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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Charada

Charada
Nesse filme a atriz Audrey Hepburn interpreta uma norte-americana em Paris que precisa lidar não apenas com a morte misteriosa de seu marido, mas também com um grupo de homens desconhecidos que passam a lhe perseguir pelas ruas da capital francesa. Eles parecem querer alguma coisa, a localização de uma fortuna que teria sido roubada por seu marido quando ele estava prestando serviço militar durante a segunda guerra mundial. Na época um pelotão de soldados americanos decidiu roubar uma fortuna que havia sido deixada pelos nazistas. Depois do fim da guerra houve uma série de traições entre eles, ficando todo o dinheiro nas mãos desse que foi morto. Só que o mistério persiste: onde foi parar todo aquele dinheiro roubado pelos militares americanos?

Um bom filme clássico. Durante todo o tempo fiquei imaginando essa história nas mãos de Alfred Hitchcock. Certamente isso teria resultado em um dos melhores filmes de suspense da história, afinal a trama que move o filme é muito boa. Só que isso não aconteceu. O filme foi dirigido pelo cineasta Stanley Donen, que até fez um bom filme, mas sem nunca sair do comum, do banal. Sobra de bom mesmo as sempre carismáticas presenças de Audrey Hepburn (sempre elegante) e Cary Grant, aqui interpretando um sujeito que muda de identidade como quem muda de roupa. O elenco coadjuvante também é muito interessante. Walter Matthau interpreta um agente da CIA (mas não vá confiar muito nisso!) e James Coburn surge como um dos ex-militares que vai usar de tudo, inclusive de violência, para colocar as mãos no dinheiro roubado dos nazistas. Enfim, bom filme, gostei, mas devo confessar que poderia ser bem melhor. 

Charada (Charade, Estados Unidos, 1963) Direção: Stanley Donen / Roteiro: Peter Stone, Marc Behm / Elenco: Cary Grant, Audrey Hepburn, Walter Matthau, James Coburn, George Kennedy / Sinopse: Uma jovem viúva norte-americana passa a ser perseguida pelas ruas de Paris por um grupo de ex-militares que estão em busca de uma fortuna nazista que teria sido roubada pelo seu marido falecido durante a guerra mundial. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música original. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O Mais Bandido dos Bandidos

Título no Brasil: O Mais Bandido dos Bandidos
Título Original: Dirty Dingus Magee
Ano de Lançamento: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: David Markson
Elenco: Frank Sinatra, George Kennedy, Anne Jackson, Lois Nettleton, Jack Elam, Harry Carey Jr

Sinopse:
Dirty Dingus Magee e seu antigo rival Hoke Birdsill se revezam em ser homem da lei ou fora da lei e rivais ou parceiros no crime, dependendo das circunstâncias, tudo acontecendo nos tempos do velho oeste. E no final de tudo, quem vai vencer esse duelo de vigaristas?

Comentários:
Frank Sinatra tinha que cumprir contrato com a MGM após ter trabalhado muito no estúdio durante os anos 60. A verdade é que nessa época ele estava mais empenhado em suas temporadas anuais em Las Vegas, onde se apresentava em cassinos luxuosos da cidade. Sinatra não estava muito interessado em voltar ao cinema, mas com medo de sofrer uma multa milionária, aceitou trabalhar nesse faroeste mais leve, quase em tom de comédia. O interessante é que Frank Sinatra tinha realmente um bom dedo para escolher roteiros. Apesar da leveza que não vai satisfazer muito aos fãs dos filmes de faroeste mais tradicionais, esse western tem muito charme e muito carisma. É uma produção para se encarar como puro divertimento, pura diversão. O estúdio queria que ele cantasse nas cenas, mas houve resistência por parte do cantor. Ele estava para lançar um novo disco e não queria que músicas de filmes atrapalhassem suas vendas nas lojas de discos. De qualquer forma, apesar das várias resistências, o resultado se mostra muito bom. É um faroeste divertido, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Terremoto

Título no Brasil: Terremoto
Título Original: Earthquake
Ano de Lançamento: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Mark Robson
Roteiro: Mario Puzo, George Fox
Elenco: Charlton Heston, Ava Gardner, George Kennedy, 
Geneviève Bujold, Victoria Principal, Walter Matthau

Sinopse:
Um grande terremoto atinge a Califórnia, em especial a cidade de Los Angeles. Enquanto a destruição se amplia e os moradores tentam sobreviver de todas as formas na grande calamidade, a maior represa da região começa a se romper. Tudo acaba se transformando em um desesperado jogo de sobrevivência.

