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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Raul - O Início, o Fim e o Meio

Raul Seixas foi um sujeito incomum. Nascido na Bahia gostava mesmo era de Rock Americano. Artista brasileiro, não ligava e nem dava a menor bola para movimentos da época como o tropicalismo e a Bossa Nova. Em plena ditadura militar propôs a criação de uma sociedade alternativa, algo completamente subversivo. Espiritualista, não seguia a religião dominante, preferindo se dedicar a estudos esotéricos baseados em um mago inglês meio maluco. Raul definitivamente não seguia padrões em sua vida e nem muito menos na sua música. Foi uma pessoa e artista ímpar, singular. Esse novo documentário procura trazer uma luz sobre a história desse personagem muito interessante da nossa cultura. O retrato que salta da tela é de uma pessoa que não se enquadrava em nenhum rótulo ou tentativa de classificação. Não é á toa que Raul gostava de dizer que era acima de tudo um “Raulseixista”!. Em pouco mais de duas horas o filme tenta destrinchar a vida de Raul, desde sua infância até sua morte. 

Raul sempre foi original. Garotinho já surge de topete, gola levantada para cima, fã de carteirinha de Elvis Presley. Junto com amigos decidiu abrir um fã clube próprio do cantor, o Elvis Rock Club em Salvador. Depois já adulto vemos sua paixão pela música virar profissão. Na década de 60 formou seu próprio grupo de Ié, Ié, Ié, chamado “Rauzlito e os Panteras”. Após mudar-se para o Rio de Janeiro se tornou produtor da CBS e trabalhou ao lado de artistas como Jerry Adriani e Renato e Seus Blue Caps. Mas isso era pouco e nos anos seguintes Raul chutou o balde e resolveu se assumir como cantor, impondo seu estilo único na MPB. Sua parceria com Paulo Coelho rendeu os maiores clássicos de sua carreira. Uma amizade complicada marcada pela competição interna. O próprio Coelho dá longo depoimento e é interrompido justamente por uma mosca bem na hora da entrevista! A associação com o sucesso “Mosca na Sopa” de Raul obviamente é imediata, sendo esse um dos momentos mais divertidos do documentário. Um dos grandes méritos de “Raul - O Início, o Fim e o Meio” é que embora busque louvar a genialidade do artista jamais joga para debaixo do tapete os problemas do homem Raul. Casado várias vezes (suas ex-mulheres dão ótimos depoimentos) Raul teve sérios problemas com drogas e álcool ao longo da vida. O alcoolismo aliás foi o grande pesadelo na vida do artista em seus últimos anos. Completamente embriagado não conseguia mais se apresentar ao vivo – há no documentário o registro que mostra Raul completamente bêbado em cima de um palco sem saber o que fazer. Retirado do palco o público começa a jogar latas e outros objetos em direção aos músicos e a apresentadora tenta acalmar os ânimos. A cena final, reconstruindo a noite da morte de Raul e seu enterro é tocante. 

Raul viveu como quis e ao morrer acabou se aproximando ainda mais de seu ídolo de infância, Elvis. Tal como Presley ele mantém um público fiel e devoto. Nada mal para esse baiano que tascou uma mosca na sopa da música brasileira. Claro que uma vida tão rica não seria retratada integralmente apenas em um documentário mas o resultado final é muito bom. O roteiro tenta explicar Raul mas isso é desnecessário. Raul não é para ser entendido mesmo. O maluco beleza detestava essa coisa de ter explicação para tudo. Assista, ouça e conheça esse grande nome da nossa música.  

Raul - O Início, o Fim e o Meio (Brasil, 2012) Direção: Walter Carvalho, Leonardo Gudel / Roteiro: Leonardo Gudel / Elenco: Depoimentos de Paulo Coelho, Tárik de Souza, Caetano Veloso, Kika Seixas, Sylvio Passos entre outros / Sinopse: Documentário que mostra a vida profissional e pessoal do cantor e compositor Raul Seixas, um dos grandes nomes do rock brasileiro.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Raul Seixas - Metrô Linha 743

