quinta-feira, 30 de junho de 2016

Chicago PD - Primeira Temporada

Após ser preso por corrupção, chantagem e desvios éticos em sua carreira o policial Hank Voight (Jason Beghe) retorna à ativa. Ele sai do departamento de homicídios para assumir a chefia do setor de inteligência da polícia de Chicago onde começa a liderar um grupo de jovens policiais no combate ao tráfico de drogas na grande cidade. Em alguns episódios de "Chicago Fire" um dos bombeiros caía no jogo sujo de um tira corrupto, o dirty cop Hank Voight (Jason Beghe). No final de sua participação lá, sua trama corrupta finalmente era descoberta, e ele acabava sendo preso por isso. Pois bem, esse personagem, apesar de ser um vilão sem ética, acabou chamando a atenção dos espectadores e percebendo isso a NBC resolveu produzir uma série só para ele. Isso é o que os americanos chamam de Spin-off, quando uma série popular dá origem a outra. Em minha opinião ainda era cedo para "Chicago Fire" dar origem a outro seriado mas pelos bons índices de audiência conquistados a diretoria da NBC resolveu apostar alto.

Logo no primeiro episódio o sargento Voight retorna triunfante. Ele consegue sair da prisão e mais do que isso, ganha uma promoção, se tornando chefe da inteligência do departamento de polícia de Chicago (pensou que só no Brasil os corruptos progrediam na vida pública?). Ele se torna o líder de um grupo de jovens policiais que investigam uma rede de tráfico comandado por um traficante latino conhecido como "Pulpo". Para Voight isso é fichinha pois ele não é um tira que segue a cartilha da academia policial ao pé da letra. Gostei do episódio piloto, esse é o tipo de série que tem potencial para crescer. O único porém que salientaria é o elenco dos jovens policiais. As garotas e os rapazes mais se parecem com modelos do que com policiais mas mesmo assim penso que vale a pena dar o benefício da dúvida. A série está começando agora então se você estiver com vontade de acompanhar algum seriado policial americano esse é o momento certo. / Chicago P.D. Distrito 21 (Chicago PD, EUA, 2014 - 2016) Direção: Vários / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas, Matt Olmstead, Dick Wolf /Elenco: Jason Beghe, Jesse Lee Soffer, Don Kress, Andre Bellos.

Episódios Comentados - Primeira Temporada:

Chicago PD 1.10 - At Least It's Justice
Mais um bom episódio de "Chicago PD". É a tal coisa, conforme vamos nos acostumando melhor com todos os personagens a série vai melhorando naturalmente. Aqui temos duas linhas narrativas e dois casos a resolver. O primeiro envolve a morte de um pedófilo das redondezas. O problema é que ele vinha sendo seguido de perto (até extra-oficialmente) pelo detetive Jay Halstead (Jesse Lee Soffer). Quando o criminoso é encontrado morto todas as suspeitas são para o tira que o vinha perseguindo, óbvio. No outro caso policial um renomado perito forense em DNA, responsável pela condenação de dezenas de assassinos, é encontrado morto. Para Voight (Jason Beghe) é um típico caso de vingança por seu trabalho. As investigações porém revelarão muito mais, inclusive o envolvimento de um perigoso traficante de drogas e uma rica advogada criminalista, envolvida até o pescoço com a quadrilha que o matou. Bom, como já tinha escrito antes o grande diferencial de "Chicago PD" é a presença do policial com voz de Pato Donald, Sargento Voight. Ele é um "Dirty Cop", um tanto quanto vilão e ao mesmo tempo o principal personagem da série. Aqui para deixar claro sua personalidade ele resolve dar um tiro em um sujeito desarmado, só para não perder a prática em fazer coisas "fora do livro" como ele gosta de dizer! / Chicago PD 1.10 - At Least It's Justice (EUA, 2014) Direção: Karen Gaviola / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Jason Beghe, Jon Seda, Sophia Bush.

Chicago PD 1.11 - Turn the Light Off
Ok, nessa altura do campeonato todos os espectadores já sabem que cruzar o caminho de Hank Voight (Jason Beghe) é uma péssima ideia. Agindo fora das regras, ele remove todo e qualquer obstáculo que esteja lhe atrapalhando. Agora imagine mexer com sua cidade! É justamente isso o que ocorre nesse episódio. A bela Chicago é alvo de um ataque terrorista onde vários policiais e bombeiros saem gravemente feridos. Imediatamente Voight entra no caso. Inicialmente todos pensam se tratar de um ataque de terroristas árabes, uma vez que o embaixador da Síria está na cidade em busca de tratamento médico. Seguindo pistas Voight e sua equipe de inteligência logo percebem que a coisa não é bem como todos pensavam. Na verdade se trata de um grupo radical, formado por militantes americanos que desejam desestruturar o governo federal. A partir daí as peças vão se encaixando. Um suspeito leva a outro e Voight monta o quebra-cabeças. Depois que coloca as mãos nos terroristas a coisa fica feia. Como todo tira durão de seriados americanos, ele não se importa em pular fora da lei para arrancar algumas informações daqueles miseráveis quando isso se faz necessário. Como ele próprio comenta tudo o que precisa é mesmo de uns 20 minutos sozinho com os criminosos para descobrir todos os seus planos! Esse episódio além de ser muito bom, tem um atrativo a mais para fãs de "Chicago Fire". Como são séries irmãs muitos dos bombeiros também aparecem aqui. Uma espécie de interligação entre as duas séries da NBC. Não vá perder / Chicago PD 1.11 - Turn the Light Off (EUA, 2014) Direção:  Nick Gomez / Roteiro:  Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Jason Beghe, Jon Seda, Sophia Bush.

Chicago PD 1.13 - My Way
É a tal coisa, vale (quase) tudo para colocar as mãos nos principais traficantes de Chicago. Agora o grupo do departamento de inteligência da polícia comandado por Hank Voight (Jason Beghe) está disposto a tudo para localizar e prender Gustav Munoz (Gabriel Ellis), um criminoso latino e extremamente perigoso que promoveu uma chacina em um laboratório de produção de cocaína, causando uma grande comoção na opinião pública. Sem pistas concretas, a única maneira de tentar achá-lo é contando com as informações de outro narcotraficante que está cumprindo pena, Adres 'Pulpo' Diaz (Arturo del Puerto). Inicialmente ele dá falsas pistas e usa a polícia para desmantelar os seus próprios inimigos de "mercado". Diante disso Voight resolve jogar duro, usando seu próprio filho e sua esposa como moeda de troca - tudo dentro da maneira de agir do "Dirty Cop" mais infame de Chicago. Enquanto tenta colocar atrás das grades o marginal, Voight também descobre que a velha máxima de que "todos possuem um preço!" é a mais pura verdade ao ser procurado pelo novo chefe da corregedoria, que lhe propõe na cara de pau um acordo ilegal de vinte e cinco por cento de todas as transações de rua do veterano policial. Trato proposto e aceito, embora seja quase certo que Hank Voight vai armar futuramente para cima dele. Então é isso, mais um episódio muito legal de Chicago PD, com direito a Voight fazendo gracinhas e ironias com a famosa canção "My Way", imortalizada por Frank Sinatra e Elvis Presley. / Chicago PD 1.13 - My Way (EUA, 2014) Direção: Karen Gaviola / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Jason Beghe, Jon Seda, Sophia Bush.

Chicago PD 1.14 - The Docks
O episódio anterior terminou com o policial Antonio Dawson (Jon Seda) atingido e baleado após a fuga do prisioneiro Puipo (Arturo del Puerto). Para Hank Voight (Jason Beghe) as coisas são simples, assassinos de tiras merecem morrer, assim, sem mais nem menos. Nada de levar para a justiça, processos e advogados, não, nada disso. Uma simples bala na nuca resolve tudo de maneira bem mais simples e... eficiente! Assim ele deixa logo claro para seus subordinados que é hora de deixar a lei de lado, esquecer de mandados, ordens de prisão e coisas do tipo. Quem o encontrar deve levá-lo imediatamente para sua presença ou da de Alvin Olinsky (Elias Koteas) pois eles darão um jeito nesse tal de Pulpo. Tudo será resolvido ao velho estilo, de acordo com o modo de agir dos veteranos policiais. O episódio assim se desenvolve com o grupo indo atrás do meliante. Quando finalmente colocam as mãos nele o entregam imediatamente para Voight, que nem perde muito tempo colocando logo um "colar" no pescoço do criminoso (se você ainda não entendeu o que seria um "colar" pense em dois enormes blocos de cimento amarrados em seu pescoço com uma pesada corrente). A ideia é jogar Puipo nas docas com o presentinho em sua nuca! Assim basta pensar em Dexter para lembrar que docas em geral significam a mesma coisa: desova de corpos sem deixar rastros. Tudo caminha de acordo com os planos de Voight quando no último momento acontece um fato que ele não esperava. Mais um bom episódio de "Chicago PD" mostrando aspectos do modo de pensar e agir de Hank Voight, um dos mais interessantes personagens da TV americana atual. Aqui os roteiristas inclusive escreveram uma boa justificativa para essa obsessão do tira em liquidar assassinos de policiais o mais rápido possível, algo que remete imediatamente ao seu passado e a de seu pai. Nem sempre conseguimos enterrar todos os fantasmas dos anos que se foram. / Chicago PD 1.14 - The Docks (EUA, 2014) Direção: Nick Gomez / Roteiro:  Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Jason Beghe, Jon Seda, Sophia Bush.

