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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

As Aventuras de Robin Hood

Título no Brasil: As Aventuras de Robin Hood
Título Original: The Adventures of Robin Hood
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz, William Keighley
Roteiro: Norman Reilly Raine, Seton I. Miller
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Basil Rathbone, Claude Rains, Patric Knowles, Eugene Pallette

Sinopse:
Adaptação para o cinema da lenda de Robin Wood. Um ladrão e bandoleiro medieval que roubava dos ricos para dar aos pobres nas florestas da Inglaterra. E por essa razão, acabou sendo amado pelo povo que vivia oprimido pelas autoridades opressivas daqueles tempos difíceis. 

Comentários:
Ainda hoje, esse filme é considerado uma das melhores aventuras produzidas na história de Hollywood. Realmente é um filme tecnicamente perfeito. Mesmo após tantos anos de seu lançamento original. Foi um grande sucesso de bilheteria e de crítica, alcançando números comerciais espantosos para a época. Acabou se tornando o maior sucesso da história da carreira do ator Errol Flynn, que naqueles anos era o nome mais popular da indústria cinematográfica norte-americana. E isso foi, de certa forma, uma surpresa, porque a produção do filme foi conturbada. O orçamento estourou e o filme acabou custando o dobro do que era previsto pela Warner. Houve problemas de relacionamento entre o astro e o diretor. Errol Flynn resolveu seduzir a mulher de Michael Curtiz nas filmagens. Mesmo com tantos problemas, o filme superou tudo e hoje é considerado um grande marco da história do cinema. Criou várias situações narrativas que até atualmente são incorporadas e copiadas aos filmes desse gênero cinematográfico. Venceu a barreira do tempo e é considerado um grande entretenimento.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Uma Cidade Que Surge

Título no Brasil: Uma Cidade Que Surge
Título Original: Dodge City
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Robert Buckner
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Ann Sheridan, Bruce Cabot, Frank McHugh, Alan Hale

Sinopse:
Dodge City é uma das cidades mais violentas do velho oeste. Famosa pelos duelos de pistoleiros na rua principal, ela se torna alvo de disputas de grupos rivais, cada um querendo controlar a rica e próspera via de carregamento de gado. Wade Hatton (Errol Flynn) chega na cidade pela ferrovia para ser o novo xerife. Impor ordem e lei em um lugar conhecido justamente por não ter nenhuma das duas coisas. Sua tarefa certamente não será das mais fáceis.

Comentários:
A dupla Errol Flynn e Michael Curtiz se notabilizou pelos filmes de aventura que fizeram. Produções de capa e espada, com piratas, lendas medievais e temas semelhantes. No final da década de 1930 os executivos da Warner decidiram que era hora deles também enveredarem pelo universo dos filmes de cowboy. Também pudera, o western havia se tornado sinônimo de sucesso de bilheteria. Assim Flynn pendurou a espada, subiu em um cavalo, colocou esporas e foi dar uma de cowboy nesse "Dodge City". Sendo sincero não achei Errol Flynn muito convincente nessa película. Não era seu estilo. Ele era ótimo para representar Robin Hood, piratas do Caribe e personagens desse naipe mas homens do oeste bravio não! Isso porque Errol não parecia com um pioneiro, não tinha aquela presença rústica que esse tipo de papel exigia. Acreditar que Flynn é um ás do gatilho, um xerife da famosa Dodge City, fica complicado. Talvez Michael Curtiz também tenha entendido isso e resolveu encaixar alguns momentos de humor para combinar melhor com o sorriso irônico de Flynn. O saldo final soa meio artificial. O filme não fez o sucesso esperado e o ator voltou para seu gênero habitual. Melhor assim, afinal de contas ele nunca foi um John Wayne e nem um Randolph Scott.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

O Rebelde Orgulhoso

Aqui temos mais um western clássico. A história se passa após o fim da guerra civil americana. John Chandler (Alan Ladd) se encontra completamente arruinado. Sua fazenda foi queimada pelos ianques, sua esposa foi morta na frente de seu pequeno filho que, traumatizado, nunca mais conseguiu falar. Ex-combatente da confederação, dos estados do sul, ele decide então ir até o norte em busca de uma cura para o garoto. O caminho porém não será fácil, pois ele passa a ser hostilizado por onde passa uma vez que é tratado como “rebelde” apenas por ser sulista, por ter sido um soldado confederado. Na busca por um tratamento para seu filho David (David Ladd), o pai obstinado acaba chegando numa cidadezinha na fronteira entre norte e sul. Lá, como sempre, é alvo de provocações, indo parar na cadeia após trocar socos com uns valentões locais. Tentando lhe ajudar de alguma forma, a fazendeira Lnett Moore (Olivia de Havilland) resolve pagar a fiança em troca do trabalho de Chandler em sua propriedade. O problema é que a fazenda é alvo dos irmãos Burleighs que cobiçam a região para pasto de seu rebanho. Após alguns ataques covardes (onde o bando de bandidos incendeia parte do rancho), Chandler resolve desafiar os criminosos, levando todos para uma disputa final de vida ou morte.

Esse é sem dúvida um dos melhores filmes de western da carreira de Alan Ladd. Com um roteiro que faz lembrar em certos momentos de “Os Brutos Também Amam”, o filme consegue conciliar drama, romance e ação nas doses certas. O ator Alan Ladd novamente incorpora um personagem integro, honrado e honesto que deseja apenas que seu filho volte a falar. Curiosamente o ator mirim David Ladd era de fato o próprio filho do ator, repetindo nas telas aquilo que era na vida real. O garotinho mostra muita desenvoltura em seu papel, criando um vinculo emocional bastante forte com o espectador.

O roteiro é muito bem escrito, e tira proveito de toda a situação com muita eficiência. Para os que gostam de animais, o filme ainda traz um pequeno cão pastor que acaba roubando várias cenas com seu adestramento. A disputa por ele acaba sendo um ponto crucial para todos os personagens na estória. É interessante notar ainda como Alan Ladd foi provavelmente o cowboy mais romântico do western americano em sua fase de ouro no cinema. Todos os seus personagens possuíam algo em comum, pois eram heróis trágicos, errantes, à procura de um lugar para recomeçar a vida (muitas vezes partindo praticamente do zero). O cineasta Michael Curtiz (um dos maiores nomes do cinema clássico americano) soube muito bem aproveitar dessa característica de Ladd aqui, mostrando mais uma vez toda sua elegância e seu talento, em um faroeste realmente muito bom, acima da média. Grande filme. Um belo momento da carreira de Alan Ladd, que aqui surge mais uma vez em sua quintessência.