Era uma época complicada na vida de Raul Seixas. Ele havia passado por várias gravadoras, Philips, WEA, CBS e em todas elas tinha criado algum tipo de atrito com os executivos. Raul não fazia concessões e as gravadoras não o respeitavam como o artista criador que era. Em uma dessas gravadores um executivo lhe sugeria que fizesse uma canção em homenagem à Princesa Diana para voltar a tocar nas rádios! Raul achou um disparate! Isso era lá sugestão que se desse a um roqueiro verdadeiro como ele? Assim por volta de 1983 Raul foi parar na pequena "Estúdio Eldorado" que pertencia ao grupo Estadão. Raulzito achava esse jornal reacionário e quadradão mas precisando trabalhar encarou o desafio de gravar um disco que teria que vender 80 mil cópias de todo jeito. Para isso Raul compôs "O Carimbador Maluco" que fez parte de um programa infantil de grande sucesso da Globo e virou sucesso nas estações de rádio pelo Brasil afora. Depois disso cansado desse jogo comercial ele foi parar na Som Livre. Raul havia achado seu LP na Eldorado muito singelo, sem uma base musical sólida como ele estava acostumado a fazer em seus álbuns anteriores.

Em suas próprias palavras aquele tinha sido um trabalho bastante decepcionante para ele. Tanto que assim que terminou de gravar o disco literalmente vomitou a letra e música de "Metrô Linha 743". A canção não fazia concessões de nenhum tipo, era um momento raulseixista que lembrava os seus bons tempos de artista diferente, contestador e fora dos padrões. Raul também se dizia cansado das "fórmulas de sucesso" das gravadoras e por isso decidiu fazer um trabalho "preto e branco", sem firulas, todo baseado em arranjo acústico, com forte vocação para um som mais cru, mais verdadeiro, de origem mesmo. Em pleno furor de sucesso do chamado Rock Brasil, Raul então surgia com uma sonoridade bem diferenciada, que não fazia nenhuma questão de ser comercial. Curiosamente Raul não via graça nenhuma na leva de bandas de rock brasileiras dos anos 80. Para ele todos, sem reservas, eram alienados, acomodados. Para Raul não havia mais franco atirador para levantar a poeira do rock no Brasil. "Metrô Linha 743" era assim sua carta de intenções para o rock nacional não cair na mediocridade! Infelizmente para Raul a crítica da época não gostou muito do disco. O álbum foi acusado de não ter idéias novas - algo que deve ter sido cruel para Raul, logo ele que vinha trilhando a estrada do rock há tantos anos. A crítica para variar errou. "Metrô Linha 743" é um ótimo trabalho de Raul e hoje tem um status inegável de clássico e cult. Quem dera os queridinhos da mídia de hoje pudessem compor um trabalho tão criativo e consistente como esse.

Raul Seixas - Metrô Linha 743 (1984)
Metrô Linha 743
Um Messias Indeciso
Meu Piano
Quero Ser o Homem Que Sou
Canção do Vento
Mamãe Eu Não Queria
Mas I Love You (Pra Ser Feliz)
Eu Sou Egoísta
O Trem das Sete
A Geração da Luz

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Raul Seixas – O Dia Em Que A Terra Parou

Depois de alguns problemas de saúde e divergências artísticas Raul Seixas resolveu cair fora da Phillips, a gravadora onde ele havia gravado seus maiores sucessos. De mala e cuia na mão ele acabou indo parar na recém fundada WEA, braço nacional da multinacional Warner. Raul Seixas em casa nova então começou a trabalhar no novo disco. Ao lado de seu parceiro Cláudio Roberto acabou compondo todas as canções do disco. Raul e Cláudio Roberto não era de fato uma dupla tão significativa como Raul e Paulo Coelho mas não há como negar que compuseram alguns dos grandes clássicos do repertorio de Raulzito, inclusive “Maluco Beleza” que está aqui no disco. Como se pode perceber pelo próprio nome do álbum Raul era acima de tudo um grande fã de cinema. “O Dia em que a Terra Parou” é o nome do famoso clássico Sci-fi dos anos 50. Raul então se aproveitou do título para compor uma simpática faixa onde em um inspirado jogo de palavras mostrava um dia em que “ninguém estaria lá”. Nada de ETs ou Aliens na letra, apenas a idéia simples e bem bolada em que ninguém mais sairia de casa, ficando tudo parado no dia em que literalmente a terra parou.

