segunda-feira, 7 de abril de 2025
Ruptura das Linhas Inimigas
A Raposa do Mar
Após enfrentar uma batalha sangrenta o Capitão Murrell (Robert Mitchum) é enviado para um novo posto. Ela passa a ser o comandante de um destróier americano no Atlântico Sul durante o auge da II Guerra Mundial. Inicialmente a tripulação recebe seu novo comandante com certa desconfiança. Ele pouco interage com os marinheiros sob seu comando, preferindo passar seus dias trancado em sua cabine privada. Na verdade ele ainda tenta se recuperar dos vários ferimentos sofridos em seu último confronto. As coisas mudam quando subitamente o radar do navio localiza um ponto em alto mar que ao que tudo indica talvez seja um submarino alemão. Chamado à sala de controle o comandante então tem sua confirmação – é realmente o que se pensava ser. Em poucos minutos ele coloca o navio de combate no encalço do submarino do Terceiro Reich, o que dará origem a uma verdadeira caçada em alto-mar com consequências terríveis para todos os envolvidos.
Muitos filmes foram realizados sobre os combates travados durante a II Guerra Mundial mas poucos foram tão bem realizados como esse. “A Raposa do Mar” tem ótimos diálogos, um roteiro muito inteligente e um aspecto mais do que bem-vindo: ao contrário de outros filmes de guerra que retratavam os alemães como monstros, esse aqui se propõe a mostrar todos os conflitos e ansiedades vivenciadas pelos marinheiros do Reich dentro do submarino durante a batalha. Isso humaniza bastante esses militares, somando ainda mais ao filme, o transformando em uma pequena obra prima do gênero.
O roteiro foi adaptado de um livro escrito por um almirante da marinha americana, D.A. Rayner, o que explica seu argumento tecnicamente muito fiel à realidade dos fatos. O capitão do submarino, Von Stolberg (interpretado com grande inspiração pelo ator alemão Curd Jürgens), é um homem que já lutou em várias guerras e sabe que os alemães dessa vez lutam em vão. A estrutura dramática do filme se apóia justamente em cima desse duelo entre o comandante americano Murrell e o capitão Von Stolberg, que lutam bravamente entre si para vencer essa marcante batalha naval. “A Raposa do Mar” é sem dúvida um grande filme de guerra, um dos melhores já feitos sobre a luta nos oceanos.
A Raposa do Mar (The Enemy Below, Estados Unidos, 1957) Direção: Dick Powell / Roteiro: Wendell Mayes, baseado no livro escrito pelo almirante D.A. Rayner / Elenco: Robert Mitchum, Curd Jürgens, David Hedison / Sinopse: Um comandante americano e um capitão de submarino alemão duelam no Atlântico sul durante a II Guerra Mundial. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Curd Jürgens).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
A Batalha de Midway
segunda-feira, 22 de abril de 2024
Raposa do Espaço
domingo, 14 de abril de 2024
O Último Magnata
segunda-feira, 1 de abril de 2024
Operação Yakuza
Título Original: The Yakuza
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Paul Schrader, Robert Towne
Elenco: Robert Mitchum, Ken Takakura, Brian Keith
Sinopse:
Harry Kilmer (Robert Mitchum) é um americano que decide retornar ao Japão para ajudar um velho amigo, cuja filha caiu nas mãos da temida máfia japonesa, a Yakuza. Após tomar conhecimento dos acontecimentos ele começa sua investigação que o levará ao lado mais sombrio do mundo do crime na terra do sol nascente.
