sexta-feira, 30 de março de 2018

The Crown - Primeira Temporada

A série The Crown conta a história da atual monarca da Inglaterra, a Rainha Elizabeth II, desde o momento em que seu pai fica doente, com um câncer de pulmão agressivo, até os dias atuais. Uma série com produção requintada, ótimo elenco e produção de primeira linha. A primeira temporada teve sua estreia em novembro de 2016, com excelente retorno de público e crítica. Essa primeira temporada contou com 10 episódios, sendo os dois primeiros editados em conjunto, para se assistir como se fosse um longa-metragem. Em suma, uma série de muito bom gosto, para quem aprecia programas com mais refinamento. Vamos aos episódios comentados dessa primeira temporada.
 
The Crown 1.01 / 1.02- Wolferton Splash / Hyde Park Corner - Estou começando a assistir essa série inglesa que conta a história da Rainha Elizabeth II. Até o momento já conferi os dois primeiros episódios intitulados Wolferton Splash e Hyde Park Corner, respectivamente. A história não começa na infância dela, como era de esperar. Quando o primeiro episódio começa já encontramos Elizabeth mocinha, na juventude ainda. Seu pai, o Rei George VI, era um fumante inveterado, fumando vários maços por dia. Naquela época ainda não se tinha uma visão completa de como o cigarro poderia fazer mal à saúde. O Rei vai ficando cada vez mais doente. Uma cirurgia é realizada, ainda numa fase primitiva da medicina, e parte de seu pulmão é retirado. Ele sobrevive por pouco à intervenção. Algo até brutal. O curioso é que tudo não foi feito no hospital, como era de se esperar. O Rei preferiu que uma sala luxuosa do Palácio de Windsor fosse adaptado, com ele sendo aberto cirurgicamente debaixo de luxuosos lustres dr cristal. No mínimo bizarro.

Pois bem, ele ainda se recupera aos poucos, porém sempre tossindo sangue. No segundo episódio Elizabeth é enviada para uma longa viagem pela Commonwealth, a comunidade britânica de nações. Na África, enquanto tentava se adaptar aos costumes do lugar, acaba recebendo a notícia que o Rei havia falecido. Ao amanhecer seu mordomo foi até seus aposentos para lhe acordar, mas o Rei já estava morto. Alguns aspectos desses dois primeiros episódios também chamam a atenção. O primeiro ministro Winston Churchill está lá, já no fim de sua carreira política, quando ele já estava velho demais para seguir em frente. Outro personagem que chama atenção é o príncipe Phillip, com algo até de antipático. Esnobe e petulante ele comete uma gafe e tanto quando confunde uma coroa de um rei africano com um chapéu. Sujeitinho ignorante. / The Crown 1.01 / 1.02- Wolferton Splash / Hyde Park Corner (Inglaterra, 2016) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Claire Foy, Matt Smith, Victoria Hamilton.

The Crown 1.06 - Gelignite
Série que resgata a história da rainha Elizabeth II (Claire Foy), desde o momento em que ele assume o trono. Era bastante jovem ainda e teve que lidar com problemas delicados. Nesse episódio o problema principal vem da própria irmã Margaret (Vanessa Kirby). Ela se apaixona por um capitão divorciado e sem tradição dentro da nobreza britânica. Acontece que membros da família real não poderiam em tese se casar com pessoas divorciadas, já que Elizabeth é também chefe da Igreja Anglicana, que proíbe o divórcio. E aí cria-se uma situação delicada. Elizabeth não pode dar a autorização para a irmã sem passar por cima da doutrina anglicana. Complicado. Bom episódio que explora um aspecto pouco lembrado, a de que ser monarca também significa conciliar interesses que são na verdade inconciliáveis. / The Crown 1.06 - Gelignite (Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Julian Jarrold / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Claire Foy, Matt Smith, Victoria Hamilton.

The Crown 1.07 - Scientia Potentia Est
A rainha Elizabeth II (Claire Foy) se ressente das falhas de sua educação. Ela vai receber em breve o presidente dos Estados Unidos em Windsor e se sente despreparada para conversar com ele. Assim decide que precisa se preparar e contrata um professor para lhe ensinar mais coisas sobre ciência, energia nuclear, etc. Elizabeth II fica tão desnorteada com sua situação pessoal que confronta a mãe sobre suas falhas educacionais. É surpreendente descobrir nesse episódio que a própria rainha da Inglaterra se sentia despreparada para lidar com os maiores líderes mundiais. Uma situação até vergonhosa. Enquanto Elizabeth II vai aprendendo, como uma boa aluna, o primeiro ministro Winston Churchill (John Lithgow) sofre um derrame. O pior é que ele decide esconder sua condição da monarca que fica realmente furiosa quando descobre que esse tipo de informação lhe foi escondida. O ponto alto do episódio acontece quando o primeiro ministro se encontra pessoalmente com a rainha. O clima de tensão é muito bem trabalhado pelo roteiro. / The Crown 1.07 - Scientia Potentia Est (Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Benjamin Caron / Roteiro:  Peter Morgan / Elenco: Claire Foy, John Lithgow, Matt Smith, Victoria Hamilton.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de março de 2018

Tarzan e a Mulher Leopardo

Título no Brasil: Tarzan e a Mulher Leopardo
Título Original: Tarzan and the Leopard Woman
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Studios
Direção: Kurt Neumann
Roteiro: Carroll Young
Elenco: Johnny Weissmuller, Brenda Joyce, Johnny Sheffield
  
Sinopse:
Várias caravanas desaparecem bem no meio da selva. Relatos afirmam que foram atacadas por estranhos seres, meio homens e meio leopardos. Tarzan (Johnny Weissmuller) acredita nessa versão, apesar de pessoalmente nunca ter visto nada parecido em seus longos anos vivendo na floresta. Já Jane (Brenda Joyce) pensa ser tudo uma bobagem, uma lenda inventada por pessoas da região. Após mais um ataque, Tarzan resolve ir a fundo para descobrir toda a verdade. Filme baseado nos personagens criados por Edgar Rice Burroughs.

Comentários:
Um dos últimos filmes de Johnny Weissmuller no papel de Tarzan. Ele deixaria o personagem definitivamente apenas dois anos depois após rodar as fitas "Tarzan e a Caçadora" e "Tarzan e as Sereias". O fato é que Weissmuller estava velho demais para interpretar o Rei das Selvas. Curiosamente nessa película, apesar de aparentar já uma idade mais avançada do que seria a ideal, ele ainda conseguia continuar em boa forma física. Fruto de seus anos de treinamento como atleta olímpico. O roteiro é um dos que mais se aproximam ao espírito de aventuras dos quadrinhos da época. Há todo um enredo focado principalmente na fantasia e na imaginação. Encontramos essa estranha seita no meio da selva, formada por adoradores de um Deus em forma de Leopardo e sua sacerdotisa pagã, adepta de sacrificios humanos à sua divindade. São eles que promovem os saques e ataques às caravanas de mercadores. 

O filme é curtinho, meros 72 minutos de duração, e traz Tarzan em cenas de ação que vão agradar aos fãs - ele luta com leopardos, como não poderia deixar de ser, e ensaia até mesmo um confronto com um crocodilo. O único aspecto decepcionante vem do fato de Johnny Weissmuller não dar seu famoso grito em nenhum momento do filme - logo o que se tornou sua marca mais característica como Tarzan. Uma aventura divertida, movimentada e que consegue abrir margem até mesmo para momentos mais enfadonhos da rotina da família Tarzan na selva, como um chuveiro velho que está sempre dando problemas. Quem interpreta Jane é a loira Brenda Joyce, aqui tentando levar uma vida de dona de casa americana dos anos 40 no meio da selva, só que ao invés de eletrodomésticos típicos da época ela precisava se virar com bambus e folhas das árvores. Era bonita e simpática, mas jamais estaria à altura da Jane original, Maureen O'Sullivan. Em suma, uma boa diversão nos momentos finais da franquia de Tarzan com Johnny Weissmuller no papel principal. Sinais de saturação estão por todas as partes, mas mesmo assim o filme ainda conseguia divertir e entreter.

Pablo Aluísio.

O Mensageiro da Vingança

Título no Brasil: O Mensageiro da Vingança
Título Original: Johnny Cool
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: William Asher
Roteiro: Joseph Landon, John McPartland
Elenco: Henry Silva, Elizabeth Montgomery, Richard Anderson
  
Sinopse:
Salvatore Giordano (Henry Silva) é um criminoso pé de chinelo siciliano que cai nas graças de um poderoso chefão mafioso, Johnny Colini (Marc Lawrence). Depois de entrar em sua organização criminosa é enviado para os Estados Unidos onde deverá executar uma série de crimes em nome de seu chefe. Ao chegar na América adota o codinome de "Johnny Cool". Em Nova Iorque começa a assassinar todos os nomes que constam da lista de Colini, numa série de vinganças do crime organizado. Seu único erro acaba sendo mesmo se envolver com a mulher errada.

Comentários:
Quando esse filme foi realizado o nome de Henry Silva estava na crista da onda em Hollywood. Sob as bençãos do "Rat Pack", ao qual chegou a fazer parte, ele deu partida na filmografia que deveria lhe transformar em um astro. O enredo se inspira diretamente numa série de livros que estava fazendo bastante sucesso nas livrarias americanas na época. Épicos escritos por autores como Mario Puzo, por exemplo. O mundo da Cosa Nostra parecia fascinar o americano médio comum que começou a devorar esse tipo de literatura. O roteiro de "Johnny Cool" foi baseado na novela escrita por John McPartland, um escritor muito popular naqueles anos. Seus textos já tinham sido adaptados com êxito em Hollywood em filmes como "Vidas Truncadas" de 1957 e "A Mulher do Próximo" de 1959. Suas tramas procuravam desvendar os mistérios que rondavam as vidas de gangsters italianos nos Estados Unidos. Aqui temos um bom filme, valorizada pelo bom texto e por pequenas participações especiais que acabam deixando tudo ainda mais interessante, como a presença muito especial do cantor Sammy Davis, Jr (amigo pessoal de longa data de Henry Silva). A atriz Elizabeth Montgomery iria se consagrar anos depois na TV no papel de Samantha Stephens na extremamente popular série "A Feiticeira" que iria durar de 1964 até 1972 (chegou a ser exibida com muito sucesso no Brasil também). Dessa maneira deixamos a dica desse bom filme policial que é pouco conhecido nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de março de 2018

Epopeia Trágica

Título no Brasil: Epopeia Trágica
Título Original: Scott of the Antarctic
Ano de Produção: 1948
País: Inglaterra
Estúdio: Ealing Studios
Direção: Charles Frend
Roteiro: Walter Meade, Ivor Montagu
Elenco: John Mills, Derek Bond, Diana Churchill
  
Sinopse:
O filme narra a história real do aventureiro e explorador inglês Robert Falcon Scott (John Mills) que liderou uma expedição no século XIX cujo objetivo era alcançar o marco zero do pólo sul do planeta. Uma verdadeira epopeia em uma das regiões mais hostis da Terra. Ao lado de seus homens ele acabou desafiando todos os limites da resistência humana, enfrentando temperaturas e desafios jamais confrontados por outros exploradores. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico.