O Rebelde Orgulhoso (The Proud Rebel, Estados Unidos, 1958) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Joseph Petracca, Lillie Hayward / Elenco: Alan Ladd, Olivia de Havilland, Dean Jagger, David Ladd, Harry Dean Stanton, John Carradine / Sinopse: Após o fim da guerra civil dos Estados Unidos, um ex-soldado confederado se arrisca a ir até o norte em busca de tratamento para seu filho que ficou sem falar após passar por um grande trauma. No caminho acaba se envolvendo numa luta por terras numa pequena cidade na fronteira entre norte e sul.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Tarde Demais

Um dos filmes românticos mais lembrados da carreira de Montgomery Clift e Olivia de Havilland, aqui em elogiada atuação que inclusive lhe garantiu o Oscar de Melhor Atriz naquele ano. Ela interpreta Catherine Sloper, uma moça que não parece atrair muito a atenção dos homens. Sem muitos atrativos, pouco bela e até desajeitada, ela fica longe do ideal romântico de sua época. Filha de um rico homem de negócios, ela acaba conhecendo em uma festa o bem apessoado Morris Townsend (Montgomery Clift). Ele parece ser o tipo ideal que uma garota como ela poderia almejar como namorado e quem sabe, um dia, seu futuro marido. O jovem com ares de galã acaba suprindo o vazio em sua vida sentimental. Não demora muito e Catherine logo fica perdidamente apaixonada por ele. Ao saber do breve romance da filha, seu pai fica obviamente enfurecido, uma vez que percebe as verdadeiras intenções de Morris, que no fundo parece querer apenas a rica herança de sua jovem. Para ele o amor de sua filha seria na verdade apenas um aproveitador, um “caçador de dotes”. A não aprovação do pai logo torna a situação tensa e conflituosa. Seria uma visão verdadeira da situação ou apenas mais um caso de preconceito social, já que o personagem de Clift não teria o mesmo dinheiro que o pai de sua jovem namorada?

Por amar muito Morris, a garota então decide romper com o pai para fugir com o amado. O pai imediatamente a deserda de toda a herança. Morris ao saber disso, simplesmente vai embora deixando a jovem destruída emocionalmente para trás. Teria ele fugido por medo, covardia da reação do pai de Catherine ou seria simplesmente o ato de um interesseiro, um golpista do baú? Anos depois, com o falecimento do pai, Catherine se torna finalmente a única herdeira de uma grande fortuna. Para sua surpresa nesse momento sua grande paixão do passado, Morris, reaparece. E agora, dará ela uma segunda chance ao homem que tanto amou?

“Tarde Demais” é uma excelente produção de época, que revive a alta sociedade americana do século XIX. Embora Olivia de Havilland esteja soberba como Catherine, o filme pertence mesmo a Montgomery Clift. Seu personagem, Morris, é muito rico em nuances psicológicas. A todo o tempo o espectador fica perdido, sem saber se ele é de fato um aproveitador ou apenas um homem fraco que não agüentou a pressão do pai de Catherine. O cineasta William Wyler também esbanja elegância e sofisticação nessa adaptação do famoso livro escrito por Henry James. Em suma, eis aqui um dos melhores filmes românticos de Hollywood em sua fase de ouro, em sua fase clássica. Uma obra prima do gênero.

Tarde Demais (The Heiress, Estados Unidos, 1949) Direção: William Wyler / Roteiro: Ruth Goetz, Augustus Goetz, baseados na obra de Henry James / Elenco: Olivia de Havilland, Montgomery Clift, Ralph Richardson, Miriam Hopkins / Sinopse: Rica herdeira fica em um grande dilema após o seu pai desaprovar o romance com o grande amor de sua vida! Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor atriz (Olivia de Havilland), Melhor direção de arte, Melhor figurino e Melhor trilha sonora. Indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante (Ralph Richardson) e Melhor Fotografia. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Olivia de Havilland).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de março de 2020

A Dama Enjaulada

Excelente filme! Curiosamente nunca havia assistido antes. É um thriller de suspense, de natureza criminal, que deixa o espectador ligado nos acontecimentos. E tudo se passa na casa da senhora Cornelia Hilyard (Olivia de Havilland). Ela mora com seu filho em seu belo casarão ao velho estilo. Um dia esse decide viajar, a deixando sozinha. Ela tem problemas de locomoção, por causa de uma cirurgia. Para ir ao andar de cima de seu casarão ela precisa usar um pequeno elevador doméstico, muito popular nos anos 60, nos Estados Unidos. E para seu completo azar o elevador subitamente para, no meio da subida, por causa de falta de energia. E ela fica presa, literalmente enjaulada, precisando de socorro pois não pode ficar ali naquela situação já que é uma mulher idosa.

Quem acaba escutando o sinal de socorro é um vagabundo de rua. Um sujeito alcoólatra que entra na casa, não para salvar a senhora de sua situação, mas sim para roubar objetos de dentro da casa. Ele acaba pedindo ajuda a uma velha prostituta para roubar ainda mais coisas. A movimentação porém acaba chamando a atenção de um grupo de jovens criminosos, dementes, que também resolvem entrar na casa para roubar tudo e implantar o terror não apenas na senhora, mas também no outro casal que estava ali para roubar. Esses jovens delinquentes são liderados por um rapaz desequilibrado chamado Randall Simpson O'Connell (James Caan). Ele viveu toda a sua vida em reformatórios, é um desajustado violento e está disposto a matar todas as pessoas que estão na casa, para não deixar testemunhas para trás.

Como se pode perceber esse "A Dama Enjaulado" é um filme de extremos. Há um crime em andamento, um senhora da sociedade indefesa, e todos os tipos de personagens criminosos sórdidos. O destaque vai para o ator James Caan, ainda bem jovem, mas muito talentoso. Seu papel é a de um criminoso asqueroso, demente, que decide tocar o terror dentro daquela casa invadida. Ele é acompanhado por uma jovem loira, claramente doente mental e seu pequeno ajudante, um adolescente perverso e insano. O quadro geral é desolador. Fico imaginando um roteiro excelente desses nas mãos de um Alfred Hitchcock, mesmo sabendo que o diretor Walter Grauman tenha feito um ótimo trabalho aqui. Enfim, se você aprecia filmes criminais com altas doses de suspense psicológico, esse "A Dama Enjaulada" é uma opção imperdível.

A Dama Enjaulada (Lady in a Cage, Estados Unidos, 1964) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Walter Grauman / Roteiro: Luther Davis / Elenco: Olivia de Havilland, James Caan, Jeff Corey, Jennifer Billingsley, Ann Sothern / Sinopse: Cornelia Hilyard (Olivia de Havilland) é uma dama da sociedade que vê sua casa sendo invadida por um grupo de criminosos. Presa no elevador doméstico de seu casarão ele nada pode fazer para impedir os roubos, a não ser torcer para que saia viva daquela situação aflitiva e desesperadora.

