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terça-feira, 28 de março de 2023

Irmão Contra Irmão

Título no Brasil: Irmão Contra Irmão
Título Original: Saddle the Wind
Ano de Lançamento: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges, Robert Parrish
Roteiro: Rod Serling, Thomas Thompson
Elenco: Robert Taylor, Julie London, John Cassavetes, Donald Crisp, Charles McGraw, Royal Dano

Sinopse:
Depois de uma vida como pistoleiro em pequenas cidades do velho oeste, Steve Sinclair (Robert Taylor) decide cuidar de um rancho na Califórnia. E Nesse novo momento de sua vida tudo parece correr certo. Ele trabalha na propriedade rural, tem um pequeno rebanho de gado e consegue viver bem, mesmo que modestamente. Só que tudo muda com a chegada de seu irmão na região. Tony Sinclair (John Cassavetes) abre caminho para uma amarga rivalidade entre irmãos. Quem sairá vencedor desse trágico duelo entre eles?

Comentários:
Eu nunca considerei o ator Robert Taylor muito adequado para estrelar filmes de faroeste. Ele sempre fez mais o tipo galã, com sombras nos olhos para parecer mais bonito nas cenas, além de sempre aparecer com figurinos e cabelos impecáveis nos filmes em que atuava. Era um homem extremamente vaidoso de sua aparência pessoal. Uma imagem que não era condizente com os cowboys e pistoleiros reais que viveram no velho oeste. Mesmo assim ele colecionou bons filmes no gênero, algo inegável de se constatar. Esse filme aqui pode ser considerado um dos melhores de sua longa filmografia. Baseada em uma boa produção do estúdio MGM e contando com a preciosa direção do especialista John Sturges, o filme se destacava mesmo entre os bons filmes de faroeste de sua época (considerada a era de ouro do western americano). O roteiro era muito bom e o elenco estava em momento de graça. Sem dúvida um belo momento do gênero na década de 1950. Por fim uma curiosidade até divertida: muitos brasileiros que gostavam  de cinema na época acreditavam que Robert Taylor era o imrão mais velho de Elizabeth Taylor! Claro que eles não tinham parentesco, apenas usavam o mesmo sobrenome artístico. A confusão era fruto mesmo da falta de informações que havia naquela época em nosso país. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A Hora da Pistola

Após um sangrento tiroteio em Tombstone o xerife Wyatt Earp (James Garner), seus irmãos e o pistoleiro Doc Holliday (Jason Robards) são julgados pelas mortes dos Clantons. Para surpresa de muitos eles são finalmente absolvidos por terem agido de acordo com a lei e em legitima defesa. Revoltado com a absolvição de todos eles, Ike Clanton (Robert Ryan) resolve fazer justiça com as próprias mãos. Ele se reúne a um grupo de foras-da-lei e fere gravemente um dos irmãos de Earp. Não satisfeito finalmente consegue encurralar e matar mais um membro da família Earp. Diante de todas as represálias Wyatt Earp resolve novamente se unir a Doc Holliday para juntos partirem para um acerto de contas final e definitivo com os Clantons. Em praticamente todos os filmes que exploram a história do lendário xerife Wyatt Earp, os eventos no OK Curral são mostrados no final, até porque não há como ter um clímax melhor do que aquele em um western. Pois bem, aqui temos algo diferente.

O confronto entre a lei e os foras-da-lei ocorre logo na primeira cena do filme. Logo não é o ponto de chegada do roteiro mas sim seu ponto de partida para a história que o espectador verá. Isso é bem interessante pois o tiroteio no OK Curral deu origem a várias outras matanças ocorridas entre os clãs Earp e Clanton. Em certos aspectos esse acerto de contas sangrento acabou se tornando mais curioso do que o próprio tiroteio famoso ocorrido em Tombstone pois revelou a verdadeira face de muitos dos personagens envolvidos naquele duelo histórico. O mais instigante é saber que tudo foi baseado em fatos reais, ou seja, a matança continuou ainda por vários meses, provando que no velho oeste sangue só era lavado com mais sangue, não havendo espaço para o perdão em nenhuma de suas modalidades. James Garner está muito bem como Wyatt Earp. Sua caracterização pode ser considerada seca e dura demais para alguns mas na verdade achei bem adequada. Garner tinha tradição de interpretar personagens mais irônicos, bem humorados, até mesmo em faroestes, mas aqui não há espaço para esse tipo de coisa. Ele está rude e casca grossa como foi o Wyatt Earp real. A verdade é que certos personagens históricos precisam de um certo respeito quando suas histórias são contadas no cinema. Não há espaço para piadinhas - o que afinal é uma ótima notícia para os fãs de westerns clássicos e tradicionais em geral. 

Já Jason Robards está na pele do mitológico Doc Holliday. Esse sempre foi um personagem à prova de falhas, temos que admitir. As características que todos conhecemos (jogador, beberrão, rápido no gatilho, tuberculoso, etc) estão todas lá. Doc foi certamente o mais trágico pistoleiro do velho oeste. Um homem que sabia que não viveria muito e por essa razão não tinha medo algum de morrer em um duelo. Talvez por isso tenha sido um matador sem remorsos, dos mais eficientes que se tem notícia. Em suma, "A Hora da Pistola" é aquele tipo de faroeste que não pode faltar em sua coleção pois ele completa e conta a história que poucos conhecem de verdade. Muitos fãs sabem bem o que aconteceu no OK Curral mas não os eventos que se seguiram, os efeitos daquele conflito. Aqui temos o aconteceu depois de tudo. Uma pequena aula de história que não se aprende na escola.

