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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

O Fantástico Mundo do Dr. Kellogg

Você certamente achou o nome Kellogg familiar. Pois é, ele é provavelmente o nome de cereal que você consome todas as manhãs durante seu breakfast. O filme é sobre a história do criador de toda essa indústria, o Dr. John Harvey Kellogg (Anthony Hopkins). Ele era um sujeito estranho, para não dizer bizarro. Com jeitão de cientista maluco ele não tinha medo de criar as mais estranhas invenções. Casualmente acertou em cheio ao criar o famoso e popular cereal para crianças comerem no café da manhã, mas isso era apenas uma faceta de sua personalidade mais do que criativa (e sim, meio louca também). Para celebrar a biografia desse homem foi realizado esse curioso (e divertido) filme estrelado pelo mestre Anthony Hopkins. Aqui ele usou e abusou de uma maquiagem pesada para ficar parecido com o Kellogg da vida real. 

O roteiro não se propõe a ser uma comédia, como foi erroneamente vendido no Brasil, mas sim um filme normal que acima de tudo conta a história de um homem que poderia ser qualificado como tudo, menos como... normal! Com bonita direção de arte e produção classe A temos certamente um bom filme, valorizado ainda mais pelo personagem central, que muitos ainda hoje desconhecem completamente. Some-se a isso o fato de ter sido dirigido por Alan Parker, um dos meus cineastas preferidos, e você entenderá porque recomendo a produção sem reservas. 

O Fantástico Mundo do Dr. Kellogg (The Road to Wellville, EUA, 1994) Direção: Alan Parker / Roteiro: Alan Parker, baseado no livro escrito por T. Coraghessan Boyle / Elenco: Anthony Hopkins, Bridget Fonda, Matthew Broderick / Sinopse: Era uma vez um homem que revolucionou a indústria de alimentos nos Estudos Unidos. Filme indicado aos prêmios da Chicago Film Critics Association, British Society of Cinematographers e CFCA. 

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de julho de 2021

Bem-Vindos ao Paraíso

Nos Estados Unidos aconteceu algo vergonhoso durante a II Guerra Mundial. Após o ataque do Japão ao porto militar de Pearl Harbor, os Estados Unidos entraram definitivamente na guerra. E os japoneses que viviam dentro das fronteiras americanas foram deslocados para verdadeiros campos de concentração dentro da América. Um grande contrassenso já que campos de concentração eram símbolos dos regimes fascistas na Europa. Afinal o simples fato de alguém ter origem oriental não significava necessariamente que ele fosse um inimigo da pátria. Mesmo assim os japoneses foram levados a tais campos, gerando um ponto de vergonha dentro da história americana. Era claramente uma atrocidade e uma óbvia violação dos direitos humanos de todas aquelas pessoas.

Na história desse filme temos um casal formado por um americano e uma japonesa, vivendo suas vidas justamente nesse período histórico conturbado. Ela, como japonesa, tinha que ser levada até um campo de concentração, mas como se tinha uma ligação emocional e romântica com um americano? Como ficava sua situação? O filme de maneira em geral é muito bem realizado, com ótima reconstituição de época. E a direção do sempre ótimo cineasta Alan Parker garantia ainda mais sua qualidade cinematográfica.

Bem-Vindos ao Paraíso (Come See the Paradise, Estados Unidos, 1990) Direção: Alan Parker / Roteiro: Alan Parker / Elenco: Dennis Quaid, Tamlyn Tomita, Sab Shimono / Sinopse: O filme conta a história de um casal formado por um americano e uma japonesa que precisam se separar durante a II Guerra Mundial. Ela teria que ser levada a um campo de concentração mantido pelo governo americano. Aprisionada, mesmo sem nunca ter cometido crime nenhum.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de abril de 2021

Fama

Título no Brasil: Fama
Título Original: Fame
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Alan Parker
Roteiro: Christopher Gore
Elenco: Eddie Barth, Irene Cara, Lee Curreri, Laura Dean, Antonia Franceschi, Boyd Gaines

Sinopse:
Uma crônica da vida de vários adolescentes que frequentam uma escola de segundo grau em Nova York para alunos talentosos nas artes cênicas e dança, sempre a dança, como forma de expressão de todos eles. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor música original.