Pablo Aluísio. 

domingo, 16 de fevereiro de 2020

O Intrépido General Custer

Cinebiografia romanceada do General George Armstrong Custer (Errol Flynn) e sua sétima cavalaria. A tropa ficou muito famosa na história norte-americana por causa de suas lutas contra tribos hostis lideradas pelo chefe Sioux Touro Sentado. O clímax do filme acontece justamente na batalha de Little Big Horn quando os soldados americanos enfrentaram de forma decisiva, em campo aberto, as hordas indígenas. Quando resolvi assistir esse filme fui com o pensamento de que veria uma produção muito bem realizada, historicamente incorreta, mas que no final das contas tinha tudo para ser um bom western de entretenimento estrelado pelo ídolo Errol Flynn. Acertei bem no alvo! 

O título em inglês é uma expressão popular no exército que se refere aos soldados mortos em serviço, no campo de batalha - uniformizados, com suas botas! (They Died with Their Boots On). Pois bem, a primeira parte do filme é um tanto romanceada além do que seria razoável, inclusive com toques de humor em excesso, algo que eu realmente não esperava nesse tipo de produção. Essa parte inicial tem muito mais a ver com o estilo bonachão de Errol Flynn do que com a biografia do general Custer, que era um sujeito sisudo e de poucas palavras na vida real (ao contrário da caracterização de Flynn, sempre sorridente e soltando piadas).

Já dos sessenta minutos em diante o filme cresce muito (são duas horas e meia de duração). Isso acontece porque o lado mais romanceado do filme é deixado de lado para que o roteiro desenvolva os eventos que aconteceram com o General e seus soldados. A partir desse momento do filme Custer se torna um general e vai para o oeste lutar nas chamadas guerras indígenas. O filme aqui se torna mais sério, com roteiro muito bem estruturado e com um final muito bem realizado, inclusive do ponto de vista histórico (os tropeços em termos de história ocorrem quase todos na primeira parte do filme). O elenco de apoio traz a simpática Olivia de Havilland fazendo mais uma vez o interesse romântico de Flynn. Charley Grapewin surge no papel de "California Joe", um dos melhores personagens do filme, aqui na pele de um excepcional ator, ótimo mesmo. De resto o filme faz jus à fama do diretor Raoul Walsh, sempre muito competente. Se não é fiel do ponto de vista histórico, pelo menos serve, ainda nos dias de hoje, como um competente veículo de diversão para o espectador.

O Intrépido General Custer (They Died with Their Boots On, EUA, 1941) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Wally Kline, Eneas MacKenzie / Elenco Errol Flynn, Olivia de Havilland, Arthur Kennedy / Sinopse: Cinebiografia romanceada do General George Armstrong Custer (Errol Flynn) e sua sétima cavalaria. Militar famoso desde os tempos da guerra civil ele liderou uma série de ataques contra índios rebeldes em territórios distantes do velho oeste e acabou tendo um final trágico.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Meu Reino Por um Amor

Grande momento da carreira da atriz Bette Davis e um dos filmes mais lembrados por sua grande atuação. Aqui ela encontrou um papel à altura de sua personalidade única. Ela interpreta a rainha Elizabeth I, que ficou conhecida na história como a "rainha virgem" pois nunca se casou e nem deixou herdeiros. Quando o filme começa ela está pronta para receber um de seus comandantes, o Conde de Essex (Errol Flynn). Ele está triunfante pois venceu uma grande batalha contra a Espanha e sua armada. A rainha porém não está satisfeita pois esperava que a campanha lhe trouxesse muitos tesouros dos navios espanhóis. Ao invés disso tudo foi para o fundo do mar. O interessante é que por baixo do jogo de aparências a rainha ama aquele homem, tem verdadeira paixão por ele. Seu comportamento é até mesmo uma forma de despistar dos outros lordes. Os seus verdadeiros sentimentos ficam escondidos em encontros secretos com seu amado. Em pouco tempo ela volta para seus braços.

O roteiro do filme foi baseado em fatos históricos reais, inclusive não abrindo mão do trágico destino que acabou envolvendo esse romance. Bette Davis está ótima como a monarca inglesa, inclusive usando figurinos e maquiagem bem pesadas, típicos da época. Isso significou que ela precisou até mesmo cortar parte de seu cabelo para fazer jus aos problemas de calvície que atingia a rainha. A Elizabeth I foi uma mulher complexa, cheia de traumas por causa da velhice e da perda da juventude (algo retratado no filme). A estrutura do roteiro desse filme é bem teatral pois foi baseado numa peça. Só que em nenhum momento cansa o espectador. Além disso tem ótimos diálogos que prendem a atenção. Enfim, um filme realmente digno dessa histórica rainha inglesa.

Meu Reino Por um Amor (The Private Lives of Elizabeth and Essex, Estados Unidos, 1939) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Norman Reilly Raine, Eneas MacKenzie / Elenco: Bette Davis, Errol Flynn, Olivia de Havilland, Vincent Price / Sinopse: O filme resgata a história de amor envolvendo a rainha Elizabeth I (Davis) e o Conde de Essex (Flynn) durante o século XVI. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (W. Howard Greene, Sol Polito), Melhor Direção de Arte (Anton Grot), Melhor Som (Nathan Levinson), Melhores Efeitos Especiais (Byron Haskin, Nathan Levinson) e Melhor Música (Erich Wolfgang Korngold).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

A Estrada de Santa Fé

Título no Brasil: A Estrada de Santa Fé
Título Original: Santa Fe Trail
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio:  Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Robert Buckner
Elenco: Errol Flynn, Ronald Reagan, Olivia de Havilland, Raymond Massey, Van Heflin, William Lundigan
  
Sinopse:
Nas vésperas da guerra civil americana dois jovens cadetes, Jeb Stuart (Errol Flynn) e George Custer (Ronald Reagan), se tornam amigos e vão vivendo as experiências típicas da idade em um momento particularmente turbulento para a nação, onde se torna iminente a eclosão de um dos maiores conflitos da história daquele país. Ao mesmo tempo em que tentam sobreviver ao caos político do momento vão se enamorando pela bela 'Kit Carson' Holliday (Olivia de Havilland).

