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domingo, 28 de julho de 2024

Eric

Título no Brasil: Eric
Título Original: Eric
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Lucy Forbes
Roteiro: Abi Morgan
Elenco: Benedict Cumberbatch, Gaby Hoffmann, Dan Fogler, McKinley Belcher III, Ivan Morris Howe

Sinopse:
Um garoto desaparece na ida para a escola em Nova Iorque. Ninguém sabe o que aconteceu com ele. Para os pais, um casal em plena crise conjugal, a situação fica insuportável. O pai do menino trabalha em um programa infantil, manipulando e dublando marionetes, e seu desaparecimento o faz questionar aspectos de sua própria vida. Desesperado, parte ele mesmo em busca do filho desaparecido. 

Comentários:
Começa até que relativamente bem. Esse tema envolvendo crianças desaparecidas é amplo e nunca saiu da ordem do dia uma vez que milhates de crianças desaparecem todos os anos. Só que eu pensei que a solução do desaparecimento envolveria algo bem mais barra pesada. Afinal o menino some nos ambientes mais escuros e sombrios do subway de Nova Iorque. Pensei assim pois sempre gostei de filmes de terror, então esperava por algo mais, digamos, sórdido. Só que não vai por esse caminho. Essa não é uma série de terror. Está mais para drama familiar e não há maiores problemas envolvidos nesse tipo de escolha. Além do mais, pude perceber que, como a história envolveria um programa infantil, os roteiristas puxaram mesmo o freio de mão nessa questão. Ainda assim é aquele tipo de minissérie que me agradou. Seja pelo bom elenco, seja pelo fato de que há escolhas narrativas bem originais nesse roteiro. No final de tudo vale a pena acompanhar. 

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de junho de 2022

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Quando o filme começa, o Doutor Estranho está no meio de um sonho muito bizarro, onde enfrenta criaturas e monstros de todos os tipos e também conhece uma jovem com poderes de atravessar os inúmeros universos que existem no multiverso. Depois que acorda ele descobre que a garota realmente existe no mundo real e que está sendo perseguida por entidades e seres maléficos que querem colocar as mãos nesse poder, entre elas Wanda Maximoff agora transformada em uma bruxa conhecida como Feiticeira Escarlate. Caberá ao Doutor Estranho tentar salvar essa garota, ao mesmo tempo em que viaja pelos mais diversos universos. Essa é, em breves palavras, a sinopse desse novo filme da Marvel, o segundo tendo como protagonista esse personagem do Doutor Estranho, aqui novamente interpretado pelo ator Benedict Cumberbatch.

Esse filme sofreu uma série de críticas que afirmavam que o seu roteiro era confuso e dilacerado. Não achei nada disso, muito pelo contrário, é um roteiro dos mais redondos, com a tradicional luta entre o bem e o mal, inclusive com a eterna busca pelo objeto que irá trazer o poder total, ou seja tudo nos conformes das fórmulas das mais antigas histórias. Um aspecto relevante é que Wanda, a mesma Wanda da série de TV que vinha acompanhando, se torna a antagonista dessa história. Qual não foi a minha surpresa ao ver que aquela simpática dona de casa havia se transformado em uma bruxa das mais perversas, mesmo que no fundo tudo o que ela queria era ficar ao lado de seus filhos, que em seu universo não existiam. Esse filme não foi tão bem sucedido em termos de bilheteria. Começou bem em sua primeira semana nos cinemas, mas aí teve que enfrentar grandes concorrentes como o novo Top Gun e os dinossauros de Jurassic Park Domínio. Com isso foi caindo nas bilheteiras a cada dia. Em termos gerais eu gostei desse novo filme do Doutor Estranho, devo admitir. Penso inclusive que foi injustamente criticado em seu lançamento.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (Doctor Strange in the Multiverse of Madness, Estados Unidos, 2021) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Michael Waldron / Elenco: Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Xochitl Gomez, Rachel McAdams / Sinopse: Doutor Estranho precisa salvar uma jovem com poderes especiais de viajar entre os diversos universos do multiverso.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de maio de 2022

