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quinta-feira, 16 de março de 2023

Tár

Título no Brasil: Tár
Título Original: Tár
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Todd Field
Roteiro: Todd Field
Elenco: Cate Blanchett, Noémie Merlant, Nina Hoss, Sophie Kauer, Sylvia Flote, Mark Strong

Sinopse:
Lydia Tár (Cate Blanchett) trabalha regendo uma das maiores orquestras do mundo, a filarmônica de Berlim. Maestra consagrada, professora de uma das escolas mais prestigiadas do universo musical, a Juilliard School, ela vê sua vida virar de ponta cabeça após o suicídio de uma ex-instrumentista que trabalhou ao seu lado. Ao que tudo indica tiveram um romance e isso cai como uma bomba em sua reputação e integridade de profissional séria e respeitada. 

Comentários:
O Oscar deixou de ser uma premiação técnica para ser apenas uma premiação política e ideológica. O maior exemplo disso veio com a não premiação da atriz Cate Blanchett. Ela está maravilhosa nesse filme, um verdadeiro show de atuação, mas apesar de seus méritos, não levou o Oscar para casa. Ela se dedicou de corpo e alma para interpretar esse papel. Fez cursos intensivos para aprender alemão e piano, além do peso de decorar falas complexas, extensas e de natureza técnica e culta. Isso adiantou de alguma coisa para a Academia? Infelizmente não! Por uma questão puramente política premiaram a outra atriz de um filme que eu considero completamente mixuruca. De qualquer maneira ela levou o prêmio de reconhecimento popular, pois nas redes sociais não se falava de outra coisa, da injustiça que sofreu. Essa personagem é um presente, uma personalidade complexa e cheia de nuances psicológicas. Uma mulher que luta contra seus instintos e sentimentos mesmo sendo bastante inteligente e preparada do ponto de vista intelectual. Apenas uma grande atriz como Cate Blanchett poderia interpretá-la adequadamente. Em minha visão foi o melhor trabalho de atuação feminina do ano. Uma atuação imperdível. Digno de todos os aplausos do público e da crítica. Bravo! 

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Pinóquio por Guillermo del Toro

Pinóquio por Guillermo del Toro
Do momento em que o diretor Guillermo del Toro decidiu fazer esse filme até o dia em que ele chegou ao público levou-se longos 15 anos de produção. Isso dá uma ideia do trabalho árduo que foi feito para que esse filme fosse finalizado. Fazer mais uma versão de Pinóquio seria banal, por isso del Toro decidiu ir por outro caminho. Ele optou por realizar o filme na antiga técnica de stop motion, uma tradicional linha de animação que estava há muitos anos deixada de lado justamente por causa do grande trabalho a ser realizado. Cenas que duram apenas alguns segundos levavam verdadeiros dias para ficarem prontas. O cineasta teve que importar artistas e animadores especializados nesta técnica de outros países. No total, foram criadas 60 equipes independentes, cada uma com a função de criar uma determinada sequência. O resultado de tanto primor técnico se vê na tela. O filme é realmente tecnicamente perfeito, impecável em todos os aspectos. 

Entretanto esse novo filme do Pinóquio não se resume apenas a um grande feito do aspecto técnico cinematográfico, mas também no roteiro. O diretor Guillermo del Toro resolveu mesclar histórias do livro original com novas ideias que ele introduziu na narrativa. E disso resultou uma história muito boa, inclusive com nuances políticas sobre o fascismo na Itália. Esse é um filme que tem muita alma e coração, falando sobre relações humanas, principalmente entre pai e filho. A perda de um ente querido e a tentativa de reencontrar algum sentido na vida depois disso também são temas tratados. O filme está  concorrendo ao Oscar de melhor animação deste ano e, se vencer, não será uma surpresa pra ninguém. Pelo contrário, será um prêmio mais do que merecido e justo.

Pinóquio por Guillermo del Toro (Guillermo del Toro's Pinocchio, Estados Unidos, México, França, 2022) Direção: Guillermo del Toro, Mark Gustafson / Roteiro: Guillermo del Toro, Patrick McHale / Elenco: Ewan McGregor, Cate Blanchett, Christoph Waltz, John Turturro, Ron Perlman, Tilda Swinton, David Bradley, Gregory Mann / Sinopse: Nova versão da antiga história do boneco de madeira que queria ser um menino de verdade. Baseado no livro original escrito por Carlo Collodi.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

A Escola do Bem e do Mal

Título no Brasil: A Escola do Bem e do Mal
Título Original: The School for Good and Evil
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Feigco Entertainment
Direção: Paul Feig
Roteiro: David Magee
Elenco: Sophia Anne Caruso, Sofia Wylie, Cate Blanchett, 
Liam Woon, Rachel Bloom, Kit Young

Sinopse:
Duas garotas, jovens adolescentes, são escolhidas para irem estudar em escolas de magia e bruxaria. Uma das escolas ensina magia do bem e a outra ensina magia do mal. E sobre as duas, se esconde uma figura sinistra, um antigo bruxo do passado que quer destruir com tudo, sem deixar vestígios.