Chicago PD 1.15 - A Beautiful Friendship
Episódio final da primeira temporada da série "Chicago PD". O que começou como um Spin-off de "Chicago Fire" acabou trilhando caminho próprio, conquistando seu próprio grupo de fãs. Eu credito esse sucesso de audiência ao trabalho do ator Jason Beghe que na pele do policial Hank Voight tem garantido o interesse, episódio após episódio. E por falar em Voight ele aqui acaba descobrindo a identidade do informante que anda repassando informações do departamento de inteligência para a corregedoria, que por sua vez usa esse material para chantagear Voight em troca de parte de seu "faturamento" nas ruas. Sheldon Jin (Archie Kao) é o dedo duro, algo que já tinha ficado claro nos episódios anteriores. Como era o sujeito responsável pela parte da informática no departamento sua participação no esquema foi ficando cada vez mais clara. Obviamente que para um sujeito durão como Voight algo assim não sairia barato. A cena final do episódio reflete bem isso. Após Jin ser encontrado com uma bala na cabeça no meio das ruas de Chicago, Voight encara o corregedor que o está chantageando de uma forma que já diz tudo, sem usar uma única palavra! Excelente momento dessa série policial que veio realmente para ficar. Ainda bem que já foi renovada para uma segunda temporada pelo canal NBC, lhe dando uma sobrevida na programação aberta nos Estados Unidos. / Chicago PD (EUA, 2014) Direção: Mark Tinker / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Jason Beghe, Jon Seda, Sophia Bush.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Shameless - Quinta Temporada

É uma das melhores séries atualmente nos Estados Unidos. Consegue unir drama e humor de uma forma excepcional boa. Os episódios giram em torno da família de Frank Gallagher (William H. Macy), um sujeito beberrão, sem vergonha, que vive de aplicar pequenos golpes aqui e acolá. Apesar disso não é uma pessoa má, apenas sem noção. Sua família é numerosa. Frank foi abandonado por sua esposa depois que essa se descobriu lésbica, preferindo fugir com uma caminhoneira durona. Assim ele teve que se virar para criar a filharada. A filha mais velha é Fiona (Emmy Rossum), uma jovem que tenta lidar com a responsabilidade de gerir uma casa onde habita sua família completamente disfuncional. Os irmãos mais velhos são Lip (Jeremy Allen White), um sujeito inteligente mas sem muito vontade em se focar e em investir nos estudos e Ian (Cameron Monaghan) que apesar de estudar numa escola militar é gay. Há ainda a ruivinha Debbie (Emma Kenney) e Carl (Ethan Cutkosky) um pequeno projeto de delinqüente que gosta de tocar fogo em tudo. Essa é a família  Gallagher, que vive em um subúrbio de Chicago e tenta levar sua vida em frente, apesar de todas as dificuldades. Quem já viveu em uma família com problemas (ou seja todo mundo) vai certamente se identificar.

“Shameless” mostra as lutas, batalhas e durezas que essa família enfrenta. Apesar da sinopse parecer um drama não é bem assim. Na verdade os membros da família levam a vida como podem, mas sem transformar isso em um dramalhão. Como eu escrevi antes o grande mérito do texto de “Shameless” é justamente mostrar as barras que uma família pobre americana tem que enfrentar mas com bastante humor. Além dos excelentes roteiros a série ainda conta com um elenco excepcional, em especial William H. Macy que interpreta Frank. Para quem sempre foi coadjuvante no mundo do cinema ter a chance de mostrar seu talento em um personagem tão carismático como esse certamente foi um presente. Apesar da série ser a versão americana de um popular programa inglês o fato é que o Frank feito por Macy ganhou vida própria por causa do grande trabalho desse ator. Obviamente seu personagem é o retrato de tudo aquilo que não se teve esperar de um pai de família mas mesmo assim cativa o espectador. Atualmente “Shameless” está em sua terceira temporada e o nível dos episódios só tem melhorado. É mais uma ótima série do canal Showtime, que ao longo desses anos tem se destacado muito nessa área (Vide Dexter). Se torne também um “Shameless” (sem vergonha) e comece a acompanhar os episódios, certamente essa é uma ótima dica para quem gosta de assistir séries americanas de qualidade.

Shameless (Idem, EUA, 2011 – 2016) Criada por Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Justin Chatwin, Cameron Monaghan, Emma Kenney, Ethan Cutkosky / Sinopse: A série narra as desventuras de uma pobre família americana que vive nos subúrbios de Chicago. Com o pai alcoólatra os filhos tentam levar a vida adiante da melhor forma possível.

Episódios Comentados:

Shameless 5.01 - Milk of the Gods
A excelente série "Shameless" está de volta nessa quinta temporada. As quatro primeiras temporadas são de fato muito boas, com um ótimo desenvolvimento de todos os personagens. Agora o Showtime dá sequência aos episódios. O título "Milk of the Gods" (Leite dos Deuses) se refere a mais uma maluquice da cabeça de Frank Gallagher (William H. Macy). Se recuperando dos problemas de saúde que quase o levaram à morte ele agora está empenhado em fazer dar certo seu "projeto"! E o que seria esse tal projeto? Frank quer criar uma cerveja com alto teor alcoólico, algo em torno de 65%! Para quem praticamente morreu por causa do excesso de bebidas e drogas não chega a ser realmente uma boa ideia! Já sua filha Fiona (Emmy Rossum) é outra que também quer recomeçar a vida. Depois de ser presa na temporada anterior ela está de volta com um novo emprego de garçonete em um pequeno restaurante de Chicago. Não é dos mais promissores, mas pelo menos é um trabalho, afinal de contas. Enquanto isso Lip (Jeremy Allen White) começa a perceber a diferença entre sua antiga vida e a sua nova - agora que está na universidade. Seus velhos amigos do passado passam o dia pelas ruas fumando maconha, sem nenhum futuro pela frente, enquanto que ele, Lip, pensa em se formar e arranjar um bom emprego, afinal de contas ele é extremamente inteligente, seu maior problema foi mesmo ter nascido filho de Frank, em um ambiente errado para sua capacidade. Em suma, um bom episódio para os fãs dessa série. / Shameless 5.01 - Milk of the Gods (EUA, 2015) Direção: Christopher Chulack / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.02 - I'm the Liver
Essa quinta temporada começou sem ter um grande gancho para seguir. Assim as coisas estão se acomodando um pouco. Lip (Jeremy Allen White) tenta arranjar alguns trocados durante as férias na universidade. Afinal de contas poucas coisas são piores do que ficar sem grana nos tempos de estudante universitário. Depois de procurar bastante acaba arranjando um bico na construção civil com um dos beberrões que frequentam as espeluncas de Chicago. O trabalho é pesado, carregar pedras durante uma demolição. Claro que isso destrói o jovem! Na outra linha narrativa Frank (William H. Macy) é convidado para um jantar fora do comum. Ele recebeu o fígado de um garoto falecido na temporada anterior (destruiu o seu de tanto beber). Pois bem, os pais desse rapaz resolvem promover um jantar para todos os que receberam os órgãos do filho morto. Frank está entre eles e prontamente aceita o convite! Confusões á vista. Por fim Fiona (Emmy Rossum) tenta acertar novamente na vida amorosa e profissional. Tudo bem que trabalhar em um restaurante de quinta categoria como garçonete não seria bem os sonhos de uma garota como ela, mas é o que se pôde arranjar por enquanto. Para enrolar ainda mais o meio de campo ela resolve se apaixonar pelo seu próprio... patrão! Enfim, a sem vergonhice continua à solta na família Gallagher. / Shameless 5.02 - I'm the Liver (EUA, 2015) Direção: Sanaa Hamri / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.03 - The Two Lisas
Frank Gallagher (William H. Macy) consegue seu primeiro pedido de venda da sua cerveja de grande poder alcoólico - na verdade uma bebida artesanal misturada com um monte de porcarias que Frank vai acrescentando sem pensar muito no que está fazendo. Para aumentar sua produção porém ele precisa de um novo equipamento que não tem dinheiro para comprar. Como é um vigarista promete ao dono do ferro velho que irá lhe arranjar uma garota de programa, nada mais, nada menos que sua própria filha! Imagine você! Já Fiona (Emmy Rossum) acaba se interessando por um músico que costuma frequentar o restaurante onde trabalha como garçonete. Depois de um flerte casual ele a convida para um encontro, mas quando ela chega lá descobre que ele já tem companhia, sua própria namorada de muitos anos (com a qual inclusive ele mora junto!). Tempos modernos exigem novas soluções e Fiona topa o desafio, fingindo estar namorando seu amigo - o que não significa necessariamente que ela desistirá de seu breve romance. Por fim Debbie (Emma Kenney) decide dar uma festa em casa, claramente com o objetivo de atrair a atenção do rapaz que ela é apaixonada (e que não quer nada com ela por seu jovem demais, menor de idade). Ela quer perder sua virgindade com ele, mas as coisas não saem exatamente como Debbie esperava. Enfim, nada que não saia muito do caótico cotidiano da família Gallagher. / Shameless 5.03 - The Two Lisas (EUA, 2015) Direção: Peter Segal / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.04 - A Night to Remem... Wait, What?
Fica bem claro desde o começo que o roteiro desse episódio foi inspirado (ou melhor dizendo, copiado) quase que integralmente do sucesso cinematográfico "Se Beber, Não Case!" (The Hangover, EUA, 2009). Duvida? Então vejamos... Frank (William H. Macy) acorda numa praça pública, completamente imundo por fezes de pombos, após uma farra sem limites, com muita bebedeira. Acontece que no dia anterior seu seguro no valor de 120 mil dólares finalmente foi depositado em sua conta bancária! Ora, não precisa ir muito longe para saber que tanta grana assim nas mãos de Frank é literalmente uma bomba prestes a explodir! Ele imediatamente embarca numa tremenda orgia de festas, drogas e bebidas, mas agora, ao recobrar os sentidos, não se lembra de mais nada! Pior, não sabe onde foi parar todo o dinheiro do seguro! Aos poucos ele começa então a tentar reconstruir os seus passos na noite anterior... revelando atropelamentos, prostitutas chinesas, festas em suítes de hotéis luxuosos e tudo o mais que tinha direito. Com uma tremenda ressaca ele procura entender as idiotices que fez! Tudo bem divertido. Enquanto isso sua filha, Fiona (Emmy Rossum) também resolve fazer sua própria loucura ao... se casar! Isso mesmo, após um breve romance com um músico que frequenta a lanchonete onde ela trabalha como garçonete, Fiona em um impulso maluco digno da família Gallagher, resolve ir ao cartório mais próximo para se casar com ele, assim mesmo, sem pensar direito no que está fazendo! Afinal de contas, uma noite realmente para se relembrar nessa rotina familiar caótica dos Gallagher. / Shameless 5.04 - A Night to Remem... Wait, What? (EUA, 2015) Direção: Richie Keen / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.05 - Rite of Passage
Fiona Gallagher (Emmy Rossum) começa a se questionar da loucura que foi seu casamento. Após conhecer um músico na lanchonete onde trabalha como garçonete ela simplesmente, do nada, decidiu que iria se casar com ele. Depois de tudo feito veio o arrependimento, afinal de contas casamento é algo sério e nem mesmo a impulsividade tão característica da família Gallagher conseguiria justificar algo assim! Para piorar o grande amor de sua vida resolve reaparecer, também do nada! Uma situação que coloca Fiona em um xeque-mate emocional. Basta ela colocar seu olhos nele para toda aquela paixão do passado voltar com força total! O amor verdadeiro não acaba nem com o tempo e nem com a distância, já deixava claro os poetas do passado! Enquanto isso Frank (William H. Macy) continua com suas atitudes sem noção. Sem grana e completamente quebrado, ele resolve se aproximar da família do garoto que lhe doou seu próprio rim. Frank resolve então usar a fragilidade emocional dos pais do garoto, que obviamente estão devastados por causa da morte do filho, para se dar bem. O pai do jovem é um tipo meio bobão, cheio de sentimentalismos baratos, o que vem bem a calhar para Frank que está atrás mesmo de uma bela casa, uma boa cama e muito conforto. Uma situação completamente surreal! Outro que também está quebrado financeiramente é Lip (Jeremy Allen White). Com as férias na universidade de Chicago ele resolve arranjar um emprego de verão, na construção civil, algo que fará muito mal para suas costas! E para finalizar o caos completo dentro da casa dos Gallaghers, Ian (Cameron Monaghan) decide fazer um pornô gay! Caótico demais para você? Não, apenas mais uma semana comum na vida dessa família totalmente fora dos padrões convencionais! / Shameless 5.05 - Rite of Passage (EUA, 2015) Direção: Alex Graves / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.07 - Tell Me You F**King Need Me
Mal se casou (por puro impulso) e Fiona Gallagher (Emmy Rossum) já está profundamente arrependida do que fez! Também pudera, sua grande paixão do passado, o enrolado Jimmy (Justin Chatwin), voltou e quer reacender a velha chama que estava há muito tempo apagada, mas não extinta no coração de Fiona. Enquanto ela não toma uma decisão mais problemas vão surgindo na sua complicada família. O pior vem com a internação de Ian Gallagher (Cameron Monaghan). Infelizmente ele acabou herdando os problemas mentais da mãe e agora sua bipolaridade se tornou crônica, o que o leva a sua internação em um hospital psiquiátrico. Se a vida de Ian não vai bem, a de Lip (Jeremy Allen White) também vai bem confusa. Ele passou batido na renovação de seu crédito estudantil na universidade de Chicago e agora tem que encarar uma enorme dívida com a instituição de ensino. Se não pagar será banido do curso! Para resolver o problemão ele escolhe o caminho mais improvável, tirando um monte de cartões de crédito no campus, sem ter a menor intenção de pagar por eles depois. O diferencial nesse episódio foi que ele foi dirigido pelo próprio ator William H. Macy, que além de brilhar na série como o fanfarrão Frank, ainda consegue mostrar muito talento também atrás das câmeras! / Shameless 5.07 - Tell Me You F**King Need Me (EUA, 2015) Direção: William H. Macy / Roteiro:  John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White, Justin Chatwin, Cameron Monaghan.