A Vida Extraordinária de Louis Wain

Esse filme conta a história de um ilustrador, desenhista e pintor inglês que viveu na era vitoriana. Seu nome era Louis Wain. A vida para ele não foi fácil. Era o irmão mais velho de 5 irmãs. Quando seu pai morreu, ele precisou sustentar a sua família e para isso contava apenas com sua arte. Viver como artista naqueles tempos não era fácil, por isso ele fazia de tudo um pouco para sobreviver, desenhava e fazia ilustrações de bichos de estimação de pessoas ricas, pintava retratos de pessoas importantes, etc. Para a sua sorte acabou sendo contratado por um jornal de Londres para ser ilustrador de suas páginas. Naqueles tempos não havia ainda uso de fotografias, então a figura de um ilustrador era essencial dentro do jornalismo. Quando foi contratado por esse jornal ele passou pela fase mais estável de sua vida. Conseguiu sustentar suas irmãs mais jovens e até mesmo se casou como a governanta de sua própria casa.

E isso era um problema dentro de uma sociedade baseada em camadas sociais rígidas. Era algo que chocava, pois ela havia sido sua empregada. Louis Wain não se importou com isso e seguiu em frente com sua vida. Em uma tarde chuvosa, sua esposa resgatou um gatinho que estava na chuva. Artista como era, ele logo resolveu fazer alguns desenhos desse gato mal sabendo que havia encontrado o estilo que o iria consagrar. Ele então começou a fazer uma série de ilustrações de gatos para o jornal onde trabalhava. Essas ilustrações foram publicadas em uma edição de Natal especial que vendeu muito. Louis Wain ficou imensamente conhecido na época. O segredo era que o artista retratava os gatos como se fossem seres humanos e isso era uma inovação e tanto. Algo que depois iria ser usado no mundo das histórias em quadrinhos e posteriormente nos desenhos animados. Nesse aspecto ele foi um grande pioneiro na arte que dominava. Esse período de felicidade não durou muito. Esse artista era uma daquelas pessoas que infelizmente o destino havia reservado várias tragédias em sua vida pessoal. A esposa morreria de um câncer de mama e a sua irmã mais jovem iria sofrer de esquizofrenia. Foi uma época dura para ele.

Tecnicamente o filme é muito bom, com ótima reconstituição de época. Uma produção classe A sem dúvida, que tenta resgatar parte daqueles tempos da era vitoriana. O ator que interpreta Louis Wain é o  nosso velho conhecido Benedict Cumberbatch, um excelente ator. A atriz Claire Foy interpreta sua esposa. Quem assistiu à série The Crown vai reconhecê-la, pois ela interpretou a rainha Elizabeth II quando jovem. Esse filme me trouxe sentimentos de ambiguidade, pois ao mesmo tempo em que eu apreciava a obra cinematográfica em si, também não pude deixar de ficar bem triste pelo destino do protagonista. Filmes baseados em histórias reais são muito interessantes, mas também podem ser bem dramáticos, pois são baseados em vidas de pessoas que realmente existiram, que não são personagens de mera ficção. O artista retratado nesse filme teve um fim de vida trágico. Infelizmente o destino nem sempre sorri para todos.

A Vida Extraordinária de Louis Wain (The Electrical Life of Louis Wain, Reino Unido, 2021) Direção: Will Sharpe / Roteiro: Simon Stephenson / Elenco: Benedict Cumberbatch, Claire Foy, Andrea Riseborough, Olivia Colman / Sinopse: O filme conta a história de um artista inglês do século 19 que se notabilizou por suas ilustrações e quadros de gatos de estimação. Filme premiado pelo British Independent Film Awards.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Eu esperava mais. Não que esses filmes de super-heróis ainda vão surpreender alguém, mas de qualquer forma pelo custo da produção e pelo tamanho da bilheteria, pensei que seria um filme melhor. Eu me enganei. O filme tem poucas novidades. Na verdade o roteiro se agarra em certas fórmulas que já tinham sido utilizadas há anos. Não está convencido disso? Preste a atenção na cena final no alto da estátua da Liberdade! Parece até mesmo uma sequência repetida dos primeiros filmes do personagem no cinema. Provavelmente a única boa ideia nova venha do fato de termos os 3 atores que interpretaram Peter Parker contracenando juntos. Como o roteiro explora o conceito de multiversos, isso seria tecnicamente possível. Entretanto mesmo com uma boa ferramenta narrativa como essa em mãos, os roteiristas fizeram muito pouco. Os três juntos poderia dar margem a excelentes cenas, mas tudo é desperdiçado. A interatividade entre eles é pequena. Nenhum dos atores convidados (Tobey Maguire e Andrew Garfield) teve uma oportunidade mais ampla de explorar esse encontro inusitado. Nada de substancial surge dessa chegada deles no enredo do filme. Acaba sendo apenas uma curiosidade ver os atores juntos e nada muito além disso.