Comentários:
Uma fita policial que chegou a ser bem popular no Brasil. Um trabalho curioso e diferente da safra do talentoso Sydney Pollack. Aqui ele preferiu trabalhar não apenas com um roteiro muito bem articulado, mas também com generosas cenas de ação e violência. O filme é protagonizado pelo veterano Robert Mitchum, considerado já naquela altura de sua carreira um dos maiores mitos da era de ouro de Hollywood. Embora já bastante envelhecido o bom e velho Mitchum demonstra em cena que ainda podia segurar um filme inteiro nas costas. Como não poderia deixar de ser o texto do roteiro procura se aproveitar ao máximo das diferenças culturais existentes entre duas culturas tão diversas, a americana e a japonesa. Também demonstra com muito talento que se existe algo perigoso no mundo do crime é justamente impor códigos de honra tradicionais em organizações criminosas como a máfia japonesa, conhecida pela alcunha de Yakuza. Some-se a tudo isso uma bela fotografia que faz o espectador passear pelos becos mais sujos das ruas nipônicas e você terá certamente um belo filme policial dos anos 1970. Cru, realista e muito eficiente em seus objetivos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Homem Morto
terça-feira, 23 de maio de 2023
Cavaleiro da Fronteira
segunda-feira, 1 de maio de 2023
Muralhas de Sangue
terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
Desbravando o Oeste
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 30
terça-feira, 23 de agosto de 2022
Basta, Eu Sou a Lei
O roteiro traz dois homens que já estão curtindo a velhice. Um deles é um velho homem da lei, um xerife veterano que trabalhou em diversas cidades ao longo da vida. O outro é seu extremo, um fora-da-lei que agora não encontra espaço nesse mundo moderno. E eles acabam se unindo contra um inimigo em comum, para surpresa deles mesmos. "Basta, Eu Sou a Lei" é um filme divertido, praticamente uma comédia com uma galeria mais do que engraçada de personagens coadjuvantes. Não recomendaria a todos, mas especialmente para quem deseja dar algumas risadas com um faroeste bem leve e muitas vezes cômico.
Basta, Eu Sou a Lei (The Good Guys and the Bad Guys, Estados Unidos, 1969) Direção: Burt Kennedy / Roteiro: Ronald M. Cohen, Dennis Shryack / Elenco: Robert Mitchum, George Kennedy. Martin Balsam / Sinopse: Um velho homem da lei e um velho fora-da-lei se unem para enfrentar um sujeito asqueroso que deseja dominar a cidade e a região onde vivem.
Pablo Aluísio.
O Pistoleiro Marcado
Título Original: Young Billy Young
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: Burt Kennedy, Heck Allen
Elenco: Robert Mitchum, Angie Dickinson, Robert Walker Jr, David Carradine
Sinopse:
O pistoleiro Ben Kane (Robert Mitchum) aceita o cargo de Xerife na distante e violenta Lordsburg, um lugarejo perdido no meio da poeira do deserto. No meio da viagem para lá acaba esbarrando em Billy Young (Walker), um jovem pistoleiro que está fugindo de um grupo mexicano armado, após matar um líder revolucionário da região. Kane resolve então recrutar Young para ser seu assistente. Não será uma tarefa fácil impor lei e ordem naquela cidade, infestada de malfeitores. Kane está inclusive particularmente interessado em encontrar com um rico e corrupto fazendeiro do local, com quem tem contas a acertar por causa de um assassinato covarde ocorrido no passado.
Comentários:
Se trata de um filme menor dentro da rica filmografia do ator Robert Mitchum. Eu gosto de dizer que a época de ouro do cinema americano de western aconteceu durante os anos 1950. Da metade da década seguinte em diante os filmes de faroeste foram paulatinamente perdendo qualidade e importância. A geração hippie foi perdendo interesse naqueles cowboys cheios de integridade e honra, uma vez que seus valores eram bem outros na década riponga da cultura das drogas. Assim westerns como esse foram ficando com cara de "velhos" e "ultrapassados". Hollywood investia em outros ramos e já não havia mais orçamentos milionários à disposição para fazer grandes filmes sobre o velho oeste. A solução foi se adaptar, realizando produções mais modestas e com enredos mais simples. "Young Billy Young" já é um reflexo dessa nova mentalidade. Apesar de contar com o ótimo Robert Mitchum no elenco - com o fraco Robert Walker Jr no papel de Billy Young - o filme nunca chega a empolgar ou decolar. Com um roteiro mergulhado em clichês mais parece uma releitura tardia de outros grandes filmes estrelados por Mitchum em seu auge (aqueles sim, grandes clássicos). O ator até arrisca dar uma de cantor, cantarolando a música tema do filme, mas no geral segue em controle remoto. Fora isso nada de muito relevante. No final fica um gostinho óbvio de Déjà vu no espectador. Os bons tempos do gênero definitivamente já tinham ficado para trás.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
O Mensageiro do Diabo
quarta-feira, 18 de maio de 2022
O Embaixador
Título Original: The Ambassador
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Northbrook Films
Direção: J. Lee Thompson
Roteiro: Ronald M. Cohen
Elenco: Robert Mitchum, Ellen Burstyn, Rock Hudson, Donald Pleasence, Fabio Testi, Chelli Goldenberg
Sinopse:
O embaixador dos Estados Unidos em Israel tenta construir um acordo de paz entre judeus e palestinos, mas nesse processo acaba virando alvo de grupos extremistas e terroristas, colocando sua vida em risco. Roteiro baseado no romance escrito por Elmore Leonard.
