domingo, 26 de novembro de 2006

Perfil: Randolph Scott

Randolph Scott foi ator, produtor e galã numa carreira que contabilizou mais de uma centena de filmes, se tornando em sua época um dos mais populares atores de Hollywood. George Randolph Crane nasceu em 23 de janeiro de 1898 em Orange County, Virgínia, filho de uma família tradicional da região. Quando era adolescente seus pais se mudaram para a tradicional e elegante cidade de Charlotte na Carolina do Norte. Depois de se alistar no exército e prestar serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial, Scott voltou para sua casa resolvendo retomar seus estudos na Georgia Tech. Lá começou a praticar esportes e se tornou um bom jogador de futebol americano. Depois transferiu-se para a Universidade da Carolina do Norte onde se formou em engenharia, se especializando na área têxtil e de maquinário pesado. Sua ambição era entrar nas florescente indústria local. Mas o destino tinha outros planos para o futuro engenheiro.

Enquanto estava na Faculdade, Scott resolveu tentar realizar um velho sonho de entrar para o mundo do cinema. Através de um amigo, Jack Heath, resolveu procurar o milionário Howard Hughes, na época um conceituado produtor de cinema, além de ser um dos industriais mais ricos dos EUA. Era um magnata com fama de lunático que gostava de lançar novas carreiras. Esse seu lado “mecenas” se destacava bastante em sua personalidade. Hughes gostou de Randolph e lhe deu uma carta de apresentação para a Fox, onde ele finalmente conseguiu ser escalado para seu primeiro papel, em "Call The Far" de 1929. Por essa época chamou a atenção de Cecil B. DeMille que o mandou para uma escola de teatro em Pasadena para adquirir experiência como ator. Lá acabou sendo contratado para ser o treinador de diálogo e dublê do grande astro Gary Cooper que simpatizou com ele o escalando para participar de seu novo filme, "The Virginian". Eram fisicamente parecidos e Scott agarrou com unhas e dentes a oportunidade.

A Paramount sentiu um grande potencial no jovem cowboy e assim o contratou. Sua voz suave e agradável, com seu forte sotaque sulista, era justamente o que o estúdio andava procurando. Para adquirir experiência a Paramount escalou o ator para filmes dos mais diferentes gêneros, desde romances, até filmes de aventura, passando até mesmo por comédias. Assim ele foi aparecendo em vários filmes do estúdio, sempre em papéis coadjuvantes. Além de adquirir costume com os sets de filmagens, Scott foi também ficando conhecido do público em geral. Por essa época fez amizade e se tornou grande amigo de outro ator aspirante ao estrelato, Cary Grant. Era a década de 1930, havia muita confiança entre ambos que um dia seriam grandes astros. Para economizar nas despesas, que não eram poucas, resolveram irem morar juntos por um período. Se tornaram tão próximos e camaradas que após algum tempo surgiram boatos infundados de que teriam tido um relacionamento homossexual, fato nunca comprovado que deve ser encarado como mera fofoca maldosa.

O momento de virada em sua carreira aconteceu quando realizou o western "O Último dos Moicanos", em 1936. Logo todos perceberam e ele também, que aquele era o caminho a seguir. O sucesso viria mesmo nos faroestes que a partir desse ponto iria estrelar pelos anos seguintes. Após realizar vários faroestes B, Scott novamente surgiu em um grande clássico do gênero. Ao lado de Tyrone Power e Henry Fonda apareceu no grande sucesso de público e crítica, “Jesse James”. De fato esse pode ser considerado seu último papel realmente coadjuvante pois a partir desse ponto de sua carreira seu nome iria ficar cada vez mais em evidência, o transformando finalmente em um ator de ponta que estrelaria seus próprios filmes. No mesmo ano interpretou Wyatt Earp em “Frontier Marshall” e conseguiu um grande sucesso de bilheteria. Desse momento em diante Randolph Scott iria colecionar um grande sucesso atrás do outro, sempre no gênero western. A estrela acabara de nascer nas marquises dos cinemas.