Outro aspecto interessante que percebi nesse filme é que todos os melhores vilões são da primeira trilogia do Homem-Aranha no cinema. Parece até que os outros filmes não tinham nada a oferecer nesse ponto a essa nova produção. O Duende Verde, o Dr. Octopus, o Homem de Areia, todos vieram dos filmes estrelados por Tobey Maguire. O próprio ator inclusive poderia ter sido melhor aproveitado, mas isso não acontece como já frisei. Os vilões também seguem nessa linha. Eles estão lá, mas o roteiro não sabe direito o que fazer com eles. Agora, de todas as coisas que me decepcionaram nesse novo filme do Aranha, nada se compara com os efeitos digitais. Achei tudo fraco demais. Preste atenção nas cena final. Parece game. Os Aranhas voam de um lado para outro, enfrentam os vilões, mas nada parece ter consistência. Eles não parecem ter massa corporal ou peso. Sua interação com o ambiente é igualmente mal produzida. Ruim demais! Dizem que para enganar o cérebro humano é algo complicado. Dificilmente vemos um personagem digital sem perceber que ele é digital. No caso desse filme a coisa ficou tão sem veracidade que acredito que até mesmo as crianças mais pequenas vão perceber que o herói é na verdade um programa de computador, feito de pixel. Então é isso. Um filme que, pelos números envolvidos, poderia ser muito melhor. Do jeito que ficou é apenas interessante, mas igualmente repetitivo de velhas fórmulas e nada muito original.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home, Estados Unidos, 2021) Direção: Jon Watts / Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers, baseados nos personagens criados por Stan Lee e Steve Ditko / Elenco: Tom Holland, Tobey Maguire, Andrew Garfield, Benedict Cumberbatch, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Marisa Tomei / Sinopse: O mundo descobre que Peter Parker é o Homem-Aranha. Depois disso a vida dele se torna um inferno. Procurando por uma saída ele pede ao Dr. Stranger que mude a realidade, para que o mundo esqueça essa informação, só que o feitiço criado para esse fim acaba dando errado, abrindo portas para universos paralelos, de onde chegam vilões extremamente perigosos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Ataque dos Cães

Mais um faroeste do Netflix. Se bem que essa seria uma definição bem simples desse ótimo filme. Na história temos dois irmãos. Eles vivem de um grande e bem sucedido rancho de criação de gado. Depois de muitos anos de trabalho duro, o mais velho dos irmãos, George Burbank (Jesse Plemons), decide que é hora de arranjar uma esposa e se casar. Ele não quer envelhecer sozinho no meio daquelas vastas terras. Acaba escolhendo como esposa uma viúva chamada Rose Gordon (Kirsten Dunst). Ela tem um pequeno restaurante onde serve comida para cowboys em viagem. A escolha do irmão George aborrece profundamente seu irmão mais jovem, Phil Burbank (Benedict Cumberbatch), um tipo rude, criado trabalhando como cowboy no rancho. No seu ponto de vista Rose está interessada apenas no dinheiro de George. E as coisas só pioram porque Rose já tem um filho, um jovem adolescente que todos acreditam ser homossexual. Phil é um homofóbico por natureza e pelo visto pretende pegar no pé do jovem sempre que possível.