Comentários:
Muitos acreditam que o primeiro grande musical dos anos 80 foi "Flashdance". O pioneiro, o primeiro de uma linha de musicais de sucesso. Essa opinião está errada. O primeiro grande musical dos anos 80 foi "Fama", um excelente filme dirigido por Alan Parker, que não canso de dizer sempre foi um dos meus diretores preferidos. Parker, genial como ele era, resolveu inovar bastante nesse filme. Ora, se o roteiro contava a história de um grupo de jovens em busca do sucesso e da fama no meio artístico, nada melhor do que contratar para atuar no filme esses mesmos jovens que viviam isso em suas vidas reais. Pois é, praticamente todo o elenco foi escolhido em escolas de dança e academias de Nova Iorque. Uma moçada jovem, alguns em seu primeiro filme no cinema. O resultado não se mostrou apenas verdadeiro como cheio de alma. E, para encerrar, não poderia deixar de citar a trilha sonora com pelo menos três grandes sucessos, big hits mesmo. Quem viveu aquela época lembrará imediatamente nos primeiros acordes. A nostalgia dos anos 80 certamente vai bater forte ao ouvir esses sucessos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Evita

Título no Brasil: Evita
Título Original: Evita
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Hollywood Pictures, Cinergi Pictures
Direção: Alan Parker
Roteiro: Tim Rice, Alan Parker
Elenco: Madonna, Jonathan Pryce, Antonio Banderas, Jimmy Nail, Laura Pallas, María Luján Hidalgo

Sinopse:
O filme é uma adaptação para o cinema do musical de sucesso baseado na vida de Eva Perón. Evita Duarte era uma atriz argentina de cinema B que acabou se casando com o presidente argentino Juan Domingo Perón, se tornando nesse processo a mulher mais amada e odiada da Argentina. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor música original ("You Must Love Me" de autoria da dupla Andrew Lloyd Webber e Tim Rice).

Comentários:
Para muitos críticos de cinema esse foi o melhor momento da cantora Madonna na sétima arte. O filme é um musical com linguagem mais tradicional, com a grande maioria das cenas cantadas, o que proporcionou para a cantora ter um momento bem ao estilo Broadway em sua carreira no cinema. O diretor Alan Parker inclusive sempre foi um dos cineastas mais talentosos de sua geração. Pessoalmente sempre foi um dos meus diretores de cinema preferidos. Ele conseguiu arrancar da Madonna, sempre criticada por ser uma "atriz amadora", uma interpretação bem convincente. Parker se esforçou bastante nesse sentido. Valeu a pena toda a paciência no set de filmagens. Além da boa produção, com figurinos e reconstituição de época bem perfeita, o filme ainda contou com a promoção da própria música de Madonna. A canção "Don't Cry for Me Argentina" se tornou um hit mundial, fazendo bonito nas paradas de sucesso, ajudando na divulgação do filme como um todo. Eu pessoalmente achei um filme muito bonito visualmente de se ver, embora deva confessar que o excesso de números musicais também pode soar um pouco cansativo para o público comum. De qualquer forma é uma daquelas obras cinematográficas que conseguem ser bem maiores inclusive do que as personalidades que retratam. Nesse aspecto Evita Peron nunca foi tão bem louvada como aqui. Algo bem longe até de sua verdadeira história real.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de julho de 2020

A Vida de David Gale

Título no Brasil: A Vida de David Gale
Título Original: The Life of David Gale
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alan Parker
Roteiro: Charles Randolph
Elenco:  Kevin Spacey, Kate Winslet, Laura Linney, Melissa McCarthy, Rhona Mitra, Gabriel Mann

Sinopse:
Após ser acusado do estupro de uma de suas alunas, o professor David Gale (Spacey) vê sua vida desabar. E após a morte de uma colega que trabalhava ao seu lado numa ONG de direitos humanos, a coisa piora ainda mais. Ele é preso e acusado de um crime que o leva para o corredor da morte. Três dias antes da data de sua execução decide receber a jornalista Bitsey Bloom (Winslet) para contar a sua versão dos fatos.