Scott ainda participaria de filmes de outros gêneros como Capitão Kid, mas seu caminho estava traçado. Seria no western que ele seguiria fiel e firme até o fim de sua carreira no cinema. Ao lado de seu eterno companheiro de cena, o cavalo palomino Stardust, Randolph estrelou uma sucessão de bons filmes de western que logo se tornaram êxitos. A partir de 1946 ele se especializou nesse tipo de filme e os faroestes viriam em série nos anos seguintes, fazendo com que o ator fosse um dos mais reconhecidos e populares do gênero.

A partir dessa fase de sua carreira ele conseguiria seus maiores sucessos de bilheteria em produções como Albuquerque, Águas Sangrentas, Colt 45, Fúria ao Entardecer, O Homem Que Luta Só, Sete Homens Sem Destino, O Resgate do Bandoleiro, O Entardecer Violento, A Sétima Cavalaria, Cavalgada Trágica e vários outros que são exemplos perfeitos do tipo de produção que fizeram sua fama e sucesso, o transformando em um homem muito rico pois a certa altura de sua carreira se tornou ele próprio produtor de seus filmes de western. Seus melhores filmes seguramente foram àqueles que rodou ao lado do talentoso diretor Budd Boetticher, um verdadeiro artesão do gênero. Com roteiros bem escritos e argumentos inteligentes a dupla fez alguns dos grandes faroestes da época.

Em 1962 Randolph Scott resolveu pendurar as esporas. Se considerava satisfeito, com 105 filmes no currículo. O cinema estava mudando lentamente e ele sentiu que fazia parte de uma geração passada. Sua despedida de Hollywood não poderia ter sido mais gloriosa. Ao lado do diretor Sam Peckinpah rodou “Pistoleiros do Entardecer” até hoje considerado uma das obras primas do cinema americano. Depois desse filme resolveu se aposentar definitivamente. Estava com 64 anos de idade, relativamente jovem, mas tomou a decisão de se retirar e nunca mais voltou atrás. Ao longo dos anos seguintes surgiram muitos convites para uma última participação nas telas, mas Randolph educadamente declinou. Ele sabia que estava saindo por cima e não queria comprometer sua imagem. Inteligente, se tornou um homem de investimentos, lucrando muito com aplicações financeiras bem sucedidas no mercado de ações. Também se dedicou em seus últimos anos a uma antiga paixão: o golf. Não era raro ver Scott jogando nos principais clubes da Califórnia. Retirou-se dos holofotes e viveu assim, tranquilo, até seus últimos momentos ao lado de amigos e família. O velho cowboy morreu em 1987 em seu bucólico rancho. Apesar de tantos anos fora da tela sua morte foi bem divulgada pela imprensa mundial mostrando pela última vez que ele foi realmente um dos mais queridos ídolos de Hollywood em sua chamada era de ouro.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de novembro de 2006

10 Curiosidades sobre o filme "Cavalgada"

1. Esse foi o primeiro filme produzido pela Fox a ganhar o Oscar de Melhor Filme.

2. Betty Grable, futura estrela do cinema, está no filme. Ela tinha apenas 16 anos de idade e foi creditada como a "Garota Loira no Sofá". Ela está na cena da grande festa.

3. Esse filme tem o roteiro baseado numa das poucas peças de Noël Coward que nunca foram refilmadas, provavelmente devido ao enorme custo da produção.

4. A peça original, que deu origem ao roteiro e ao filme, estreou em Londres no dia 6 de setembro de 1931 e teve 405 apresentações em um dos principais teatros da cidade.

5. Embora o filme tenha estreado na cidade de Nova York em 5 de janeiro de 1933, ele não foi lançado nacionalmente nos Estados Unidos até o dia 15 de abril.

6. O filme tem uma homenagem ao Titanic, colocando o grande navio em destaque. Foi uma maneira do estúdio em homenagear todos os mortos, na data de seu  21º aniversário de naufrágio.