Esse filme foi dirigido pela diretora Jane Campion. Essa informação por si mesma já colocaria essa produção um ponto acima das demais. Além disso a história é uma adaptação de um livro de sucesso escrito por Thomas Savage que em algumas edições se chamou no Brasil de "O Poder do Cão". É um filme sobre relacionamentos humanos, as dificuldades de se aceitar o próximo e os preconceitos que minam a interação entre as pessoas. O elenco está ótimo, em especial os dois atores que interpretam os irmãos. Um é caladão, mais ponderado, pensativo. O outro surge como pura emoção, imprudente, muitas vezes inconveniente. A chegada de uma mulher e seu filho no meio desse tipo de relação torna tudo ainda mais complicado. Em conclusão, ótimo filme, com história de final surpreendente (sim, você terá grandes surpresas) e um roteiro primoroso. Eu que pensei que o ano já estava terminado acabei assistindo a um dos melhores filmes do ano! Quem poderia imaginar...

Ataque dos Cães (The Power of the Dog, Estados Unidos, Nova Zelândia, 2021) Direção: Jane Campion / Roteiro: Jane Campion / Elenco: Benedict Cumberbatch, Jesse Plemons, Kirsten Dunst, Kodi Smit-McPhee / Sinopse: Dois irmãos, donos de um próspero rancho no oeste, percebem as mudanças de vida quando um deles decide se casar. A chegada da nova esposa e de seu jovem filho muda o relacionamento entre eles de uma maneira que jamais poderiam imaginar.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O Espião Inglês

Filme baseado em fatos históricos reais. A história se passa na década de 1960. Um Coronel russo decide enviar documentos da alta cúpula da União Soviética para o Ocidente. Ele não confia no líder soviético Nikita Khrushchov pois o considera um sujeito perigoso, sem bom senso e impulsivo. Claro que isso interessava e muito tanto para a CIA como para o serviço secreto inglês. Só que eles decidem não enviar um espião profissional, mas sim utilizar um simples vendedor, um homem comum chamado Greville Wynne (Benedict Cumberbatch). Ele já estava acostumado a viajar para o leste europeu para fechar negócios e sua presença na URSS não seria visto com desconfiança pela KGB.

Acontece que mal sabiam todos os envolvidos que a União Soviética estava com planos de instalar mísseis na ilha de Cuba. Armamento nuclear apontando para as principais cidades americanas, o que iria dar origem a uma crise internacional sem precedentes. "O Espião Inglês" é um filme sobre espionagem, agentes secretos e tudo o mais. Só não vá esperar algo como os filmes de James Bond. Como foi baseado na história real, tudo é mais realista. Nao há perseguições mirabolantes e nem carros explodindo pelos ares. O mundo da espionagem real é bem mais sutil, cheio de pequenos detalhes. Pode-se dizer inclusive que o filme tem um ritmo bem lento. Só na fantasia o mundo da espionagem internacional é cheia de ação e aventuras. No mundo real a coisa é bem mais sutil, como bem podemos perceber nesse filme.

O Espião Inglês (The Courier, Estados Unidos, Inglaterra, 2020) Direção: Dominic Cooke / Roteiro: Tom O'Connor / Elenco: Benedict Cumberbatch, Merab Ninidze, Rachel Brosnahan, Vladimir Chuprikov / Sinopse: O filme conta a história real de um simples vendedor inglês que passa a viajar até Moscou para receber documentos secretos da União Soviética enviados por um Coronel russo. Filme indicado ao British Independent Film Awards na categoria de melhor ator coadjuvante (Merab Ninidze).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de março de 2021

O Mauritano

Título no Brasil: O Mauritano
Título Original: The Mauritanian
Ano de Produção: 2021
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Wonder Street
Direção: Kevin Macdonald
Roteiro: Michael Bronner, Rory Haines
Elenco: Jodie Foster, Shailene Woodley, Tahar Rahim, Benedict Cumberbatch, Nouhe Hamady Bari, Saadna Hamoud

Sinopse:
A atriz Jodie Foster interpreta Nancy Hollander, uma advogada norte-americana que passa a defender um prisioneiro na prisão de segurança máxima de Guantánamo. Ele foi preso em seu país natal, não lhe informaram sobre o que estava sendo acusado e acabou sendo vítima de reiteradas sessões de tortura física e psicológicas. Filme com história baseada em fatos históricos reais. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor atriz (Jodie Foster).

