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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Ilusão Perdida

Título no Brasil: Ilusão Perdida
Título Original: The Big Lift
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Seaton
Roteiro: George Seaton
Elenco: Montgomery Clift, Paul Douglas, Cornell Borchers
  
Sinopse:
Danny MacCullough (Montgomery Clift) é uma sargento da força aérea dos Estados Unidos que é enviado para Berlim, cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. Lá ele passa a fazer parte da tripulação de uma das centenas de aeronaves americanas cuja principal missão é enviar alimentos e provisões para o povo alemão, naquele momento histórico passando grandes dificuldades após seu país ter sido destruído pelo conflito. Em Berlim Danny acaba conhecendo a bela jovem e viúva alemã Frederica Burkhardt (Cornell Borchers) por quem se interessa. O problema é que o passado dela esconde segredos inconfessáveis. Filme indicado ao Globo de Ouro.

Comentários:
Para fãs de Montgomery Clift sem dúvida é um filme extremamente interessante. Aqui temos um jovem Monty, antes de virar um astro em "Um Lugar ao Sol" ao lado de Elizabeth Taylor, estrelando um filme que fica no meio termo entre o puro romance nostálgico e a pura propaganda patriota americana. Explico. O cenário é a Alemanha do pós-guerra. As cidades do país estão destruídas, pouca coisa ainda resta de pé. O antes todo orgulhoso povo alemão vive literalmente de sobras, vindas principalmente de programas humanitários das forças armadas americanas que distribuem gratuitamente comida para aquela nação ferida pela derrota no maior conflito armado da história. Hitler está morto e o nazismo sepultado, mas as feridas ainda parecem demorar a cicatrizar. Clift interpreta esse militar americano, um tipo até ingênuo, que acaba se interessando por uma jovem viúva da guerra. Apesar dos conselhos para ir com calma ele acaba entrando de cabeça em sua nova e avassaladora paixão. Para ele aquela garota representa todo o sofrimento daquele povo. Para não morrer de fome, por exemplo, Frederica (Borchers) precisa aceitar trabalhos pesados, na reconstrução da nação, como levantar pedras de prédios destruídos. 

Isso acaba sensibilizando o personagem de Montgomery Clift. O problema é que o passado é um farto pesado demais. principalmente em relação à essa sua paixão alemã. A garota vista sob esse ponto de vista não parece tão encantadora, ainda mais ao se descobrir que ela teria sido esposa de um fanático oficial da SS. O roteiro desse filme se revela nos minutos finais surpreendentemente realista. O desfecho que todos acabam esperando não vem. Ao invés disso surge um leve gostinho de ressentimento, mesclado com amargura. A impressão que tive foi que os americanos queriam ajudar os alemães, o problema é que a guerra havia sido amarga demais. Não havia como enxergar aquelas pessoas apenas como vítimas, mas também como cúmplices. A fotografia é desoladora, filmado apenas cinco anos depois do fim da guerra a produção acabou imortalizando aquele triste retrato de um povo em ruínas. As cidades destruídas e as pessoas vagando em busca de alguma comida. Um fim trágico para todo uma nação que resolveu seguir os sonhos insanos de um louco. Assim "Ilusão Perdida" pode até ser considerado sem grandes novidades para alguns, já para outros, mais atentos, é um bela lição de história, tão real na tela como se todos estivéssemos lá.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Inimigos à Força

Esse foi o último western da carreira do ator Rock Hudson. Seu filme anterior no gênero, “Jamais Foram Vencidos” com John Wayne, fez bonito nas bilheterias assim Hudson acabou voltando para uma despedida final. Aqui ele contracena com o também veterano das telas Dean Martin. O ex-parceiro de Jerry Lewis interpreta Billy Massey, um rancheiro arruinado financeiramente que participa de um roubo ousado. Disfarçado de xerife, ele rende os passageiros de um trem enquanto seus comparsas roubam todos os viajantes e o cofre da locomotiva. Após o crime foge para as montanhas. Em seu encalço vai o verdadeiro xerife da região, Chuck Jarvis (Rock Hudson), que promete aos cidadãos da cidade que vai capturar e levar para a prisão o fora-da-lei. O problema surge após a descoberta da verdadeira identidade do criminoso, pois esse cresceu ao seu lado, foram amigos de infância e tudo acaba se tornando muito doloroso pois ele no fundo não deseja causar qualquer mal ao seu antigo amigo do passado. Surge assim um conflito interno no xerife, pois ao mesmo tempo em que ele precisa fazer cumprir a lei, ele também não quer causar qualquer mal ou dano ao fugitivo.

