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domingo, 3 de novembro de 2024

Imperador Romano Caracala

Imperador Romano Caracala
Era o segundo filho do imperador Sétimo Severo. O irmão mais velho, Geta, era o preferido do pai. Antes de morrer o velho imperador determinou que o império seria dividido entre seus dois filhos. As legiões gostavam de Geta, que era um belo jovem, muito atlético, alto e com uma personalidade que agradava aos soldados. Era parecido com o próprio pai e era visto como um jovem educado e cortês. Caracala, por outro lado, era baixo, feio e cheio de ressentimentos. Mal seu  pai faleceu e ele começou os planos para matar o próprio irmão Geta. Acabou sendo bem sucedido. Mandou assassinos para o quarto dele e quando esse foi esfaqueado caiu na frente de sua mãe Júlia. Foi um trauma que ela nunca mais superou. 

Assim Bassiano (seu nome real) subiu ao trono com o título de Caracala, um nome inspirado no manto púrpuro que carregava em seu treja imperial. Esse seria um dos piores imperadores da história de Roma. Caracala era ressentido, cheio de ódio e perversidade. Assim que se tornou imperador começou uma política de perseguição e assassinato contra todos os seus inimigos, fossem eles reais ou imaginários. Uma de suas vítimas foi o grande jurista Papiniano, um dos maiores nomes da história do Direito Romano. Ele se recusou a defender a morte de Geta. Acabou sendo assassinado com requintes de crueldade por assassinos contratados pelo imperador. No total, estimam os historiadores, Caracala mandou executar mais de 20 mil pessoas, entre juristas, poetas, escritores, militares, senadores e pessoas do povo em geral. 

Era um assassino de massas, mas Caracala, que tinha péssima popularidade entre o povo romano, se via como o novo Alexandre, o Grande. O povo ria dessa comparação. Dizia-se nos becos da grande cidade que ele não conseguia passar de uma "imitação barata perto do verdadeiro Alexandre". A simples difusão desse tipo de ofensa era punida com morte pelo Imperador. Ele odiava em especial aqueles que o ridicularizavam. Grafites nos muros da cidade eterna porém o desafiavam. Seus opositores escreviam coisas cmo "Geta é o verdadeiro imperador" e "Feioso Caracala, assassino do irmão!". 

Enfurecido, Caracala decidiu viajar pelas províncias, deixando Roma para trás. Nunca mais retornou para a capital do império. E continuou sendo odiado por onde chegava. Ao chegar em Alexandria, a famosa cidade fundada pelo próprio Alexandre, o Grande, pensou que seria recebido como o próprio Alexandre, só que o povo o ignorou completamente. Diziam aos risos: "É esse o tal que ousa se comparar com o grande Alexandre Magno?"

Enfurecido, promoveu um massacre entre o povo de Alexandria. Foi seu último erro. Uma grande rebelião explodiu na grande cidade e Caracala se viu cercado por inimigos por todos os lados. Acabou sendo morto por um legionário de sua própria tropa. Tal como o irmão, foi morto com um punhal! Depois seu corpo foi jogado em um matagal próximo. A própria mãe dele, Júlia, respirou aliviada. Caracala, cada vez mais paranoico e violento, dizia que iria matar sua mãe ao retornar para Roma. Felizmente para o povo, isso nunca iria acontecer. 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Sétimo Severo

Imperador Romano Sétimo Severo
Dois séculos depois da morte de Cristo, o Império Romano continuava sua longa jornada de decadência social, moral e política. O cargo de Imperador era descaradamente vendido pelos guardas pretorianos. Quem pagasse mais, levava o Império. Assim subiram ao poder homens ricos, mas inescrupulosos, corruptos que desejavam apenas saquear os tesouros imperiais. A situação ficou tão absurda e afrontosa que muitos governadores de provinciais se revoltaram contra essa situação. 

Entre esses governadores estava Sétimo Severo. Ele reuniu uma grande legião e marchou em direção a Roma. Após uma guerra civil bem sangrenta finalmente recebeu o apoio político e militar dos demais governadores e se tornou o novo Imperador de Roma, prometendo colocar ordem na anarquia e no caos, varrendo da cidade eterna os políticos corruptos e os militares sem honra. 

Seu primeiro ato como Imperador foi acabar com a guarda Pretoriana. Criada por Augusto, essa ordem militar se tornou um elemento nocivo para o Império. Seus membros estavam vendendo cargos públicos em troca de dinheiro e propriedades. Eles também foram responsáveis pela morte de vários imperadores no passado. Então era mesmo um elemento a ser destruído dentro do império. Vários guardas pretorianos foram presos por seus crimes e outros fugiram para não caírem presos também. 

Outra investida de Sétimo Severo foi o Senado. Havia um grupo de senadores corruptos. Doze deles em especial foram presos e condenados à morte. Depois disso o novo imperador nomeou homens de sua confiança ao Senado e entregou as forças do império para militares honrados e honestos que tinham demonstrado seu valor no campo de batalha. 

Com os políticos certos no Senado e com o controle do poderio militar, finalmente o Imperador conseguiu governar em paz. E fez um bom governo a ponto de ter grande popularidade entre o povo romano. Na política externa enfrentou uma grave rebelião de um império vizinho que dominava a região da Mesopotâmia. Sagrou-se vencedor nessa guerra e construiu um arco de triunfo em celebração a essa grande vitória. O Imperador Sétimo Severo viveu até a idade de 65 anos e morreu de gota. Não foi assassinado como havia acontecido com muitos outros Imperadores do passado. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 27 de outubro de 2024

Imperador Romano Commodus

Imperador Romano Commodus
Cômodo (do latim Commodus) era o filho do bom imperador Marco Aurélio. Dessa maneira ele sempre teve do bom e do melhor desde criança. Cresceu no luxo e na riqueza. Era o herdeiro ao maior império do mundo. Talvez por essa razão também criou todos os vícios que se possa imaginar desde muito jovem. Não gostava de estudar, de trabalhar e nem se interessava pelo Império como um todo. Queria apenas desfrutar de sua riqueza e da influência e poder do pai imperador. 

Quando Marco Aurélio morreu todos em Roma ficaram receosos. Commodus não era o homem certo para assumir o maior império do mundo. Ele era considerado um tolo, um frívolo e em muitos aspectos um imbecil. Também tinha uma personalidade muito tóxica e vil. Não tinha nenhum grande valor pessoal. Era egoísta, mesquinho e não via nenhum problema em matar as pessoas que ficavam em seu caminho. E os erros começaram logo cedo em seu governo. Logo de começo decidiu retirar as tropas romanas das fronteiras da Germânia. Ele não queria morrer naquela fronteira como havia acontecido com seu pai. 

Foi um grande erro pois com a saída das legiões romanas o Império ficou sem defesa em suas fronteiras. Não demorou muito e multidões de povos bárbaros começaram a invadir vilas romanas por todo o império. O caos havia se instalado e dessa vez esses povos indefesos não contavam mais com a proteção militar de Roma. Muitos massacres foram promovidos, milhares morreram nas mãos dos Germânicos, Vândalos e Visigodos, entre outros grupos de menor expressão. 