Shameless 5.08 - Uncle Carl
Como o próprio título do episódio deixa claro, se envolver ou cair na lábia do Tio Carl pode ser uma péssima ideia. O projeto de marginal Carl Gallagher (Ethan Cutkosky) decide arranjar um jeito de traficar heroína sem ser pego pelos tiras. Ele enche o corpo do sobrinho gordinho Chuckie de tijolos da droga e o manda para a rodoviária. Antes que consigam embarcar contudo a casa cai e eles vão em cana! Presos em flagrante! Pelo visto a família Gallagher tem mesmo muitos problemas envolvendo drogas. O irmão mais velho Lip (Jeremy Allen White) está sem grana para arcar com as mensalidades da faculdade e precisa se virar de algum jeito. O caminho mais curto e fácil é realmente vender drogas pelo campus universitário. Para isso ele precisa contar com a ajuda do amigo e barman Kevin Ball (Steve Howey) que logo se instala na residência que Lip inspeciona. Só que vender maconha ainda é pouco para Kevin que não demora muito e começa a levar todas as jovens garotas para a cama, mesmo sendo ele bem mais velho que as estudantes (pelo visto as moças preferem mesmo a experiência de um cara vivido). No mais Ian continua sua descida ao inferno após ser diagnosticado com problemas mentais e Fiona percebe que seu prematuro casamento caminha rapidamente para o fim, fruto de sua indecisão entre ficar com o atual marido ou se entregar para um velho amor de seu passado que resolveu reaparecer em sua vida! Tempos modernos que não deixam lembranças antigas morrerem. / Shameless 5.08 - Uncle Carl (EUA, 2015) Direção: Wendey Stanzler / Roteiro: John Wells, Paul Abbott/ Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.09 - Carl's First Sentencing
Nesse episódio Frank (William H. Macy) acaba conhecendo uma jovem médica, uma garota que fez tudo certinho em sua vida, estudou, se dedicou, tudo para vencer na profissão. Quando tudo corria bem ela descobriu que estava com câncer, dos mais agressivos. Logo ela, que nunca fez nada de errado em sua vida, acabou sofrendo esse enorme golpe do destino. Ao expor seu drama para Frank esse lhe dá alguns conselhos (os piores possíveis). E juntos eles saem para uma noite de loucuras, para que ela possa extravasar suas angústias! A primeira coisa que o velho Frank lhe passa é um cigarro de maconha! Já que a vida é curta, então que se curta a vida! Como todos os personagens da série são verdadeiros desavergonhados, o filho Lip (Jeremy Allen White) descobre um jeito de se dar bem na vida acadêmica. Ele conhece uma professora, uma mulher bem mais velha, porém muito sensual e bonita. Em pouco tempo ele entende que pode se dar bem ao se envolver com ela! Se isso não fosse sorte o bastante ele também descobre que ela tem um casamento bem liberal com o marido, que não se importa que ela de vez em quando transe com seus alunos! Fiona Gallagher (Emmy Rossum), por sua vez, continua seu drama pessoal. Ele ama uma pessoa que lhe abandonou no passado. Sozinha e procurando por alguém, acabou se casando com um músico, mas agora está arrependida, ainda mais depois que voltou a ver o ex-amor, aquele que ela sempre amou de verdade! Um drama muito mais comum do que se pensa na vida de milhares de mulheres pelo mundo afora. / Shameless 5.09 - Carl's First Sentencing (EUA, 2015) Direção: Christopher Chulack / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.10 - South Side Rules
Bom, se você acredita que sua vida sentimental está confusa e sem rumo, que tal dar uma olhadinha na de Fiona (Emmy Rossum)? Recém casada ela não consegue acreditar muito nessa união. Para completar seus problemas um velho amor do passado retorna e ela descobre que ainda está apaixonada por ele. Como se isso não fosse o bastante ela acaba também beijando seu próprio patrão, que agora ficará distante da sua única filha, pois sua ex-esposa decidiu se mudar para outro estado! Talvez atrair tantos problemas seja uma característica da família Gallagher! Genética, quem sabe. Que o diga o velho Frank (William H. Macy), agora curtindo uma paixão por uma jovem médica que está com seus dias contados após ser diagnosticada com um câncer agressivo. Frank acaba caindo de amores por ela e vai atrás, tal como um carrapato, mesmo após levar um fora fenomenal por parte dela. Ian (Cameron Monaghan), por sua vez, continua com seus problemas de saúde mental. Embora esteja quase controlado, por causa dos remédios que toma, ele sofre um surto na lanchonete onde trabalha e acaba colocando a mão na chapa fervente de fritar hambúrgueres. Uma loucura que lhe custa caro. Para piorar sua própria meia-irmã resolve denunciá-lo para o exército. Ele, como se viu na temporada anterior, deserdou do serviço militar e desde então passa a ser procurado para ir para a corte marcial, algo que, para seu desespero, finalmente acaba acontecendo nesse episódio. A vida definitivamente não é fácil para essa família incomum! / Shameless 5.10 - South Side Rules (EUA, 2015) Direção: Michael Uppendahl / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White, Cameron Monaghan.

Shameless 5.11 - Drugs Actually
Frank Gallagher (William H. Macy) continua com sua viagem hedonista ao lado da médica que foi diagnosticada com um câncer agressivo, procurando assim aproveitar seus últimos momentos de vida da forma mais extravagante possível. Ela acaba comprando um raro whisky histórico datado de 1939 para beber ao lado de Frank numa noite de bebedeiras e excessos de todos os tipos. Para isso vale tudo, inclusive usar crack e transar com Frank em uma linha de trem, bem na hora em que ele vem em alta velocidade! Se Frank está numa farra absurda e sem sentido, seu filho Ian Gallagher (Cameron Monaghan) luta para não passar o resto de seus dias preso numa prisão militar. O que lhe salva da corte marcial é a sua bipolaridade e seu histórico de saúde. A família avisa a junta que o está julgando que ele tem problemas mentais e que por causa disso não poderia ser levado a julgamento. Os argumentos convencem e Ian ganha a liberdade, mas ao invés de voltar para casa ele ganha a estrada ao lado de sua mãe, que também tem inúmeros problemas de comportamento. Por fim Lip Gallagher (Jeremy Allen White) continua seu affair sexual com a própria professora. Ela, uma liberal ao estilo anos 60, tem um casamento aberto, onde lhe é permitido arranjar os amantes que quiser, sem qualquer tipo de problema com o maridão, que não apenas aceita que ela tenha vida sexual aberta como também se torna próximo dos amantes dela, dando carona e conselhos estudantis. Pois é, gente "moderna" é outra coisa! / Shameless 5.11 - Drugs Actually (EUA, 2015) Direção: Mimi Leder / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 5.12 - Love Songs (In the Key of Gallagher)
Episódio final da quinta temporada. Fiona Gallagher (Emmy Rossum) finalmente resolve se render para a paixonite que sente por Gus, seu patrão na lanchonete. Ela, mesmo estando casada com um músico que vive na estrada, não consegue mais conter seus impulsos. Lip Gallagher (Jeremy Allen White) continua seu complicado romance com a professora liberal da escola. Ela tem um casamento aberto onde o maridão tem plena consciência de que ela tem vários casos com rapazes, jovens universitários que acabam se encantando por sua inteligência e beleza (apesar da idade ela é uma tremenda gata!). O problema é que Lip parece estar se apaixonando de verdade por ela, enquanto a professora o usa apenas para um sexo casual esporádico sem maiores pretensões. E por falar em paixão - o que justificou inclusive o título do episódio - o que se pode falar do "romance improvável" entre o podrão Frank (William H. Macy) e a linda, jovem e inteligente doutora Bianca Samson (Bojana Novakovic)? Durante toda a sua vida ela fez tudo certinho: estudou, passou em uma universidade de medicina e viu tudo ruir quando descobriu que estaria com uma doença incurável. Sabendo da morte certa ela então passa a fazer todos os tipos de loucuras ao lado de Frank, que convenhamos é a pessoa certa para esse tipo de coisa. Na cena final ela, destruída emocionalmente por sua condição precária de saúde, resolve colocar um fim em tudo, se suicidando nas águas geladas dos grandes lagos de Chicago. Um triste fim para uma vida que tinha tudo para ser maravilhosa! / Shameless 5.12 - Love Songs (In the Key of Gallagher) (EUA, 2015) Direção: Christopher Chulack / Roteiro:  John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White, Bojana Novakovic.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de junho de 2016

Susan Hayward

Ontem eu tive a oportunidade de assistir ao clássico "Meu Maior Amor" (leia a resenha no blog Cinema Clássico) e me encantei com a atriz Susan Hayward. Ela interpreta a personagem principal, uma mulher frustrada na vida amorosa. Seus sentimentos ficam em ruínas após ela perder a chance de ser feliz ao lado do homem que sempre amou. Ao se casar com alguém que não conseguiu preencher o vazio em seu coração ela acabou entrando em um círculo de tristeza e infelicidade, agravada ainda mais pela bebida. É um romance dramático muito bem conduzido que se destaca pela beleza da atriz. Susan tinha um visual que de certa maneira fugia bastante do padrão das estrelas da época. Ao invés de ser uma loira glamourosa, inacessível ao homem comum, ela se apresentava com uma beleza diferente. De cabelos escuros, muito carisma e sensibilidade, ela se tornava um tipo de mulher mais próxima do soldado americano que na época lutava na Europa durante a II Guerra Mundial. Aquela que poderia ser sua namorada após conhecê-la em um baile - como acontece no roteiro do filme aliás.

