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domingo, 24 de janeiro de 2021

Sabrina

Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora muito a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem."Sabrina" é o mais elegante filme da carreira de Billy Wilder. Tudo é de muito bom gosto na produção - roupas de grife, trilha sonora de alto nível e um clima de sofisticação que impera em todas as cenas. Audrey Hepburn encontra em Sabrina um papel bem adequado ao seu estilo de interpretação. Seus pretendentes em cena, Humphrey Bogart e William Holden, também estão muito bem em seus respectivos personagens, dois irmãos que são opostos entre si, o primeiro trabalhador e responsável e o segundo um playboy incorrigível.

Durante muitos anos "Sabrina" virou um ícone dos filmes românticos em Hollywood tanto que daria origem até mesmo a uma série de publicações de mesmo nome que exploravam bem um clima de romance idealizado, escrito e consumido por jovens que sonhavam com seu príncipe encantado. Curiosamente no filme Audrey acaba tendo que escolher entre a paixão platônica de sua adolescência ou a figura de um homem mais equilibrado e seguro de si o que demonstra que nem sempre o homem de seus sonhos é aquele que você pensava ser o ideal. Outro fato interessante é perceber como Audrey, mesmo no começo de sua carreira, não se mostra intimidada de contracenar com o mito Bogart que aqui deixa de lado seus personagens cínicos e perigosos que desempenhava em seus outros filmes. Na verdade ele entrou no elenco na última hora pois o ator que havia sido escalado inicialmente, Cary Grant, não se recuperou de um acidente que havia sofrido e por determinação médica foi afastado do filme.

Já William Holden está bem diferente da imagem que estamos acostumados, ele surge em cena de cabelo pintado, um loiro falso que chama a atenção pelo exagero. "Sabrina" fez sucesso de público e crítica quando foi lançado. Concorreu a vários prêmios da Academia e levou o Oscar de Melhor Figurino (para Edith Head, uma veterana em Hollywood). Já o diretor Billy Wilder, que também assinava o roteiro, foi premiado pelo Globo de Ouro por seu belo texto. O filme ganharia uma nova versão na década de 90 com Harrison Ford mas esse remake era infinitamente inferior. Melhor ficar com o original mesmo, "Sabrina" é sem dúvidas uma ótima dica para o cinéfilo que procura um filme clássico com muita classe e elegância. Pode assistir sem receios que não vai se arrepender.

Sabrina (Sabrina, Estados Unidos, 1954) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Samuel Taylor, Ermst Lehman / Elenco: Audrey Hepburn, Humphrey Bogart, William Holden / Sinopse: Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Uma Loira Por Um Milhão

Longe da grandiosidade de um “Crepúsculo dos Deuses”, o cineasta Billy Wilder também se dedicou a realizar pequenos filmes, obras primas de simplicidade e do bom humor. Um dos mais interessantes deles é justamente essa comédia de costumes muito bem realizada chamada “Uma Loira Por Um Milhão”. Realizada na década de 1960, quando as comédias românticas despontavam nas bilheterias, o filme foi quase uma brincadeira pessoal por parte de Wilder. Unindo-se a um elenco de amigos pessoais (como Jack Lemmon e Walter Matthau) ele acabou realizando um de seus filmes mais despretensiosos.

“Uma Loira Por Um Milhão” é assim uma comédia de humor negro muito bem estruturada recheada de ótimos diálogos. De certo modo lá esperava por isso uma vez que o cineasta sempre foi reconhecido pelos excelentes textos utilizados em suas produções. Não é seu momento mais engraçado na carreira, já que esse posto pertence obviamente a "Quanto Mais Quente Melhor", mas diverte bastante. A linguagem é quase teatral pois a maior parte do filme se passa dentro de um apartamento, onde Jack Lemmon finge estar seriamente ferido para receber uma bolada de uma seguradora.

O melhor do filme é seu cinismo. Na pele de um advogado pilantra o ator Walter Matthau dá aula de nonsense e falta de escrúpulos, mas tudo com bom humor. Sabe aquele sujeito que faz de tudo para ganhar um dinheiro fácil? Pois é justamente esse o estilo de seu personagem, simplesmente impagável. O ator foi premiado com o Oscar de melhor ator coadjuvante por esse trabalho. Um grande reconhecimento para um profissional realmente talentoso. O título nacional é totalmente equivocado (como sempre), pois o título original "The Fortune Cookie" (Biscoito da Sorte) é bem mais de acordo com o que acontece durante o enredo. A tal "loira" do filme não tem grande destaque dentro da trama. Já a ironia do biscoito chinês sim. Só assistindo para entender.

A dupla formada por Jack Lemmon e Walter Matthau está simplesmente perfeita em cena. Eles combinavam tão bem como a dupla O Gordo e o Magro ou Jerry Lewis e Dean Martin. Depois de tantos anos assistindo aos seus trabalhos posso afirmar sem receios que juntos nunca fizeram um filme ruim. É impressionante o nível de qualidade e elegância que conseguiam alcançar quando trabalhavam juntos. Simbiose perfeita de bom humor e diversão. Enfim fica a dica dessa pequena obra do genial e muito eclético Billy Walter. Assistir ao filme logo se torna uma bela oportunidade para rever um dos mais inteligentes diretores que já surgiram na história, aqui brincando de fazer cinema.

Uma Loira Por Um Milhão (The Fortune Cookie, Estados Unidos, 1966) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, I.A.L. Diamond / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, Ron Rich, Judi West, Cliff Osmond  / Sinopse: Após sofrer um pequeno acidente, Harry Hinkle (Jack Lemmon) é persuadido por seu cunhado, um advogado cara de pau chamado Willie Gingrich (Walter Matthau), a exagerar nos danos que sofreu para promover um milionário processo que provavelmente os tornará ricos! Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Walter Matthau). Também indicado nas categorias de melhor roteiro original (Billy Wilder, I.A.L. Diamond), melhor direção de fotografia (Joseph LaShelle) e melhor direção de arte (Robert Luthardt, Edward G. Boyle). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator - musical ou comédia (Walter Matthau).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Crepúsculo dos Deuses

Denominar “Crepúsculo dos Deuses” como uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos é desnecessário. Poucas vezes foi realizado um filme tão humano, tão cruelmente verdadeiro como esse. Ao mostrar uma diva envelhecida, uma antiga estrela do passado, há muito esquecida do grande público, o filme na realidade cria um estudo da alma humana poucas vezes vista nas telas. Em termos de melancolia e nostalgia, essa é uma obra insuperável. A personagem Norma Desmond (Gloria Swanson) não é apenas uma atriz que perdeu sua estrela e sua fama, mas também uma pessoa psicologicamente em ruínas que tenta de todas as formas se agarrar em um passado glorioso para suportar viver no presente. Embora muitas pessoas não parem para pensar sobre isso, a trama de “Crepúsculo dos Deuses” é mais comum na vida real do que se imagina. Não são poucos os artistas que presenciam o fim de suas carreiras, muitas vezes prematuramente. Astros e estrelas que brilharam por momentos fugazes e após o sucesso inicial simplesmente deixam de atrair o público e somem dos holofotes, sendo descartados pelos grandes estúdios. Poucos são os grandes mitos que resistem ao passar do tempo. Norma é de certa forma um retrato em microscópio da realidade de centenas e centenas de artistas que não conseguem superar a terrível passagem do tempo. Vivendo de suas imagens joviais e trabalhando em um meio que valoriza acima de tudo a beleza e a juventude, muitos são simplesmente descartados após atingirem uma certa idade.

