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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Tyrone Power - Jesse James

Ao lado de Billy The Kid, Jesse James foi provavelmente o  personagem histórico mais romanceado e explorado pela literatura em torno da mitologia do velho oeste. Na vida real foi um bandido cruel e impiedoso, mas nas páginas dos livros e romances - e também nos roteiros para o cinema - ganhou inúmeras camadas novas em sua personalidade. Aspectos e até nuances de virtudes que o Jesse James jamais teve em sua curta vida foram colocados pelos autores desses livros.

Nessa produção de 1939 o famoso pistoleiro e criminoso foi interpretado pelo galã Tyrone Power. Já na época de lançamento original do filme os críticos chamaram a atenção para o fato de que a escolha de Tyrone Power não era muito acertada. Ele era o típico galã com roupas e cabelos impecáveis, sempre muito polido e bem vestido. Pouca coisa tinha a ver com um bandoleiro violento do oeste selvagem.

Talvez por isso o roteiro tenha tentado se manter fiel aos eventos históricos. O estúdio chegou a contratar historiadores especializados em Jesse James para manter tudo numa certa coerência com os fatos reais. No começo do filme ainda se tenta justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime, mas depois ele se assume como tal, vivendo de forma fora da lei sem maiores remorsos ou arrependimentos. O crime se torna sua vida e sua vida entra definitivamente nesse lado marginal da sociedade da época. Ele é não apenas um ladrão de trens, mas também um assaltante de crimes menores, tudo mostrado sem grande maquiagem para parecer mais bonzinho do que foi. Embora os esforços dos roteiristas tenham sido louváveis, não podemos negar também que o lado mais romântico, tirado dos livros de bolso sobre Jesse James, também seguem presentes no roteiro.

O chefão da Fox Darryl F. Zanuck cuidou pessoalmente da produção, fazendo questão que o filme tivesse tudo do bom e do melhor que Hollywood poderia oferecer naquela época. O filme é considerado um dos mais caros já feitos no gênero western, com cuidados envolvendo figurinos, cenários, objetos da época, como carruagens, etc. O resultado é excelente e tudo fica ainda mais realçado pela bonita fotografia em preto e branco.

Jesse James (Idem, EUA, 1939) Direção: Henry King / Roteiro: Nunnally Johnson, Gene Fowler, Curtis Kenyon, Hal Long / Elenco: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, Donald Meek, John Carradine / Sinopse: Cinebiografia do famoso criminoso Jesse James (Tyrone Power) que ao lado de seu irmão Frank James (Henry Fonda) assaltava bancos, trens e diligências no velho oeste.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 8 de maio de 2023

O Aventureiro do Mississippi

Título no Brasil: O Aventureiro do Mississippi
Título Original: The Mississippi Gambler
Ano de Lançamento: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Rudolph Maté
Roteiro: Seton I. Miller
Elenco: Tyrone Power, Piper Laurie, Julie Adams, John McIntire, Paul Cavanagh, Ron Randell

Sinopse:
Em 1854, no Mississippi, o jogador Mark Fallon (Tyrone Power) ganha em um jogo de cartas o colar de diamantes do jovem Laurent Dureau, uma herança de família que, no final, lhe trará felicidade e tragédia. Sua carreira no jogo lhe traz riqueza, mas também duelos, tragédias e complicações românticas.

Comentários:
Tyrone Power foi um dos maiores galãs da história do cinema americano. Era considerado em sua época o homem mais bonito do mundo. Por essa razão não podia interpretar nem perdedores e nem vigaristas - de corpo ou apenas de alma. Por isso o papel do jogador de cartas desse filme foi bem suavizado. Esses tipos de jogadores, que geralmente atuavam nos barcos que atravessavam o rio Mississippi, nunca tinham sido retratados antes como pessoas honestas, íntegras. Geralmente eram enganadores profissionais, mas não era conveniente e nem aceitável que Power viesse a interpretar um tipo de sujeito sujo como esse. Por isso vieram as mudanças no roteiro. O filme é bem romântico e daqueles com bela fotografia. E o tema histórico obviamente chama a atenção. A única coisa pouco crível é justamente o personagem de Power, bonzinho demais para ter existido na época em que a historia do filme se passa. A direção de fotografia se destaca, com o aproveitamento da beleza natural desse histórico rio do Sul dos Estados Unidos. Os antigos barcos brancos com seus lemes gigantescos também chamam a atenção nessa boa reconstituição histórica desse marcante período da história norte-americana.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

O Favorito dos Bórgias

Todo rodado na Itália, nos mesmos castelos e locais onde aconteceram os fatos da história real, esse "O Favorito dos Borgias" tem uma produção de encher os olhos. Tudo foi minuciosamente reconstituído, as armaduras, o figurino, tudo de muito bom gosto. Até o estilo ornamental do renascimento foi recriado para o filme. A direção de Henry King é segura, pontual, detalhista e não desperdiça nada em um roteiro muito bem escrito, com ótimos e inspirados diálogos. E por falar em bons diálogos o que é necessário para que eles funcionem perfeitamente? Sim, grandes atores. E é justamente no elenco que esse épico se destaca.

Embora Tyrone Power seja apenas mais um galã (que marcou época mas que mesmo assim não passava disso), temos para contrabalançar suas limitações o grande Orson Welles. Incrível, mas Welles interpreta tudo com uma naturalidade, uma genialidade que me deixou admirado. Enquanto outros atores em cena exageram nas caras e bocas (uma certa característica da época), Orson desfila em cena todas as nuances de seu personagem sem o menor esforço. Consegue ser sutil em meio ao exagero dramático de outros em sua atuação. Ele literalmente rouba todas as cenas ao interpretar Cesare Bórgia, o famoso déspota da história. A atriz Wanda Hendrix, a mocinha do filme, embora fosse linda era inexpressiva do ponto de vista dramático. Mas isso é o de menos. No conjunto esse "O Favorito dos Borgias" é bem acima da média, uma grande diversão que em nenhum momento ofende a inteligência do espectador, mostrando já na década de 40 que diversão não precisa ser necessariamente burra ou idiota, pelo contrário, pode ser muito instrutiva e rica.

O Favorito dos Bórgias (Prince of Foxes, Estados Unidos, 1949) Direção de Henry King / Roteiro: Milton Krims / Elenco: Tyrone Power, Orson Welles, Wanda Hendrix, Marina Berti / Sinopse: Andrea Orsini (Tyrone Power) se envolve nas disputas familiares da famosa família Borgia. Em seu caminho tem que encontrar e lidar com o famigerado Cesare Borgia (Orson Welles) que tem grande sede de poder e riqueza.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Os Gays de Hollywood

Um dos livros mais polêmicos lançados nos Estados Unidos sobre a Hollywood clássica se chama “Full Service: My Adventures in Hollywood and the Secret Sex Lives of the Stars” (Serviço Completo: Minhas Aventuras em Hollywood e o Segredo das Vidas Sexuais das Estrelas). Escrito por Scotty Bowers e Lionel Friedberg. O motivo de tanto alarde é até fácil de explicar. Em pouco mais de 260 páginas o autor expõe, como poucas vezes já foi visto, a vida sexual de diversos mitos da história de Hollywood. Ele afirma ter circulado entre a nobreza da classe artística do cinema americano nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Conheceu de perto as preferências sexuais de muitos astros. Curiosamente ele nunca se declara nas páginas de seu livro como um profissional do sexo, afinal prostituição nos EUA é crime, principalmente para quem desempenha a função de “agenciador” de encontros sexuais. Ao ler seus relatos porém a única conclusão que o leitor tem é a de que Bowers era exatamente isso, uma pessoa a quem os grandes astros recorriam para arranjar uma transa rápida, sem consequências.