Comentários:
O cinema inglês de uma forma em geral nunca deixou a desejar em relação ao que estava sendo produzido em Hollywood durante a década de 1940. Um exemplo disso é esse excelente "Scott of the Antarctic". Até mesmo hoje em dia ficamos surpresos com a supremacia técnica que essa fita possui. Tudo muito bem realizado, com maravilhosas tomadas de cena do continente gelado. Para dar realismo nas cenas da expedição uma parte da equipe de filmagem foi despachada para a própria Antarctica, onde foram filmadas excelentes sequências numa região conhecida como Graham Land. Se nos dias de hoje uma viagem para aquele continente é um desafio, imagine há mais de setenta anos! Pode-se dizer que a realização do filme em si já foi uma aventura e tanto para esses profissionais do cinema. Parte da produção também foi rodada na fria Noruega, um dos países europeus mais gelados do continente. Além da grande qualidade técnica da produção o filme ainda contou com um elenco comprometido e talentoso, incluindo o magistral John Mills que dá um verdadeiro  show interpretando o papel principal. Com roteiro baseado em farta documentação histórica, esse é sem dúvida uma das melhores aventuras realizadas pelo cinema britânico. Um resgate de um evento histórico que marcou o momento em que o homem ousou enfrentar a natureza em busca de um ideal.

Pablo Aluísio.

Contra Espionagem

Título no Brasil: Contra Espionagem
Título Original: Man on a String
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Boris Morros, Charles Samuels
Elenco: Ernest Borgnine, Kerwin Mathews, Colleen Dewhurst
  
Sinopse:
Boris Mitrov (Ernest Borgnine) é um imigrante russo nos Estados Unidos que conseguiu realizar o sonho americano. Produtor bem sucedido, ele se dá muito bem na capital mundial do cinema, Hollywood. Logo se torna um homem rico dentro da indústria cinematográfica. Por causa de sua origem começa a se envolver com outros russos que também vão aos Estados Unidos, alguns deles notórios espiões soviéticos. Isso faz com que o governo americano o leve a uma escolha crucial: ele poderá decidir entre se tornar um agente duplo dos americanos ou então ir para a cadeia, acusado de espionagem. 

Comentários:
Ernest Borgnine era aquele tipo de ator que colocava seu coração e alma em todos os filmes de que participava. Nesse "Man on a String" ele encarna um sujeito comum que é levado para o mundo da espionagem por causa da paranóia que reinava durante a guerra fria. Ao contrário de um James Bond, que dava toda a pinta de ser um agente secreto, ele aparentava ser um homem comum, acima de qualquer suspeita. Isso é curioso porque os agentes do mundo real são assim mesmo, nada parecidos com Bond, até porque se passar por uma pessoa normal já era a metade do trabalho de um verdadeiro membro do serviço secreto. Seu personagem é um russo que tem a pretensão de trazer seu pai e seus irmãos para virem morar ao seu lado nos Estados Unidos. Ele vive muito bem em uma bela casa de Los Angeles, bem longe da realidade de miséria em que vivia no mundo soviético. Ele acredita no sonho americano. Por ser russo porém ele acaba sendo vigiado dia e noite pelo serviço secreto americano e em pouco tempo é aliciado para virar um agente duplo para os Estados Unidos. Um bom filme, bem escrito, com um roteiro que privilegia a seriedade e o suspense, tudo bem longe da fanfarronice que iria se abater sobre os futuros filmes estrelados por 007. O fato de ter supostamente sido inspirado em fatos reais ajuda ainda mais em seu resultado final.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de março de 2018

As Mil e uma Noites

Título no Brasil: As Mil e uma Noites
Título Original: Arabian Nights
Ano de Produção: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Rawlins
Roteiro: Michael Hogan
Elenco: Jon Hall, Maria Montez, Sabu
  
Sinopse:
Adaptação do famoso livro "Kitāb 'alf layla wa-layla" (As Mil e Uma Noites), compilação de estórias fantasiosas datadas do século V. No enredo o califa de Bagdá precisa se esconder com um grupo de artistas que viajam quando seu irmão usurpa repentinamente o trono. Agora ela terá que lidar com o tirano, ao mesmo tempo em que corteja a mulher de seus sonhos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Milton R. Krasner e William V. Skall), Melhor Direção de Arte (Alexander Golitzen e Jack Otterson), Som (Bernard B. Brown) e Música (Frank Skinner). 

Comentários:
Essa adaptação do famoso livro oriental acabou dando origem a um novo subgênero em Hollywood: a dos filmes de aventuras das mil e uma noites! Isso mesmo, o próprio nome do filme acabou virando um adjetivo para designar filmes na mesma linha, com princesas, príncipes, vilões e monstros mitológicos, todos se passando em um Oriente Médio de mentirinha, ou naquilo que os produtores americanos acreditavam ser o Oriente Médio. Obviamente que quando o material original chegou nas mãos dos roteiristas dos grandes estúdios várias modificações foram providenciadas. O sexo e a sedução sem pudores dos textos originais foram suavizados, o mesmo valendo para a violência, que se tornou estilizada, tal como se fosse um desenho animado da Disney. E de todos os estúdios cinematográficos o que mais lucrou com essa vertente foi a Universal que criou uma verdadeira linha de produção de filmes nesse estilo. Como eram produções baratas que rendiam muito os produtores logo entenderam que tinham encontrado um novo filão garantido de bilheteria. O curioso é que o próprio produtor  Walter Wanger chegou a declarar na época que esse tipo de filme seria o "novo western" do cinema americano. Bom, olhando para trás realmente não foi, mas que trouxe muita diversão ao público isso certamente trouxe. E esse "Arabian Nights" é o grande pai de tudo o que veio depois. Se você se interessa por esse tipo de filme não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

A Garota Que Eu Quero

Título no Brasil: A Garota Que Eu Quero
Título Original: The Petty Girl
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Henry Levin
Roteiro: Nat Perrin, Mary McCarthy
Elenco: Robert Cummings, Joan Caulfield, Elsa Lanchester, Melville Cooper

Sinopse:
George Petty (Robert Cummings) é um artista famoso por seus retratos de calendário, onde procura mostrar toda a extensão da beleza de mulheres lindas e sensuais. Durante uma visita à escola local acaba ficando fascinado pela senhorita Victoria Braymore (Joan Caulfield), uma professora que mais parece uma modelo. Sua beleza chama a atenção de todos. Obviamente Petty tenta convencê-la a posar em seu estúdio de fotografia, mas em vão. Em sua visão Victoria é a mulher ideal, com o qual ganhará milhões de dólares, explorando sua beleza incrível em revistas e em desfiles de moda. Ela porém recusa a oferta! Petty porém está determinado a não aceitar um "não" como resposta.

Comentários:
Ah, os anos 1950! Em uma época muito moralista e fechada os produtores de cinema faziam o que era possível para trazer um pouco de sensualidade para as telas. Só o simples fato de termos um enorme número de belas pin-ups desfilando em cena em trajes de banho já era garantia de uma certa bilheteria naqueles tempos reprimidos. Nesse filme garotas bonitas não faltam. Para contrabalancear o lado de mais humorístico e bem humorado do roteiro, os produtores também resolveram acrescentar pequenos e pontuais números musicais que hoje em dia vão soar ora nostálgicos, ora datados, dependendo de cada espectador. O interesse é que o rock como gênero musical ainda não havia nascido nos Estados Unidos, mas já havia todo um clima bem propício para seu surgimento, como bem prova essa película, pois ela foi realizada obviamente focando no público mais jovem, adolescente, demonstrando que já havia um mercado consumidor para esse tipo de produto. A atriz Joan Caulfield era modelo antes de virar atriz, inicialmente em peças da Broadway, para depois ir para a costa oeste onde Hollywood começou a apostar seus dotes físicos e dramáticos. Uma típica loira dos anos 1950, não conseguiu abalar o reinado de Marilyn Monroe, mas conseguiu transmitir simpatia e carisma com seus filmes, provando que nem só de Norma Jean vivia os estúdios de cinema da época.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Aeroporto 77

Esse foi mais um filme da franquia de filmes "Aeroporto". Praticamente todos os filmes foram sucessos de bilheteria, repetindo basicamente a mesma fórmula, reunindo um elenco de grandes ídolos do passado ás voltas com problemas (e desastres) em viagens de avião. Aqui temos James Stewart interpretando um milionário chamado Philip Stevens. Ele está promovendo a abertura de um grande museu de arte com sua própria coleção de quadros históricos, alguns deles valendo milhões de dólares. O museu vai funcionar em uma de suas muitas mansões. Ele quer que toda a sua coleção seja apreciada pelo público. Acontece que sua inigualável coleção de arte está do outro lado do país. Assim ele manda um dos seus aviões particulares, um enorme Boeing 747, trazer todos os seus quadros para a costa oeste. Além disso o avião traz ainda um seleto grupo de convidados especiais, críticos de arte, milionários e sua filha, acompanhada do neto que ele mal conhece.