Curiosamente Susan quase foi escolhida para interpretar Scarlett O'Hara em "..E o Vento Levou" logo no começo da carreira. Claro que teria sido o filme que mudaria sua vida para sempre. O destino porém tinha outros planos para ela e até que a bonita brunette não se saiu nada mal trilhando esse outro caminho. Embora tenha perdido esse grande papel da história do cinema ela logo se destacou em diversos outros filmes, sempre se destacando em papéis de mulheres fortes que tinham que enfrentar momentos decisivos em suas vidas. Foi assim que ela finalmente venceu seu Oscar pela atuação em "Quero Viver!" de 1958 onde interpretava uma prostituta condenada à morte após ser acusada de ter matado um de seus clientes. Um roteiro que foi recusado por inúmeras atrizes, com receios de mancharem suas imagens públicas, afinal aqueles eram tempos moralistas e puritanos. Para a corajosa Susan isso definitivamente não tinha importância, mas sim o fato de dar vida a um texto corajoso e bem à frente de seu tempo. Ela aceitou fazer o filme, encarou o desafio e acabou  encantando os críticos e os membros da Academia. O resultado? Foi merecidamente premiada com a estatueta mais cobiçada do cinema.

Elegante, muito atraente, Susan soube transitar por quase todos os gêneros. Nunca se contentou em ser vista apenas como uma mulher bonita ou uma pin-up sensual. Ela queria vencer na arte de atuar e certamente conseguiu alcançar seus objetivos. Para alegria dos cinéfilos Susan teve uma carreira longa e produtiva no cinema que se estendeu por quatro décadas. Na sua filmografia de mais de 60 filmes encontramos vários filmes memoráveis como "As Neves do Kilimanjaro", "Demetrius e os Gladiadores", "Duelo de Paixões", "Meu Coração Canta", "David e Betsabá", "Casei-Me Com Uma Bruxa", "Eu Chorarei Amanhã" e "Desespero". Susan Hayward representou muito bem as mulheres de seu tempo, assumindo diversas facetas, deixando de lado muitas vezes sua vaidade pessoal para abraçar a pura arte cinematográfica. Acabou, com seu exemplo pessoal, com o velho estigma preconceituoso de que atrizes bonitas não podiam ser também extremamente talentosas.

Pablo Aluísio. 

sábado, 25 de junho de 2016

Paul Newman - Uma Lição Para Não Esquecer

Eu costumo dizer que em termos de cinema clássico o céu é o limite. Sempre há coisas novas e interessantes a se descobrir dentro desse vasto universo. Procurando fugir das obras clássicas mais óbvias (como por exemplo "E O Vento Levou", "Casablanca", etc) o cinéfilo mais curioso sempre encontrará pequenas obras primas que hoje em dia já não são mais tão conhecidas e comentadas, mas que são sem dúvida excelentes filmes. É justamente o caso desse "Sometimes a Great Notion" (que no Brasil recebeu o inadequado título de "Uma Lição Para não Esquecer").

O filme mostra a família Stamper formada pelo pai Henry (o grande Henry Fonda) e pelos três filhos, Hank (interpretado pelo próprio Paul Newman que também dirigiu o filme), Joe Ben (Richard Jaeckel, indicado ao Oscar por sua atuação) e o caçula Leeland Stamper (Michael Sarrazin). Esse último nunca quis seguir o destino dos irmãos. Ao invés de ser um operário, um lenhador nas florestas, decidiu ir embora para cursar uma universidade. As coisas porém não deram muito certo, ele se envolveu com drogas (maconha, em especial), se tornou um péssimo aluno e depois de formado ficou desempregado. Após o suicídio da mãe não viu outra alternativa a não ser voltar para a casa do pai, Henry, que não deixou barato o colocando para trabalhar cortando árvores na floresta como seus dois irmãos. "Para comer nessa mesa terá que trabalhar!" - decreta o velho patriarca.

O roteiro do filme investe na maneira turrona que os Stampers enxergam a vida. A ética que move suas vidas é o trabalho, por isso quando o sindicato da região promove uma greve geral dos trabalhadores de madeireiras, eles se recusam a participar. Para Henry e Hank, os sindicalistas seriam na verdade comunistas, pessoas que corroíam a base da sociedade americana, seus valores e ideais. Tudo isso porém não é colocado por Newman no filme como algo pesado, doutrinário ou panfletário. Ele optou por uma outra abordagem, mostrando tudo com certa leveza - apesar do filme ser um drama. O humor está sempre presente dentro daquela família nada funcional. A rudeza e a forma pragmática que enxergam a vida dá o tom de toda a narrativa.

Uma personagem interessante dentro daquele universo masculino vem na figura de Viv Stamper (Lee Remick), Ela é a esposa de Hank. Em uma família tão machista ela mal é ouvida sobre nada, embora tenha uma bela percepção da vida. Após anos tentando engravidar do marido - seu primeiro e único filho nascera natimorto - ela decide dar um novo rumo na vida, procurar por novos horizontes. A novela de Ken Kesey que deu origem ao filme já chamava a atenção para essa nova mulher que nascia naquele momento, não apenas disposta a ser unicamente esposa e mãe, mas também ter a chance de escrever seu próprio destino, indo atrás dos seus sonhos de realização pessoal e profissional. Enfim, um belo trabalho de direção de Paul Newman que conseguiu provar que era tão bom atrás das câmeras, dirigindo, como na frente delas, atuando. Um profissional completo. Não deixe de conhecer.

Pablo Aluísio.

Tyrone Power - Jamais Te Esquecerei

Ontem assisti ao filme "Jamais Te Esquecerei". Se trata de uma produção de 1951 estrelada por Tyrone Power. Pelo poster, fotos e demais informações você começa a ver o filme pensando se tratar de um drama romântico como tantos outros que foram feitos por esse ator, um dos grandes galãs da era de ouro do cinema americano. Isso, pelo menos, é o que se daria a entender. Quando o filme começa descobrimos logo que o personagem de Power passa longe de ser um herói romântico ao velho estilo. Ao invés de cortejar damas e donzelas ele está em uma usina nuclear manipulando metais químicos perigosos. Ele é um cientista, um físico, que está convencido que dentro das dimensões em que existimos há uma maneira de romper o espaço / tempo para viajar entre passado, presente e futuro. Nessa altura do filme você já percebe que está longe de assistir a apenas um filme romântico mais tradicional.

O personagem de Power inclusive não está muito interessado nos assuntos do coração. O negócio dele é realmente a ciência. Ele vive em um mundo próprio, solitário. Apaixonado pelo passado, gostaria de quem sabe ir lá de alguma forma. Depois que encontra velhas cartas, supostamente escritas por ele mesmo, datadas do século XVI, ele se convence que uma viagem no tempo seria realmente possível, afinal de contas tudo levaria a crer que ele já estivera lá. Mas como fazer tal viagem? Certa noite voltando para a casa um raio o atinge e quando ele recobra a consciência está em Londres, ainda na época em que os Estados Unidos lutavam para se livrar do domínio do colonialismo inglês. Perceba que essa ideia de um raio se tornar um instrumento de viagem temporal seria aproveitada (ou copiada, quem sabe) pela trilogia "De Volta Para o Futuro", muitas décadas depois.

Um aspecto curioso é que enquanto está no presente, o personagem de Power vive em um mundo em preto e branco, mas quando chega no passado tudo se torna colorido, cheio de vibração. E é justamente lá no passado que ele finalmente acaba se apaixonando, vivendo um grande amor por sua própria prima, uma mulher fina e elegante chamada Kate (Beatrice Campbell). Claro que por viverem em tempos diferentes esse amor logo se torna algo impossível de se concretizar. Lembrando novamente "De Volta para o Futuro", imaginem a ruptura espacial que iria causar no tempo caso ele tivesse um filho com ela, já que na linha temporal ela seria na realidade apenas uma pessoa de seu passado distante.

Certamente o roteirista Bob Gale, da franquia de Steven Spielberg, sabia da existência desse clássico. Os pontos de semelhança são muitos para se ignorar isso. O charme adicional é que "Jamais Te Esquecerei" foi filmado nos anos 1950, justamente a década em que os personagem do filme "De Volta Para o Futuro" retornam no primeiro filme da série. Realmente, no mundo do cinema nada se cria, tudo se recicla e se reaproveita. Velhas ideias esquecidas voltam à tona com embalagem de algo novo, inovador, mesmo que essa definitivamente não seja a inteira verdade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O Dragão Chinês

Título no Brasil: O Dragão Chinês
Título Original: Tang Shan Da Xiong
Ano de Produção: 1971
País: Hong Kong
Estúdio: Golden Harvest Company
Direção: Wei Lo, Chia-Hsiang Wu
Roteiro: Wei Lo
Elenco: Bruce Lee, Maria Yi, James Tien
  
Sinopse:
Cheng Chao-an (Bruce Lee) é um jovem rapaz que, em busca de trabalho, resolve mudar de cidade. No novo endereço acaba encontrando emprego numa fábrica de gelo ao lado de seus primos. Ele está buscando um novo rumo para sua vida pois agora pretende cumprir a promessa que fez aos seus pais de não mais se envolver em brigas e lutas, algo que o prejudicou bastante no passado. No entanto quando membros de sua família começam a desaparecer, Cheng entende que precisa agira contra os crimes de um poderoso chefão da máfia local.