Assim não serão poucos os artistas que irão se identificar com Norma, uma mulher que vive do passado, das fotos amareladas pelos anos e das recordações do tempo em que era de fato um mito em celulóide. Pensando em delírio que ainda é uma estrela, ignora o fato que o tempo passou e não há mais retorno possível aos seus anos de glória, das ribaldas, da aclamação dos seus fãs que lotavam os cinemas para assistir seus filmes. O brilho, a fama, o sucesso e a riqueza ficaram em um passado distante. O filme é realmente magistral. Há uma narração em off do personagem de William Holden que é um dos textos mais bem escritos da história do cinema americano. Misturando ironia com melancolia latente, ele nos apresenta sua história, contando em detalhes como acabou conhecendo Norma e seu estranho mundo enclausurado. Vivendo em uma mansão decadente, literalmente caindo aos pedaços, ao lado do mordomo fiel Max (interpretado pelo cineasta Erich von Stroheim com raro brilhantismo), ela ainda pensa que é uma estrela no mundo fútil das celebridades de Hollywood. O fato porém é que a passagem do cinema mudo para o cinema sonoro simplesmente acabou com sua carreira.

Suas opiniões sobre a irrelevância do cinema sonoro inclusive me lembraram do próprio Chaplin, que também em inúmeras vezes atacou a nova tecnologia. A atriz Gloria Swanson interpretando Norma é uma força da natureza. Impressionante a carga emocional que ela traz para seu papel. O curioso é que ela própria foi uma diva do cinema mudo, tal como sua personagem. Possessa e imersa completamente em sua interpretação, ficamos não menos do que impressionados pela força de seu talento. William Holden não fica atrás. Levemente cínico e incomodado com sua situação pessoal, ele esbanja aquele tipo de ironia que nasce da decepção consigo mesmo. Para o fã de cinema, o filme “Crepúsculo dos Deuses” traz ainda um verdadeiro presente. Em cena vemos o grande Cecil B. DeMille interpretando a si mesmo dentro dos estúdios da Paramount. DeMille foi um dos maiores nomes da indústria e vê-lo ali representando a si próprio é um deleite para qualquer amante da história da sétima arte. Outra presença marcante é a do ícone do humor Buster Keaton em uma participação particularmente melancólica. Sério e com olhar aterrorizado, ele participa de um estranho jogo de cartas com a diva em sua mansão, a mesma que foi usada como cenário de outro grande clássico, “Juventude Transviada” com James Dean.

Em conclusão, “Crepúsculo dos Deuses” merece toda o status cult que possui, todo o prestígio de grande clássico do cinema. É a obra prima definitiva do genial diretor e roteirista Billy Wilder, um mestre da era de ouro de Hollywood. É um desses filmes atemporais, que não envelhecem nunca e continuam tão maravilhosos como em seu lançamento. Delírios, traições, insanidade, compaixão e melancolia em um roteiro muito bem escrito, primoroso mesmo. Esse quadro completo compõe esse que é seguramente uma das maiores obras primas do cinema americano de todos os tempos. Simplesmente essencial.

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, Estados Unidos, 1950) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Charles Brackett, Billy Wilder, DM Marshman Jr. / Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich von Stroheim, Nancy Olson, Cecil B. DeMille, Hedda Hopper, Buster Keaton  / Sinopse:  Norma Desmond (Gloria Swanson) é uma diva da era do cinema mudo que mora em uma grande mansão na Sunset Boulevard cercada apenas de seu mordomo fiel Max (Erich Von Stroheim). Por um acaso do destino, o roteirista desempregado Joe Gillis (William Holden) acaba indo parar na mansão de Norma após tentar fugir de credores do banco onde fez um empréstimo. Lá conhece a velha estrela e seu estranho mundo particular construído sobre velhas lembranças de um passado glorioso que não existe. Ela ainda pensa ser uma superstar no céu de Hollywood. Doce ilusão. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro, Trilha Sonora e Direção de Arte. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Diretor (Billy Wilder), Atriz (Gloria Swanson) e Trilha Sonora.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 18 de maio de 2020

O Pecado Mora ao Lado

Título no Brasil: O Pecado Mora ao Lado
Título Original: The Seven Year Itch
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder, baseado na peça de George Axeroid
Elenco: Marilyn Monroe, Tom Ewell, Evelyn Keys, Sonny Tuftis, Robert Strauss, Oskar Homolka

Sinopse:
Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seus pensamentos eróticos. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator (Tom Ewell).

Comentários:
Esse pode ser considerado tranquilamente o filme mais conhecido de Marilyn Monroe. A imagem dela nesse filme, o seu figurino, a cena da saias ao vento, tudo entrou definitivamente dentro da cultura pop. Tanto isso é verdade que quando se lembra de Marilyn Monroe se lembra imediatamente da sua imagem nesse filme. É o auge de popularidade da atriz em sua carreira no cinema. E o curioso de tudo é que sua personagem sequer tinha nome, era apenas identificada no roteiro como "The Girl" (a garota). Isso porque ela representou mesmo um símbolo de sensualidade que estaria na imaginação daquele homem casado já há alguns anos, entediado totalmente com o casamento, que conhece a loira bonita e tem fantasias sobre ela, como se fosse ter um caso furtivo com a gostosona que mora ao lado. O roteiro (e a peça original) aliás foi escrito em cima de um artigo de um psicólogo que afirmava que quando um casamento completava sete anos, era sinal de que uma crise conjugal estaria para chegar. Esse filme fez muito sucesso de bilheteria, mas também trouxe problemas pessoais para Marilyn. A cena das saias levantadas, com as calcinhas à mostra, despertou a fúria ciumenta de Joe DiMaggio. Mal sabia ele que aquela seria a cena mais famosa e lembrada de toda a filmografia de La Monroe.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de março de 2020

Quanto Mais Quente Melhor

“Ninguém é Perfeito!” – a última linha de diálogo de uma das comédias mais maravilhosas já realizadas, fechava com chave de ouro esse delicioso momento da carreira de Marilyn Monroe. Curiosamente a frase também poderia ser usada para se referir também a ela! Afinal Marilyn não era perfeita! Longe disso! Em “Quanto Mais Quente Melhor” ela mostrou todas as suas imperfeições. Chegava atrasada nas filmagens, não sabia suas falas, criava confusões com seus colegas de trabalho e enlouquecia Billy Wilder que já não sabia mais o que fazer com ela! Chegou a declarar a um jornalista que lhe perguntou como iam as filmagens: “É como estar dentro de um avião caindo, com uma louca entre os tripulantes!” Wilder como se percebe não era apenas um grande cineasta, mas também um criador de frases espirituosas! 