A viagem com tantas obras de arte caríssimas chama a atenção de um grupo de criminosos. Eles se infiltram na tripulação. Seu plano é tomar controle do avião, tirando ele da vista dos radares, o levando para uma velha pista de pouso abandonada desde a II Guerra Mundial. Essa pista fica em uma ilha isolada do Caribe. Eles querem obviamente roubar toda a galeria de arte, onde estão quadros de Renoir, Picasso, Van Gogh, etc. Cada um desses quadros valem milhões de dólares. No começo o plano criminoso sai bem, mas logo o copiloto, que também faz parte da quadrilha, perde o controle do 747 e o grande avião sofre um acidente. O piloto é interpretado por Jack Lemmon. Ele tenta de todas as formas salvar a vida dos passageiros, mas isso não será algo fácil de fazer. O avião cai no mar e vai afundando aos poucos. O roteiro é um clássico da série "Aeroporto". Todos os grande atores do elenco, com exceção de James Stewart e Jack Lemmon, tem poucas chances de desenvolver seus personagens. A grande dama Olivia de Havilland, por exemplo, não tem maiores possibilidades de mostrar seu talento. Ela interpreta uma passageira milionária que no final das contas tenta apenas sobreviver ao desastre. Idem para o "Drácula" Christopher Lee. Casado com uma mulher insuportável ele acaba tendo um final trágico. Enfim, um filme que não decepcionou os fãs do cinema catástrofe. Como foi mais um sucesso de bilheteria abriu espaço para outras produções da mesma linha. Nos anos 70 os filmes "Aeroporto" eram sucessos certos nos cinemas.

Aeroporto 77 (Airport '77, Estados Unidos, 1977) Direção: Jerry Jameson / Roteiro: Arthur Hailey, Michael Scheff / Elenco: Jack Lemmon, James Stewart, Christopher Lee, Olivia de Havilland, George Kennedy, Lee Grant, Joseph Cotten / Sinopse: Grande avião Boeing 747 é sequestrado, sofre um acidene e cai no mar. Enquanto vai afundando o piloto tenta uma forma de salvar as vidas de todos os passageiros. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte (George C. Webb e Mickey S. Michaels) e Melhor Figurino (Edith Head, Burton Miller).

Pablo Aluísio.

Minha Doce Gueixa

Esse filme é uma comédia romântica estrelada pela atriz Shirley MacLaine (fazendo par com Yves Montand) que fez bastante sucesso nos cinemas em seu lançamento original. Na estória ela interpreta uma atriz americana de cinema de sucesso. Casada com um diretor francês (interpretado por Montand) eles formam um belo par, tanto dentro como fora das câmeras. Só que o marido decide que chegou a hora de alcançar novos desafios. Ele decide ir para o Japão para dirigir uma nova versão de "Madame Butterfly" apenas com atrizes japonesas, captando bem a alma daquele país oriental distante. Assim sua esposa acaba ficando fora do projeto por isso. Só que ela não desiste assim tão fácil de participar do novo filme do maridão. Viaja escondida para o Japão e usando uma forte maquiagem de gueixa consegue enganar o diretor, ganhando o papel para o filme. Quem interpreta o produtor é o grande ator Edward G. Robinson.

O roteiro se apoia muito (para não dizer totalmente) em uma única piada que é o fato de Shirley MacLaine estar disfarçada de gueixa japonesa enquanto o marido nem desconfia de quem ela seja na verdade. Claro que sob trajes típicos, com o rosto pintado e com os olhos puxados, ela fica bem diferente, porém é preciso uma grande dose de cumplicidade do espectador para acreditar que nem seu próprio marido a reconheça por semanas e semanas. Shirley MacLaine como sempre está uma graça. Sempre a considerei muito bonita, uma atriz diferente que não procurou seguir os passos de ninguém. No mundo de cinema da época onde reinavam loiras exuberantes como Marilyn Monroe, ela surgia nos filmes com cabelos ao estilo "joãozinho", com cara de moleca, sem forçar nenhum tipo de sensualidade artificial. Aqui a maquiagem muito bem feita a transformou numa verdadeira japonesa tradicional, mas nada que pudesse enganar nem o próprio marido. Por isso o enredo bobinho vai se saturando até o final. O que acaba valendo a pena mesmo é a presença sempre carismática de  Shirley MacLaine. Fora isso a estorinha hoje soa meio bobinha mesmo. O tempo cobrou seu preço.

Minha Doce Gueixa (My Geisha, Estados Unidos, 1962) Direção: Jack Cardiff / Roteiro: Norman Krasna / Elenco: Shirley MacLaine, Yves Montand, Edward G. Robinson / Sinopse: Lucy Dell (Shirley MacLaine) é uma atriz americana que para participar do novo filme do marido se disfarça de japonesa tradicional, assumindo a identidade de uma gueixa chamada Yoko Mori. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Edith Head).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Em Busca do Ouro

É um dos clássicos mais conhecidos de Charles Chaplin. Aqui ele leva Carlitos, o adorável vagabundo, para o Alaska, na corrida ao ouro. Logo no começo do filme duas coisas interessantes. Chaplin denomina seu personagem de "Aventureiro Solitário". Também faz questão de qualificar o filme como uma comédia dramática. O roteiro, escrito pelo próprio Chaplin, vai bem por esse caminho. O pequenino e frágil Carlitos tem que enfrentar as durezas de uma vida que era para poucos. Muitos que foram em busca do ouro morreram naquelas montanhas geladas. Quando o filme começa ele vaga pela imensidão branca do lugar, com fome e frio. Acaba encontrando uma cabana bem no meio do nada. O problema é que lá está também um foragido da lei, um sujeito que tenta expulsar ele do lugar de todo jeito (o que acaba dando origem a várias cenas engraçadas com o humor físico de Chaplin).

Depois chega outro aventureiro, um sujeito rude, barbudo, um ogro. Os três então tentam sobreviver à grande tempestade de neve. Com seus personagens morrendo de fome Chaplin traz a primeira cena antológica do filme, quando ele prepara sua própria botina como se fosse uma iguaria gourmet. O couro da bota vira um bom filé e os cadarços uma macarronada saborosa. Outra cena sempre muito lembrada acontece quando seu companheiro de cabana, já delirando pela fome, começa a enxergar Carlitos como se fosse um enorme e suculento frango. Há também a genial dança dos pãezinhos, inesquecível. Um marco de Chaplin no cinema. Depois desses apertos finalmente o "aventureiro solitário" chega numa pequena vila, daquelas erguidas da noite para o dia pelos mineradores. E lá Chaplin traz um pouco mais de leveza romântica ao filme, com seu vagabundo se apaixonando platonicamente por uma bela do lugar. Enfim, todos os elementos Chaplinianos estão presentes no filme. Mais um belo momento desse gênio do cinema que conseguiu atravessar o teste do tempo.

Em Busca do Ouro (The Gold Rush, Estados Unidos, 1925) Direção: Charles Chaplin / Roteiro: Charles Chaplin / Elenco: Charles Chaplin, Mack Swain, Tom Murray / Sinopse: Carlitos (Chaplin)  vai até o Alaska onde ouro foi descoberto, causando uma verdadeira febre do ouro, com milhares de pessoas tentando a sorte nas montanhas geladas da região. Com fome e morrendo de frio ele finalmente alcança uma cabana, onde começa sua aventura em busca da riqueza. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (RCA Sound) e Melhor Música (Max Terr).

Pablo Aluísio.

O Bárbaro e a Geisha

O roteiro desse filme é baseado numa história real. O ano é 1856. O primeiro diplomata americano é enviado para o Japão. O país asiático ficou séculos isolado do resto do mundo, com uma grande aversão a estrangeiros em geral. Townsend Harris (John Wayne) assim precisa quebrar muitas barreiras, inclusive culturais. Ele chega numa cidade da costa japonesa acompanhado apenas por um intérprete. Logo nos primeiros dias ele sente toda a hostilidade do governador local. Ele se recusa a reconhecer Harris como agente diplomático e pior do que isso, começa a fazer de tudo para que ele vá embora. As coisas só começam a mudar quando Harris age em favor do povo em um surto de cólera, doença desconhecida pelos japoneses, mas que Harris sabe muito bem como combater - chegando ao ponto de incendiar praticamente toda uma vila para erradicá-la da região.

Esse é um filme muito interessante assinado pelo mestre John Huston. Na época de seu lançamento original alguns fãs de John Wayne não gostaram muito do resultado, afinal o filme de uma maneira em geral não era bem o que Wayne estava acostumado a fazer. É um drama romântico, com ênfase nas primeiras aproximações políticas entre japoneses e americanos. O roteiro trabalhava bem também no relacionamento entre o diplomata americano e uma gueixa japonesa, enviada para servi-lo pelo governador geral. Outro ponto positivo ao meu ver foi mostrar o primeiro encontro entre o cônsul interpretado por Wayne e o imperador japonês, um jovem de apenas 17 anos de idade! O choque cultural se tornou inevitável. Harris (Wayne) quer que o imperador assine um tratado de mútua cooperação internacional entre os dois países, o que desperta a ira dos poderosos que rejeitam completamente a ideia. Bem fotografado, com ótima produção, esse filme pode até ser um ponto fora da linha do tipo de filme que John Wayne era acostumado a estrelar, porém suas qualidade cinematográficas (e diria até históricas) são inegáveis. Mais um excelente filme de John Huston, um dos grandes diretores da história de Hollywood. Era um gênio da sétima arte.

O Bárbaro e a Geisha (The Barbarian and the Geisha, Estados Unidos, 1958) Direção: John Huston / Roteiro: Charles Grayson, Ellis St. Joseph / Elenco: John Wayne, Eiko Ando, Sam Jaffe, Sô Yamamura / Sinopse: O filme conta a história do diplomata Townsend Harris (John Wayne). No século XIX ele se torna o primeiro agente diplomático dos Estados Unidos a chegar ao Japão. Seu objetivo é instalar um consulado, fazendo com que o imperador japonês assine um tratado de aproximação com o governo de seu país, só que desde o primeiro dia em que chega em solo japonês, Harris começa a ser hostilizado pelo povo e pelas autoridades da região, inclusive pelo governador Tamura (Sô Yamamura) que fará de tudo para ele ir embora.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de março de 2018

Domino Kid, O Vingador

Título no Brasil: Domino Kid, O Vingador
Título Original: Domino Kid
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ray Nazarro
Roteiro: Kenneth Gamet, Hal Biller
Elenco: Rory Calhoun, Kristine Miller, Andrew Duggan
  
Sinopse:
Após passar longos anos fora, lutando na guerra civil americana, Domino Kid (Rory Calhoun) finalmente retorna ao lar. Ao entrar no rancho de seu pai descobre que tudo está em ruínas. Pior, seu próprio pai está morto! Um choque em sua vida, mas nada é tão ruim que não possa piorar. Domino acaba sendo informado que ele foi covardemente assassinado por um grupo de bandidos, cinco facínoras que não atenderam seus pedidos de misericórdia antes de ser morto. A partir desse momento Domino decide fazer justiça pelas próprias mãos, indo atrás dos responsáveis pela morte de seu velho pai.