Em suas estórias poucos astros se salvam. A lista é longa: Rock Hudson, Errol Flynn, Cary Grant, Marlon Brando, Charles Laughton, Montgomery Clift, Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Tyrone Power, Rita Hayworth, Mae West, Laurence Olivier, Vincent Price, Randolph Scott, Sal Mineo, Judy Garland e muitos outros. Bowers que está com 88 anos, diz que não queria levar todas essas picantes estórias que viveu para o túmulo e por isso agora. no final da vida, resolveu contar tudo, afinal a grande maioria dos astros já estão mortos. Alguns relatos são de primeira pessoa onde o autor afirma que vivenciou tudo, outros porém ele deixa claro que conhece apenas por “ouvir dizer”, até porque seria simplesmente impossível alguém ser próximo de tantos atores e atrizes ao mesmo tempo. Para gozar da intimidade da vida privada de tanta gente, Bowers teria que ser simplesmente o mais bem relacionado membro da comunidade em Hollywood naqueles anos e até mesmo ele sabe que ninguém acreditaria em tal coisa.

Do que afirma ter vivenciado realmente, um dos casos mais interessantes e chamativos é o que envolve a atriz Katharine Hepburn. Uma das profissionais mais premiadas da história, ela chamava a atenção por nunca ter se casado. Na boca miúda se dizia que tinha um caso escondido com Spencer Tracy, que era casado. Para Bowers tudo não passava de uma farsa. Ele afirma que Hepburn era lésbica e... voraz. Em seu texto o autor diz ter enviado a ela ao longo de vários anos mais de cem mulheres. O suposto romance proibido com Spencer Tracy era assim apenas uma desculpa para encobrir também a homossexualidade do veterano ator. Hepburn se vestia como homem, com ternos de longas ombreiras e não gostava da companhia de outras mulheres como amigas. Bowers vai mais longe e diz que ela tinha uma pele ruim e péssimos hábitos de higiene. Outro que não escapa das revelações de Bowers é o galã Tyrone Power. Embora gostasse também de mulheres (teve vários relacionamentos ao longo da vida com elas) Bowers diz que ele tinha mesmo era uma uma queda especial por jovens latinos, bem apessoados. Chegou a flertar com Rock Hudson, outro galã muito famoso da era de ouro do cinema americano, mas nunca tiveram um caso amoroso.

Por falar em Rock Hudson ele ocupa várias páginas do livro de Bowers. Esse era outro astro com grande apetite sexual. Geralmente dava festas só para rapazes em sua grande mansão nas colinas de Hollywood. Enchia a piscina de jovens aspirantes dispostos a tudo para ganhar um papel em algum de seus filmes. Seu fraco era por jovens loiros e altos, de preferência bronzeados de praia. Se tivessem bigode então cairiam no tipo perfeito na preferência de Hudson. Gostava de brincar dizendo que nem sabia o nome dos amantes, geralmente chamando os loiros de “Bruce” e os morenos de “Carl”. No fim da tarde todos iam para sua sauna particular onde aconteciam grandes orgias gays. Assim que se tornou o astro número 1 em popularidade em Hollywood o estúdio apressou-se em lhe casar com uma secretária de seu agente para encobrir sua homossexualidade, uma vez que sua fama de o “homem preferido da América” valia milhões de dólares.  A coisa não deu certo e Rock se separou em pouco tempo voltando para sua rotina de devassidão sexual. Só assumiu publicamente que era gay em seus últimos dias. O ator estava morrendo de AIDS e a imprensa não o deixava em paz. Para dar um bom exemplo e chamar a atenção de todos para o perigo da nova doença, ele finalmente saiu do armário, após ter ficado quase cinquenta anos dentro dele.

Os grandes atores também não escapam. Montgomery Clift seria um gay enrustido e esnobe. James Dean um bissexual porcalhão que tinha problemas com doenças venéreas. Brando um sujeito confuso que gostava de tratar as mulheres como objeto enquanto se apaixonava por homens mais velhos. Nem o mito dos filmes de terror Vincent Price escapa. Para Bowers ele era um gay metido a grã fino que colecionava obras de artes e encontros homossexuais furtivos. Já Randolph Scott e Cary Grant formariam um dos casais gays mais famosos de Hollywood segundo Bowers. Morando juntos e promovendo grandes festas em sua mansão discreta e luxuosa nos arredores de Beverly Hills. No tocante a esse suposto romance encontramos vários problemas. Grant sabia que era alvo de fofocas há muito tempo e no final da vida processou um humorista que fez uma piada na TV sobre sua suposta sexualidade. Ele teve inúmeros casos amorosos com atrizes famosas e se casou várias vezes. Recentemente sua filha lançou um livro negando que seu pai era gay. Outro que saiu em defesa do pai foi o filho de Randolph Scott, Christopher, que também negou veemente em suas memórias que o eterno cowboy do cinema fosse gay. Scott foi casado muitos anos com a mesma mulher e tudo leva a crer que nada de fato aconteceu, apenas amizade no começo de carreira de ambos. As fofocas porém até hoje são conhecidas.

Hollywood se orgulhava de ser livre de preconceitos, cosmopolita e avançada. Mesmo quando alguma história de homossexualidade se tornava notória dentro da comunidade muito raramente chegava na imprensa sensacionalista. Não havia dentro dos estúdios uma penalização ou punição apenas pelo fato do ator ou atriz serem gays, apenas tinha-se um certo cuidado para que sua vida privada não chegasse ao público, prejudicando sua popularidade. Por isso arranjou-se um casamento para Rock Hudson. Dentro da Universal todos sabiam que ele era gay, mas nada era dito sobre isso fora dos portões do grande estúdio. O grande cineasta George Cukor também é alvo nas páginas de Bowers, mas parece ser um caso isolado de diretor gay. O fato porém é que nem todo mundo era gay em Hollywood, nem mesmo na mente de Bowers. Escapam de sua escrita atores que eram obviamente heterossexuais naqueles dias como Paul Newman, Tony Curtis, Charlton Heston, Elvis Presley, Steve McQueen, John Wayne (imaginem esse símbolo do machão do velho oeste como gay!), entre outros.

Os galãs sempre foram muito visados. Nos anos seguintes surgiram boatos de que Richard Gere, John Travolta e até mesmo Tom Cruise eram gays. Richard Gere ficava extremamente aborrecido com essas fofocas. Ele teve romances com modelos internacionais, mas nem isso apagou essa fama de homossexual. Irritado, mandou publicar uma nota em um grande jornal americano negando tudo. Seu ato pegou muito mal entre a comunidade LGBT americana. Parecia que ele se defendia de um crime que havia cometido. Foi um erro lamentável de sua parte. Já John Travolta foi apontado como um gay no armário logo que começou a fazer sucesso. Boatos circulavam no começo de sua carreira. Depois ele entrou para uma religião chamada Cientologia e se casou com a atriz Kelly Preston. Com isso as fofocas foram aos poucos desaparecendo.

Do lado das mulheres houve casos famosos também. Jodie Foster conviveu por anos e anos com fofocas de que seria lésbica. Ela nunca era vista com namorados em eventos sociais de Hollywood e sua vida privada era fechada a sete chaves. Atriz e diretora de talento, parecia obcecada em esconder suas preferências sexuais. Conforme a carreira foi ficando mais bem sucedida, mais a imprensa marrom corria atrás de algum escândalo, até que anos depois, cansada da perseguição da imprensa, decidiu assumir que era lésbica e que vivia há anos com uma mulher. Foi um alívio sair do armário. Já a apresentadora de TV Ellen DeGeneres não apenas assumiu seu caso com a atriz Anne Heche, como se tornou ativista da causa. Pena que no caso dela seu relacionamento não tenha durado muito. Anne Heche se separou dela e depois se apaixonou por um homem, casando com ele e tendo filhos. Mesmo assim DeGeneres continuou seu ativismo em prol dos direitos dos homossexuais.