Comentários:
Primeiro vou destacar alguns pontos positivos. A direção de arte é sublime. Cenários, figurinos, ambientações, maquiagem, tudo é de uma produção realmente classe A. Chega a ser um filme bonito de se assistir. Porém de que vale tanto luxo se há uma falta de originalidade absurda e completa na história? Não tem como fugir da comparação. Esse filme tem sinais até mesmo de plágio com os filmes e livros de Harry Potter! Basta ler a sinopse para ver as semelhanças. Escola de magia e bruxaria com jovens, um sinistro mago do passado que quer acabar com tudo, professores de magia... Tudo o que você viu em Harry Potter está aqui! E com a falta de originalidade, vem também a decepção de se estar assistindo um filme que, na realidade, sendo bem sincero, é apenas um genérico do Harry Potter. Eu sei que tudo é baseado em livros que são até populares entre jovens, mas a verdade é que tudo é muito derivativo, realmente. Chegamos em certos momentos a ter até mesmo vergonha alheia da cópia. Não adianta apenas fazer uma produção luxuosa classe A, tem que ter originalidade, ideas novas por trás, porque caso contrário não se sustenta.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

A Vida Marinha com Steve Zissou

Título no Brasil: A Vida Marinha com Steve Zissou
Título Original: The Life Aquatic with Steve Zissou
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, Noah Baumbach
Elenco: Bill Murray, Owen Wilson, Anjelica Huston, Cate Blanchett, Anjelica Huston, Willem Dafoe, Jeff Goldblum

Sinopse:
Steve Zissou (Bill Murray), um pesquisador e oceanógrafo dos mistérios dos sete mares, parte para mais uma missão de exploração ao lado de sua tripulação e seus familiares. Seu objetivo é encontrar um tubarão que anos antes matou um de seus amigos mais próximos.

Comentários:
O cinema de Wes Anderson é muito peculiar e singular. Quando comecei a assistir seu filmes achei tudo meio estranho, fora de nexo. Hoje em dia já aprecio muito mais sua filmografia. Esse filme aqui pode ser definido como uma sátira à vida de Jacques-Yves Cousteau. Quem nunca assistiu a um de seus inúmeros documentários sobre a vida marinha? Pois é, só que no roteiro de Wes Anderson as coisas não são tão simples como parece. Com excelente elenco ele conta sua história de uma maneira um tanto diferente. Eu não qualificaria o filme como uma mera comédia, já que os filmes desse diretor não são tão simples de definir. O único conselho que deixo é simples: assista ao filme e veja se gosta da maneira de fazer cinema de Wes Anderson. Na maioria das vezes as pessoas amam ou odeiam sua filmografia. Veremos no que vai dar.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de abril de 2022

Sobre Café e Cigarros

Título no Brasil: Sobre Café e Cigarros
Título Original: Coffee and Cigarettes
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Asmik Ace Entertainment
Direção: Jim Jarmusch
Roteiro: Jim Jarmusch
Elenco: Cate Blanchett, Alfred Molina, Bill Murray, Roberto Benigni, Steve Buscemi, Iggy Pop, Tom Waits

Sinopse:
Várias pequenas vinhetas mostrando pessoas sentadas em uma mesa, tomando café e fumando cigarros. Todos bem relaxados, fazendo grandes e pequenos questionamentos sobre a vida, a morte, a verdadeira razão da existência humana e claro, sobre a importância de se tomar um bom cafezinho enquanto se traga um cigarro! Filme indicado ao Film Independent Spirit Awards.

Comentários:
Que tal juntar atores profissionais com pessoas comuns, não necessariamente conhecidas, para bater um papo numa mesa de cafeteria? Parece ter sido essa a ideia de Jim Jarmusch para esse filme. E não é que foi uma boa ideia? Livre das amarras de um roteiro muito estruturado as conversas vão fluindo, com muita conversação espontânea. Os atores profissionais improvisaram bastante, colocando muitas vezes seus próprios pensamentos nas conversas. Hoje em dia um filme tão experimental como esse nem seria realizado. Em um mundo do cinema dominado por super-heróis de quadrinhos ia ser muito complicado algum produtor bancar uma ideia tão inovadora e fora do comum!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de março de 2022

O Beco do Pesadelo

Excelente filme! Esse é um dos candidatos ao Oscar de melhor filme desse ano. Mereceu essa e todas as demais indicações. A história começa em 1938. Stanton Carlisle (Bradley Cooper) é um homem que literalmente coloca fogo em seu passado. Quando pega a estrada, sua casa (e um corpo não identificado) são consumidos pelas chamas. Ele sai sem rumo, sem direção. Acaba indo parar em um velho parque de diversões decadente. Começa a trabalhar ali como trabalhador braçal, mas não demora muito e começa a aprender alguns truques com um velho mágico que está sendo corroído pelo alcoolismo. O veterano também lhe ensina algumas técnicas de leitura fria e leitura quente, artimanhas usadas em jogos de suposta "espiritualidade". O velho não dura muito e deixa para ele apenas um conselho para nunca usar aquelas técnicas se passando por médium. Afinal isso seria puro charlatanismo, nada condizente com a tradição dos grandes mágicos do passado.

Só que vigarista é vigarista e Carlisle vai para a grande cidade, se vender como alguém que consegue conversar com os mortos. Se aliando a uma analista desonesta chamada Dra. Lilith Ritter (Cate Blanchett) ele passa a ter acesso a informações privilegiadas que usa para enganar homens ricos e poderosos, entre eles um juiz que perdeu seu jovem filho e um chefe mafioso corroído pela morte da mulher que mais amou na vida. E de golpe em golpe, ele começa a escalar mais e mais nos seus jogos de enganação, chegando até mesmo a promover supostas aparições (materializações) de pessoas mortas, algo que vai colocar sua vida em risco. Ser vigarista também tem seus limites! Grande filme, adorei. O elenco, a direção de arte, a produção, tudo surge na tela para engrandecer uma produção realmente classe A. Esse é um daqueles filmes atuais especialmente indicados para quem aprecia o cinema clássico do passado de Hollywood. Um dos melhores do ano, certamente.