7. Foi o segundo filme mais visto do ano, se tornando um grande sucesso de bilheteria nos cinemas americanos e europeus.

8. O American Film Institute o incluiu na lista dos 100 filmes mais importantes da história. Votaram em sua inclusão na lista diversos críticos, historiadores e especialistas em cinema.

9. Noël Coward recebeu 100 mil dólares pelos direitos da peça e pelas músicas que ele escreveu para o filme. Esse valor foi considerado uma pequena fortuna para a época.

10. O Oscar original de melhor filme se perdeu. Até hoje a Academia procura pelo prêmio, para que seja levado até o museu da instituição em Hollywood. É um dos itens mais cobiçados pelos colecionadores.

Pablo Aluísio.

Cine Western

 

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

William Holden - Alvarez Kelly

Tenente Kelly (1966) - O ator William Holden já estava bem abatido por seus problemas com alcoolismo quando entrou no set de filmagens de "Tenente Kelly", faroeste lançado em 1966. Mesmo assim ainda continuava a ser um excelente ator, que cumpria suas obrigações com o estúdio. No filme ele interpreta um comerciante que vende provisões e bens para o exército da União durante a guerra civil e que acaba caindo nas mãos dos confederados - o exército sulista, a favor da manutenção da escravidão.

O vilão é justamente um oficial confederado, interpretado pelo também ótimo Richard Widmark. Seu objetivo é acabar com a dita retaguarda de abastecimento dos "casacos azuis", ou seja, os nortistas, o exército de Lincoln. O filme tem ótimas cenas e um clímax realmente muito bom. O diretor Edward Dmytryk era um cineasta veterano, muito competente nesse tipo de produção. Um western de primeira linha, realizado já em uma fase de crepúsculo do gênero, uma vez que as bilheterias cada vez mais modestas começavam a afastar os grandes estúdios de cinema desse tipo de faroeste.

Tenente Kelly
(Alvarez Kelly, Estados Unidos, 1966)
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Franklin Coen
Elenco: William Holden, Richard Widmark, Janice Rule

Pablo Aluísio.

Cine Western


Charles Bronson
O ator Charles Bronson com figurino de bandoleiro mexicano em foto promocional de um de seus vários filmes de faroeste. 

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

A Coleção Classic Western

Nos Estados Unidos estão sendo lançados todos os anos títulos em DVDs mais do que interessantes. São verdadeiras coleções de filmografia dos grandes astros do faroeste. A série "Classic Western" consegue juntar cinco ou seis filmes de grandes atores em coleções que fazem a festa dos fãs desse gênero cinematográfico. Pena que no Brasil nenhuma distribuidora ou selo ainda se interessou em bancar esse tipo de lançamento nas lojas. Seria muito interessante, principalmente se fossem lançados em grandes magazines como as Lojas Americanas, etc.

No mercado americano esses lançamentos não custam caro. Ao contrário disso possuem praticamente o mesmo preço de um DVD convencional de um filme novo. Isso torna o produto muito mais convidativo e atraente para os fãs de cinema clássico. Afinal comprar cinco ou seis filmes de Randolph Scott pelo preço de um filme normal é algo bem atrativo para o consumidor.

E no meio desses novas coleções que vão chegando ao mercado também surge a pergunta sobre quais astros seriam mais colecionáveis. Bem, no topo de tudo não poderia deixar de citar John Wayne. Ele obviamente fez todos os tipos de filmes ao longo da carreira, mas se destacou mesmo por seus filmes de faroeste. Aqui também vale um comentário adicional. John Wayne tem muitos clássicos do cinema ao lado do diretor John Ford, por exemplo. Esses grandes clássicos ganham edições próprias e de forma em geral não são incluídas nessas edições que reúnem cinco ou seis filmes em um box só. Nesse tipo de coletânea são reunidos filmes menores de John Wayne.