Comentários:
Um dos filmes mais conhecidos do chamado cinema catástrofe, subgênero cinematográfico que foi muito popular na década de 1970. Aqui, o diferencial realmente é o roteiro, assinado por Mario Puzo, o mesmo autor de O Poderoso Chefão. Ele procurou desenvolver os personagens principais, mostrando seus dramas e seus problemas de relacionamento no dia a dia. Tudo com o objetivo de fazer o espectador se importar com o destino deles quando o grande terremoto começa. Outro aspecto completamente positivo do filme é o seu elenco formado por veteranos da era de ouro do cinema americano. Charlton Heston, por exemplo, é o engenheiro que tem problemas em seu casamento. Ava Gardner interpreta sua esposa, que descobre que ele tem um caso extraconjugal, ou pelo menos está prestes a ter. Já Walter Matthau tem um personagem muito engraçado, um bebum de bar que fica na mesa tomando suas doses, mesmo quando a cidade está desmoronando ao seu redor. No geral, o filme mostra que o cinema norte-americano dos anos 70 tinha classe. Mesmo em temas como esse, que são de destruição total. Tudo é muito bem desenvolvido, tem seu próprio tempo, sem pressa de acontecer. E os efeitos especiais, apesar de ter passado quase 50 anos do lançamento do filme, não se tornaram datados ou ridículos. Pelo contrário, ainda são muito eficientes.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Basta, Eu Sou a Lei

No final dos anos 60 muitos veteranos da era de ouro do cinema se aposentaram. A idade havia chegado e eles tinham todo o direito de desfrutarem seus últimos anos de vida na paz e no sossego. Alguns atores porém se recusaram a se aposentar. Um dos casos mais famosos foi o de Robert Mitchum, que trabalhou praticamente até o fim da vida. E o humor acabou se revelando também um bom caminho para esses veteranos do cinema. Esse filme "Basta, Eu Sou a Lei" traz dois atores da velha escola, Robert Mitchum e George Kennedy. E o roteiro vai por esse caminho, nunca se levando à sério demais, sempre partindo de um certo bom humor. O resultado ficou muito bom, desde que o admirador de filmes de faroeste entenda perfeitamente o contexto histórico em que esse filme foi produzido e lançado, respeitando a idade de seu elenco principal. Afinal respeito é tudo nesse tipo de situação.

O roteiro traz dois homens que já estão curtindo a velhice. Um deles é um velho homem da lei, um xerife veterano que trabalhou em diversas cidades ao longo da vida. O outro é seu extremo, um fora-da-lei que agora não encontra espaço nesse mundo moderno. E eles acabam se unindo contra um inimigo em comum, para surpresa deles mesmos. "Basta, Eu Sou a Lei" é um filme divertido, praticamente uma comédia com uma galeria mais do que engraçada de personagens coadjuvantes. Não recomendaria a todos, mas especialmente para quem deseja dar algumas risadas com um faroeste bem leve e muitas vezes cômico.

Basta, Eu Sou a Lei (The Good Guys and the Bad Guys, Estados Unidos, 1969) Direção: Burt Kennedy / Roteiro: Ronald M. Cohen, Dennis Shryack / Elenco: Robert Mitchum, George Kennedy. Martin Balsam / Sinopse: Um velho homem da lei e um velho fora-da-lei se unem para enfrentar um sujeito asqueroso que deseja dominar a cidade e a região onde vivem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Aeroporto 79 - O Concorde

Mais um filme da longa franquia cinematográfica “Aeroporto”. Aqui a grande estrela não é o elenco de veteranos como aconteceu nos filmes anteriores, mas sim o próprio avião, o Concorde, uma aeronave de tripulantes que ficou famosa por sua velocidade, conseguindo fazer um vôo entre Paris e Nova Iorque em menos de três horas. Na época que essa produção foi lançada, o Concorde era o que de mais avançado existia em termos de aviação comercial no mundo. Um jato de linhas modernas e aerodinâmica arrojada, que infelizmente se mostrou ser um desastre comercial nos anos que viriam. Os preços das passagens eram caros demais, fora do alcance de passageiros de classe média,que sempre formaram a maior parte dos consumidores dos vôos comerciais. Além disso, seu custo de operação era muito alto, tornando inviável muitos vôos semanais entre Estados Unidos e a Europa. Há poucos anos o Concorde foi oficialmente aposentado, principalmente após um terrível acidente em que uma das turbinas pegou fogo em pleno ar, matando todos os passageiros e tripulantes. 

Já o filme, bem, qualquer desastre que tenha acontecido com o Concorde na vida real não pode nem ser comparado com a sucessão de desastres pelos quais passa o avião aqui. Apesar de uma certa euforia pela máquina em si, os roteiristas capricharam bem no fator "disaster movie" que era afinal o principal atrativo para esse estilo de filmes, que passaria a ser chamado no Brasil de "cinema catástrofe". O enredo é relativamente simples. Uma jornalista acaba conseguindo uma série de documentos que incriminam um rico industrial americano chamado Kevin Harrison, interpretado pelo ator Robert Wagner. A papelada prova que ele, através de suas indústrias, vendeu sistematicamente armas para governos corruptos e grupos terroristas ao redor do mundo. A repórter que está no avião pretende revelar tudo assim que chegar em Moscou. Para impedir sua divulgação o magnata decide derrubar o Concorde em pleno vôo durante sua viagem de Nova Iorque até Moscou.