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, Estados Unidos, 2021) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro, Kim Morgan, baseados no romance escrito por William Lindsay Gresham / Elenco: Bradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen / Sinopse: Um andarilho acaba indo trabalhar em um velho parque de diversões onde aprende técnicas com um mágico no fim de sua vida. A partir daí ele parte para a cidade grande onde passa a enganar pessoas ricas, dizendo ter acesso a seus parentes falecidos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor design de produção, melhor figurino e melhor direção de fotografia (Dan Laustsen).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Não Olhe para Cima

Dois cientistas do campo da astronomia (interpretados por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) descobrem a existência de um novo cometa. No começo ficam felizes com a descoberta, afinal no mundo da astronomia isso é algo importante na vida de qualquer profissional da área. Só que a alegria dura pouco. Eles logo descobrem também que a rota do cometa vem direto em direção ao nosso planeta Terra. E agora, o que fazer? Logo uma questão que deveria ser tratada apenas pela ciência se torna politizada. E aí é o caos... os cientistas querem seguir o que diz a ciência para salvar o planeta, os conservadores liderados por uma presidente idiota (Meryl Streep) adotam uma postura de negacionismo com o slogan "Não Olhe para Cima". Pronto, a humanidade está literalmente com os dias contados. Estamos todos ferrados!

Esse é o filme do momento. Todo mundo está falando, debatendo, trocando ideias. Fazia tempo que a Netflix não lançava algo tão polêmico. A boa notícia é que é um bom filme, que faz pensar! É simplesmente impossível não perceber a analogia que esse inteligente roteiro faz com o mundo polarizado e imbecilizado em que vivemos. E aqui sobram críticas e farpas para todos os lados. Enquanto os dois cientistas tentam alertar para o perigo do cometa, os telejornais e o público em geral só se importam com as coisas mais imbecis, como o namorico de uma cantora adolescente pop e um cantor de rap! Você vai dar boas risadas, mas se tiver mais inteligência vai rir mesmo de nervoso, porque embora absurdas as situações, são plenamente condizentes com o momento atual. E você também pode trocar o cometa pela pandemia, aquecimento global ou qualquer outro tema desses e verá que faz o mesmo sentido.
 
E as redes sociais? Se tornam o maior meio de estupidez jamais visto. Enquanto o cometa avança em direção ao planeta Terra, as pessoas só se preocupam com memes, besteiras e imbecilidades. E surgem milhares de teorias da conspiração, uma mais idiota do que a outra! Dá nos nervos! Penso que se uma situação como a mostrada no filme realmente fosse verdade seria exatamente assim que iria acontecer. Vivemos em uma era tão estúpida! É triste, mas é a mais pura verdade! Então o roteiro mira e acerta em muitos alvos e se sai maravilhosamente bem em meu ponto de vista. É um filme que parece simples, mas que nas entrelinhas expressa tantas verdades que você ficará surpreso.

No final tirei duas conclusões importantes. A primeira é que o mundo atual é o horizonte perfeito das idiotices, tanto das pessoas em geral como também dos que foram eleitas por elas. A pior situação para uma nação é ser liderada por uma idiota como a presidente interpretada por Streep. Pessoas vão morrer por esse tipo de escolha errada na hora de votar. E assim surge a segunda grande lição do roteiro. Não votem em imbecis para altos cargos, pois no final quem será mais prejudicado será você mesmo, quem sabe até mesmo perdendo a própria vida. Parece radical? Não, é só uma verdade mesmo.

Não Olhe para Cima (Don't Look Up, Estados Unidos, 2021) Direção: Adam McKay / Roteiro: Adam McKay, David Sirota / Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill, Rob Morgan / Sinopse: Dois cientistas tentam alertar o mundo do perigo que se aproxima na forma de um enorme cometa que está vindo em direção ao nosso planeta. Só que isso vai ser quase impossível em um mundo onde as pessoas só se importam com celebridades vazias e os que detém o poder político são altamente estúpidos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O Custo da Coragem

Título no Brasil: O Custo da Coragem
Título Original: Veronica Guerin
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Carol Doyle
Elenco: Cate Blanchett, Colin Farrell, Brenda Fricker, Ciarán Hinds, Gerard McSorley, David Murray

Sinopse:
Baseado em uma história verídica, o filme mostra a história da jornalista irlandesa Veronica Guerin (Cate Blanchett). Repórter do The Sunday Independent, ela começa a expor, numa série de reportagens, o mundo do crime na cidade de Dublin, o que a torna alvo de traficantes e poderosos barões do crime.

Comentários:
Muitas pessoas não param para pensar muito nisso, mas a verdade é que a profissão de jornalista é uma das mais perigosas do mundo. Principalmente quando esses profissionais começam a revelar, em suas matérias investigativas, crimes envolvendo pessoas poderosas. Esse filme conta a história de uma dessas jornalistas que acaba tendo sua vida ameaçada. Ela denuncia um grupo de poderosos, todos envolvidos com o mundo do crime em sua cidade, Dublin, na Irlanda. A partir daí ela começa a perceber o cerco se fechando ao seu redor. Como é um drama conceituado, o filme precisava mesmo de um bom elenco. E contando com a excelente Cate Blanchett, tudo ficou perfeitamente recriado na tela. Essa atriz já é considerada uma das melhores de sua geração. E sua filmografia, tirando algumas pequenas derrapadas, é muito boa e relevante. Inclusive ela foi indicada ao Globo de Ouro por sua boa atuação. Em minha opinião deveria ter vencido, não apenas por seu trabalho, que foi realmente excelente, mas também como uma forma de apoio a jornalistas que trabalham ao redor do mundo e são ameaçados como a própria protagonista do filme. A boa mensagem do roteiro chama bastante atenção para justamente isso. Enfim, um filme acima da média, muito indicado a quem gosta de um cinema mais politizado e engajado em causas importantes para a sociedade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Babel

Título no Brasil: Babel
Título Original: Babel
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Alejandro G. Iñárritu
Roteiro: Guillermo Arriaga
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Adriana Barraza, Rinko Kikuchi, Gael García Bernal, Peter Wight,

Sinopse:
Um atentado terrorista atinge a vida de vários turistas estrangeiros no Marrocos, colocando em evidência o caos político e social daquele país. São quatro histórias que se encontram nesse trágico acontecimento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, roteiro, direção, atriz coadjuvante (Adriana Barraza e  Rinko Kikuchi) e edição.