Comentários:
Roteiro parcialmente inspirado em fatos históricos reais. Um bom faroeste que talvez erre um pouco do ponto de vista ideológico. Sob esse ponto de vista fiquei realmente com sérias dúvidas sobre quais seriam suas verdadeiras intenções. O roteiro é muito dúbio e pra falar a verdade passa a impressão que é de fato mal intencionado. Os vilões do filme são todos abolicionistas. Isso mesmo, John Brown (líder abolicionista da história americana) é retratado aqui como um maníaco, fanático religioso e surtado! Os que lutam ao seu lado pelo fim da escravidão nos EUA são todos assassinos sanguinários! Enquanto isso os mocinhos são representados pelos personagens de Errol Flynn (fazendo o papel do jovem cadete sulista de nome Jeb Stuart) e por Ronald Reagan, isso mesmo o futuro presidente dos EUA, no papel de ora vejam só, George Custer! Ele mesmo o famoso general americano da sétima cavalaria que foi morto por Touro Sentado alguns anos depois!

Talvez Jack Warner, o produtor, tivesse uma visão do mundo bem alinhada com o que os confederados defendiam. Só isso explicaria diálogos que me deixaram surpreso, como quando o personagem de Errol Flynn briga com outro cadete por este estar lendo um manifesto pelo fim da escravidão! Em outra cena um casal de negros afirma que "não querem a liberdade de John Brown" e preferem voltar para sua antiga casa, no sul! A questão é que no sul dos Estados Unidos naquele período histórico a população negra era toda escrava, usada como mão de obra das grandes fazendas de algodão. Quem em sã consciência acreditaria que um negro iria desejar uma coisa dessas para si e seus parentes?! É claro que soa absurdo. Agora, deixando tudo isso de lado, não há como negar que é uma excelente produção com muita ação e cenas de batalhas bem feitas. Sob o ponto de vista puramente cinematográfico é certamente um belo filme. Pena que o roteiro seja tão maniqueísta e equivocado. Detalhe: A morte de John Brown, o abolicionista, acabou sendo o estopim da guerra civil americana! Quem diria...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Aeroporto 77

Esse foi mais um filme da franquia de filmes "Aeroporto". Praticamente todos os filmes foram sucessos de bilheteria, repetindo basicamente a mesma fórmula, reunindo um elenco de grandes ídolos do passado ás voltas com problemas (e desastres) em viagens de avião. Aqui temos James Stewart interpretando um milionário chamado Philip Stevens. Ele está promovendo a abertura de um grande museu de arte com sua própria coleção de quadros históricos, alguns deles valendo milhões de dólares. O museu vai funcionar em uma de suas muitas mansões. Ele quer que toda a sua coleção seja apreciada pelo público. Acontece que sua inigualável coleção de arte está do outro lado do país. Assim ele manda um dos seus aviões particulares, um enorme Boeing 747, trazer todos os seus quadros para a costa oeste. Além disso o avião traz ainda um seleto grupo de convidados especiais, críticos de arte, milionários e sua filha, acompanhada do neto que ele mal conhece.

A viagem com tantas obras de arte caríssimas chama a atenção de um grupo de criminosos. Eles se infiltram na tripulação. Seu plano é tomar controle do avião, tirando ele da vista dos radares, o levando para uma velha pista de pouso abandonada desde a II Guerra Mundial. Essa pista fica em uma ilha isolada do Caribe. Eles querem obviamente roubar toda a galeria de arte, onde estão quadros de Renoir, Picasso, Van Gogh, etc. Cada um desses quadros valem milhões de dólares. No começo o plano criminoso sai bem, mas logo o copiloto, que também faz parte da quadrilha, perde o controle do 747 e o grande avião sofre um acidente. O piloto é interpretado por Jack Lemmon. Ele tenta de todas as formas salvar a vida dos passageiros, mas isso não será algo fácil de fazer. O avião cai no mar e vai afundando aos poucos. O roteiro é um clássico da série "Aeroporto". Todos os grande atores do elenco, com exceção de James Stewart e Jack Lemmon, tem poucas chances de desenvolver seus personagens. A grande dama Olivia de Havilland, por exemplo, não tem maiores possibilidades de mostrar seu talento. Ela interpreta uma passageira milionária que no final das contas tenta apenas sobreviver ao desastre. Idem para o "Drácula" Christopher Lee. Casado com uma mulher insuportável ele acaba tendo um final trágico. Enfim, um filme que não decepcionou os fãs do cinema catástrofe. Como foi mais um sucesso de bilheteria abriu espaço para outras produções da mesma linha. Nos anos 70 os filmes "Aeroporto" eram sucessos certos nos cinemas.

Aeroporto 77 (Airport '77, Estados Unidos, 1977) Direção: Jerry Jameson / Roteiro: Arthur Hailey, Michael Scheff / Elenco: Jack Lemmon, James Stewart, Christopher Lee, Olivia de Havilland, George Kennedy, Lee Grant, Joseph Cotten / Sinopse: Grande avião Boeing 747 é sequestrado, sofre um acidene e cai no mar. Enquanto vai afundando o piloto tenta uma forma de salvar as vidas de todos os passageiros. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte (George C. Webb e Mickey S. Michaels) e Melhor Figurino (Edith Head, Burton Miller).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Com a Maldade na Alma

Filme realmente muito bom, mas pouco lembrado nos dias de hoje. A história começa em 1927, numa daquelas belas mansões sulistas, com suas colinas romanas brancas e todo o luxo e charme das antigas fazendas de algodão da região. É lá que vive Charlotte Hollis e seu pai, um milionário da Louisiana. É uma noite de baile, com Charlotte radiante pois está ao lado de seu amado noivo. O problema é que seu pai descobriu que o sujeito não passa de um vigarista. Além de estar obviamente de olho em sua fortuna, o playboy esconde ainda algo pior do que se imaginava: ele já é um homem casado! Claro que a revelação feita a Charlotte a deixa enlouquecida! Mais grave do que isso, seu noivo é morto brutalmente naquela mesma noite. O que era classe e sofisticação vira barbárie e crime.

Assim o filme avança no tempo. Quando o espectador percebe a história vai para 1964. O tempo passou. A doce e debutante Charlotte Hollis envelheceu sozinha, sem ter se casado e com a infâmia de ter sido acusada de ser a assassina de seu noivo. Agora o interessante: o roteiro que escondeu o tempo todo o rosto de Charlotte mostra sua face pela primeira vez. Nessa fase de velhice ela assume as feições da maravilhosa atriz Bette Davis. Aliás um papel ideal para a grande dama da atuação. A personagem de Charlotte na velhice é um prêmio para ela! Escondida da sociedade na velha mansão, com fama de ser a louca da região, ela passa os seus dias sendo atormentada pelos fantasmas do passado. A antiga casa da fazenda foi desapropriada pelas autoridades para a construção de uma rodovia, mas ela se recusa a sair de lá. Criando um impasse chega sua prima distante, Miriam (na interpretação de outro mito do cinema, Olivia de Havilland), para tentar convencê-la a ir embora. É um filme de muitas nuance psicológicas. Os principais personagens não parecem ser o que são na verdade, por isso fique atento. Os que são pura bondade e graça na verdade escondem intenções de pura ganância.