“Inimigos a Força” também foi um dos últimos trabalhos de Rock Hudson no cinema. Em 1973 ele já havia acumulado vários filmes que não foram bem sucedidos nas bilheterias. Ele deixou de ser um nome viável para grandes produções. Com vasto bigode, visual que iria adotar nos anos seguintes, Rock ainda tentava mostrar força no mundo do cinema, mas pelo visto não deu muito certo pois em pouco tempo ele estrearia na TV com a série “McMillian e Esposa”. O mesmo se pode dizer de seu colega em cena, Dean Martin, que surge já bastante debilitado pelos anos e anos de alcoolismo. O mundo do cinema já não parecia o lugar ideal para a dupla veterana. Assim como Hudson, Dean Martin também iria para a TV, onde apresentaria seu próprio programa de variedades.

De qualquer forma, mesmo se despedindo do cinema, essa dupla de atores conseguiu manter o pique da estória, principalmente nas melhores cenas do filme. Entre elas destaco o desfecho do filme, todo passado em uma floresta incendiada. Já nas cenas mais dramáticas, Dean Martin deixava um pouco a desejar. Numa cena em especial, ao lado da atriz Susan Clark, fica bem nítido seu problema com bebidas. Embora o personagem não esteja bêbado, a voz pastosa e sem firmeza de Martin dá a entender ao espectador que ele fez a cena completamente embriagado. Após um corte, ele já surge bem melhor, mostrando que o diretor provavelmente interrompeu as filmagens para o ator se recuperasse do porre! Mesmo com esse pequenos “desvios”, vamos dizer assim, “Inimigos à Força” é um bom faroeste da década de 1970. Nada brilhante, nada marcante demais, mas eficiente dentro de sua proposta na época em que o filme chegou nos cinemas.

Inimigos à Força (Showdown, Estados Unidos, 1973) Direção: George Seaton / Roteiro: Theodore Taylor, Hank Fine / Elenco: Rock Hudson, Dean Martin, Susan Clark / Sinopse: Após longos anos, dois amigos de infância se reencontram em lados opostos da lei. Um deles se torna um foragido perigoso após roubar um trem e o outro se torna um xerife disposto a tudo para cumprir a lei.

Pablo Aluísio. 

sábado, 12 de outubro de 2019

Aeroporto

Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os filmes de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.

Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George Kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.

Aeroporto (Airport, EUA, 1970) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset / Sinopse: Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Amar é Sofrer

Frank Elgin (Bing Crosby) é um ator e cantor decadente com sérios problemas de alcoolismo que tenta se reerguer na carreira. Tentando conseguir um papel em uma peça off Broadway ele acaba sendo ajudado pelo produtor Bernie Dodd (William Holden) que resolve lhe dar uma última chance. Para isso conta com o apoio da esposa de Frank, Georgie (Grace Kelly), uma mulher de forte personalidade que quer ver o marido brilhar novamente nas marquises da Broadway em Nova Iorque. "Amar é Sofrer" é um excelente drama que foca nos bastidores do meio teatral norte-americano na década de 50. O personagem de Bing Crosby é um presente a qualquer ator. Embora Crosby não fosse um intérprete brilhante aqui ele mostra muita desenvoltura e talento em um papel extremamente complexo, principalmente para ele que era mais cantor do que essencialmente um ator de profissão. Considerado ao lado de Elvis e Frank Sinatra uma das mais belas vozes do século XX, Crosby brilha como Frank Elgin, um sujeito corroído por dentro, amargurado pela vida que tenta desesperadamente por uma redenção final. Para quem é fã do Crosby cantor também não há o que reclamar. Ele interpreta várias canções ao longo do filme, até porque a peça que seu personagem estrela é na verdade um musical de vaudeville. Crosby tinha uma voz poderosa e rica mas era um artista bem modesto em relação ao seu grande talento tanto que mandou colocar em sua lápide a despretensiosa inscrição: "Era apenas um bom sujeito que sabia levar uma boa canção em frente".