Enquanto seu povo era massacrado pelos bárbaros, Commodus passava o dia treinando com gladiadores pois ele era louco pelos violentos jogos de arena em Roma. Negligenciou a administração imperial e jogou tudo nas mãos de pessoas que se diziam suas amigas. O problema é que eles eram parasitas, corruptos e ex-escravos que não tinham nenhuma afeição ou elo de ligação com a nação romana. Eles apenas queriam a riqueza dos cofres públicos e nada mais. 

Com tantos roubos, o povo romano começou a passar fome, mas o imperador ignorou tudo. Mandou executar seus inimigos e acabou sendo alvo de uma grande conspiração que planejava sua morte. Inicialmente envenenaram sua comida, mas Commodus sobreviveu. Depois compraram um lutador conhecido como Narciso de que o imperador gostava muito e que gozava de sua intimidade, a ponto de frequentar seus aposentos privados. Durante o banho do imperador esse lutador o imobilizou e terminou por estrangulá-lo. Era o ano de 192 e o imperador foi assassinado com apenas 31 anos de idade. Sua morte significou o fim de sua dinastia, conhecida como Nerva-Antonina. No cinema esse imperador acabaria imortalizado no grande sucesso "Gladiador". 

Pablo Aluísio. 

domingo, 6 de outubro de 2024

Imperador Romano Marco Aurélio

Imperador Romano Marco Aurélio
Ele foi considerado pelos historiadores como um dos melhores imperadores romanos de sua era. E também era considerado um homem sábio, um filósofo, fundador de uma escola de filosofia que iria ser conhecida nos séculos que viriam como Estoicismo. E de estoico realmente tinha muito. Ele passou quase toda a sua vida de imperador nos campos de batalha, principalmente na sangrenta e violenta fronteira da Germânia, onde existiam povos bárbaros que jamais iriam se render ao poder de Roma. 

Vivendo entre seus soldados, enfrentando as durezas daquela guerra que parecia não ter mais fim, Marco Aurélio acabou escrevendo seus pensamentos e esses textos sobreviveram ao passar dos séculos, dando origem a grupos de estudo de seu estoicismo. Neles, Marco Aurélio pregava o auto controle de cada pessoa diante das inúmeras adversidades da vida, dos revezes, das derrotas. Nunca capitular, sempre levantar a cabeça e partir para a próxima batalha. Aguentar firme e com coragem os desafios impostos pela vida. 

Ele foi considerado um dos imperadores mais simples e leais da história romana. Comia a mesma comida dos legionários, ficava ao lado deles, muitas vezes dormindo no meio da lama. Era adorado por seus soldados por causa dessas atitudes. Infelizmente apenas ele era um homem estoico em sua família. E ele teve muitos problemas familiares, principalmente em relação ao seu filho e sua esposa. 

O filho, herdeiro do trono, chamado de Comodus, era um homem frívolo e muito irresponsável. Queria passar seus dias em bebedeiras e casas de prostituição. Seu sonho não era ser imperador, mas sim gladiador, por isso passava semanas dentro dos campos de luta de gladiadores. Para os romanos, aquilo era um grande escândalo. Os gladiadores em sua grande maioria eram escravos. Um herdeiro ao trono de Roma estar no meio daquela gente era considerado uma grande desonra para a família de Marco Aurélio. 

O pior aconteceu com a imperatriz, esposa de Marco Aurélio. Enquanto o marido vivia longe de Roma em operações militares, ela se tornou amante de um general romano. E quando correu um boato em Roma de que o Imperador havia sido morto na Germânia, ela tentou dar um golpe de Estado, colocando seu amante como o novo imperador. Marcou Aurélio não teve outra alternativa. Voltou para Roma, derrotou os golpistas e teve que executar a própria mulher. Foi um capítulo de sua vida que ele lamentaria até o fim de seus dias. 

Pablo Aluísio. 

Jesus e o Império Romano

Jesus e o Império Romano
Interessante tecer algumas linhas sobre esse título de "Filho de Deus". O que realmente ele significa? Para milhões de cristãos ao redor do mundo não resta dúvidas de que esse título dado a Jesus significaria que ele era exatamente isso, o filho de Deus, enviado para o mundo para morrer pelos pecados do homem. Esse fato demonstraria todo o amor que Deus sente por cada um de nós. Algo poético e muito bonito até, uma construção feita principalmente pela teologia. 

Entretanto os historiadores discordam desse ponto de vista. Filho de Deus era o título dado aos reis na antiguidade. Assim Jesus seria filho de Deus porque no final das contas ele seria o Rei dos Judeus. E isso nada tinha a ver com religião, mas sim com política. Jesus iria expulsar os romanos da Judéia e iria reinar como Rei dos Judeus. Ele, nesse aspecto, seria um revolucionário, não um homem espiritual. 

Por essa razão foi morto pelos romanos e pelas autoridades judias de seu tempo. Um camponês como Jesus jamais seria aceito como rei daquelas pessoas que em última análise estavam escravizando e explorando o povo judeu no século I. Por essa razão quando as autoridades romanas souberam que um pregador popular, um milagreiro, também estava sendo chamado de "Filho de Deus", um título exclusivo para os reis, eles selaram o destino daquele homem chamado Jesus. 

O curioso é que muitas vezes Jesus também se chamava de "Filho do Homem". Essa expressão significa "Homem comum", "Pessoa comum". Basta ler a palavra original em Aramaico, a língua que Jesus falava em sua existência. Filho do Homem era diferente de Filho de Deus. Esse último era o monarca, o Rei. Era algo que as autoridades romanas não iriam aceitar de jeito nenhum. Ao usar esse título Jesus estava desafiando o poder não apenas do Império Romano, mas também das autoridades de Jerusalém. 

E o título de Messias era ainda mais perigoso. O Messias era aquele que iria libertar o povo judeu das garras da dominação romana. Nada mais do que isso. Uma vez expulso o romano invasor ele subiria ao trono, se tornaria Rei dos Judeus, o Filho de Deus, assim escolhido para reinar durante sua vida. Nada de cordeiro de Deus, nada de título espiritual, apenas um homem que iria restaurar a independência do povo judeu. Por essa razão Jesus seria executado pelo governador romano Pilatos. Ele era considerado um Lestat, um criminoso de Estado que planejava um Golpe no Império. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 1 de setembro de 2024

Imperador Romano Décio

Imperador Romano Décio
Em junho do ano 251 uma notícia abalou o Império Romano. O imperador Caio Méssio Quinto Trajano Décio havia sido morto no campo de batalha! Ele foi atravessado por uma espada bárbara enquanto lutava contra os Godos em uma província distante. Era a primeira vez na história que um imperador romano era morto dessa maneira, lutando contra invasores Godos que tinham cruzado as fronteiras do Império, causando morte e destruição por onde passavam. Seu filho mais velho, Felipe, também havia sido morto alguns dias antes. Mesmo com a morte daquele que seria o herdeiro do trono, o Imperador não se abalou e continuou na luta, até ser ele mesmo morto em combate. No dia em que morreu, o Imperador e seus legionários foram surpreendidos ao descobrirem que o exército inimigo contava com mais de 100 mil homens, enquanto as legiões romanas tinham em suas fileiras apenas 70 mil para o combate! 