O álbum foi criticado por alguns por não trazer tantas faixas significativas como nos primeiros discos de Raulzito mas não concordo plenamente com essa visão. Existem no mínimo quatro grandes canções na seleção musical. Além das óbvias “Maluco Beleza” (onde brincava com sua fama de lunático) e a já citada “O Dia Em Que a Terra Parou” havia ainda a deliciosa “No Fundo do Quintal da Escola” onde Raul dava uma banana para seus críticos mais ferozes. Aproveitava também para relembrar dos dias de colegial quando pulava o muro do quintal da escola. Ótima letra. Afirmando que não sabia para onde estava indo mas que estava no seu caminho, Raulzito dá seu divertido recado para os que gostavam de lhe passar sermões. Outro momento fenomenal é “Sapato 36” onde em uma letra nostálgica Raul relembra aspectos de sua infância, mostrando que já não era mais a criança de antes mas sim uma pessoa ciente de si mesmo. Um recado sincero para seu pai. Enfim, para os críticos de sua fase na WEA basta apenas uma audição. Certamente não é um disco filosófico e cheio de mensagens como os anteriores mas não há como negar que é uma bela coleção de canções do eterno maluco beleza.

Raul Seixas – O Dia Em Que A Terra Parou (1977)
Tapanacara
Maluco Beleza
O Dia em que a Terra Parou
No Fundo do Quintal da Escola
Eu Quero Mesmo
Sapato 36
Você
Sim
Que Luz É Essa?
De Cabeça-pra-Baixo

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Raul Seixas - A Panela do Diabo

Esse foi o último disco do Raul Seixas, aqui em parceria com o roqueiro Marcelo Nova pelo selo WEA. As pessoas gostam de falar mal do Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) em relação a esse álbum e aos shows que fez ao lado de Raul Seixas, mas eu pessoalmente acho isso uma grande injustiça. Quando ele resgatou Raul Seixas do ostracismo, acabou também dando um novo sopro de vida na carreira do Maluco Beleza, que queiram ou não, estava mesmo abandonado, tanto pelas gravadoras, como pela mídia em geral.

E juntos fizeram um belo disco em minha opinião. Há músicas muito boas para se ouvir nesse álbum. Dentre elas, entre os destaques, eu citaria "Carpinteiro do Universo", com seu ritmo mais cadenciado, lembrando velhos momentos de Raul nos anos 70 e "Pastor João e a Igreja Invisível", uma paulada nesses pastores picaretas que infestam a vida religiosa no Brasil. Enfim, é um disco de despedida dos mais dignos. Raul Seixas iria morrer poucos meses depois do lançamento desse trabalho. Penso que ele morreu feliz, pois estava tocando e trabalhando, mesmo com todas as adversidades de saúde. Foi uma boa despedido de um dos grandes nomes da música brasileira.

Raul Seixas - A Panela do Diabo (1989)
Be-Bop-A-Lula
Rock 'n' Roll
Carpinteiro do Universo
Quando Eu Morri
Banquete de Lixo
Pastor João e a Igreja Invisível
Século XXI
Nuit
Best Seller
Você Roubou Meu Videocassete
Cãibra no Pé

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis

Raulzito bebeu muito durante sua vida. Muitas pessoas citam drogas como seu maior problema, mas essa é uma visão equivocada. O verdadeiro problema de Raul Seixas era o abuso de bebidas mesmo, seu drama era o álcool. Assim quando ele entrou no estúdio para gravar esse seu último disco solo (o penúltimo de sua vida) ele já estava muito debilitado. O disco foi lançado pelo selo Copacabana e foi o último do artista nessa modesta gravadora do Rio de Janeiro. Com isso sua carreira entrou em um hiato, pela fraca vendagem.