Comentários:
Rever Jodie Foster foi algo esperado. Já estava esperando por um bom filme com ela há muito tempo, até porque Jodie estava desaparecida das telas há uns bons anos. E esse seu retorno foi muito bom. Com cabelos totalmente grisalhos, obrigação da personagem que interpreta, ela dá vida a essa advogada de direitos humanos que aceita defender pro bono um detento na prisão de  Guantánamo. Já sabemos hoje que nessa parte da ilha de Cuba, as autoridades dos Estados Unidos abusavam de suas prerrogativas. A tortura estava na ordem do dia e as confissões arrancadas em sessões de tortura tinham pouco ou nenhum valor jurídico. O protagonista do filme foi preso apenas porque um primo dele ligou para Bin Laden. Depois de 11 de setembro muitos dentro do governo americano perderam a razão. Esse Mauritano ficou 16 anos preso sem julgamento e sem ter uma acusão formal contra ele, algo completamente absurdo do ponto de vista jurídico. O filme assim soa como denúncia e como alerta para que atrocidades como essa não sejam mais cometidas. É uma bela lição da importância e do valor dos princípios jurídicos civilizatórios do mundo moderno. Sem eles, não há salvação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

A Batalha das Correntes

No final do século XIX, dois cientistas, Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon), disputam entre si sobre o uso correto da energia elétrica para a iluminação das grandes cidades. Thomas Edison defende o uso da corrente elétrica contínua, onde as ondas elétricas caminhavam em apenas uma direção. Já George Westinghouse havia descoberto a corrente elétrica alternada, paralela, com fluxo de elétrons em ambas as direções. E qual era a importância dessa "batalha das correntes"? Ora, o vencedor iria ter seu sistema implantada em todas as cidades do mundo, gerando milhões (até quem sabe, bilhões) de dólares de receitas e faturamento.

Além do claro e interessante debate de natureza puramente científica ainda havia o choque de egos de dois grandes nomes da ciência na época. Thomas Edison surge no roteiro desse filme como um homem bem orgulhoso, arrogante de si mesmo, não afeito a um debate de ideias mais consistente. Ele achava que sua corrente era a melhor e isso lhe bastava. Aspectos de sua personalidade egocêntrica iam ao ponto de mandar matar animais indefesos apenas para provar seu ponto de vista. Ele eletrocutava os pobres bichos apenas para demonstrar ao público que a corrente de Westinghouse era mortal e perigosa. Porém, escondia de todo mundo que a sua corrente também matava, caso fosse aplicado um choque frontal em qualquer ser humano.

Outro ponto que destrata de certo modo a imagem que tínhamos de Thomas Edison surge quando ele resolve colaborar secretamente na construção da primeira cadeira elétrica da história. No fundo Edison queria apenas que fosse usada a corrente de Westinghouse para manchar sua imagem perante o público. Questão de rivalidade comercial. Enquanto ajudava a construir esse artefato ele posava de humanista para todos dizendo que nunca iria contribuir com uma invenção que matasse qualquer ser humano. Assim não passava de um hipócrita.

Além desses grandes cientistas há ainda a aparição de um jovem Nikola Tesla (Nicholas Hoult). Imigrante pobre, ele seria uma peça chave na criação de máquinas e turbinas que funcionassem com a corrente de Westinghouse, abrindo caminho para o sucesso completo de sua invenção. O filme é assim uma ótima opção para quem aprecia conhecer um pouco mais da história da ciência, dos bastidores e dos acontecimentos envolvendo esses grandes nomes do passado. E nesse processo também revela o lado humano de cada um deles. Muito bom filme, especialmente recomendado.