Comentários:
Rock Hudson já estava com AIDS quando viajou para o deserto de Isreal para trabalhar nesse thriller político. Ele queria voltar ao cinema após ter algumas experiências na TV. Esse seria seu último filme a ser exibido nos cinemas. Uma boa produção, com um roteiro que até mantém o interesse, mas que no geral se revelava ser um filme de mediano para fraco. Rock não era o astro do filme, esse posto coube a outro veterano, Robert Mitchum, um ator dos velhos tempos que Rock conhecia muito bem, mas que até aquele momento não tinha tido o privilégio de trabalhar ao seu lado. De uma forma ou outra a perda de peso ficou bem claro nas filmagens, o que fez com que Rock procurasse um médico quando retornou aos Estados Unidos, sabendo a partir daí que estava com o temido virus, naqueles tempos uma verdadeira sentença de morte.
Pablo Aluísio.
domingo, 30 de janeiro de 2022
A Filha de Ryan
O cineasta David Lean sempre foi um gênio do cinema. Ele conseguia contar uma história que parecia banal, com pessoas comuns, mas que nas entrelinhas havia uma forte carga humanitária e emocional. Os personagens de "A Filha de Ryan" impressionaram a cabeça daquele quase menino que o viu porque eram pessoas reais, da vida cotidiana. E o clima daquela cidade costeira, um microcosmo da própria sociedade, era mais do que marcante. Posso dizer hoje em dia, puxando pelas minhas memórias afetivas, que esse foi um daqueles filmes que definitivamente me formaram como um fã de cinema, que me fizeram me apaixonar pela sétima arte. E depois de tantos anos ainda continuo um apaixonado sem arrependimentos. E esse segue sendo, ainda hoje, um dos melhores filmes que assisti em toda a minha vida.
A Filha de Ryan (Ryan's Daughter, Estados Unidos, Inglaterra, 1970) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Robert Mitchum, Trevor Howard, John Mills / Sinopse: A história do filme se passa em uma pequena comunidade irlandesa, mostrando a vida de vários moradores do lugar, em especial o complicado relacionamento de uma mulher casada com com um oficial britânico problemático, que sofre de traumas psicológicos. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (John Mills).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
Pôquer de Sangue
Título Original: 5 Card Stud
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Marguerite Roberts, Ray Gaulden
Elenco: Dean Martin, Robert Mitchum, Inger Stevens, Roddy McDowall, Katherine Justice, John Anderson
Sinopse:
No velho oeste qualquer desonestidade no jogo de pôquer era punida com a morte. Assim quando um forasteiro tenta enganar um grupo de jogadores em Rincón, Colorado, ele acaba selando seu destino. Assim que seu golpe é descoberto, os demais jogadores o amarram e o enforcam numa ponte na saída da cidade. Apenas Van Morgan (Dean Martin) tenta salvar o trapaceiro, mas é impedido com violência. O xerife nada pode fazer pois não conhece a identidade dos assassinos. Nesse momento complicado para a comunidade, um novo reverendo chega para pregar a palavra de Deus para todos. Seu nome é Jonathan Rudd (Robert Mitchum), um sujeito com uma forma muito curiosa de levar a palavra do Senhor aos cowboys: com sua arma Colt. Suas boas intenções porém não mudam o quadro e pouco a pouco todos os envolvidos no enforcamento começam a aparecer mortos! Quem estaria por trás dos crimes?