Esse clássico do cinema assim fecha seu ciclo trafegando em vários gêneros. Há o suspense e até mesmo o horror proveniente das supostas aparições dos fantasmas do passado, o drama representado pela triste situação de Charlotte que vê sua vida cair em desgraça e até mesmo um aspecto de filme noir nas intenções não confessadas de se colocar as mãos em sua fortuna. Tudo muito bem mesclado em um roteiro realmente excepcional, valorizado bastante pelas grandes atrizes em cena. Confesso que me surpreendi, sendo desde já um dos melhores filmes da carreira de Bette Davis, uma atriz cuja filmografia foi realmente inigualável.

Com a Maldade na Alma (Hush...Hush, Sweet Charlotte, Estados Unidos, 1964) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Henry Farrell, Lukas Heller / Elenco: Bette Davis, Olivia de Havilland, Joseph Cotten, Agnes Moorehead / Sinopse: Charlotte Hollis (Davis) é uma velha senhora, com fama de louca e assassina, que mora em um velho casarão do começo do século XX. Quando sua propriedade é desapropriada pelas autoridades ela precisa sair do lugar. Sua prima Miriam (Havilland) chega então para tentar convencê-la a ir embora, mas não sem antes que todos os fantasmas do passado voltem para atormentar ainda mais Charlotte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Agnes Moorehead), Melhor Fotografia (Joseph F. Biroc), Melhor Direção de Arte (William Glasgow e Raphael Bretton), Melhor Figurino (Norma Koch), Melhor Edição (Michael Luciano) e Melhor Música Original ("Hush...Hush, Sweet Charlotte"). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Agnes Moorehead).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

A Porta de Ouro

Título no Brasil: A Porta de Ouro
Título Original: Hold Back the Dawn
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Mitchell Leisen
Roteiro: Charles Brackett, Billy Wilder
Elenco: Charles Boyer, Olivia de Havilland, Paulette Goddard, Victor Francen, Walter Abel, Rosemary DeCamp
  
Sinopse:
O playboy franco-romeno Georges Iscovescu (Charles Boyer) decide se mudar para os Estados Unidos. O problema é que como imigrante ele só receberá o Green Card se conseguir se casar com uma americana. E assim ele o faz, se casando com Emmy Brown (Olivia de Havilland). Georges pretende retornar aos braços de sua querida Anita Dixon (Paulette Goddard), também estrangeira na América, mas acaba sendo pego pelo destino ao se apaixonar por Emmy.

Comentários:
Comédia de costumes com toques românticos que acabou se tornando um inesperado grande sucesso de público e crítica. Só para se ter uma ideia da ótima receptividade que esse filme teve na época basta relembrar que ele conseguiu seis indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Olivia de Havilland), Melhor Roteiro Adaptado (Charles Brackett e Billy Wilder), Melhor Fotografia em Preto e Branco (Leo Tover), Melhor Direção de Arte (Hans Dreier e Robert Usher) e Melhor Música (Victor Young). O filme só não venceu o Oscar naquele ano porque realmente havia filmes excepcionais concorrendo. O grande vencedor do prêmio da noite acabou sendo "Como era Verde o meu Vale", o clássico imortal de John Ford. Outro concorrente? "Cidadão Kane"! Era mesmo impossível vencer nessa premiação! De qualquer forma as indicações já foram vitórias diante de tantos concorrentes maravilhosos. Sobre o filme em si não há nada a criticar. O roteiro é bem sofisticado, com situações e diálogos excepcionalmente bem escritos. Billy Wilder, no começo de carreira, já demonstrava todo o seu talento nesse roteiro. O elenco também é acima da média. Além da classe tipicamente francesa de Charles Boyer, havia ainda duas estrelas de cinema que marcaram a história de Hollywood, Olivia de Havilland e Paulette Goddard, ambas bem inspiradas em cena. Assim deixamos a dica desse clássico do humor mais sofisticado e do romantismo mais elegante. Bons tempos que não voltam mais.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Carga da Brigada Ligeira

Produção da década de 1930 que mostra com muita eficiência um dos fatos mais marcantes da história militar inglesa. O filme é de 1936 mas tem um roteiro tão bom, uma produção tão bem feita que nem parece que tem mais de sete décadas de existência. O argumento é baseado em fatos históricos: a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem direta atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas. A história real foi trágica e culminou na morte de vários soldados mas o roteiro, como era de se esperar, não trata do assunto como um erro de guerra mas como um ato de bravura desses militares. O debate sobre o valor ou desvalor desse ato segue em discussão até os dias de hoje. Até que ponto um oficial pode ignorar ordens superiores mesmo que baseado em um correto senso de justiça?

O elenco é liderado pelo astro da época, Errol Flynn. Lembrando certos momentos de filmes anteriores seus o ator consegue trazer credibilidade ao papel. Como era um galã o roteiro traz o seu inevitável interesse romântico contando novamente com Olivia de Havilland. O diferencial é que aqui ela é disputada por Flynn e seu irmão, um agente da diplomacia inglesa. David Niven também está no filme mas em um papel tão apagado que sua presença é desperdiçada,  pois o seu personagem é totalmente secundário e coadjuvante. A produção é mais uma bem sucedida parceria entre o cineasta veterano Michael Curtiz e o astro Errol Flynn. Juntos realizaram grandes sucessos como "As Aventuras de Robin Hood" e "Capitão Blood", sempre contando com a ótima produção dos estúdios Warner. Em suma, "A Carga da Brigada Ligeira" ainda é um excelente filme e mostra que é possível mesclar eventos reais históricos com ficção sem perder a qualidade e o interesse. Recomendo com certeza!