Para concretizar seus planos ele literalmente tenta de tudo: mísseis, sabotagem e até mesmo uso de armas de última geração para levar ao chão o majestoso avião. O piloto do Concorde, Capitão Paul Metrand, é interpretado por um dos maiores galãs da história do cinema europeu, o astro francês Alain Delon. Já a atriz Sylvia Kristel, da série erótica Emmanuelle, atua como Isabelle, uma das aeromoças da aeronave. No campo dos efeitos especiais temos altos e baixos, pois boas cenas são intercaladas com montagens constrangedoras de tão mal feitas. É o preço pela passagem do tempo. No final de tudo temos um entretenimento com muitos absurdos de lógica e argumento, mas que diverte, caso o espectador deixe de reparar nos inúmeros furos do roteiro. De forma geral, apesar de tudo, o filme ainda consegue ser um dos mais originais da série "Aeroporto".

Aeroporto 79 - O Concorde (The Concorde... Airport '79, Estados Unidos, 1979) Direção: David Lowell Rich / Roteiro: Jennings Lang baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Alain Delon, Susan Blakely, Robert Wagner, Sylvia Kristel, George Kennedy / Sinopse: Durante um vôo entre Nova Iorque e Moscou, um avião Concorde se torna alvo de um industrial poderoso que decide derruba-lo a todo custo. Ele quer evitar que seus casos de corrupção venham à tona. As provas se encontram com uma jornalista que está viajando no moderno avião de passageiros.

Pablo Aluísio.  

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Corra que a Polícia vem Aí! 2 1/2

Título no Brasil: Corra que a Polícia vem Aí! 2 1/2
Título Original: The Naked Gun 2½ - The Smell of Fear
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: David Zucker
Roteiro: Jim Abrahams
Elenco: Leslie Nielsen, Priscilla Presley, George Kennedy, O.J. Simpson, Robert Goulet, Richard Griffiths

Sinopse:
O tenente Frank Drebin descobre que o novo namorado de sua ex-namorada está envolvido em uma trama para sequestrar um cientista que defende a energia solar. A confusão está armada! Salve-se quem puder! Continuação do filme " Corra que a Polícia vem Aí!".

Comentários:
O trio ZAZ (Jim Abrahams e os dois irmãos Zucker) estavam separados quando a Paramount Pictures ofereceu a eles uma bolada para um novo filme da franquia "The Naked Gun". É interessante porque a série de TV que deu origem a tudo não foi em frente, se tornando um fracasso. Já no cinema a coisa foi em frente, com filmes que colecionavam boas bilheterias. Esse segundo filme que recebeu a numeração de "dois e meio" por pura zoação, também não fez feio, rendendo quase 200 milhões de dólares em seu lançamento original (faça as devidas correções que você verá que essa comédia foi mesmo muito bem sucedida comercialmente). E como em time que está ganhando não se mexe, o trio ZAZ reuniu praticamente o mesmo elenco do filme original, conseguindo trazer de volta até mesmo a viúva de Elvis, que não estava muito a fim de fazer uma continuação.  Porém é inegável que todos os méritos pertenceram mesmo a Leslie Nielsen. Com seu impecável estilo de fazer comédia parecendo que estava em um filme sério, ele roubava mesmo todas as atenções. Falecido em 2010, Leslie Nielsen deixou saudades em quem gostava de dar boas risadas com suas comédias malucas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Corra que a Polícia vem Aí!

Título no Brasil: Corra que a Polícia vem Aí!
Título Original: The Naked Gun
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: David Zucker
Roteiro: Jerry Zucker, Jim Abrahams
Elenco: Leslie Nielsen, Priscilla Presley, Ricardo Montalban, O.J. Simpson, George Kennedy, Susan Beaubian

Sinopse:
A Rainha Elizabeth II visita Los Angeles. Para evitar que vossa majestada seja colocada em risco o departemento de polícia resolve escalar o inspetor Frank Drebin (Leslie Nielsen) para manter a segurança da monarca, mas claro tudo dá muito errado.