Comentários:
O roteiro segue o estilo mosaico, ou seja, vários personagens com histórias diferentes e independentes são contadas ao longo do filme, para depois todos se encontrarem numa mesma situação limite, criando assim o clímax do filme. O ator Brad Pitt decidiu apoiar o projeto do diretor Alejandro G. Iñárritu, nesse que pode ser considerado seu primeiro grande filme em Hollywood. O resultado ficou interessante, diria regular, mas não excepcional. Roteiros que seguem essa linha podem deixar o enredo tão fluido que pode despertar a falta de interesse no público. O ponto que une todos os personagens é um ônibus cheio de turistas no Marrocos. Um tiro é disparado, pessoas se ferem, o veículo sai da estrada. Dentro há um grupo de pessoas cujas histórias o roteiro vai contar aos poucos. Tive a oportunidade de assistir no cinema e embora seja um bom filme, não me empolgou muito. Concorreu ao Oscar de melhor filme do ano (o que me pareceu um exagero), mas não venceu. Com sete indicações acabou levando uma estatueta por uma categoria dita secundária, melhor trilha sonora incidental, para o maestro Gustavo Santaolalla. Brad Pitt ficou um pouco decepcionado porque foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator. Ele tinha chances de vencer, mas saiu de mãos vazias. De qualquer maneira é um filme que merece ser conhecido e assistido, nem que seja pelo menos uma vez.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de setembro de 2019

Paraíso

Título no Brasil: Paraíso
Título Original: Heaven
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália
Estúdio: Miramax
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Krzysztof Kieslowski
Elenco: Cate Blanchett, Giovanni Ribisi, Remo Girone, Alessandro Sperduti, Alberto Di Stasio, Mauro Marino

Sinopse:
Após a morte do marido, Philippa (Cate Blanchett) decide fazer justiça pelas próprias mãos. Ela coloca um artefato explosivo no escritório do acusado do crime. Isso acaba desencadeando uma série de eventos de proporções inimagináveis para todos os envolvidos.

Comentários:
Quando a justiça falha, as pessoas procuram por vingança travestida de justiça. É esse o tema desse thriller de tribunal praticamente todo filmado na Europa, com locações em cidades italianas e alemãs. O curioso é que por anos a Miramax foi acusada de tentar imitar as nuances do cinema europeu. Então nada mais natural do que se associar a produtores do velho continente para a produção desse filme. O resultado porém fica abaixo do esperado. O roteiro tinha tudo para ser interessante, se concentrando nos aspectos jurídicos do caso principal, mas perde tempo e paciência do espectador ao se render aos mais fajutos clichês do cinema americano. E é um erro grasso porque o elenco é bom e traz uma elegante e sofisticada Cate Blanchett em um bom momento de sua carreira. Só que decidiram dar um tom mais comercial ao filme - com direito a perseguições pelas ruas, etc - que acaba estragando o espetáculo. Mais uma vez subestimaram a inteligência do público.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O Dom da Premonição

Os anos 90 não foram muito bons para o terror. Houve muitos filmes recheados de adolescentes passando por sustinhos na escola. Terror teen mesmo. A maioria deles insuportável. "O Dom da Premonição" foi lançado em 2000, mas filmado em 1999, o último ano daquela década perdida. Aqui pelo menos já notamos uma mudança para melhor nos roteiros. Ao invés das gatinhas dando gritos estridentes, fugindo de assassinos em séries com máscaras, o roteiro procurava ser pelo menos um pouco mais adulto. Afinal a maioria do público não estava mais no banco escolar. Era hora de crescer. Com isso os roteiros voltaram a ser mais bem elaborados, como nos anos 70, onde ai sim tivemos inúmeras obras primas do terror (alguém lembrou de "O Exorcista" por aí? Pois é...)

Assim vamos ao enredo. Annabelle 'Annie' Wilson (Cate Blanchett) é uma jovem viúva com dons sobrenaturais. Ela consegue ver o futuro das pessoas. Para sobreviver começa a realizar sessões de espiritualismo, leitura de cartas e até magia. Praticando o que se costumava conhecer no mundo antigo como necromancia (o nome original do que hoje alguns chamam de espiritismo, adivinhação, etc), ela acaba atraindo também intrigas e inimizades com alguns moradores da cidade onde mora. As coisas ficam ainda piores quando ocorre um assassinato. Poderia ela ajudar a resolver o crime com seus poderes de clarividência? Como se pode perceber esse filme tem uma pegada mais séria, mais terror das antigas. Por isso gostei do resultado. Não é bobinho, nem teen, o que já garante o interesse. Some-se a isso a presença da sempre enigmática e talentosa Cate Blanchett e você entenderá porque o filme se destacou no meio do lamaçal de tolices dos anos 90.

O Dom da Premonição (The Gift, Estados Unidos, 2000) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Billy Bob Thornton, Tom Epperson / Elenco: Cate Blanchett, Katie Holmes, Keanu Reeves / Sinopse: Annabelle 'Annie' Wilson (Cate Blanchett) tem dons de premonição. Ela então passa a colaborar na solução de um mistério, um assassinato brutal acontecido na cidade onde mora, algo que acaba despertando a ira de alguns moradores mais tradicionais. Indicado ao prêmio Film Independent Spirit Awards e a cinco categorias do Saturn Award da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, entre eles o de Melhor Filme de Terror do ano.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O Aviador