Eu considero esse "A Pedra do Gênesis" um dos discos mais fracos da carreira de Raul Seixas. Não há nenhum grande sucesso entre suas faixas. De destaque mesmo eu poderia citar apenas algumas poucas canções. A faixa título do disco até que é boa, mas se torna enjoativa depois de um tempo. "Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)" é um desabafo de um homem que tendo abusado tanto, por tanto tempo, pede uma trégua, dizendo que vai finalmente se endireitar. "I Don't Really Need You Anymore" tem uma bela melodia, mostrando que Raul ainda conseguia compor belas músicas, mesmo com todas as adversidades. E a lista das boas faixas se encerra com "Fazendo o Que o Diabo Gosta". Todo o resto não está à altura da genialidade do Maluco Beleza.

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis (1988)
A Pedra do Gênesis
A Lei
Check-up
Fazendo o Que o Diabo Gosta
Cavalos Calados
Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)
I Don't Really Need You Anymore
Lua Bonita
Senhora Dona Persona (Pesadelo Mitológico nº 3)
Areia da Ampulheta

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!

Raul Seixas, veterano roqueiro que era, decidiu chamar esse seu disco com o grito de guerra de "Tutti Frutti" que havia sido imortalizada por Little Richard e Elvis Presley, seus ídolos desde os tempos da juventude. Se o espírito do rock estava bem vivo na mente de Raulzito, o mesmo não se podia dizer de sua saúde física. Ele vinha sofrendo há tempos de diversos problemas de saúde e isso o impedia de gravar mais, fazer shows e compor mais músicas. Entre uma internação e outra ele foi gravando esse LP no estúdio Copacabana, sua nova gravadora.

Eu evito de criticar um disco como esse porque Raul vinha passando por diversos problemas. Então seria simplesmente uma covardia dizer que o disco era fraco, sem boas músicas. Era o que ele podia fazer naquele momento crítico de sua vida. E nem penso que o disco seja realmente fraco como alguns críticos fizeram crer na época de seu lançamento. Há bons momentos aqui para se ouvir. Eu gosto de "Quando Acabar o Maluco Sou Eu". Boa faixa que abre o disco. E o que dizer do sucesso "Cowboy Fora da Lei"? É Raul Seixas em sua pura essência. Fez muito sucesso e revitalizou a música dele nas rádios. Então criticar Raul é fácil, complicado mesmo é fazer um disco como esse mesmo com toda as dificuldades que ele vinha passando em sua vida.

Raul Seixas - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987)
Quando Acabar o Maluco Sou Eu
Cowboy Fora da Lei
Paranóia II (Baby Baby Baby)
I Am (Gîtâ)
Cambalache
Loba
Canceriano sem Lar (Clínica Tobias Blues)
Gente
Cantar

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Há 10 Mil Anos Atrás

Raulzito pegou o título de uma música do Elvis Presley e compôs essa canção "Eu Nasci há 10 mil anos atrás". Acho acima de tudo divertida. E para completar o quadro de humor o próprio Raul Seixas aparecia na capa com uma longa barba branca, um cabelo de profeta, como se fosse um homem de realmente 10 mil anos de idade. Coisas de sua mente sempre atenta e criativa. Agora, apesar de ser um dos discos mais lembrados de sua discografia, a crítica especializada sempre torceu o nariz para esse álbum de Raul. Não raro ouvimos reclamações dessa gente que o disco seria fraco, nada memorável, uma bobagem.

Bom, bobagem eu digo de quem fala que esse disco do Raul Seixas é bobagem. Vamos dar a César o que e de César. Aqui está um dos momentos mais lembrados da carreira do cantor, o clássico absoluto "Eu Também Vou Reclamar", onde Raul aproveita para tirar sarro das músicas da MPB daquela época. O alvo era obviamente Caetano Veloso. Outra faixa muito subestimada, que considero uma das melhores dessa safra de Raul é a música "As Minas do Rei Salomão". E o que podemos dizer de "Meu Amigo Pedro"? Essa Raul compôs para seu irmão que vivia lhe criticando. Raul resume tudo ao dizer que eles vão para o mesmo lugar - provavelmente dizia que todos iriam morrer de todo jeito, iam para o mesmo túmulo, teriam o mesmo fim. Filosofia pura! Por fim, para provar que é um ótimo disco ainda há no repertório a bonita "Ave Maria da Rua", uma das preferidas de Paulo Coelho. Então, com tantas canções marcantes não há porque criticar tanto esse disco. E tenho dito.

