quarta-feira, 30 de maio de 2007

Joan Fontaine / Vivien Leigh / Marilyn Monroe / Clark Gable / Audrey Hepburn / Errol Flynn

Joan Fontaine
Irmã mais jovem de Olivia de Havilland, Joan de Beauvoir de Havilland ou Joan Fontaine, teve uma carreira tão maravilhosa como a de sua irmã. Mais elegante, muito fina e especializada em personagens sofisticados, Joan foi um brilho de classe em uma Hollywood já tão charmosa e glamorosa. Curiosamente Joan nasceu no Japão, quando seus pais britânicos estavam no oriente tratando de interesses profissionais. No começo desejava ser modelo pois inegavelmente era uma linda mulher. Depois com o sucesso da irmã Olivia ela entendeu que havia uma promissora carreira no cinema. Uma sábia decisão pois se deu muito bem na nova profissão. Foi indicada três vezes ao Oscar por "Rebecca, A Mulher Inesquecível" de Alfred Hitchcock, "De Amor Também Se Morre" e "Suspeita", novamente com o mestre do suspense na direção. Por esse último filme foi finalmente premiada, se tornando assim a única atriz a vencer o Oscar em um filme dirigido por Hitchcock. Na foto Joan posa com um vestido assinado pela conhecida figurinista das estrelas, Edith Head.

Vivien Leigh
Leigh ficou imortalizada na história do cinema no papel de Scarlett O'Hara no grande clássico "E O Vento Levou". Sua carreira porém foi muito mais importante e produtiva do que muitos pensam. Em 40 anos de carreira Vivien estrelou poucos filmes, mas sempre escolhidos com grande critério. Dona de uma beleza ímpar em sua juventude a atriz conseguia reunir um rosto bonito com uma mente afiada. Era inteligente e muito perspicaz com as escolhas que fazia. Nas duas únicas vezes em que foi indicada ao Oscar venceu o prêmio. A primeira por "E O Vento Levou" e a segunda por "Uma Rua Chamada Pecado" onde atuou ao lado de um dos grandes atores da história, Marlon Brando. Com direção de Elia Kazan e texto do grande dramaturgo Tennessee Williams ela interpretou a perturbada Blanche DuBois. Sobre atuar ao seu lado Brando foi enfático ao dizer que não havia diferenças entre Leigh e Blanche. Ambas tinham a personalidade bem semelhantes, dentro e fora das telas.
Os Desajustados
Marilyn Monroe e Clark Gable se abraçam no set de filmagem do clássico "Os Desajustados" de 1961, filme dirigido por John Huston. Apesar da imagem demonstrar um grande afeto entre ambos a verdade foi que essa logo se tornou uma relação turbulenta. Marilyn se mostrou muito insegura, faltando e atrasando todos os dias para o trabalho. Essa falta de profissionalismo dela logo começou a incomodar Gable que precisava ficar longas horas no deserto esperando ela aparecer para filmar. Anos depois escritos de Marilyn mostraram que ela havia criado uma estranha ligação emocional com o ator, algo que vinha desde a sua infância quando começou a associar a imagem de Clark Gable a uma figura paterna que era ausente em sua vida. Freud explicaria bem essa obsessão. De uma forma ou outra, mesmo que indiretamente ou de forma inconsciente, Marilyn começou a "punir" o ator que não sabia de nada do que estava acontecendo na mente da atriz. Infelizmente o filme se tornaria a despedida deles do cinema. Gable morreria logo após o fim das filmagens aos 59 anos de idade e Marilyn também seria encontrada morta em sua casa antes que viesse a concluir outro filme para a Fox.

Roman Holiday
Gregory Peck e Audrey Hepburn jogam cartas no set de filmagens de A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, EUA, 1953). Dirigido por William Wyler o filme demonstrou que uma comédia romântica leve, com muita sutileza, também poderia ganhar a simpatia da antipática crítica americana. Curiosamente o veterano cineasta recusou várias vezes a direção do filme. Afirmava que estava velho demais para trabalhar em uma locação estrangeira. Apenas o esforço do ator Gregory Peck conseguiu mudar sua opinião. E Peck quase não esteve no filme também. O estúdio tinha preferência por Cary Grant, mas esse com vários projetos em andamento precisou declinar do convite. Como afirmou depois em entrevistas se arrependeu muito de não ter estrelado o filme. Já os produtores da Paramount logo descobriram que Audrey era mesmo uma jóia rara. Para agradá-la o estúdio resolveu presenteá-la com todo o figurino do filme, desde vestidos, chapéus e sapatos. Como Audrey era considerada um ícone da moda o produtor Lester Koenig afirmou que o guarda roupa elegante do filme não poderia estar em melhores mãos.

Errol Flynn
Foto promocional do ator australiano (naturalizado americano) Errol Flynn pelos estúdios da Warner Bros. Ele foi um dos maiores campeões de bilheteria nas décadas de 1930 e 1940, justamente em um período de grandes mudanças técnicas na história do cinema. O som havia chegado e toda uma geração do cinema mudo foi substituída por novos ídolos da nova era sonora. Boa pinta, com cara de galã, Flynn logo se tornou na grande aposta da Warner em conquistar todo um novo mercado que nascia. Ao lado do diretor Michael Curtiz o ator se tornou um astro absoluto, verdadeiro ícone de popularidade, superando até mesmo Douglas Fairbanks, modelo ao qual se inspirava em cena. O auge de Errol Flynn durou por duas décadas até que problemas pessoais envolvendo drogas, bebidas, mulheres, brigas e processos mancharam sua estrela. De qualquer maneira seus filmes são a prova viva da grande excelência técnica que Hollywood já possuía naqueles tempos pioneiros. Ele sempre será lembrado como o Robin Hood ou o eterno aventureiro dos sete mares nas diversas aventuras épicas que estrelou. Flynn morreu em 1959, aos 50 anos, mas seus filmes lhe garantiram a imortalidade.

Pablo Aluísio.

Marilyn Monroe

 
 
O Vestido dourado de Marilyn
Esse foi um dos vestidos mais famosos da carreira de Marilyn Monroe. Designado como
Golden Lame Gown ele foi desenhado pelo famoso figurinista das estrelas William Travilla. A deslumbrante peça fez parte do guarda roupa do filme "Os Homens Preferem as Loiras" (Gentlemen Prefer Blondes de 1953), um dos mais populares filmes de Marilyn. A atriz se encantou com seu design maravilhoso, dourado, ideal para uma estrela como ela que naquele momento começava a subir os degraus rumo ao topo em Hollywood. Um figurino digno de uma grande estrela do cinema americano em sua fase de ouro!