Comentários:
Muito bom o roteiro desse western "Pôquer de Sangue". A trama tem todos os ingredientes que fizeram a mitologia do faroeste americano e mais um adicional que acrescenta muito ao resultado final: o mistério sobre quem estaria matando todos os justiceiros da cidade que tinham enforcado um trambiqueiro no jogo de cartas. O leque de suspeitos é amplo. Van Morgan (Dean Martin) seria um deles, pois provavelmente quis se vingar dos que o espancaram quando ele tentou evitar o crime. Uma nova dama de Saloon, a bonita Lily Langford (Inger Stevens), também pode ser suspeita, pois chegou na cidade assim que as mortes começaram. Até mesmo o novo pregador, Jonathan Rudd (Robert Mitchum), pode ter algum tipo de culpa nas mortes, principalmente depois de pregar afirmando que nenhum dos assassinos escapará da ira de Deus! Assim temos um verdadeiro mistério à la Agatha Christie sobre a identidade do assassino na pequena cidade. Dean Martin, como sempre, está muito correto, além disso canta duas canções no filme (na abertura e nos créditos finais). Sua voz era realmente maravilhosa. Agora quem rouba o show mesmo é o sempre carismático Robert Mitchum. Seu personagem lembra de certo modo o seu papel no grande clássico "Mensageiro do Diabo". E isso só acrescenta ainda mais no belo resultado final dessa produção realmente imperdível para os fãs de western.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Paixão de Bravo
"Paixão de Bravo" é um excelente faroeste, rodado ainda em preto e branco pelo extinto estúdio RKO. O filme mostra os bastidores dos principais rodeios americanos, suas competições, seus dramas pessoais e a vida dura de um cowboy correndo em busca da vitória. O roteiro, bem inspirado, usa de duas bases dramáticas bem destacadas. A primeira é a tensão sexual que se cria dentro do trio. Jeff (Mitchum) e Louise (Hayward) logo criam uma clara atração entre eles, algo que não pode ser concretizado porque afinal ela ainda é casada com Wes (Kennedy). Além disso eles vivem na fio da navalha, pois a qualquer momento podem sofrer um grave acidente, os deixando severamente feridos como era comum acontecer em competidores de rodeios naquela época.
Nesse ponto aliás o filme se sai muito bem, mostrando sem receios as contradições entre um esporte amado pelos americanos e os danos que ele causava entre os cowboys, pois muitos ficam paralíticos para o resto da vida após sofrerem quedas de cavalos ou touros. Geralmente a coluna dos competidores era gravemente destruída nessas quedas. Algo previsível quando se corria o risco de ficar embaixo de um animal de centenas de quilos após uma queda no meio da competição. O elenco está todo muito bem, mas destaco a forte presença de Susan Hayward em cena. Sua personagem passa longe de ser uma mera mocinha romântica de filmes de western, pelo contrário, ela sempre surge com opiniões próprias, impondo seu modo de pensar ao marido. Um bom retrato de uma mulher firme e independente, em um mundo dominado por homens rudes e bravos.
Paixão de Bravo (The Lusty Men, Estados Unidos, 1952) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: David Dortort, Horace McCoy / Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Arthur Kennedy, Arthur Hunnicutt / Sinopse: Um casal e um cowboy ferido resolvem entrar no circuito de rodeios realizados pelos Estados americanos. Viajando de cidade em cidade eles tentam vencer os grandes prêmios pagos nessas populares competições.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
O Céu é Testemunha

John Huston aqui realiza mais uma de suas obras primas. Baseado em um roteiro que foi parcialmente inspirado em fatos reais, Huston explora duas figuras completamente diferentes entre si (um militar e uma religiosa) que se encontram em uma situação limite pela sobrevivência. O mais curioso é que Huston ousou até mesmo ultrapassar certos limites, criando uma atração entre o personagem de Robert Mitchum e a jovem e bonita irmã, interpretada por Deborah Kerr. A tensão sexual que se cria entre eles é uma das melhores coisas desse argumento. Outro fato digno de aplausos é a técnica que Huston explora para desenvolver sua história. Com basicamente dois personagens centrais ele desenvolve diversos temas interessantes, como a força da fé, os limites éticos que caem na luta pela sobrevivência e o que não poderia faltar em uma produção como essa, o senso de aventura.
O militar de Robert Mitchum é um tipo que, apesar de crer em Deus, nunca foi muito preocupado com essa questão religiosa. Órfão, criado em abrigos a vida inteira, chegou a se tornar um delinquente juvenil antes de decidir entrar nos fuzileiros navais e finalmente se encontrar na vida, trilhando um caminho seguro. Já a freira de Kerr é jovem, bela e ainda não fez os seus votos definitivos de castidade, o que abre uma pequena margem de esperanças para o militar, que claramente fica apaixonado por ela. Assim temos um ótimo filme, baseado em uma história que prende a atenção do começo ao fim. Nada mais normal para um gênio do cinema como John Huston.