Comentários:
Esse western foi estrelado pelo galã Rory Calhoun (1922–1999), uma das apostas da Universal em emplacar um novo astro nas telas. Ele surgiu quase na mesma época do que outro grande campeão de bilheteria do estúdio, o grandalhão Rock Hudson. Os destinos porém entre eles foi bem diverso. Rock Hudson definitivamente se transformou em um astro, um ator que trouxe muito dinheiro para a Universal ao longo de sua carreira. Rory porém não teve a mesma sorte. Após ser escalado em vários filmes românticos ele acabou sendo deixado de lado pela Universal por não ter correspondido muito bem nas bilheterias. Assim em fins dos anos 1950 ele começou a ser cedido para outros estúdios menores, como a Columbia. Essa não perdeu muito tempo e o escalou em diversos faroestes B de sua linha de produção. "Domino Kid" é um western dessa fase. O personagem era claramente uma adaptação das histórias em quadrinhos populares na época, escrita em um roteiro bem trabalhado pelo talentoso Kenneth Gamet. Havia até mesmo uma expectativa de transformar Domino em um personagem de seriado de TV. O resultado comercial morno porém enterrou esse projeto. De uma forma ou outra temos aqui um bom filme, valorizado justamente por esse estilo mais comic. Vale pela aventura e por boas cenas de ação.

Pablo Aluísio.

Rápidos, Brutos e Mortais

Título no Brasil: Rápidos, Brutos e Mortais
Título Original: Los Amigos
Ano de Produção: 1973
País: Itália
Estúdio: Compagnia Cinematografica, Idea Film
Direção: Paolo Cavara
Roteiro: Lucia Brudi, Paolo Cavara
Elenco: Franco Nero, Anthony Quinn, Pamela Tiffin
  
Sinopse:
Texas, 1830. A região agora é uma República independente do México. O presidente Sam Houston precisa manter a estabilidade política da região e para isso precisa combater os rebeldes que desejam uma nova guerra dentro das fronteiras texanas. Assim ele determina que um de seus agentes, Erastus 'Deaf' Smith (Anthony Quinn) se infiltre sorrateiramente no meio das facções rebeldes. Johnny Ears (Franco Nero), um ex-pistoleiro temido também é enviado para a mesma missão. Curiosamente Smith tem problemas de audição e usa Johnny literalmente como seus próprios ouvidos.

Comentários:
Depois do sucesso de "Django" o ator Franco Nero foi soterrado por convites para realizar filmes de faroeste italianos, os chamados Westerns Spaghettis. Ele porém tinha outras ambições em sua carreira e assim andou por um tempo transitando em outros gêneros cinematográficos, atuando sob a direção de grandes mestres, como por exemplo, Luis Buñuel em "Tristana, Uma Paixão Mórbida". Seu retorno aos filmes de faroeste porém era inevitável e mais cedo ou mais tarde todos sabiam que ele voltaria a montar seu cavalo para empunhar seu colt, cravejando de balas seus inimigos nas telas. Em 1973 o eterno Django finalmente voltou ao estilo nesse "Rápidos, Brutos e Mortais". Na mira nada de muito pretensioso do ponto de vista artístico. A intenção era realmente satisfazer seus antigos fãs, levando o ator novamente para a caracterização de um pistoleiro rápido no gatilho. Ao seu lado os produtores resolveram trazer um nome de peso, o astro Anthony Quinn que foi literalmente importado do cinema americano. O resultado é um faroeste à prova de críticas, muito divertido e movimentado, trazendo de volta às telas aquela estética de violência estilizada que fez a alegria de muitos frequentadores de cinemas populares nos anos 1960 e 1970. Apesar do filme ser italiano ele foi praticamente todo rodado na Espanha, com equipe basicamente formada naquele país. Nero acabou ficando doente no meio das filmagens o que fez seu cronograma de conclusão ficar atrasado. Isso porém fica imperceptível na tela. Um filme que vai acertar em cheio no gosto dos fãs desse tipo de faroeste italiano. Está mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de março de 2018

O Homem Que Luta Só

Um dos últimos filmes de Randolph Scott também é um dos melhores. Aqui ele interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef). O roteiro de "O Homem Que Luta Só" pode até parecer simplista mas é um engano pois é primoroso. O personagem de Scott, um sujeito durão e de poucas palavras, não é exatamente o que parece ser. Na verdade ele nem tem tanta pressa assim em levar Billy John ao seu cadafalso. Suas reais intenções só são reveladas no clímax do filme e aí o espectador já está totalmente fisgado. Aliás vamos admitir que a cena final de "Ride Lonesome" é uma das mais belas que já vi em faroestes - Randolph Scott parado em frente a uma árvore de enforcamentos em chamas! Maravilhosa tomada!

O diretor de "O Homem Que Luta Só" é o cineasta Budd Boetticher que fez vários westerns ao lado de Randolph Scott. Hoje em dia a obra desse diretor tem despertado muito interesse nos EUA pois todos reconhecem que ele nunca foi reconhecido em vida. Era um diretor inteligente, que fazia maravilhas em cena, mesmo com roteiros aparentemente simples. Esse aqui seria o penúltimo filme que rodaria ao lado de Scott (a última produção que reuniria a parceria seria "Cavalgada Trágica" no ano seguinte). Em conclusão digo que "Ride Lonesome" é sem dúvida um dos melhores momentos de Randolph Scott - extremamente bem escrito e dirigido prende a atenção da primeira à última cena.

O Homem Que Luta Só (Ride Lonesome, Estados Unidos, 1959) / Diretor: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Com Randolph Scott, Lee Van Cleef, James Coburn, Karen Steele e Pernell Roberts / Sinopse: Randolph Scott interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef)

Pablo Aluísio. 

A Lei é Implacável

Título no Brasil: A Lei é Implacável
Título Original: The Doolins of Oklahoma
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Gordon Douglas
Roteiro: Kenneth Gamet
Elenco: Randolph Scott, George Macready, Louise Allbritton
  
Sinopse:
Bill Doolin (Randolph Scott) é um bandoleiro no velho oeste americano. Membro da quadrilha dos Daltons ele escapa da morte após chegar atrasado em um encontro com os demais membros de seu bando. Na fuga, para sobreviver, acaba matando um homem. Depois desse crime se torna um homem procurado vivo ou morto pela lei. Eventualmente forma um novo grupo, mas os anos de violência e crimes o esgotam completamente. Assim tenta assumir uma nova vida, com uma nova identidade. O passado porém está prestes a voltar para assombrar novamente sua vida.

Comentários:
O eterno cowboy do cinema Randolph Scott se consagrou como o eterno homem do oeste, bom e íntegro. Em raras ocasiões interpretou vilões ou bandoleiros. Aqui temos um exemplo. Ele interpreta um fora-da-lei, um criminoso conhecido e perseguido que em determinado momento  de sua vida fica farto de tudo. Cansado de fugir e arriscar sua vida ele assim conhece uma boa mulher, Elaine Burton (Virginia Huston), que também sonha em formar uma família para viver feliz no resto de sua vida. Era justamente o que Bill deseja. usando um nome falso, Bill Daley, ele começa a reconstruir sua vida numa pequena e pacata cidade do oeste. Pretende se casar com Elaine e esquecer seu passado de crimes. A lei porém se mostra implacável pois seguindo seus rastros o xerife Sam Hughes (George Macready) descobre seu paradeiro. Para piorar os antigos membros de seu bando também descobrem onde Bill está vivendo. Aos poucos ele acaba percebendo que seus sonhos de felicidade estão prestes a virar poeira. "The Doolins of Oklahoma" é um western da década de 1940 que já traz por antecipação o visual, timing e o roteiro típicos da década que nascia, os anos 1950, um dos períodos mais produtivos do faroeste americano em toda a sua história.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de março de 2018

O Irresistível Forasteiro

Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local. "O Irresistível Forasteiro" é um bom veículo para Glenn Ford, na época se tornando cada mais popular justamente pelos faroestes que vinha estrelando como "Galante e Sanguinário" e "Cowboy". Suas produções no velho oeste davam ótimas bilheterias e dois anos depois desse "Sheepman" ele iria realizar a obra prima de sua filmografia, o inesquecível "Cimarron". Aqui Glenn interpreta um sujeito levemente espertalhão que entra em conflito contra toda uma cidade com sua idéia inconveniente de criar milhares de ovelhas em pastos de gado (como se sabe as ovelhas acabam destruindo os pastos os tornando imprestáveis para a criação bovina).

O tom do filme não é tão pesado quanto supõe a leitura da sinopse, de fato o clima é bem ameno, leve. A presença da simpática e jovem Shirley MacLaine acentua ainda mais esse aspecto. É divertido ver a atriz nesse que foi um de seus primeiros filmes. Ela está encantadoramente jovial, chegando a entoar uma canção numa cena de festa. Já no lado dos vilões uma curiosidade muito interessante, a presença de Leslie Nielsen na pele do "Coronel". Antes de se consagrar como o comediante de muitos filmes que todos acompanharam anos depois, Nielsen participava de produções como essa, westerns com muitos duelos, tiros e ação. "O irresistível Forasteiro" foi dirigido pelo veterano George Marshall, um dos cineastas mais produtivos que já passaram por Hollywood, tendo dirigido quase 200 filmes! - um número impensável nos dias atuais. Em mais de 60 anos de carreira dirigiu todos os tipos de filmes. Um verdadeiro recordista do Guinness Book!