Comentários:
O ator e lutador de artes marciais Bruce Lee se enquadra naquele tipo de astro de cinema cuja lenda é maior do que o seu próprio legado nas telas, sua filmografia. Por ter morrido muito cedo, vítima de uma morte pouco explicada, ele acabou virando um ícone cultural. Realizou poucos filmes. Astro em Hong Kong sempre encontrou dificuldades em entrar no concorrido mercado americano, tanto que teve que procurar um espaço na TV onde veio a participar de séries como "Batman" e "The Green Hornet" onde interpretava o ainda muito lembrado personagem Kato. Claro que após sua morte a indústria de cinema de Hong Kong usou seu nome para vender uma centena de produções ruins, meras imitações baratas, com atores usando nomes parecidos, tudo para enganar o público. Foi uma infinidade de Bruce Les, Bryce Lees, Brucce Lis e coisas do tipo. Acabou no final das contas dando nome a todo um subgênero cinematográfico de filmes de artes marciais com orçamentos insignificantes e produções fundo de quintal. Nesse "Tang Shan Da Xiong" temos o verdadeiro Bruce Lee. O filme hoje em dia não vai parecer grande coisa, mas na época de seu lançamento se tornou uma unanimidade entre os especialistas em lutas e artes marciais em geral. Ele realmente tinha muita técnica e era um ótimo mestre em sua especialidade. Bruce era também bastante ciente do que daria ou não certo em um filme e por essa razão criou coreografias que ficassem perfeitas nas cenas e nas telas. De certo modo o roteiro e a trama eram meras desculpas para que Lee desfilasse seu farto repertório de golpes e poses. Um filme para um determinado nicho de público que mesmo assim não deixa de ser muito interessante para fãs da história do cinema de uma maneira em geral. O símbolo de uma era que já não existe mais.

Pablo Aluísio.

Rock Hudson

Título no Brasil: Rock Hudson
Título Original: Rock Hudson
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Konigsberg International, Sanitsky Company
Direção: John Nicolella
Roteiro: Dennis Turner
Elenco: Dennis Turner, Lindsey Robinson, Carl Banks
  
Sinopse:
Após servir na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial o jovem Roy Harold Scherer Jr resolve ir para Hollywood tentar a carreira de ator. Após ser contratado por um ganancioso agente ele se transforma em Rock Hudson, um ator especializado em interpretar personagens galãs em filmes românticas da época. Com o sucesso ele rapidamente se torna o solteiro mais cobiçado da América porém Roy esconde um grande segredo do grande público: ele é na verdade gay! Para consolidar sua fama e espantar os boatos de que seria homossexual seu agente Henry Wilson resolve armar um casamento falso entre Rock e sua secretária, Phyllis Gates.

Comentários:
Telefilme muito bem produzido que conta a história do astro Rock Hudson (1925 - 1985), um dos mais populares astros da era de ouro do cinema americano. O filme foi realizado cinco anos após sua morte de AIDS, quando acabou se tornando a primeira vítima famosa da nova doença. Parte do roteiro foi baseado na própria autobiografia de Rock, que inclusive foi lançada no Brasil. O enfoque realmente vai para o lado pessoal da vida íntima do ator, deixando de lado, de certo modo, sua vida profissional, os grandes filmes que realizou ao longo de sua bem sucedida carreira. Isso vai frustrar um pouco aos cinéfilos que adoram esmiuçar a filmografia dessas grandes estrelas do passado. Mesmo assim nada chega a comprometer o resultado final, uma vez que entender os bastidores da grande indústria do cinema americano também se torna um imenso prazer aos fãs da sétima arte. Phyllis Gates, a secretária do agente de Rock, que acabou se casando com ele, reclamou publicamente do filme depois, pois conforme explicou na época ela pessoalmente não acreditava que seu casamento havia sido completamente forjado como mostrado pelo roteiro. Ela ficou tão indignada com isso que posteriormente escreveu um livro, contando o seu lado da história. Picuinhas à parte o filme, que hoje em dia é bem raro de encontrar, é uma excelente pedida para quem curte a história de Hollywood e seus ídolos de um passado distante.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Pânico no Lago

Título no Brasil: Pânico no Lago
Título Original: Lake Placid
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox 2000 Pictures
Direção: Steve Miner
Roteiro: David E. Kelley
Elenco: Bridget Fonda, Bill Pullman, Oliver Platt
  
Sinopse:
Black Lake, no estado americano do Maine, é um dos lugares mais procurados por turistas durante o verão. Uma região linda que promete com sua beleza natural muitos momentos de descanso e lazer para os que a visitam. E é justamente nesse bucólico lugar que começam a ocorrer mortes violentas, provavelmente causadas por um gigantesco crocodilo assassino.

Comentários:
Virou uma franquia cinematográfica e eu sinceramente nunca consegui entender exatamente a razão. Não é um bom filme de terror e sequer pode ser considerado original sob qualquer ponto de vista que se olhe. Na verdade o enredo é uma coisa bem antiga, ultrapassada. Essa coisa toda de crocodilos assassinos gigantes já era utilizada em plenos anos 1950, no auge do cinema Sci-fi de monstros e derivados. Provavelmente seja uma velha adaptação (ou diria plágio) de um antigo filme B da Universal onde o crocodilo se tornava gigantesco por causa da radiação de uma usina nuclear próxima ao pântano! Como na Hollywood atual nada se perde, tudo se recicla, por causa do deserto de originalidade que se abate sobre os roteiristas, resolveu-se então requentar esse velho prato frio. O resultado é bem decepcionante, a não ser que você ainda se aterrorize com algo assim, o que acho difícil de acontecer, a não ser que você seja apenas um adolescente facilmente impressionável. No final das contas a única coisa boa que se salva é a beleza da atriz Bridget Fonda, que era muito bonita e charmosa na época. Fora ela é melhor esquecer todo o resto.

Pablo Aluísio.

Tubarão 4 - A Vingança

Título no Brasil: Tubarão 4 - A Vingança
Título Original: Jaws - The Revenge
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joseph Sargent
Roteiro: Michael De Guzman
Elenco: Michael Caine, Lorraine Gary, Lance Guest, Mario Van Peebles
  
Sinopse:
Uma série de mortes começam a ocorrer em um resort nas Bahamas. Inicialmente a guarda costeira atribui os desaparecimentos de diversos turistas e moradores a meros acidentes ou afogamentos, mas para Ellen Brody (Lorraine Gary) todas as mortes devem ser atribuídas a uma espécie de tubarão branco imenso, maior do que o normal, que tem um insaciável desejo de devorar seres humanos. Filme vencedor do prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Atriz (Lorraine Gary). "Vencedor" do Framboesa de Ouro na categoria de Piores Efeitos Especiais.

Comentários:
Sim, existe um quarto filme da franquia original de "Tubarão", isso apesar da terceira continuação ter sido massacrada pela crítica. Massacre aliás bastante justificado já que o filme era realmente ruim de doer. Pois bem, mesmo com tudo de ruim que ocorreu no filme anterior e mesmo com os apelos do próprio Steven Spielberg para que a franquia fosse encerrada, resolveu-se seguir em frente. Na verdade a Universal não conseguia largar o osso. Os filmes eram assumidamente ruins, mas davam bilheteria afinal de contas. Aqui eles resolveram chamar o ator veterano Michael Caine para dar uma forcinha. Eu me lembro perfeitamente bem como Caine foi criticado por participar de algo assim. Na época se disse que ele era um daquela atores que topavam qualquer coisa por um bom cachê. Ele foi acusado de não zelar pelo prestígio de sua carreira. O próprio Caine levou tanta paulada da crítica que precisou até mesmo sair se justificando de ter feito parte de um elenco desses. Na época seu bom humor tipicamente inglês o salvou de sofrer um linchamento cultural maior. E o filme em si? É uma porcaria, lamento dizer. Resolveram simplificar tudo (entenda-se escreveram um roteiro pobre e sem conteúdo) e levaram o tubarão para as Bahamas. Isso pelo menos trouxe uma bonita fotografia para o filme como um todo. Pena que o resto do filme não seja nada bonito, com uma trama capenga e atores preguiçosos e sem talento. Os efeitos especiais são péssimos o que levou o filme a ser lembrado no Framboesa de Ouro por isso. Tirando o mico de Caine de participar de um filme tão caça-niqueis como esse ninguém mais hoje em dia dá a menor bola para essa produção - merecidamente alias.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Hora do Pesadelo 3 - Os Guerreiros dos Sonhos

Título no Brasil: A Hora do Pesadelo 3 - Os Guerreiros dos Sonhos
Título Original: A Nightmare on Elm Street 3 - Dream Warriors
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Wes Craven, Bruce Wagner 
Elenco: Heather Langenkamp, Robert Englund, Craig Wasson
  
Sinopse:
Sobreviventes do psicopata Freddy Krueger (Robert Englund), que ataca suas vítimas em seus próprios sonhos, aprendem a lidar e lutar contra o monstro em seu próprio campo de batalha, a mente de jovens indefesos. Filme vencedor do Festival Fantasporto na categoria de Melhor Direção. Também indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Terror, Melhor Ator Coadjuvante (Robert Englund) e Melhor Maquiagem (equipe formada por Kevin Yagher, Mark Shostrom e R. Christopher Biggs). 

Comentários:
Bom, o show não pode parar. Assim a New Line colocou no mercado o terceiro filme do famoso psicopata Freddy Krueger (que mais uma vez seria interpretado com maestria pelo bom ator Robert Englund - um sujeito que nem precisava de maquiagem para parecer ameaçador). No elenco também uma curiosidade e tanto, a presença de uma jovem Patricia Arquette no papel de Kristen Parker. O roteiro foi novamente escrito por Wes Craven que, anos depois, confessaria que não havia gostado do que ele próprio havia escrito e que por isso havia indicado ao estúdio o nome do jovem diretor Chuck Russell. Esse acabou sendo seu primeiro filme em uma carreira que depois despontaria com filmes de sucesso como "O Máskara", "Queima de Arquivo" e "O Escorpião Rei". Inteligente e inventivo o diretor ousaria até mesmo a rodar um remake inspirado nos antigos filmes Sci-fi dos anos 1950 intitulado "A Bolha Assassina". Com um orçamento de 4 milhões e meio de dólares ele aqui dirigiu um bom filme da franquia Krueger, embora tenha também sofrido algumas críticas por causa do ritmo oscilante do filme, ora excessivamente rápido, ora se arrastando em lerdeza. De uma maneira ou outra para quem curtia Freddy Krueger não havia mesmo maiores problemas para reclamar. É um bom terror com a cara dos anos 1980.

Pablo Aluísio.

Tubarão 3

Título no Brasil: Tubarão 3
Título Original: Jaws 3-D
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joe Alves
Roteiro: Peter Benchley, Richard Matheson
Elenco: Dennis Quaid, Louis Gossett Jr, Bess Armstrong, Simon MacCorkindale
  
Sinopse:
Em um luxuoso parque aquático, o Sea World, um desaparecimento começa a preocupar os administradores, até que eles descobrem existir um terrível perigo ali mesmo em seus enormes aquários. Ao que tudo indica um enorme tubarão branco está de volta para reiniciar seu ciclo de matanças e mortes, um verdadeiro assassino dos oceanos. Filme indicado ao Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Filme, Pior Roteiro, Pior Direção e Pior Ator Coadjuvante (Louis Gossett Jr).