Comentários:
Bom filme que discute nas entrelinhas de seu roteiro a questão da pena de morte. Seria esse tipo de penalidade adequada para o mundo em que vivemos? Kevin Spacey novamente dá show de interpretação em seu personagem. Ele está no corredor da morte, acusado do homicídio de uma colega de trabalho, mas alega completa inocência. Faltam apenas 3 dias para sua execução. A jornalista, interpretada pela atriz Kate Winslet vai até a prisão para ouvi-lo. E fica convencida de sua inocência. Porém haverá tempo para salvá-lo da pena capital? Mais importante do que isso, ele é inocente ou culpado do crime pelo qual foi julgado e condenado? É um bom roteiro, que tem uma causa a defender, porém devo dizer que apesar do bom desenvolvimento de toda a história quando o filme chega ao seu final há uma certa decepção. Isso porque o roteiro vai longe demais para provar seu ponto de vista. Uma situação como a que é revelada em suas cenas finais realmente estrapola o bom senso, é inverossímil demais. De qualquer forma é bom dizer que até esse ponto chegar o filme já terá valido a pena. E o mais curioso de tudo é perceber como a situação atual do ator Kevin Spacey, que praticamente foi banido de Hollywood após uma série de acusações, encontra semelhanças com as do personagem que interpreta nesse filme. A vida, nesse caso, realmente imitou a arte.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de junho de 2020

Asas da Liberdade

Título no Brasil: Asas da Liberdade
Título Original: Birdy
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: A&M Films, TriStar Pictures
Direção: Alan Parker
Roteiro: Sandy Kroopf
Elenco: Matthew Modine, Nicolas Cage, John Harkins, Sandy Baron, Karen Young, Nancy Fish

Sinopse:
Baseado no romance escrito por William Wharton, o filme "Asas da Liberdade" conta a história de um ex-combatente da guerra do Vietnã que volta aos Estados Unidos com problemas mentais. Em determinado momento ele se convence que é um pássaro. Para ajudar em sua recuperação um leal amigo tenta ajudá-lo de alguma forma. Filme premiado com a Palma de Ouro no Cannes Film Festival. 

Comentários:
Tenho uma admiração muito grande pela filmografia do diretor Alan Parker. Se há um cineasta que eu tiro o chapéu sem dúvida é ele. Grande artista da arte de fazer filmes, ele teve seu auge criativo justamente durante a década de 1980. Além do insuperável "Coração Satânico" ele ainda dirigiu esse excelente filme sobre os efeitos nefastos de uma guerra como a do Vietnã. Aqui Parker resolveu sondar o lado melancólico dos veteranos da guerra do Vietnã que voltaram com traumas e problemas mentais. Uma triste realidade que o cinema poucas vezes explorou já que sempre existiu um forte estigma com doentes mentais, principalmente se esses forem militares que foram ao Vietnã lutar naquela guerra insana e perderam completamente a razão no meio do inferno da selva asiática. Dentro do ciclo dos filmes de guerra do Vietnã essa seguramente foi uma das produções mais interessantes, humanas e verdadeiras. As cenas em que o ator Matthew Modine incorpora os modos de uma ave são impressionantes e até mesmo inesquecíveis. É o maior filme de sua carreira, muito superior em termos de atuação até mesmo ao clássico de Kubrick "Nascido Para Matar". Não deixe de conhecer. É uma obra-prima da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de maio de 2016

Coração Satânico

Um dos melhores filmes de terror e suspense que já assisti em minha vida também foi um dos mais subestimados. Estou me referindo a "Angel Heart" que no Brasil recebeu o título de "Coração Satânico". Lançado em 1987, com direção do talentoso Alan Parker, o filme tinha um roteiro maravilhoso escrito baseado a partir do ótimo romance gótico de William Hjortsberg. A velha batalha entre o bem e o mal, entre Deus e Satã, ganhava ares mais mundanos, mais próximos de cada um. No enredo um detetive particular chamado Harry Angel (interpretado por Mickey Rourke no auge de sua carreira) era contratado pelo misterioso Louis Cyphre (Robert De Niro) para encontrar um antigo cantor de jazz conhecido como Johnny Favorite. No passado esse tal de Favorite teria ficado em dívida com o senhor Louis, que agora surgia para cobrar sua parte no trato. Angel sai em busca do sujeito, passando pelos lugares mais sórdidos e obscuros de uma New Orleans cheia de magia negra, feitiços e vodu. O sangue vermelho parece lhe acompanhar em toda parte e curiosamente o mal parece estar sempre presente em seu caminho de investigação.