Verão de 62
Marilyn Monroe em 1952, em foto tirada em Los Angeles pelo fotógrafo e designar Philippe Halsman. Nesse ano Marilyn iria participar de cinco filmes: "Só a Mulher Peca", "Travessuras de Casados", "Almas Desesperadas", "Páginas da Vida" e "O Inventor da Mocidade". Ainda não era uma estrela, apenas uma starlet, porém sua presença chamava cada vez mais a atenção do público, o que fez os estúdios Fox pensarem cada vez mais seriamente em investir na carreira da loira sensual.



O Cadillac de Marilyn
Marilyn Monroe acena de dentro de seu Cadillac cor-de-rosa. A atriz tinha medo de dirigir por isso estava sempre tentando arranjar um motorista para quando precisasse de um carro. Ela aprendeu tarde a guiar, isso porque muito pobre na adolescência jamais teve um carro. Depois quando a carreira finalmente deslanchou a Fox colocou à disposição dela um motorista particular. Em relação ao carro da foto é curioso notar que o Cadillac cor-de-rosa acabou virando marca registrada de outro ídolo popular da época: Elvis Presley!


Marilyn e o Sexo
Marilyn é pega na foto em uma pose bem descontraída, ainda com o cabelo despenteado, o que acabou lhe trazendo ainda mais sensualidade. Em relação ao sexo Marilyn reclamou bastante da performance dos homens com quem foi para a cama em sua época. Para ela havia muita artificialidade na forma como os homens tratavam as mulheres na cama. Ela achava que muitos deles eram simplesmente mecânicos, sem se importar em passar afeto e carinho para a parceira. Isso dificultava e muito a chegada ao orgasmo. Isso levou a própria Marilyn a duvidar de sua sexualidade, pois em determinado momento pensou que era frígida ou até mesmo lésbica! Depois, conforme explicou em seus escritos, a culpa era mesmo dos homens que não sabiam como satisfazer direito uma mulher.


Marilyn Monroe - Torrente de Paixão
Marilyn Monroe como Rose Loomis em cena do filme Torrente de Paixão (Niagara, EUA, 1953). Dirigido por Henry Hathaway o filme demonstrou para os estúdios que Marilyn Monroe era de fato uma estrela. Ela está muito bem e completamente à vontade com sua personagem, que trazia uma triste melancolia, algo que seria muito presente na própria personalidade de Marilyn. O filme também ficou notório por ter a mais longa sequência de uma caminhada na história do cinema, quando Marilyn surge de costas para a câmera, caminhando de forma sensual. O diretor Henry Hathaway obviamente ficou encantado com a estética e a boa forma de Marilyn, para delírio da platéia masculina da época.


Marilyn em Nova Iorque
Na série de fotos vemos um momento bem curioso da vida de Marilyn Monroe. Durante um fim de semana ela resolve andar pelas ruas da cidade, visitando lojas e falando com pessoas comuns, do dia a dia. Obviamente que uma estrela de Hollywood como ela chamaria bastante atenção, como de fato chamou. Isso em nada mudou o jeito simpático e carinhoso de Marilyn com todos os fãs. Ela costumava dizer que devia gratidão apenas ao povo que a transformou em uma estrela, não os estúdios e nem aos produtores de cinema, mas exclusivamente ao seus fãs.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Audrey Hepburn / Paul Newman / Jean Simmons


Audrey Hepburn - Bonequinha de Luxo
Uma das imagens mais populares da época, Audrey Hepburn no papel de Holly Golightly no clássico Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's, EUA, 1961) dirigido por Blake Edwards. O autor Truman Capote, que escreveu o roteiro baseado em seu próprio texto original, entendia que Hollywood jamais faria o filme. O teor era considerado muito ousado para aqueles tempos moralistas e conservadores. Curiosamente para Capote o segredo da boa aceitação do filme veio da presença de Audrey Hepburn como a protagonista, uma atriz tão sofisticada, elegante e fina, que tudo o que poderia ser considerado vulgar seria facilmente digerido pelo público em geral. Ele estava certo. O filme logo se tornou sucesso de público e crítica, sendo vencedor de dois Oscars, todos na categoria musical, fruto do maravilhoso trabalho do maestro e compositor Henry Mancini. Também levou indicações importantes, como Melhor Filme, Roteiro e Direção de Arte. Já a diva Audrey Hepburn teve também seu excelente trabalho reconhecido, sendo indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro. Atualmente Bonequinha de Luxo é considerado um dos grandes clássicos do cinema americano em sua era de ouro, merecidamente aliás.


Paul Newman
Paul Newman não foi apenas um grande ator, estrelando filmes inesquecíveis. Ele também cultivou a imagem de ser um exemplo de bom cidadão e marido. Casado por 50 anos com a mesma mulher, Joanne Woodward, ele teve esse aspecto de sua biografia um pouco abalado com o lançamento do livro "Paul Newman: Uma Vida" do jornalista americano Shawn Levy. Durante pesquisas para a elaboração da biografia o autor descobriu que Newman teve um caso extraconjugal com a jornalista Nancy Bacon durante um ano e meio. Eles se conheceram durante as filmagens do clássico Butch Cassidy. Outro aspecto pouco conhecido do grande público era o alcoolismo de Newman, algo que o assombrou por toda a sua vida.


Paul Newman - Newman´s Own
O ator Paul Newman não era apenas um bom ator, mas também um astuto homem de negócios. Nos anos 60 ele resolveu investir parte do dinheiro ganho na profissão de ator no mundo concorrido dos alimentos. Fundou sua própria marca de produtos e ganhou uma fortuna com as vendas. A empresa Newman´s Own virou uma febre nos Estados Unidos, vendendo todos os tipos de produtos alimentícios. Em pouco tempo o ator estava fazendo uma fortuna com os números do sucesso de seus produtos. Curiosamente embora não precisasse mais atuar Paul decidiu continuar no cinema, por pura paixão pela sétima arte.


Paul Newman e Joanne Woodward 
Paul Newman e a esposa Joanne Woodward estudam um script em seu camarim nos estúdios da MGM em Hollywood. Esse foi um casal sui generis na capital do cinema. Em uma profissão onde casamentos duravam poucos anos, algumas vezes até poucos meses, eles continuaram juntos por décadas, quebrando o velho estigma que casamentos de pessoas famosas simplesmente não duravam. Observador da vida a dois, Paul Newman costumava resumir seu pensamento na seguinte frase: "A felicidade no casamento não é algo que simplesmente acontece, um bom casamento deve ser criado. Na arte do casamento, as coisas grandes são as coisas pequenas. É lembrar de dizer um “eu te amo” uma vez ao dia pelo menos. É ter um sentimento mútuo de valores comuns. É enfrentar o mundo lado a lado."