A Hora da Pistola (Hour of the Gun, Estados Unidos, 1967) Estúdio: United Artists / Direção: John Sturges / Roteiro: Edward Anhalt / Elenco: James Garner, Jason Robards, Robert Ryan, Charles Aidman, Steve Ihnat, Michael Tolan, William Windom / Sinopse: Faroeste passado no velho oeste, estrelado pelo simpático e carismático ator James Garner, contando mais uma vez a história dos irmãos Earp, de seu amigo Doc Holliday e dos famosos eventos que aconteceram após o tiroteio no OK Curral. Filme com roteiro baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Estação Polar Zebra

Um interessante produto da guerra fria. Assim podemos definir essa produção “Estação Polar Zebra”. O filme foi um dos últimos grandes sucessos da carreira do ator Rock Hudson. Ele havia trocado de agente após longos anos. Harry Wilson o havia descoberto, transformado em um astro, mas depois de algum tempo deixou de promover adequadamente seu cliente. Com a carreira devagar, quase parando, Rock resolveu mudar tudo. Despediu Wilson, saiu da Universal, seu estúdio desde o começo de sua carreira e se tornou um ator freelancer. Ele já não era o astro campeão de bilheteria de antes e teve que correr atrás do papel. Se apresentou pessoalmente ao diretor John Sturges e pediu para fazer o filme. “Eu adoraria fazer Estação Polar Zebra” – disse abrindo o jogo. Após Sean Connery desistir do filme por ser muito parecido com seu papel na série James Bond (tudo que tinha a ver com guerra fria era logo descartado por Connery nessa época) Rock finalmente foi escalado para interpretar o comandante James Ferraday.

A produção foi realizada pela MGM, um estúdio lendário em Hollywood, mas que curiosamente Rock nunca tinha trabalhado antes, mesmo após todos aqueles anos de carreira. “Estação Polar Zebra” acabou fazendo sucesso de bilheteria reerguendo temporariamente a carreira de Rock. O filme não foi apenas importante para ele no aspecto puramente profissional, mas também no lado pessoal. Ele começou um relacionamento com o diretor de publicidade do filme, iniciando um longo affair que duraria anos (os dois chegaram inclusive a vir ao Brasil durante o carnaval de 1975, onde se divertiram como nunca). Na premiere aconteceu um fato curioso. Quando estava desfilando pelo tapete vermelho, Rock ouviu uma ofensa homofóbica dirigida contra ele vinda do público.

O ator ficou em choque pois seu homossexualismo ainda era um segredo muito bem guardado. Depois dessa experiência desagradável desistiu de comparecer pessoalmente nas estreias de seus filmes. Outro aspecto positivo foi que a crítica de uma maneira em geral gostou do que viu. O tom mais sério e concentrado da produção, procurando ser realista e pé no chão, mesmo se tratando de uma aventura passada quase toda dentro de um submarino nuclear americano, conquistou até mesmo os mais ferrenhos críticos americanos.  De fato “Estação Polar Zebra” acabou se tornando o último grande êxito comercial e de crítica da carreira de Rock Hudson. Era o fim de uma era.
 
Estação Polar Zebra (Ice Station Zebra, Estados Unidos, 1968) Direção: John Sturges / Roteiro: Douglas Heyes, baseado no livro de Alistair MacLean / Elenco: Rock Hudson, Ernest Borgnine, Patrick McGoohan / Sinopse: Comandante de um submarino nuclear americano tem que lidar com uma séria crise no ciclo polar ártico. Liderando uma perigosa missão que vai até os confins gelados do planeta, ele terá que ser bem sucedido para evitar um grave incidente diplomático com os soviéticos.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de março de 2020

Fugindo do Inferno

Esse é um dos clássicos sobre a II Guerra Mundial mais lembrados pelos cinéfilos. E também é um dos filmes mais famosos do astro Steve McQueen, aqui em plena forma, prestes a se tornar um dos mais bem sucedidos atores de sua geração. Seus filmes começavam a se destacar no topo dos grandes sucessos de bilheteria e ele por sua vez entrava na lista dos mais bem pagos de Hollywood. O sucesso finalmente batia em sua porta, dessa vez para ficar. A história do filme foi baseada em fatos históricos reais, porém com toques mais dramáticos para trazer agilidade e ação ao filme como um todo. O enredo era pura emoção e adrenalina.

Tudo se passa dentro de um campo de prisioneiros de guerra do III Reich, da Alemanha nazista. Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir desse campo. O interessante é que pelo menos nessa época os alemães separavam militares inimigos presos no campo de batalha das pobres vítimas do holocausto. Depois com a deterioração completa da Alemanha as coisas ficaram mais complicadas, misturando priscioneiros de guerra com judeus. Todos acabavam nos campos de extermínio. Era uma violação direta de tratados internacionais sobre guerras mundiais como essa. 

Essa prisão retratada no filme, por outro lado, foi especialmente construída pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso, o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, o clássico e aclamado faroeste "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio de cinema. São produções irmãs, vamos colocar nesses termos.

E se comparar bem os dois filmes veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima da média. Melhor do que o faroeste anterior. Tudo fruto, é óbvio, do grande sucesso do primeiro filme. Nesse filme de guerra a direção do cineasta John Sturges se destaca. Sempre o considerei um diretor subestimado na história de Hollywood. Provavelmente não lhe davam o devido valor porque seus filmes eram bem populares e tinham grande apelo junto ao público. O velho preconceito contra filmes que eram considerados comerciais demais. Bobagem. Pessoalmente considerado esse filme aqui uma verdadeiro obra-prima do cinema.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga, que realmente aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial. Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. A cena em que Steve McQueen pula a cerca do campo com uma moto também é puramente ficcional. Acabou se tornando a cena mais famosa do filme. De qualquer forma isso não desmerece as qualidades do filme. Afinal cinema tem sua própria linguagem e em determinados momentos exige uma certa mudança do que efetivamente aconteceu no mundo real. "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Um marco nesse gênero cinematográfico.