Esse fato demonstrava bem que Roma já não conseguia mais parar as invasões de povos vindos do norte da Europa, povos esses que os romanos chamavam de bárbaros, pois não falavam nenhuma língua clássica (latim ou grego) e tampouco tinham os costumes e a cultura do povo romano. Foi um choque saber que a legião comandada pelo Imperador havia sido derrotada e dizimada. Isso mostrava acima de tudo que o Império estava sem forças militares para deter esses povos que viviam além da fronteira romana. 

O Imperador Décio decidiu seguir com suas legiões para deter os Godos após pedidos de socorro alarmantes chegarem em Roma. Várias cidades e vilas romanas tinham sido saqueadas e brutalizadas por esses bárbaros. Os Godos eram saqueadores. Eles entravam dentro do Império Romano para invadir suas cidades para roubar, matar e escravizar. Não tinham a intenção de viver dentro do Império, mas apenas em saquear essas regiões. Por essa razão era complicado combater esses bárbaros que viviam em movimento, sem parar em lugar nenhum. Após saquear uma região iam para outra, para promover novos saques e crimes diversos. 

Por esses tempos o Império passava por várias crises. Há anos os romanos combatiam os Germanos em terras distantes. Já havia perdido grande parte de seu território contra povos bárbaros que viviam na Britânia (atualmente Reino Unido), na Hispânia (atual Espanha) e na Gália (atual França). Até mesmo em províncias distantes, como no Norte da África e na Judéia explodiam rebeliões cada vez mais violentas e duradouras. Parecia haver guerras por todos os lados e o exército romano já não dava mais conta de tantas invasões e conflitos. A morte do Imperador Décio só aprofundou ainda mais essa crise que parecia não ter mais fim dentro do maior império que a humanidade já havia visto em sua história. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 11 de agosto de 2024

Pilatos

Pilatos
Pilatos teria desaparecido da história se nao tivesse sido citado nos textos do Novo Testamento. O máximo de sua carreira política em Roma se deu justamente quando se tornou governador da Judéia e isso definitivamente não era um prêmio para nenhum homem público de Roma. Na realidade era praticamente uma punição. A Judéia era considerada uma província problemática pelos romanos. Situada geograficamente muito longe da capital do império, era vista pelos romanos como uma região de desertos, com povo rebelde, fanático por suas convicções religiosas e por essa razão complicado de dominar. 

Além disso Pilatos nunca se deu bem com o Imperador Tibério. Pilatos era da chamada baixa nobreza romana. Para essa classe de famílias realmente não haveria nada de muito promissor para eles em termos políticos. Ao que tudo indica Tibério o nomeou como governador da Judéia praticamente como uma punição. E definitivamente Pilatos não ficou nada feliz com essa indicação. Ainda assim foi para a Judéia onde se envolveu em inúmeros problemas. 

Logo ao chegar Pilatos mandou pintar a imagem de uma divindade romana nos escudos dos legionários. Isso foi visto pelos judeus como uma provocação pois eles não admitiam imagens de divindades pagãs. O velho problema do fanatismo religioso surgia novamente naquela província distante. Logo estourou uma violenta rebelião que Pilatos esmagou com mão de ferro. Centenas de revoltosos foram executados, das mais diferentes formas, sendo que os líderes foram pendurados em cruzes. Uma mensagem do império para todos os que desejavam seguir pelo mesmo caminho da revolta contra o poder de Roma. 

Pilatos era visto pelo povo como um homem cruel e sanguinário, por essa razão historiadores não acreditam naquela imagem dele que surge dos evangelhos. Ali ele foi retratado como um homem que lavou as mãos em relação à morte de Yeshua (o nome verdadeiro de Jesus). Para historiadores isso seria pura ficção. Pilatos não teria nenhum pudor de mandar Jesus para a cruz, uma vez que ele havia se envolvido numa confusão no templo em plena Páscoa judaica. E o fato de seus seguidores o chamarem de Messias definitivamente não ajudou em nada. O termo Messias era usado para designar os judeus que iriam expulsar o invasor romano de suas terras. Inclusive os historiadores duvidam muito que Pilatos tenha julgado Jesus ou algo do tipo. Jesus era um camponês e Pilatos nem sequer teria perdido tempo ao mandar executá-lo. Ele foi considerado um terrorista político por Roma e por essa razão foi morto na cruz, tal como aconteceu com centenas de outros homens de sua época. 

O que parece ter acontecido é que os escritores do novo testamento, que eram escribas gregos que viviam no Império Romano, tiveram receios de colocar uma péssima imagem de uma autoridade romana em seus escritos. Afinal eles também poderiam ser mortos por isso. Então criaram um Pilatos cheio de compaixão, lavando as mãos sobre a morte daquele judeu.  Nessa caso o medo deles falseou a realidade histórica, algo que muitas vezes aconteceu ao longo da história. 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Justiniano

Imperador Romano Justiniano
Quem cursou Direito certamente ouviu falar muito desse Imperador do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino. Justiniano foi um nome muito importante na história do Direito Romano. Foi ele que mandou formar uma comissão de juristas para catalogar e reunir em apenas um Codex (Código) todas as leis que estavam circulando dentro do Império. Havia uma infinidade de leis esparsas, das mais diferentes épocas de Roma e ninguém sabia ao certo quais ainda estavam em vigor e quais tinham sido revogadas. Diante dessa bagunça e insegurança jurídica, Justiniano criou o primeiro código de leis escritas da história, o que iria dar origem uma nova modalidade de documento jurídico que iria ser seguido pelos séculos seguintes pelos mais diferentes povos do planeta. 

Essa código pioneiro ficou conhecido como Corpus Juris Civilis. E foi considerado o primeiro Código Civil da história, muito embora também trouxesse leis de direito público, inclusive de administração imperial. Mas Justiniano não parou por aí. Ele também mandou organizar os inúmeros decretos imperiais que existiam por todo o vasto território romano. Isso daria origem a uma Constituição Imperial, a primeira que se tem notícia. Muitos gostam de dizer que a Constituição dos Estados Unidos foi a primeira constituição da história, mas esse é um erro. Antes dela existiu a Constituição Imperial de Justiniano. Foi um marco e também acabou se tornando um de seus maiores legados históricos. 

E Justiniano não resumiu sua importância histórica ao campo das leis. Ele também foi o último imperador romano a reunificar os dois lados do Império, formado pelo Império Romano do Ocidente (com capital em Roma) e o Império Romano do Oriente (com capital em Constantinopla). Era um velho sonho do imperador e ele conseguiu esse feito. Infelizmente a unificação não sobreviveu muitos anos após sua morte. O Império Romano do Ocidente estava sendo constantemente invadido por diversos povos bárbaros e não havia exército no mundo que conseguiria deter esses avanços. Não tardou muito e Roma voltou a cair após a morte de Justiniano. Já o Império Romano do Oriente teria existência muito mais longa, só caindo mesmo no século XV, com a invasão do Império Otomano.