Revi esse filme do grande Martin Scorsese. OK, rever pura e simplesmente a versão original seria algo meio óbvio. Assim procurei por essa versão especial, estendida, com quase três horas de duração. Como se sabe muitos diretores precisam fazer cortes para que seus filmes sejam comercialmente viáveis. Depois, mais tarde, eles finalmente fazem seu corte pessoal, acrescentando cenas deletadas, etc. Se você só viu a primeira versão, a original, não precisa se preocupar muito. As mudanças são pontuais. Algumas cenas duram mais, possuem maiores linhas de diálogo, mas é só. A narrativa segue a primeira espinha dorsal que Scorsese criou para seu filme que chegou aos cinemas em 2004. Como sabemos o roteiro conta a história real do bilionário Howard Hughes. Ele foi um dos homens mais ricos do mundo em sua época, mas sofria de diversos transtornos mentais. A riqueza acabou sendo sua ruína, pois sendo poderoso e intocável não se deixava passar por tratamentos psiquiátricos. Em razão disso foi ficando cada vez mais doido com o passar dos anos, criando uma rotina sombria, onde passava o tempo todo trancado dentro de uma sala escura, onde eram exibidos seus velhos filmes (ele também havia sido produtor e diretor em Hollywood). Obcecado por germes e bactérias, não conseguia mais viver como um homem normal, geralmente ficava sem roupas, urinando em garrafas, as mesmas que traziam leite, um dos poucos alimentos que admitia consumir. Não admitia ver mais ninguém e falava com seus subordinados através de uma porta trancada.

O filme obviamente foca nos primeiros anos de Hughes, quando ele era, digamos assim, mais normal. Namorando estrelas do cinema, comprando companhias aéreas e fechando grandes contratos com a força aérea, ele foi ficando cada vez mais rico a cada ano, enquanto a loucura ia também dominando sua mente. No filme já surgem os primeiros sintomas, com a obsessão de lavar as mãos até arrancar sangue, do pavor de tocar em outras pessoas, e da paranoia, representado pelas escutas que mandava instalar nas casas e telefones das mulheres com quem se relacionava. Depois de alguns anos virou um doido varrido e seu nome também virou sinônimo de milionário excêntrico e anormal. Leonardo DiCaprio interpreta o louco, mas não levou o Oscar. A velha maldição que o perseguiu por anos e anos. Quem se saiu melhor foi sua colega de cena, Cate Blanchett. Sinceramente falando não achei grande coisa sua interpretação. Ela interpreta a atriz Katharine Hepburn. Com cabelos naturais loiros (Hepburn tinha cabelos pretos) ela em pouco lembra a famosa estrela. Não merecia ter levado o Oscar. Quem merecia vencer mesmo era o diretor Martin Scorsese. Mestre em contar histórias, ele recriou nos mínimos detalhes os grandes momentos de Hughes. Só faltou mesmo mostrar o fim de sua vida, quando ele se tornou um homem completamente insano, afundado em sua própria loucura sem limites.

O Aviador (The Aviator, Estados Unidos, 2004) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Ian Holm / Sinopse: O filme conta a história do milionário Howard Hughes (DiCaprio). Investidor e construtor de aviões, acabou sucumbindo a uma grave doença mental em seus últimos anos. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Cate Blanchett), Melhor Fotografia (Robert Richardson), Melhor figurino (Sandy Powell) e Melhor Direção de Arte (Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo). 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Mogli: Entre Dois Mundos

Não faz muito tempo assisti ao novo filme de Mogli produzido pela Disney. Uma produção maravilhosa do ponto de vista técnico e artístico. Pois bem, agora temos essa outra versão, produzida pela Warner e lançada pelo Netflix. É basicamente a mesma história, novamente contando as origens de Mogli, até porque ambos os filmes tentaram se aproximar o máximo possível da obra original escrita pelo inglês Rudyard Kipling. Porém é bom frisar que há diferenças básicas entre os dois filmes, sendo que especialistas em literatura afirmam que esse "Mogli: Entre Dois Mundos" é bem mais fiel ao livro do que o anterior da Disney.

Isso fica claro em vários momentos. Há mais violência, mais crueza e em certos aspectos mais realismo. Sim, Mogli consegue falar com os animais, mas não há espaço para músicas e nem sequências musicais. Os animais também surgem menos caricatos, menos na base infantojuvenil. São bestas com marcas da luta pela sobrevivência na selva. Algumas pessoas reclamaram afirmando que esses animais ficaram com expressões estranhas, uma vez que a equipe de computação gráfica tentou mesclar a imagem das feras com os rostos dos dubladores, suas expressões faciais. Em certas partes isso se torna mais claro, porém não chega a comprometer em nada o resultado final.

Isso se deveu, penso, ao fato de que essa nova versão foi dirigida pelo ator Andy Serkis. Ele é um especialista em captura de imagens, atuando com um aparato tecnológico em cima de seu rosto e corpo, para que informações precisas sejam enviadas para o computador. No final de tudo a impressão fica mesmo um pouco fora da realidade, algumas vezes sem vida no olhar dos personagens... um preço a se pagar por uma tecnologia que ainda não chegou ao auge de seu potencial. Mesmo assim, vale a sessão. É uma tentativa de se chegar ao mais próximo possível do universo criado pelo autor... se bem que o livro e suas páginas de papel ainda são o melhor caminho para se encontrar mesmo, de fato, com a ideia do escritor que deu origem a esse menino das selvas. 

Mogli: Entre Dois Mundos (Mowgli, Estados Unidos, Inglaterra, 2018) Direção: Andy Serkis / Roteiro: Callie Kloves, baseado na obra escrita por Rudyard Kipling / Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Naomie Harris, Andy Serkis, Benedict Cumberbatch / Sinopse: Após a morte de seus pais o menino Mogli é adotado por lobos selvagens. Ele precisa sobreviver, além dos perigos naturais da selva, à perseguição do tigre assassino Shere Khan. Filme indicado ao London Critics Circle Film Awards na categoria de Melhor Ator (Christian Bale). 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Thor Ragnarok

Divertido, ultra colorido e pura linguagem de quadrinhos. Assim podemos resumir em poucas palavras essa aventura do Thor no cinema. A Marvel procurando fazer diferente no cinema buscou inspiração exatamente no mundo das revistas do personagem. Sim, é verdade que muitos fãs reclamaram desse filme. Não foram poucos os que o acusaram de ser até mesmo bobo e infantil. Esse tipo de argumento não vai muito longe. O filme é tão divertido como uma revista em quadrinhos dos anos 70, com muitas cores e cenas de ação, principalmente no ringue dos gladiadores, algo que foi trazido de "Planeta Hulk" e que acabou dando muito certo aqui. E a trama? Básica, mas funcional. Nela o deus do trovão Thor (Chris Hemsworth) vai parar em um planeta desconhecido, onde acaba reencontrando o Hulk (Mark Ruffalo) que agora é um lutador de arenas de gladiadores. Thor porém não pode perder tempo pois ele precisa salvar o seu próprio mundo, agora sob perigo de destruição completa.