Fugindo do Inferno (The Great Escape, Estados Unidos, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial um grupo de prisioneiros é enviado para um campo de prisioneiros do exército alemão. Os que estão ali são especializados em fugas, por isso o lugar passa a ter forte esquema de segurança, o que não impede dos militares aliados de procurarem por novos meios de fugir daquele inferno. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição (Ferris Webster). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Joe Kidd

Joe Kidd (Clint Eastwood) é preso por um crime menor. Ele foi pego pelo xerife caçando em uma reserva natural, o que era proibido por lei. Levado a julgamento, ele tem uma surpresa quando o tribunal é invadido por um bandoleiro mexicano chamado Luis Chama (John Saxon). Ele intimida o juiz, afirmando que não há mais justiça naquela região onde latifundiários americanos roubam as terras que eram tradicionalmente povoadas por colonos mexicanos. Ele cansou de esperar por lei e ordem e resolve agir por conta própria, comandando um grupo de pistoleiros e assassinos. Imediatamente uma força tarefa é organizada pelo xerife para capturar o foragido mexicano, mas tudo em vão. Entra em cena então o pistoleiro e caçador de recompensas Frank Harlan (Robert Duvall). Já que o xerife é um fraco, os grandes fazendeiros resolvem contratar um profissional. Seu objetivo é encontrar Chama e seus homens, para liquidar com todos eles. Harlan conhece o passado de Joe Kidd. Sabe que há muitos anos ele foi um conhecido caçador de recompensas e matador como ele. Assim resolve oferecer um valor irrecusável a ele, para entrar no bando que vai ao deserto em busca do revolucionário bandoleiro. Com certo receio Kidd acaba aceitando o convite, dando início a uma verdadeira caçada humana pelos desertos da fronteira entre Estados Unidos e México.

Esse "Joe Kidd" é mais um filme da fase americana da carreira de Clint Eastwood. Como se sabe ele ficou muitos anos trabalhando na Itália ao lado do diretor Sergio Leone. Com o sucesso de produções como "Por um Punhado de Dólares", "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito", Clint virou um astro dos filmes de faroeste. De volta aos Estados Unidos ele começou uma nova safra de filmes do gênero. Esse aqui foi rodado logo após Clint estrelar um de seus grandes sucessos, "Perseguidor Implacável", o primeiro com o personagem do policial durão Dirty Harry.Apesar do êxito comercial desse filme de ação, Clint não queria abandonar o gênero western. "Joe Kidd" é certamente um bom filme, mas ainda fica bem abaixo de outras obras primas que Clint ainda iria participar como "Um Estranho Sem Nome" e "O Cavaleiro Solitário". Esses dois são certamente os melhores que ele fez nos anos seguintes. Mesmo assim não deixa de ser muito bom ver Clint Eastwood dirigido pelo mestre John Sturges, um veterano dos filmes de faroeste, que havia dirigido um dos grandes clássicos do estilo, o aclamado "Sete Homens e um Destino". Com tantos nomes importantes envolvidos em sua realização esse "Joe Kidd" é certamente um item obrigatório na coleção de todo fã de western que se preze.

Joe Kidd (Joe Kidd, Estados Unidos, 1972) Direção: John Sturges / Roteiro: Elmore Leonard / Elenco: Clint Eastwood, Robert Duvall, John Saxon, Don Stroud, Stella Garcia, James Wainwright / Sinopse: Joe Kidd (Clint Eastwood), um ex-caçador de recompensas e pistoleiro, se une ao bando de Frank Harlan (Robert Duvall), para caçar um agitador e bandoleiro mexicano Luis Chama (John Saxon), que almeja vingança contra fazendeiros e colonos americanos que ocuparam terras que tradicionalmente eram pertencentes aos povos do México.

Pablo Aluísio. 

sábado, 21 de dezembro de 2019

Sem Lei e Sem Alma

Entre tantas histórias que ficaram célebres no velho oeste poucas conseguiram alcançar a fama do tiroteio ocorrido no Ok Corral em Tombstone, Arizona. De um lado o lendário xerife Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas). Do outro lado o bando dos irmãos Clanton. Ambos se enfrentaram face a face, cada um a poucos metros do outro, armas em punho, um duelo que entrou para a história e que foi fartamente explorado no cinema durante todos esses anos. Esse "Sem Lei e Sem Alma" é até hoje considerado uma das melhores versões já feitas sobre o evento. O roteiro é extremamente bem trabalhado, nitidamente dividido em dois atos que se fecham e se complementam de forma perfeita. No primeiro ato acompanhamos a chegada de Wyatt Earp numa pequena cidade do velho oeste. Ele vem no encalço de Johnny Ringo (John Ireland) e seu bando. Lá se aproxima do pistoleiro e jogador inveterado Doc Holliday e acaba salvando sua vida ao ajudá-lo a fugir de seu próprio linchamento. No segundo ato encontramos os personagens já em Tombstone, a lendária cidade, onde nos 15 minutos finais do filme ocorrerá o famoso confronto no O.K. Corral.

Burt Lancaster e Kirk Douglas estão perfeitos em seus papéis. Kirk Douglas em especial encontrou grande afinidade entre sua própria personalidade expansiva e extrovertida e a figura do lendário Doc Holliday. Esse como já tive a oportunidade de escrever é realmente um personagem à prova de falhas. Um dentista corroído pela tuberculose que ocupava todo seu tempo jogando cartas e se envolvendo em confusões pelas cidadezinhas por onde passava. O que fazia de Doc um ótimo pistoleiro é que seu instinto de preservação já não era tão acentuado pois sempre se via no limite, à beira da morte, por isso para ele tanto fazia morrer em um tiroteio ou escapar vivo para mais um duelo à frente. Sua frieza e pontaria certeira o transformaram em uma lenda do velho oeste. Já Wyatt Earp também encontrou um ator ideal em Burt Lancaster. Íntegro, honesto e temido, procurava manter a lei em uma região infestada de facínoras e bandoleiros. O duelo no O.K. Curral foi apenas uma das inúmeras histórias envolvendo esse famoso homem da lei.