A melhor atitude em relação a esse tema parece ter sido mesmo a do ator George Clooney. Solteirão convicto, ele não escapou das venenosa línguas de fofoqueiras de Hollywood. A imprensa marrom sempre insinuava que ele seria um gay enrustido dentro do armário. Por que não se casa? Por que não tem filhos? O que o impede de se casar? Cansado desse tipo de boato, o ator foi direto ao ponto. Perguntado por uma jornalista no tapete vermelho do Oscar o ator abriu o sorriso e disse: "Eu sou gay mesmo! Pode publicar aí no seu jornal". Claro, não era verdade, mas sim um ato de solidariedade com a comunidade gay, sempre perseguida por publicações escandalosas. No final vale a resposta de Mae West ao ser informada de que Rock Hudson era gay. Ela sorriu e disse: "Ele era gay? Sorte dos gays. Deixem essas pessoas ser felizes!".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A Paixão de uma Vida

Esse filme é bem interessante porque ele conta a história de um homem comum chamado Martin 'Marty' Maher. Ainda jovem ele imigrou da Irlanda para os Estados Unidos. Chegando lá foi atrás de um emprego e acabou arranjando trabalho como garçom na academia militar de West Point. Depois com a eclosão da guerra seu senso patriótico o fez se alistar como soldado. Depois continuou trabalhando em West Point, se tornando uma figura querida pelos alunos que por lá passaram. O filme mostra praticamente toda a sua vida, desde a juventude até a velhice, quando ele decidiu por conta própria ir falar pessoalmente com o presidente dos Estados Unidos (ex-aluno da academia) para continuar trabalhando, sem se aposentar, que para ele iria significar sua morte.

Tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos reais, na vida do próprio Marty. É um filme bem carinhoso com seu protagonista, o retratando como um homem duro, porém de bom coração. Afetuoso com os alunos acabou se tornando um símbolo de West Point pois gerações de futuros militares o conheceram bem quando estudaram lá. O filme foi dirigido pelo mestre John Ford e pode ser considerado uma de suas obras cinematográficas mais leves e despretensiosas. O diretor criou um carinho especial por seu personagem principal, levando o galã Tyrone Power para interpretá-lo tanto na juventude como na velhice onde o ator surge com maquiagem pesada, o retratando como um velho. Nas duas situações ele está muito bem, mostrando que Power tinha sim talento dramático e não era apenas um rostinho bonito em Hollywood como muitos o trataram por anos a fio, durante sua carreira.

A Paixão de uma Vida (The Long Gray Line, Estados Unidos, 1955) Direção: John Ford / Roteiro: Edward Hope, baseado no livro "Bringing Up the Brass" de Marty Maher / Elenco: Tyrone Power, Maureen O'Hara, Robert Francis / Sinopse: O filme conta a história real de Martin 'Marty' Maher (Power), imigrante irlândes que durante décadas trabalhou na famosa academia militar de West Point onde se tornou querido por gerações de alunos que por lá passaram.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Jesse James

Um dos criminosos mais infames do velho oeste, a história do pistoleiro e ladrão Jesse James deu origem a diversos filmes ao longo da história. Um dos mais lembrados é esse clássico da década de 1930. Não há como negar que o roteiro desse filme seja bem romanceado, mas mesmo assim tenta manter um pé na realidade dos fatos históricos. O filme inclusive contou com consultores históricos para recriar a biografia do famoso criminoso de forma mais fiel aos acontecimentos reais. No começo da história ainda há uma tentativa de justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime, mas depois, de forma acertada, o texto demonstra a mudança em sua personalidade quando ele se torna realmente um criminoso por vontade própria, ciente de seus atos. Embora haja traços do Jesse James da literatura de entretenimento, dos famosos livros de bolso que ajudaram a popularizar seu nome, o roteiro procura sempre seguir os fatos reais quando possível. A cena final de seu assassinato, embora com erros históricos, é bem realizada.

Um dos melhores motivos para se assistir “Jesse James” é o seu elenco. Tyrone Power está bem como o personagem principal, embora haja limitações em sua caracterização pois ele está de certa forma muito polido em cena (o verdadeiro Jesse James era mais turrão e rude). Melhor se sai Henry Fonda, com trejeitos rústicos do interior, sempre cuspindo fumo e com olhar de caipirão desconfiado. Sua atuação demonstra uma preocupação maior em construir um personagem mais próximo da realidade. Seu Frank James não aparece muito, mas quando surge chama bem a atenção. A atriz Nancy Kelly que faz a esposa de James surpreende em ótimas cenas. São dela inclusive os momentos mais dramáticos como àquele em que resolve ir embora com o filho recém nascido. Por fim, completando o núcleo do elenco principal temos Randolph Scott. Em papel coadjuvante o ator está excepcionalmente bem na pele de um sujeito que caça Jesse James no começo do filme, mas que depois compreende a situação do criminoso e acaba mudando de atitude, ajudando inclusive sua família.

Embota não tenha sido creditado o filme foi produzido pessoalmente pelo chefão da Fox, Darryl F. Zanuck. Isso significa que “Jesse James” contou com o melhor que estava disponível na época no estúdio. De fato a produção é de muito bom gosto, com boa reconstituição de época (inclusive no que diz respeito a pequenos detalhes como figurino). Há ótimas cenas de roubos de trens, bancos e perseguições. Uma sequência que inclusive chama a atenção até hoje é aquela em que Jesse e Frank James pulam com seus cavalos do alto de um despenhadeiro em um rio abaixo. Pela altura e pela coragem dos dublês o resultado final realmente impressiona. A nota triste é que os animais foram sacrificados após soltarem daquela altura o que levou o filme a ser enquadrado em uma lista do American Human Associate por crueldade animal em filmes de Hollywood.

Já em termos de direção, não há mesmo o que reclamar. O diretor Henry King soube ser conciso em “Jesse James” e realizou um trabalho enxuto e eficiente. Evitou glamorizar a vida do criminoso. Como o filme teve um cronograma de filmagens muito austero, o cineasta Henry King contou com a ajuda de outro diretor da Fox, Irving Cummings, que acabou não sendo creditado. Henry King aqui trabalhou novamente ao lado de um de seus atores preferidos, Tyrone Power. Juntos tiveram grandes êxitos de bilheteria em filmes de capa e espada – sendo esse “Jesse James” mais uma bem sucedida parceria entre eles, embora em um estilo completamente diferente. O filme foi a quarta maior bilheteria do ano só ficando atrás apenas de fenômenos como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”.

Jesse James (Jesse James, Estados Unidos, 1939) Direção: Henry King / Roteiro: Nunnally Johnson, Gene Fowler, Curtis Kenyon, Hal Long / Elenco: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, Donald Meek, John Carradine / Sinopse: Cinebiografia do famoso criminoso Jesse James (Tyrone Power) que ao lado de seu irmão Frank James (Henry Fonda) assaltava bancos, trens e diligências no velho oeste.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de março de 2019

Mergulho no Inferno

Em plena Segunda Guerra Mundial o Tenente Ward Stewart (Tyrone Power) se sente muito satisfeito fazendo parte de uma esquadra de navios de guerra de longo alcance mas é transferido para um submarino americano chamado USS Corsair. Ao mesmo tempo em que vê mudanças em sua vida profissional começa a se apaixonar pela bela professora Jean Hewlett (Anne Baxter), mal sabendo que ela é, na verdade, comprometida justamente com o capitão do submarino para onde ele foi designado. As coisas pioram quando tudo é revelado! Antes porém de resolverem esse problema amoroso os marinheiros precisarão sair vivos de uma arriscada missão de ataque a uma base naval alemã perto da costa norte-americana.