Comentários:
Steven Spielberg havia recusado a tentação de dirigir "Tubarão 2" porque em sua visão aquela era uma história bem fechada em si mesmo. O arco se completava no primeiro filme, não era necessário novas sequências. A questão porém é que a Universal tinha outros planos. Entre eles ressuscitar a franquia, obviamente esperando lucrar muito com isso. Para tornar tudo ainda mais comercial resolveu-se apostar novamente na tecnologia 3D que havia sido deixada de lado desde os anos 50. Esse novo 3D dos anos 80 porém em pouco se assemelha ao que vemos hoje em dia nos cinemas. Era algo bem mais primitivo, onde se distribuíam pequenos óculos de plástico, uma lente vermelha de um lado e outra azul do outro lado. Uma coisa bem tosca que só servia para infernizar a vida do espectador porque no final das contas tudo ficava tão escuro que você não conseguia enxergar absolutamente nada! Imagine o desconforto! Some-se a isso um filme bem ruim e você terá o quadro de terror completo - tanto do ponto de vista da qualidade do filme em si, como da péssima experiência que o 3D dos anos 80 proporcionava a você! O horror, o horror...

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Kurt Cobain - About a Son

Kurt Cobain About a Son
Outro fato marcante da década de 1990 foi o suicídio do vocalista do grupo de rock Nirvana, Kurt Cobain. Em abril de 1994 ele subiu as escadas de sua casa em Seattle levando um rifle a tiracolo. Sentou-se numa cadeira, colocou o cano da arma na boca e disparou! Foi outro momento trágico que até hoje soa sem sentido. Corroído por um forte vício em heroína, Cobain vinha há tempos tentando se livrar das drogas, chegou ao ponto de se internar em vários centros de reabilitação, mas nada disso o conseguia livrar da absurda dependência química.

Depois de mais uma recaída ele resolveu colocar um fim em tudo, o que de certa forma já era previsto uma vez que em seu último disco ele já havia escrito um refrão numa das canções com a seguinte frase: "Eu me odeio e quero me matar!". "Kurt Cobain About a Son" é um documentário que tenta explicar o que aconteceu usando fragmentos, pensamentos e ideias deixadas por Cobain em sua vida. Eu gostei do formato desse filme porque ele é bem mais poético do que se iria explorar depois em outros documentários sobre a vida e morte do líder do Nirvana. Tudo é levado quase como se fosse um poema de tragédia e morte. Juridicamente o filme enfrentou problemas principalmente pela disputa de direitos autorais envolvendo a viúva de Cobain (a maluca da Courtney Love) e os demais membros da banda. Ignore isso e aproveite os méritos cinematográficos que são muitos. Vale realmente a pena conhecer.

Kurt Cobain About a Son (EUA, 2006) Direção: AJ Schnack / Roteiro: AJ Schnack / Elenco: Kurt Cobain, Michael Azerrad, Courtney Love / Sinopse: Documentário que se propõe a contar o lado mais humano do guitarrista e líder do grupo de punk rock Nirvana. Entre vários depoimentos pessoas que conviveram ao seu lado tentam entender o que aconteceu para que ele tivesse um destino tão trágico. O artista se matou aos 27 anos de idade.

Pablo Aluísio.

Desafiando o Assassino

Título no Brasil: Desafiando o Assassino
Título Original: Mr. Majestyk
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Elmore Leonard
Elenco: Charles Bronson, Linda Cristal, Al Lettieri

Sinopse:
Vince Majestyk (Bronson) é um modesto plantador de frutas que acaba virando alvo de um grupo de criminosos por desafiar as regras do sindicato local de trabalhadores rurais ao dar emprego para um grupo de mestiços. O que seus inimigos não sabem é que ele é na verdade um veterano da guerra do Vietnã, perito em armas de grosso calibre, pronto para enfrentar todos os que lhe querem prejudicar.

Comentários:
Mais uma fita de ação com Charles Bronson que na época fez muito sucesso nos cinemas populares, de bairro, que existiam em todo o Brasil. O roteiro é dos mais simples (o que não quer dizer que não seja muito eficiente). Como sempre Bronson interpreta um sujeito que só deseja levar sua vida em paz, cuidando de suas plantações. O problema é que resolvem mexer com ele. Aí não tem jeito, sobra chuva de balas para todos os lados. Usando do velho chavão "Mexeram com o cara errado", o antes pacato e pacífico personagem de Bronson vira um Rambo dos campos. Armado até os dentes passa fogo nos mafiosos que querem lhe explorar. O diretor  Richard Fleischer parece ter um prazer sádico em explodir melancias com rajadas de poderosas metralhadoras. Em seu modo de ver, aquilo era "pura arte cinematográfica"! É curioso que Bronson, que até teve uma carreira bem diversificada nos primeiros anos de carreira, surgindo em praticamente todos os gêneros, tenha a partir dos anos 70 se especializado em filmes mais populares de pura ação. Isso ocorreu principalmente depois que os produtores descobriram que ele poderia se dar muito bem estrelando filmes desse tipo. A partir daí ele deixou de ser um coadjuvante eclético para se tornar um autêntico astro de ação dentro da indústria de cinema dos Estados Unidos. Levou até o fim de sua vida essa escolha. Assista e confira o que dá mexer com o fazendeiro errado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Calvário

Título no Brasil: Calvário
Título Original: Calvary
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Reprisal Films, Octagon Films
Direção: John Michael McDonagh
Roteiro: John Michael McDonagh
Elenco: Brendan Gleeson, Chris O'Dowd, Kelly Reilly
  
Sinopse:
Após se tornar viúvo, James Lavelle (Brendan Gleeson) decide seguir uma velha vocação e se torna Padre. Depois de ordenado é enviado para um pequeno vilarejo na costa da Irlanda. Sua missão evangelizadora não se torna nada fácil naquele lugar. As pessoas da região não estão mais dispostas a serem religiosas e alguns o tratam até mesmo com hostilidade. Mesmo assim o velho Padre James segue em frente com todas as dificuldades. As coisas porém saem do controle quando, em uma confissão, um homem lhe avisa que irá matá-lo em uma semana pois teria sido vítima de abuso quando era uma criança. O autor do crime teria sido um Padre. Agora ele deseja se vingar da Igreja, matando o Padre James, mesmo que ele nada tenha a ver com o que aconteceu no passado. Filme vencedor de diversos prêmios entre eles o Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards, European Film Awards e ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Grande filme. Seu roteiro toca em muitas questões importantes. A mais relevante delas é a crise de fé que vive a Europa nos tempos atuais. O roteiro acompanha os esforços, muitas vezes em vão, desse sacerdote católico em reviver a crença dos moradores de uma pequena vila na Irlanda (um dos países europeus mais tradicionais na fé católica). Seu rebanho é desanimador. Poucos ainda cultivam a fé e muitos levam uma vida desregrada, sem o menor sinal de arrependimento por isso. Há uma esposa que trai o marido ostensivamente e se orgulha disso, um médico ateu sempre pronto a zombar das crenças do Padre James e um sujeito perturbado, que deseja se matar por não encontrar mais nenhuma razão para continuar em frente com sua vida. Há ainda um rico financista que mora na cidade que está disposto a ajudar a Igreja, doando bastante dinheiro para a paróquia. Ele porém é um ser espiritualmente vazio, que pouco se importa com o caráter ilegal de seus atos no mercado financeiro. Como se tudo isso não fosse ruim o bastante, o Padre ainda precisa lidar com um sujeito que o ameaça constantemente e que deseja matá-lo em uma semana. 

O roteiro assim mostra justamente os sete dias dessa semana que antecede o encontro do Padre com o sujeito que o está ameaçando de morte. O que há por baixo de todo esse enredo é um retrato realmente devastador da falta de fé de certas regiões da Europa atualmente. Como se sabe a fé cristã passa por um momento delicado naquele continente, principalmente por causa do avanço do ateísmo entre a população mais jovem. Assim se torna cada vez mais complicado levar uma missão de fé e evangelização em lugares onde a palavra do Cristo já não é mais tão aceita e acolhida como antigamente. O próprio Padre James (interpretado de forma maravilhosa pelo ator veterano Brendan Gleeson) também em certo momento já não parece mais tão disposto em lutar contra toda essa situação. O cinismo e a falta de respeito dominante com que suas pregações são recebidas começam a minar sua força de vontade e energia. Até mesmo quando dá a extrema-unção a um homem que está prestes a morrer ele vira alvo de piadas do médico ateu e sarcástico que trabalha no hospital local. Uma lástima completa. Em suma, um belo retrato, embora triste, da questão religiosa nos tempos em que vivemos. Para assistir e refletir depois sobre toda essa situação desanimadora.

Pablo Aluísio.

O Retorno de John Henry

Aqui vai uma boa dica para quem gosta de western. O filme se chama "Forsaken" (ainda sem título em português). Foi lançado nesse ano e conta com pai e filho nos papéis principais. Donald Sutherland é o pai, um reverendo de uma pequena cidade do velho oeste. Sua esposa está morta e isso faz com que seu filho, interpretado por Kiefer Sutherland, retorne depois de décadas sem pisar no rancho de seu pai. Ele foi embora para lutar na guerra civil, mas depois do fim do conflito resolveu cruzar o oeste como pistoleiro. Os anos passam e agora ele está de volta. Decidido a abandonar as armas para sempre com a intenção de recomeçar sua vida, tudo acaba saindo do planejado após ele perceber que há uma quadrilha agindo na cidade. Intimidando os fazendeiros locais eles os ameaçam de morte caso não vendam suas terras por preços irrisórios. Quando seu pai se torna também uma vítima a figura do pistoleiro retorna e um acerto de contas sangrento começa a tomar forma.

O roteiro de "Forsaken" nem é tão original assim, na verdade ele se utiliza de velhas fórmulas que já eram comuns nos tempos de John Wayne e Randolph Scott. Isso porém não é um problema, pois ao final do filme você se sentirá plenamente satisfeito pelo que viu. Com uma duração enxuta (89 minutos) o filme tem ótima fluidez e o resultado final se mostra muito bom. Kiefer Sutherland convidou a amiga Demi Moore para interpretar seu velho amor da juventude. Ambos estavam apaixonados antes da guerra civil começar, porém o conflito os separou. Ela ainda ficou aguardando seu retorno por anos, mas como ele não parecia nunca mais voltar para casa resolveu se casar com um outro homem da região, uma pessoa que ela na verdade nem gostava muito, mas que poderia ser um bom marido. Assim deixo essa dica para você que é fã de faroestes. Um bom filme, bem produzido, com excelente elenco e um roteiro nostálgico. Tudo pareceu no lugar em uma boa fita que vai satisfazer todos aqueles que gostam desse tipo de filme.