Na época de lançamento do filme o ator Mickey Rourke era considerado o legítimo sucessor de Marlon Brando e James Dean. Um dos últimos a se formar no Actors Studio de Nova Iorque (a mesma escola de interpretação dos dois mitos citados), tudo parecia caminhar para transformar Rourke em um dos grandes astros rebeldes do cinema. Infelizmente não foi bem isso que aconteceu. De qualquer maneira o filme "Angel Heart" (no original "Coração de Anjo") tinha outro grande ator em cena. Era Robert De Niro. Antes de afundar em várias comédias constrangedoras, De Niro brilhava em um papel bem diferente. Um sujeito que na fachada parecia ser muito fino e elegante, quase um lord. No fundo ele seria a personificação do puro mal diabólico. O roteiro já deixava pistas sobre isso durante todo o desenrolar da trama - basta ver que seu nome, Louis Cyphre, lembra bastante o nome de Lúcifer, o anjo caído. Por isso a grande lição que esse excelente filme deixava era mais simples que se pensava: Nunca faça promessas com o diabo, um dia ele irá certamente cobrar sua parte.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

The Commitments - Loucos Pela Fama

Título no Brasil: The Commitments - Loucos Pela Fama
Título Original: The Commitments
Ano de Produção: 1991
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Ardmore Studios, Herbert Road
Direção: Alan Parker
Roteiro: Dick Clement, Ian La Frenais, Roddy Doyle
Elenco: Robert Arkins, Michael Aherne, Angeline Ball

Sinopse: 
Jimmy Rabbitte (Robert Arkins) está na pior. Desempregado e sem vias de melhorar de vida em um futuro próximo ele resolve finalmente colocar um antigo sonho de pé, formando uma banda de soul music para arrasar nos clubes noturnos de Dublin. Para isso resolve convocar músicos experientes e outros nem tanto para formar um grupo musical chamado The Commitments. Durante os primeiros ensaios tudo parece correr muito bem, inclusive ele logo descobre que há de fato um grande som saindo daquela união. As coisas porém logo começam a sair dos trilhos quando uma guerra de egos entre os músicos começa a destruir o seu projeto internamente.

Comentários:
Alan Parker sempre foi um cineasta genial. Aqui ele retorna para o gênero musical no qual sempre se deu muito bem. O cenário é uma Irlanda católica com muitos problemas sociais. O desemprego é alto e a falta de perspectivas dos mais jovens é assustadora. No meio da dureza do dia a dia um jovem resolve formar uma banda com pessoas da cidade, dando origem aos The Commitments, um grupo formado por músicos bem talentosos mas igualmente viscerais, geniosos e complicados de se lidar. A grande sacada de Alan Parker foi ter reunido um elenco formado por músicos profissionais que nunca tinham atuado antes em suas vidas. Essa falta de experiência acaba trazendo muito para o resultado do filme pois o espectador em determinado momento começa a pensar estar realmente assistindo a um documentário tal a veracidade das atuações dos membros da banda. Some-se a isso a ampla liberdade que Parker deu a todos em cena e você logo entenderá que de fato muitos estão interpretando a si mesmos! Já a música que ouvimos é de primeira qualidade, só grandes sons e ótimas performances. Por essa razão sempre coloquei "The Commitments" entre os grandes musicais da década de 1990. Um show de musicalidade de bom gosto, acima de tudo!

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de abril de 2013

O Expresso da Meia-Noite

É um dos filmes mais viscerais já realizados. Roteirizado por Oliver Stone, em inicio de carreira, “O Expresso da Meia-Noite” não procurava amenizar a realidade barra pesada que se propunha a mostrar. Na trama o ator Brad Davis interpretava um americano preso na Turquia com uma quantidade considerável de drogas. As leis daquele país sobre esse tipo de conduta se mostrariam mais duras do que ele jamais ousaria imaginar. Preso, espancado, despido de sua dignidade humana, o personagem sofre uma verdadeira viagem ao inferno dentro do sistema penitenciário turco com seus métodos bárbaros e rígidos no trato com os prisioneiros. O filme tem uma carga emocional muito pesada, mostrando em detalhes diversas torturas, espancamentos e agressões tanto físicas quanto psicológicas. O ator Brad Davis se expõe com coragem a um roteiro que não tem medo de colocar o dedo na ferida. Essa acabou sendo sua melhor atuação na carreira. Infelizmente Davis foi mais uma vítima precoce do surgimento da AIDS no mundo. Ao vê-lo em cena não podemos chegar a outra conclusão: perdeu-se realmente um grande talento dramático pois sua atuação é muito marcante. Um trabalho memorável mesmo.
    