Filme de guerra que mescla com doses certas um pouco de ação, romance e aventura. Tyrone Power, um dos maiores galãs da época, empresta todo seu carisma para seu personagem, um jovem tenente que tenta a todo custo conquistar uma bonita professorinha de uma escola só para moças. Há boas cenas dele tentando conquistar a garota, tudo claro dentro dos rígidos padrões morais daqueles anos. A produção é claramente financiada e ajudada pelas forças armadas americanas, especialmente a Marinha americana que cedeu sua base naval em New London, Connecticut, para as filmagens. Assim tudo o que vemos fazia realmente parte da esquadra, até mesmo os figurantes.

Por ser um filme claramente realizado para ajudar no esforço de guerra o espectador deve relevar um certo tom ufanista que o roteiro nem tenta esconder. Nos letreiros finais, por exemplo, temos até mesmo um apelo em forma de propaganda para que os espectadores comprassem no próprio cinema os chamados bônus de guerra! De qualquer maneira, a despeito disso, não há como negar o bom resultado final desse filme. Tecnicamente gostei muito também, as cenas submarinas são convincentes e o ataque final a uma base alemã na costa dos Estados Unidos é bem realizada e cheia de boas ideias, como a do bravo comandante dando instruções para sua tripulação na torre do submarino parcialmente submerso. No fim o que temos mesmo é uma obra cinematográfica que vai satisfazer todos os seus desejos de assistir a um bom filme de guerra clássico.

Mergulho no Inferno (Crash Dive, Estados Unidos, 1943) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Archie Mayo / Roteiro: Jo Swerling, W.R. Burnett / Elenco: Tyrone Power, Anne Baxter, Dana Andrews / Sinopse: O filme conta a história de um militar da marinha americana durante a segunda grande guerra mundial, seus problemas pessoais e os desafios de sua profissão no mar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

No Velho Chicago

Título no Brasil: No Velho Chicago
Título Original: In Old Chicago
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Lamar Trotti, Sonya Levien
Elenco: Tyrone Power, Alice Faye, Don Ameche

Sinopse:
O filme narra a épica história de uma família de irlandeses que se muda para a cidade de Chicago para um recomeço em suas vidas. Após viverem anos bem duros na cidade a prosperidade começa finalmente a abençoar seus integrantes até que todos são atingidos pelo grande incêndio que praticamente destruiu toda a cidade, em um dos eventos mais terríveis da história americana. Filme indicado a seis Oscars, inclusive Melhor Filme, Direção e Roteiro. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Alice Brady) e Melhor Assistente de Direção (Robert D. Webb).

Comentários:
"In Old Chicago" foi uma das produções mais caras da história dos estúdios Fox. Na época - década de 1930 - eles ousaram reconstruir em cenários grandiosos toda a arquitetura da velha Chicago só para depois queimar tudo em um incêndio que recriasse na tela a grande tragédia da história daquela cidade. De certa forma o roteiro, personagens e o enredo são meros panos de fundo para essa cena que até os dias de hoje causa impacto por causa da excelente reconstituição histórica. O filme de certa forma acabou se tornando o predecessor de todo um gênero cinematográfico, a do cinema catástrofe, que teria seu auge muitas décadas depois, nos anos 1970, quando se tornou realmente uma febre nas bilheterias. O cineasta Henry King teve que enfrentar tantos problemas na realização desse filme que sofreu um ataque cardíaco em plena filmagem. Como não poderia ser interrompida a filmagem continuou, sendo assumida por seu jovem assistente, Robert D. Webb, que acabaria sendo premiado com um Oscar numa categoria que já não existe mais. Assim deixamos a dica desse filme que mostra, acima de tudo, a grande excelência técnica que o cinema americano sempre teve, mesmo em seus primórdios.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de novembro de 2018

Maria Antonieta

Não faz muito tempo li duas biografias sobre a rainha da França Maria Antonieta. O tema me interessou e como gosto de história decidi ler as obras. Com isso tive o interesse também de ver esse filme clássico sobre a monarca. Se trata de uma produção de 1938, com tudo o que de luxuoso e reluzente Hollywood tinha a oferecer naquela época. Cenários perfeitos, figurino classe A, reconstituição histórica muito bem realizada. Chegou-se ao ponto inclusive de se filmar várias cenas no próprio palácio de Versalhes, onde toda a história real aconteceu. Em termos de produção realmente não haveria nada do que reclamar. O ponto central sobre o filme seria o roteiro. Até que ponto ele seria historicamente fiel aos fatos? Como em Hollywood sempre houve uma tradição de romancear ao máximo eventos da história fui conferir o filme não esperando por grande coisa nesse aspecto. Para minha surpresa pude constatar que dentro do possível o roteiro seguiu sim, de forma fiel, a história da rainha. Em pouco mais de duas horas e quarenta minutos de duração esse clássico conseguiu contar de forma historicamente correta a biografia daquela que foi a última rainha da França. Claro que alguns detalhes foram alterados para dar maior agilidade dramática às cenas, mas nem isso estraga a adaptação. São detalhes que apenas um historiador especializado na história francesa conseguiria descobrir. Os fatos mais importantes de sua vida estão todos no filme, sem maiores equívocos.

A atriz Norma Shearer interpreta Maria Antonieta e se sai muito bem. A rainha tinha um comportamento extrovertido, frívolo, muitas vezes deslumbrada demais com seus gostos pessoais, principalmente no tocante a roupas e penteados extravagantes. Norma conseguiu trazer para a tela esse lado da rainha. Só senti falta mesmo dos famosos penteados no estilo pouf. Só em duas cenas se fizeram presentes. Acredito que o estúdio achou que seria um pouco demais, assim decidiram substituir por plumas mais elegantes. Um pequenino erro histórico, perdoável. E como era de se esperar o galã Tyrone Power repete sua persona cinematográfica ao dar vida ao conde Axel de Fersen, o grande amor da vida de Maria Antonieta. Galante e heroico, ele mantém toda a dignidade, mesmo sendo o amante secreto da rainha.

Para finalizar gostaria de chamar a atenção para as cenas finais. O diretor W.S. Van Dyke usou de uma bela sutileza narrativa. Ao invés de mostrar os horrores da guilhotina, ele decidiu ser mais sutil e discreto, respeitando o seu público. Nada de sensacionalismo sangrento. Usando de meros efeitos da edição de som conseguiu trazer todo o terror dessa verdadeira máquina de morte, sem ter que mostrar nada, o que foi bem-vindo. Não espere ver cabeças nobres rolando pelo chão vermelho de sangue. Também trouxe um aspecto importante ao filme ao mostrar o outro lado da revolução francesa que poucos pararam para pensar e refletir. O lado violento, cruel e sanguinário de seus participantes. Sobre isso foi extremamente feliz em sua composição da narração dos fatos históricos.