Apesar de todos os problemas enfrentados nas filmagens, o resultado final entrou para a história do cinema. Os bastidores da produção aliás são tão saborosos quanto o próprio filme. Quando o filme ficou pronto após as caóticas filmagens e Wilder conferiu o resultado pela primeira vez na sala de exibição do estúdio, ele ficou simplesmente maravilhado. Era incrível, mas Marilyn, a mesma que causou todos os tipos de problemas no set, era a mesma que aparecia linda e com fantástico talento cômico em cena. Monroe tinha essa qualidade única – ela conseguia transpor para as telas momentos raros, excepcionais, mesmo estando emocionalmente abalada, psicologicamente perturbada e fisicamente esgotada. Como o próprio diretor disse, a câmera de cinema amava Marilyn Monroe! Era um fenômeno da natureza. Se isso não era talento natural, nada mais poderia ser! O próprio Wilder reconheceu isso publicamente em diversas entrevistas e numa delas explicou: “Marilyn Monroe é uma amadora profissional. Ela tem dois pés esquerdos e espero que isso nunca seja corrigido. Não quero que ela vá a uma analista para sair de lá ‘consertada’. O que faz Marilyn esse mito é justamente essa característica dela!”

Ao lado da eterna Monroe temos em “Quanto Mais Quente Melhor” dois atores igualmente excepcionais. Tony Curtis e Jack Lemmon. Curtis vinha de uma sucessão de excelentes produções que tinham se tornado grandes sucessos de bilheteria. Cria da Universal Studios, ele finalmente alcançava o auge em sua carreira. Era um ator com raro timing de comediante (embora não fosse um) e conseguia como poucos interpretar o tipo mais esperto, beirando a malandragem. Como tinha ótimo visual enlouquecia o público feminino. Era um dos galãs mais populares de sua época. Aqui ele esbanjou carisma e química ao lado de Marilyn, isso apesar dos problemas que teve com a atriz. Infelizmente cometeu algumas grosserias com ela depois afirmando numa entrevista que “Beijar Marilyn era como beijar Hitler”! Uma frase infeliz que magoou bastante a atriz.

Já Jack Lemmon foi um poço de tranquilidade e calma mesmo nas conturbadas filmagens. Esse foi seguramente um dos melhores comediantes de todos os tempos em Hollywood. Seu humor era muito sofisticado, delicado, fino mesmo e não havia espaço para vulgaridades. Além de ótimo ator, era um pianista de mão cheia, que chegou inclusive a gravar alguns excelentes discos instrumentais. Um talento raro. Assim não é de se espantar que mesmo com o caos reinante na produção do filme tenhamos hoje um dos grandes clássicos do cinema americano, eleito por vários críticos como a “melhor comédia da história”. Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon e Billy Wilder em um só filme não poderia resultar em outra coisa. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar, inclusive de direção (Billy Wilder) e ator (Jack Lemmon), mas só foi premiado por figurino, uma injustiça! Deveria ter sido consagrado já em sua época e não anos depois como aconteceu. Infelizmente a Academia também não era perfeita! 

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like a Hot, Estados Unidos, 1959) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Robert Thoeren, Michael Logan / Elenco: Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon, George Raft / Sinopse: Joe e Jerry (Lemmon e Curtis) são dois músicos que casualmente acabam testemunhando um crime cometido por gangsters perigosos. Para escapar da máfia, resolvem fugir vestidos de mulher num grupo musical formado apenas por garotas, dentre elas a cantora loira Sugar (Marilyn Monroe) que começa a desconfiar da dupla!

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A Montanha dos Sete Abutres

Há momentos em que os deuses do cinema parecem estar em estado de graça. Unir um diretor genial como Billy Wilder com um ator excepcional como Kirk Douglas não poderia dar em outra coisa. Esse clássico "A Montanha dos Sete Abutres" é uma verdadeira obra-prima da sétima arte. O enredo é um retrato puro e até mesmo cruel da alma do ser humano. Aqui visto sob o lado mais sórdido de cada personagem em cena. O brilhante roteiro serve para mostrar as reais intenções de certas pessoas que não estão preocupadas em ajudar os outros, mesmo que esses passem por momentos cruciais na vida, mas sim em como podem explorar uma situação limite em proveito próprio, passando por cima de todos os valores e de todos os sentimentos nobres. A trama explora muito bem esse aspecto. Chuck Tatum (Kirk Douglas) é um jornalista decadente que após ter trabalhado em grandes jornais de Nova Iorque vai parar em um jornalzinho de Albuquerque, bem no interior dos Estados Unidos. É uma queda e tanto na carreira. Tudo o que Tatum deseja é encontrar uma boa história para levantar novamente sua vida profissional. E ela surge, quase por acaso, após um homem ficar preso soterrado numa velha mina, construída em cima de um antigo cemitério indígena. Não demora muito e Tatum transforma o acontecimento em um verdadeiro circo, causando uma comoção na mídia nacional. Para ele o que importa não é o destino do pobre sujeito soterrado, mas sim o proveito pessoal que poderá tirar daquela tragédia.

O filme é bem isso. Um maravilhoso e ao mesmo tempo cruel tratado sobre a sordidez humana. Assim de forma bem simples poderíamos resumir esse grande clássico de Billy Wilder, "Ace in the Hole", sem dúvida um de seus mais brilhantes e inspirados trabalhos. Os personagens que o cineasta explora em seu roteiro formam o retrato da ambição humana sem limites, um conjunto de pessoas desprezíveis que só pensam em si mesmas e não hesitam em explorar a desgraça alheia em prol de seu proveito próprio. O jornalista interpretado por Kirk Douglas certamente é o mais perfeito retrato disso, um sujeito que só deseja o sucesso pessoal a qualquer custo, mesmo que isso custe a vida de um inocente.