O Irresistível Forasteiro (The Sheepman, Estados Unidos, 1958) Direção: George Marshall / Roteiro: William Bowers, James Edward Grant / Elenco: Glenn Ford, Leslie Nielsen, Shirley MacLaine, Mickey Shaughnessy / Sinopse: Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local.

Pablo Aluísio.

Os Turbulentos

Título no Brasil: Os Turbulentos
Título Original: The Last Posse
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Alfred L. Werker
Roteiro: Seymour Bennett, Connie Lee Bennett
Elenco: Broderick Crawford, John Derek, Charles Bickford
  
Sinopse:
Após uma excursão em busca de bandoleiros e ladrões de banco, um grupo retorna de sua caça sem o dinheiro roubado e sem os principais líderes criminosos da quadrilha. Através de flashbacks o espectador é então levado de volta ao passado, para tentar entender o que de fato teria ocorrido, as traições, subornos e vilanias envolvendo os homens da lei e os bandidos procurados. Afinal o que estaria por trás daquela busca mal sucedida pelas areias do deserto escaldante do velho oeste?

Comentários:
A melhor coisa em "The Last Posse" é o seu roteiro. Nele somos levados várias vezes ao passado da tentativa de captura de um grupo de criminosos no oeste do Alabama. Para muitos o fato dos homens da lei voltarem de mãos vazias de volta à cidade teria sido fruto de pura corrupção: eles na verdade teriam sido comprados pelos bandoleiros com o ouro e o dinheiro roubado que possuíam. Para outros a incompetência do grupo da lei justificaria a não captura dos bandoleiros. Assim o espectador é levado a crer numa ou na outra versão, mostrando a fragilidade da chamada prova testemunhal (muitas vezes conhecida como a "prostituta das provas"). No centro de tudo se destaca a figura do xerife John Frazier (Broderick Crawford), um homem aparentemente honesto, mas com sérios problemas relacionados à bebida. Todos transitam entre o que teria acontecido com o dinheiro roubado, com o destino dos criminosos e a suposta falta de integridade e honestidade dos homens que deveriam zelar pela lei e ordem naquela cidadezinha perdida, esquecida pelos homens e por Deus. No geral "Os Turbulentos" é isso, um bom faroeste B de uma boa safra de filmes da Columbia Pictures que aposta essencialmente em sua bonita fotografia (em preto e branco) e no roteiro esperto e bem escrito.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de março de 2018

Longmire

Longmire 1.01 - Pilot
Fazia tempo que tinha "Longmire" na minha coleção, mas só comecei a assistir a série agora. Esse é o primeiro episódio, o piloto. Na verdade o que me atraiu para "Longmire" foi a oportunidade de acompanhar outra série ao estilo velho oeste. Os episódios giram em torno do cotidiano do xerife Walt Longmire (Robert Taylor), que trabalha em uma pequena cidade perdida do Wyoming. No geral ele atende casos policiais sem maior importância pois os índices de criminalidade são bem pequenos. As coisas porém mudam quando um corpo de um homem é achado nas montanhas geladas. Ele está armado com um rifle, mas foi alvejado a longa distância antes de conseguir atingir seu assassino. As investigações logo começam e o xerife Longmire descobre haver uma ligação entre a morte e um esquema de prostituição na região, envolvendo nativos da reserva indígena local, e mulheres brancas e pobres, que acabam entrando no esquema em troca de dinheiro. Além desse crime, Longmire ainda tem que se preocupar com sua vida pessoal que anda em frangalhos e a próxima eleição para xerife (lá nos Estados Unidos os xerifes são eleitos pela própria população e se não mostrarem serviço são trocados por outros candidatos). Gostei da proposta da série e recomendo para quem gosta de um bom faroeste, embora tudo se passe no moderno (mas nem tanto) oeste americano. De quebra uma curiosidade, a série conta em seu elenco com a presença de Lou Diamond Phillips (de "La Bamba") interpretando um mestiço chamado Henry Standing Bear. Vale a pena conhecer e acompanhar / Longmire - Pilot (EUA, 2012) Direção: Christopher Chulack / Roteiro: Hunt Baldwin, John Coveny / Elenco: Robert Taylor, Katee Sackhoff, Lou Diamond Phillips.

Longmire 1.04 - The Cancer
Nem o pacato estado do Wyoming está livre do pesadelo das drogas. É justamente isso que o xerife Walt Longmire (Robert Taylor) descobre da pior maneira possível. Após dois corpos serem achados no rio de uma reserva, ele começa uma série de investigações que lhe provam que há uma enorme plantação de maconha na região, comandada possivelmente por um elo do cartel de drogas mexicano. Ele pensava até aquele momento que não se produzia e nem se plantava drogas em sua cidade, mas os acontecimentos o fazem mudar de ideia. Pior do que isso, parece haver uma guerra do tráfico nas redondezas, haja visto os dois mortos, frutos diretos dessa disputa. Outro fato que lhe deixa desnorteado é descobrir que não se trata de uma maconha comum, mas especial, cultivada nas montanhas do Afeganistão! Estaria havendo algum tipo de contrabando envolvendo veteranos do exército americano nesse tráfico internacional? São questões que serão respondidas ao longo de todo o episódio. Grande parte da trama se passa na reserva indígena Cheyenne perto das montanhas da região, onde vários filmes de faroeste foram filmados no passado. Um bonito lugar que vai causar muita nostalgia nos fãs de westerns. / Longmire 1.04 - The Cancer (EUA, 2012) Direção: Gwyneth Horder-Payton / Roteiro: Craig Johnson, Hunt Baldwin  / Elenco: Robert Taylor, Katee Sackhoff, Lou Diamond Phillips.

Pablo Aluísio.

Os Madrugadores

Título no Brasil: Os Madrugadores
Título Original: The Sundowners
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Le May-Templeton Pictures
Direção: George Templeton
Roteiro: Alan Le May
Elenco: Robert Preston, Robert Sterling, Chill Wills
  
Sinopse:
O enredo gira em torno de três irmãos, Tom (Robert Sterling), James (Robert Preston) e Jeff (John Barrymore, Jr.). Eles lutam para vencer no concorrido mercado de gado no Texas. Compram, transportam e depois vendem grandes rebanhos que são enviados ao leste. Além das dificuldades naturais do negócio precisam lutar contra bando de criminosos, ladrões de gado, que estão sempre à espera de uma maneira de se apoderar dos animais. Sem apoio das autoridades eles então resolvem fazer justiça com as próprias mãos, eliminando os bandoleiros que ousam roubar seus rebanhos durante as longas viagens pelo oeste adentro.

Comentários:
Um interessante western que se concentra na figura mitológica do cowboy americano. No século XIX essa figura histórica entrou definitivamente no imaginário popular ao se empenhar em longas cavalgadas pelo oeste bravio, levando grandes carregamentos de rebanho bovino para serem vendidos em pontos de distribuição por todo o Texas e estados vizinhos. De fato era uma travessia de pura bravura, pois além dos problemas inerentes ao vencer essas grandes distâncias ainda havia o perigo sempre presente dos criminosos e tribos hostis que invariavelmente atacava essas caravanas. Era não apenas uma empreitada comercial, mas também de valentia, honra e coragem, acima de tudo. Curiosamente se trata de um western independente produzido pela pequena produtora Le May-Templeton Pictures, assinado pelo diretor George Templeton. Para conseguir realizar o filme os produtores alugaram as locações da Universal nos arredores de Amarillo, Texas, uma bonita região, perfeita para a realização desse tipo de faroeste. Até aí tudo bem, o problema é que sem a força das grandes distribuidoras americanas o filme acabou sendo mal distribuído pela América, gerando prejuízos financeiros para seus realizadores. Isso demonstrou para todos que não havia muita saída para pequenas produções independentes naquela época. Para se fazer sucesso era realmente necessário ter o apoio das chamadas grandes majors do mercado americano como Warner, Universal, MGM e Columbia. Fora do Mainstream era muito complicado obter êxito comercial para fitas de faroeste naquele período. Por fim é importante realçar que não se deve confundir esse filme com "Peregrino da Esperança" de Fred Zinnemann, estrelado por Deborah Kerr, Robert Mitchum e Peter Ustinov. Esse é um outro western, realizado dez anos depois, que apresentou o mesmo título "The Sundowners". 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de março de 2018

A Bela do Yukon

Poucos conhecem esse filme de Randolph Scott. É interessante relembrar que Scott não atuou apenas em faroestes ao longo da carreira. Ele também se saiu muito bem nos chamados "filmes de champagne" (como os críticos da época costumavam dizer). Essas eram produções mais refinadas, geralmente passadas na alta classe, com roteiros românticos, mas ao mesmo tempo leves. Uma espécie de novela do antigo cinema americano. Pois bem, aqui há a fusão desses dois estilos: o western e a trama mais sofisticada. O personagem central nem é o interpretado por Randolph Scott. Ele é o dono da casa de shows de variedades de uma cidadezinha do velho oeste. Ele chegou nesse lugar depois de ter problemas legais em Seattle. Com fama de trambiqueiro acabou precisando ir embora. Na nova cidade acabou se dando bem, montando seu saloon que também funcionava como cassino e casa de shows com muitas garotas dançando ao estilo francês.

Uma delas é Belle De Valle (Gypsy Rose Lee); No começo ela finge não conhecer Honest John Calhoun (Randolph Scott), mas na verdade são velhos conhecidos, mais do que isso, amantes de outros tempos. O roteiro assim vai se desenvolvendo, mostrando vários números musicais e um ou outro momento de ação. Não há tiroteios ou duelos. Logo no começo do filme vem um aviso muito bem humorado informando aos espectadores que aquele não seria um faroeste de tiros e perseguições a cavalo. É na verdade até mesmo uma comédia de costumes, mostrando a vida nessa cidadezinha. O mais divertido é que em determinado ponto o personagem de Randolph Scott resolve abrir um banco na cidade! Logo ele que sempre foi acusado de enganar os outros em seu passado! O absurdo vem depois quando sua agência é assaltada por ninguém menos do que o próprio xerife da cidade! Tudo bem divertido. No geral é um filme de que gostei bastante. A produção não é classe A porque o filme foi rodado durante a II Guerra e os estúdios já não tinham os mesmos recursos de antes, mas nada consegue atrapalhar esse filme champagne saboroso passado no velho oeste americano.