Comentários:
Esse filme na verdade é uma reciclagem de um projeto de série de TV (chamada Police Squad!) que não deu certo. Mesmo com o fracasso na televisão o trio ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker) resolveu não jogar fora a ideia. Eles foram até a direção da Paramount Pictures e conseguiu convencer os produtores de que no cinema iria dar certo. E deu mesmo! Incrível, mas esse acabou sendo uma das comédias mais populares e conhecidas do ZAZ, só sendo superado talvez por "Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu". A base é a mesma. Uma grande paródia, com cenas malucas, que tem como fonte de gozação justamente os grandes filmes do cinema convencional. É um tipo de besteirol muito engraçado e cheio de ideias novas. No elenco além do Leslie Nielsen, que começou a carreira como ator sério para depois encontrar o sucesso em comédias amalucadas, temos a linda Priscilla Presley, a eterna viúva de Elvis, aqui sem medo de fazer humor. Enfim, um "clássico" do riso dos anos 80. Teve uma sequência, bem mais fraca, alguns anos depois. Mesmo assim vale rever sempre que possível.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Aeroporto 75

Título no Brasil: Aeroporto 75
Título Original: Airport 1975
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jack Smight
Roteiro: Don Ingalls
Elenco: Charlton Heston, Karen Black, George Kennedy, Linda Blair, Erik Estrada, Gloria Swanson

Sinopse:
Um Boeing 747 viaja de Dallas até Los Angeles. No meio da viagem precisa mudar de rota, se desviando até Salt Lake City. Em direção a essa cidade acaba se chocando com um pequeno bimotor, perdendo toda a tripulação da cabine. Sem piloto, a comissário de bordo tenta de todas as formas pousar o enorme avião.

Comentários:
Esse foi o último filme da franquia "Aeroporto" que me faltava assistir. Ele tem um elenco bem mais modesto de veteranos do cinema. Nos filmes anteriores (e posteriores) havia uma verdadeira constelação de astros do passado. Esse aqui conta com apenas dois grandes nomes, Charlton Heston e Gloria Swanson, aqui em sua última aparição no cinema pois iria falecer logo depois. Já entre o elenco mais jovem se destacavam Linda Blair, a garota de "O Exorcista", fazendo aqui o papel de uma jovem doente que precisava de um transplante de rim e Erik Estrada, que iria fazer muito sucesso como um dos patrulheiros da série de TV Chips. O curioso é que se você alguma vez assistiu "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu" vai perceber que muitas cenas serviram de fonte para a comédia do trio ZAZ, inclusive a cena da freira com o violão e o próprio roteiro, onde uma aeromoça precisava pousar um Boeing 747 praticamente sozinha, sem qualquer experiência como piloto. Por fim vale o elogio para a cena em que Heston precisa sair de um helicóptero para entrar na cabine do avião, em pleno voo. Naquela época não havia tecnologia de computação gráfica e tudo foi feito ali mesmo, com dublês. Um dos pontos altos de todo o filme.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de outubro de 2019

Aeroporto

Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os filmes de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.

Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George Kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.

Aeroporto (Airport, EUA, 1970) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset / Sinopse: Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Sua Última Façanha

Excelente momento da filmografia do ator e astro Kirk Douglas. O roteiro foi baseado no livro "The Brave Cowboy", escrito por Edward Abbey e conta a estória de um velho cowboy chamado John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Considerado um sujeito de um tempo que não existe mais, ele resolve enfrentar um policial veterano, o xerife Morey Johnson (Walter Matthau), após ser considerado um fugitivo da lei. Assim ficam lado a lado dois mundos diferentes, o velho oeste e o mundo moderno, com seus carros, helicópteros e tecnologia. Enquanto o velho cowboy luta para sobreviver com seu cavalo e seu antigo modo de vida. Sem dúvida é um grande filme! Resolvi assistir depois de tomar conhecimento de que esse era o filme preferido do próprio Kirk Douglas. Depois de conferir devo dizer que concordo com o ator em gênero, número e grau. Embora tenha estrelado vários e vários clássicos ao longo de uma das carreiras mais produtivas e bem sucedidas em Hollywood não há em sua extensa filmografia nenhum outro filme que tenha tanto coração e sentimento como esse. Um roteiro que lida de maneira primorosa com o fim de um amado estilo de vida que definiu vários dos grandes heróis da história dos EUA.

O grande mérito aqui é que Douglas, o diretor David Miller e principalmente o roteirista Dalton Trumbo, conseguiram reunir vários gêneros em um só filme, com resultado bem acima da média. Se pode pensar que "Lonely Are The Brave" é apenas um western temporão, de um estilo que já estava se tornando fora de moda, mas isso é uma visão simplista. O filme passeia tranquilamente por vários estilos e gêneros, tangenciando os filmes policiais, do tipo "on the road" e até mesmo os dramas românticos, isso sem perder a direção em momento algum. Passado no moderno oeste americano, somos apresentados ao personagem John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Ele é um velho cowboy que tenta manter vivo seu estilo de vida em um mundo que definitivamente nada mais tem a ver com o passado. No meio de autoestradas, aviões a jato e carros modernos, Burns tenta manter de alguma forma intacta a figura mitológica do cowboy do velho oeste. Claro que agindo assim ele logo encontra problemas com a lei, com a sociedade e com a mentalidade moderna. Os jovens o acham uma peça de museu, mas ele insiste em manter sua dignidade intacta.