A esposa do pobre sujeito soterrado, a falsa loira Lorraine Minosa (em ótima atuação da atriz Jan Sterling), é uma figura desalmada, mesquinha, má e interesseira que causa asco e nojo no espectador. Nessa tríade de gente ordinária não escapa nem mesmo o xerife da cidade, incorporando todas as corrupções que você possa imaginar. Billy Wilder assim procura mostrar ao público o lado mais desprezível de todos eles. O valor da vida humana é mera peça no tabuleiro de interesses vis e sórdidos. No final o que temos aqui é um retrato nada lisonjeiro da alma humana e uma prova maravilhosa do talento desse grande cineasta. É, em suma, um filme indispensável para se guardar em sua coleção.

A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Lesser Samuels, W. Newman / Elenco: Kirk Douglas, Jan Sterling, Robert Arthur / Sinopse: Jornalista inescrupuloso e mau-caráter começa a explorar de forma vil uma tragédia para levantar sua carreira decadente. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Billy Wilder, Lesser Samuels e Walter Newman).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A Vida Íntima de Sherlock Holmes

Esse é um dos mais diferenciados filmes da carreira do diretor Billy Wilder. Foi realizado em 1970 quando o mestre já estava pensando em se aposentar do cinema (de fato ele só dirigiria mais alguns filmes nessa década, deixando o cinema definitivamente apenas alguns anos depois). Como se pode perceber é uma produção bem realizada, com ótimos toques de humor e aventura, realizando um velho sonho do cineasta que era dirigir uma película enfocando um de seus personagens preferidos de todos os tempos, o genial detetive inglês Sherlock Holmes. Depois de surgir em mais de cem produções, era de se esperar que Wilder procurasse um novo caminho para Sherlock em sua volta às telas. Além do mais os tempos eram outros e uma nova visão surgia como necessária. Deixando um pouco de lado o aspecto mais sisudo de Holmes, Wilder se concentrou em aspectos mais pessoais do famoso detetive. Assim seus problemas com drogas, sua solteirice convicta, entre outras coisas, são tratados no roteiro com mais ênfase do que nas outras aparições de Holmes nas telas, mas não se preocupe, pois o filme realmente passa longe de ser algo dramático, pelo contrário, tudo é visto sob o viés do riso e do bom humor.

A verdade é que Billy Wilder quis mesmo realizar um entretenimento bem despretensioso, que hoje em dia pode até mesmo soar como bobo ou banal. Os fãs das tramas mais elaboradas dos livros de  Arthur Conan Doyle, com suas tramas complicadas e complexas, também podem vir a se decepcionarem pois nesse quesito Wilder também quis amenizar bastante. Talvez por essas razões o filme não tenha sido muito bem recebido em sua época de lançamento. A questão é que qualquer coisa com a assinatura de Billy Wilder já vinha com certa expectativa de ser uma verdadeira obra prima cinematográfica e quando isso não acontecia o clima de desapontamento e decepção era geral entre público e crítica. A verdade pura e simples é que não existe cineasta na história do cinema que tenha conseguido ser genial em todos os seus filmes. Assim é perfeitamente compreensível que obras menores, feitas com essa intenção, fiquem lado a lado com verdadeiros clássicos do cinema na filmografia desses realizadores. Certamente "The Private Life of Sherlock Holmes" não é um filme inesquecível ou algo parecido, mas é divertido e bem humorado o suficiente para agradar bastante os fãs de Wilder, o que no final das contas era exatamente o que ele queria.

A Vida Íntima de Sherlock Holmes (The Private Life of Sherlock Holmes, Inglaterra, 1970) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, baseado na obra do escritor Arthur Conan Doyle / Elenco: Robert Stephens, Christopher Lee, Colin Blakely / Sinopse: O famoso detetive Sherlock Holmes (Robert Stephens) e seu fiel escudeiro Dr. Watson (Colin Blakely) são contratados para desvendar um misterioso caso que levarão ambos a descobrirem o que está por trás do mundialmente conhecido monstro do Lago Ness.
  
Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Irma la Douce

Esse é um clássico assinado pelo genial diretor Billy Wilder. No saboroso enredo a atriz Shirley MacLaine interpreta a personagem Irma La Douce, uma dama de companhia das ruas de Paris que acaba tendo sua vida mudada com a chegada de um novo policial no local onde tem seu ponto. Nestor Patou (Jack Lemmon) é um novato na corporação que segue a lei ao pé da letra. Quando percebe que há um batalhão de mulheres nas ruas esperando seus clientes, decide prender todas elas, causando um verdadeiro rebuliço em seu departamento de polícia. A partir daí, contra todas as previsões, acaba se apaixonando justamente por Irma, que não está disposta a mudar a forma como leva sua sua vida. O diretor Billy Wilder conseguiu aqui nesse filme algo bem raro de se alcançar no mundo do cinema. Baseado na peça escrita originalmente por Alexandre Breffort, Wilder conseguiu realizar um filme leve, divertido, em cima de um tema que a priori deveria ser tratado como algo realmente mais pesado. Imagine contar a estória de uma prostituta de rua em Paris, explorada por cafetões violentos, que acaba se apaixonando por um policial e mesmo assim transformar tudo em uma obra com muito bom humor e leveza.

Certamente não era algo fácil de se realizar. Há estereótipos nesse roteiro que deixariam as feministas de hoje em dia com os cabelos em pé. A personagem Irma La Douce interpretada por Shirley MacLaine é um exemplo. Assim que se liberta das garras de um cafetão que lhe agride sempre que possível, resolve, com muito orgulho, sustentar um novo namorado (justamente o ex-policial vivido por Jack Lemmon). Ela tem grande prazer em lhe comprar coisas caras, mesmo que seja desesperadamente pobre e more em um pequeno cortiço. Nos tempos politicamente corretos em que vivemos, haveria muita má vontade se "Irma la Douce" chegasse hoje em dia aos cinemas.

Deixando essa visão, digamos, sociológica, um pouco de lado, temos que tecer vários elogios para o elenco. Shirley MacLaine ainda estava em seu auge, tanto em termos de simpatia como de beleza. Ela imprime um certo exagero em sua caracterização (que acaba sendo bem-vindo) pois sua personagem está sempre fumando e agindo com uma certa vulgaridade, embora seja no fundo apenas uma mulher que tente levar a vida adiante naquela situação. Ela engana propositalmente seus clientes contando estórias inventadas de um passado de dramas, apenas para ganhar mais alguns trocados no final de seus programas. Vestindo um figurino quase sempre verde, acaba trazendo para sua personagem uma imagem que depois será complicada de esquecer, de tão marcante. Já Jack Lemmon dá vida ao policial Nestor Patou, um sujeito simplório e até ingênuo, que acredita que deve aplicar a lei, mesmo que ela esteja em desuso e seja considerada inconveniente, como no caso das prisões de garotas em sua praça. Aliando o talento da dupla central com a fina ironia de Billy Wilder, temos de fato uma obra bem divertida, com ótimos momentos, apesar de seu tema até mesmo complicado.