A Bela do Yukon (Belle of the Yukon, Estados Unidos, 1944) Direção: William A. Seiter / Roteiro: Houston Branch, James Edward Grant / Elenco: Randolph Scott, Gypsy Rose Lee, Dinah Shore / Sinopse: Randolph Scott interpreta um cowboy que resolve dar no pé de sua cidade Seattle após alguns problemas com a lei. Ele é considerado um sujeito pouco honesto, dado a pequenos tranbiques. Na nova cidade ele resolve montar uma casa de shows e variedades, assumindo uma nova identidade, Honest John Calhoun. Tudo caminha bem até a chegada da bailarina Belle De Valle (Gypsy Rose Lee) que conhece muito bem o passado nada lisonjeiro e honesto de Calhoun. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música original ("Sleighride in July" de Jimmy Van Heusen e Johnny Burke) e Melhor Trilha Incidental (Arthur Lange).

Pablo Aluísio.

Quando Explode a Vingança

Título no Brasil: Quando Explode a Vingança
Título Original: Giù la testa
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Euro International Film (EIA)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Sergio Donati
Elenco: Rod Steiger, James Coburn, Romolo Valli, Maria Monti, Franco Graziosi, Antoine Saint-John

Sinopse:
No México, na época da Revolução, Juan Miranda (Rod Steiger), o líder de uma família de bandidos, conhece John Mallory (James Coburn), um especialista em explosivos do IRA que fugiu dos britânicos. Vendo a habilidade de John com explosivos, Juan decide convencê-lo a se juntar aos bandidos em um plano ousado. John, entretanto, faz contato com outros interessados em seus "serviços", pretendendo usar sua dinamite apenas a quem pagar mais.

Comentários:
Rod Steiger fazendo western spaghetti? Pois é, nos anos 60 e 70 isso não foi incomum. Muitos atores americanos foram para a Europa para aproveitar o momento do cinema italiano que estava no auge do sucesso comercial. Nada mal faturar um dinheiro fácil. No caso desse filme havia ainda um outro atrativo de peso, a presença do grande diretor Sergio Leone. Esse cineasta tinha muito prestígio, inclusive nos Estados Unidos, graças a grande qualidade de seus faroestes italianos. O resultado aqui não é tão bom como de seus clássicos, suas obras primas ao lado de Clint Eastwood, mas não pense que se trata de um filme fraco, nada disso. Há ótimos momentos, todos seguindo na linha do estilo do spaghetti, com toda aquela violência estilizada e trilha sonora forte marcando cada cena, cada momento de tensão. Há também uma boa dose de humor que contribuiu ainda mais para seu sucesso de bilheteria nos cinemas da época.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Seven - Os Sete Crimes Capitais

Assisti "Seven" apenas uma vez, há mais de vinte anos, quando o filme chegou nas telas de cinema do Brasil. Claro que gostei bastante. O roteiro era muito bem escrito, uma bem bolada fita policial sobre um assassino em série que matava suas vítimas de acordo com os Sete Pecados Capitais. Os tiras que vão tentar resolver o caso formam uma dupla improvável. O mais velho deles, interpretado por Morgan Freeman, está às portas da aposentadoria. Ele tem apenas mais uma semana de trabalho. Seu novo parceiro é um jovem detetive, na pele de Brad Pitt, que chega para trabalhar ao lado do veterano. O primeiro crime é revelado quando eles encontram um homem absurdamente obeso, com o rosto afundando em um prato de macarrão. Ele teria sido morto por praticar o pecado da gula. A segunda vítima é um advogado, um sujeito que ganha a vida defendendo criminosos, estupradores e assassinos. Ganha a vida mentindo, para deixar nas ruas esses psicopatas, tudo por causa de dinheiro. Seria o pecado da ganância. Depois surge uma modelo, uma mulher extremamente bonita, mas vaidosa ao extremo, apaixonada por si mesma. Ela morre em uma cena de crime muito parecida com a morte de Marilyn Monroe, numa cama de lençóis brancos, segurando um telefone. O cerco vai se fechando e sobram apenas dois pecados: ira e inveja. Esses dois pecados capitais vão ser decisivos na cena final, quando os detetives entram em um jogo armado pelo serial killer. Um final realmente arrebatador - dependendo, é claro, do seu ponto de vista.

O diretor David Fincher criou uma espécie de filme noir moderno. As ruas são sujas, está sempre chovendo (com ecos de "Blade Runner") e tanto o assassino como suas vítimas vivem em ambientes decadentes, imundos. O personagem de Pitt é impulsivo, algumas vezes violento, e não pensa muito antes de agir. O extremo oposto de Freeman, sempre racional, tentando descobrir os próximos passos do assassino. É curioso essa diferença entre eles pois apesar de ser um clichê dos filmes de duplas policiais, até que funciona muito bem. Gwyneth Paltrow, que interpreta a esposa do tira de Brad Pitt, está no filme por motivos óbvios. Ela era namorada do astro galã na época, causando sensação nas revistas de fofocas. O estúdio então pensou que seria uma boa promoção colocá-la no elenco.

Por fim cabe ressaltar o papel de Kevin Spacey no filme. Ele é o vilão, o serial killer dos sete pecados capitais. Hoje em dia Spacey caiu em desgraça por causa das várias acusações de assédio sexual (inclusive contra menores de idade). Algo que provavelmente vai destruir sua carreira. Não deixa de ser uma grande pena porque ele sempre foi um grande ator, como bem demonstrado aqui nesse Se7en. Ele demora praticamente dois terços do filme para aparecer, mas quando finalmente surge na tela acaba roubando as atenções. A cena final, com eles no deserto, no meio daquelas grandes estações de energia, é um primor de ironia e humor negro (sem tentar ser engraçado, é bom frisar). No fim de tudo Morgan Freeman fala uma frase de Ernest Hemingway, que apesar dele próprio não acreditar muito nela, fecha com chave de ouro esse roteiro acima da média. Um grand finale, sem dúvida.

Seven: Os Sete Crimes Capitais (Se7en, Estados Unidos, 1995) Direção: David Fincher / Roteiro: Andrew Kevin Walker / Elenco: Morgan Freeman, Brad Pitt, Kevin Spacey, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Dois policias tentam descobrir a identidade de um assassino em série que mata suas vítimas de acordo com os sete pecados capitais (gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição (Richard Francis-Bruce). Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro Original (Andrew Kevin Walker).

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Assassinato em Gosford Park

Robert Altaman encontra Agatha Christie? Quase isso. Na verdade o roteiro desse filme foi baseado numa estória criada pelo próprio Altman e não pela famosa escritora inglesa. Isso não quer dizer que seja totalmente original. Na verdade Altman aqui praticamente cometeu um plágio mesmo, criando um enredo que copiava em praticamente tudo as tramas de mistério de Christie. E como se deu isso? Copiando a "fórmula" da escritura. A coisa é simples, coloque um grupo de personagens em um ambiente restrito (pode ser um trem, um barco de cruzeiro ou como no caso aqui uma velha mansão) e depois revele um crime, um assassinato. A partir desse ponto basta apenas jogar com a real identidade do assassino, que no fim das contas pode ser qualquer um dos personagens. Joguinho de mistério. A grande original nesse tipo de enredo, obviamente, sempre foi a Agatha Christie. Altman aqui apenas a copiou sutilmente (ou nem tanto).

No filme temos um jantar de ricaços sendo organizado.Tudo se passa na década de 1930. Sir William McCordle e sua família recebem um grupo de milionários. A fina flor da sociedade da costa leste dos Estados Unidos. Apenas barões. Tudo vai correndo bem naquele estilo de falsidade grã fina até que um corpo é encontrado. Um homem está morto! Pronto, quem poderia ser o assassino? Não disse que seguia basicamente a fórmula dos livros de Agatha Christie? Pois então... O curioso é que esse filme apesar de ser bom e interessante, acabou seguindo a sina de muitos filmes de Robert Altman, ou seja, ser muito elogiado pela crítica, mas ignorado pelo público. O filme custou 20 milhões de dólares, mas só faturou 1,4 milhão em bilheteria. Tremendo fracasso comercial. Mesmo assim acabou levando um Oscar importante para casa, o de melhor roteiro. Pois é, algumas vezes ser levemente desonesto, copiando a ideia original dos outros, pode também dar bons frutos, inclusive sendo premiado pela Academia.

Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Robert Altman / Roteiro: Julian Fellowes, Robert Altman / Elenco: Clive Owen, Helen Mirren, Maggie Smith, Ryan Phillippe, Michael Gambon, Kristin Scott Thomas, Charles Dance, Stephen Fry, Emily Watson / Sinopse: Grupo de milionários se reúnem numa sofisticada e bonita mansão localizada no campo. Todos estão lá para um jantar fino e refinado, mas a sofisticação acaba quando um corpo é encontrado. Houve um assassinato e o assassino se encontra entre eles. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Emily Watson), Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Smith), Melhor Direção (Robert Altman), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original.

Pablo Aluísio.

American Pie

Esse filme é um lixo comercial que fez muito sucesso em seu lançamento, ao ponto inclusive de gerar sete continuações igualmente ruins. Esse estilo de comédia vulgar já não era novidade nenhuma quando o primeiro filme chegou nos cinemas. Desde "Porky´s" Hollywood vinha se especializando nesse tipo de humor mais picante que fazia graça com piadas sexuais e situações constrangedoras, algumas bem ruinzinhas. A verdade pura e simples é que você precisa estar na idade certa para gostar desse tipo de filme. 

Provavelmente com mais de 16 anos você conseguirá enxergar o que esse filme é na realidade: uma tremenda porcaria! No meio das situações nada engraçadas surge um ou outro momento que vá lhe fazer dar um pequeno sorriso amarelo que logo vai passar quando você se lembrar que pagou para assistir a esse produto descartável. No elenco nada de relevante a não ser um bando de atores jovens, nenhum particularmente famoso ou talentoso. No saldo geral tudo se resumirá em você perder seu tempo e dinheiro, o que convenhamos não é nada interessante.