Curiosamente na vida privada Justiniano enfrentou diversos problemas. Ele se apaixonou perdidamente por uma artista de circo chamada Teodora. Isso era um escândalo na época porque segundo a tradição o Imperador deveria se casar com alguma mulher nobre, das famílias mais tradicionais. Só que Justiniano era um daqueles homens românticos sem salvação. Ele pagou o preço e fez dessa mulher artista sua imperatriz. Também demonstrava ser controlado por ela, o que chocava a alta nobreza bizantina. De qualquer maneira o Imperador lhe foi fiel até sua morte. Esse entretanto foi apenas um capítulo menor de sua vida, uma vez que seu maior legado mesmo foi no mundo do Direito. Nesse campo ele realmente foi um dos nomes mais importantes da história romana. 

Pabllo Aluísio. 

domingo, 14 de julho de 2024

Imperador Romano Constantino

Imperador Romano Constantino
Constantino sempre será lembrado pela História por ter sido o imperador romano que trouxe liberdade religiosa aos cristãos. Mais do que isso, ele próprio se tornou o primeiro imperador romano cristão da História. E isso é bem curioso, porque Constantino foi criado dentro da corte do Imperador Diocleciano, um dos mais implacáveis e notórios perseguidores de cristãos de todos os tempos. Um verdadeiro genocida assassino. Ao que tudo indica Constantino não seguiu seus passos. Ao contrário disso herdou o temperamento mais moderado de seu pai, o governador Constâncio, que nunca perseguiu o cristianismo nas províncias em que comandava. 

O pai de Constantino era um homem bem racional. Tanto que simplesmente ignorava os decretos de Diocleciano que mandavam identificar, prender e matar todos os cristãos. Na época Constâncio era governador de vastas terras que iam desde a Britânia (atual Inglaterra), passando pela Hispânia (Espanha) e Gália (atual França). Nessas regiões os cristãos exerciam sua fé e seus cultos sem medo de violência por parte do Estado Romano. 

Quando seu pai morreu e Diocleciano faleceu, muito provavelmente envenenado, Constantino começou a lutar pelo poder imperial. Nessa fase o Império Romano estava muito fragmentado. Unir o Império sob um mesmo Imperador era de fato um desafio. Afirma a lenda que antes de uma das mais importantes batalhas contra esses demais usurpadores do poder, Constantino teve uma visão. Um símbolo cristão surgiu entre as nuvens e ele ouviu a frase "Com esse símbolo vencerás". Foi o que fez Constantino. Mandou pintar o símbolo cristão nos escudos dos legionários e assim se tornou vitorioso no campo de batalha. 

Depois de muitas lutas e guerras, Constantino finalmente se tornou o único Imperador do Império Romano. Ele reunificou novamente esse grande centro de poder. Mandou construir uma grande cidade chamada Constantinopla, em honra e glória às suas conquistas. Uma cidade planejada, feita para ser a nova capital do Império. Séculos depois iria mesmo se tornar a capital do Império Romano do Oriente, mais conhecido como Império Bizantino. 

Em Roma porém o Imperador, senhor do mundo, enfrentava problemas no seio de sua própria família. Intrigas palacianas colocaram de um lado sua esposa Fausta, sua mãe Helena e seu filho Crispo, o herdeiro da Roma Imperial. No final de todas as brigas sua família estava destroçada. O amado Crispo estava morto, assim como sua esposa. Constantino havia mandado matar os dois. Jamais iria se perdoar dessas mortes. 

O peso de sua consciência foi grande. Constantino iria passar o resto de sua vida pedindo perdão ao novo Deus cristão, chamado Jesus Cristo. Para purgar o que aconteceu passou a construir inúmeras igrejas pelo império, inclusive a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém e a primeira Basílica de São Pedro, que passaria a ser a nova sede da Igreja Católica. O local escolhido pelo Imperador foi o Monte Vaticano, onde Pedro havia sido crucificado de cabeça para baixo. Ali também existia um cemitério onde eram sepultados os inimigos do império, grande parte deles cristãos.  O Imperador também colocou toda a estrutura de Roma em favor dos seguidores dessa nova religião que começava a se alastrar por todo o Império. 

No final da vida, já velho e doente, Constantino resolveu se batizar. Foi o ato final para uma pessoa que agora abraçava publicamente a nova fé cristã. Até aquele momento Constantino havia evitado ser batizado, pois havia muitos interesses políticos e religiosos em jogo na Cidade Eterna Roma. De uma maneira ou outra ao sair das águas do Rio Tibre ele era agora oficialmente um cristão romano! Ele morreu em 337, pedindo fervorosamente perdão a Deus por os seus pecados em vida. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 23 de junho de 2024

A Ascensão de Hitler ao Poder

A Ascensão de Hitler ao Poder
A maior tragédia da Alemanha foi que sua democracia não conseguiu parar extremistas fascistas como Adolf Hitler. Pior do que isso, suas próprias instituições democráticas o elevaram ao poder. E houve também muitos erros por parte daqueles políticos que realmente detinham o poder na República de Weimar, que era um regime político realmente democrático, um Estado Democrático de Direito de fato. Paul von Hindenburg era o presidente da Alemanha democrática naquele período. Estava velho e cansado. Ele definitivamente não via Hitler com bons olhos. Na realidade não gostava dele em nenhum aspecto. 

Porém os resultados das eleições do ano anterior havia dado muitas cadeiras no parlamento para o Partido Nazista. Enfraqueceram nesse processo os demais partidos importantes da época, como o Socialdemocrata e o Partido Socialista Alemão. E aí residiu todo o problema. O presidente precisava nomear um novo chanceler e isso deveria ser feito de acordo com a bancada partidária no parlamento. Como o Partido Nazista agora tinha muita representação, Hitler era o nome mais cotado para ser o novo chanceler. E assim, muito pouco feliz com a decisão, Hindenburg nomeou Hitler como chanceler. Foi um erro que custaria muito caro ao povo alemão e ao mundo em geral. 

Hitler odiava a democracia e o Estado Democrático de Direito. Ele só queria mesmo uma oportunidade como aquela para tomar todo o poder para em suas mãos. Não demorou muito e começou a tomar medidas de puro autoritarismo. Suas tropas SA começaram a espancar judeus e outras minorias. E tudo piorou quando Hindenburg morreu. A partir daí não haveria mais ninguém para deter Hitler. Ele tornou todos os partidos da Alemanha ilegais, menos o Partido Nazista. Passou a matar e perseguir os políticos de outros partidos, que tinham formado sua oposição. Professores em universidades, que tinham alertado sobre o perigo dos nazistas no poder, também foram perseguidos, presos e mortos. Hitler nem pensou duas vezes em rasgar a boa constituição alemã. 