A Carga da Brigada Ligeira (The Charge of the Light Brigade,Estados Unidos, 1936) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Michael Jacoby baseado na obra de Alfred Lord Tennyson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Patric Knowles, Henry Stephenson, Donald Crisp, Nigel Bruce, David Niven / Sinopse: O filme narra a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem dada atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Capitão Blood

O Médico Peter Blood (Errol Flynn) é confundido com rebeldes durante o reinado de Jaime II da Inglaterra. Como punição é enviado como escravo para trabalhos forçados na nova colônia britânica de Port Royal na América. Chegando lá lidera uma revolta de cativos como ele e juntos acabam tomando posse de um navio de guerra imperial. Em pouco tempo Blood e sua tripulação se transformam nos mais famosos piratas do Caribe de sua época. "Capitão Blood" foi o filme que transformou Errol Flynn em astro. Na época ele era apenas um promissor ator que a Warner apostava suas fichas. Com histórico de muitas aventuras em seu passado, Flynn havia sido marinheiro e veio da Austrália cruzando os sete mares como seu personagem. Tinha bom visual, pose de galã e sabia lutar bem de espada. Com tantos requisitos era óbvio que Blood parecia ter sido escrito especialmente para ele. Além de ser seu primeiro filme de repercussão "Capitão Blood" acabou definindo de forma definitiva a persona de Errol Flynn pelo resto de sua carreira. O pirata boa praça, sempre com um sorriso nos lábios, galante e aventureiro iria ser repetido em praticamente todas as atuações de Errol em sua filmografia dali pra frente. De fato virou sua marca registrada.

A produção foi a menina dos olhos dos estúdios Warner na época de seu lançamento. Enormes sets de filmagens foram construídos, figurinos de luxo e um dos melhores diretores do mercado, o veterano Michael Curtiz, foi especialmente contratado para levar o pirata aventureiro para as telas. Tudo foi planejado e concebido para que "Capitão Blood" fosse não apenas um filme mas um evento cinematográfico. O resultado até hoje impressiona, mesmo após tantos anos de sua conclusão. Os cenários que simulam as antigas naus do século XVII são extremamente bem feitos - em ótima reconstituição histórica. O curioso é que "Capitão Blood" foi idealizado para reviver os antigos filmes de Douglas Fairbanks Jr, mas ao mesmo tempo em que foi influenciado acabou sendo uma das obras mais influenciadores da história do cinema uma vez que até hoje seu estilo é imitado à exaustão - vide a extremamente bem sucedida franquia "Piratas do Caribe" que bebe diretamente de sua fonte. Enfim é isso, um dos marcos do cinema de ação e aventura de Hollywood que conseguiu resistir até mesmo ao mais implacável inimigo das telas, o tempo.

Capitão Blood (Captain Blood, Estados Unidos, 1935) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Rafael Sabatini, Casey Robinson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Lionel Atwill, Basil Rathbone / Sinopse: Capitão Blood (Errol Flynn) é um pirata do Caribe que saqueia e rouba navios ingleses e franceses que ousem cruzar seu caminho em alto mar. Para capturá-lo o Rei da Inglaterra envia um navio de guerra especialmente designado com esse objetivo.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de junho de 2008

...E O Vento Levou

Depois de quatro horas de filme, a sensação é de puro êxtase. Não há um mortal sequer que consiga ficar indiferente ao filme mais famoso e popular de Hollywood. Baseado no romance homônimo de Margareth Mitchel e vencedor do Prêmio Pulitzer de 1937,  "... E o Vento Levou" (Gone With The Wind - 1939) é daqueles filmes onde tudo funciona, tudo se encaixa perfeitamente e o time de atores, juntamente com os diretores, produtor e roteirista, forma uma espécie de mosaico que beira à perfeição. O longa é ambientado no início da Guerra da Secessão (1861-1865) e conta a vida de Gerald O'Hara um imigrante irlandês que fez fortuna e vive em sua mansão,Tara, na Georgia, sul dos EUA, junto com sua filha adolescente, Scarlett O'Hara (Vivien Leight).

A jovem Scarlett nutre uma paixão crônica e doentia por Ashley Wilkes. Porém o que ela não sabe é que Wilkes está de casamento marcado com a sua própria prima. Em meio a um verdadeiro redemoinho de paixões, mágoas e ressentimentos que coincidem com o início da guerra, surge o indefectível Rhett Buttler (Clark Gable), um espertalhão que diante do conflito, não toma partido para nenhum lado. Na verdade Rhett é um misto de mulherengo, cínico e mau-caráter que mantém sem muito esforço, correndo em suas veias, muito humor, além de doses generosas de testosterona.

O clássico tem cenas inesquecíveis como o grandioso incêndio que torra a cidade de Atlanta, facilitando a invasão dos Ianques do norte e levando os Confederados e escravocratas sulistas ao desespero. Destaque também para a trilha sonora de acordes celestiais assinada por Max Steiner. A música, derrete, como fogo de maçarico, os corações humanos mais duros. Mas a estrela do grande épico é a espevitada Scarlett O'Hara, papel que caiu no colo de  uma inglesinha, nascida na Índia, chamada Vivian Leigh. A excepcional atriz - que doze anos mais tarde brilharia junto com Marlon Brando no clássico "Uma Rua Chamada Pecado" (1951) - disputou de forma incansável a concorrida vaga para o papel de Scarlett O'Hara com gente não menos ilustre como: Katharine Hepburn, Bette Davis e Lana Turner. A disputa foi tão acirrada que Vivien só conseguiu a vaga quando as filmagens já haviam começado. Vivien foi uma escolha pessoal do todo poderoso produtor David Selznick e brilhou intensamente na pele de uma Scarlett O' Hara  histriônica e mimada.

Outro destaque fica por conta de Clark Gable, que aqui vive seu personagem mais famoso (Rhett Butler). Na verdade a primeira escolha para viver Rhett recaiu sobre Errol Flynn que era um desejo pessoal do produtor David O' Selznick. Mas diante da negativa da Warner em liberar Flynn e de um pedido pessoal de Carole Lombard - que era esposa de Gable e amiga pessoal de Selznick - Clark , finalmente foi o escolhido. Reza a lenda que Clark relutou muito em aceitar o famoso papel, já que estava com 38 anos e não queria encarnar nas telas um sujeito malandro e conquistador de uma adolescente. Outra maravilha fica por conta da fotografia em Technicolor da dupla Ernest Haller e Ray Rennahan que além de representar uma revolução para a época, hipnotizou as plateias de todo o mundo. O clássico teve treze indicações ao Oscar, mas levou "apenas" dez. Um filme realmente extraordinário.

... E O Vento Levou (Gone with the Wind, EUA, 1939) Direção: Victor Fleming / Roteiro: Sidney Howard baseado na novela de Margaret Mitchell / Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Thomas Mitchell, George Reeves / Sinopse: As paixões, lutas e glórias de uma família americana durante os terríveis anos da Guerra Civil.

Telmo Vilela Jr.