O impacto que “O Expresso da Meia-Noite” causou na época acabou abrindo as portas de Hollywood para Oliver Stone. Embora o filme fosse dirigido pelo extremamente talentoso Alan Parker (um dos meus cineastas preferidos), Stone é quem acabou se destacando na mídia pois seu roteiro recebeu várias menções honrosas e elogios no lançamento do filme nos EUA. A história pessoal de Oliver Stone também comoveu a imprensa. Veterano do Vietnã ele admitiu em entrevistas que estava familiarizado com violações de direitos humanos por causa de sua experiência como militar americano no sudeste asiático. Chegou ao ponto de dizer que muitas das cenas mais violentas de “O Expresso da Meia Noite” eram claramente inspiradas em fatos que vivenciou no meio do conflito nas selvas vietnamitas. A conclusão a que se chega é que “O Expresso da Meia Noite” é de fato um filme forte, violento e nada pueril. Um retrato visceral de um mundo cruel e hostil que merece ser redescoberto pelas novas gerações de cinéfilos. 

O Expresso da Meia-Noite (Midnight Express, Estados Unidos, 1978) Direção: Alan Parker / Roteiro:  Oliver Stone baseado no livro escrito por Billy Hayes e William Hoffer / Elenco: Brad Davis, Irene Miracle, Bo Hopkins / Sinopse: Billy Hayes (Brad Davis) é preso transportando drogas para dentro da Turquia. Preso, torturado e violado em seus direitos humanos ele tentará de todas as formas sobreviver ao inferno do sistema penitenciário daquele país.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Coração Satânico

O filme definitivo de Mickey Rourke na década de 1980. Aqui ele interpreta o detetive de New Orleans Harry Angel que é contratado pelo misterioso Louis Cypher (Robert De Niro) para localizar um músico chamado johnny Favorite que lhe deve algo (não se sabe o quê exatamente). Ao longo da investigação Angel vai descobrindo um sórdido mundo de feitiços, bruxarias e mortes. Sem entender exatamente o que está acontecendo ao seu redor ele cai em uma complicada teia de mentiras e falsas pistas que acabará o levando a descobrir um terrível segredo sobre si mesmo. Esse é seguramente um dos melhores filmes de Mickey Rourke onde tudo funciona excepcionalmente bem. O roteiro é um primor e a ambientação em New Orleans é simplesmente perfeita. A cidade, uma das mais interessantes dos EUA pois tem um cultura bem peculiar e própria, acaba virando também um dos principais elementos que rondam o mistério que o detetive Angel tenta desvendar. 

As cenas em que Rourke e De Niro contracenam são maravilhosas e ficaram marcadas como algumas das melhores do cinema dos anos 80. Robert De Niro inclusive colocou por conta própria vários elementos para a caracterização de seu personagem. Seu figurino, maquiagem, cabelos e trejeitos são criações do próprio ator. Aqui fica provado de uma vez por todas o excepcional talento do diretor Alan Parker em construir filmes marcantes e edificantes. Um cineasta bastante autoral que enfrentou ao longo de sua carreira vários problemas com os estúdios. Na época do lançamento o filme teve que lidar com a classificação etária por causa de cenas consideradas violentas ou explícitas demais. Há inclusive uma cena de sexo ardente onde as paredes começam a sangrar em profusão. O estúdio então ordenou a Parker que realizasse um novo corte para que o filme não se tornasse proibido a menores de 18 anos. Para evitar que isso acontecesse então Parker promoveu algumas alterações mas nada que maculasse o filme em si. Mesmo assim o resultado nas bilheterias não foi muito satisfatório. O tempo porém consagrou "Angel Heart" é hoje o filme é considerado uma obra prima, uma das melhores produções ao estilo noir feitas na era moderna. Cult por excelência, "Coração Satânico" é uma preciosidade, não deixe de assistir ou rever sempre que possível.  