Assim a insanidade nazista se alastrou na sociedade. Através de propaganda política massiva, Hitler passou a controlar todos os meios de imprensa. Matou jornalistas e mandou queimar e destruir as sedes dos principais jornais do país. As rádios e o cinema também passaram por forte censura. A partir daquele momento só haveria uma opinião oficial e aceita na Alemanha, a dos próprios Nazistas. Eles escolheram os judeus, os comunistas, os sociais democratas e os liberais como os grandes inimigos do povo alemão. Minorias também deveriam ser eliminados do solo alemão como homossexuais, ciganos, eslavos, negros, doentes mentais e qualquer pessoas que não fosse um ariano, o tipo de ser humano perfeito, alto e loiro, o único admitido dentro do país como pessoas detentoras de direitos civis. Todos os demais deveriam ser executados. Hitler mandou construir o primeiro campo de concentração da Alemanha justamente para prender todos esses seus inimigos políticos. 

Depois disso houve o estranho e nunca devidamente solucionado caso do incêndio do parlamento alemão, o Reichstag. As chamas destruíram em uma noite o prédio, a sede do congresso alemão. Era o sinal mais claro de que Hitler estava destruindo de vez a democracia na Alemanha. Depois daquela noite ele tomou todos os poderes da República em suas mãos. Não haveria mais legislativo e nem poder judiciário independentes. Juízes e advogados que eram contra a ideologia nazista foram mortos. A única vontade que existia era a dele, a do líder supremo, do Fuhrer, como passou a se chamar. Hitler afirmou em discurso que aquele era o Terceiro Reich do Império Alemão que iria durar mil anos! Ele havia se tornado o ditador máximo da Alemanha. A catástrofe e a tragédia estavam prestes a começar por toda a Europa com toda a fúria que a ideologia nazista havia planejado. 

Pablo Aluísio. 

II Guerra Mundial - Tropas SS

Durante a II Guerra Mundial poucas tropas causaram tanto terror e medo como as famigeradas SS. Os soldados que fizeram parte de suas fileiras despertavam medo e repulsa até mesmo dos demais membros do exército alemão. Para muitos oficiais os membros da SS não passavam de fanáticos nazistas, que tinham passado por uma verdadeira lavagem cerebral com o pior que o partido Nazista tinha a oferecer. A SS era conhecida como a "elite racial" do futuro nazista. 

Cabia aos seus membros a segurança da ideologia nazista, a identificação de etnias danosas aos arianos alemães, a liquidação dessas populações e a coleta de inteligência e análise desses grupos. Como estavam profundamente envolvidos na política da solução zero - com a eliminação de judeus e demais etnias inferiores, segundo a visão dos nazistas - a SS teve papel fundamental dentro dos campos de concentração do Reich. A SS foi assim personagem central dentro do holocausto que se seguiu.

O comando da SS estava nas mãos de Heinrich Himmler, braço direito de Hitler. O curioso é que Himmler logo pensou em transformar os membros da SS em um estado dentro do próprio estado alemão. Eles tinham seu próprio código de ética, seus próprios lemas e realizavam rituais singulares dentro do QG da tropa em um castelo que Himmler logo transformou em santuário. Os membros da SS zelavam pela pureza racial e pela profunda lealdade ao seu líder máximo, Hitler. Isso lhes deu uma fama de fanáticos e homens determinados a realizar qualquer missão, independente de sua finalidade. Tais homens com esse tipo de pensamento se tornaram máquinas eficientes de matar, realizando missões que para os demais membros das forças armadas da Alemanha eram eticamente desprezíveis como matar crianças, mulheres, velhos e pessoas indefesas.

O lema máximo das tropas SS era: "Minha honra é a lealdade". Eles usavam fardamento distinto dos demais membros das armas alemãs e tinham uma caveira como insígnia de reconhecimento. Com o fim da guerra a e derrota nazista muitos de seus membros fugiram, tentaram cruzar o oceano em direção à América do Sul, pois muitos deles cometeram terríveis crimes de guerra. Hoje em dia a SS é vista como um exemplo perfeito de como a ideologia política e partidária pode prejudicar completamente os objetivos de uma força militar, por mais bem treinada que seja. Quando a ideologia do partido se sobrepõe aos interesses de uma nação os mais altos valores de um exército se perdem completamente. Além disso os membros da SS se tornaram infames na história pelos horríveis crimes contra a humanidade que cometeram. Muitos foram condenados à morte após o fim da guerra, em julgamentos que tentaram pelo menos trazer justiça às vítimas desses psicopatas fardados. Infelizmente milhões morreram sob sua guarda em um momento terrível da II Guerra Mundial, o Holocausto, algo que jamais poderá se repetir pela brutalidade que foi cometida contra pessoas indefesas e inocentes.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de junho de 2024

O Faraó do Êxodo?

O Faraó do Êxodo?
A Bíblia narra no velho testamento a história de Moisés e sua luta contra o Faraó para a libertação do povo hebreu que vivia como escravo no Egito Antigo. Essa narrativa não explicava e nem trazia o nome do Faraó envolvido em todo aquele período histórico. Qual teria sido então, dentre os mais de 120 faraós que comandaram o império do Egito Antigo, aquele que teria vivenciado todos aqueles acontecimentos marcantes como as pragas e a abertura do Mar Vermelho? Do ponto de vista da História e da Arqueologia essa é uma pergunta com muitos problemas a se resolver. Isso porque até hoje não se conseguiu comprovar sequer a existência de Moisés, nem tampouco de um deslocamento massivo de pessoas pelo deserto na época descrita pela Bíblia. E se nem a história do Êxodo parece verdadeira, como poderia ser crível descobrir sobre a real identidade do Faraó citado nos textos bíblicos?

A única fonte histórica sobre a existência de Moisés é a Bíblia. Esses textos referentes a essa história são datados de mais ou menos 500 anos antes de Cristo. Só que a história de Moisés, se aconteceu de fato, teria sido há mais de 3 mil anos no passado! Então há mesmo uma grande diferença entre o tempo em que a história se passa e o tempo em que esses textos foram escritos. Há mais de 2 mil anos de diferença separando os dois períodos. Então a primeira conclusão é de que os escribas que escreveram os textos do Êxodo não o vivenciaram. Não são testemunhas oculares. Tampouco foi Moisés quem escreveu aqueles textos como reza a mais antiga tradição do Judaísmo. 

De qualquer forma, partindo da suposição de que a história foi real (algo que a História ainda não conseguiu comprovar, temos que salientar isso), o Faraó do Egito Antigo que teria vivenciado tudo aquilo só poderia ter sido um, segundo os especialistas. Ele seria o grande Ramsés II (ou Ramessés II). Esse foi muito provavelmente o maior Faraó da História, o grande construtor e conquistador. Embora hoje em dia muitos historiadores concordem que ele também foi o primeiro a usar a propaganda política em larga escala em prol de seu próprio nome e poder, exagerando muitas vezes seus méritos e conquistas reais, o fato é que esse Faraó realmente foi um líder marcante na história antiga. 

Ramsés II governou o Egito Antigo com mãos de ferro, como aliás todos os Reis desse antigo império. Ele mandou reformar os grandes templos, mandou erguer grandes estátuas de si mesmo e conseguiu vencer no campo de batalha os grandes inimigos do Egito, como os hititas. Tudo nesse Faraó era superlativo. Ele teve mais de 100 filhos com mais de 50 mulheres diferentes que faziam parte de seu harém. Governou por mais 60 anos, tendo vivido 90 anos em uma época em que a média de idade dos homens mal passava dos 35 anos. Foi realmente um monarca que marcou aquele tempo. Seu longo reinado durou de 1279 a 1213 a.C.