Irma la Douce (Irma la Douce, Estados Unidos, 1963) Estúdio: United Artists / Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder,  Alexandre Breffort / Elenco: Jack Lemmon, Shirley MacLaine, Lou Jacobi, Bruce Yarne / Sinopse: Irma la Douce vive nas ruas de Paris. Sua vida muda completamente quando se apaixona por um policial que quer seguir todas as regras à risca. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Shirley MacLaine) e Melhor Fotografia (Joseph LaShelle) e vencedor na categoria de Melhor Canção Original (André Previn). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Shirley MacLaine).

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de outubro de 2019

Sabrina

Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora muito a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem. "Sabrina" é o mais elegante filme da carreira de Billy Wilder. Tudo é de muito bom gosto na produção - roupas de grife, trilha sonora de alto nível e um clima de sofisticação que impera em todas as cenas. Audrey Hepburn encontra em Sabrina um papel bem adequado ao seu estilo de interpretação. Seus pretendentes em cena, Humphrey Bogart e William Holden, também estão muito bem em seus respectivos personagens, dois irmãos que são opostos entre si, o primeiro trabalhador e responsável e o segundo um playboy incorrigível.

Durante muitos anos "Sabrina" virou um ícone dos filmes românticos em Hollywood tanto que daria origem até mesmo a uma série de publicações de mesmo nome que exploravam bem um clima de romance idealizado, escrito e consumido por jovens que sonhavam com seu príncipe encantado. Curiosamente no filme Audrey acaba tendo que escolher entre a paixão platônica de sua adolescência ou a figura de um homem mais equilibrado e seguro de si o que demonstra que nem sempre o homem de seus sonhos é aquele que você pensava ser o ideal. Outro fato interessante é perceber como Audrey, mesmo no começo de sua carreira, não se mostra intimidada de contracenar com o mito Bogart que aqui deixa de lado seus personagens cínicos e perigosos que desempenhava em seus outros filmes. Na verdade ele entrou no elenco na última hora pois o ator que havia sido escalado inicialmente, Cary Grant, não se recuperou de um acidente que havia sofrido e por determinação médica foi afastado do filme. Já William Holden está bem diferente da imagem que estamos acostumados, ele surge em cena de cabelo pintado, um loiro falso que chama a atenção pelo exagero. "Sabrina" fez sucesso de público e crítica quando foi lançado. Concorreu a vários prêmios da Academia e levou o Oscar de Melhor Figurino (para Edith Head, uma veterana em Hollywood). Já o diretor Billy Wilder, que também assinava o roteiro, foi premiado pelo Globo de Ouro por seu belo texto. O filme ganharia uma nova versão na década de 90 com Harrison Ford mas esse remake era infinitamente inferior. Melhor ficar com o original mesmo, "Sabrina" é sem dúvidas uma ótima dica para o cinéfilo que procura um filme clássico com muita classe e elegância. Pode assistir sem receios que não vai se arrepender.

Sabrina (Sabrina, EUA, 1954) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Samuel Taylor, Ermst Lehman / Elenco: Audrey Hepburn, Humphrey Bogart, William Holden / Sinopse: Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A Águia Solitária

Título no Brasil: A Águia Solitária
Título Original: The Spirit of St. Louis
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder
Elenco: James Stewart, Murray Hamilton, Patricia Smith, Marc Connelly, Arthur Space, Charles Watts
  
Sinopse:
O ano é 1927. O piloto Charles Lindeberg (James Stewart) começa os preparativos de uma aventura ousada, inédita na história até aquele momento. Ele tentará pela primeira vez atravessar sozinho em seu avião "Spirit of St. Louis" o Oceano Atlântico, saindo de Nova Iorque com destino até a capital francesa, Paris. Não será algo fácil de realizar, mas Lindeberg se mostra confiante para atingir seus objetivos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Louis Lichtenfield).

Comentários:
O filme enfoca a travessia do Oceano Atlântico por Charles Lindberg em 1927. Para quem andou esquecendo as aulas de história esse foi um evento histórico. O piloto virou automaticamente herói americano por sua proeza, sendo recebido por incríveis quatro milhões de pessoas quando retornou a Nova Iorque após o êxito de sua famosa aventura! Claro que um filme onde todos sabem como será o final perde um pouco seu atrativo, mas isso é o de menos. O importante é acompanhar como o piloto executou a incrível missão, os desafios que enfrentou e os perigos de se voar em um avião como aqueles em direção à distante Europa. Por seu feito ele foi consagrado, virando uma espécie de símbolo do próprio espírito americano!  Em vista de todo esse clima, digamos, ufanista, não é de se admirar que o filme adote uma postura de reverência com o personagem principal. Para interpretar uma pessoa com toda essa reputação nada mais natural que chamar James Stewart, que naquele momento de sua carreira estava totalmente consagrado, não apenas por seus filmes ao lado de Frank Capra, mas também por uma invejável lista de sucessos que vinha colecionando. Ele personificava também o homem comum, símbolo do sentimento patriota daqueles anos. Por essa razão interpretar heróis ou virtuosos era bem adequado a ele naquele momento de sua carreira!

O roteiro pode ser chamado de burocrático, pois não toma nenhuma grande liberdade com o fato histórico. Vamos acompanhando a travessia e como o filme não poderia se concentrar apenas no que acontecia dentro da pequenina cabine do Spirit St Louis durante duas horas de duração, os roteiristas resolveram intercalar momentos em flashback da vida de Lindberg enquanto ele vai atravessando o oceano. Funciona muito bem uma vez que evita que o espectador fique entediado. O diretor aqui é o consagrado Billy Wilder, famoso por sua fina ironia e cinismo que usava em seus filmes. Porém aqui em "Águia Solitária" nada disso voltou a acontecer. Claro que ele coloca pequenos momentos de humor aqui ou acolá, mas em relação a Lindberg ele não arrisca e adota uma postura de respeito para com seu protagonista. Interessante é que anos depois a figura desse "herói" seria seriamente arranhada pois alguns historiadores afirmariam que ele tinha uma simpatia nada disfarçada pelo regime nazista! Claro que nada disso é mostrado no filme, pois foi algo que só veio a público muitos anos depois, mas mesmo que não fosse o caso duvido muito que alguém fosse mexer em um vespeiro desses na época da realização do filme. Enfim, apesar dos pesares, da longa duração, do ufanismo e da falta de leveza, "Águia Solitária" é um bom entretenimento - e serve também como aula de história.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Irma la Douce