Duas coisas impressionam no filme: O lirismo subliminar do roteiro e a eficiente caçada final a Burns em uma montanha rochosa íngreme. Algumas cenas são as melhores que já vi. Fiquei imaginando como devem ter sido complicadas as filmagens naquela região no Novo México, até porque subir com um cavalo em um ambiente daqueles é quase impossível (em muitos momentos fiquei realmente receoso do cavalo e do dublê de Douglas caírem montanha abaixo, tal o perigo das tomadas feitas). Em conclusão podemos afirmar que "Sua Última Façanha" é uma excelente crônica sobre a mudança de costumes que se sucedem de uma época histórica para outra. O velho mito que se depara com os desafios da modernidade. Em vista de tudo isso certamente vai agradar aos fãs de western e também aos que querem conhecer melhor essa fase de mudanças profundas no modo de viver dos mitos do passado. Pura nostalgia, de grande qualidade artística. Vale muito a pena conhecer, certamente.

Sua Última Façanha (Lonely Are the Brave, Estados Unidos, 1962) Estúdio: Universal Pictures / Direção: David Miller / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Kirk Douglas, Gena Rowlands, Walter Matthau, George Kennedy / Sinopse: Velho cowboy, prestes a se aposentar, se recusa a abandonar seu amado estilo de vida do passado. Após problemas com um xerife ele precisa sobreviver a uma intensa caçada humana. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas).

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de abril de 2019

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade. Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante.

Ao seu lado em cena o cantor Dean Martin, mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranquilidade. O termo “bandolero” do título original se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande (marco geográfico que separa o México dos EUA) que é na realidade uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível.  

O Preço de um Covarde (Bandolero!, EUA, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch. George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo xerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O Último Golpe

Nunca havia assistido a esse filme de Clint Eastwood. Realmente não é dos seus mais conhecidos, tendo feito pouco sucesso comercial em seu lançamento, o que fez com que Clint rompesse com a United Artists. Na época ele acusou o estúdio de não ter divulgado bem o filme. Pois bem, se trata de um road movie, onde Clint interpreta um ex-assaltante de bancos que agora se passa por pastor numa pequenina igreja de interior. Sua farsa cai por terra quando um velho conhecido, membro de um bando do que ele fez parte no passado, volta para acertar contas. Na fuga ele acaba conhecendo um jovem que se diz chamar Lightfoot. Esse personagem é interpretado por Jeff Bridges, em boa atuação que lhe valeu até mesmo uma indicação ao Oscar (o que sinceramente achei um pouco demais). Juntos eles acabam indo atrás do dinheiro do último roubo, que ficou escondido numa escola histórica, localizada numa cidadezinha.

O filme obviamente aposta bastante na ação. O roteiro escrito pelo diretor Michael Cimino não está preocupado em fazer arte, mas sim em divertir o público, por isso o filme apresenta bastante humor e aquele ritmo frenético que me fez inclusive lembrar dos filmes de Burt Reynolds nos anos 70 como "Agarre-me se puderes". É bem naquela levada. No geral achei interessante, bem realizado, movimentado, um veículo para Eastwood fazer sucesso novamente nos cinemas. Não pode ser considerado um dos melhores filmes de sua carreira, um clássico, etc, mas diverte sim e nem envelheceu tanto como se poderia pensar.

O Último Golpe (Thunderbolt and Lightfoot, Estados Unidos, 1974) Direção: Michael Cimino / Roteiro: Michael Cimino / Elenco: Clint Eastwood, Jeff Bridges, Geoffrey Lewis, George Kennedy, Gary Busey / Sinopse: O ladrão de banco Thunderbolt (Eastwood) se une ao jovem Lightfoot (Bridges) para roubar um banco de uma pequena cidade. Ao mesmo tempo tenta descobrir o paradeiro do dinheiro roubado em seu último assalto. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Jeff Bridges).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Morte Sobre o Nilo

Título no Brasil: Morte Sobre o Nilo
Título Original: Death on the Nile
Ano de Produção: 1978
País: Inglaterra
Estúdio: EMI Films
Direção: John Guillermin
Roteiro: Anthony Shaffer
Elenco: Peter Ustinov, Bette Davis, David Niven, Mia Farrow, George Kennedy, Angela Lansbury, Maggie Smith, Jack Warden
  