Só que nada do que foi escrito sobre Ramsés nas paredes dos antigos templos do Egito dizem respeito a Moisés, que na história da Bíblia teria que ser de sua família, mesmo sendo um parente adotivo. Nenhum papiro, nenhum texto do Egito Antigo cita Moisés, nem as pragas, nem a fuga dos hebreus rumo à Terra Prometida. Nada. Os registros do Egito não mencionam ninguém como Moisés. E para piorar ainda tudo, a história de Moisés é muito semelhante ao texto de Sargão da Acádia, uma lenda muito mais antiga, de outros povos da antiguidade. Teriam os escribas apenas plagiado a mitologia de outras culturas? Para os historiadores, arqueólogos e pesquisadores, essa parece ser a conclusão mais correta. Assim Moisés nunca teria existido de fato, sendo apenas um personagem de ficção. Já Ramsés II realmente existiu. E quem tiver dúvidas pode inclusive se encontrar com ele cara a cara, pois sua múmia (muito bem preservada, por sinal) está exposta em lugar de destaque no fabuloso museu do Cairo, no Egito. 

Pablo Aluísio. 

O Legionário Romano

O Legionário Romano
Roma dominou o mundo antigo. Não havia nenhum outro povo ou civilização que se igualasse aos romanos em termos de conquistas territoriais. Esse segredo de vitórias militares também vinha do sucesso do Legionário Romano. Além de ser um guerreiro profissional, o que nem sempre acontecia em outras civilizações da antiguidade, o soldado Romano ainda era bem equipado, passando por um treinamento puxado, que criava mesmo grandes militares, prontos para qualquer tipo de combate. E não podemos nos esquecer também que os romanos levavam a guerra muito à sério, estudando as táticas dos inimigos, incorporando ao seu próprio exército o que aprenderam no campo de batalha contra outros povos. 

Ser parte de uma Legião Romana era um grande orgulho para qualquer família de Roma. Só que a vida era breve e dura. A expectativa de vida desses militares mal chegava nos 30 anos de idade. Algo fácil de entender. Essas guerras eram brutais, face a face, viver ou morrer no campo de batalha. Os que conseguissem viver até os 40 anos eram presenteados pelo Império Romano com uma gleba de terra para que eles pudessem viver seus últimos anos de vida cultivando ao lado de suas famílias. Para um romano de origem pobre esse era a maior fortuna que poderia almejar em sua curta vida. 

A dureza vinha no dia a dia das campanhas militares sem fim, muitas vezes em terras inóspitas, enfrentando bárbaros com sede de sangue. Apenas os oficiais montavam em cavalos. As longas viagens, as longas distâncias, eram percorridas à pé pelos legionários. Sempre andando em dupla, lado a lado, formando grandes fileiras de legionários. Essa maneira de ir a todas as províncias romanas levou os imperadores a construírem grandes estradas, algumas delas ainda hoje existentes na Europa. Era uma maneira de deslocar as tropas com mais dinamismo e eficiência. 

Além de participar de guerras, os legionários também atuavam como força de ocupação em terras estrangeiras, executando inimigos do Estado romano. Qualquer um que viesse a ser considerado um rebelde ou terrorista contra Roma era executado da forma mais cruel, em uma cruz de madeira. Foi assim que Jesus de Nazaré foi executado, pois pela visão romana ele estava pregando uma rebelião contra o império, afirmando ser o "Filho de Deus", um título que só era cabível e aceito para Reis e Monarcas. Era o que os romanos chamavam de "Lestat", um insurgente, um inimigo do Império. Alguns até defendem que Jesus teria sobrevivido à sua crucificação, mas isso era altamente improvável, pois os Legionários eram assassinos profissionais e jamais deixariam um condenado como Jesus sobreviver aos tormentos de uma tortura como aquela. 

Hoje em dia existem vários artefatos históricos dos legionários que foram encontrados em escavações arqueológicas por todo o império. Desde sapatos, espadas, elmos, capacetes, passando por escudos e armaduras. Até mesmo restos mortais de legionários também foram encontrados, inclusive alguns com sinais de terríveis mortes, como a do jovem soldado romano encontrado nas florestas da Alemanha. Seu crânio foi escavado tendo ainda uma grande lança dos bárbaros germânicos atravessando sua cabeça. 

Enfim, esses homens lutavam e morriam por seu império e seu imperador. E centenas de milhares nunca retornaram para Roma. Foram mortos e enterrados nos campos de batalha, geralmente lutando contra os povos bárbaros que estavam invadindo o império por todos os lados. Seus esforços não foram em vão pois Roma se tornou o maior império do mundo antigo. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 16 de junho de 2024

O Exército Vermelho em Berlim

O Exército Vermelho em Berlim
O final da Segunda Guerra Mundial chegou quando os soldados soviéticos entraram dentro de Berlim, a cidade que era o coração do III Reich de Hitler. Os russos vieram caminhando lá do front oriental, onde destruíram os exércitos da Alemanha, até a capital daquele império que deveria durar 1000 anos - pelo menos na mente deteriorada dos líderes nazistas. O plano dos soviéticos era destruir tudo, não sobrar pedra sobre pedra! A ordem de Stálin era clara: Acabem com a Alemanha! Façam os alemães sofrerem como o povo russo sofreu com a invasão nazista na mãe Rússia!

E a ordem foi cumprida. Para surpresa dos militares vermelhos o que eles encontraram ao entrar em Berlim eram tropas de meninos e garotos que tentavam defender a cidade onde Hitler se escondia. Depois de milhões de mortos não havia mais homens adultos para lutar essa definitiva e última batalha. E os russos não tiveram pena daqueles garotos da Alemanha. Passaram por cima deles com seus tanques sujos de lama. 

Um aspecto interessante é que Hitler só decidiu dar um fim em sua própria vida quando os soviéticos chegaram literalmente na esquina de seu bunker. Hitler há tempos vivia escondido naquele verdadeiro buraco de cimento e aço. Ele estava sofrendo de Mal de Parkinson, estava com a saúde devastada e sabia que se o exército vermelho colocasse as mãos nele as coisas iriam ficar mais do que feias. 

Assim decidiu dar pílulas de cianureto para sua esposa Eva Braun e para sua cadela querida, a Blonde. Depois disso sentou-se ao sofá, com o corpo da mulher morta ao seu lado, mirou a pistola contra sua cabeça e deu um tiro fatal. Havia deixado ordens para que um major do exército alemão jogasse seu corpo numa vala de bomba e o incinerasse com querosene. E assim foi feito. Hitler, o ditador idolatrado pelas multidões, terminou em um buraco, sendo destruído pelas chamas. 