Raul Seixas - Há 10 Mil Anos Atrás (1976)
Canto para minha Morte
Meu Amigo Pedro
Ave Maria da Rua
Quando Você Crescer
O Dia da Saudade
Eu Também Vou Reclamar
As Minas do Rei Salomão
O Homem
Os Números
Cantiga de Ninar
Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Novo Aeon

Esse disco pode ser considerado o terceiro álbum solo do cantor e compositor em sua nova fase na carreira. Não mais o produtor, mas sim o artista, se assumindo completamente. Foi o disco que também herdou a pressão de fazer o mesmo sucesso do álbum anterior, "Gita". O próprio Raul admitiu isso em entrevistas. A gravadora esperava a venda de um grande número de cópias, mas isso não aconteceu. As vendas foram fracas e a crítica especializada caiu em cima, malhando o disco de forma impiedosa. Com isso as relações de Raul Seixas com a gravadora Phillips, que já não eram boas, acabaram levando ao rompimento.

A dupla formada por Paulo Coelho e Raul Seixas retornou com novas músicas, mas sem o mesmo brilho de antes. Raul costumava dizer que eles tinham entre si uma "inimizade íntima" e essa tensão acabou se refletindo no disco. Pelo menos há alguns clássicos no repertório do álbum. O maior sucesso veio com a excelente "Tente Outra Vez", uma injeção de ânimo e otimismo perante o fracasso. Uma bela letra, bem positiva. "A Maçã" também se tornou um sucesso, no ritmo de balada romântica despudorada. Já "Rock do Diabo"  mais parecia uma brincadeira de Raul em cima da velha ideia dos conservadores quadradões de que "o rock era coisa do Diabo". Para Raul Seixas era isso mesmo, eles estavam cobertos de razão! O Diabo era o pai do Rock!

Raul Seixas - Novo Aeon (1975)
Tente Outra Vez
Rock do Diabo
A Maçã
Eu Sou Egoísta
Caminhos
Tu És o MDC da Minha Vida
A Verdade Sobre a Nostalgia
Para Noia
Peixuxa (O Amiguinho dos Peixes)
É Fim de Mês
Sunseed
Caminhos II
Novo Aeon

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Gita

Esse foi o disco de maior sucesso comercial da carreira de Raul Seixas e também aquele que lhe trouxe maiores problemas. Acontece que os militares, em plena ditadura, implicaram com a letra da música "Sociedade Alternativa". Para os incultos fardados aquilo era música de comunista. Estaria Raul Seixas propondo a formação de uma sociedade comunista no Brasil? Pois é, hoje soa absurdo esse tipo de questionamento, mas na época a barra pesou para Raulzito e seu principal parceiro, Paulo Coelho. Ambos foram chamados para dar explicações no temido DOPS, centro de torturas do porão da ditadura militar, aquela porcaria que assolou nosso país.

De qualquer forma, olhando-se apenas para o que importa (a música) temos aqui alguns dos maiores clássicos do cantor e compositor. Os destaques vão para "Medo da Chuva", que tem uma letra simplesmente maravilhosa, muito impactante; para a canção título "Gita", toda baseada na obra do bruxo inglês Aleister Crowley, auto intitulado "A Besta do Apocalipse" e finalmente para "O Trem das 7", mostrando todo o lado sertanejo e brejeto do roqueiro baiano. "Loteria da Babilônia", com seu jogo de palavras sempre me lembrou de Bob Dylan. Então é isso, "Gita" é o exemplo do grande talento desse tal de Raulzito.

Raul Seixas - Gita (1974)
1. Super-Heróis
2. Medo da Chuva
3. As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor
4. Água Viva
5. Moleque Maravilhoso
6. Sessão das 10
7. Sociedade Alternativa
8. O Trem das 7
9. S.O.S.
10. Prelúdio
11. Loteria da Babilônia
12. Gîta

Pablo Aluísio.  

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Krig-ha, Bandolo!