 

sábado, 3 de novembro de 2007

Olivia de Havilland

A maravilhosa atriz Olivia de Havilland completou 100 anos de idade no último dia 1º de julho. Seus pais estavam no Japão, a trabalho, e ela nasceu na capital nipônica, Tóquio, nessa mesma data em 1916. Seus pais eram ingleses e nada poderia prever que ela se tornaria uma estrela de cinema (que na época ainda era algo novo, de futuro incerto). Quando tinha apenas 3 anos de idade seus pais, um professor e uma atriz frustrada, se divorciaram. A mãe então resolveu transformar seu sonho em realidade, indo morar na Califórnia onde haveria maior oportunidade de quem sabe dar certo como atriz. Não deu. O sonho porém se manteve vivo e ela resolveu investir em uma carreira para as duas filhas, Olivia e Joan Fontaine (que também teve uma bela carreira em Hollywood).

Quando era apenas uma colegial, Olivia começou a fazer peças de teatro, obviamente sempre incentivada pela mãe. Assim ela acabou chamando a atenção dos estúdios Warner. Um contrato lhe foi oferecido e a partir daí a vida de Olivia de Havilland mudou para sempre. A adaptação para o cinema da peça "Sonho de uma Noite de Verão" se tornou seu primeiro grande filme em 1935. Logo depois desse sucesso a Warner a escalou para atuar ao lado do ídolo de aventuras Errol Flynn em "Capitão Blood", um grande sucesso de bilheteria. Tão certo dariam juntos que a Warner a colocaria para atuar novamente ao lado de Flynn em "A Carga da Cavalaria Ligeira", "As Aventuras de Robin Hood" e "O Intrépido General Custer", entre outros. Muitos desses filmes foram dirigidos por Michael Curtiz, que sabia do potencial da jovem estrela. Curiosamente conforme os anos foram passando Olivia de Havilland começou a se aborrecer com os excessos de Flynn, até que finalmente decidiu que não iria mais atuar ao seu lado, algo que desagradou muito a direção da Warner Bros.

Essa pequena briga abriu espaço para que ela também trabalhasse em outros estúdios. Assim em 1939 Olivia participou do elenco estelar de um dos maiores filmes da história de Hollywood. Produzido pela MGM, "...E O Vento Levou" se tornou um filme inesquecível. Com o sucesso monumental ela finalmente teve a liberdade na carreira para interpretar grandes personagens em diversos filmes, fugindo da fórmula de mocinha em perigo que havia repetido inúmeras vezes ao lado de Errol Flynn em seus filmes de aventura, de piratas com muitas lutas de espada. Esses filmes faziam sucesso, tinham ótima bilheteria, mas Olivia acreditava que eles não abriam muita margem para ela ser reconhecida como uma grande atriz, uma dama da interpretação dramática.

Assim ela partiu em busca de bons roteiros e acabou obtendo êxito também nessa nova fase melodramática de sua carreira. Ao todo ela foi indicada cinco vezes ao Oscar, vencendo em duas ocasiões, com os filmes "Tarde Demais" de 1948 onde atuou ao lado de Montgomery Clift e "Só Resta Uma Lágrima" drama sentimental de 1946. Também foi indicada por "A Cova da Serpente", "A Porta de Ouro" e "...E O Vento Levou". Curiosamente ela parecia ter uma rivalidade ferrenha em relação a prêmios com a própria irmã, Joan Fontaine, o que rendia ótimas piadas e material para reportagens de fofocas de Hollywood na época.

No total ela atuaria em mais de 60 filmes, sendo que em 1988 resolveu se despedir de sua carreira com o telefilme "The Woman He Loved" que contava a história do rei Edward VIII que abdicou do trono inglês para se casar com uma americana divorciada. O fato é que ela já vinha trabalhando muito raramente desde a década de 1960, quando suas atuações foram ficando cada vez mais raras. Aos poucos ela resolveu deixar o glamour de Hollywood para se dedicar a sua família. Ela dizia que o cinema americano havia perdido seu charme com o passar dos anos. Desde então ela procurou evitar surgir em público, com algumas exceções - entre elas no Oscar de 2003. Aos 100 anos de idade Olivia agradeceu de coração as inúmeras homenagens que recebeu. Sem dúvida hoje em dia ela pode ser considerada um dos grandes mitos ainda vivos da era de ouro do cinema clássico.

Pablo Aluísio.  

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 2

Errol Flynn - Capitão Blood
Não foi Errol Flynn o primeiro astro dos filmes de capa e espada, com piratas cruzando os mares. Essa honra coube a Douglas Fairbanks, ainda na era do cinema mudo. Porém foi seguramente Flynn em seus filmes na Warner Bros que transformaram esse gênero de aventura em algo maior, em um verdadeiro evento cinematográfico de massa.

O ator foi o grande astro da era de ouro da Warner. O estúdio não media esforços e gastos para recriar na tela os tempos dos piratas, que cruzavam os oceanos em busca de riquezas. O diretor Michael Curtiz também foi um mestre nesse gênero. Ao lado de Flynn rodou os maiores sucessos de bilheteria da época, a ponto de transformar Flynn no ator mais bem pago de Hollywood.

Nesse filme temos um pirata por acidente. Isso mesmo. O médico Peter Blood (Errol Flynn) é um homem honesto, injustamente condenado por um crime que não cometeu durante o reinado tirânico do Rei Jaime II. Enviado para cumprir sua pena em um navio (na chamada pena de galês) ele acabou liderando um motim, tomando a embarcação e se transformando a partir daí no Capitão Blood, um pirata ao velho estilo, mas com um bom coração e um senso de ética fora do comum.

Tecnicamente o filme é perfeito. Se engana quem pensa que ele está datado. É tão bem realizado, com bonito figurino e cenários realistas, que funciona perfeitamente bem até nos dias de hoje. A Warner chegou a construir dentro do estúdio duas enormes caravelas da época dos piratas, contratando historiadores para que tudo fosse reconstruído nos mínimos detalhes. Para Flynn esse filme também significou o começo de uma nova era, onde ele brilharia como poucos astros no céu de Hollywood.

Capitão Blood (Captain Blood, EUA, 1935) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Rafael Sabatini, Casey Robinson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Lionel Atwill, Basil Rathbone / Sinopse: Capitão Blood (Errol Flynn) é um pirata do Caribe que saqueia e rouba navios ingleses e franceses que ousem cruzar seu caminho em alto mar. Para capturá-lo o Rei da Inglaterra envia um navio de guerra fortemente armado para atingir esse objetivo.