American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível (Estados Unidos, 1999) Direção: Paul Weitz, Chris Weitz / Roteiro: Adam Herz / Elenco: Jason Biggs, Tara Reid, Chris Klein, Thomas Ian Nicholas / Sinopse: Pornochanchada norte-americana cujo humor nasce de situações envolvendo sexo e picardias com jovens. Primeiro filme de uma longa franquia.

Pablo Aluísio

terça-feira, 13 de março de 2018

Irmãos de Guerra

Assisti na HBO quando foi exibida pela primeira vez no Brasil. O que dizer dessa minissérie? É excelente, com ótima reconstituição histórica, procurando ser o mais fiel possível aos acontecimentos reais. Também pudera, tudo foi produzido por Steven Spielberg (dispensa maiores comentários) e Tom Hanks (pupilo do mestre, seguindo seus passos como produtor executivo de sucesso). No enredo acompanhamos a companhia Easy, grupo de paraquedistas das forças aliadas que eram geralmente deslocados para além das linhas inimigas. Em jogo a invasão da Alemanha, já carcomida e praticamente derrotada, nos últimos dias da guerra.

Obviamente o roteiro explora a figura dos soldados, mas curiosamente não elege nenhum deles para ser uma espécie de protagonista. Assim as histórias são contadas sem um foco permanente, sempre sob uma visão mais coletiva da situação. A minissérie teve 10 episódios, exibidos entre setembro e novembro de 2001. Não houve uma segunda temporada porque isso não estava mesmo nos planos de Spielberg. Foi mais um caso de se contar uma boa história sem se preocupar em transformar tudo em franquia comercial. O mais importante foi mesmo o resgate histórico. Quem acabou ganhando foi o público que foi presentado com uma das melhores séries sobre a II Guerra Mundial. Se ainda não assistiu não deixe de conferir.

Irmãos de Guerra (Band of Brothers, Estados Unidos, 2001) Direção: David Frankel, Mikael Salomon, Tom Hanks / Roteiro: Stephen Ambrose, E. Max Frye / Elenco: Scott Grimes, Damian Lewis, Ron Livingston / Sinopse: O filme conta a história real da companhia Easy. Grupo de paraquedistas americanos que cumpriram diversas missões especiais durante a II Guerra Mundial, com destaque para sua atuação na batalha das Ardenas. Premiado com o Globo de Ouro na categoria de Melhor Minissérie.

Pablo Aluísio.

Códigos de Guerra

Poderia ter sido um bom filme de guerra. A premissa é das mais interessantes. Durante a II Guerra Mundial os americanos usaram a língua Navajo como código para a transmissão de planos e ordens para o front. Ora, isso soava para os alemães como um código indecifrável mesmo, até porque as línguas nativas das tribos indígenas do velho oeste eram faladas por poucas pessoas, até mesmo entre os descendentes Navajos. Assim o filme se desenvolve em torno dessa curiosidade histórica que teve sua importância para a vitória dos aliados na guerra. O roteiro foca bem em dois personagens, dois combatentes do exército, um branco interpretado por Nicolas Cage e um índio interpretado por Adam Beach.

O problema básico dessa fita é que a direção foi entregue ao mestre dos filmes de ação John Woo, o que criou a expectativa de que haveria excelentes cenas de combate no filme. Tudo em vão. Woo entregou um filme muito morno nesse aspecto. Mais do que isso, acabou perdendo o fio da meada, deixando o filme cair em um marasmo e em um tédio que acabaram com as expectativas do público. No final o que restou foi um filme de guerra com pouco teor de ação (o que é um absurdo por si mesmo). Cage também não convence como um soldado americano na II Guerra Mundial. Com muitos maneirismos irritantes ele jogou por terra qualquer verossimilhança que se poderia esperar. É um filme bem chato, arrastado, que apesar da premissa interessante nunca cumpre o que promete, sobrando apenas aborrecimento e sensação de perda de tempo.

Códigos de Guerra (Windtalkers, Estados Unidos, 2002) Direção: John Woo / Roteiro: John Rice, Joe Batteer / Elenco: Nicolas Cage, Adam Beach, Peter Stormare / Sinopse: Nicolas Cage interpreta um G.I. Joe (um soldado americano) que durante a II Guerra Mundial participa do uso da língua nativa dos Navajos para comunicação. Um verdadeiro código longe do alcance dos alemães. Roteiro baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Projeto Flórida

O diretor Sean Baker juntou um grupo de crianças (nenhuma delas profissional) e ligou a sua câmera para contar uma estória bem cativante. Tudo se passa em Orlando, na vizinhança pobre de um grande parque de diversões da Disney. E lá que vive a garotinha Moonee. Ao lado de seu grupinho de amiguinhos ela passa o dia perambulando pelas ruas onde mora, fazendo todo tipo de traquinagens. Sua mãe tenta ganhar a vida de todas as formas possíveis. Mãe solteira, vivendo de aluguel em um daqueles motéis de beira de estrada, ela vai vivendo um dia de cada vez. O roteiro explora assim o cotidiano dessas famílias pobres dentro desse motel de quartos baratos. O gerente do lugar é um sujeito bacana chamado Bobby (Willem Dafoe) que entende as dificuldades daquelas famílias, mas que precisa também defender os interesses do lugar, cobrando os aluguéis atrasados, etc.

A mãe que foi presa no passado ganha alguns trocados vendendo perfumes falsificados na frente dos resorts. Afinal turistas sempre são patos mais fáceis de pegar. Quando a grana se torna ineficiente até mesmo para pagar o aluguel, ela decide ir por outro caminho, se prostituindo no próprio quarto onde mora. Enquanto atende os seus clientes a filha pequena fica escondida dentro do banheiro. Uma situação horrível para uma criança. Apesar desse drama todo o filme tem uma pegada até leve. Sean Baker parece mais interessado em mostrar a breguice artificial da Flórida, com todos aqueles prédios pintados em cores berrantes e a cafonice das lojas da região. A própria Disney World é retratada como algo kitsch, brega, que só interessa aos turistas estrangeiros (os brasileiros em especial são citados no roteiro com ironia, imagine!). Então é isso. Um bom filme, bem humano, que arrancou uma indicação ao Oscar para Willem Dafoe no seu papel de Bobby, o gerente boa praça. Um dos atores mais talentosos de sua geração, a indicação foi bem merecida, pois ele é inegavelmente uma das almas desse filme.

Projeto Flórida (The Florida Project, Estados Unidos, 2017) Direção: Sean Baker / Roteiro: Sean Baker, Chris Bergoch / Elenco: Willem Dafoe, Brooklynn Prince, Bria Vinaite / Sinopse: O filme mostra o dia a dia e o cotidiano de um grupo de famílias pobres da Flórida. Vivendo ao lado do "mundo dos sonhos" da Disney World, elas vão vivendo um dia de cada vez, mesmo com os inúmeros poblemas de falta de dinheiro e perspectivas para o futuro. Filme indicado ao Oscar, ao BAFTa e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Dafoe).

Pablo Aluísio.

Doce Novembro

Não sei exatamente qual é o problema do Keanu Reeves, mas percebo que ele quase sempre soa apático nesse tipo de filme romântico. Já deu para perceber depois de todos esses anos que ele sempre funcionou melhor em filmes de ação ou ficção. Quando o roteiro exige demonstrar calor humano ou paixão, em filmes de amor, sua atuação deixa muito a desejar. É foi justamente isso o que aconteceu nesse "Doce Novembro". O filme conta a história de um protagonista desiludido com a vida amorosa. Faz tanto tempo que ele se apaixonou pela última vez que já entrou na fase de não ligar mais para relacionamentos.

As coisas mudam quando conhece Sara (Charlize Theron). Ela propõe que eles fiquem juntos durante um mês, para ver se darão certo como casal. Bom, se um homem continua apático com um mulherão como Charlize Theron de lado, realmente a coisa anda bem complicada. O roteiro assim vai mostrando o casal se curtindo até que acontece algo inesperado (e que obviamente não irei revelar por aqui para não dar spoiler). Só digo que o filme tenta uma meia volta para o drama, porém sem muito êxito. De qualquer forma, mesmo sem uma química adequada para a dupla central de atores, ainda há boas coisas a conferir nesse romance cinematográfico sem muita paixão. Uma delas é a bonita fotografia providenciada por Edward Lachman. Pelo menos nisso se acertou pois o filme ficou com um visual realmente bem bonito.

Doce Novembro (Sweet November, Estados Unidos, 2001) Direção: Pat O'Connor / Roteiro: Herman Raucher, baseado no romance escrito por Paul Yurick / Elenco: Keanu Reeves, Charlize Theron, Jason Isaacs / Sinopse: Nelson Moss (Keanu Reeves) é um homem frustrado na vida amorosa. Quando ele conhece Sara Deever (Charlize Theron) resolve tentar novamente. Dar uma nova chance ao amor. Eles decidem namorar por um mês para ver se darão certo como casal. Tudo corre bem até um acontecimento inesperado muda os rumos do relacionamento. 

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de março de 2018

Evolução

Tinha tudo para dar certo. Dirigido por  Ivan Reitman, um diretor talentoso, especialista nesse tipo de filme (basta lembrar de "Os Caça-Fantasmas"), contando ainda com um elenco bom (com direito a ter Julianne Moore como coadjuvante) e efeitos especiais de primeira. Então o que deu errado? O mesmo culpado de sempre: o roteiro é muito ruim. O enredo (se é que podemos chamar isso de enredo) não decola, não funciona. Nem a presença do ator de Arquivo X David Duchovny ajuda. Aliás atrapalha. Ele se considerava um sujeito engraçado que daria certo em enredos de comédia. Bom, alguém precisava avisar a ele que definitivamente ele não tinha a menor graça.

David Duchovny queria largar a série "Arquivo X" para ir para o cinema, se transformar em um astro de filmes de grande bilheteria. No final ele largou a série e... deu errado no cinema. Esse "Evolução" fracassou nas bilheterias e foi impiedosamente massacrado pela crítica especializada. Tudo justo. O filme é muito ruim mesmo, daquele tipo que faz você ficar constrangido de estar assistindo. Era para ser o primeiro de uma franquia, mas deu tão errado que a Columbia Pictures cancelou todo o projeto, varrendo as continuações para debaixo do tapete. Puro lixo cinematográfico. Nem para virar histórias em quadrinhos prestou. Enfim, um desastre absoluto. Melhor esquecer para sempre.