Título no Brasil: Irma la Douce
Título Original: Irma la Douce
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder,  Alexandre Breffort
Elenco: Jack Lemmon, Shirley MacLaine, Lou Jacobi, Bruce Yarnell 

Sinopse:
Irma La Douce (Shirley MacLaine) é uma prostituta das ruas de Paris que acaba tendo sua vida mudada com a chegada de um novo policial no local onde "trabalha". Nestor Patou (Jack Lemmon) é um novato na corporação que segue a lei ao pé da letra. Quando percebe que há um batalhão de mulheres nas ruas esperando seus clientes, decide prender todas elas, causando um verdadeiro rebuliço em seu departamento de polícia. A partir daí, contra todas as previsões, acaba se apaixonando justamente por Irma, que não está disposta a mudar a forma como leva sua "profissão". Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Shirley MacLaine) e Melhor Fotografia (Joseph LaShelle) e vencedor na categoria de Melhor Canção Original (André Previn). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Shirley MacLaine).

Comentários:
O diretor Billy Wilder conseguiu aqui nesse filme algo bem raro de se alcançar no mundo do cinema. Baseado na peça escrita originalmente por Alexandre Breffort, Wilder conseguiu realizar um filme leve, divertido, em cima de um tema que a priori deveria ser tratado como algo realmente barra pesada. Imagine contar a estória de uma prostituta de rua em Paris, explorada por cafetões violentos, que acaba se apaixonando por um policial e mesmo assim transformar tudo em uma obra com muito bom humor e leveza. Certamente não é algo fácil de se realizar. Há estereótipos nesse roteiro que deixariam as feministas de hoje em dia com os cabelos em pé. A personagem Irma La Douce interpretada por Shirley MacLaine é um exemplo. Assim que se liberta das garras de um cafetão que lhe agride sempre que possível, resolve, com muito orgulho, sustentar um novo namorado (justamente o ex-policial vivido por Jack Lemmon). Ela tem grande prazer em lhe comprar coisas caras, mesmo que seja desesperadamente pobre e more em um cortiço. 

Nos tempos politicamente corretos em que vivemos, haveria muita má vontade se "Irma la Douce" chegasse hoje em dia aos cinemas. Deixando isso um pouco de lado temos que tecer vários elogios para o elenco. Shirley MacLaine ainda estava em seu auge, tanto em termos de simpatia como de beleza. Ela imprime um certo exagero em sua caracterização (que acaba sendo bem-vindo) pois sua personagem prostituta está sempre fumando e agindo com uma certa vulgaridade, embora seja no fundo apenas uma mulher que tente levar a vida adiante naquela situação. Ela engana propositalmente seus clientes contando estórias inventadas de um passado de dramas, apenas para ganhar mais alguns trocados no final de seus programas. Vestindo um figurino quase sempre verde, acaba trazendo para sua personagem uma imagem que depois será complicada de esquecer, de tão marcante. Já Jack Lemmon dá vida ao policial Nestor Patou, um sujeito simplório e até ingênuo, que acredita que deve aplicar a lei, mesmo que ela esteja em desuso e seja considerada inconveniente, como no caso das prisões de prostitutas de rua. Aliando o talento da dupla central com a fina ironia de Billy Wilder temos de fato uma obra bem divertida, com ótimos momentos, apesar de seu tema complicado.

Pablo Aluísio. 

domingo, 24 de junho de 2018

Beija-me, Idiota

Título no Brasil: Beija-me, Idiota
Título Original: Kiss Me, Stupid
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox, United Artists
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder, I.A.L. Diamond
Elenco: Dean Martin, Kim Novak, Ray Walston, Felicia Farr

Sinopse:
Dino (Dean Martin) é um cantor de sucesso em Las Vegas que precisa chegar em Los Angeles o mais rapidamente possível para uma apresentação na TV. No meio do caminho precisa desviar de rota, indo parar na distante cidadezinha de Climax. Lá acaba encontrando, por puro azar, com dois compositores amadores que vêem sua presença como a grande chance deles em emplacar uma música de sucesso. Um deles trabalha no posto de gasolina local e finge um problema no motor do carro de Dino para que ele fique por lá por mais tempo. O outro lhe oferece sua própria casa para que o cantor descanse um pouco enquanto seu carro é consertado. Tudo com o objetivo de convencer Dino a gravar uma de suas composições de péssimo gosto musical. O problema é que o astro de Vegas acaba se interessando em conhecer a mulher de um deles, que aliás é doente de ciúmes. Está armada a confusão na pequenina cidade.

Comentários:
Billy Wilder foi de fato um gênio do cinema. Seus textos são bem característicos e ele conseguia fazer um humor inteligente mesmo nas situações mais comuns. Nesse filme temos uma amostra de seu talento. Wilder aqui se aproveita da figura da celebridade. Dean Martin está genial interpretando... Dean Martin! Isso mesmo, em fato único de sua carreira, ele na realidade apenas interpreta a si mesmo. O filme aliás se aproveita muito bem disso, abrindo com um número musical de Dino no Sands Hotel em Las Vegas. Lá ele cantava (maravilhosamente bem, por sinal), contava piadas e se aproveitava de sua imagem pública de Mr. Cool, o sujeito bom de copo, relaxado e calmo, que ganhava a vida fazendo aquilo que muitos gostariam de fazer. Há coristas por todos os lados tentando levá-lo para a cama, e aquela insuspeita tranquilidade de um astro da música. O curioso é que o texto de Wilder brinca o tempo todo com o clichê que se espera de um cantor famoso, ou seja, do conquistador inveterado, que não perdoa nem mesmo as mulheres casadas, desde que sejam lindas, claro! Assim Wilder vai jogando o tempo todo com o tema, amplificando ainda mais esses estereótipos quando Dean vai parar numa cidadezinha perdida de Nevada chamada Climax. No local não há nada, a não ser dois compositores amadores que fariam de tudo para que ele gravasse uma de suas músicas. Certamente é um dos melhores momentos de Dean Martin no cinema, livre de sua parceria com Jerry Lewis ele brilha sozinho, sendo dirigido por um grande diretor e contando com um roteiro e um texto que são verdadeiras delícias para os cinéfilos. Também não podemos esquecer de elogiar o ótimo elenco de apoio, em especial Kim Novak, mostrando ter grande feeling para comédias de costumes como essa. "Kiss Me Stupid" é isso, um dos melhores filmes das carreira de Martin e Wilder, e isso definitivamente não é pouca coisa.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O Inferno Nº 17

Título no Brasil: O Inferno Nº 17
Título Original: Stalag 17
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder, Edwin Blum
Elenco: William Holden, Don Taylor, Otto Preminger, Robert Strauss, Harvey Lembeck, Richard Erdman

Sinopse:
Um grupo de militares americanos são feitos prisioneiros em um campo de concentração nazista durante a II Guerra Mundial. Eles fazem vários planos de fuga, mas todos eles são descobertos pelos alemães. Quem seria o traidor que estaria entregando seus próprios companheiros da farda para o inimigo? Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Strauss) e Melhor Direção (Billy Wilder). Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator (William Holden).