Jean Simmons
Pelo visto o cão não é apenas o melhor amigo do homem, mas das mulheres também. A linda atriz Jean Simmons posa na foto ao lado de seu cãozinho de estimação, eterno amigo que ela fazia questão de levar para todos os lados. Um caso de amor entre dono e animalzinho de estimação para nos inspirar nesse fim de noite. 

Claudette Colbert / Bette Davis

Claudette Colbert
Claudette Colbert (na foto ao lado de Shirley Temple) foi a vencedora do Oscar de Melhor atriz em 1935 por sua personagem Ellie no clássico da comédia romântica "Aconteceu Naquela Noite" (It Happened One Night, EUA, 1934). Com direção de Frank Capra e um excelente elenco que contava com Clark Gable, Claudette Colbert brilhou em cena. O filme aliás foi o grande campeão daquela noite, tendo levado todos os principais prêmios da academia, entre eles Melhor Ator (Clark Gable), Melhor Roteiro Adaptado (Robert Riskin), Melhor Direção (Frank Capra) e Melhor Filme. Claudette teria ainda uma carreira muito bem sucedida em Hollywood. No ano seguinte seria novamente indicada ao prêmio de Melhor Atriz por "Mundos Íntimos" e dez anos depois seria indicada pela terceira e última vez ao Oscar por "Desde Que Partiste" onde atuou ao lado de Jennifer Jones e Joseph Cotten. No total a atriz trabalhou em 72 filmes, falecendo em 1996, aos 92 anos de idade, em sua mansão em Barbados.

Bette Davis
Em 1936 a vencedora do prêmio de Melhor Atriz foi Bette Davis por seu trabalho no filme "Perigosa" de Alfred E. Green. Embora fosse uma das mais respeitadas divas de Hollywood, naquele ano em particular Davis não era considerada a favorita. Mesmo assim ninguém considerou injusta premiação. No filme Davis interpretava Joyce Heath, uma atriz com problemas de alcoolismo. Seu familiares tentam uma reabilitação para salvar sua vida, mas ela resiste. O personagem caia como uma luva para Bette, uma vez que ela sempre foi reconhecido por ser uma das atrizes mais independentes e corajosas da indústria. Bette Davis foi um das campeãs de indicações ao Oscar - dez no total! Ela venceria novamente o Oscar no ano seguinte por sua atuação no clássico "Jezebel". Sua última indicação ao prêmio, depois de uma longa e bem sucedida carreira, viria com seu inesquecível trabalho em "O Que Aconteceu com Baby Jane?", para muitos a sua melhor interpretação, simplesmente magistral. Infelizmente não ganhou o Oscar por esse trabalho, algo que foi considerado uma das grandes injustiças do prêmio em sua história.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

James Dean


Sobre a razão do sucesso de James Dean o ator Gary Cooper, outro ídolo de Hollywood, declarou: "James Dean desencadeia um complexo maternal em todas as mulheres jovens. Seus papéis de adolescentes angustiados, ameaçados, cercados por todos os tipos de demônios interiores, levam a juventude de hoje a se identificar com ele.". Cooper, um dos grandes mitos do western americano, sabia reconhecer plenamente um fenômeno cinematográfico quando se deparava com um pela frente.


Uma rara foto de James Dean de óculos, tirada em uma lanchonete de Nova Iorque. O ator, poucos sabiam na época, era míope e não enxergava muito bem. Tentando manter isso na surdina Dean jamais deixava que o fotografassem de óculos quando estava em Los Angeles filmando alguns de seus filmes. O problema visual o acompanhava desde muito cedo, já na adolescência Dean enfrentou problemas para entrar no time de basquete da escola justamente por causa dos óculos. Depois foi aconselhado por seu oftalmologista a ter cuidado redobrado quando andava de moto na sua cidadezinha em Indiana.


James Dean acende um cigarro e faz pose cool em Los Angeles. Uma das maiores paixões do ator também seria sua ruína. Apaixonado por carros esporte e velocidade, Dean sofreria um acidente fatal no volante de um Porsche 356 Super Speeder, um carro ideal para pistas de corrida, mas não tão adequado para estradas. Numa delas o ator não seria visto por um jovem que dirigia o caminhão de seu pai. O Porsche de Dean era cinza, rebaixado, e no raiar do sol poderia ser facilmente confundido com o asfalto da pista. Esse foi um dos fatores para a batida de seu veículo em um encruzilhamento na Califórnia. Dean tinha apenas 24 anos e sua morte o transformaria em um dos maiores mitos da história do cinema americano.


O Jeans de James Dean 
Um dos aspectos mais curiosos sobre James Dean foi que ele se tornou um dos primeiros atores de Hollywood a adotar um figurino mais casual, do dia a dia. Ao contrário dos demais astros que se vestiam socialmente, com elegantes calças sociais e camisas de marca, Dean usava uma roupa comum, do homem normal, do trabalhador e operário. O uso de Jeans se tornou uma de suas marcas registradas. A calça jeans até então era quase exclusiva da classe trabalhadora, dos mineradores da Califórnia e não algo que se esperasse ver numa estrela de Hollywood. James Dean jogou fora as convenções sociais e adotou como estilo o uso dessa vestimenta que logo após se tornaria uma espécie de fardamento de toda a juventude, estudantes e a moçada em geral. Como se vê o mito James Dean não se resumiu apenas ao cinema, sua influência foi muito além disso.


Na foto o ator James Dean tira uma onda com uma corda durante as filmagens de "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, EUA, 1955) no calor ardente do Texas. Dean parecia ter herdado o espírito mórbido do poeta Lord Byron. Sua mãe era fã dessas poesias e por essa razão resolveu batizar seu filho de James Byron Dean. Ela morreu muito cedo e Dean foi criado pelos tios, uma vez que seu pai se casou novamente e nessa nova vida não parecia haver mais espaço para o pequeno Jimmy. Em um dos textos encontrados após sua morte o próprio Dean parece pensar sobre o fato de ter se tornado órfão tão cedo em sua vida. Numa conversa imaginária com a mãe ele chegou a perguntar: "O que você esperava que eu fizesse após você partir tão cedo?"

Pablo Aluísio. 

O Moço de Filadélfia

Título no Brasil: O Moço de Filadélfia
Título Original: The Young Philadelphians
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Vincent Sherman
Roteiro: James Gunn
Elenco: Paul Newman, Robert Vaughn, Barbara Rush, Alexis Smith
 
Sinopse:
Anthony Judson Lawrence (Paul Newman) é um jovem que sonha um dia se tornar advogado. Ele é um estudante de direito aplicado que com a ajuda dos valores morais ensinados pela mãe, vai abrindo caminho em sua nova profissão. E um novo amor que surge em sua vida é o sinal de que tudo não será mais como antes.