Assim se você curtiu as HQs, provavelmente vai gostar do que verá na tela. Todos os efeitos especiais são muito bons, o que era mesmo de se esperar de uma produção conjunta entre a Marvel e a Disney. Fora isso temos coadjuvantes impagáveis, como o mestre Anthony Hopkins se divertindo bastante com seu Loki travestido de Odin e Jeff Goldblum, como um mestre de cerimônias transgênero, afetado e engraçado. A crítica gostou do filme por ser despretensioso, com um roteiro que flui muito bem. Nada de exageros e excessos de personagens secundários sem importância, o que acaba deixando qualquer filme pesado e enfadonho. No geral é a mais pura diversão, como deve ser sempre que se adapta esses personagens para o cinema. Do contrário tudo fica muito chato e pretensioso. Stan Lee (que também está no filme, em participação especial, uma das últimas antes de falecer) certamente assinaria embaixo desse roteiro.

Thor Ragnarok (Estados Unidos, 2017) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Eric Pearson, Craig Kyle / Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Jeff Goldblum / Sinopse: Enquanto seu mundo está sob forte ataque de forças poderosas, Thor acaba indo parar em um estranho planeta, onde domina a violência, os jogos e a corrupção.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O Mistério do Relógio na Parede

O filme conta a estória de um garoto que vai morar com o tio depois da morte de seus pais em um acidente de carro. O tal tio, interpretado pelo ator Jack Black, passa longe de ser um sujeito normal, dentro dos padrões. Ele mora numa velha casa, com fama de ser mal assombrada. Afirma que é apenas um mágico, porém o tempo vai revelando sua verdadeira face, pois na verdade ele é um bruxo, tal como se fosse um Harry Potter adulto. Aliás a comparação com o universo de Harry Potter vem bem a calhar pois fica fácil entender desde as primeiras cenas que o filme visa atingir mesmo o público fã de Potter. O problema é que passa longe de ser igual. Apesar do universo de magia e bruxaria estar em todos os lugares daquela velha mansão, o filme não consegue ter o mesmo carisma. Em determinado momento fica óbvio que faltam boas ideias, repetindo clichês cansativos. A produção é de primeira linha, com o melhor em termos de efeitos digitais, design de produção, cenários, carros antigos (o filme se passa nos anos 1950), etc. Só que tudo isso só serve para transformar o filme em algo bonito de se ver em termos puramente estéticos. Em termos de enredo tudo é um tanto vazio e desprovido de interesse. Também faltou maior sutileza ao diretor Eli Roth.

Para o cinéfilo mais veterano sobra o elenco para manter o interesse. Temos aqui a volta de Kyle MacLachlan, ator que teve uma certa popularidade nos anos 80 e 90. Ele andava muito sumido. Esse filme o traz de volta ao mercado do cinema. Cate Blanchett continua com sua conhecida elegância, mesmo em uma personagem até muito secundária, com pequenos toques de humor que nunca foi sua especialidade. Por fim há Jack Black. Conhecido por ser um comediante espalhafatoso, aqui ele está bem mais contido. É aquela espécie de ator do tipo "ame ou deteste". Nesse filme pelo menos poliram um pouco seus conhecidos exageros. Então é isso, um filme feito para os mais jovens, ali na faixa dos 13, 15 anos. Para quem for mais velho tudo vai soar meio chatinho.

O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in Its Walls, Estados Unidos, 2018) Direção: Eli Roth / Roteiro: Eric Kripke / Elenco: Jack Black, Cate Blanchett, Kyle MacLachlan, Owen Vaccaro / Sinopse: Garotinho vai morar com o tio após a morte dos pais. Ele vive numa velha casa, com fama de ser assombrada. Aos poucos o aspecto de magia que vive naquela velha casa vai revelar um outro universo para aquele jovem.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Oito Mulheres e um Segredo

Esse filme foi prejudicado por uma discussão estéril e boboca envolvendo o fato do elenco ser todo formado por mulheres, numa espécie de versão Luluzinha de "Onze Homens e um Segredo". Bobagem, o filme vale por seus próprios méritos. Na história temos a saída de Debbie Ocean (Sandra Bullock) da prisão. Ela cumpriu sua pena e está livre para recomeçar sua vida. No começo somos até convencidos que ela quer uma vida normal e tudo o mais, porém não demora muito para vermos que ela está mesmo interessada em colocar seu plano de um grande assalto em movimento. O alvo são joias milionárias da realeza europeia que estará em exposição em um museu de Nova Iorque. Além disso a equipe formada por Debbie vai focar sua atenção numa joia que vale 150 milhões de dólares que será usada pela estrelinha de cinema boba e afetada Daphne Kluger (interpretada por uma divertida Anne Hathaway). A ideia é trocar a peça no banheiro durante um jantar. Depois sair de lá com ela fragmentada em diversas peças menores.