Maria Antonieta (Marie Antoinette, Estados Unidos, 1938) Direção: W.S. Van Dyke / Roteiro: Claudine West, Donald Ogden Stewart / Elenco: Norma Shearer, Tyrone Power, John Barrymore, Robert Morley / Sinopse: O filme conta a história da rainha francesa Maria Antonieta (1755 - 1793). Desde o momento em que ela fica sabendo de sua mãe, a rainha Maria Teresa da Áustria, que vai se casar com o futuro rei da França, até o dia de sua morte trágica por causa dos acontecimentos desencadeados pela revolução francesa. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Norma Shearer), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Morley), Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons) e Melhor Música Original (Herbert Stothart).

Pablo Aluísio. 

sábado, 25 de agosto de 2018

E Agora Brilha o Sol

Título no Brasil: E Agora Brilha o Sol
Título Original: The Sun Also Rises
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Peter Viertel, baseado na obra de Ernest Hemingway
Elenco: Tyrone Power, Ava Gardner, Errol Flynn, Mel Ferrer, Robert Evans
 
Sinopse:
Paris, 1920. O jornalista americano Jake Barnes (Tyrone Power) vive em Paris, aproveitando o belo cenário cultural da cidade. Sua vida tranquila acaba sendo abalada quando encontra casualmente pela noite com a bela Brett Ashley (Ava Gardner). É uma antiga paixão de Barnes. Ele a conheceu em um hospital para soldados feridos na Espanha. A reaproximação acaba revivendo antigos sentimentos em Barnes que há anos estavam adormecidos.

Comentários:
Temos aqui um bonito clássico romântico do cinema americano baseado na obra de Ernest Hemingway. Quem assistiu a outras adaptações de livros desse autor para o cinema perceberá uma incrível semelhança de enredo com outros filmes dessa mesma linha. Só para citar um exemplo, também temos aqui um jovem soldado ferido que acaba se apaixonando pela enfermeira que o tratou após retornar destroçado, física e emocionalmente, do front de batalha. É um tema recorrente nos escritos de Hemingway, simplesmente porque há claros toques autobiográficos em seus romances. Pois bem, embora isso não seja oficialmente reconhecido pelos especialistas em seus livros, o fato é que a estória e a trama desse romance parece seguir os passos de "Adeus às Armas", uma das grandes obras do escritor. É uma espécia de continuação daquilo que assistimos no filme  homônimo (que foi estrelado por Rock Hudson e que já comentamos aqui em nosso blog). O grande diferencial é que deixa claro desde o começo as tristes consequências dos ferimentos no personagem principal Jake Barnes (interpretado com elegância por Tyrone Power), que agora sabemos teve uma sequela terrível dos danos sofridos no campo de batalha, pois se tornou impotente. Essa condição o destrói emocionalmente pois ele fica numa posição de nunca consumar seu relacionamento com o amor de sua vida, Brett Ashley, na pele de Ava Gardner, incrivelmente bela em cena. 

Ela também o ama e diante de sua resistência começa a seduzir outros homens em sua presença, o colocando em situações constrangedoras e delicadas. Infelizmente o próprio autor não levou esse drama pessoal até o limite, preferindo em determinado momento de sua estória apostar em um incômodo deslumbramento com as touradas espanholas, algo que me deixou um pouco desconfortável pois considero uma tradição bem estúpida, que promove abusos contra os direitos dos animais.  Essa consciência porém ainda não existia na época e Ernest Hemingway parece completamente absorvido pelo clima em torno do tal "esporte". Isso acaba desviando o foco principal do que vemos e o filme assim vai se diluindo cada vez mais, até virar uma mera peça publicitária de turismo para as tradições e esportes tipicamente ibéricos. A impressão que passa é que Ernest Hemingway pisou no freio, como se tivesse desistido de aprofundar mais esse drama na vida do personagem principal! De qualquer maneira é preciso deixar claro que isso não é culpa nem da direção e nem da produção do filme - que é de fato classe A, realmente excelente. A culpa deve recair sobre o próprio Ernest Hemingway que parecia esgotado e sem ideias novas quando escreveu esse romance. Do ponto de vista cinematografico porém o filme vale sua indicação por causa da bela fotografia e da direção de arte bem caprichada. No fundo um belo e bem produzido romance passado numa Espanha linda e convidativa - com direito até mesmo a uma Paris maravilhosa e deslumbrante ao amanhecer, como mero pano de fundo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O Correio do Inferno

A história do filme explora os serviços de correspondência que existiam no velho oeste. Já naqueles tempos havia um sistema de entrega de cartas bem organizado, ligando a costa oeste e a costa leste do país. Essas encomendas, cargas e cartas eram levadas em diligências pelos territórios mais hostis. Além de bandidos havia ainda a sempre ameaça de algum ataque indígena. Pois bem no filme temos como protagonista um personagem chamado Tom Owens (Tyrone Power). Ele trabalha em um posto avançado dos correios, bem no meio do deserto. Esses postos eram usados como paradas para as diligências, onde os cavalos eram trocados e os passageiros poderiam fazer alguma refeição. Acontece que uma quadrilha está atuando na região, um bando de ladrões e assassinos comandados por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe).

Vinnie Holt (Susan Hayward) é uma passageira de uma dessas diligências que faz uma parada no posto onde Tom trabalha. Quando a notícia que uma quadrilha está à solta chega até eles, Vinnie é obrigada a ficar na estação. Ela viaja com uma criança, sua sobrinha, e a companhia não admite que crianças viajem nesse tipo de situação. O problema é que a própria estação é tomada pelos bandoleiros, fazendo com que ela e Tom fiquem como reféns. O filme se desenvolve praticamente todo dentro dessa estação, bem no meio do deserto. Os criminosos estão à espera de uma diligência que chegará por lá no dia seguinte, trazendo ouro da Califórnia. O objetivo é claro é pegar a pequena fortuna e depois partir em fuga novamente.

Esse é um bom faroeste, valorizado pelo roteiro bem escrito, excelente direção do mestre Henry Hathaway e um elenco acima da média. Tyrone Power está menos heroico do que de costume. Ele que se destacou em tantos épicos assinados por King Victor, aqui não faz muito mais do que o habitual. De certa forma ele é superado pela atriz Susan Hayward. Além de ter cenas realmente boas, sua personagem passa longe de ser uma mocinha tolinha de filmes de western, como era muito retratado na época. Cheia de força de vontade e fibra, ela é uma das melhores razões para assistir a esse filme. Além disso, vamos ser sinceros, como ela estava bonita quando fez esse filme! Dizem que tinha um caso com o milionário excêntrico Howard Hughes quando o filme foi realizado. Sorte a dele! No mais é um faroeste que vale a pena conhecer. Hoje em dia não é tão citado, nem pelos fãs do gênero! De qualquer forma nunca é tarde para conferir. Não deixe passar em branco.

O Correio do Inferno (Rawhide, Estados Unidos, 1951) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Dudley Nichols / Elenco: Tyrone Power, Susan Hayward, Hugh Marlowe, Dean Jagger / Sinopse: Durante uma viagem de diligência no velho oeste, a passageira Vinnie Holt (Susan Hayward) e sua sobrinha, uma garotinha de dois anos, é obrigada a ficar numa estação avançada no deserto, até que o xerife capture o bando liderado por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe). O problema é que a quadrilha acaba chegando na estação, fazendo todos de reféns, inclusive o empregado da companhia, Tom Owens (Tyrone Power).