Já no caso de Randolph Scott, Alan Ladd, Audie Murphy isso não acontece. Os mais populares filmes deles são reunidos ao lado de filmes menores, menos conhecidos, sem problema algum. Isso facilita bastante a vida do colecionador que vai pacientemente em sites como o IMDB para verificar a lista de suas filmografias. Aos poucos eles vão completando as coleções, seguindo ano por ano os filmes lançados por esses astros do passado.

Pablo Aluísio.

Cine Western

 Randolph Scott

domingo, 19 de novembro de 2006

Dança com Lobos e os Nativos Americanos

O filme "Dança com Lobos" foi saudado em seu lançamento original como uma verdadeira mudança de mentalidade dentro do cinema em relação aos nativos americanos. Essa era uma verdade, porém havia algo a mais. No passado Hollywood já havia produzido filmes que eram simpáticos com a cultura indígena dos nativos dos Estados Unidos. Esses filmes tinham roteiros que fugiam do velho estigma que retratar índios apenas como vilões.

Nos antigos filmes de faroeste havia esse grande antagonista coletivo. Os índios. Sempre retratados como selvagens assassinos. De fato, não podemos fechar os olhos para a realidade histórica, houve sim massacres promovidos por tribos mais violentas. Eles atacavam as caravanas de pioneiros brancos que iam em direção ao oeste americano. Barbaridades foram cometidas nesse período histórico, porém com o passar dos anos a convivência entre índios e brancos foi aumentando. O inicial choque de civilizações foi abrandando. De uma nova postura veio a necessária convivência civilizada.

A questão é que os roteiros dos filmes clássicos não primavam muitas vezes pela sutileza necessária. Eram filmes feitos para puro entretenimento. E com isso vieram as simplificações. Claro, houve inúmeras exceções. O índio Tonto que era o parceiro leal do cavaleiro solitário, herói das matinês, era um exemplo de que nem sempre a figura do nativo era negativa ou vilanesca. O diferencial com "Dança com Lobos" era que o foco mudava completamente de rota, mostrando a civilização indígena com todas as suas complexidades.

Filmes como "Pequeno Grande Homem" já tinham percorrido levemente essa caminho. Só que o filme de Kevin Costner deu um passo a mais, algo que já era necessário no ano em que chegou aos cinemas. A chuva de prêmios no Oscar, o reconhecimento da crítica e a boa vontade do público cimentaram todo o resto. A indústria já estava pronta para fazer uma espécie de mea culpa da forma como os índios tinham sido retratados por anos nas telas de cinema. É a evolução dos tempos, sempre caminhando para a frente.

Pablo Aluísio.

O verdadeiro Billy The Kid

O verdadeiro Billy The Kid se notabilizou por causa de seus feitos no mundo do crime. Ele pouco tinha a ver com as inúmeras caracterizações que iriam ser feitas pelo cinema nos anos que viriam. Billy era um sujeito pequeno, feio, com dentição ruim, que se envolveu numa série de mortes durante a chamada Guerra do Condado de Lincoln. Ele trabalhava com um inglês que tinha chegado na cidade onde morava para abrir um pequeno comércio. O problema é que seu concorrente não viu com bons olhos essa nova loja. Durante um trajeto ele acabou sendo assassinado. Os que trabalhavam ao seu lado (Kid, entre eles) partiram para a vingança. Pessoas foram mortas, inclusive homens da lei (acusados de serem corruptos) e Billy The Kid inegavalmente estava envolvido nessas mortes.

Ele foi preso, mas conseguiu fugir numa fuga espetacular, que o tornou famoso (ou infame) no velho oeste. Ao descer os degraus da cadeia conseguiu pegar a arma do policial, atirou nele e o matou. Ao sair correndo ainda atingiu outro assistente do xerife e ganhou a liberdade, mesmo estando algemado. Acabou sendo caçado por um velho conhecido, Pat Garrett, que conhecia Billy muito bem, inclusive sabendo de antemão onde ele procurava se esconder. E foi em um dos seus esconderijos que o xerife o matou. Dizem que Billy saiu por uma porta, onde Pat se escondia nas sombras. Afirmações não comprovadas afirmam ainda que o homem da lei o matou pelas costas, algo que ia contra a lei moral que imperava no velho oeste americano. Quem sabe agora a verdade depois de tantos anos?