Sinopse:
Baseado no famoso livro "Death on the Nile" da escritora Agatha Christie, publicado em 1937. No enredo um grupo de turistas em uma exótica viagem pelo Rio Nilo, no Egito, descobre que há um assassino entre eles, após a morte misteriosa de um dos viajantes. O inspetor Hercule Poirot (Peter Ustinov) decide então desvendar o caso e acaba descobrindo, para sua surpresa, que todos os que fazem parte daquele cruzeiro parecem ter algum motivo para o crime. Mas afinal de contas quem seria o verdadeiro assassino? Filme vencedor do Oscar e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Anthony Powell). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
Assim como os livros de James Bond os livros escritos por Agatha Christie seguiam uma fórmula básica. No caso dessa autora ela geralmente reunia várias pessoas suspeitas em um ambiente fechado (como um barco ou trem) e colocava o leitor na situação de tentar descobrir quem seria o assassino de um crime misteriosamente cometido. É exatamente isso que temos aqui nesse "Morte sobre o Nilo". Vários personagens se tornam suspeitos da morte de uma rica herdeira que misteriosamente é morta durante um cruzeiro turístico pelo Egito. O filme em si é muito interessante, tem ótimas cenas externas (filmadas no templo de Karnak e nas pirâmides de Gizé) e um elenco de encher os olhos de qualquer cinéfilo. Na tela desfilam veteranos da era de ouro do cinema americano, muitos deles em suas últimas aparições, o que não deixa de ser duplamente interessante para quem ama a sétima arte. O destaque obviamente vai para o grande ator Peter Ustinov que aqui interpreta um dos personagens mais famosos da escritora, o inspetor excêntrico Hercule Poirot (que todos pensam ser francês, mas que que seria belga na verdade). Ustinov domina a cena, tentando descobrir quem teria cometido o crime. Nunca assisti uma atuação fraca de Ustinov em toda a sua carreira e aqui não seria exceção. Ao lado dele, o auxiliando, temos outro grande ator, David Niven. Já envelhecido, prestes a se aposentar, o ator ainda tinha uma bela presença de cena. Classe, elegância e uma fina ironia se tornaram suas marcas registradas. Entre as atrizes o filme traz uma coleção estelar, com Mia Farrow fazendo mais uma personagem perturbada e a grande diva Bette Davis, discreta, elegante e atuando ao lado da também excelente Maggie Smith, brilhando como nunca. Enfim, só pela oportunidade de ver tanta gente talentosa junta já vale a existência do filme. Assista, se divirta e tente descobrir o quebra cabeça da trama.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Aeroporto 77

Esse foi mais um filme da franquia de filmes "Aeroporto". Praticamente todos os filmes foram sucessos de bilheteria, repetindo basicamente a mesma fórmula, reunindo um elenco de grandes ídolos do passado ás voltas com problemas (e desastres) em viagens de avião. Aqui temos James Stewart interpretando um milionário chamado Philip Stevens. Ele está promovendo a abertura de um grande museu de arte com sua própria coleção de quadros históricos, alguns deles valendo milhões de dólares. O museu vai funcionar em uma de suas muitas mansões. Ele quer que toda a sua coleção seja apreciada pelo público. Acontece que sua inigualável coleção de arte está do outro lado do país. Assim ele manda um dos seus aviões particulares, um enorme Boeing 747, trazer todos os seus quadros para a costa oeste. Além disso o avião traz ainda um seleto grupo de convidados especiais, críticos de arte, milionários e sua filha, acompanhada do neto que ele mal conhece.

A viagem com tantas obras de arte caríssimas chama a atenção de um grupo de criminosos. Eles se infiltram na tripulação. Seu plano é tomar controle do avião, tirando ele da vista dos radares, o levando para uma velha pista de pouso abandonada desde a II Guerra Mundial. Essa pista fica em uma ilha isolada do Caribe. Eles querem obviamente roubar toda a galeria de arte, onde estão quadros de Renoir, Picasso, Van Gogh, etc. Cada um desses quadros valem milhões de dólares. No começo o plano criminoso sai bem, mas logo o copiloto, que também faz parte da quadrilha, perde o controle do 747 e o grande avião sofre um acidente. O piloto é interpretado por Jack Lemmon. Ele tenta de todas as formas salvar a vida dos passageiros, mas isso não será algo fácil de fazer. O avião cai no mar e vai afundando aos poucos. O roteiro é um clássico da série "Aeroporto". Todos os grande atores do elenco, com exceção de James Stewart e Jack Lemmon, tem poucas chances de desenvolver seus personagens. A grande dama Olivia de Havilland, por exemplo, não tem maiores possibilidades de mostrar seu talento. Ela interpreta uma passageira milionária que no final das contas tenta apenas sobreviver ao desastre. Idem para o "Drácula" Christopher Lee. Casado com uma mulher insuportável ele acaba tendo um final trágico. Enfim, um filme que não decepcionou os fãs do cinema catástrofe. Como foi mais um sucesso de bilheteria abriu espaço para outras produções da mesma linha. Nos anos 70 os filmes "Aeroporto" eram sucessos certos nos cinemas.

