre inspirada direção de Brian De Palma, aqui prestes a entrar na melhor fase de sua carreira, que iria se prolongar por toda a década de 80 e que culminaria na obra prima "Os Intocáveis", seguramente um dos melhores filmes sobre a era dos grandes gangsters já realizados. No elenco duas presenças de peso: Al Pacino e Michele Pfeiffer. Ele, ainda está esbanjando juventude, recém saído de uma década brilhante de sucessos nos anos 70 e prestes a afundar na pior fase de sua carreira, com o super fracasso "Revolução" e ela, mais bela do que nunca, esbanjando charme e sofisticação.

Embora seja excessivamente longo, pois a estória poderia muito bem ser contada em duas horas, o filme resistiu bem ao tempo e deixou várias referências aos filmes que viriam. Basta assistir "Cassino", por exemplo, de Scorsese para verificar como "Scarface" fez escola (A personagem de Sharon Stone em Cassino é praticamente a mesma de Pfeiffer em Scarface, só mudando levemente de enfoque). Embora para muitos o final de "Scarface" soe hoje demasiadamente exagerado e kitsch, a mais pura verdade é que tudo aquilo que acontece condiz certamente com a personalidade e a trajetória do personagem de Tony. Quem viveu de excessos só poderia encontrar seu final daquela forma. Em suma, se por acaso você gosta do gênero ao estilo "Os Bons Companheiros", "Cassino" ou até mesmo "Os Intocáveis", "Scarface" é mais do que bem recomendado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Os Intocáveis

Al Capone (1899 – 1947) foi um dos mais famosos gangsters dos Estados Unidos. Controlando um império formado pela trindade bebidas, prostituição e jogo, ele dominou Chicago. Sua influência não atingia apenas o submundo mas também a esfera política da cidade. Muitos dos prefeitos iam até ele pedir apoio para vencer as eleições. O Departamento de Polícia também era controlado pelo famoso criminoso. Com tanto poder não é de se admirar que tenha virado um ícone do mundo do crime. Acabou sendo preso em Alcatraz não por seus inúmeros assassinatos, extorsões e roubos mas sim por sonegação fiscal. O policial que conseguiu colocar o velho Al atrás das grades foi Eliot Ness (1903 – 1957) que usando de inteligência conseguiu colocar as mãos nele. Essa pelo menos é a versão oficial dos fatos. Historicamente falando as coisas não ocorreram bem assim e nem Eliot Ness foi esse herói todo mas o cinema e a TV não se importaram com isso. Tanto a famosa série “Os Intocáveis” como esse brilhante filme de Brian De Palma abraçam o lado mais romântico da história onde vilões e heróis estão bem colocados em cena. Por isso “Os Intocáveis” não é um filme para quem está atrás da verdade histórica mas quem está à procura de um ótimo filme policial rodado ao velho estilo, com excelentes e marcantes cenas de ação, não pode deixar de conhecer a película.

No filme acompanhamos a formação de um grupo de policiais de alto nível cuja principal função é combater o contrabando e a comercialização de bebidas. O contexto histórico se passa na época da chamada Lei Seca, quando o consumo de álcool foi proibido dentro das fronteiras americanas. Foi justamente aí que Capone criou seu império criminoso. O contrabando de bebidas e sua venda geraram uma verdadeira fortuna para o gangster. Não tardou para que Ness e Capone batessem de frente nessa guerra. Um dos grandes méritos de “Os Intocáveis” é seu elenco maravilhoso. Robert De Niro entrega uma de suas mais brilhantes interpretações como Al Capone. Cheio de maneirismos o ator literalmente incorpora o siciliano com maestria. Impossível esquecer, por exemplo, a famosa “cena do taco de beisebol”. Vivendo em luxo e riqueza ele esbanja aquele ar de quem está acima da lei. Com brilhante direção de arte e reconstituição histórica o filme marca pelo bom gosto e pela estética brilhante. Já o íntegro policial Eliot Ness encontra seu intérprete perfeito na pele de Kevin Costner. No auge da carreira Costner incorporava naquele momento todos os ideais americanos mais caros: virtude, honradez, bom mocismo, honestidade. Colecionando grandes sucessos de bilheteria ele foi até mesmo comparado ao mito Gary Cooper. Para completar o time de estrelas temos Sean Connery em uma atuação digna do Oscar que levou para casa. Sua morte é uma das mais marcantes e sensacionais da história recente do cinema americano. Inesquecível. Aliás de cenas inesquecíveis o filme está cheio. Como esquecer a cena no terminal com o carrinho de bebê descendo as escadas? Uma óbvia homenagem de De Palma para o clássico “O encouraçado Potemkin". Enfim, “Os Intocáveis” consegue ser saudosista e moderno ao mesmo tempo. Um tipo de produção que anda muito rara no cinema americano atual. Uma obra prima que infelizmente marcou o adeus de Brian de Palma à sua melhor fase como cineasta. Não faz mal, o filme segue sendo uma referência e um modelo de ótimo filme policial que mesmo não respeitando integralmente os fatos históricos consegue divertir com maestria.