Para finalizar é bom salientar que a despeito de sua imensa qualidade cinematográfica, "Sem Lei e Sem Alma" não é completamente fiel aos fatos históricos. O próprio duelo final, razão de existência do filme, não ocorreu da forma mostrada no filme. De fato os eventos reais foram bem mais simples, pois os dois grupos rivais estavam frente a frente, a poucos metros uns dos outros. No filme há toda uma sequência de cenas que não existiram, como a queima da carroça, por exemplo. Johnny Ringo, o famoso pistoleiro, também não estava no confronto do O.K. Ele foi morto tempos depois no meio do deserto. Suspeita-se que foi morto por Doc Holliday pois ambos tinham uma rivalidade antiga que só seria resolvida com armas em punho. De qualquer forma esses detalhes em nada diminuem a extrema qualidade de "Sem Lei e Sem Alma", que hoje é considerado merecidamente um dos melhores filmes clássicos de western já realizados. Uma obra-prima certamente.

Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the O.K. Corral, Estados Unidos, 1957) Direção: John Sturges / Roteiro: Leon Uris baseado no artigo escrito por George Scullin / Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet, John Ireland, Frank Faylen, Ted de Corsia, Dennis Hopper, DeForest Kelley, Martin Milner / Sinopse: Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas) resolvem enfrentar cara a cara um bando de ladrões de gado no O.K. Corral em Tombstone, Arizona.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Fugindo do Inferno

Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio. Se compararmos os dois porém veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima do anterior, fruto é óbvio do grande sucesso do famoso western. Por trás das câmeras se sobressai o trabalho do excelente (e subestimado) John Sturges, que aqui entrega uma pequena obra prima dos filmes de guerra.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.

Fugindo do Inferno (The Great Escape, EUA, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

A Noite de 23 de Maio

Título no Brasil: A Noite de 23 de Maio
Título Original: Mystery Street
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges
Roteiro: Sydney Boehm, Richard Brooks
Elenco: Ricardo Montalban, Sally Forrest, Bruce Bennett, Elsa Lanchester, Marshall Thompson, Jan Sterling

Sinopse:
Peter Moralas (Ricardo Montalban) é um detetive que procura solucionar um crime. Um corpo foi encontrado nas areias de uma praia deserta localizada em
Massachusetts. Ele então decide contar com a ajuda de um professor de Harvard,  o Dr. McAdoo (Bruce Bennett), um expert em cenas de crime. A dupla então começa a desvendar o mistério do assassinato.

Comentários:
O ator Ricardo Montalban fez muito sucesso em Hollywood. Ele era mexicano e acabou sendo escalado para interpretar personagens estrangeiros, em papéis exóticos. Acabou criando um nicho próprio dentro da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Aqui ele está muito bem como um detetive ao estilo cinema noir. Até o figurino segue o tradicional, com sobretudo e capa, chapéu e cigarro no canto da boca. Poderia ser Bogart, mas era Montalban. Aliás o roteiro foi escrito pensando-se nesse outro ator, mas como ele nao pôde atuar, o detetive acabou sendo interpretado por Ricardo. Não ficou mal, de jeito nenhum. O resultado ficou tão bom que o filme acabou sendo indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro, algo que ninguém esperava. Filmes de detetives particulares desvendando crimes eram como os filmes de faroeste, esnobados pelos membros da academia.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de junho de 2018

Sem Lei e Sem Alma

Entre tantas histórias que ficaram célebres no velho oeste poucas conseguiram alcançar a fama do tiroteio ocorrido no Ok Corral em Tombstone, Arizona. De um lado o lendário xerife Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas), do outro lado o bando dos irmãos Clanton. Ambos se enfrentaram face a face, cada um a poucos metros do outro, armas em punho, um duelo que entrou para a história e que foi fartamente explorado no cinema durante todos esses anos. Esse "Sem Lei e Sem Alma" é até hoje considerado uma das melhores versões já feitas sobre o evento. O roteiro é extremamente bem trabalhado, nitidamente dividido em dois atos que se fecham e se complementam de forma perfeita. No primeiro ato acompanhamos a chegada de Wyatt Earp numa pequena cidade do velho oeste. Ele vem no encalço de Johnny Ringo (John Ireland) e seu bando. Lá se aproxima do pistoleiro e jogador inveterado Doc Holliday e acaba salvando sua vida ao ajudá-lo a fugir de seu próprio linchamento. No segundo ato encontramos os personagens já em Tombstone, a lendária cidade, onde nos 15 minutos finais do filme ocorrerá o famoso confronto no O.K. Corral.

Burt Lancaster e Kirk Douglas estão perfeitos em seus papéis. Kirk Douglas em especial encontrou grande afinidade entre sua própria personalidade expansiva e extrovertida e a figura do lendário Doc Holliday. Esse como já tive a oportunidade de escrever é realmente um personagem à prova de falhas. Um dentista corroído pela tuberculose que ocupava todo seu tempo jogando cartas e se envolvendo em confusões pelas cidadezinhas por onde passava. O que fazia de Doc um ótimo pistoleiro é que seu instinto de preservação já não era tão acentuado pois sempre se via no limite, à beira da morte, por isso para ele tanto fazia morrer em um tiroteio ou escapar vivo para mais um duelo à frente. Sua frieza e pontaria certeira o transformaram em uma lenda do velho oeste. Já Wyatt Earp também encontrou um ator ideal em Burt Lancaster. Íntegro, honesto e temido, procurava manter a lei em uma região infestada de facínoras e bandoleiros. O duelo no O.K. Curral foi apenas uma das inúmeras histórias envolvendo esse famoso homem da lei. Para finalizar é bom salientar que a despeito de sua imensa qualidade cinematográfica, "Sem Lei e Sem Alma" não é completamente fiel aos fatos históricos. O próprio duelo final, razão de existência do filme, não ocorreu da forma mostrada no filme. De fato os eventos reais foram bem mais simples, pois os dois grupos rivais estavam frente a frente, a poucos metros uns dos outros. No filme há toda uma sequência de cenas que não existiram como a queima da carroça, por exemplo. Johnny Ringo, o famoso pistoleiro, também não estava no confronto do O.K. Ele foi morto tempos depois no meio do deserto. Suspeita-se que foi morto por Doc Holliday pois ambos tinham uma rivalidade antiga que só seria resolvida com armas em punho. De qualquer forma esses detalhes em nada diminuem a extrema qualidade de "Sem Lei e Sem Alma", que hoje é considerado merecidamente um dos melhores westerns já realizados. Uma obra prima certamente.

Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the O.K. Corral, Estados Unidos, 1957) Direção: John Sturges / Roteiro: Leon Uris baseado no artigo escrito por George Scullin / Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet, John Ireland, Frank Faylen, Ted de Corsia, Dennis Hopper, DeForest Kelley, Martin Milner / Sinopse: Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas) resolvem enfrentar cara a cara um bando de ladrões de gado no O.K. Corral em Tombstone, Arizona.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de maio de 2018

Duelo na Cidade Fantasma

Jake Wade (Robert Taylor) tem uma vida feliz. É xerife de uma pequena cidade no velho oeste e está para se casar com a bela Peggy (Patrícia Owens). Seu presente é realmente muito promissor e estável, o único problema realmente é seu passado. Embora esteja como homem da lei, Jake foi um bandoleiro, assaltante de bancos e trens quando era bem mais jovem e agora seu antigo bando está de volta. Liderados pelo insano Clint Hollister (Richard Widmark) ele querem um acerto de contas com Jake pois esse enterrou há muitos anos 20 mil dólares, fruto de um assalto que realizaram juntos. Após o sequestrarem ao lado de sua noiva vão para uma cidade fantasma no meio do deserto onde Jake afirma estar enterrado o dinheiro. Mas será mesmo? “Duelo na Cidade Fantasma” é um bom  western da Metro. Com excelente produção e dirigido pelo mestre  John Sturges, esse é aquele tipo de faroeste que o espectador não consegue desgrudar os olhos da tela. Isso porque a tensão crescente permeia toda a trama. Estando ambos sequestrados e com mãos amarradas o xerife Jake (Taylor) tenta de todas as formas encontrar uma saída pois todos sabem que a intenção de Clint (Widmark) é realmente colocar as mãos no dinheiro para depois liquidar o xerife e sua noiva.

O elenco é liderado pelo galã Robert Taylor. Aqui ele aproveita para usar um figurino todo negro, com um lenço vermelho no pescoço. Boa pinta e com ótima dicção, Taylor não diz muito a que veio. Obviamente como passa praticamente todo o filme amarrado realmente não haveria como disponibilizar uma atuação melhor. Em vista disso quem realmente domina a cena é Richard Widmark que tem as melhores cenas e os mais bem escritos diálogos. Ele está excelente na pele do facínora Clint, um sujeito sem valores morais que só deseja uma coisa: se apoderar do dinheiro do assalto há muito tempo enterrado. Pessoalmente não gosto de muitos títulos nacionais que foram dados a faroestes americanos no Brasil mas esse aqui até que se revela adequado. A tal cidade fantasma, um lugarejo perdido em Alabama Hills realmente acaba se tornando um dos personagens do filme. Cercados por comanches por todos os lados o desolado lugar traz forte impacto para a situação em que vivem Clint e Jake. O diretor John Sturges constrói nesse lugar um excelente conflito psicológico entre os dois elos de conflito, resultando tudo em um ótimo faroeste de tensão. Para finalizar um adendo aos fãs de Jornada nas Estrelas: O carismático ator DeForest Kelley faz parte do elenco como um dos bandidos do bando de Clint. Em conclusão fica a dica para os fãs de western: “Duelo na Cidade Fantasma”, um filme acima da média, com muito conflito psicológico e tensão. Não deixe de assistir.

Duelo na Cidade Fantasma (The Law and Jake Wade, Estados Unidos, 1958) Direção: John Sturges / Roteiro: William Bowers baseado no romance de Marvin H. Albert / Elenco: Robert Taylor, Richard Widmark, Patricia Owens, DeForest Kelley, Robert Middleton, Henry Silva / Sinopse: Jake Wade (Robert Taylor) é um xerife com passado nebuloso que se vê de repente na frente de seu antigo bando. Eles querem o dinheiro de um assalto realizado no passado. Clint (Richard Widmark) resolve seqüestrar o xerife e sua noiva para que eles o levem ao local onde os 20 mil dólares estariam enterrados. O clima de tensão está armado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A Fuga do Forte Bravo

Título no Brasil: A Fera do Forte Bravo
Título Original: Escape from Fort Bravo
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges
Roteiro: Frank Fenton, Phillip Rock
Elenco: William Holden, Eleanor Parker, John Forsythe
  
Sinopse:
Por ser localizado em uma região distante e isolada, bem no meio do deserto, o Forte Bravo acaba se transformando em uma guarnição militar que ao mesmo tempo funciona como prisão de soldados confederados durante a Guerra Civil Americana. Cabe ao Capitão Roper (William Holden) a missão de capturar eventuais fugitivos, os caçando pelas areias escaldantes do deserto. Dono de um estilo duro e disciplinador, ele logo passa a ser hostilizado pelos prisioneiros. Para Roper porém essa é a menor de suas preocupações, pois o Forte está localizado em território hostil, rodeado por montanhas cheias de indígenas Mescaleros.