A Batalha das Correntes (The Current War, Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, 2017) Direção: Alfonso Gomez-Rejon / Roteiro: Michael Mitnick / Elenco: Benedict Cumberbatch, Michael Shannon, Nicholas Hoult, Oliver Powell, Katherine Waterston, Stanley Townsend / Sinopse: O filme conta a história da disputa científica e comercial que envolveu os nomes de Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) no final do século XIX. Cada um defendia um tipo diferente de corrente elétrica a ser usada na iluminação das grandes cidades do mundo.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de maio de 2019

Vingadores: Ultimato

Esse filme chegou mais cedo do que eu esperava. Pensei que ainda iria demorar uns dois anos para chegar nas telas. Pelo visto a Marvel tem pressa mesmo, lançando seus filmes em ritmo industrial. De qualquer forma deu certo. A produção já acumulou mais de 2.5 bilhões de dólares nas bilheterias. É o maior sucesso do ano, lutando agora para passar "Avatar" que está ainda na sua frente na lista das maiores bilheterias dos últimos anos. Resta esperar para ver o que vai acontecer nas próximas semanas. Bom, deixando esse aspecto comercial de lado o que mais me intrigava era saber como os roteiristas iriam desfazer o nó do filme anterior, onde muitos personagens importantes tinham virado pó, isso literalmente falando. Confesso que não achei grande coisa a solução encontrada. O roteiro parte para o bom e velho argumento da volta no tempo. A coisa fica tão evidente que os próprios roteiristas colocaram duas piadinhas com "De Volta Para o Futuro", já sabendo de antemão que iriam fazer uma ligação com esse famoso filme dos anos 80. A lógica é muito parecida realmente, apesar do papo furado da física quântica, algo que também já está virando uma muleta narrativa recorrente em roteiros mais recentes.

Assim o resultado, ao meu ver, ficou um pouco prejudicado, pois a viagem no tempo não deixa de ser algo bem manjando no universo pop. A despeito disso porém não posso deixar de admitir que em suas quase 3 horas de duração o filme diverte e funciona muito bem como aquilo que sempre foi, uma mera transposição bem realizada do universo dos quadrinhos para o cinema. Os elementos são bem trabalhados, encaixados na trama. Pode ser que se você perdeu algum filme da Marvel nesses últimos anos venha a se perder com tantas idas e vindas no tempo. Porém isso é o de menos. A estrutura narrativa funciona bem, tem bom ritmo e desenvolvimento.

Não é a maior maravilha cinematográfica do mundo como querem fazer crer alguns fãs de quadrinhos, mas funciona perfeitamente bem. É um produto pop de qualidade. Agora, temos que admitir também que um velho problema se repete aqui. Desde sempre qualquer filme com muitos personagens e muitos atores em cena acaba criando um subaproveitamento deles - tantos dos atores como dos heróis. Isso se repete nesse filme. É tanto super-herói em cena que poucos são desenvolvidos com cuidado. Fica aquela sensação de que muitos são apenas coadjuvantes de luxo. Mesmo assim repito que o filme agrada e diverte. Nesse mundo de tantos heróis da Marvel já está de bom tamanho.

Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, Estados Unidos, 2019) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro:  Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Josh Brolin, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Paul Rudd, Benedict Cumberbatch, Brie Larson, Tom Holland, Chris Pratt, Michael Douglas, Robert Redford, Samuel L. Jackson / Sinopse: Para desfazer o mal causado pelo vilão Thanos, os vingadores decidem voltar no tempo para impedir que ele consiga as Joias do infinito que lhe dará um poder supremo sobre todo o universo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Vingadores: Guerra Infinita

De maneira em geral tenho gostado desses filmes da Marvel. Duas coisas me chamam a atenção nessa franquia. A primeira é que os filmes estão sendo lançados rapidamente. Nem esfriou ainda o lançamento de "Pantera Negra" e já temos essa nova produção nos cinemas. A outra coisa que me chama a atenção é que há uma boa regularidade na qualidade dos filmes. Dificilmente você encontra um filme com a marca Marvel que seja ruim ou péssimo. Todos mantém um certo nível. Pois bem, aqui a ideia foi amarrar todas as franquias de super-heróis, uma forma de unir os universos que vão correndo em paralelo. Assim você encontrará praticamente todos os heróis Marvel em cena, com algumas pequenas exceções. Claro que um filme com tanto personagens juntos acaba também ficando sem espaço para que eles se desenvolvam direito dentro do roteiro. Aí é que entra o grande trunfo do filme, o seu vilão, o Thanos.