O Céu é Testemunha (Heaven Knows, Mr. Allison, Estados Unidos, 1957) Direção: John Huston / Roteiro: John Huston, John Lee Mahin / Elenco: Robert Mitchum, Deborah Kerr / Sinopse: Um fuzlileiro naval dos Estados Unidos (Mitchum) consegue sobreviver a um ataque japonês ao seu navio durante a batalha do Pacífico, no auge da II Guerra Mundial. Ele acaba indo parar numa ilha onde conhece a bela e jovem freira irmã Angela (Kerr). Juntos vão tentar sobreviver ao mundo em chamas e à fúria da natureza do lugar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Deborah Kerr) e Melhor Roteiro Adaptado (John Huston e John Lee Mahin). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Deborah Kerr). Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme - Estados Unidos e Melhor Ator (Robert Mitchum),
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
O Rio das Almas Perdidas

A garota é a mesma corista Kay que havia conhecido no saloon onde encontrara seu filho, só que agora acompanhada de um jogador, Harry Weston (Rory Calhoun), que pretende tomar posse de uma mina de ouro que ganhou em um jogo de cartas. Como ambos não possuem experiência com corredeiras logo são aconselhados por Matt a desistirem de descer rio abaixo. Weston porém ignora o conselho e o pior, decide roubar Matt, levando sua arma, provisões e o único cavalo da fazenda para chegar mais rápido em seu destino. Kay porém decide ficar no rancho ao lado de Matt e seu filho pois não concorda com os atos violentos de Weston. Depois de recuperado Matt decide finalmente ir no encalço de Weston para reaver tudo o que lhe foi roubado.
“O Rio das Almas Perdidas” foi o único western da carreira de Marilyn Monroe. Um fato que chama a atenção mesmo, já que o gênero estava no auge e as atrizes da época geralmente participavam de vários filmes do estilo. Aqui temos uma produção lindamente fotografada em uma das regiões mais belas do Canadá (dois parques nacionais de preservação do país situados próximos da cidade de Alberta). Impossível não ficar impressionado com a beleza do lugar onde o filme foi realizado. As cenas misturam imagens reais captadas no local com back projection (onde os atores atuavam em frente a uma grande tela ao fundo que projetava imagens do rio). Felizmente há um maior número de cenas feitas em locação, captando a maravilhosa paisagem natural. Como sempre acontecia com filmes com Marilyn Monroe esse aqui também está recheado de histórias de bastidores tão interessantes quanto o próprio filme. Marilyn inclusive quase morreu afogada ao cair no rio. Suas botas ficaram inundadas e ela afundou literalmente, sendo salva pela equipe técnica. Depois fingiu ter quebrado a perna para ganhar alguns dias de descanso – fato que deixou o diretor Otto Preminger furioso. A atriz porém não se importou preferindo aproveitar um pouco do lindo lugar, quase como se estivesse de férias.
Também desenvolveu uma grande amizade com Robert Mitchum, que muito bem humorado costumava fazer provocações a ela, contando piadas sujas ou então disputando para ver quem bebia mais vinho no barracão da produção. Esse clima ameno passou para as telas. Enciumado Joe DiMaggio resolveu ir para as distantes locações com receios de que Marilyn o traísse com Mitchum. O personagem de Marilyn é bem mais interessante do que algumas loiras burras que interpretou. É uma garota durona, de fala firme que não aceita levar desaforos para casa, embora fique muitas vezes cega por causa de seus sentimentos. Marilyn Monroe canta várias canções no filme e mostra que era de fato uma cantora talentosa. A trilha sonora incidental também é das mais belas que já ouvi em um western (executada por um lindo coral feminino). O resultado final é muito positivo. Não tenho receio de escrever que esse é sem dúvida um dos melhores filmes de western da Fox e certamente o mais bonito de se assistir. Se ainda não viu não perca mais tempo, pois é um excelente filme.
O Rio das Almas Perdidas (River of No Return. Estados Unidos, 1954) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Frank Fenton, Louis Lantz / Elenco: Robert Mitchum, Marilyn Monroe, Rory Calhoun / Sinopse: Fazendeiro sai no encalço do ladrão que lhe roubou sua arma, seu cavalo e provisões de alimentos. Para chegar mais rápido na cidade para onde o ladrão se dirige resolve enfrentar as corredeiras do rio, tendo que superar pelo caminho todos os desafios da natureza.
Pablo Aluísio.