O Retorno de John Henry (EUA, 2016) Direção: Jon Cassar / Roteiro: Brad Mirman / Elenco: Kiefer Sutherland, Donald Sutherland, Demi Moore, Brian Cox, Michael Wincott, Jonny Rees/ Sinopse: Após passar anos sem dar notícias, John Henry Clayton (Kiefer Sutherland) retorna para casa. Sua mãe está morta e ele deseja recomeçar sua vida ao lado de seu velho pai, o pastor William Clayton (Donald Sutherland). Durante sua ausência Henry fez fama como pistoleiro, mas agora deseja abandonar as armas, até que descobre que há uma quadrilha de facínoras aterrorizando os fazendeiros honestos da região, uma injustiça que ele não poderá deixar como está.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de junho de 2016

Independence Day - O Ressurgimento

Título no Brasil: Independence Day - O Ressurgimento
Título Original: Independence Day - Resurgence
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: Nicolas Wright, James A. Woods
Elenco: Liam Hemsworth, Jeff Goldblum, Bill Pullman
  
Sinopse:
Duas décadas depois da invasão alien o planeta Terra começa a perceber sinais de que uma nova invasão extraterrestre está prestes a acontecer. Uma nave maior e mais potente está chegando, com direito à presença da rainha dos seres vindos do espaço. A intenção logo fica clara, os ETs querem a destruição da humanidade, enquanto tentam chegar ao núcleo do planeta para drenar toda a sua energia. Filme premiado pelo CinemaCon.

Comentários:
Ao lado de Michael Bay, Roland Emmerich é um dos maiores idiotas de Hollywood. Seus filmes só trazem efeitos especiais, toneladas deles, mas nem sinal de um bom roteiro! "Independence Day - O Ressurgimento" é uma sequência tardia de uma franquia que parecia estar enterrada para sempre. O primeiro filme já não era essas coisas, uma patriotada para o estúpido americano médio se sentir o salvador do mundo civilizado na data de independência de seu país, 4 de julho. Agora as coisas não são melhores, os mesmos ETs malvados retornam, dessa vez com a própria rainha comandando tudo. Os aliens de "Independence Day" agora estão cada vez mais parecidos com os insetos espaciais de "Tropas Estelares", embora usem de uma tecnologia extremamente avançada. Como se trata de um filme dirigido pelo vazio Roland Emmerich não adianta perder tempo falando de roteiro, atuações, etc. Tudo é extremamente destituído de maior conteúdo. A única coisa que vale a pena comentar são os efeitos visuais. Para os que querem apenas isso vai o aviso: eles não são tão especiais como se pensa. Na verdade se você for assistir ao filme em 3D (que foi o meu caso) descobrirá que se trata de um falso 3D, onde duas ou até três camadas de cenas 2D se sobrepõem umas às outras. Isso dá um aspecto feio ao filme, como se estivéssemos vendo aqueles teatrinhos de papelão que eram muito populares no passado. Ruim de doer. As criaturas são também bem decepcionantes, inclusive a rainha, que fica parecendo mais uma marionete desengonçada correndo no meio de deserto. E para apelar para todos os clichês possíveis ela vai em direção a um ônibus escolar para matar um bando de crianças e adolescentes chatinhos! (pena que não consegue, pois o filme ficaria pelo menos mais divertido!) Enfim, pura perda de tempo e dinheiro (no caso o seu dinheiro que irá pagar o ingresso desse abacaxi). A única boa notícia é que o filme vem se dando mal nas bilheterias, o que poderá nos livrar de uma medonha terceira parte dessa bomba espacial.

Pablo Aluísio.

Logan

"Logan" é um bom filme. Oficialmente ele marca o fim dessa longa franquia "X-Men" nos cinemas. O ator Hugh Jackman também se despediu de seu personagem mais famoso, o Wolverine, o membro do grupo com garras de metal. Ele inclusive esteve no Brasil e esbanjou simpatia, dando autógrafos, sendo atencioso com os fãs e as crianças, participando de entrevistas em talk shows, etc. Em meu ponto de vista o que mais diferenciou esse filme de todos os outros foi seu roteiro. É um texto dramático, diria melancólico e até triste. O clima que impera de maneira em geral é de desilusão. Não há muitos cenas de ação, mas as que foram inseridas na trama não fazem feio.

Talvez o filme soasse melhor se fosse mais cultura pop e menos drama. Em determinados momentos o filme cai em uma perigosa monotonia, principalmente quando os personagens mais jovens tomam conta da tela. Patrick Stewart segue o clima geral de nuvens negras no horizonte e surge bem envelhecido, praticamente acabado, dando saudades do Professor X dos primeiros filmes. O curioso é que os quadrinhos atuais seguiram os rumos desse filme, dando origem a uma nova linha de gibis chamada "Velho Logan". Basicamente o mesmo estilo, com Logan caminhando para um destino que parece tudo, menos promissor. De uma forma ou outra o filme vale a pena, apesar de tudo. A Academia reconheceu os méritos do roteiro e o filme ganhou uma inesperada indicação ao prêmio de melhor roteiro adaptado, algo raríssimo de acontecer em se tratando de filmes adaptados de heróis dos quadrinhos. Por essa nem o velho Logan poderia esperar.

Logan (Logan, Estados Unidos, 2017) Direção: James Mangold / Roteiro: James Mangold, Scott Frank / Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen  / Sinopse: O velho Logan (Jackman), desiludido e cansado da vida, vê seu fim se aproximando. Antes de tudo desabar ele tenta salvar mais uma vez seu antigo mentor, o Professor Xavier (Stewart) que se encontra muito doente, em estado lastimável, terminal. Enquanto tudo isso acontece uma nova geração de mutantes surge, talvez para se tornarem herdeiros do legado dos pioneiros.

Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de junho de 2016

Os Esquecidos

Título no Brasil: Os Esquecidos
Título Original: The Forgotten
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Joseph Ruben
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: Julianne Moore, Anthony Edwards, Gary Sinise, Dominic West, Christopher Kovaleski
  
Sinopse:
Passado um ano da morte de seu filho, Telly Paretta (Julianne Moore) não consegue superar a dor de sua perda. Seu casamento está praticamente arruinado pela tragédia e ela não consegue superar a depressão avassaladora. Procurando por uma saída ela então resolve se tratar com o médico psiquiatra Dr. Jack Munce (Gary Sinise) que então lhe faz uma revelação assustadora: toda a tragédia, o filho morto e os eventos que vieram antes disso nunca realmente existiram. Foi tudo fruto da mente perturbada de Telly! E agora, estaria ela realmente enlouquecendo ou haveria algo mais por trás de tudo?

Comentários:
Bom filme, mesclando um terror psicológico com uma trama bem desenvolvida. Qualquer filme estrelado por Julianne Moore vale ao menos uma espiada, isso porque ela é aquele tipo de atriz que faz valer o ingresso, independente da proposta que o filme dará ao espectador. Para melhorar o que já era muito bom há ainda a presença do talentoso Gary Sinise como um médico psiquiatra que tanto pode estar tentando tratá-la de um surto psicótico, como também agindo nas sombras com o objetivo de encobrir algo ainda mais sério. Em termos de crítica o filme foi até recebido um pouco friamente, talvez por ser um thriller, um estilo de cinema que anda um tanto saturado nos últimos tempos. Penso que não é motivo para rejeitar de antemão a produção apenas por essa razão, ela inegavelmente tem méritos que fazem valer a pena assisti-la. Embora em alguns aspectos soe frio e lento, esse "The Forgotten" acaba agradando, principalmente para quem for fiscado por seu enredo. Afinal de contas essa é um daqueles roteiros cheios de reviravoltas e situações impensadas que fará o deleite dos espectadores que curtem esse tipo de produção.

Pablo Aluísio.

Coisas Belas e Sujas

Título no Brasil: Coisas Belas e Sujas
Título Original: Dirty Pretty Things
Ano de Produção: 2002
País: Inglaterra
Estúdio: BBC Films
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Audrey Tautou, Sophie Okonedo
  
Sinopse:
Okwe (Chiwetel Ejiofor) é um imigrante ilegal nigeriano que tenta sobreviver levando uma dura vida nos subterrâneos de Londres. Ele trabalha como recepcionista de hotel durante a noite e de dia tenta exercer medicina, uma área em que tem conhecimento. Para isso porém ele é proibido por lei, o que o faz estar sempre fugindo de agentes da imigração. Certo dia, por puro acaso, ele acaba descobrindo um esquema ilegal de realizações de cirurgias, liderados por um sujeito chamado Juan, seu chefe no hotel onde trabalha. Esse lhe faz uma proposta tentadora que pode lhe render muito dinheiro: fazer cirurgias ilegais! Se aceitar e isso for descoberto poderá ser até mesmo preso! E agora como recusará esse tipo de oferta tentadora?

Comentários:
Stephen Frears é definitivamente um dos meus diretores preferidos. Em 2002 ele realizou esse filme independente com um tema que hoje em dia está mais do que em voga: a vida de imigrantes em países europeus. Claro que quando o filme foi feito não havia ainda esse caos e essa crise de imigração que assola atualmente o continente europeu, com milhões de pessoas fugindo de guerras no Oriente Médio. Mesmo assim é um retrato muito interessante da vida de um imigrante nigeriano que vai morar em Londres. Apesar de ser uma pessoa com nível superior (ele era médico em seu país) precisa trabalhar nos empregos que lhe aparecem até que consiga a autorização para viver de forma legal na Inglaterra. Hoje em dia esse assunto está muito em debate, principalmente depois que a Inglaterra resolveu deixar a União Européia. Assim deixo a dica para que se conheça a dura vida de um imigrante africano em terras da Europa, para que todos possam perceber que definitivamente essa não é uma existência muito tranquila e calma.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

O Abrigo

Título no Brasil: O Abrigo
Título Original: Take Shelter
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Jeff Nichols
Roteiro: Jeff Nichols
Elenco: Michael Shannon, Jessica Chastain, Shea Whigham
  
Sinopse:
Curtis (Michael Shannon) é um pai de família comum do meio oeste americano. Sua filha tem necessidades especiais e seu casamento passa por uma crise. Apesar disso ele tenta levar sua vida em frente, até o momento em que começa a ter visões, pesadelos e alucinações. Com histórico familiar de esquizofrenia ele ignora isso e fica convencido de que o apocalipse está próximo. Para salvar sua família desse cataclisma ele começa a ficar obcecado em construir um abrigo enterrado em seu quintal.

Comentários:
Um filme bem fora do convencional. O roteiro não parece muito preocupado em destrinchar sua estória, mas sim em explorar todas as interpretações possíveis sobre o que realmente estaria acontecendo com o personagem principail. Estaria ele ficando louco ou sua preocupação com um grande desastre de proporções épicas teria algum fundo de verdade? Procurando ser enigmático o argumento então parte desse pressuposto para desfiar, sua no mínimo curiosa, trama. O grande destaque, além da excelente direção de Jeff Nichols, vai para a inspirada atuação do ator Michael Shannon. Ele domina o filme da primeira à última cena. O espectador acaba ora simpatizando com suas sinceras intenções, ora fica espantado por suas atitudes bizarras sob um ponto de vista puramente racional. No geral passa longe de ser um filme acessível a todos os públicos, mas por ser tão original vale certamente a pena conhecer (e de quebra tentar desvendar a estranha mente de Curtis, um sujeito fora do normal, porém não menos do que realmente interessante).