E aí entra talvez também o grande problema do filme. Com um vilão tão marcante e com tantos poderes, os demais heróis Marvel só estão ali para levarem uma tremenda surra do titã. Eles não são páreos para o ser espacial. Até o Hulk, que supõe ser a força bruta dos Vingadores, acaba levando uma surra homérica. O Thanos está em busca de uma série de joias que lhe dará poder total e absoluto sobre o universo. São cinco pedras representando elementos da natureza (força, poder, tempo, etc). Com a posse delas ele se torna mais imbatível do que já é. Então como superar algo assim? Praticamente impossível. Eu particularmente não vi saída, pelo menos nesse primeiro filme que aliás tem um final em aberto, pois haverá uma segunda parte em breve. Outro aspecto a se considerar é que esse enredo foi contado nos quadrinhos já há bastante tempo, nos anos 80. No Brasil foi publicada pela primeira vez ainda em formatinho, pelo editora Abril. Por isso já se tem uma ideia de como é antigo. Mesmo assim ainda funciona. O filme é bom, um pouco prejudicado pelo excesso de personagens e por algumas falhas de desenvolvimento, mas de maneira em geral consegue ser tão bom como muitos outros filmes do filão Marvel. Pelo menos no cinema a Marvel continua levando uma grande vantagem sobre a DC que não consegue emplacar um bom filme há anos.

Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, Estados Unidos, 2018) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Robert Downey Jr., Josh Brolin, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Tom Holland, Chadwick Boseman, Zoe Saldana, Tom Hiddleston, Paul Bettany  / Sinopse: O mundo sofre uma nova ameaça vinda do espaço, o titã Thanos (Josh Brolin) está em busca de cinco pedras de poder que lhe darão controle absoluto sobre o universo. Apenas os Vingadores poderão deter essa dominação.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Doutor Estranho

Como não sou leitor de quadrinhos pouco sabia sobre esse personagem da Marvel chamado Dr. Estranho. Fazendo uma rápida pesquisa vi que ele foi criado em 1963 por Stan Lee. Provavelmente nessa época Lee criava um personagem novo por semana, tamanha a galeria de heróis que compõem sua coleção de criações para os quadrinhos. Para fugir um pouco do normal Lee resolveu ambientar as aventuras do Dr. Estranho em um mundo paralelo, uma outra dimensão. Por isso o aspecto psicodélico de suas histórias. Na procura por algo diferente realmente ele criou um herói sui generis, nada convencional! Como esse é o primeiro filme do que promete ser uma nova série cinematográfica (já que a produção fez sucesso, ficando duas semanas no topo entre as maiores bilheterias dos Estados Unidos), o roteiro precisou se preocupar em apresentar o personagem para um novo público que não o conhecia (grupo do qual eu mesmo faço parte).

Assim somos apresentados a esse neurocirurgião arrogante e egocêntrico chamado Dr. Stephen Strange. Ele se considera o ápice de sua área, sempre procurando por desafios. Tudo muda quando sofre um sério acidente de carro e perde parte dos movimentos de suas mãos, algo essencial para um cirurgião. Desesperado por perder a capacidade de trabalho ele resolve apelar para tudo, até mesmo para uma suposta cura que pode encontrar no outro lado do mundo, no distante e frio Nepal. Lá conhece uma mestre em misticismo que acaba o levando para uma realidade que ele jamais sonhara existir. O filme não deixa de ser interessante, inclusive em seu visual. Com efeitos especiais que lembram muito "A Origem", aquela ficção com Leonardo DiCaprio, esse "Dr. Estranho" mostra um mundo místico, espiritual, onde forças do bem e do mal se enfrentam. Justamente nisso reside o maior problema desse enredo, em minha visão. Dr. Estranho é bem diferente em sua formação, mas o enredo não foge muito do que se vê em filmes com os vingadores, por exemplo. No fundo é praticamente a mesma coisa - um ser muito poderoso, conquistador de mundos, ameaça o planeta e Strange tenta defender a humanidade. Nesse aspecto o roteiro se mostra banal. Mesmo assim, sem muitas novidades em termos de enredo, o filme ainda vale a pena. O ator Benedict Cumberbatch (da série Sherlock) finalmente tem a chance de ter seu próprio filme de sucesso nos cinemas. Já estava na hora disso acontecer.