Aeroporto 77 (Airport '77, Estados Unidos, 1977) Direção: Jerry Jameson / Roteiro: Arthur Hailey, Michael Scheff / Elenco: Jack Lemmon, James Stewart, Christopher Lee, Olivia de Havilland, George Kennedy, Lee Grant, Joseph Cotten / Sinopse: Grande avião Boeing 747 é sequestrado, sofre um acidene e cai no mar. Enquanto vai afundando o piloto tenta uma forma de salvar as vidas de todos os passageiros. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte (George C. Webb e Mickey S. Michaels) e Melhor Figurino (Edith Head, Burton Miller).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Revolta dos Sete Homens

Título no Brasil: A Revolta dos Sete Homens
Título Original: Guns of the Magnificent Seven
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: The Mirisch Production Company
Direção: Paul Wendkos
Roteiro: Herman Hoffman
Elenco: George Kennedy, James Whitmore, Fernando Rey, Michael Ansara, Monte Markham, Frank Silvera
  
Sinopse:
Uma pequena vila no México é oprimida pelas forças militares do violento Coronel Diego (Michael Ansara). Comandando a oposição a seu regime brutal surge o líder popular Quintero (Fernando Rey), porém sua atuação é logo reprimida. Ele é preso em uma igreja antiga e levado para uma prisão de segurança máxima no meio do deserto, um lugar fortemente protegido. Para tentar libertá-lo o povo decide contratar sete mercenários americanos liderados pelo pistoleiro Chris (George Kennedy). Ao lado de seus homens ele tentará libertar Quintero da prisão, dando início a uma grande revolta popular.

Comentários:
Está em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros o remake do clássico "Sete Homens e um Destino" de 1960. Poucos sabem porém que esse faroeste inesquecível rendeu em sua própria época uma série de filmes que procuravam levar adiante seu sucesso. Um deles foi esse tardio "Guns of the Magnificent Seven". Como já foi comentado aqui no blog antes dele houve ainda o lançamento de um segundo filme chamado "A Volta dos Sete Homens" em 1966. Pois bem, esse aqui é a terceiro filme com a marca "The Magnificent Seven". Não esperava muito, até porque tudo levaria a crer que estaríamos diante de mais uma continuação ao estilo caça-níqueis. Afinal o segundo filme, que ainda contava com parte do elenco original, já era por si só meio decepcionante. O que esperar então dessa terceira parte sem nenhum ator do elenco do clássico? Absolutamente nada! Surpreendentemente essa terceira produção não é tão ruim como era de se pensar. O filme tem seus méritos. O roteiro obviamente segue a mesma linha básica de todos os outros filmes. Temos uma população mexicana oprimida e um grupo de mercenários americanos que os libertam. Nada muito diferente. O que se inova aqui são os personagens principais, que não possuem qualquer ligação com os filmes anteriores. O elenco é muito bom, com destaque para o ator veterano George Kennedy, aqui em raro papel principal em sua carreira. Outro bom destaque vem da presença de Fernando Rey. Para quem não se lembra ele foi o vilão refinado e violento do filme "Operação França". Aqui ele interpreta um político honesto que luta pela libertação de seu povo. Em termos gerais é um faroeste realmente bom, muito melhor do que eu esperava. Obviamente passa longe da qualidade do primeiro filme, mas isso seria esperar demais. De qualquer forma temos aqui também o inesquecível tema escrito por Elmer Bernstein. A música funciona como um verdadeiro atestado de legitimidade para a produção. Em suma, pode conferir sem receios. É definitivamente um bom western, até acima da média. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O Apostador

Jim Bennett (Mark Wahlberg) é um daqueles sujeitos que nasceu com tudo pronto para dar certo na vida. Filho de uma família tradicional e aristocrática, neto de um dos homens mais ricos da América, professor universitário culto e inteligente, tudo parece caminhar muito bem em sua existência. O que poucos sabem é que Jim também tem um lado oculto, uma vida que quase nunca vem à tona. Ele é um jogador compulsivo, um viciado em jogatinas e apostas. Quando não está dando aulas de literatura romântica em uma ótima universidade, Jim está mergulhado em mesas de cartas e roletas, geralmente no submundo de Las Vegas, onde as apostas não possuem limites e as dívidas são pagas com a própria vida. Agora, depois de se endividar absurdamente, Jim precisa pagar a um chefão da máfia coreana uma pequena fortuna proveniente de seu vício. Ele tem sete dias para quitar 260 mil dólares em dívidas provenientes das mesas de jogos ou então será executado sumariamente. Para resolver o problema ele acaba se atolando ainda mais ao procurar um perigoso agiota, um criminoso, que não está disposto a perder seu dinheiro para um apostador inveterado como ele. O cerco vai se fechando cada vez mais ao seu redor. "The Gambler" é o novo filme estrelado por Mark Wahlberg. Esse ator conseguiu ao longo dos anos escolher muito bem os filmes dos quais participa. Embora não seja um grande talento na arte de atuar ele demonstra ter um bom faro para se envolver nos projetos certos. Afinal de contas um bom roteiro faz toda a diferença do mundo.