Comentários:
O cineasta John Sturges foi um dos grandes mestres do western americano. Aqui ele novamente entrega uma bela obra cinematográfica que certamente não vai decepcionar os fãs do gênero. O enredo do filme se passa no Forte Bravo, um regimento longínquo do exército americano. Cabia a essa divisão a incumbência de enfrentar as tribos selvagens do local, garantindo segurança e domínio sobre aquelas terras distantes. Como é localizado nos confins do oeste o governo americano logo transforma o lugar em uma prisão para rebeldes confederados. Não tarda e as hostilidades logo crescem entre ianques e sulistas. Eles porém precisam enfrentar um inimigo em comum, os Mescaleros, índios conhecidos por seu estilo guerreiro e selvagem. O roteiro se desenvolve assim em três atos básicos, um dentro do Forte Bravo quando Roper retorna de uma missão de captura, o segundo quando prisioneiros fogem para o deserto e finalmente o terceiro, quando Roper e seus homens são encurralados pelos indígenas. O argumento pretende demonstrar que não havia muito sentido na luta entre soldados da União e da Confederação, porque no final das contas todos eles eram americanos. Os Mescaleros acabam funcionando assim como um fator de união entre eles, pois diante de um inimigo comum o que valia mesmo era a luta pela América, por sua nação.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Joe Kidd

Joe Kidd (Clint Eastwood) é preso por um crime menor. Ele foi pego pelo xerife caçando em uma reserva natural, o que era proibido por lei. Levado a julgamento, ele tem uma surpresa quando o tribunal é invadido por um bandoleiro mexicano chamado Luis Chama (John Saxon). Ele intimida o juiz, afirmando que não há mais justiça naquela região onde latifundiários americanos roubam as terras que eram tradicionalmente povoadas por colonos mexicanos. Ele cansou de esperar por lei e ordem e resolve agir por conta própria, comandando um grupo de pistoleiros e assassinos. Imediatamente uma força tarefa é organizada pelo xerife para capturar Chama, mas tudo em vão. Entra em cena então o pistoleiro e caçador de recompensas Frank Harlan (Robert Duvall). Já que o xerife é um fraco, os grandes fazendeiros resolvem contratar um profissional. Seu objetivo é encontrar Chama e seus homens, para liquidar com todos eles. Harlan conhece o passado de Joe Kidd. Sabe que há muitos anos ele foi um conhecido caçador de recompensas e matador como ele. Assim resolve oferecer um valor irrecusável a ele, para entrar no bando que vai ao deserto em busca do revolucionário bandoleiro Luis Chama. Com certo receio Kidd acaba aceitando o convite, dando início a uma verdadeira caçada humana pelos desertos da fronteira entre Estados Unidos e México.

Esse "Joe Kidd" é mais um filme da fase americana da carreira de Clint Eastwood. Como se sabe ele ficou muitos anos trabalhando na Itália ao lado do diretor Sergio Leone. Com o sucesso de produções como "Por um Punhado de Dólares", "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito", Clint virou um astro dos filmes de faroeste. De volta aos Estados Unidos ele começou uma nova safra de filmes do gênero. Esse aqui foi rodado logo após Clint estrelar um de seus grandes sucessos, "Perseguidor Implacável", o primeiro com o personagem do policial durão Dirty Harry.Apesar do êxito comercial desse filme de ação, Clint não queria abandonar o gênero western. "Joe Kidd" é certamente um bom filme, mas ainda fica bem abaixo de outras obras primas que Clint ainda iria participar como "Um Estranho Sem Nome" e "O Cavaleiro Solitário". Esses dois são certamente os melhores que ele fez nos anos seguintes. Mesmo assim não deixa de ser muito bom ver Clint Eastwood dirigido pelo mestre John Sturges, um veterano dos filmes de faroeste, que havia dirigido um dos grandes clássicos do estilo, o aclamado "Sete Homens e um Destino". Com tantos nomes importantes envolvidos em sua realização esse "Joe Kidd" é certamente um item obrigatório na coleção de todo fã de western que se preze.

Joe Kidd (Joe Kidd, Estados Unidos, 1972) Direção: John Sturges / Roteiro: Elmore Leonard / Elenco: Clint Eastwood, Robert Duvall, John Saxon, Don Stroud, Stella Garcia, James Wainwright / Sinopse: Joe Kidd (Clint Eastwood), um ex-caçador de recompensas e pistoleiro, se une ao bando de Frank Harlan (Robert Duvall), para caçar um agitador e bandoleiro mexicano Luis Chama (John Saxon), que almeja vingança contra fazendeiros e colonos americanos que ocuparam terras que tradicionalmente eram pertencentes aos povos do México.

Pablo Aluísio. 

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Águia Pousou

O filme narra o planejamento e execução de um plano no mínimo ousado. Um grupo de paraquedismo alemão liderado pelo Coronel Kurt (Michael Caine) vai até a Inglaterra com o objetivo de sequestrar, ou caso isso seja impossível, matar o primeiro ministro Winston Churchill. O roteiro é detalhista, mostrando desde os bastidores do plano (onde até Himmler, o braço direito de Hitler, dá as caras) até a execução propriamente dita, onde os paraquedistas disfarçados de tropas polonesas tentam dar cabo à missão. A fita é bem produzida e mantém o interesse. Hoje em dia os mais jovens vão achar um pouco arrastado, isso porque estão acostumados a filmes de ação sem freios, onde tudo acontece em ritmo alucinante. "A Águia Pousou" foi produzido nos anos 70 e naquele tempo havia sempre um capricho nos roteiros, onde davam bastante prioridade em desenvolver melhor todos os personagens. Há um lado bom e um ruim nesse aspecto. Sub tramas desnecessárias poderiam ser removidas sem prejuízo ao filme, como por exemplo o romance entre Liam Devlin (Donald Sutherland) e uma moradora local. Já pelo lado positivo com personagens bem mais desenvolvidos o espectador acaba criando vínculo maior com eles.

O elenco está todo bem. Entre as boas interpretações duas se destacam, a de Robert Duvall no papel do Coronel Max Radl e de Donald Pleasence no papel de Heinrich Himmler. Pleasence tem poucas cenas mas todas elas são um primor, nos fazendo lembrar bem do braço direito de Hitler. Outro destaque é a presença do ator Treat Williams, novinho, interpretando um capitão aliado. Williams infelizmente não faria muito sucesso no cinema mas anos depois encontraria finalmente seu nicho na TV, participando de boas séries, como por exemplo, "Everwood". Em suma, bom filme de guerra da década de 70 que se não é tão bom quanto os grandes clássicos pelo menos em momento algum decepciona.