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de janeiro de 2018

E as Chuvas Chegaram

Título no Brasil: E as Chuvas Chegaram
Título Original: The Rains Came
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Clarence Brown
Roteiro: Philip Dunne, Julien Josephson
Elenco: Myrna Loy, Tyrone Power, George Brent
  
Sinopse:
Lady Edwina Esketh (Myrna Loy) e seu marido Lord Albert Esketh (Nigel Bruce) decidem viajar até a distante Ranchipur, na Índia, para comprar maravilhosos cavalos de raça do marajá. Lá acabam reencontrando um velho amigo, Tom Ransome (George Brent), um pintor inglês muito conhecido por ser um aventureiro que viaja o mundo em busca de diversão e emoções exóticas. Também conhecem o Major Rama Safti (Tyrone Power), um médico do exército que dedica sua vida a ajudar os mais humildes e necessitados. A aproximação com Safti acaba abalando Edwina que acaba se descobrindo apaixonada por ele, mesmo sendo casada. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Por essa época Hollywood ficou muito interessada em produzir filmes românticos passados em lugares exóticos do mundo. Esse tipo de romance estava muito popular, atiçando a imaginação das mulheres americanas que sentiam-se massacradas pelo cotidiano duro do dia a dia e de seus relacionamentos convencionais e entediantes. Já que seus casamentos eram chatos e enfadonhos nada melhor que fantasiar, nem que fosse em breves momentos, por belas histórias de amor. Para isso era necessário apenas comprar uma entrada de cinema. Assim nada mais atraente do que vivenciar (mesmo que apenas nas telas) um romance de folhetim em regiões distantes e isoladas do chamado mundo civilizado. E se o galã fosse Tyrone Power então as coisas ficariam ainda mais atraentes para o público feminino. Não é de se admirar que esse tipo de filme rendesse ótimas bilheterias. "The Rains Came" ainda conta em seu enredo com esse fator picante envolvendo uma mulher casada que acaba sentindo uma surpreendente paixão por um médico idealista que dedica sua vida a ajudar os mais pobres. Para completar some-se a isso eventos incontroláveis da natureza, como uma tempestade que une a todos em volta da luta pela sobrevivência e você terá todos os ingredientes que fazem um grande épico de aventura e romance. O filme é tecnicamente muito bem realizado (e por essa razão acabou sendo indicado a vários prêmios técnicos na Academia como edição, som e direção de arte). A fotografia também é outro destaque (o que lhe valeu também outra importante indicação ao Oscar para o diretor de fotografia Arthur C. Miller). Em suma, paixão e aventura em um belo momento épico do cinema clássico americano na década de 1930, em um tempo distante em que ser romântico não era visto como algo ultrapassado e fora de moda.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Maria Antonieta

Título no Brasil: Maria Antonieta
Título Original: Marie Antoinette
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: W.S. Van Dyke
Roteiro: Claudine West, Donald Ogden Stewart
Elenco: Norma Shearer, Tyrone Power, John Barrymore
  
Sinopse:
Marie Antoinette (1755-1793) é uma jovem princesa austríaca que é enviada para a França para se casar com o herdeiro do trono, Louis XVI. O casamento arranjado pelas duas monarquias logo se revela problemático por causa da personalidade infantil e boba do jovem príncipe francês. Para Marie Antoinette porém tudo é válido, até porque ela se tornará em breve a nova rainha da França, um dos títulos de nobreza mais cobiçados da Europa de seu tempo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Norma Shearer), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Morley), Melhor Direção de Arte e Melhor Música (Herbert Stothart).

Comentários:
Drama histórico que foca a atenção na rainha Maria Antonieta (interpretada aqui pela bonita e talentosa atriz Norma Shearer, que inclusive foi indicada ao Oscar). A produção é luxuosa, com lindo figurino e filmagens realizadas no próprio Chateau de Versailles. Tecnicamente se trata de um filme irrepreensível. Também é muito instrutivo por mostrar a vida daquela foi a última rainha da França, em seu tempo absolutista. Maria Antonieta, como todos sabemos, foi decapitada pelos revolucionários franceses, em um banho de sangue irracional e violento. Ela foi acusada de crimes que nunca cometeu, além de ter sido alvo de uma verdadeira campanha de difamação promovida por publicações anônimas que inventavam mentiras sobre ela. De bom é interessante saber que o roteiro não deu voz a esse tipo de mentiras, como àquela que dizia que ela teria dito: "Se não tem pão, que se dê brioches ao povo" - algo que ela nunca disse. Um boato para destruir sua imagem pública. Curiosamente o elenco não traz nenhuma grande estrela de Hollywood, com exceção talvez do galã Tyrone Power no papel do conde Axel de Fersen. John Barrymore e sua figura imponente como o monarca Louis XV também ajudam bastante no resultado final. Então é isso, um filme bonito, bem produzido. Vale como entretenimento com ares românticos, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Jamais Te Esquecerei

Título no Brasil: Jamais Te Esquecerei
Título Original: The House in the Square
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: John L. Balderston, Ranald MacDougall
Elenco: Tyrone Power, Ann Blyth, Michael Rennie
  
Sinopse:
O físico nuclear Peter Standish (Tyrone Power) acaba desenvolvendo uma tese de que no universo temos várias realidades paralelas, inclusive em relação ao tempo. Para Peter o passado, presente e futuro formam uma só dimensão, o que tornaria possível a viagem no tempo. Após encontrar anotações de um antepassado distante ele acaba se convencendo que em algum momento de sua vida retornou ao século XVI, onde deixou para o seu eu do presente pistas do que teria feito lá. Agora ele precisa descobrir uma maneira de romper o espaço tempo para provar suas teorias.

Comentários:
Então você pensava que o tema viagem ao tempo só foi explorado pelo cinema na série "De Volta Para o Futuro"? Melhor rever seus conceitos meu caro. Esse "Jamais Te Esquecerei" é um filme pioneiro, realizado no começo dos anos 1950, que explora muito bem esse tema. O personagem principal, interpretado pelo galã Tyrone Power, é um cientista que está convencido que a viagem no tempo seria possível, baseado nas teorias do gênio Albert Einstein. Revirando velhos manuscritos que pertencem à sua família há séculos ele encontra cartas datadas do século XVI que dão pistas de que ele próprio, de alguma maneira, esteve lá! A partir daí o físico começa uma série de experimentos para realizar essa viagem inédita. E depois de um evento perfeitamente natural (um raio, tal como em "De Volta Para o Futuro") ele consegue realmente romper a barreira do tempo, indo parar no passado. Lá ele encontra seus antepassados e até se apaixona por uma prima, que se torna um amor impossível. Dois aspectos merecem menção nesse imaginativo roteiro. O primeiro é que uma vez no passado Standish fica um tanto decepcionado com o que encontra. Ele tinha uma imagem romântica daquele tempo, mas acaba encontrando uma realidade dura, com muita pobreza, exploração (inclusive envolvendo trabalho infantil), sujeira pelas ruas e poucos padrões de higiene das pessoas ao seu redor. Imagine tudo isso em um filme que supostamente deveria explorar um universo de fantasia romântica! Outro ponto interessante é que o diretor Roy Ward Baker teve uma ideia realmente genial ao filmar em dois sistemas diferentes. Quando o físico interpretado por Tyrone Power está no seu presente o filme apresenta uma fotografia toda em preto e branco. Há um clima sombrio no ar. Quando ele retorna ao passado o filme se torna colorido, vibrante e alegre. Achei realmente muito criativo esse aspecto. Assim "Jamais Te Esquecerei" é um filme bem à frente de seu tempo. É em essência um drama romântico, mas também é bem inteligente e mais do que isso, realista! Uma produção que realmente surpreende o espectador.

Pablo Aluísio

domingo, 20 de novembro de 2016

Um Yankee na R.A.F.