O plano, claro, sai quase perfeito. Problemas vão surgindo durante sua execução e isso também faz parte da diversão. O roteiro é bem esperto, mas não tanto como no filme original. Ao contrário de "Caça-Fantasmas" que também fez sua versão só com mulheres e foi uma bomba, esse aqui é um bom filme, com tudo nos lugares certos, boa trama, desenvolvimento adequado e um timing impecável durante todo o desenrolar do enredo. Só não é melhor porque o final de certo modo é meio previsível. Quando chegou ao fim a conclusão foi que curti o filme pelo que ele é, não pela polêmica idiota que foi criada em torno de seu lançamento. Vá esperando por uma diversão agradável e não terá maiores surpresas.

Oito Mulheres e um Segredo (Ocean's Eight, Estados Unidos, 2018) Direção: Gary Ross / Roteiro: Gary Ross, Olivia Milch / Elenco: Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Rihanna, Dakota Fanning / Sinopse: Debbie Ocean (Sandra Bullock) forma uma equipe de ladras para roubar joias em exposição em um museu de Nova Iorque. A ideia é seguir um plano onde uma joia de 150 milhões de dólares será trocada por uma peça igual, mas sem valor, feita por um scanner de última geração.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de março de 2018

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres

Eu considero esse o melhor filme da trilogia "O Senhor dos Anéis". Os motivos para isso são muitos. Primeiro de tudo é que aqui já não houve mais a necessidade de se apresentar os diversos personagens da obra de J.R.R. Tolkien, algo que tornou o primeiro filme meio burocrático. Também não se tem a sensação de lenga-lenga, de encheção de linguiça, que vimos no primeiro filme. Se me lembro bem o filme anterior perdia muito tempo para não contar estória nenhuma, fazendo com que tudo se arrastasse em demasia, principalmente nos 45 minutos finais que se tornaram um exercício de paciência digno de um monge tibetano. Aqui não, nada disso acontece. Há um melhor desenvolvimento dos hobbits, ao mesmo tempo em que se mostram as cartas dos vilões, os antagonistas, que acabaram (quase) roubando o filme dos protagonistas, que com seu excesso de bondadismo poderiam colocar tudo a perder.

Outro aspecto digno de nota vem das inúmeras e excelentes cenas de batalha campal. O diretor  Peter Jackson teve receios do filme ficar com cara de videogame, algo que aconteceu bastante em outras produções que exageram na computação gráfica. Em momentos pontuais isso realmente aconteceu, temos que admitir, mas não foi a regra geral. Considero todas as cenas muito bem feitas, o que foi fruto do uso do que havia de melhor no mercado em termos de efeitos digitais de última geração. Grande parte do orçamento de 94 milhões de dólares aliás foi usado justamente para pagar por esses efeitos especiais. Para os padrões atuais o orçamento desse segundo filme nem foi algo fabuloso, de impressionar. Poderíamos dizer que foi apenas mediano, o que não atrapalhou em nada o resultado final. Sucesso de público e crítica, o filme conseguiu até mesmo arrancar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme do ano, o que achei um certo exagero na época. Até porque todas as demais indicações eram apenas técnicas. Não venceu, mas acabou trazendo pela primeira vez um grande prestígio por parte da Academia para esse tipo de produção de fantasia.

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, Estados Unidos, 2002) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Stephen Sinclair e Peter Jackson. baseados na obra imortal de J.R.R. Tolkien  / Elenco: Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Cate Blanchett, Orlando Bloom, Billy Boyd, Christopher Lee, Sean Bean, Andy Serkis / Sinopse: Frodo e seus companheiros continuam na sua jornada para destruir o anel. Durante a viagem descobrem que estão sendo perseguidos por uma estranha criatura obcecada pelo objeto. Ele se apresenta como Gollum, antigo possuidor da joia, alguém corroído pela ganância e pela sede do poder do anel. Enquanto isso Aragorn,  Legolas e Gimli chegam no Reino do Rohan, onde o Rei está amaldiçoado pelo maléfico Saruman. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Edição de Som e Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Thor: Ragnarok

Muita gente reclamou, muitos não gostaram, mas irei contra a opinião predominante. Eu gostei dessa nova aventura do Thor nos cinemas. Na minha forma de ver esse filme resgata o espírito dos primeiros quadrinhos do personagem, os que foram publicados ainda nos anos 60, assinados por Stan Lee e Jack Kirby. Tudo é colorido, movimentado, priorizando a diversão acima de qualquer outra coisa. Exatamente o que se encontrava nas primeiras edições da Marvel. Nada de conceitos mais elaborados ou de filosofia de botequim. Tudo foi planejado e realizado pensando-se principalmente no público mais jovem, nas crianças, exatamente porque a Marvel sabe que o futuro de sua empresa passa pela formação de uma nova geração de leitores. Os mais velhos torceram o nariz? Ora, o filme não foi feito para eles mesmo.

O enredo é bem simples: a filha mais velha de Odin (Anthony Hopkins), chamada Hela (Cate Blanchett), volta para reivindicar o trono do pai. Ela é a Deusa da Morte, o que significa que está disposta a eliminar qualquer ameaça que surja pela frente. A única força capaz de parar suas ambições seria justamente o Deus do Trovão Thor (Chris Hemsworth), mas ele, por sua vez, está tentado resolver seus próprios problemas, pois foi preso em um estranho planeta, feito gladiador para lutar nas arenas, onde acaba enfrentando, vejam só, o Hulk (Mark Ruffalo)! Parece mesmo estranho, até pueril o enredo, mas foi justamente essa a intenção dos roteiristas. É um roteiro que poderia facilmente ter sido escrito por Stan Lee, com ilustrações de Jack Kirby. O traço desse desenhista aliás foi a fonte de inspiração da direção de arte desse filme, com muitas cores e exageros, típicos dos quadrinhos dos anos 60. Por causa dessa referência histórica e artística, o filme se mantém bem até o final, quando finalmente surge no horizonte o tal  Ragnarok, o apocalipse dos deuses! Tudo muito divertido, leve e saboroso! Em nenhum aspecto achei o filme ruim, muito pelo contrário, ele é mais honesto com o verdadeiro Thor original dos quadrinhos do que qualquer outra produção que tenha sido feita com o personagem. Está tudo muito adequado. Assista e se divirta sem culpas. 