A Águia Pousou (The Eagle Has Landed, Estados Unidos, 1976) Direção: John Sturges / Roteiro: Tom Mankiewicz baseado no livro de Jack Higgins / Elenco: Michael Caine, Donald Sutherland, Robert Duvall / Sinopse: O filme narra o planejamento e execução de um plano no mínimo ousado. Um grupo de paraquedismo alemão liderado pelo Coronel Kurt (Michael Caine) vai até a Inglaterra com o objetivo de sequestrar, ou caso isso seja impossível, matar o primeiro ministro Winston Churchill.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Conspiração Do Silêncio

Construído em cima do roteiro espetacular de Millard Kaufman, o clássico "Conspiração do Silêncio" (Bad Day at Black Rock - 1955) é um filme acima da média e de valores e gêneros agregados, como: western, suspense e drama. O elenco é estelar e encabeçado por nada menos que Spencer Tracy, Robert Ryan, Ernest Borgnine e Lee Marvin. Cabe ao próprio Tracy a tarefa de roubar as cenas (ou quase todas) no papel de John MacReed, um ex-combatente da Segunda Guerra e deficiente físico (ele não tem um dos braços). O longa começa com MacReed desembarcando de trem, na árida, calorenta e praticamente inóspita cidade de Black Rock. Reed, chega com apenas uma mala e uma missão: entregar a um nipo-americano de nome Komako, a Medalha de Mérito que pertenceu a seu filho, morto em batalha na guerra. Para MacReed, encontrar Komako e devolver-lhe a medalha era uma questão de honra, pois o filho do japonês havia morrido para salvar a sua vida. Mas o que o forasteiro não contava, era com o clima extremamente hostil e criminoso dos habitantes da pequena cidade. Liderados pelo brutamontes, Reno Smith (Robert Ryan) e seu braço direito, Coley Trimble (Ernest Borgnine) a turba de capangas faz de tudo para atrapalhar o ex-combatente em sua busca. O filme vai crescendo em tensão na medida em que MacReed vai ficando mais perto da verdade. Numa cena fantástica e rara para os filmes de Hollywood na época, Reed enfrenta Coley Trimble num bar aplicando-lhe golpes de Jiu-Jitsu. Uma homenagem ao filho japonês de Komako.

A busca por Komako se arrasta, e o calor seco e insuportável da cidadezinha se contrapõe ao gelo e a insanidade de Reno e seus capangas. A inquietação crescente de MacReed confronta-se com a violência surda e muda de uma cidade que não ouve e também não lhe dá uma resposta sequer. O silêncio monstruoso dos habitantes é intransponível. É a piscina lamacenta que Reed tem que atravessar para tentar lavar a sua alma agradecida. O tempo vai passando e o binômio que rege o filme, silêncio-segredo, dá lugar as vicissitudes de um roteiro primoroso que aos poucos vai transformando, o até então desacreditado, Reed num organismo furioso e vingativo empurrando-o para um inexorável confronto, violento e explosivo com Reno e a bandidagem da cidade. O filme, pouco conhecido no Brasil, é uma jóia rara e, com toda a certeza, o maior papel da carreira do excepcional Spencer Tracy e um dos melhores dirigidos pelo ótimo John Sturges. Foi também o primeiro filme da Metro a ser rodado no formato Widescreen. A dupla, Tracy e Sturges, voltaria a fazer sucesso no clássico "O Velho e o Mar" (1958). Outra curiosidade é que o primeiro filme da série Rambo. "Rambo, Programado para Matar" (1982), teve como inspiração, o roteiro de Conspiração do Silêncio. Nota 10

Conspiração do Silêncio (Bad Day at Black Rock, EUA, 1955) Direção: John Sturges / Roteiro: Millard Kaufman, Don McGuire / Elenco: Spencer Tracy, Robert Ryan, Anne Francis, Dean Jagger, Ernest Borgnine, Lee Marvin / Sinopse: Jonh MacReed (Spencer Tracy) é um veterano da II Guerra Mundial que vai até uma distante cidade chamada Black Rock para entregar a medalha do mérito a um pai cujo filho foi morto em combate.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Três Sargentos

Algumas coisas não dão para entender. Como é que um filme que reúne todo o Rat Pack consegue não ter música e o pior, ser tão sem graça? O problema de "Três Sargentos" é justamente esse: a fita se leva à sério demais! Um filme que reúna Sinatra, Martin e Davis, Jr não poderia nunca ser tão convencional como esse. O filme não tem nenhuma canção, nada! Para piorar o humor é deixado de lado. Apenas uma cena investe nesse aspecto, a cena inicial com os 3 sargentos dentro do bar. Após uma briga ao estilo pastelão o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha mas que nada! - inexplicavelmente muda de tom e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas.

Sinatra apenas passeia no filme. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos. De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme não é mal feito mas a cenografia soa fake demais. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino" mas o deixou em rédeas curtas. Com o projeto sob controle Frank colocou toda a trupe no elenco (inclusive Peter Lawford, cunhado do presidente John Kennedy e péssimo ator) em um western que não deu muito certo. Seria bem melhor se fosse assumidamente cômico, com muitas canções. Não adianta muito ter grandes cantores em cena se não os utilizarem não é mesmo?

Três Sargentos (Sergeants 3, EUA, 1962) / Direção de John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra contra o homem branco.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Punidos Pelo Proprio Sangue

Richard Widmark foi um astro do cinema em sua época. Um astro diferente, pois não raro interpretava anti-heróis. Esse faroeste foi um dos sucessos comerciais de sua carreira, onde foi dirigido pelo mestre John Sturges, com roteiro baseado na novela de western escrita por  Frank Gruber. Era comum esse tipo de adaptação pois a literatura de faroeste era uma das mais populares, vendendo milhares de livros todos os anos. O gênero não existia apenas no cinema, mas em novelas, livros, contos publicados em jornais de grande circulação, etc. E qual é a história contada nesse filme de western? Jim Slater (Richard Widmark) é um cowboy em busca de suas origens. Há muitos anos tenta encontrar seu pai mas em vão. Até que seguindo pistas ele chega numa velha cidade do oeste americano. Lá descobre que seu pai foi morto numa emboscada apache nas montanhas rochosas. Embora o relato seja digno de acreditar, Slater resolve ir mais a fundo e sai em busca de testemunhas do que aconteceu. Além disso há rumores que seu pai carregava uma bela quantia em ouro que havia descoberto na mina em que trabalhava. Teria sido morto mesmo por Apaches ou a cobiça dos homens brancos da região falou mais alto?