Do Billy histórico sobrou pouca coisa. Ele foi enterrado no cemitério local, sem identificação. Como nenhum parente apareceu ele foi praticamente sepultado como indigente. De sua aparência original só restam duas velhas fotos. Numa delas, a mais famosa, Billy aparece ao lado de uma espingarda. Sua roupa não lembra em nada os figurinos estilosos do cinema. Ele aparente estar meio sujo, com uma cartola fora de eixo. Parecia ter poucos dentes na boca. Tinha a aparência de um jovem irlandês analfabeto, como muitos outros sem rumo e sem destino que vagavam pelas pequenas cidades do oeste. Nada que lembrasse um Paul Newman ou um Emilio Estevez. A realidade histórica, sem dúvida, era muito mais dura!

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de novembro de 2006

A Desforra do Estranho

Ainda sobre o filme "A Desforra do Estranho" cuja resenha escrevi aqui no blog, vale destacar a presença da atriz adolescente Luana Patten. Ela começou a carreira ainda criança, quando foi contratada pelo próprio Walt Disney para ser a estrelinha de um de seus primeiros filmes com atores em carne e osso, já que até aquele momento seu estúdio era especializado em animações.

O filme se chamou "A Canção do Sul" e foi um sucesso de bilheteria. Depois a atriz cresceu, se tornou uma bonita adolescente e conseguiu fazer a transição para o cinema convencional - algo que é raro hoje em dia e era raro também naquela época. Ela atuou em faroestes como "Audácia de um Rebelde" e "A Desforra de um Estranho"; Depois fez séries de TV famosas como "Cimarron City", "Caravana", "Rawhide" e "Dragnet". Morreu precocemente com apenas 57 anos de idade.

O ator Jock Mahoney atuou em 99 filmes! Uma carreira longa que começou em 1946 com o filme de aventuras capa e espada chamado "Sangue e Espada". Depois continuou no mesmo gênero em "Alma de Aventureiro". Depois de muitos filmes ao longo de anos ele foi escalado também para interpretar Tarzan no filme "Tarzan, o Magnífico" em 1960. Repetiria no cinema o mesmo papel em "Tarzan vai à Índia" e "Os Três Desafios de Tarzan". Depois, já em 1966 iria para a TV com a série "Tarzan" que duraria apenas duas temporadas. Interessante que na TV o famoso personagem seria interpretado por Ron Ely.

Ainda nos anos 60 atuaria em séries como "Daniel Boone" e "Batman e Robin". E assim foi até o fim da carreira, alternando papéis secundários no cinema em filmes de sucesso como "Se Meu Fusca Falasse" e "O Preço de um Covarde", surgindo também esporadicamente em diversas séries como "Kung Fu" e "Duro na Queda". Seu último trabalho foi no telefilme  "The All American Cowboy" de 1985. Ele faleceu em 1989, aos 70 anos de idade.

Pablo Aluísio.

Charles Bronson e o western

Fez muitos filmes de faroeste. No começo, como era de se esperar, se especializou em interpretar índios e nativos selvagens. Também pudera, o ator tinha sangue índio nas veias. Depois de dezenas de filmes como mero figurante ele foi melhorando na escolha dos elencos. Ganhou projeção com personagens de homens duros e de poucas palavras, o que era o ideal para o gênero western. Seu maior sucesso comercial nas telas montando um cavalo e empunhando um rifle fumegante foi com o clássico "Sete Homens e um Destino". Nele ele tinha um papel de importância, ao lado de outros grandes astros de Hollywood.