Evolução (Evolution, Estados Unidos, 2001) Direção: Ivan Reitman / Roteiro: Don Jakoby, David Diamond / Elenco: David Duchovny, Orlando Jones, Julianne Moore / Sinopse: Um meteoro cai no Planeta Terra, trazendo para nosso mundo uma nova forma de vida que evolui com extrema rapidez, dando razão ao bom e velho Darwin que dizia que a espécie mais apta a sobreviver seria aquela que se adaptasse melhor ao meio em que vivia. Para azar da humanidade essa nova forma de vida supostamente seria então mais evoluída e bem mais adaptada do que o próprio homem.

Pablo Aluísio.

Censura Máxima

Título no Brasil: Censura Máxima
Título Original: Rated X
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Showtime Networks
Direção: Emilio Estevez
Roteiro: Norman Snider
Elenco: Charlie Sheen, Emilio Estevez, Rafer Weigel, Tracy Hutson, Megan Ward, Terry O'Quinn

Sinopse:
Baseado no livro biográfico escrito por David McCumber, o filme conta a história de dois irmãos que decidem abrir uma produtora de filmes adultos em San Francisco, isso em uma época em que esse tipo de atividade ainda era tipificado como crime pelo código penal americano.

Comentários:
Os irmãos Charlie Sheen e Emilio Estevez resolveram se unir para contar em filme a história de dois outros irmãos, Artie e Jim Mitchell, que no final da década de 1960 resolveram abrir uma produtora clandestina de filmes pornográficos. A história é real e bem barra pesada. O ator Charile Sheen vinha sendo criticado justamente na época por estar se envolvendo com pornstars, como Ginger Lynn, e por isso topou na hora a ideia do irmão Estevez para fazer esse filme sobre exploração sexual, decadência moral e tragédia. Não se trata de spoiler, uma vez que foi justamente o fim trágico dos irmãos Mitchell que acabou fazendo diferença nesse projeto. O filme acabou sendo exibido na TV americana na época - bem no comecinho do canal a cabo Showtime - e no Brasil foi lançado no mercado de vídeo VHS. Bem produzido, com roteiro e enredo interessante, esse "Rated X" traz uma boa amostra de como eram as coisas na fase jurássica da pornográfica americana. Aula de história que certamente você não aprenderá na escola. Um filme violento com final trágico, mas que mesmo assim merece ser conhecido.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de março de 2018

Eu, Tonya

Muito bom esse filme. Eu estava com uma certa má vontade em assisti-lo porque me recordava do fato que lhe deu origem. Eu me lembro que a imprensa explorou o caso por meses e meses, enchendo a paciência de todo mundo. Quando a mídia cai como urubu em cima da carne fica-se com aquela sensação de que saturou geral. Não há mais como sequer ouvir falar daquilo de novo. Pois bem, aqui o diretor Craig Gillespie fez um belo trabalho. Ele pegou esse incidente (que ninguém mais aguentava ouvir falar de novo) e criou um filme com ótimo ritmo, bem bolada narrativa e o melhor de tudo, excelentes interpretações. Quando estava comentando as indicadas ao Oscar de Melhor Atriz escrevi que Margot Robbie só tinha a agradecer o "presente" de sua indicação pela Academia. Errei feio. Não foi presente nenhum, ela está mesmo ótima na pele da patinadora Tonya Harding! Incrível seu trabalho de atuação. Esqueça a Arlequina, nada se compara com o que ela fez aqui nesse filme.

O mesmo vale para a atriz Allison Janney que interpretou sua mãe. Ela inclusive foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Merecidíssimo. Com óculos enormes e bregas, cigarro sempre na mão, mau humor ácido e frases péssimas sempre na ponta da língua, ela é uma perfeita "bitch" como os americanos gostam de chamar. Uma mulher completamente insuportável que fez de tudo - inclusive terrorismo psicológico - para transformar a filha numa campeã dos patins. Outro aspecto digno de nota é que o roteiro conseguiu contar a história com dignidade, sem apelar para as toneladas de lixo que foram publicados pela mídia podre na época. Assim descobrimos que se Tonya não era a heroína que poderia ser retratada, tampouco foi a monstruosidade que foi pintada por certos jornais na época. No fundo era um garota pobre, sem educação formal, que tentou vencer naquilo que mais dedicou sua vida. Ela era boa, excepcionalmente boa, mas foi prejudicada por se envolver com as pessoas erradas, entre elas alguns dos idiotas mais estúpidos que já se viu na face da Terra. Então é isso, um filmão que merecia mesmo até uma indicação ao Oscar de Melhor Filme do ano. Muito, muito bom.

Eu, Tonya (I, Tonya, Estados Unidos, 2017) Direção: Craig Gillespie / Roteiro: Steven Rogers / Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney / Sinopse: O filme conta a história real da patinadora Tonya (Margot Robbie) que durante os anos 80 se envolveu em um incidente vergonhoso, quando sua principal concorrente a uma vagas nas Olimpíadas sofreu um ataque onde ela quebrou seu joelho. Depois com as investigações descobriu-se que pessoas próximas a Tonya estariam envolvidas no crime, causando uma grande comoção por parte da imprensa americana. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Allison Janney). Indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Tatiana S. Riegel) e Melhor Atriz (Margot Robbie). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Allison Janney). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (Margot Robbie).

Pablo Aluísio.

Heroína(s)

Esse filme concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Documentário em curta-metragem. A diretora Elaine McMillion Sheldon apenas focou no cotidiano de três mulheres que dedicam suas vidas a salvar a vida de viciados em heroína. Assim aparecem na tela o trabalho de uma juíza da corte especializada em drogas, uma assistente social e uma médica do setor de salvamento do corpo de bombeiros. Como se sabe os Estados Unidos passa atualmente por uma verdadeira epidemia do uso de heroína e isso não se dá apenas em grandes centros urbanos, mas em pequenas e médias cidades também. O documentário foi realizado em Huntington, West Virginia.

Os números chocam. Em determinado momento do filme a médica afirma que a cidade, mesmo sendo pequena e isolada no interior, tem algo em torno de 90 mil usuários de heroína. Todos os dias, sem trégua, ela é chamada para atender pessoas com overdose da droga. São jovens mulheres, homens na faixa de 30, 40 anos, colegiais, enfim, todo tipo de gente. A heroína parece não escolher faixa etária, sexo e nem classe social. Alguns atendimentos são mostrados em cena. Em um deles uma jovem cai no meio de um estabelecimento comercial e fica lá, no chão, completamente prostrada. Em outro momento um homem tem uma overdose no banheiro de seu apartamento. Ele imediatamente tem uma parada cardíaca e todos os esforços são feitos para salvar sua vida. Pois é, a sociedade norte-americana está afundada no abuso de drogas. Recentemente o Presidente Trump tratou do problema em um discurso. Não parece haver solução a curto e médio prazo.

Heroína(s) (Heroin(e), Estados Unidos, 2017) Direção: Elaine McMillion Sheldon / Roteiro: Elaine McMillion Sheldon / Elenco: Jan Rader, Patricia Keller, Necia Freeman / Sinopse: Documentário rodado na cidade de Huntington, West Virginia, nos Estados Unidos, que mostra o trabalho de uma médica, uma assistente social e a juíza do condado, todas empenhadas no trabalho de salvar vidas de viciados em drogas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de março de 2018

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres

Eu considero esse o melhor filme da trilogia "O Senhor dos Anéis". Os motivos para isso são muitos. Primeiro de tudo é que aqui já não houve mais a necessidade de se apresentar os diversos personagens da obra de J.R.R. Tolkien, algo que tornou o primeiro filme meio burocrático. Também não se tem a sensação de lenga-lenga, de encheção de linguiça, que vimos no primeiro filme. Se me lembro bem o filme anterior perdia muito tempo para não contar estória nenhuma, fazendo com que tudo se arrastasse em demasia, principalmente nos 45 minutos finais que se tornaram um exercício de paciência digno de um monge tibetano. Aqui não, nada disso acontece. Há um melhor desenvolvimento dos hobbits, ao mesmo tempo em que se mostram as cartas dos vilões, os antagonistas, que acabaram (quase) roubando o filme dos protagonistas, que com seu excesso de bondadismo poderiam colocar tudo a perder.

Outro aspecto digno de nota vem das inúmeras e excelentes cenas de batalha campal. O diretor  Peter Jackson teve receios do filme ficar com cara de videogame, algo que aconteceu bastante em outras produções que exageram na computação gráfica. Em momentos pontuais isso realmente aconteceu, temos que admitir, mas não foi a regra geral. Considero todas as cenas muito bem feitas, o que foi fruto do uso do que havia de melhor no mercado em termos de efeitos digitais de última geração. Grande parte do orçamento de 94 milhões de dólares aliás foi usado justamente para pagar por esses efeitos especiais. Para os padrões atuais o orçamento desse segundo filme nem foi algo fabuloso, de impressionar. Poderíamos dizer que foi apenas mediano, o que não atrapalhou em nada o resultado final. Sucesso de público e crítica, o filme conseguiu até mesmo arrancar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme do ano, o que achei um certo exagero na época. Até porque todas as demais indicações eram apenas técnicas. Não venceu, mas acabou trazendo pela primeira vez um grande prestígio por parte da Academia para esse tipo de produção de fantasia.

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, Estados Unidos, 2002) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Stephen Sinclair e Peter Jackson. baseados na obra imortal de J.R.R. Tolkien  / Elenco: Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Cate Blanchett, Orlando Bloom, Billy Boyd, Christopher Lee, Sean Bean, Andy Serkis / Sinopse: Frodo e seus companheiros continuam na sua jornada para destruir o anel. Durante a viagem descobrem que estão sendo perseguidos por uma estranha criatura obcecada pelo objeto. Ele se apresenta como Gollum, antigo possuidor da joia, alguém corroído pela ganância e pela sede do poder do anel. Enquanto isso Aragorn,  Legolas e Gimli chegam no Reino do Rohan, onde o Rei está amaldiçoado pelo maléfico Saruman. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Edição de Som e Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.