Assim ele acerta novamente ao atuar nessa nova produção. O enredo é muito bom, envolvente até, mostrando uma pessoa que não consegue controlar seu vício em apostas. Embora seja um jogador talentoso, daqueles que conseguem ganhar altas somas em apenas algumas horas, ele tem um sério problema pois simplesmente não consegue parar na hora certa. Viciado em adrenalina também comete grandes loucuras ao apostar fortunas em apenas uma jogada decisiva. Com atitudes assim não é de se admirar que acabe invariavelmente arruinado no fim da noite. Sua salvação parece vir de onde menos se espera. Ele se surpreende pelo talento literário de uma nova aluna, Amy Phillips (interpretada pelo bonita e carismática Brie Larson), que pode ser o caminho para um recomeço em sua vida. O elenco de apoio é de primeira, a começar pela oscarizada Jessica Lange. Ela interpreta sua mãe, uma mulher que precisa salvar de tempos em tempos o seu pescoço, justamente por ele quase sempre ser ameaçado de morte por dívidas com gangsters. Lange poderia ter sido melhor aproveitada pelo roteiro, mas sua pequena presença já vale o ingresso. Outro boa participação vem com o ator John Goodman. Sempre visto como bom comediante, Goodman surpreende ao interpretar um agiota que acaba tendo os melhores diálogos de todo o filme. Sua explicação sobre o momento em que todos ganham o direito de usar a palavra "dane-se" é muito bem bolada. Então é isso, o que temos aqui é um bom filme, apoiado em um roteiro bem escrito, excelente trilha sonora com várias canções dos anos 70 e atuações inspiradas.

O Apostador (The Gambler, Estados Unidos, 2014) Direção: Rupert Wyatt / Roteiro: William Monahan, James Toback / Elenco: Mark Wahlberg, Jessica Lange, John Goodman, Michael Kenneth Williams, George Kennedy. Indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Michael Kenneth Williams). 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de abril de 2006

O Xerife do Oeste

"O Xerife do Oeste" faz parte da última fase da carreira do ator John Wayne. É um dos últimos trabalhos do Duke. O fato é que Wayne se recusava a se aposentar pois acreditava que a aposentadoria acabaria com ele. Além disso sempre afirmava que iria trabalhar até o final de seus dias pois era a única coisa que sabia fazer na vida. Ostracismo, nem pensar. Curiosamente mesmo já envelhecido, beirando os 70 anos, o ator ainda conseguia passar carisma e prender a atenção do espectador, arrecadando boas bilheterias, isso em uma época em que o western já mostrava claros sinais de esgotamento. "O Xerife do Oeste", também conhecido como "Cahill" repete de certa forma os velhos clichês do gênero. John Wayne sabia o que o público queria dele e procurava não inventar muito. Assim ele fez questão de realizar mais um faroeste ao velho estilo, com o roteiro que poderia muito bem ter sido escrito nos anos 50. E quando digo "realizar" não é força de expressão, o filme é dele, foi produzido por seu filho, Michael Wayne, e a produção contou com dinheiro saído do próprio bolso do ator. Alguns estudiosos da carreira de John Wayne inclusive vão mais longe e afirmam que diretor apenas assinou pois foi Wayne quem realmente dirigiu as cenas.

Tanto empenho pessoal valeu a pena. "Cahill" é o que eu chamo de um produto honesto. Os fãs de John Wayne receberam justamente aquilo que esperavam, ou seja, o velho cowboy ainda liquidando seus inimigos sem fazer muita força (e sem despentear a peruca impecável), um vilão asqueroso (o ótimo George Kennedy, velho companheiro de Wayne dos filmes antigos) e um pouco de humor em pequenas pitadas aqui e ali. Só não gostei muito do final, que tem um moralismo um tanto quanto questionável. Mas isso é o de menos, "O Xerife do Oeste" vale a pena, principalmente para quem quer matar saudades do antigo astro de Hollywood. A lenda do velho oeste vive!

O Xerife do Oeste (Cahill U.S. Marshal, Estados Unidos, 1973) / Direção: Andrew V. McLaglen / Com John Wayne, George Kennedy e Gary Grimes / Sinopse: De volta a sua cidade, o xerife (John Wayne) encontra dois de seus assistentes mortos num assalto e na cadeia quatro presos, entre eles seu filho, acusados de ter participado da chacina. O obstinado agente da justiça passa a perseguir um grupo de bandidos.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de março de 2006

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é o líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto, todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade.

Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin, a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch (no auge de sua beleza) e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Aqui ele é um vilão disfarçado. Um sujeito que se faz de homem honesto para esconder seus objetivos nefastos. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante. Sem dúvida, um de seus mais interessantes personagens no cinema.

Ao seu lado no elenco, o cantor Dean Martin mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia própria, solo, com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranqüilidade. Martin surpreende mesmo com sua boa atuação. E pensar que ele foi por anos após uma "escada" para Jerry Lewis em seus filmes de comédia.

O termo “bandolero”, do título original, se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande, marco geográfico que separa o México dos EUA, que era nos tempos do velho oeste uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. Não havia lei naquela região. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível. 

O Preço de um Covarde (Bandolero!, Estados Unidos, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch, George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo zerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.