Pouco tempo depois os poucos soldados da Alemanha que ainda lutavam se renderem de forma incondicional. Na frente deles havia milhares de militares soviéticos furiosos e com gosto de sangue. A Alemanha havia sido derrotada mais uma vez. A derrota da Primeira Guerra se repetia. Era o fim da loucura do nazismo. O exército vermelho colocou a bandeira da União Soviética em cima dos prédios da cidade e do portão de Brandemburgo! Nada poderia ser mais simbólico da vitória dos comunistas! O Exército vermelho havia conquistado a maior vitória de sua existência. Em Moscou, Stálin abriu uma garrafa de champanhe para celebrar a vitória esmagadora. A Segunda Guerra Mundial havia chegado ao seu final na Europa. 

Pablo Aluísio. 

Os Diários de Himmler

Ele foi um dos mais nefastos nazistas da história. Considerado o braço direito de Hitler acabou criando as tropas SS, que ficaram conhecidas pela brutalidade com que tratava os judeus nos campos de concentração. Durante muito tempo surgiram historiadores "revisionistas" que procuraram amenizar a culpa de líderes nazistas como Himmler no Holocausto. Pois bem uma série de textos escritos pelo próprio em seu diário foram divulgados recentemente pelo arquivo militar russo.

Em um dos trechos Heinrich Himmler escreveu: "O povo judeu está sendo exterminado. Para os membros do partido isso deve ser considerado como algo claro, pois sempre esteve em nossos planos. De fato estamos exterminando o povo judeu, resolvendo um pequeno assunto em nossa pauta". Depois elogiando o trabalho daqueles que atuavam diretamente no holocausto Himmler ponderou: "Estamos realizando essa difícil tarefa em amor ao nosso povo. E não temos qualquer problema com isso, pois nossa alma e nosso caráter estão intactos".

Essas eram notas escritas por Himmler para serem usadas em seu discurso aos membros da SS situados na Polônia, onde havia os maiores campos de concentração do regime nazista. A forma como Himmler expõe o tema deixa transparecer que era algo que todos sabiam. Ele não demonstra em seus escritos nenhum sentimento de remorso ou tristeza pelo que estava acontecendo, longe disso, para Himmler a destruição de todos os povos não arianos era apenas uma questão objetiva, que deveria ser colocada em prática.

Esses diários referentes aos anos de 1938, 1943 e 1944 foram capturados por forças do exército russo no final da guerra. Muitos trechos descrevem a presença do líder nazista em almoços comemorativos realizados dentro dos próprios campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen. Enquanto milhões de seres humanos eram mortos nas câmaras de gás e depois queimados em fornos industriais, Himmler desfrutava de elegantes banquetes ao lado de outros membros do partido nazista como Joseph Goebbels. Esse infame nazista foi capturado pelos ingleses no dia 21 de maio de 1945 quando o III Reich já estava em ruínas. Antes de ser julgado e condenado à morte em Nuremberg ele se matou com uma cápsula de cianureto em sua cela na prisão. Morreu como sempre viveu, sendo um nazista covarde! 

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de junho de 2024

B-17: A Fortaleza Voadora

B-17: A Fortaleza Voadora
Recentemente tivemos as celebrações do Dia D, a operação militar que virou o jogo na II Guerra Mundial. Tudo muito bom e adequado, inclusive com homenagens aos (poucos) veteranos que ainda estão vivos. Só que eu senti também uma menor presença de documentários de guerra que trouxessem maiores detalhes dessas mesmas batalhas, inclusive as que foram travadas nos céus da Europa. 

Inclusive estou assistindo a uma série muito boa no momento chamada "Mestres do Ar" que mostra o trabalho de militares americanos e ingleses que voavam no famoso bombardeiro de longo alcance B-17. Essa máquina de guerra foi extremamente importante na luta contra a Alemanha nazista. Hitler havia dito em um discurso ao povo alemão que jamais uma bomba aliada iria explodir em uma cidade alemã. Claro que era um mentiroso. Não demorou muito e uma bomba caiu em uma grande cidade da Alemanha e essa bomba foi jogada justamente por esse avião. 

Seu maior segredo era que a Fortaleza Voadora era uma aeronave de médio porte com grande capacidade de autonomia, ou seja, viajava grandes distâncias. Era o avião ideal para voar atrás das linhas inimigas para destruir as cidades da Alemanha, sua infraestrutura industrial, quebrando ao meio a alma do povo alemão. Até porque voavam em bandos, em esquadrilhas com até 30 bombardeiros. Ter essas máquinas de guerra chegando numa cidade durante a Segunda Guerra era um terror. Seus ataques destruíram muitas cidades da Alemanha. Poucas eram as edificações que ficavam de pé depois de uma ataque de longo alcance. 

Igualmente foi alto o número de baixas entre os aviadores. Esse bombardeiro era muito visado pelas baterias antiaéreas do exército alemão que defendia as cidades do III Reich. Milhares de militares morreram. As coisas só melhoraram depois quando passaram a ser escoltados po caças Msstang que enfrentavam os caças alemães da Luftwaffe. 

E se você gosta de cinema há excelentes filmes e séries sobre as tripulações desse avião de guerra. Um dos melhores que assisti se chama Memphis Belle, mostrando a história real de uma tripulação que conseguiu a proeza de realizar 25 missões atacando a Alemanha. Esse era um número a se alcançar pois caso a tripulação conseguisse chegar a 25 missões era dispensada com honras militares para voltar aos Estados Unidos. Era o prêmio máximo para quem conseguisse chegar tão longe na luta contra o nazismo na Europa. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 9 de junho de 2024

O Faraó Menino

O Faraó Menino
Tutancâmon se tornou faraó do Egito antigo com apenas oito anos de idade! O maior império do mundo naquela época passou a ser governado por uma criança! Ele era filho do Faraó Akhenaton que teve um reinado particularmente tumultuado. Seu pai tentou por decreto banir todos os deuses do Egito. De uma só decisão deixaram de existir no panteão da religião deuses amados pelo povo como Amón, Ísis, Osíris, Hórus e todos os demais. A partir de sua decisão apenas um deus seria louvado no Egito, o Deus Atón, associado ao Sol. Claro que essa decisão gerou muita revolta entre os sacerdotes, a nobreza e o povo. Templos foram fechados e o clero perseguido. Considerado o maior dos hereges, Akhenaton acabou sendo alvo de conspirações. Para alguns historiadores ele foi envenenado. 

Depois de sua morte a coroa teria que ir para alguém. Seu filho era o sucessor natural, mas era uma criança. Ainda assim a corte o colocou no trono. Uma das primeiras decisões do Faraó Menino foi restaurar todo o panteão do Egito. Os amados deuses do povo voltaram. Houve muita celebração, com o povo em prantos, em procissões que iam até os templos. Foi uma era de grande comoção religiosa no reino. O próprio nome do novo faraó fazia uma referência direta ao maior dos deuses, Amón. Apesar da ideia de um só deus ter sido muito combatida na época, o fato é que houve um legado. Alguns defendem a ideia de que Akhenaton teria criado a ideia do deus único, que depois seria seguido pelos hebreus ao determinar que apenas Yahweh (o deus da bíblia) seria o único deus. Assim esse faraó, mesmo caindo em desgraça, lançou as bases do monoteísmo que depois de séculos iria prevalecer entre as grandes religiões do mundo. 