Thor: Ragnarok (Estados Unidos, 2017) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Eric Pearson, Craig Kyle, baseados na obra de Stan Lee / Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Jeff Goldblum, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Karl Urban, Tessa Thompson / Sinopse: A primogênita de Odin está de volta. Exilada por milênios nas sombras, a Deusa da morte Hela quer vingança. Sua intenção é assumir o trono do pai em Asgard, mas para que isso aconteça precisará enfrentar os irmãos Thor e Loki.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Desaparecidas

1885. Novo México. Um velho cowboy e pistoleiro chamado Samuel Jones (Tommy Lee Jones) resolve voltar para sua terra natal para reconstruir sua vida pessoal e familiar. Está velho e cansado de viver eternamente cavalgando pelo velho oeste, sem rumo certo a seguir. Há muitos anos ele não vê sua filha Magdalena Gilkeson (Cate Blanchett). O retorno, como era de se esperar, é complicado. Há muitas mágoas no meio do caminho. O que ninguém poderia esperar era o rapto de sua neta por criminosos e bandoleiros, algo que Jones não deixará passar barato. Sua busca por vingança e justiça se tornará praticamente uma obsessão. Bom faroeste moderno valorizado pelas excelentes presenças dos atores Tommy Lee Jones e Cate Blanchett. Que ótima dupla! Tommy Lee Jones parece ter sido moldado para esse tipo de filme. Ele tem uma ótima presença em produções de western, algo que combina perfeitamente com seu estilo de ser mais durão.

Já Cate Blanchett também enche a tela com sua presença. Ela sempre ficou conhecida por suas personagens mais frias e elegantes, mas aqui consegue passar toda a fúria necessária para uma mãe que se viu sem sua filha. Ela vai da frieza para o desespero em questão de segundos. Ótima atuação. O clima em geral desse western é soturno. A fotografia valoriza um visual mais lúgubre, o que acaba se tornando sua principal característica. Os personagens em geral são pessoas com problemas de relacionamento, que não conseguem expressar adequadamente seus sentimentos. Quando se defrontam com uma situação limite acabam explodindo em uma obsessão de violência e fúria. Então é isso. Bom faroeste que merece ser conhecido, principalmente para quem deixou passar em branco.

Desaparecidas (The Missing, Estados Unidos, 2003) Direção: Ron Howard / Roteiro: Thomas Eidson, Ken Kaufman / Estúdio: Revolution Studios, Imagine Entertainment / Elenco: Tommy Lee Jones, Cate Blanchett, Evan Rachel Wood / Sinopse: Velho cowboy e sua filha vão atrás dos bandidos que sequestraram a pequena neta. A vingança será sem misericórdia ou perdão. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival. Também indicado ao AARP Movies for Grownups Awards na categoria de Melhor Ator (Tommy Lee Jones).

Pablo Aluísio. 

domingo, 4 de junho de 2017

Cavaleiro de Copas

Em relação aos filmes do diretor Terrence Malick não existe meio termo, ou se gosta muito ou se odeia. Esse cineasta tem um estilo próprio, com seu estilo peculiar de se contar uma história. Praticamente não há diálogos, tudo é levado ao espectador por meio de sensações, momentos, lembranças. O enredo vai assim desfilando na tela sob um ponto de vista bem subjetivo, do próprio protagonista, que está passando por uma crise existencial, com nuances de comportamento depressivo. Aqui o personagem principal atende pelo nome de Rick (Christian Bale). Nunca fica muito claro que tipo de trabalho ele tem nos estúdios de Hollywood (pode ser um ator, um roteirista, etc), só se sabe que ele vive em um mundo de riqueza e celebridades, frequentando suas festas, saindo com mulheres bonitas, etc. O relacionamento dele com elas ocupa grande parte do filme. A maioria sequer tem nome, ficando mais ou menos claro a importância que elas tiveram em sua vida.

E há uma variedade delas. Desde a stripper que ele conhece em um bar, passando por uma elegante e charmosa médica (interpretada por Cate Blanchett), indo até uma mulher que ele chega a pensar ser o verdadeiro amor que ele há muito vinha esperando (aqui em presença carismática de Natalie Portman, que só tem algumas poucas linhas de diálogo em cena). Bale por sua vez passa o filme todo de forma bem passiva, olhar perdido, com as mãos no bolso, como se olhasse para a vida sem se importar muito com o que acontece ao seu redor. Como se trata de uma quase obsessão de Terrence Malick, seu personagem principal também tem problemas de relacionamento com o pai, um sujeito abusivo e verbalmente violento, sempre passando lições de moral aos filhos.  Uma pessoa insuportável, mesmo na velhice.

Não vá esperando por um enredo linear e nem por uma linguagem convencional. Tudo é diferente, como convém aos filmes assinados por Terrence Malick. Ela vai construindo seu filme não através de diálogos, mas sim de imagens. Algumas fazem sentido, outras não. É um tipo de cinema, que como escrevi, vai mais pela vertente sensorial, de suas emoções. Muitos gostam de seu estilo (me incluo nesse grupo), mas não condeno quem acha tudo uma grande chatice sem fim. Vai pela opinião e gosto de cada um. Por outro lado, caso você goste do cinema de Terrence Malick não deixe de conferir, embora esse não possa ser considerado um de seus melhores trabalhos no cinema.

Cavaleiro de Copas (Knight of Cups, Estados Unidos, 2015) Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Brian Dennehy, Antonio Banderas, Ben Kingsley, Ryan O'Neal / Sinopse: Em plena crise existencial e com sintomas depressivos, Rick (Bale) não parece mais se importar com o que acontece em sua vida. Imerso em lembranças envolvendo seu pai e as mulheres de sua vida, ele vai vivendo um dia de cada vez, sem muita empolgação por sua própria vida. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.