Depois Bronson faria "Era uma Vez no Oeste" de Sergio Leone. Uma maravilha em forma de cinema. A partir daí já não havia mais dúvidas de que Bronson conseguia atrair público para seus filmes. Curiosamente, a partir dos anos 70, Bronson iria se consagrar como justiceiro urbano na longa série de filmes de ação "Desejo de Matar". Eventualmente ele faria novamente filmes de faroeste, mas conforme os anos foram passando esse tipo de filme foi rareando em sua filmografia. No final da vida virou essencialmente um ator especializado em filmes de pura ação, sempre com um grande revólver nas mãos, pronto para fazer justiça por seus próprios meios.Quando o sistema falhava, Bronson surgia com sua arma para mandar todos aqueles bandidos para covas rasas.

Em uma de suas últimas entrevistas (ele morreu em 2003) o ator parecia ter um sentimento de amor e ódio em relação aos filmes de faroeste que fez. Sobre isso ele disse: "Eu fiz bons filmes de western, mas também fiz muita porcaria. No começo da minha carreira o importante era ter trabalho e ganhar algum salário, por isso eu aceitei todo tipo de papel, de figurante, de índio que só entrava na cena para levar um tiro e sumir e por aí vai. Tive sorte também de estar em filmes maravilhosos, com diretores de primeira linha. É a vida, um dia se ganha, no outro se perde".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

John Wayne - Rooster Cogburn

Em 1975 o ator John Wayne voltou a interpretar o personagem Rooster Cogburn. O velho beberrão e caolho havia lhe dado o Oscar e isso já bastava para que ele voltasse à tona, em uma sequência que foi até muito esperada pelos seus fãs. O título do filme original era simples, trazia apenas o nome de Rooster Cogburn. No Brasil o filme foi intitulado como "Justiceiro Implacável", talvez um nome forte demais para um filme que era acima de tudo bem leve, apostando mais no bom humor do que em qualquer outra coisa.

Para contracenar com o velho Wayne, o estúdio não mediu esforços e contratou outra veterana das telas e não era uma atriz qualquer... era simplesmente a grande dama do cinema americano, a inigualável Katharine Hepburn. Ela foi consagrada por uma longa e bem produtiva carreira, tendo vencido vários prêmios da academia. Uma coadjuvante de luxo. John Wayne obviamente ficou orgulhoso de trabalhar ao lado de uma profissional de seu nível.

Os anos porém se fizeram sentir. O filme foi todo rodado em uma bela reserva florestal e filmagens assim sempre exigiram muito da equipe técnica e elenco. Katharine Hepburn já estava com a idade avançada e sentiu o peso de filmar ali, no meio do nada, com muitos insetos, chuvas torrenciais, além de um clima com muita umidade. No filme podemos perceber sua fadiga, porém o talento venceu mais uma vez e ela conseguiu com muita dignidade superar esse desafio.

Já John Wayne, bom, mesmo estando a poucos anos de sua morte (ele morreria quatro anos depois), conseguiu convencer novamente nas telas. Até nas cenas de ação, quando conseguiu cavalgar em velocidade, com os arreios entre os dentes, disparando com as duas mãos. Era o velho astro cowboy demonstrando que ainda tinha como dar conta do recado.

Pablo Aluísio.

Cinema Clássico - Família Fonda

Henry Fonda, Jane Fonda, Peter Fonda,

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

O Faroeste em seus primórdios - Parte 2

Provavelmente o primeiro grande astro do cinema no gênero western tenha sido Tom Mix. De origem humilde (seu pai era um trabalhador comum, um lenhador), Mix não tinha a menor habilidade para atuar bem, porém já tinha experiência no mundo dos espetáculos circenses, pois havia trabalhado muitos anos no circuito wild west, onde artistas de circo se passavam por cowboys e índios do velho oeste.

A novidade vinha do fato de que agora tudo poderia ser capturado em filme. Ao invés de excursionar por todo o país em shows itinerantes, agora era possível fazer apenas uma apresentação, filmar e depois distribuir cópias por todo o país em exibições a preços promocionais. Era a invenção do cinema como negócio lucrativo, como indústria. Para Tom Mix, o primeiro grande cowboy das telas de cinema, não poderia haver nada melhor.