Pablo Aluísio.

O Núcleo - Missão ao Centro da Terra

Título no Brasil: O Núcleo - Missão ao Centro da Terra
Título Original: The Core
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jon Amiel
Roteiro: Cooper Layne, John Rogers
Elenco: Aaron Eckhart, Hilary Swank, Delroy Lindo
  
Sinopse:
Por causas desconhecidas da ciência o núcleo do planeta Terra deixa de girar. Isso causa um grande problema para todo o mundo, pássaros não sabem mais como se localizar no espaço, marcapassos e aparelhos eletrônicos param de funcionar e o pior de tudo: com o fim de seu eixo gravitacional e magnético a camada de ozônio passa a desaparecer de forma rápida. Para evitar o desastre completo uma equipe é enviada em uma nave especialmente adaptada para o centro da Terra, para assim tentar descobrir o que de fato estaria acontecendo.

Comentários:
Boa ficção que não teve o sucesso merecido. Acontece que o filme foi lançado logo após o desastre com a nave Columbia, onde vários astronautas morreram e isso causou um certo mal estar no público americano, que acabou deixando os cinemas vazios. Com isso a bilheteria foi ruim e não conseguiu recuperar o orçamento investido. Uma pena já que a produção tem seu charme, principalmente por optar por algo diferente. A nave usada pela equipe que vai para o centro da Terra se chama Virgin e é bem interessante, praticamente uma broca gigante que começa uma missão única e diferente. Os efeitos especiais são muito bons, porém o grande atrativo desse sci-fi é o elenco (formado por oscarizados como Hilary Swank) e os personagens principais, pessoas de certa forma comuns que precisam lidar com uma situação extremamente importante para o planeta. De certa maneira o roteiro busca inspiração nos livros de Júlio Verne, em especial a obra prima "Viagem ao centro da terra" de 1864, o que torna tudo ainda mais saboroso. Não deixe de conferir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Diário de um Louco

Título no Brasil: Diário de um Louco
Título Original: Diary of a Madman
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Reginald Le Borg
Roteiro: Robert E. Kent
Elenco: Vincent Price, Nancy Kovack, Chris Warfield, Elaine Devry, Ian Wolfe, Stephen Roberts
  
Sinopse:
Baseado na obra do escritor francês Guy de Maupassant, o filme narra a estranha estória do magistrado Simon Cordier (Vincent Price). Após sua morte, o seu diário pessoal é aberto e seu conteúdo revelado. Em suas páginas o respeitado juiz então relembra o caso Girot. Um homem havia sido condenado à morte pelo assassinato de várias pessoas. Ele porém se defendia até o último momento dizendo que não havia realmente cometido os crimes, mas sim uma entidade demoníaca que tomou controle de sua mente. Após conhecer pessoalmente o acusado Louis Girot em sua cela, o juiz Cordier começa a ter estranhas alucinações com a mesma entidade que o prisioneiro alegava existir! Loucura ou mais um caso inexplicável de possessão?

Comentários:
Esse é certamente um dos filmes mais interessantes da carreira do ator Vincent Price. Isso porque seu roteiro tem uma elegância e um desenvolvimento tão sui generis que acabam se destacando em sua vasta filmografia. Price interpreta um juiz muito íntegro e honesto que se vê envolvido em uma situação do qual não consegue mais ter controle. Viúvo e solitário, ele começa a se envolver com uma jovem ambiciosa que deseja apenas colocar as mãos em sua fortuna. Ela já é casada com um pobre pintor, um artista que não consegue vender nem seus próprios quadros. Cansada dele, resolve dar o golpe do baú no velho magistrado. O problema é que o veterano juiz começa a ter alucinações, ouvindo vozes de uma entidade sobrenatural. Essas crises começaram logo após ele visitar um homem acusado de assassinatos que alegava que essas mesmas vozes o levava a cometer atrocidades. Depois desse dia essa voz - essencialmente maquiavélica - começa então a torturar a mente do magistrado Cordier (Price) e ele aos poucos vai trilhando o caminho da loucura. Uma forma do juiz tentar se livrar delas vem justamente nesse novo romance improvável que surge em sua vida. O problema é que sendo a garota uma aproveitadora, ela poderá se tornar facilmente uma das suas próximas vítimas. O curioso roteiro também surpreende ao tentar dar uma explicação ao estranho fenômeno o denominando de "horla". Em nenhum momento é revelado ao espectador que estaria havendo algum tipo de possessão demoníaca em tudo o que está acontecendo, embora em determinada cena a aversão dessa entidade a uma cruz que surge demonstre justamente o contrário. Assim o texto do escritor do século XIX Guy de Maupassant se mostra mais complexo do que se possa imaginar. Em relação a Price o grande destaque é a possibilidade dele desfilar na tela toda a sua elegância natural e seus modos de um típico cavalheiro. Na vida real Price era um gentleman, um homem muito culto e refinado, que aqui encontrou um personagem à altura de sua verdadeira personalidade. Em suma, um filme de terror psicológico que se diferencia por sua inteligência e complexidade. É seguramente um dos filmes mais recomendados de Vincent Price. Não deixe de conhecer.

Pablo Aluísio.

Visitantes na Noite

Título no Brasil: Visitantes na Noite
Título Original: Cold Sweat
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos, França, Bélgica
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Terence Young
Roteiro: Dorothea Bennett, Jo Eisinger
Elenco: Charles Bronson, James Mason, Liv Ullmann
  
Sinopse:
Joe Martin (Charles Bronson) é um americano vivendo tranquilamente ao lado da sua esposa e filha no sul da França. Alugando barcos para turista ele consegue ter uma vida tranquila e feliz pela primeira vez em sua vida. Tudo muda quando criminosos levam como refém sua mulher. O problema é que Martin tem um passado obscuro. Dez anos antes ele fugiu de uma prisão nos Estados Unidos ao lado de comparsas. Durante a fuga nem tudo saiu como planejado e um dos fugitivos morreu. Agora a antiga organização criminosa de que fez parte quer acertar as contas com ele, que precisará se armar até os dentes para sobreviver. 

Comentários:
O diretor Terence Young que havia dirigido vários filmes de James Bond, o agente 007, entre eles "O Satânico Dr. No", "Moscou Contra 007" e "007 Contra a Chantagem Atômica", se uniu ao ator Charles Bronson no começo da década de 1970 para a realização desse violento filme de ação ambientado no sul da França. A temática obviamente tende para o lado mais violento, com Bronson interpretando um tipo de personagem que se repetiria ao longo de sua filmografia nos anos posteriores, a do homem sério e calado que partia para uma vingança insana após sofrer algum tipo de injustiça. Aqui ele se torna alvo de criminosos que levam sua esposa como refém, isso depois de desfrutar de longos anos de paz e felicidade ao lado dela. Terence Young assim se utiliza de sua experiência adquirida nos primeiros filmes da franquia 007 para incrementar várias cenas de pura ação, algumas até estilizadas, roubando um pouco da estética dos filmes de faroeste italianos, onde a violência não era apenas brutal como também quase caricatural. Por causa disso o filme acabou encontrando problemas de exibição em diversos países pelo mundo afora. Na Inglaterra, por exemplo, a British Board of Film Classification deu uma classificação etária muito alta, fazendo com que os produtores promovessem cortes, principalmente em cenas de nudez e de extrema violência, como a quebra do pescoço de um dos criminosos da fita. Mesmo assim o filme fez sucesso, fazendo com que Charles Bronson e Terence Young voltassem a trabalhar juntos nos filmes "Sol Vermelho" (1971) e "Os Segredos da Cosa Nostra" (1972), afinal de contas a parceira entre eles parecia funcionar muito bem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Vivien Leigh - A Nau dos Insensatos

A atriz Vivien Leigh entrou para a história do cinema por causa de sua atuação no papel de Scarlett O´Hara no clássico "...E O Vento Levou". Depois de realizar um filme como esse, considerado um dos maiores de todos os tempos, ela poderia até mesmo deixar a carreira de lado que ainda assim estaria imortalizada para sempre nas telas. Acontece que Vivien seguiu em frente e de fato ainda trabalhou em outras grandes obras da sétima arte como, por exemplo, sua sempre lembrada atuação como Blanche DuBois em "Uma Rua Chamada Pecado" ao lado de Marlon Brando. Embora de saúde frágil, Vivien nunca realmente parou de atuar simplesmente porque amava sua profissão.

É verdade que ela era extremamente criteriosa na escolha dos roteiros, mas isso só ajudou a consagrar sua filmografia, recheada de pequenas e grandes obras primas. Em 1965 Vivien fez seu último filme, que no Brasil recebeu o título de "A Nau dos Insensatos", Ao lado de um elenco realmente muito bom - embora não houvesse nenhum grande astro - ela deu vida a uma amarga viúva americana viajando em um navio entre o México e a Alemanha. Esnobe, fria e tentando manter uma postura de fina elegância, ela fazia força para esconder todos os seus problemas emocionais mais profundos.

Os anos do frescor da juventude já tinham ficado para trás, mas mesmo assim Vivien Leigh esbanjava beleza com seus olhos marcantes. O diretor Stanley Kramer me deixou a impressão de que teria ficado até mesmo intimidado por ter dirigido Leigh. Tanto isso me pareceu verdade que sua personagem, Mary Treadwell, parece estar sempre resguardada, só surgindo em cena nos momentos mais cruciais. Talvez por essa razão também Vivien Leigh acabou ficando de fora nas indicações do Oscar naquele ano. Embora "A Nau dos Insensatos" tenha sido indicado a oito estatuetas, ela não foi indicada ao prêmio de melhor atriz. Melhor se saiu Simone Signoret, cuja personagem tinha muito mais espaço dentro da estória do filme.

Ainda assim Vivien tem dois excelentes momentos no filme. No primeiro ela entra em sua cabine e fica particularmente desolada após ter sido até mesmo devastada por um tripulante com quem ela vinha mantendo um flerte casual. Após esnobá-lo ele lhe diz que em muito breve ela só conseguirá ter a companhia de homens se pagasse por isso. Foi uma forma rude de dizer que ela estava ficando velha e sem atrativos. Depois quando o personagem de Lee Marvin entra por engano em seus aposentos ela começa a desferir nele todo o seu ódio, como se quisesse se vingar da vida. Enfim, deixo aqui a recomendação desse belo filme clássico, o último de uma das atrizes mais marcantes do cinema.

Pablo Aluísio.