Não foi o primeiro disco de Raul, como muitos escrevem por aí. Na realidade ele já havia tentando antes em pelo menos três discos, um com os Panteras e outro com um quarteto maluco que ele próprio formou e que não deu certo. Esse é sim o primeiro disco solo de sua carreira e também o primeiro em que sua proposta como artista único ficou ainda mais visível. A capa é um horror estético, mas fazia parte do espírito da contracultura daquela época. É incrível notar como a gravadora Phillips deu total liberdade para as maiores maluquices do Raul. Não houve amarras. Talvez por isso esse LP tenha sido tão genial.

Olhando hoje em dia o disco mais parece uma seleção de grandes sucessos. Isso porque vendeu muito e tocou bastante nas rádios. A parceria com Paulo Coelho rendeu clássicos eternos do rock nacional. Os maiores hits do disco sem dúvida foram "Ouro de Tolo", uma paródia em cima da classe média boboca brasileira e "Mosca na Sopa", com toda a baianice inerente do Raul Seixas. Outra faixa marcante foi "Metamorfose Ambulante" que ele havia sido escrito na adolescência e "Al Capone" onde ele usava personagens históricos para ironizar a seriedade da história. Enfim, grande disco do grande Raul Seixas. Esse aqui é uma obra prima da música brasileira.

Raul Seixas - Krig-ha, Bandolo! (1973)
Mosca na Sopa
Metamorfose Ambulante
Dentadura Postiça
As Minas do Rei Salomão
A Hora do Trem Passar
Al Capone
How Could I Know
Rockixe
Cachorro Urubu
Ouro de Tolo

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Por Quem Os Sinos Dobram

Raulzito era uma figura. Um baiano que odiava tropicalismo, um americanista na pior época do deslumbramento babaca dos esquerdistas de butique, um roqueiro com cara de bandido. Um artista que pagou para ver e mandou muito bem, sendo hoje considerado o verdadeiro Rocker da história da música brasileira. Criou uma fama de "maluco beleza", porém sua obra mostra que de maluco não tinha nada, sabia como poucos dominar as possibilidades dos estúdios, manha que aprendeu antes de se tornar artista solo, quando produzia discos para a turminha da Jovem Guarda (Jerry Adriani e Renato e Seus Blue Caps, entre outros). Esse CD, que resolvi comentar em homenagem ao magro abusado, não é tão conhecido entre o público em geral. Por Quem os Sinos Dobram foi o último disco de Raul Seixas na década de 70, justamente aquela em que ele despontou para o sucesso com discos essenciais como Gita, Krig-Ha Bandolo e o ótimo e subestimado Novo Aeon. Da primeira a última faixa conhecemos não só o grande letrista que Raul foi mas também o grande produtor e arranjador que efetivamente foi. Raul passeia sem pudor por diversos ritmos, indo do mais sofisticado ao mais popular em um segundo.

Raul que nunca fazia média abre a obra com uma brincadeira sutil com as canções populares dos anos 60 que divulgavam dancinhas da moda. Aqui ele tenta divertidamente promover a dança do "Ide a Mim Dada" (impossível não rir com a ironia de Raulzito nessa música). Depois emplaca um mea culpa explícito em "Diamante de Mendigo", onde honestamente afirma que destruiu sua família à toa (Raul teve vários casamentos ao longo de sua vida e algumas dessas uniões chegaram ao fim por causa do abuso de bebidas e drogas do roqueiro). Já o arranjo da terceira canção do disco, "Ilha da Fantasia", nos lembra imediatamente de Cowboy Fora da Lei, o grande hit de Raulzito na década que viria, os anos 80. Na música "Na Rodoviária" Raul usa um inteligentissimo jogo de palavras para mostrar seu lado mais iconoclasta, tudo mesclado com imagens pessimistas e surrealistas. Raul inclusive aproveita para destruir os mitos ao afirmar que "Papai Noel é apenas um presépio de papel". Coisa de gênio.