Comentários:
Excelente filme, não tão lembrado como se devia. O ator Paul Newman aqui interpreta o jovem estudante de direito que sonha se tornar um bom advogado. Ele se apaixona pela filha de um advogado veterano, um homem rico e poderoso, que pode ser tanto sua grande sorte na vida como também sua ruína. O roteiro é extremamente bem escrito, desenvolvendo muito bem cada personagem da história. O interessante é que Paul Newman está mais sóbrio do que nunca em seu papel. Ele veio da geração de James Dean, onde o atores tinham que demonstrar uma certa rebeldia. Nesse papel isso não acontece. Pode ser considerado assim seu primeiro grande papel adulto na carreira. Simplesmente impecável.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de maio de 2007

Rock Hudson


Rock e Liz
O ator Rock Hudson cai na gargalhada ao lado de sua colega Elizabeth Taylor durante uma pausa de gravação das filmagens de "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, EUA, 1955). Logo que se conheceram Rock e Liz se tornaram grandes amigos. Essa foi de fato uma amizade verdadeira que durou até a morte de Rock em 1985. Elizabeth Taylor inclusive foi uma figura próxima de Rock mesmo em seus mais dramáticos momentos quando finalmente revelou que estava com AIDS. Uma sincera aproximação entre dois grandes ídolos de Hollywood em sua fase de ouro. 


Rock, Doris e Tony
Rock Hudson, Doris Day e Tony Randall, o trio principal do grande sucesso "Confidências à Meia Noite" (Pillow Talk, EUA, 1959). Rock jamais havia feito uma comédia como essa antes, um roteiro sofisticado e considerado ousado para a época. Mesmo com receios acabou aceitando o desafio o que lhe trouxe inúmeros números positivos nas bilheterias - o filme logo se tornou um grande êxito de público. Seu sucesso faria com que Rock, Doris e Tony voltassem para mais duas outras comédias igualmente divertidas: "Não Me Mandem Flores" e "Volta Meu Amor".


Rock e a Publicidade
Rock Hudson posa para foto promocional numa piscina de um hotel de Beverly Hills, bem no começo de sua carreira. Nessa fase valia tudo para se promover, mas algumas coisas irritavam Rock como a sempre necessidade de surgir nas fotos sem camisa, de forma muitas vezes apelativa. Rock também achava a imprensa pouco séria, sempre fazendo as mesmas perguntas idiotas, entre elas a se ele dormia nu! Para Rock Hudson porém valia tudo para ganhar seu lugar ao sol no panteão de astros e estrelas de Hollywood.


Rock Hudson e  Cyd Charisse
O ator Rock Hudson contracena com Cyd Charisse no clássico romântico Turbilhão de Paixões (Twilight for the Gods, EUA, 1958). Dirigido por Joseph Pevney, o roteiro era baseado na novela escrita pelo autor Ernest K. Gann, que também assinou o roteiro. Rock e Cyd se deram muito bem em cena, a ponto inclusive da imprensa de fofocas de Hollywood levantar a hipótese de que eram namorados - embora não fossem já que Rock, poucos sabiam, era gay na sua vida pessoal. Já nas telas ele continuava a encarnar o galã romântico perfeito dos sonhos das mulheres da época. Extremamente popular ele logo se tornou um dos atores mais bem pagos de Hollywood.


Rock Hudson - Assim Caminha a Humanidade
James Dean, Elizabeth Taylor e Rock Hudson no set de filmagens de "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, EUA, 1955). O filme, um épico passado no moderno Texas, se concentra na história de três personagens durante quatro décadas de vida. Rock e Liz se deram muito bem nas filmagens, o mesmo porém não se pode dizer de James Dean e Hudson. Eles não ficaram muito próximos e começaram a jogar farpas um no outro através da imprensa. Dean morreria logo depois de um trágico acidente de carro, se transformando em um dos maiores mitos da história de Hollywood. 

Pablo Aluísio. 

Charles Chaplin


Charles Chaplin - Luzes da Cidade (1931)
Diversas cenas com Charles Chaplin, Virginia Cherrill e Harry Myers no clássico imortal Luzes da Cidade (City Lights, EUA, 1931). Esse é um dos filmes mais celebrados com o personagem Carlitos, onde Chaplin usa de forma maravilhosa a ternura e a sensibilidade do amor de um vagabundo por uma bela vendedora de flores cega. O filme era o preferido do grande cineasta Orson Welles que afirmava que nenhum outro diretor conseguiria captar tanta sensibilidade emocional como fez Chaplin nessa película. Uma verdadeira obra prima da sétima arte.


Charles Chaplin - O Grande Ditador
Quando Chaplin resolveu filmar seu roteiro de "O Grande Ditador" muitos em Hollywood não apoiaram a ideia. O argumento era uma provocação direta contra o ditador alemão Adolf Hitler. Naquela ocasião os Estados Unidos ainda não tinham entrado na guerra e muitos setores defendiam que os americanos não deveriam entrar em outra guerra na Europa. Por isso muitos achavam equivocado o tema de seu novo filme. Chaplin porém estava firme em suas convicções, fortalecidas ainda mais pelo que lia e se informava, principalmente na questão da perseguição dos judeus em todos os países dominados pelo Terceiro Reich. Curiosamente apesar de saber de muitos absurdos que estavam acontecendo no continente europeu, Chaplin não tinha conhecimento ainda do que acontecia nos campos de concentração, no que anos depois ficou conhecido como o holocausto nazista. Sobre isso Chaplin confessou anos depois: "Se eu soubesse exatamente o que estava acontecendo na Alemanha, no horror do holocausto, provavelmente não teria feito o filme".


Chaplin e a Guerra
Na foto Charles Chaplin sorri, após falar com alguns jornalistas em Londres. O ator e diretor não ficou omisso durante a Segunda Guerra Mundial e defendeu com entusiasmo a chamada abertura de uma segunda frente na Europa para ajudar a União Soviética a enfrentar o nazismo. Sua sugestão porém não foi tão bem aceita e vários jornalistas começaram a atacar Chaplin, o acusando de ser na verdade um comunista. Acusado de não ser americano e não ter um sentimento patriótico com o país que o acolheu por tantos anos, Chaplin ficou visivelmente entristecido com a verdadeira guerra que lhe era feita pelos jornais. Charles Chaplin, um artista que sempre teve uma visão muito social do mundo, negou as acusações e disse uma de suas frases mais famosas: "Eu sou um cidadão do Mundo". 

Pablo Aluísio. 

sábado, 26 de maio de 2007

Elizabeth Taylor


Cleópatra
Elizabeth Taylor em toda a sua glória no papel de Cleopatra, a Rainha do Egito. O filme foi considerado um dos mais caros da história de Hollywood. Uma tentativa ousada da Fox em realizar uma produção tão exuberante que fosse um enorme sucesso de bilheteria. Liz sabendo da grandiosidade envolvida na realização do filme pediu um cachê digno de uma rainha, um milhão de dólares! Depois de muitas negociações a Fox concordou em pagar pela primeira vez na história um valor tão alto a uma atriz em Hollywood. Anos depois Elizabeth diria uma frase irônica sobre seu salário monstruoso: "Se eles foram idiotas o suficiente para pagar, eu não seria certamente idiota em recusar esse dinheiro todo".