Pablo Aluísio

terça-feira, 8 de maio de 2007

A Carga de Cavalaria Ligeira

Título no Brasil: A Carga de Cavalaria Ligeira
Título Original: The Charge of the Light Brigade
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Michael Jacob
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Patric Knowles, Henry Stephenson, Nigel Bruce, Donald Crisp

Sinopse:
Durante a ocupação britânica imperial na Índia, um grupo de militares ingleses, liderados por dois irmãos da cavalaria real, lutam contra um líder local que começa a promover massacres entre a população civil da região. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor assistência de direção (Jack Sullivan).

Comentários:
Depois do sucesso do filme "O Capitão Blood" a Warner Bros decidiu repetir a dose. Reuniu a mesma equipe técnica do filme anterior, contratou novamente o diretor Michael Curtiz e o casal Errol Flynn e Olivia de Havilland, tudo para produzir um novo campeão de bilheterias. O resultado foi esse "A Carga de Cavalaria Ligeira", outro épico histórico, só que com mudanças de cenário. Saíram os piratas e seus navios no Caribe, para a entrada de valentes e corajosos militares em mais uma daquelas exaustivas guerras coloniais. Claro que diante da mentalidade da época os colonizadores aqui eram retratados como seres humanos bravos, que defendiam as populações indefesas. Algo que sabemos ser um tanto questionável do ponto de vista da história. De qualquer maneira o filme é considerado um clássico dos filmes de aventuras. Tem ótima produção e reconstituição de época e o astro maior do cinema da época, o galã Errol Flynn, acabou adicionando mais um filme na sua sucessão de sucessos no cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

O Capitão Blood

Título no Brasil: O Capitão Blood
Título Original:  Captain Blood
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Casey Robinson
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Lionel Atwill, Basil Rathbone, Ross Alexander, Henry Stephenson,

Sinopse:
Durante o reinado de Jaime II, o jovem Peter Blood (Errol Flynn) é condenado injustamente. Sua pena deve ser cumprida em uma dos navios do reino. Só que Blood acaba liderando um grande motim dentro dessa nau, tomando o comando da embarcação, se tornando assim um pirata dos sete mares.

Comentários:
Esse filme foi o primeiro de uma longa e bem sucedida parceria entre o diretor Michael Curtiz e o astro dos filmes de aventuras Errol Flynn. Seria uma linha de produções da Warner que teriam grande retorno de bilheteria. Todos grandes sucessos do cinema da época. E o curioso é que tudo parecia bem familiar para Errol Flynn. Ele era marinheiro quando jovem, tendo feito uma viagem entre Austrália e Estados Unidos que durou meses. O roteiro também era um ponto positivo. Escrito tendo como base o romance histórico de autoria do escritor Rafael Sabatini, realmente nada faltava nessa história épica que se passava durante as grandes navegações, na era de ouro da pirataria, onde grandes navios eram roubados por corsários que agiam fora da lei, dando origem a todos os tipos de aventuras. Nesse campo sem dúvida "O Capitão Blood" é um dos melhores exemplares cinematográficos já produzidos na história do cinema norte-americano.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

...E O Vento Levou

Depois de quatro horas de filme, a sensação é de puro êxtase. Não há um mortal sequer que consiga ficar indiferente ao filme mais famoso e popular de Hollywood. Baseado no romance homônimo de Margareth Mitchel e vencedor do Prêmio Pulitzer de 1937,  "... E o Vento Levou" (Gone With The Wind - 1939) é daqueles filmes onde tudo funciona, tudo se encaixa perfeitamente e o time de atores, juntamente com os diretores, produtor e roteirista, forma uma espécie de mosaico que beira à perfeição. O longa é ambientado no início da Guerra da Secessão (1861-1865) e conta a vida de Gerald O'Hara um imigrante irlandês que fez fortuna e vive em sua mansão,Tara, na Georgia, sul dos EUA, junto com sua filha adolescente, Scarlett O'Hara (Vivien Leight).

A jovem Scarlett nutre uma paixão crônica e doentia por Ashley Wilkes. Porém o que ela não sabe é que Wilkes está de casamento marcado com a sua própria prima. Em meio a um verdadeiro redemoinho de paixões, mágoas e ressentimentos que coincidem com o início da guerra, surge o indefectível Rhett Buttler (Clark Gable), um espertalhão que diante do conflito, não toma partido para nenhum lado. Na verdade Rhett é um misto de mulherengo, cínico e mau-caráter que mantém sem muito esforço, correndo em suas veias, muito humor, além de doses generosas de testosterona.

O clássico tem cenas inesquecíveis como o grandioso incêndio que torra a cidade de Atlanta, facilitando a invasão dos Ianques do norte e levando os Confederados e escravocratas sulistas ao desespero. Destaque também para a trilha sonora de acordes celestiais assinada por Max Steiner. A música, derrete, como fogo de maçarico, os corações humanos mais duros. Mas a estrela do grande épico é a espevitada Scarlett O'Hara, papel que caiu no colo de  uma inglesinha, nascida na Índia, chamada Vivian Leigh. A excepcional atriz - que doze anos mais tarde brilharia junto com Marlon Brando no clássico "Uma Rua Chamada Pecado" (1951) - disputou de forma incansável a concorrida vaga para o papel de Scarlett O'Hara com gente não menos ilustre como: Katharine Hepburn, Bette Davis e Lana Turner. A disputa foi tão acirrada que Vivien só conseguiu a vaga quando as filmagens já haviam começado. Vivien foi uma escolha pessoal do todo poderoso produtor David Selznick e brilhou intensamente na pele de uma Scarlett O' Hara  histriônica e mimada.

Outro destaque fica por conta de Clark Gable, que aqui vive seu personagem mais famoso (Rhett Butler). Na verdade a primeira escolha para viver Rhett recaiu sobre Errol Flynn que era um desejo pessoal do produtor David O' Selznick. Mas diante da negativa da Warner em liberar Flynn e de um pedido pessoal de Carole Lombard - que era esposa de Gable e amiga pessoal de Selznick - Clark , finalmente foi o escolhido. Reza a lenda que Clark relutou muito em aceitar o famoso papel, já que estava com 38 anos e não queria encarnar nas telas um sujeito malandro e conquistador de uma adolescente. Outra maravilha fica por conta da fotografia em Technicolor da dupla Ernest Haller e Ray Rennahan que além de representar uma revolução para a época, hipnotizou as plateias de todo o mundo. O clássico teve treze indicações ao Oscar, mas levou "apenas" dez. Um filme realmente extraordinário.

... E O Vento Levou (Gone with the Wind, EUA, 1939) Direção: Victor Fleming / Roteiro: Sidney Howard baseado na novela de Margaret Mitchell / Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Thomas Mitchell, George Reeves / Sinopse: As paixões, lutas e glórias de uma família americana durante os terríveis anos da Guerra Civil.

Telmo Vilela Jr.