Comentários:
Billy Wilder foi um dos grandes diretores da história de Hollywood. Disso poucos duvidam. Só que aqui nessa produção ele errou a mão. No enredo temos um grupo de americanos que caíram nas mãos dos alemães durante a guerra. Eles estão alojados no pavimento 17 desse campo. Assim o roteiro vai desenvolvendo as características de cada personagem com muito humor. O humor aliás é o grande problema desse filme. Se Wilder, com essa mesma história, tivesse feito um drama de guerra teríamos em mãos um clássico, sem dúvida. Porém com esse humor rasteiro, muitas vezes pastelão, a coisa toda ficou terrivelmente datada. Some-se a isso o problema básico de inserir cenas cômicas nesse tipo de cenário. Numa das cenas um grupo de prisioneiras russas são levadas para banho e higienização. Ora, a cena lembra demais as fileiras de pessoas que eram conduzidas para a câmera de gás. Seria necessário mesmo tentar arrancar algo engraçado de uma situação dessas, ainda mais poucos anos depois que o mundo descobriu o holocausto? Certamente foi uma bola fora de Wilder, que inclusive tinha origens judaicas! Em termos de elenco temos um grupo de atores bem homogêneo, separados entre os humoristas e os que tentam trazer alguma carga dramática ao filme. Entre eles quem se destaca é o astro William Holden. Ele interpreta esse sargento que tenta com esperteza sobreviver no campo, inclusive fazendo amizade com os guardas nazistas! Por isso todos começam a pensar que ele seria o traidor dos demais americanos. Mas será que ele seria mesmo o culpado? O trabalho de Holden lhe valeu o Oscar de melhor ator daquele ano. Um exagero! Não há nada demais em sua atuação. Aliás o ator fez dezenas de outros trabalhos mais consistentes e interessantes e nunca foi premiado por esses outros filmes! Coisas absurdas que aconteceram na história da Academia. Então é isso. Um filme apenas mediano que curiosamente foi estragado em parte justamente pelo humor fora de hora e inconveniente de Billy Wilder.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Farrapo Humano

Título no Brasil: Farrapo Humano
Título Original: The Lost Weekend
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Charles R. Jackson, Charles Brackett
Elenco: Ray Milland, Jane Wyman, Phillip Terry

Sinopse:
Don Birnam (Ray Milland) é um escritor fracassado que afoga suas mágoas na bebida. Sustentado pelo irmão e vivendo de bar em bar, ele tenta de alguma forma superar seu sério problema de alcoolismo. As coisas parecem tomar um rumo melhor quando conhece a doce e meiga Helen St. James (Jane Wyman) que está disposta a lutar ao seu lado contra o vício da bebida. Filme premiado com o Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Ray Milland), Melhor Direção (Billy Wilder) e Melhor Roteiro. Indicado também nas categorias de Melhor Edição, Melhor Fotografia e Melhor Música (Miklós Rózsa). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Milland) e Melhor Direção. 

Comentários:
Considerado um dos melhores dramas do cinema americano de todos os tempos. O roteiro explora os problemas pessoais que atingem um escritor afundado no alcoolismo. O personagem de Ray Milland não consegue trabalhar, avançar na vida, ficando focado apenas no próximo drink. Isso o faz bolar todo tipo de artimanha para esconder garrafas pela casa, as escondendo na janela, penduradas no lustre do teto ou dentro de encanamentos. Para continuar seu vício ele engana justamente as pessoas que lhe ajudam, como seu irmão e sua namorada, uma jovem de boa família que resolve encarar a batalha por sua liberdade da bebida, algo que não será nada fácil, pois Birnam chega ao ponto até mesmo de penhorar sua máquina de escrever apenas para garantir mais um dia de bebedeiras pela cidade. Depois vai decaindo ainda mais, chegando ao ponto mais baixo de sua existência ao roubar a bolsa de uma mulher em um restaurante, já que não havia mais como pagar pela bebida consumida. Billy Wilder também explora de forma brilhante a própria mente de seu personagem principal. Em um dos momentos mais inspirados coloca Don Birnam em uma ópera que para seu desespero completo está repleta de cenas onde os atores bebem, servem drinks e cantam levantando seus copos! Essa cena é uma das melhores do filme, mesclando o drama pessoal de Don com uma pitada de tragicomédia, que era uma especialidade do gênio Wilder. Em suma, "Farrapo Humano" ainda é uma referência na sétima arte, uma obra brilhante que nunca envelhece. Mais do que indicado para cinéfilo de renome.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de agosto de 2012

O Pecado Mora ao Lado

Eu não poderia deixar passar em branco aqui no blog a data dos 50 anos sem Marilyn Monroe. Eu sempre estou escrevendo sobre a atriz aqui, como todos os visitantes podem conferir. Também estou sempre trazendo textos sobre a atriz no blog Cinema Clássico. De fato é um prazer escrever sobre ela, um ícone que tenho especial carinho. Para relembrar que tal falar sobre "O Pecado Mora ao Lado"? Esse é um dos marcos de sua filmografia. Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação, imaginando diversas situações inusitadas. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seu imaginário. 

 “O Pecado Mora ao Lado” é um dos filmes mais lembrados de Marilyn Monroe. A cena em que ela deixa sua saia levantada com o vento vindo do metrô abaixo entrou definitivamente no inconsciente coletivo, virando símbolo de toda uma era do cinema americano da década de 50. Para a época a cena era muito ousada e chocou os conservadores. A imagem acabou virando a marca registrada da atriz, inclusive esse vestido sempre é copiado quando se quer fazer alguma referência a Marilyn em filmes, livros e até bonecos que reproduzem esse momento. Recentemente inclusive foi erguida uma estátua gigante da atriz nessa exata sequência. Apesar da importância em sua carreira da “saia ao vento” ela também trouxe vários problemas pessoais para a atriz. Acontece que justamente na noite em que filmaram essa cena o marido de Marilyn na época, o jogador de beisebol aposentado Joe Di Maggio, resolveu aparecer no set sem avisar. Como ele era um italiano casca grossa ficou chocado ao ver sua esposa exibindo as pernas e as calcinhas para um bando de marmanjos no meio da rua. Quando voltaram para casa ele a agrediu fisicamente, o que acabou virando o estopim da separação do casal. 