Um Lugar ao Sol
Elizabeth Taylor e Montgomery Clift relaxam durante uma pausa das filmagens de "Um Lugar ao Sol". Ambos se tornaram muito próximos, amigos realmente, o que levou a imprensa a especular que estivessem tendo um caso amoroso. Conforme lembrou anos depois Liz realmente teve uma paixão por Clift, mas esse não concretizou a aproximação, provavelmente por ter uma paixão platônica pela atriz e colega. Um caso complicado de paixão não realizada entre os dois que durou anos e anos.


Elizabeth Taylor - Disque Butterfield 8
Elizabeth Taylor em cena clássica do filme Disque Butterfield 8 (Butterfield 8, EUA, 1960). No filme ela interpreta uma prostituta de luxo chamada Gloria Wandrous. O personagem foi considerado extremamente escandaloso na época, por causa do moralismo e puritanismo reinante na sociedade americana. Liz porém não deu ouvidos às críticas e abraçou a oportunidade de interpretar um roteiro assim tão controverso. Ela escalou seu affair do momento, o cantor Eddie Fisher, para o elenco, o que causou ainda mais escândalo pois Fisher era marido de Debbie Reynolds, amiga pessoal de Elizabeth. Isso porém não importou pois ela logo começou um ardente romance com ele. Para complicar ainda mais Liz teve um sério problema de saúde após o fim das filmagens ao qual muitos apostavam que ela não sobreviveria. Talvez por isso ela tenha sido premiada com o Oscar de Melhor Atriz! Um feito e tanto para uma interpretação e um filme tão polêmico como esse.



Elizabeth Taylor e Richard Burton
Nenhum casal causou maior frisson na imprensa do que Elizabeth Taylor e Richard Burton. Eles se conheceram no set de filmagens do épico Cleópatra e nunca mais conseguiram ficar longe um do outro. O detalhe era que quando começaram a namorar ambos eram casados. A atração porém falou mais forte. O caso amoroso, escandaloso desde o começo, ocupou por anos as capas de revistas. Também pudera, foi um amor intenso, mercurial. Não raro suas homéricas brigas e reconciliações iam parar nos jornais de todo o país. Casaram, se divorciaram e voltaram a se casar. Apesar do relacionamento tumultuado uma coisa parece certa: Eles se amavam muito, como bem ficou provado em suas vidas. Um casal para não esquecer jamais. 

Pablo Aluísio. 

Marlon Brando


O Selvagem
Na foto Marlon Brando surge em cena como Johnny, o motoqueiro rebelde do clássico "O Selvagem". O filme se tornou um ícone da cultura pop e Brando virou ídolo da juventude transviada dos anos 50. A despeito disso o próprio ator não gostou muito do resultado final, afirmando anos depois em sua autobiografia que havia achado o filme "muito curto e violento". Sua imagem porém ultrapassou rapidamente a barreira do tempo, se tornando um verdadeiro símbolo daqueles anos.


Brando e o Oscar
Na foto Marlon Brando posa ao lado do Oscar ganho por sua atuação no filme "Sindicato de Ladrões" de 1954. Na película o ator interpretava Terry Malloy, um boxeador fracassado que entrava numa rede criminosa envolvendo um poderoso e corrupto sindicato de Nova Iorque. Na ocasião Brando compareceu à cerimônia na Academia e polidamente recebeu o prêmio. Algo bem diferente iria acontecer décadas depois quando voltou a vencer o Oscar por sua atuação em "O Poderoso Chefão". Nessa segunda premiação Brando recusou o prêmio alegando protestar contra a forma que o cinema americano retratava o povo nativo da América nas telas.
 

Brando e os Panteras Negras
Ao longo de sua vida o ator Marlon Brando defendeu várias causas, entre elas a dos nativos e negros americanos. Na foto acima Brando posa ao lado de um grupo de jovens do grupo radical Panteras Negras. Seu apoio valeu todo tipo de oposição por parte de grupos de supremacia branca. Ao sair nas ruas Brando teve que lidar com o preconceito por causa de suas posições políticas. Em determinado momento precisou de ajuda para sair ileso do cerco de um grupo de membros da KKK que o acusava de ser "um safado que adora negros".


Eles e Elas
Foto promocional do filme "Eles e Elas" (Guys and Dolls, EUA, 1955), o primeiro e único musical da carreira de Marlon Brando. Dirigido por Joseph L. Mankiewicz o roteiro do filme era baseado numa peça da Broadway. Brando quase não aceitou o convite para trabalhar na produção por dois motivos básicos: o primeiro era que ele não sabia cantar e o segundo era que teria que contracenar com um dos maiores cantores de todos os tempos, Frank Sinatra. Mesmo a contragosto acabou aceitando o desafio. Suas músicas foram montadas no estúdio, onde os engenheiros de som compilaram centenas e centenas de gravações de Brando tentando fazer bonito na trilha sonora. Já no set a convivência não foi muito boa entre ele e Sinatra. O cantor se irritava com a mania de Brando em ter que discutir todas as cenas, cada diálogo com o diretor. Para Sinatra tudo isso era "uma besteira típica dos atores de Nova Iorque".


Marlon Brando - Julius Caesar
O ator Marlon Brando posa para foto promocional do filme Julius Caesar (Júlio César, no Brasil), dirigido por Joseph L. Mankiewicz com roteiro baseado na famosa peça escrita por William Shakespeare. A clássica história de poder e traição contou com Brando interpretando o general Marco Antônio, braço direito de César e um dos homens que tentaram vingar sua morte no senado romano nos idos de março. Em cena Brando teve uma grande oportunidade na famosa cena em que o militar discursa após a morte de seu amigo e mentor. Anos depois o ator lamentaria a falta de uma maior experiência na profissão. Para Brando o texto de Shakespeare era demasiadamente complexo e profundo para alguém tão jovem como ele na época.


Marlon Brando - Viva Zapata!
No filme "Viva Zapata!" o ator Marlon Brando interpretou o revolucionário Emiliano Zapata. Desde o começo das filmagens Brando achava que não era o ator ideal para interpretar o mexicano. Consciente, Brando acreditava que apenas alguém do México poderia interpretar de forma convincente o personagem. Mesmo assim acabou sendo convencido pelo diretor Elia Kazan a aceitar o convite. Com roteiro escrito pelo conceituado John Steinbeck o filme prometia bastante a tal ponto que Brando engoliu várias convicções pessoais para trabalhar melhor. Para sua caracterização o ator resolveu adotar um enorme bigode, tal como Zapata na vida real. Assim que viu seu visual o produtor Darryl F. Zanuck mandou Brando aparar o bizarro bigodão, algo que Brando fez, mas não sem antes reclamar bastante disso.
 