Título no Brasil: Um Yankee na R.A.F.
Título Original: A Yank in the R.A.F.
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Darrell Ware, Karl Tunberg
Elenco: Tyrone Power, Betty Grable, John Sutton, Reginald Gardiner
  
Sinopse:
1941. Os Estados Unidos ainda não entraram na II Guerra Mundial. Eles procuram pela neutralidade em relação ao caos que se instala na Europa. A Inglaterra está em guerra com a Alemanha Nazista e o piloto americano Tim Baker resolve aceitar uma tentadora proposta para pilotar aviões ingleses sobre a Alemanha. O governo daquele país oferece mil dólares por missão, uma pequena fortuna na época. Em Londres Tim, por mero acaso, acaba reencontrando a corista e cantora Carol Brown (Betty Grable), uma garota que ele namorou no passado, mas que resolveu deixar de lado sem maiores explicações. Ele quer voltar para ela antes da próxima missão, mas Carol não cede aos seus galanteios, pois definitivamente não quer ser enganada novamente. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Fred Sersen e Edmund H. Hansen).

Comentários:
Antes de qualquer coisa é bom esclarecer que se você estiver em busca de um filme com bastante ação sobre a II Guerra Mundial, bem movimentado, com várias cenas de batalha aérea pelos céus da Europa, esse "A Yank in the R.A.F." não seria dos mais indicados. Isso porque o roteiro claramente valoriza mais o romance entre a corista interpretada por Betty Grable e o piloto americano de Tyrone Power do que qualquer outra coisa. Só para se ter uma ideia do que estou escrevendo basta saber que nada mais do que dois terços do filme é quase que exclusivamente apoiado no vai e vem do namorico entre eles. Power interpreta um sujeito audacioso, galanteador, mas também bem dado a piadinhas e gracinhas. Grable é a corista que no passado foi enganada por sua lábia. Eles se reencontram na Inglaterra, nas vésperas dos Estados Unidos entrarem na guerra, e recomeça o jogo de sedução entre o casal. Power avança, mas Betty Grable contém suas cantadas. Ela aliás vai muito bem, obrigada, com mais dois outros oficiais ingleses lhe cortejando o tempo todo. 

Um deles até lhe propõe casamento! Por que daria bola para aquele americano falastrão e de certo modo enganador? Um Dom Juan tardio? Claro que no fundo ela gosta de suas investidas, mas mantém a posição de durona em relação a ele. Nesse meio tempo aproveita para cantar e encantar pois ainda era bastante jovem e bonita quando o filme foi realizado. Ela tinha apenas 25 anos quando a fita foi rodada e está realmente uma graça em cena. Já Power... bom, o estilo de seu personagem não ajuda muito. Ele é muito gaiato para que nos importemos com o que vai lhe acontecer. O roteiro tenta traçar a personalidade de alguém muito simpático e sorridente, mas que no final só o deixa meio chato e inconveniente. Pois bem, depois de 70 minutos desse romance indeciso entre Power e Grable finalmente o filme apresenta uma boa cena de ação, um bombardeiro aéreo sobre Berlim. Os efeitos especiais usados nessa sequência (com uso de maquetes e outras técnicas, inclusive desenhos animados) ajuda um pouquinho a despertar, mas o teor de ação é realmente minimizado. Assim se você estiver em busca de um bom filme de guerra, daqueles mais tradicionais, desista. Por outro lado se a procura for por um romance bem ao estilo dos anos 40 então o filme certamente lhe é indicado. Em suma, uma (quase) comédia romântica com a Guerra Mundial como pano de fundo. Até simpático, mas nada muito além disso.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de julho de 2016

O Soldado da Rainha

Título no Brasil: O Soldado da Rainha
Título Original: Pony Soldier
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joseph M. Newman
Roteiro: John C. Higgins, Garnett Weston
Elenco: Tyrone Power, Cameron Mitchell, Thomas Gomez, Penny Edwards
  
Sinopse:
Duncan MacDonald (Tyrone Power) é um soldado da guarda montada do Canadá que acaba se envolvendo no rapto de um casal de americanos por nativos da tribo Creek. Eles foram raptados durante um ataque à caravana em que viajavam. Os guerreiros mataram seus familiares e os levaram como prisioneiros até o Canadá. Inicialmente MacDonald deseja resolver tudo de forma diplomática, se entendendo com o chefe da tribo, mas guerreiros rivais como Konah (Cameron Mitchell), não aceitam negociar com o homem branco que considera invasor e ladrão de suas terras. Assim arma-se um conflito, com Duncan tentando a todo custo salvar a vida daquelas pessoas enquanto alguns membros da tribo querem que ele seja morto.

Comentários:
Não é muito comum assistir a um western cujo protagonista é um canadense. Geralmente em filmes de faroeste com guerreiros Indígenas temos a cavalaria americana no outro lado da balança. Outro aspecto que chama a atenção é que o filme não se propõe a ter muita ação ou combates entre brancos e índios. Ao invés disso se concentra nas negociações entre o personagem de Powell e o chefe tribal conhecido como Urso Erguido (Stuart Randall). Só na cena final realmente temos mais ação com o soldado canadense Duncan enfrentando o guerreiro Konah numa luta de facas à beira do precipício. Até isso acontecer porém se desenrola uma trama até amena, com o homem branco tendo aos poucos conhecimento dos costumes, tradições e rituais daqueles povos nativos. A simpatia do roteiro com os índios chega ao ponto até de sugerir a adoção de um garotinho da tribo por MacDonald. Em termos de elenco além do destaque de ter o galã Tyrone Power interpretando um soldado canadense da fronteira há ainda um ótimo ator em cena: Thomas Gomez. Ele interpreta Natayo Smith, um mestiço que acompanha MacDonald em sua jornada. Servindo muitas vezes como alívio cômico, Gomez (que não era mexicano como muitos pensavam na época, mas sim americano de Nova Iorque), acaba roubando o show com seu personagem, ora sendo um sujeitinho esperto, fazendo o papel de bom malandro sempre em busca de boas barganhas com os canadenses, ora servindo como um apoio importante para que o protagonista entenda como se relacionar com aqueles nativos selvagens. Em suma, um bom faroeste, diferente, curto (pouco mais de 70 minutos de duração) e que nunca chega a entediar o espectador. Vale bastante como diversão.  

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de junho de 2016

Tyrone Power - Jamais Te Esquecerei

Ontem assisti ao filme "Jamais Te Esquecerei". Se trata de uma produção de 1951 estrelada por Tyrone Power. Pelo poster, fotos e demais informações você começa a ver o filme pensando se tratar de um drama romântico como tantos outros que foram feitos por esse ator, um dos grandes galãs da era de ouro do cinema americano. Isso, pelo menos, é o que se daria a entender. Quando o filme começa descobrimos logo que o personagem de Power passa longe de ser um herói romântico ao velho estilo. Ao invés de cortejar damas e donzelas ele está em uma usina nuclear manipulando metais químicos perigosos. Ele é um cientista, um físico, que está convencido que dentro das dimensões em que existimos há uma maneira de romper o espaço / tempo para viajar entre passado, presente e futuro. Nessa altura do filme você já percebe que está longe de assistir a apenas um filme romântico mais tradicional.

O personagem de Power inclusive não está muito interessado nos assuntos do coração. O negócio dele é realmente a ciência. Ele vive em um mundo próprio, solitário. Apaixonado pelo passado, gostaria de quem sabe ir lá de alguma forma. Depois que encontra velhas cartas, supostamente escritas por ele mesmo, datadas do século XVI, ele se convence que uma viagem no tempo seria realmente possível, afinal de contas tudo levaria a crer que ele já estivera lá. Mas como fazer tal viagem? Certa noite voltando para a casa um raio o atinge e quando ele recobra a consciência está em Londres, ainda na época em que os Estados Unidos lutavam para se livrar do domínio do colonialismo inglês. Perceba que essa ideia de um raio se tornar um instrumento de viagem temporal seria aproveitada (ou copiada, quem sabe) pela trilogia "De Volta Para o Futuro", muitas décadas depois.