O excelente cineasta John Sturges não assinava bobagens. E quando o tema era o velho oeste a coisa ficava muito mais séria. Aqui temos um faroeste com um roteiro extremamente bem escrito e ótimas atuações. Ele se empenhou bastante na realização desse filme, dando inclusive retoques no roteiro. Queria reforçar o aspecto de mistério de seu enredo. Infelizmente o título nacional entrega a solução do mistério que ronda toda a trama, mas nada podemos fazer sobre isso - pelo visto não é de hoje que temos títulos nacionais equivocados não é mesmo?

Pois bem, o enredo se passa no Arizona em 1870 e isso significa cidadezinhas empoeiradas no meio do deserto hostil. Richard Widmark passa o tempo todo com um figuro marrom (me lembrou até do famoso pioneiro Daniel Boone) e cai de amores pela mocinha Donna Reed (jovem e bonita, de cabelos curtos). O ator interpreta um verdadeiro personagem dúbio, ora agindo como mocinho, ora como vilão. No geral é um bom faroeste, movimentado, com perseguições de diligências, tiroteios em saloons e brigas no meio da areia do deserto. A fotografia foi valorizada, pois a região onde tudo foi filmado era bem bonita, com longas encostas montanhosas. Enfim, para matar saudades de Richard Widmark e seu estilo durão, com personagens que oscilavam entre o bem e o mal.

Punidos Pelo Proprio Sangue (Backlash, Estados Unidos, 1956) Estúdio: Universal International Pictures / Direção:  John Sturges / Roteiro: Frank Gruber, Borden Chase / Elenco: Richard Widmark, Donna Reed, William Campbell / Sinopse: Durante o velho oeste americano um homem desconhecido chega em uma pequena cidade do interior em busca de respostas, sobre a morte de seu pai. Ele quer saber tudo o que aconteceu para se vingar do assassino cuja identidade terá que descobrir.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Sete Homens e Um Destino

Moradores de um pacato vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach). Refilmagem americana do filme "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa. Uma das grandes ideias dos roteiristas foi transpor a estória para o velho oeste, pois essa é a verdadeira mitologia americana. Saem os samurais e entram os pistoleiros e cowboys do filme. Nada mais adequado. Mas não foi apenas por essa adaptação que a produção se tornou um clássico. Provavelmente esse seja o western com a mais lembrada e famosa música tema da história do cinema. Muito evocativa e tocada várias vezes ao longo do filme em diversas versões diferentes logo fica claro porque se tornou um marco no estilo. Elmer Bernstein era realmente um grande compositor como bem demonstrado aqui. Basta a música tocar para o espectador entrar imediatamente no clima do gênero western.

Outro ponto muito forte de "The Magnificent Seven" é seu elenco acima da média, liderado pelos carismas de Yul Brynner e Steve McQueen, ambos estrelas em ascensão em Hollywood na época. Os sete pistoleiros contratados para defender a pequena vila são variações do velho mito do cavalheiro solitário e errante (como bem resume uma cena em que eles discutem sobre os prós e contras da vida que levam). O elenco de apoio é excepcionalmente bom, com destaque para Charles Bronson (ainda em sua fase de coadjuvante), Robert Vaughn (que iria virar astro da TV anos depois) e James Coburn (um dos atores que melhor personificou pistoleiros em filmes de faroeste). Produzido pela Mirisch cia, a produção não é muito rica (essa empresa era especializada em fitas B que depois eram distribuídas pelos grandes estúdios como Universal e MGM) mas esse pequeno detalhe não compromete o filme em nenhum momento. Já a direção do veterano John Sturges é eficiente (embora um corte na duração final cairia bem). De qualquer forma não há como negar que para quem gosta de western esse é sem dúvida um filme obrigatório.

Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, Estados Unidos, 1960) Direção: John Sturges / Roteiro: William Roberts / Musica: Elmer Bernstein / Elenco: Steve McQueen, Yul Brynner, Charles Bronson, Eli Wallach, Robert Vaughn, James Coburn / Sinopse: Moradores de um pacata vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Os Três Sargentos

O cantor Frank Sinatra reuniu sua turma de amigos, contratou o diretor John Sturges e rodou esse faroeste em 1962. O resultado não ficou tão bom. O roteiro apresentou problemas, não se posicionou entre ser uma comédia ou um filme sério de western. Na indecisão o espectador acabou perdendo parte de seu interesse. Outra coisa que faz falta é a ausência de uma trilha sonora. Afinal ter dois dos maiores cantores da história em um filme e não explorar esse talento soa absurdo. Frank Sinatra e Dean martin estão lá, mas não cantam. Apenas tentam fazer cenas divertidas. Não deu muito certo. O filme começa como comédia pastelão. Os três protagonistas estão em um bar. Após uma briga ao estilo dos antigos filmes do trio "Os Três Patetas", o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha, mas não é bem isso que acontece depois. Inexplicavelmente o tom do filme muda e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas. Frank Sinatra não se esforça e nem parece muito interessado no filme. Na verdade ele apenas passeia entre as cenas. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos.

De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme como um todo não é mal feito, mas o cenário, nessa cena em particular, não parece nada realista. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino", mas o deixou em rédeas curtas. E isso atrapalhou o filme. Sinatra nem sempre tinha as melhores ideias, mas sem um diretor com autoridade, elas acabaram entrando no filme. Então é isso. Um faroeste que muito provavelmente não exisitiria sem Frank Sinatra, mas que acabou sendo prejudicado justamente por ele.

Os Três Sargentos (Sergeants 3, Estados Unidos, 1962) Direção: John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Três sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto, entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra total contra o homem branco.

Pablo Aluísio.