Marlon Brando e Jean Peters
Na foto Marlon Brando contracena com a bela Jean Peters no filme "Viva Zapata" de 1952. Jean interpretava Josefa Zapata, sua esposa e companheira fiel. Durante os preparativos para a cena Brando ficou chocado com a atitude do produtor Darryl F. Zanuck, o todo poderoso da Fox na época. Como recorda em sua autobiografia, Zanuck ficou irado com a maquiagem que estava sendo utilizada em Jean. Em sua preconceituosa visão ela estava "ficando preta demais" para seu gosto. Zanuck acreditava que ninguém pagaria para ver um filme com uma mulher de cor como uma das protagonistas. Assim ele mandou refazer todo o trabalho, inclusive com a gravação de novas tomadas, com Jean já com o tom de pele que ele considerava a certa. Para Zanuck pouco importava que ela interpretasse uma mexicana morena queimada pelo sol do campo. Para Zanuck isso era de menor importância. Veracidade histórica não estava em jogo, mas sim a beleza de Jean Peters frente às câmeras. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O Homem do Terno Cinzento

O filme é extremamente bem feito e roteirizado. Basicamente é um retrato de um homem comum que volta da II Guerra Mundial e tenta criar sua família da melhor forma possível nos anos 1950. Ex-capitão do exército americano, Tom Rath (Gregory Peck), sente na pele os problemas após seu retorno aos Estados Unidos. Passando por dificuldades financeiras, com três filhos e uma esposa insatisfeita e infeliz (interpretada pela atriz Jennifer Jones) ele tenta administrar os problemas familiares e profissionais em meio a uma crise de identidade. O contexto histórico do filme é interessante porque enfoca o pós-guerra, quando milhares de americanos precisou se adaptar aos novos tempos.

Gostei bastante do tom da produção, pois é um filme extremamente sério e realista e não joga panos quentes na situação, principalmente quando se descobre anos depois que o capitão teria tido um filho com uma mulher italiana, na Europa, onde servia o exército. Outro aspecto curioso é a forma como é mostrada uma agência de publicidade naquela época - coisa que acabou sendo justamente o foco do seriado de grande sucesso da AMC, Mad Men. Curiosamente o filme se torna bem atual pois muitos ex-militares americanos ainda encontram dificuldades de se inserirem na vida civil após servirem anos nas forças armadas. Falta de qualificação profissional, desemprego ou subempregos ainda são bastante comum na vida dessas pessoas. Pelo visto mesmo após muitos anos a situação ainda permanece a mesma.

Outro ponto positivo de "O Homem do Terno Cinzento" é seu elenco. Gregory Peck novamente repete seu papel de homem íntegro, embora aqui haja fendas no caráter de seu personagem. Seu estilo de interpretação minimalista até hoje causa impacto. Peck era sutil e conseguia transmitir muito bem as emoções de seus personagens sem recorrer a exageros dramáticos. Já Jennifer Jones derrapa um pouco nas caras e bocas, se tornando um pouco exagerada, mas nada que comprometa o filme como um todo. Eu gosto dessa atriz, recentemente a vi em "A Canção de Bernadette" e ela sempre conseguia mostrar um bom trabalho. Aqui seu trabalho ficou um pouco comprometido. O diretor Nunnally Jonhson era na realidade um roteirista conceituado em Hollywood que ganhou a chance de dirigir alguns filmes (nenhum extremamente marcante). Isso talvez explique o alto nível do roteiro de "O Homem do Terno Cinzento" que procura sempre desenvolver todos os personagens em cena, mostrando seus dramas familiares e pessoais. Enfim, aqui temos um excelente drama dos anos 50. Um ótimo exemplo para se conhecer o que era realizado no gênero pelo cinema americano na época

O Homem do Terno Cinzento (The Man in the Gray Flannel Suit, Estados Unidos, 1956) Direção: Nunnally Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Sloan Wilson / Elenco: Gregory Peck, Jennifer Jones e Fredric March / Sinopse: Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Tom Rath (Gregory Peck) tenta retomar a vida normal nos Estados Unidos, mas encontra dificuldades, tanto no aspecto profissional, como também na vida familiar pois sua esposa, Betsy Rath (Jennifer Jones) apresenta problemas emocionais. Filme premiado no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio. 

A Canção de Bernadette

Independente do fato de se acreditar ou não na aparição da virgem Maria na pequena cidade de Lourdes na França o fato é que esse é um grande filme. O mais interessante no inteligente roteiro é que o filme dá voz não apenas aos que acreditaram no fato mas também aos céticos. Toda a situação que ocorreu na cidade após as supostas aparições é mostrada, a reação das autoridades, do clero local e os efeitos que iriam acontecer na cidade com o fluxo enorme de peregrinos em busca de curas milagrosas. Eu particularmente achei totalmente justificado a enxurrada de indicações ao Oscar pois desde a reconstituição do local até os mínimos detalhes tudo foi realizado com grande primor técnico. Destaque também para as locações, figurinos e trilha sonora, essa maravilhosa.

O elenco é todo bom. Do lado dos céticos se destaca o personagem do promotor imperial de Lourdes, interpretado brilhantemente por Vincent Price. Sua cena final, quando se dirige ao local das aparições é certamente um dos melhores momentos do ator no cinema. Já Jennifer Jones no papel de Bernadette enche os olhos. A Atriz foi premiada com o Oscar por sua interpretação e foi mais do que merecida. Ela transparece inocência, pureza e jovialidade num papel complicado, que poderia facilmente cair na caricatura. O diretor Henry King tem uma lista enorme de grandes clássicos em sua filmografia então não foi surpresa nenhuma ao me deparar com a grande qualidade desse "A Canção de Bernadette". Cineasta de mão cheia ele torna o filme obrigatório para todo cinéfilo que se preze. Em resumo temos aqui uma excelente obra prima da década de 40, uma obra que não cai na carolice como era de esperar e que debate fé, fanatismo religioso e crença popular com raro brilhantismo. Excelente clássico que merece ser descoberto (e redescoberto) sempre que possível. Altamente recomendado.