Essa seria mais uma crise para o diretor Billy Wilder administrar durante as complicadas filmagens. Marilyn, como sempre, deu muito trabalho ao diretor. Chegava atrasada, esquecia diálogos e tinha acessos de pânico antes de entrar em cena. Uma atitude bem diferente de seu colega de elenco, Tom Ewell, sempre muito profissional. Mesmo assim, como sempre acontecia aliás, quando o resultado chegou nas telas todos viram novamente a estrela da atriz brilhar. Ela está magnífica nesse papel que sequer tem nome, sendo identificada apenas como “The Girl” (a garota). A estrutura do filme não nega sua origem teatral (o roteiro foi escrito em cima da peça "The Seven Year Itch" de George Axerold). Tudo se passa praticamente dentro do apartamento do personagem Sherman. Em 90% do filme temos apenas Tom Ewell em divertidos monólogos ou em dueto ao lado de Marilyn. Basicamente ele imagina diversas situações que podem ou não se materializar na realidade, tudo em cima da chamada “coceira dos sete anos”, quando os maridos caem na rotina de casamentos monótonos e procuram por aventuras com mulheres mais jovens e bonitas. Tudo é desenvolvido com muito humor e ironia, bem ao estilo de Wilder. “O Pecado Mora ao Lado” é um filme divertido, irônico e um marco na carreira do cineasta Billy Wilder, que com apenas uma cena despretensiosa conseguiu construir um verdadeiro ícone cultural da história do cinema americano.  

O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, Estados Unidos, 1955) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, baseado na peça de George Axeroid / Elenco: Marilyn Monroe, Tom Ewell, Evelyn Keys, Sonny Tuftis / Sinopse: Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação, imaginando diversas situações inusitadas. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seu imaginário. [

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de maio de 2007

A Águia Solitária

O filme enfoca a travessia do oceano Atlântico por Charles Lindberg em 1927. Para quem andou cabulando as aulas de história esse foi um evento e tanto e o piloto virou automaticamente herói americano, sendo recebido por incríveis 4 milhões de pessoas quando retornou a Nova Iorque de sua famosa aventura! Em vista de todo esse clima, digamos, ufanista, não é de se admirar que o filme adote uma postura de reverência com o personagem principal. Para interpretar uma pessoa com toda essa reputação nada mais natural que chamar James Stewart, que naquele momento de sua carreira estava totalmente consagrado, não apenas por seus filmes ao lado de Frank Capra mas também por uma invejável lista de sucessos que vinha colecionando. Além disso interpretar heróis ou virtuosos era com ele mesmo! O roteiro pode ser chamado de burocrático pois não toma nenhuma grande liberdade com o fato histórico. Vamos acompanhando a travessia e como o filme não poderia se concentrar apenas no que acontecia dentro da pequenina cabine do Spirit St Louis durante duas horas de duração, os roteiristas resolveram intercalar momentos em flashback da vida de Lindberg enquanto ele vai atravessando o oceano. Funciona muito bem uma vez que evita que o espectador fique entediado.

O diretor aqui é o consagrado Billy Wilder, famoso por sua fina ironia e cinismo que usava em seus filmes. Porém aqui em "Águia Solitária" nada disso acontece. Claro que ele coloca pequenos momentos de humor aqui ou acolá mas em relação a Lindberg ele não arrisca e adota uma postura de respeito e consagração. Interessante é que anos depois a figura desse "herói" foi seriamente arranhada pois alguns historiadores afirmaram que ele tinha uma simpatia nada disfarçada pelo regime nazista! Claro que nada disso é mostrado no filme, pois foi algo que surgiu anos depois mas mesmo que não fosse o caso duvido muito que alguém fosse mexer em um vespeiro desses na época da realização do filme. Enfim, apesar dos pesares, da longa duração, do ufanismo e da falta de leveza, "Águia Solitária" é um bom entretenimento - e serve também como aula de história para os que achavam a escola um tédio!

A Águia Solitária (The Spirit of St. Louis, Estados Unidos, 1957) Direção: Billy Wilder / Elenco: James Stewart,: Murray Hamilton, Patricia Smith e Marc Connelly./ Sinopse: O piloto Charles Lindeberg (James Stewart) tenta pela primeira vez na história cruzar sozinho em seu avião o Oceano Atlântico, saindo de Nova Iorque até Paris. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Louis Lichtenfield).

Pablo Aluísio

sábado, 20 de janeiro de 2007

Cinco Covas no Egito

O diretor Billy Wilder construiu um verdadeiro clássico com foco na Segunda Guerra Mundial: "Cinco Covas no Egito" (Five Graves to Cairo - 1943). O longa, com uma bela fotografia em preto e branco do mestre John Seitz, discorre sobre a história do cabo inglês John Bramble que logo depois de ser derrotado na Batalha de Tobruk para as forças alemães de Rommel, foge pelo deserto utilizando um tanque de guerra. Extremamente fragilizado e moribundo, Bramble consegue milagrosamente chegar à Argélia e ser acolhido num pequeno hotel localizado no vilarejo de Sidi Halfaya pelo proprietário Farid e a bela camareira, Mouche, uma francesa nascida em Marselha. As coisas começam a complicar para Bramble quando Rommel - depois de arrasar Tobruk - se volta para a conquista do Cairo e de Alexandria. Mas antes dos ataques, a "raposa do deserto", decide descansar justamente no hotel onde está Bramble.

Com a chegada da comitiva alemã, o Cabo inglês, encurralado e correndo sério risco de vida, assume a identidade de Paul Davos, um dublê de informante nazista e garçom que havia trabalhado neste mesmo hotel antes de ser morto pelos ingleses no dia anterior.Bramble agora, corre contra a tempo, não só para eliminar Rommel e fugir dali, como também descobrir o quanto antes o significado da senha alemã: "Cinco Covas no Egito". Um filme excelente, com um grande elenco, um roteito maravilhoso e um show à parte do ator austríaco, Erich von Strohein no papel de Rommel.

Cinco Covas no Egito (Five Graves to Cairo, EUA, 1943) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Charles Brackett, Billy Wilder / Elenco: Franchot Tone, Anne Baxter, Akim Tamiroff, Erich von Stroheim / Sinopse: "Cinco Covas no Egito" mostra a história do cabo inglês John Bramble (Franchot Tone) que logo depois de se ver derrotado juntamente com as tropas inglêsas na Batalha de Tobruk, na Líbia (norte da África) para as forças alemães de Rommel (Erich von Stroheim), foge pelo deserto utilizando um tanque de guerra.

Telmo Vilela Jr.