A música título do álbum "Por Quem os Sinos Dobram" demonstra um raro momento otimista na obra do cantor. Brandando e pedindo coragem aos ouvintes Raul injeta uma dose de positividade ímpar em sua discografia. O arranjo de metais nessa faixa mostra claramente que Raul não brincava em serviço. "O Segredo do Universo" revive o lado mais místico e bruxo do artista, personagem que ele encarnou com raro brilhantismo em seus primeiros discos na Phillips. Já "Movido a Alcool" é o mais divertido momento de todo o disco. Raul, cachaceiro assumido, se diverte com os planos do governo em usar o alcool como combustível alternativo. O álbum, brilhante, se encerra com a belissima "Requiem para uma Flor". Esse disco foi o último de Raul pela WEA, gravadora para a qual ele foi após brigar com a Phillips. Essa fase não é considerada a mais brilhante de Raul e é ainda composta pelos discos "O Dia em Que a Terra Parou" e "Mata Virgem" (o mais obscuro dos três). Nos anos seguintes Raul iria enfrentar algumas barras pesadas, como ostracismo na carreira, passagem por pequenas gravadoras, falta de grana e perspectiva, problemas sérios de saúde entre outras adversidades. Mas no final a brilhante música do maluco beleza venceu todos esses grilhos. Hoje, 20 anos após sua morte, Raul é reverenciado por uma geração que sequer era nascida quando ele morreu. Tal como seu grande ídolo, Elvis, Raul rompeu a fronteira da morte e se tornou um astro no firmamento do Rock´n´Roll. Nada mais justo para quem tanto lutou para sobreviver com uma obra inteligente e rara no pobre mercado musical nacional. Grande Raulzito...

Por Quem Os Sinos Dobram (1979) 01. Ide a Mim Dada / 02. Diamante De Mendigo / 03. A Ilha Da Fantasia / 04. Na Rodoviária / 05. Por Quem Os Sinos Dobram / 06. O Segredo Do Universo / 07. Dá-Lhe Que Dá / 08. Movido A Álcool / 09. Requien Para Uma Flor

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Raulzito e os Panteras

Raulzito e os Panteras
Quanto Raul Seixas gravou esse disco (o primeiro de sua carreira) ele era apenas um jovem baiano cheio de sonhos e esperanças de fazer sucesso pelo Brasil afora. Ao ouvir o álbum vemos claramente que Raul tentava, ao lado de seus companheiros de banda, embarcar na onda da jovem guarda. O disco é claramente nesse sentido, com sonoridade bem de acordo com esse movimento musical que fazia grande sucesso no Brasil na época. Só que um artista como Raul jamais ficaria preso numa caixinha, afinal ele era mesmo um cantor e compositor fora da casinha! Tanto isso é verdade que quando você ouve o disco percebe logo que há uma estranha mistura aqui. A sonoridade é da jovem guarda, mas algumas das letras traz toques de pura filosofia! Além disso que artista poderia arriscar de cara uma versão de um dos grandes clássicos psicodélicos dos Beatles logo em seu disco de estreia? E todos vestidos de figurino dos Beatles na primeira fase! Só o maluco beleza mesmo para ter esse tipo de ousadia. 

Infelizmente o disco não fez qualquer sucesso. Como explicaria anos depois numa entrevista, Raul foi percebendo que a gravadora não iria fazer nada pelo disco. Não trabalhou para promover o álbum, não enviou cópias para as rádios, não fez nada. Com isso o disco não vendeu nada. A filial brasileira da EMI apenas gravou o disco para preencher uma cota de LPs que a matriz inglesa exigia. Foi feito apenas para constar no catálogo. Uma pena! Logo o primeiro disco de um dos maiores roqueiros do Brasil ser tratado assim com tanto desprezo pela gravadora. De qualquer forma Raul não iria desistir. Ele continuaria no Rio, trabalhando como produtor na CBS, até o dia em que finalmente teria sua grande chance para mostrar seu talento musical, só que dessa vez como artista solo. O resto é história! 