A Canção de Bernadette (The Song of Bernadette, Estados Unidos, 1943) Direção: Henry King / Roteiro: George Seaton (a pertir do romance de Franz Werfel) / Elenco: Jennifer Jones, Charles Bickford, Gladys Cooper, Vincent Price, Lee J. Cobb, Anne Revere./ Sinopse: O filme mostra as supostas aparições da Virgem Maria em Lourdes. Na ocasião uma jovem camponesa chamada Bernadette (Jennifer Jones) afirmou ter visto e falado com a mãe de Jesus Cristo numa gruta próxima onde costumava apanhar lenha com suas irmãs.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Almas Desesperadas

Esse foi um filme feito pela atriz Marilyn Monroe antes dela se tornar uma das maiores estrelas da história de Hollywood. Na época Marilyn era apenas uma garota bonita com um certo potencial. Uma starlet. E o mais interessante de tudo é que ela se saiu muito bem como atriz, sem apelar tanto para seu Sex Appeal. Claro, sua beleza e sensualidade natural sempre iriam chamar a atenção, mas esse não foi o foco do filme em si. A trama é engenhosa. Um casal deixa sua pequena filha aos cuidados da sobrinha do ascensorista do hotel onde estão hospedados. O problema é que a nova babá, chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe), sofre de graves problemas psicológicos e mentais. A aproximação de um outro hóspede, Jed Towers (Richard Widmark), na vida de Nell só piora ainda mais a situação. Com isso a situação que já era delicada, se torna explosiva e altamente perigosa.

"Almas Desesperadas" foi o primeiro filme em que Marilyn Monroe realmente se destacou, surgindo com um papel importante. Até aquele momento ela se resumia a fazer papéis pequenos, sem grande importância. A maioria deles apenas aproveitando de sua beleza. Tudo muda aqui. Marilyn Monroe está em praticamente todas as cenas de um roteiro que se passa quase em tempo real, todo em uma só noite, dentro de um quarto de hotel. Muitos biógrafos e críticos afirmam que o papel da babysitter mentalmente perturbada era muito forte para uma Marilyn Monroe ainda tão jovem e inexperiente. De fato, não deve ter sido nada fácil interpretar um personagem assim com apenas 26 anos de idade, mas sinceramente discordo dos que criticam a atuação da atriz nesse filme. Achei sua atuação muito digna e correta. Marilyn, em nenhum momento, cai no exagero ou na caricatura. Para uma jovem estrela, sem muita experiência dramática, devo dizer que ela se saiu extremamente bem. O filme só funcionaria se Marilyn atuasse de forma satisfatória - e ela fez isso, com muita garra e sensibilidade, tenham certeza.

E como poderíamos definir esse filme? "Almas Desesperadas" é, em essência, um drama com toques de suspense e tensão. Quase cinema noir. A estrutura narrativa inclusive lembra uma peça de teatro. Os personagens estão concentrados em um ambiente fechado, dentro de uma situação limite. Poderia ter ficado pesado e chato, mas não, o filme se desenvolve muito bem em seus curtos 76 minutos. Richard Widmark segue a trilha da boa atuação de Marilyn Monroe e desfila elegância e charme durante as cenas. Aliás seu figurino chama bem a atenção pois revela a moda masculina na primeira metade dos anos 1950 com ternos enormes, folgadões, que alguns anos depois viriam a virar moda novamente. E ele era certamente o ator ideal para atuar nesse tipo de papel. Geralmente interpretava personagens que eram anti-heróis ou vilões assumidos. Nunca foi um ator de papéis de sujeitos bonzinhos ao longo de toda a sua carreira.

Para uma produção B da Fox, achei tudo de bom gosto. O hotel onde se passa a estória foi bem recriado e os demais figurinos são bonitos. E por falar em beleza, Marilyn estava linda, maravilhosa na época. Ainda com o frescor da juventude ela fotografou muito bem nas cenas. Com cabelos mais escuros que o normal, os fãs da atriz foram presenteados com vários closes de seu rosto inesquecível. Mesmo fazendo papel de maluquinha sua sensualidade acabou explodindo em cada tomada. Não foi à toa que ela se tornou um dos grandes símbolos sexuais do século XX. Embora seu papel não fosse essencialmente sensual, ela o tornava assim naturalmente. A Fox inclusive investiu bem nisso, a começar pelo poster do filme explorando a sensualidade de Marilyn de forma bem ostensiva e descarada. Em conclusão podemos afirmar que "Almas Desesperadas" não decepciona. É um registro histórico da ascensão de um dos maiores mitos da história do cinema! Só isso já o torna obrigatório.

Almas Desesperadas (Don't Bother to Knock, Estados Unidos, 1953) Direção: Roy Ward Baker / Roteiro: Daniel Taradash baseado na novela de Charlotte Armstrong / Elenco: Richard Widmark, Marilyn Monroe, Anne Bancroft, Donna Corcoran, Jeanne Cagney / Sinopse: Casal que vai a um jantar de gala contrata jovem babá chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe) para cuidar de sua filhinha. A babá é sobrinha do ascensorista do hotel e desde que seu namorado morreu na guerra sofre de crises mentais. E esse se torna o grande problema daquela noite.

Pablo Aluísio.

A Embriaguez do Sucesso

É incrível descobrir que um filme como esse foi feito em 1957. Isso porque não era tão comum ver um roteiro assim, tão ácido e mórbido naquela época. Os dois atores principais em cena, Tony Curtis e Burt Lancaster, dão show de interpretação. Curtis, visto apenas como um galã da Universal pelos críticos, aqui apresenta um de seus melhores trabalhos. Está literalmente fantástico como o crápula, mentiroso, cafetão, escroque e 171 Sidney Falco. Confesso que nunca vi uma atuação dele tão boa como essa. É uma pena que Curtis não tenha se desenvolvido mais como ator dramático. Ele de certa forma se acomodou em sua imagem de galã de comédias românticas, principalmente a partir do começo da década de 60 e com vários problemas que foram surgindo ao longo dos anos (como vício em drogas) simplesmente deixou a carreira em segundo plano. Se tivesse procurado se desenvolver melhor na arte da atuação teria sido um grande nome na história de Hollywood. Já Lancaster também está excelente fazendo um verdadeiro psicopata frio, cheio de si e com uma indisfarçável paixão incestuosa por sua irmã (na pela de uma atriz fraquinha mas bonita, Susan Harrison). Muitos criticam Lancaster afirmando que ele era um ator de uma nota só (sempre atlético e com um sorriso montado no rosto). Eu não concordo inteiramente com essa opinião. Realmente em algumas produções Lancaster se apoiou em sua imagem como muleta mas nem sempre isso aconteceu. Basta lembrar do famoso (e ótimo) "O Homem de Alcatraz". Nesse "A Embriaguez do Sucesso" o ator tem uma de suas melhores interpretações. A persona que tanto utilizou em outros filmes aqui está ausente, felizmente.