Os Intocáveis (The Untouchables, Estados Unidos, 1987) Direção: Brian de Palma / Roteiro: Oscar Fraley, David Mamet baseado no livro de Eliot Ness / Elenco: Kevin Costner, Sean Connery, Charles Martin Smith, Andy Garcia, Robert De Niro, Richard Bradford, Jack Kehoe / Sinopse: Al Capone (Robert De Niro) é o mais famoso criminoso de Chicago. Controlando um império de jogos, bebidas e prostituição ele domina todos os setores da cidade. Para combater sua rede criminosa o policial Eliot Ness (Kevin Costner) resolve formar um grupo de policiais de elite chamado "Os Intocáveis". Sua função é combater o contrabando de bebidas e colocar Capone atrás das grades. Vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery) e indicado para as categorias de Melhor Direção de Arte, Figurino e Trilha Sonora.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de abril de 2007

Um Tiro na Noite

Título no Brasil: Um Tiro na Noite
Título Original: Blow Out
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma
Elenco: John Travolta, Nancy Allen, John Lithgow, Deborah Everton, Dennis Franz, John McMartin

Sinopse:
O filme "Um Tiro na Noite" conta a história de Jack (Travolta), um operador de som que durante uma noite acaba gravando, de forma acidental, o som de um tiro dado poucos segundos antes de um carro cair de uma ponte. Seria a prova de que se trataria na verdade de um assassinato e não de um simples acidente de carro. Com uma prova tão importante em mãos ele passa então a sofrer risco de vida, pois se torna alvo dos verdadeiros assassinos.

Comentários:
O filme traz um Brian De Palma em grande forma. Poderia ir além e dizer até mesmo que a trama do filme era tão boa que poderia dar origem a uma produção de suspense dirigido pelo mestre Alfred Hitchcock. Pena que isso foi impossível na época, pois o veterano diretor inglês já estava morto quando esse filme foi realizado. Ficou a tarefa então para De Palma, já naquela época comparado ao mestre do suspense, sendo apontado como seu legítimo sucessor. Em sua fase mais criativa, isso poderia ser até justificado, com um pouco de boa vontade. O roteiro usa poucos segundos, quando um som de tiro é gravado na madrugada, por mero acidente, para desenvolver toda a sua história. O protagonista, interpretado por um Travolta tentando se dissociar de seus rebolados em filmes como "Os Embalos de Sábado à Noite", é apenas o sujeito errado no lugar errado. E ele terá que pagar caro por isso, pois pessoas importantes querem destruir sua gravação, que se tornou a prova mais importante desse crime. Em seu lançamento original "Blow Out" foi bastante elogiado pela crítica, mas o público não soube valorizar o bom filme que estava em cartaz, fazendo com que a bilheteria fosse decepcionante. Só alguns anos depois quando o filme foi novamente exibido na TV e lançado em VHS é que finalmente se tornou mais popular entre os cinéfilos. Antes tarde do que nunca.

Pablo Aluísio.