Além de Bing Crosby em grande forma o elenco ainda reserva duas outras grandes surpresas. A primeira é a presença magnífica de Grace Kelly. Aqui ela foge completamente dos tipos que costumavam interpretar nas telas. Praticamente sem maquiagem sua caracterização mescla momentos de forte personalidade com ternura. Muitos duvidavam da capacidade interpretativa da atriz, principalmente na época, mas tiveram que dar o braço a torcer diante desse excelente trabalho dela. Grace Kelly acabou vencendo o Oscar de Melhor Atriz e o Globo de Ouro na mesma categoria por essa maravilhosa atuação. Completando o ótimo trio central temos aqui um William Holden dominando todas as cenas com sua imponente presença. Curiosamente em um enredo que toca tão fundo na questão do alcoolismo, Holden parece não ter aprendido muito uma vez que ele próprio sofreu desse mal por anos até ter uma morte indigna de seu nome após uma noite de bebedeiras. Uma ironia do destino? Certamente. Como se tudo isso não bastasse "Amar é Sofrer" ainda tem um dos finais mais sofisticados e elegantes que já vi no cinema. Uma aula de bom gosto em uma produção bem acima da média. Perfeito.

Amar é Sofrer (The Country Girl, Estados Unidos, 1954) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na peça de Cliford Odets / Elenco: Bing Crosby, Grace Kelly, William Holden, Anthony Ross / Sinopse: Frank Elgin (Bing Crosby) é um ator e cantor decadente com sérios problemas de alcoolismo que tenta se reerguer na carreira. Tentando conseguir um papel em uma peça off Broadway ele acaba sendo ajudado pelo produtor Bernie Dodd (William Holden) que resolve lhe dar uma última chance. Para isso conta com o apoio da esposa de Frank, Georgie (Grace Kelly) , uma mulher de forte personalidade que quer ver o marido brilhar novamente nas marquises da Broadway em Nova Iorque.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Sua Alteza, a Secretária

Título no Brasil: Sua Alteza, a Secretária
Título Original: The Shocking Miss Pilgrim
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Seaton, Edmund Goulding
Roteiro: George Seaton, Ernest Maas
Elenco: Betty Grable, Dick Haymes, Anne Revere, Marilyn Monroe, Gene Lockhart, Elizabeth Patterson

Sinopse:
No século XIX, Cynthia Pilgrim (Betty Grable) se torna a primeira funcionária de uma grande empresa de transporte em Boston. Em uma época em que poucas mulheres trabalhavam fora ela acaba se tornando um símbolo da nova posição feminina dentro do mercado de trabalho.

Comentários:
Esse filme foi o primeiro com Marilyn Monroe. Na época ela era apenas uma modelo que aspirava a ter uma carreira de atriz em Hollywood. Era um sonho que parecia muito, muito distante! Seu papel era tão insignificante que sequer tinha nome. De fato o personagem de Marilyn era apenas identificado como a "operadora de telefone". Na verdade ela sequer surgia em cena, pois os espectadores praticamente apenas ouviram sua voz. Também não foi creditada no elenco, o que demonstra como foi mesmo apenas um pequeno teste para ela na Fox (e pensar que em um futuro não tão distante ela se tornaria a maior estrela da história do estúdio). Já o filme em si, é um misto de drama socialmente consciente, explorando as conquistas da mulher no começo do século e também uma comédia romântica com muitos figurinos bonitos para impressionar no Technicolor berrante da época. Betty Grable era considerada a miss simpatia do plantel da Fox, conquistando boas bilheterias com seus filmes levemente açucarados.

Pablo Aluísio.