Doutor Estranho (Doctor Strange, Estados Unidos, 2016) Direção: Scott Derrickson / Roteiro: Jon Spaihts, Scott Derrickson / Elenco: Benedict Cumberbatch, Tilda Swinton, Rachel McAdams, Mads Mikkelsen, Chiwetel Ejiofor / Sinopse: Neurocirurgião tenta se recuperar de um acidente de carro usando para isso os mistérios de um milenar conhecimento místico do oriente. Assim acaba descobrindo uma dimensão que jamais imaginara existir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Jogo da Imitação

Título no Brasil: O Jogo da Imitação
Título Original: The Imitation Game
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: The Weinstein Company, Black Bear Pictures
Direção: Morten Tyldum
Roteiro: Andrew Hodges, Graham Moore
Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode
  
Sinopse:
Durante a Segunda Guerra Mundial se torna vital ao governo inglês decifrar os códigos criptografados de comunicação das forças armadas alemãs. Para isso se resolve formar um grupo de alto nível, com cientistas e matemáticos renomados. Um deles, Alan Turing (Benedict Cumberbatch), logo se destaca ao propor a construção de uma enorme máquina de descodificação denominada de "Christopher". Mesmo contando com a desconfiança dos militares e o ceticismo de seus próprios companheiros de pesquisas ele segue em frente, numa das mais importantes missões de toda a história da guerra. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Benedict Cumberbatch), Melhor Atriz (Keira Knightley), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som. Filme vencedor do Oscar 2015 na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Graham Moore)

Comentários:
Um excelente filme que procura enfocar em um dos momentos mais cruciais de toda a guerra. Para os ingleses o conflito vinha sendo desenvolvido de forma desastrosa, com muitas baixas e perdas nos campos de batalha. Apenas um serviço de espionagem eficaz poderia reverter o quadro desalentador. Assim foi criado um grupo de gênios em suas áreas de conhecimento que tinha como principal objetivo quebrar o código alemão de comunicação conhecido como Enigma. Não era uma tarefa fácil. Havia milhões de combinações possíveis e nenhuma pista sólida para se chegar a uma solução para o quebra cabeças. Foi então que se destacou o matemático Alan Turing (Benedict Cumberbatch). Pessoalmente era um sujeito bem estranho e esquisito, cheio de manias e com pouco talento no trato social. Extremamente lógico e direto, ele certamente não seria reconhecido por ser um homem amável ou simpático, porém possuía uma dessas mentes raras, com imenso talento para decifrar códigos e mensagens secretas. Seu modo de pensar de forma abstrata, bem à frente de seu tempo, daria origem a uma enorme máquina, quase do tamanho de uma sala, apenas para fazer cálculos que seriam impossíveis para a mente de um ser humano comum. Bom, se a figura de um computador primitivo veio em sua mente você está certo! De certa maneira foi isso mesmo que Turing construiu, um dos primeiros computadores da história. Ele inclusive foi um dos pioneiros na ideia inovadora de se criar um computador digital provido de inteligência artificial! Era realmente um privilegiado. Curiosamente também tinha um complicado segredo para guardar de foro íntimo, que poderia o levar até mesmo para a prisão de acordo com as leis inglesas da época. Em suma, um belo resgate histórico desse sujeito que hoje em dia poucos conhecem, mas que foi tão crucial na vitória contra os nazistas quanto qualquer soldado no campo de batalha. No final de tudo a grande mensagem que o filme passa é simples de se resumir: uma guerra não se vence apenas com armas, mas com inteligência também!

Pablo Aluísio.