Coração Satânico (Angel Heart, Estados Unidos, 1987) Direção: Alan Parker / Roteiro: Alan Parker baseado no livro de William Hjortsberg / Elenco: Mickey Rourke, Robert De Niro, Lisa Bonet, Charlotte Rampling / Sinopse: O detetive Harry Angel (Mickey Rourke) é contratado pelo misterioso Louis Cypher (Robert De Niro) para localizar um músico chamado johnny Favorite que lhe deve algo (não se sabe o quê exatamente). Ao longo da investigação Angel vai descobrindo um sórdido mundo de feitiços, bruxarias e mortes em uma New Orleans sinistra e soturna.  

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de março de 2012

Mississippi em Chamas

Dois Agentes do FBI, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), chegam a uma pequena cidade do Mississippi para investigar a morte de três militantes dos direitos civis durante a década de 60. Lá encontram pela frente todo tipo de dificuldade para levar em frente as investigações, tendo que lidar com a hostilidade das autoridades e da população local. "Mississippi em Chamas" é um dos melhores trabalhos do excelente cineasta Alan Parker. O filme mostra como poucos a engrenagem do ódio racial que insiste em perdurar em certas localidades mais distantes dos grandes centros urbanos dos EUA. Essa região é formada por vários Estados de forte tradição em segregação racial. Localidades onde a igualdade racial ainda não fez morada. Não é demais lembrar que foram esses mesmos Estados que tentaram sair da federação americana por causa da questão da escravidão, gerando a Guerra Civil entre norte e sul. Pelo visto a velha mentalidade confederada ainda persiste mesmo após décadas do fim do conflito. O governo americano sob a presidência de John Kennedy sancionou várias leis de igualdade entre brancos e negros mas como mostrado no filme nem sempre leis são suficientes para mudar décadas de mentalidade segregacionista.

O grande nome do elenco aqui é Gene Hackman. Ele interpreta um agente do FBI que, tendo nascido no sul racista, acaba ficando entre a cruz e a espada, entre os valores no qual foi criado e as regras da sua agência de investigação. Já Willem Dafoe interpreta o parceiro que segue as regras do Bureau mais de perto, procurando seguir os procedimentos à risca. Entre o elenco de apoio os destaques são dois: R. Lee Ermey (o sargento durão de Nascido Para Matar) na pele do prefeito da cidade e Frances McDormand como a sofrida esposa de um policial e membro da Klu Klux Klan. O roteiro é muito bem elaborado, fugindo sempre dos clichês que poderiam surgir nesse tipo de filme que mostra dois agentes da lei durante uma investigação complicada. O roteirista Chris Gerolmo foi muito feliz na condução da estória fugindo sempre de situações convencionais ou burocráticas. Já sobre Alan Parker não há muito o que falar. Sempre foi um dos meus cineastas preferidos, um diretor com uma filmografia cheia de filmes intrigantes ou viscerais tais como "Coração Satânico" (sua obra prima na minha opinião) e "O Expresso da Meia Noite". Infelizmente recentemente esteve no Brasil e explicou que anda no ostracismo pois os estúdios atualmente preferem não mais bancar filmes com temáticas sociais como a que vemos nessa produção. Pelo jeito a mentalidade tacanha não é privilégio apenas dos sulistas norte-americanos. Só podemos mesmo lamentar. De qualquer forma fica a dica - se ainda não assistiu não deixe de conferir esse grande filme dos anos 80.

Mississippi em Chamas (Mississippi Burning, Estados Unidos, 1988) Direção: Alan Parker / Roteiro: Chris Gerolmo / Elenco: Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand, R. Lee Ermey, Brad Dourif / Sinopse: Dois Agentes do FBI, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), chegam a uma pequena cidade do Mississippi para investigar a morte de três militantes dos direitos civis durante a década de 60. No local encontram pela frente todo tipo de dificuldade para levar em frente as investigações, tendo que lidar com a hostilidade das autoridades e da população local.

Pablo Aluísio.