Outro destaque de "Sweet Smell Of Sucess" é a forma que o diretor encontrou para contar sua estória. São ótimas tomadas de cena feitas em locação na cidade de Nova Iorque. Nos anos 50 era comum que os filmes fossem feitos em Hollywood dentro dos estúdios, geralmente com o uso de back projection (os atores atuavam na frente de uma grande tela onde o cenário da locação da cena previamente filmado era exibido). Aqui não, é fácil ver que tudo foi realmente filmado nas ruas da cidade, sem uso e artifícios como esse. Tudo combina, a sordidez da trama, a direção segura, a ótima fotografia em preto e branco e os diálogos (alguns dos melhores que já vi). Para quem gosta de filmes clássicos, com tramas envolventes e clima noir, "Embriaguez do Sucesso" é uma ótima opção.

O Embriaguez do Sucesso (Sweet Smell of Success, Estados Unidos, 1957) / Direção: Alexander Mackendrick / Roteiro: Clifford Odets (roteiro), Ernest Lehman (roteiro, romance), Alexander Mackendrick / Sinopse: Tony Curtis, Burt Lancaster, Susan Harrison, Martin Milner / Sinopse: O maior colunista jornalístico de Nova York, J.J. Hunsecker, quer a todo custo evitar que sua irmã case-se com Steve Dallas, um músico de jazz. Assim, ele contrata Sidney Falco, um agente inescrupuloso, para atrapalhar o caso dos dois.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Infâmia

Karen Wright (Audrey Hepburn) e Martha Dobie (Shirley MacLaine) são duas amigas de universidade que decidem abrir uma escola exclusiva para moças da sociedade. Karen inclusive já tem planos de se casar com seu namorado, um jovem médico promissor. o Dr. Joe Cardin (James Garner). A vida delas parece seguir muito bem, com todos os seus planos sendo realizados. Porém tudo muda da noite para o dia. Suas vidas, que iam tão bem, são afetadas tragicamente por uma mentira contada por uma de suas alunas. Isso abala completamente o destino delas. Pior do que isso, muitas pessoas da sociedade em que vivem acreditam mesmo nas mentiras inventadas pela jovem aluna.

Seguramente um dos roteiros mais instigantes e corajosos que já vi em um filme produzido na década de 1960. O filme não tem medo de tocar em assuntos que até hoje são tabus e que no passado eram ainda mais fortes. Também é curioso como o argumento do filme é dúbio. Em certo sentido ele realmente deixa completamente desnorteado o espectador, pois ao mesmo tempo que ficamos indignados com o acontecimento que atingem a vida das protagonistas, sabemos de antemão que as acusações possuem um fundo de verdade, mesmo que de forma unilateral por parte de uma delas. Além disso o tema levanta o debate sobre a hipocrisia moral reinante na sociedade.

O elenco está ótimo. Shirley MacLaine, ainda jovem, está linda. Muito charmosa, demonstra que já era uma excelente atriz naquela época. O interessante é que ela era considerada apenas uma estrela de filmes mais comerciais Já Audrey Hepburn desfila toda sua classe habitual em cena. Incrível como mesmo nas maiores adversidades ela jamais perdia a elegância, nem na trágica cena final. Aliás sua caminhada para fora do cemitério, de cabeça erguida, mostrando toda a sua dignidade diante de tudo o que lhe aconteceu, é seguramente uma das maiores cenas de sua carreira. Por fim fica aqui os elogios ao grande cineasta William Wyler. Que ele foi diretor de grandes clássicos da história do cinema, todo mundo já sabe, mas muitos irão se surpreender em ver como ele lidou com o delicado tema desse filme. Genial o seu trabalho. "Infâmia", em suma, é uma obra prima que merece ser descoberta por quem ainda não assistiu. Nota dez.

Infâmia (The Children's Hour, Estados Unidos, 1961) Direção: William Wyler / Roteiro: Lillian Hellman, John Michael Hayes / Elenco: Audrey Hepburn, Shirley MacLaine, James Garner, Fay Bainter, Miriam Hopkins / Sinopse: Amigas desde os tempos da universidade, Karen Wright (Audrey Hepburn) e Martha Dobie (Shirley MacLaine), decidem abrir uma escola para moças. Tudo começa muito bem, até o dia em que elas viram alvos de mentiras perigosas. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter), Melhor Fotografia (Franz Planer), Melhor Direção de Arte (Fernando Carrere, Edward G. Boyle), Melhor Figurino (Dorothy Jeakins) e Melhor Som (Gordon Sawyer). Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (William Wyler), Melhor Atriz (Shirley MacLaine) e Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter).

Pablo Aluísio.

A História do FBI

O roteiro de "The FBI Story" não conta apenas uma história mas várias. Além disso mistura fatos reais com mera ficção. Ao longo de sua extensa duração (duas horas e meia) vamos acompanhando a vida pessoal e profissional do agente 'Chip' Hardesty (James Stewart). Esse personagem é fictício mas os casos que ele desvenda no filme não! Isso é interessante porque os roteiristas foram pragmáticos. Ao invés de focalizarem inúmeros agentes que resolveram todos esses famosos casos criminais eles resolveram juntar tudo em apenas um só personagem. Assim vamos acompanhando Chip resolvendo crimes que envolvem a KKK no sul racista, a morte de Dillinger, de Ma Barker, de agentes nazistas, de comunistas infiltrados em Nova Iorque etc. Como se trata de James Stewart obviamente Chip é um homem honesto, virtuoso, bom pai de família e cidadão exemplar.

Já que estamos prestes a assistir a J. Edgar com Leonardo Di Caprio nada mais interessante do que ver antes esse "The FBI Story", isso porque o próprio J. Edgar Hoover está no filme, de carne e osso, em participação especial. Aliás o tom ufanista do filme o coloca numa posição de herói americano. Hoover é citado inúmeras vezes e o roteiro faz questão de mostrar o FBI antes de Hoover (uma bagunça) e depois de Hoover (uma super agência de investigação). Como era de se esperar o Bureau ajudou intensamente os produtores, abrindo seus centros de treinamento, mostrando agentes reais em cena e tudo o mais que seria possível. Com tanta ajuda oficial não é de se admirar que o resultado final seja bem chapa branca. Embora pareça mais uma propaganda de J Edgar Hoover (muito poderoso e influente na época em que o filme foi realizado), "The FBI Story" tem seus méritos próprios, pois consegue divertir no final das contas sendo bom entretenimento. Vale a pena assistir.

A História do FBI (The FBI Story, Estados Unidos, 1959) Direção de Mervyn LeRoy / Roteiro de Richard L. Breen e John Twist / Com James Stewart, Vera Miles e Murray Hamilton / Sinopse: O filme mostra através do relato do agente John Michael ('Chip') Hardesty (James Stewart) a verdadeira história do FBI, desde quando a agência funcionava em uma pequena sala até o momento em que se tornou o principal órgão do governo americano no combate ao crime organizado.

Pablo Aluísio.