Raulzito e os Panteras (1967)
Brincadeira
Por quê? Pra quê?
Um Minuto mais (I Will)
Vera Verinha
Você Ainda Pode Sonhar (Lucy in the Sky with Diamonds)
Menina de Amaralina
Triste Mundo
Dê-me tua Mão
Alice Maria
Me Deixa em Paz
Trem 103
O Dorminhoco

Pablo Aluísio. 

domingo, 5 de abril de 2009

Music! - Raul Seixas e o Alcoolismo


Music! - Raul Seixas e o Alcoolismo
Qual foi a causa da morte de Raul Seixas? Ele morreu de pancreatite associada ao seu alcoolismo. Desde a juventude o Maluco Beleza tinha problemas com as bebidas. E depois dos anos 70 a coisa só piorou, isso apesar dos esforços de familiares, esposas e amigos; Raul bebia todos os dias e já amanhecia tomando um drink chamado Wi-fi que nada mais era do uma mistura de vodka com suco de laranja. Sem controlar o alcoolismo infelizmente o artista sucumbiu ao seu vício, morrendo precocemente no final dos anos 80. Foi encontrado morto em sua cama, no apartamento onde morava, em São Paulo, por sua empregada doméstica.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Raul Seixas - Os Grandes Sucessos de Raul Seixas

Raul Seixas - Os Grandes Sucessos de Raul Seixas
Olhando para o passado, eu me lembro de ter tido esse disco em algum momento da minha vida. Entretanto, com o passar do tempo, a cópia simplesmente desapareceu da minha coleção. Isso me leva a crer que o disco na realidade era emprestado de alguém, e eu tive que devolver, mas não me lembro exatamente das circunstâncias. A memória do que realmente se passou se perdeu no tempo, infelizmente. De qualquer forma, me lembro perfeitamente que lá pelo começo dos anos 90 ouvi bastante esse LP. É um disco de coletânea, ou seja, de melhores sucessos. Um tipo de cartão de visitas a obra desse grande cantor e compositor brasileiro. 

Só que há também nesse repertório músicas menos óbvias, o que garante o interesse até mesmo para quem tem todos os discos de Raul Seixas. Algumas músicas que foram incluídas nesta seleção não estão em nenhum disco oficial do artista. Um exemplo? Let Me Sing, Let Me Sing. Então, obviamente, o interesse do colecionador da época do vinil se fazia presente. Enfim, curti muito esse LP e curti muito o rock magro de Raul Seixas. Ele foi certamente um dos grandes nomes do rock nacional em todos os tempos. Um baiano arretado que fazia música de muita qualidade.

Raul Seixas - Os Grandes Sucessos de Raul Seixas (1993)
Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás
Ouro De Tolo
Medo Da Chuva
Loteria Da Babilônia
Como Vovó Já Dizia (Óculos Escuros)
As Minas Do Rei Salomão
Let Me Sing, Let Me Sing
Gîtâ
Metamorfose Ambulante
Eu Também Vou Reclamar
Al Capone
Tente Outra Vez
Mosca Na Sopa
Dentadura Postiça

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de junho de 2008

Raul Seixas - Metamorfose Ambulante

Esse foi o primeiro disco de Raul Seixas que eu comprei em minha vida. É uma coletânea dos maiores sucessos do cantor e compositor em sua passagem pela gravadora Philips. Ele não chegou a gravar muitos discos nesse selo, mas gravou aqueles em que obteve mais sucesso. Por essa razão, não foi muito difícil para os produtores reunir grandes sucessos da carreira de Raulzito nesse LP. Foi realmente o auge da carreira dele, em um momento em que ele decidiu deixar de ser produtor de discos na CBS para se tornar um artista solo de grande sucesso. 

E também vamos ser bem sinceros, ele nunca mais foi tão criativo e tão original quanto nessas faixas que aqui estão. É claro que depois eu fui atrás de outros dos seus discos e procurei conhecer o lado b do artista. De qualquer forma, se essa não for a sua intenção, e se você quiser apenas ter um disco reunindo seus melhores sucessos, retratando uma fase de grande êxito comercial e popular, então esse álbum completará totalmente seus anseios e objetivos. Só não espere que esse LP vá completar de alguma forma a grandiosidade de talento desse artista brasileiro. Então é isso. Coloque para tocar. E se divirta com Raul Seixas em sua melhor fase.

Raul Seixas - Metamorfose Ambulante (1988)
Ouro De Tolo
Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás
Mosca Na Sopa
S.O.S.
Eu Também Vou Reclamar
Gitã
Tente Outra Vez
Metamorfose Ambulante
Al Capone
Rock Do Diabo
O Trem Das 7

Pablo Aluísio.