Um aspecto curioso é que enquanto está no presente, o personagem de Power vive em um mundo em preto e branco, mas quando chega no passado tudo se torna colorido, cheio de vibração. E é justamente lá no passado que ele finalmente acaba se apaixonando, vivendo um grande amor por sua própria prima, uma mulher fina e elegante chamada Kate (Beatrice Campbell). Claro que por viverem em tempos diferentes esse amor logo se torna algo impossível de se concretizar. Lembrando novamente "De Volta para o Futuro", imaginem a ruptura espacial que iria causar no tempo caso ele tivesse um filho com ela, já que na linha temporal ela seria na realidade apenas uma pessoa de seu passado distante.

Certamente o roteirista Bob Gale, da franquia de Steven Spielberg, sabia da existência desse clássico. Os pontos de semelhança são muitos para se ignorar isso. O charme adicional é que "Jamais Te Esquecerei" foi filmado nos anos 1950, justamente a década em que os personagem do filme "De Volta Para o Futuro" retornam no primeiro filme da série. Realmente, no mundo do cinema nada se cria, tudo se recicla e se reaproveita. Velhas ideias esquecidas voltam à tona com embalagem de algo novo, inovador, mesmo que essa definitivamente não seja a inteira verdade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Galeria Cinema Clássico - Joan Fontaine

Joan Fontaine - Uma das estrelas mais populares de Hollywood em sua época de ouro, a atriz Joan Fontaine (cujo nome de batismo era Joan de Beauvoir de Havilland) nasceu em 1917, quando seus pais estavam no Japão a trabalho. Ela era irmã mais velha da também estrela Olivia de Havilland. Durante anos existiu um boato em Hollywood dizendo que as duas eram extremamente competitivas entre si, sempre disputando para saber quem seria a mais bem paga, a mais premiada e a mais famosa. Biografias mais recentes porém negam tal versão dos fatos, uma vez que elas se mantinham próximas e amigas, mesmo quando estavam no auge de suas carreiras. Fontaine, que tinha uma beleza marcante, foi premiada com o Oscar em 1942 por sua atuação no filme "Suspeita" do mestre Alfred Hitchcock. Nessa produção ela atuou ao lado do galã Cary Grant, com quem se dizia na época teve um breve romance. A atriz morreu em 2013 aos 96 anos de idade! Dizem que suas últimas palavras foram: "Eu tive uma vida feliz".

Também vestindo um traje militar o ator Tyrone Power posa para uma fotografia promocional dos estúdios Warner Bros. Power teve uma carreira de muito sucesso em Hollywood, onde estrelou grandes êxitos de bilheteria no cinema. Um de seus filmes de maior popularidade foi "A Marca do Zorro" de 1940, uma das primeiras produções com o famoso espadachim negro que se tornaria um dos maiores ícones da cultura pop mundial. Ao lado do diretor Henry King rodou inúmeros filmes de aventura do tipo capa e espada, como por exemplo, "O Cisne Negro" de 1942. Considerado um grande galã ao estilo Latin Lover, o astro teve uma vida breve. Ele faleceu com apenas 44 anos de idade, quando estava na Espanha para uma viagem de passeio e trabalho. Identificado como um amante latino, Power não negava suas origens hispânicas, sempre exaltando os seus antepassados. No total sua filmografia conta com 52 filmes, com muitos clássicos da sétima arte entre eles.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Rebelião na Índia

Em essência o filme é uma aventura romântica de colonizadores ingleses na Índia. Até ai tudo bem, afinal não foi o primeiro e nem o último a mostrar essa história. O que diferenciou aqui na minha opinião foi uma visão bem corajosa do roteiro de tocar, em plenos anos 50, na questão do racismo. O personagem interpretado por Tyrone Power é mestiço, filho de pai inglês com mãe muçulmana. Isso basta para ser olhado de lado pelos vitorianos oficiais da rainha em sua própria tropa. Como se não bastasse ele ainda se apaixona pela filha do comandante que obviamente fica bem insatisfeito com toda a situação.

Claro que por ser um filme da década de 50 nada é demasiadamente aprofundado. O roteiro é simples, o enredo é eficaz e rápido (o filme tem noventa minutos apenas) mas de qualquer forma só o simples fato de tocar no assunto já desperta o interesse do espectador. Em cena nenhum grande ator. O elenco é liderado pelo galã Tyrone Power (um dos primeiros Zorros do cinema). Ele não era um grande ator (nenhum galã para falar a verdade era) mas não compromete em momento algum. A atriz Terry Moore era bonitinha mas convenhamos bem ordinária no quesito interpretação. Por fim o grande destaque do filme fica mais uma vez pela direção segura de Henry King (que logo após realizaria o clássico "As Neves do Kilimanjaro"). Há uma sequência inicial no filme, em que rebeldes atacam as tropas ingleses em uma montanha, que mostra bem o talento desse grande diretor. Então fica a dica, se você encontrar esse filme um dia para assistir, não deixe de conferir, vale a pena.

Rebelião na Índia ("King of the Khyber Rifles, Estados Unidos, 1953) Diretor: Henry King / Elenco: Tyrone Power, Terry Moore, Michael Rennie, John Justin, / Sinopse: Baseado no romance de Talbot Mundy, trata-se da história passada no século 19, na Índia, sobre o capitão Alan King, oficial britânico de origem hindu que luta contra o preconceito no exército. Mas quando a filha de um general é salva por King numa tentativa de sequestro, ele gradualmente vai ganhando confiança. Principalmente quando ele é o único que domina a língua Pashtun e se coloca à disposição de seus superiores para negociar com um perigoso rebelde e assim conquistar a paz entre as tribos locais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Tyrone Power - Mergulho no Inferno

Em 1943 o ator Tyrone Power estrelou o clássico de guerra "Mergulho no Inferno" (Crash Dive, em seu título original em inglês). O mundo ainda vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial e os aliados (Estados Unidos, Inglaterra e demais países ocidentais) ainda combatiam as forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) no campos de batalha ao redor do mundo. 

Assim essa produção pode ser vista como parte do esforço de guerra que Hollywood promovia na época, numa clara tentativa de manter a moral e o empenho dos militares em alta. Power interpretava um personagem que servia na marinha dos Estados Unidos. Aliás a produção do filme só foi possível com a plena colaboração das forças armadas daquele país. 

Um aspecto interessante é que todos os navios e embarcações que aparecem no filme são históricos, realmente lutavam na guerra naquele momento. Dessa forma o filme ganha um interesse extra para quem aprecia história militar, pois tem a chance de ver esses navios de guerra em seu auge, ainda funcionais e prontos para batalhas navais. Certamente esse atrativo vai despertar ainda mais a curiosidade de quem ainda não viu esse bom filme de guerra, estrelado por um dos mais populares galãs de cinema de Hollywood naquela época. 

Abaixo segue parte do material promocional desse filme clássico de guerra "Mergulho no Inferno" com Tyrone Power. Esse tipo de poster era enviado para os cinemas, para ajudar na publicidade e divulgação dos filmes que chegavam nas telas. Um souvenir hoje em dia para quem aprecia material vintage dos tempos da II Guerra Mundial. 

Pablo Aluísio,