O menino Tutancâmon teve um reinado curto. Havia conspirações demais dentro da corte para que sobrevivesse por muito tempo. Muitos altos sacerdotes e membros da elite política queriam que ele morresse. O poder de certa maneira estava de volta em suas mãos. E o jovem faraó deveria morrer. Assim foi feito. O jovem morreu com apenas 18 anos de idade. Nos 10 anos que passou como faraó acabou sendo apenas uma marionete de homens ricos e poderosos do Egito. Pagou com sua própria vida. 

E como teria morrido Tutancâmon? Duas teorias são as mais aceitas pela arqueologia e pela História. A primeira é que ele teria sido assassinado brutalmente com uma forte pancada na parte de trás de sua cabeça. Um golpe dado na base da traição, por suas costas, provavelmente dado por alguém de sua confiança. A outra teoria afirma que seu carro de combate teria sido sabotado e o jovem teria caído dela em alta velocidade, batendo a cabeça no chão. Nas duas situações fica claro que algum conspirador colocou seu plano de assassinato em frente e que esse, para infelicidade do faraó, teria sido bem sucedido. 

Por ter sido tão jovem e por ter governado por tão pouco tempo, o faraó Tutancâmon teria sido logo esquecido pela História, pois dentro dos mais de 120 faraós do Egito antigo ele certamente não foi dos mais destacados. Só que ele acabou se tornando um dos mais conhecidos porque foi o único que teve sua tumba descoberta com todos os tesouros e artefatos preservados. No Egito antigo todas as tumbas dos faraós viravam alvos de ladrões. Por essa razão a descoberta da tumba intacta de Tutancâmon no vale dos Reis acabou sendo considerada a maior de todos os tempos. Até os dias de hoje nada se compara em termos de beleza e riqueza. E assim o Faraó Menino conseguiu o que tanto desejava: a imortalidade de seu nome.

Pablo Aluísio. 

As Origens de Cleópatra

As Origens de Cleópatra
A Rainha do Egito, mesmo após tantos séculos de sua morte, ainda desperta paixões! E isso nada tem a ver com Roma ou com a morte de César, mas sim com sua aparência pessoal. É curioso porque na antiguidade isso não era tão vital, porém atualmente, para se provar seu ponto de vista, isso acaba se tornando crucial! Recentemente vi em uma rede social uma extensa polêmica envolvendo a cor da pele da Rainha do Egito Cleópatra.

Teria sido ela uma mulher negra ou branca? Na verdade a resposta a essa pergunta é bem mais simples do que parece. Basta descobrir de onde vinha a linhagem nobre da família de Cleópatra, de onde ela descendia geneticamente, quem eram seus pais e avôs. Cleópatra na verdade pertencia à dinastia dos Ptolomeus. O que isso significa exatamente? Significa que ela tinha origem genética grega, pois a família dos Ptolomeus não era originária do Egito, como os antigos faraós das dinastias do passado, mas sim de invasores gregos que dominavam o Egito desde os tempos de Alexandre, o Grande.

Ptolomeu foi o general de Alexandre, o Grande, que herdou o Egito depois da morte do grande conquistador. Uma vez instalado lá ele deu origem a uma linhagem de descendentes que ficaram no poder por séculos no Egito. Essa linha nobre passou a se chamar dinastia dos Ptolomeus, os filhos, netos, bisnetos e as gerações que sucederam, todas provenientes inicialmente desse grande general grego. Cleópatra era uma de suas descendentes. Um fato que reforça ainda mais a tese de que ela era uma europeia branca é que os membros dessa dinastia jamais se casavam com pessoas fora de sua família, tudo para manter o poder entre eles mesmos. Primos casavam com primos, tios com sobrinhas e até irmãos com irmãs! Para um Ptolomeu o mais importante era manter o trono do Egito dentro dos laços familiares, fosse qual fosse o preço a se pagar por isso.

Assim a Rainha Cleópatra era realmente branca e não negra como alguns defendem. Outro aspecto digno de nota é que em nenhuma representação antiga da Rainha que conseguiu sobreviver ao tempo ela aparece representada como uma mulher negra, pelo contrário. Sua esfinge é claramente a de uma mulher branca, inclusive com o nariz tão característico dos membros descendentes de Ptolomeu. Assim a dúvida fica historicamente devidamente sanada. Todos os quadros, pinturas e até mesmo representações de Hollywood, com a rainha sendo interpretada pela atriz Elizabeth Taylor, por exemplo, não estão errados do ponto de vista histórico. Ela era realmente branca, de descendência grega e europeia.

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de maio de 2024

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2024

Imperador Romano Trajano

Imperador Romano Trajano
Trajano foi escolhido para ser o sucessor pelo próprio Imperador Nerva. Ele o adotou e determinou que assim que morresse, Trajano seria o novo imperador. Uma decisão que iria se revelar sábia com o passar dos anos pois certamente Trajano foi um dos imperadores romanos mais marcantes da história. Trajano foi desde o começo que subiu ao poder um imperador ponderado, racional, que não se arriscava em aventuras ou em maluquices como tinha acontecido com imperadores loucos como Nero ou Calígula. Ao contrário disso Trajano valorizava o Senado e as instituições romanos e por isso acabou se tornando muito bem sucedido. 

Trajano começou seu império tentando seguir os passos de seu antecessor Nerva. Ele investiu em melhorias na própria Roma, restaurando antigos edifícios públicos, revitalizando o fórum romano, considerado o verdadeiro coração político do império e também mandou reconstruir antigas pontes e estradas romanas que estavam em mal estado. Nesse aspecto acabou conquistando a aprovação do povo pois havia fatos concretos provando a competência do novo imperador. 

De formação militar Trajano também precisou enfrentar diversas rebeliões por todo o império. A mais complicada de resolver foi na província da Dácia, onde um líder rebelde se revoltou contra os romanos, chamando o império para uma guerra frontal. Foi uma rebelião complicada de sufocar, ceifando a vida de milhares de legionários. A Dácia se localizava na região onde hoje se encontra um país chamado Romênia. Foi tão grave a guerra travada ali que Trajano elaborou um plano de colonização com romanos após a vitória. Por essa razão a Dácia passou a se chamar România, algo como a pequena Roma. 

De rebelião sufocada em rebelião controlada as tropas de Trajano foram parar muito longe. Após conquistar o Oriente Médio, com a destruição dos exércitos árabes rebeldes, Trajano foi parar na fronteira com reinos indianos. Era o mesmo local onde um dia Alexandre, o Grande havia estado. Mostrando a grandiosidade do Império Romano, que naquele momento histórico se encontrava em sua expansão territorial máxima! 

Trajano até cogitou em tentar tomar a Índia, mas tal como Alexandre, ficou doente. Até hoje se especula o que teria acontecido com o Imperador. Uma das teses afirma que ele contraiu Malária, outra que foi envenenado após um banquete. Acamado, fervendo em febre, Trajano ordenou que seus legionários o levassem de volta para Roma, sua cidade querida, onde queria morrer. Não houve tempo, o grande imperador Trajano morreu no meio da viagem e nunca mais reviu com seus olhos a cidade eterna. 

Pablo Aluísio.