Os roteiros desses primeiros filmes de western, ainda na era do cinema mudo, não primavam pela originalidade. Na verdade eram meras adaptações dos shows de oeste selvagem. Havia basicamente dois ou três personagens centrais. O mocinho, o vilão e a mocinha. Os índios estavam na tela apenas para atacar os pioneiros brancos, que eram covardemente assassinados. Esse selvagens pele-vermelhas então deveriam ser exterminados. O bangue-bangue era o mote principal. Já nesses primeiros filmes mudos podemos encontrar cenas que iriam virar o marco principal dos faroestes. O mocinho em duelo contra o bandido, na rua principal, enquanto todos esperavam para ver quem sacava a arma mais rápido.

Tom Mix tinha experiência militar. Por dois anos ele serviu a artilharia do exército americano. Também havia trabalhado como assistente de xerife no Arizona. Assim era o homem certo para os primeiros filmes de western. Sabia montar bem (suas origens eram rurais), sabia manejar um revólver com eficiência e tinha uma boa imagem, uma boa presença de cena. O pacote completo. Sobre atuar, bem isso era apenas um aspecto secundário nessas primeiras produções. O que valia a pena (e o ingresso) eram mesmo as cenas de cavalgada, os duelos e, é claro, a pura diversão.

Pablo Aluísio.

Lone Ranger


terça-feira, 14 de novembro de 2006

Randolph Scott - Comanche Station

Esse western de 1960 recebeu no Brasil o título de "Cavalgada Trágica". Por essa época o ator Randolph Scott já estava pensando em se aposentar, afinal eram anos e anos dedicado ao cinema. Como ele produzia seus próprios filmes também já estava numa situação financeira excelente. Era um homem rico por causa das aplicações que fez e pela fortuna que ganhou com seus faroestes. Nesse filme Scott interpreta um cavaleiro errante que procura encontrar sua esposa. Não é demais lembrar que muitas mulheres brancas foram raptadas por comanches durante a conquista do oeste.

Assim o filme procura resgatar esse tipo de crime que era bem habitual entre os pioneiros. Praticamente todos conheciam uma história assim, acontecida com alguém próximo. Numa dessas cavalgadas ele acaba então encontrando uma mulher branca em terras selvagens, mas não sua esposa e sim uma outra pioneira. Inclusive com preço de resgate por seu retorno sã e salva.

Essa produção acabaria sendo a penúltima da carreira de Randolph Scott. Ele só faria apenas mais um filme, sua despedida, dois anos depois, no clássico "Pistoleiros ao Entardecer". Também marcou a despedida de uma longa e bem sucedida parceria com o diretor Budd Boetticher. O velho cineasta havia encontrado um porto seguro com Scott. Ele produzia e o contratava para dirigir seus filmes de western. O resultado dessa dupla de talentos daria origem a alguns dos melhores filmes de faroeste dos anos 1950. Dando total liberdade ao diretor, mesmo sendo o produtor executivo das fitas, Randolph Scott acertava em cheio pois os filmes se diferenciavam principalmente pelo realismo, alto que não era tão presente em filmes da época.

Cavalgada Trágica (1960)
Comanche Station
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Burt Kennedy
Elenco: Randolph Scott, Nancy Gates, Claude Akins, Skip Homeier, Richard Rust

Pablo Aluísio.

Kevin Costner - Wyatt Earp

A intenção de Kevin Costner com esse filme foi resgatar de um ponto de vista historicamente correto a trajetória e a vida do lendário xerife Wyatt Earp. Ao longo de décadas ele esteve como personagem de ficção em centenas de filmes, alguns bem fantasiosos, baseados principalmente na literatura de bolso do gênero faroeste que se tornou bem popular no século passado.

Porém quem foi realmente Wyatt Earp? Essa foi uma pergunta de difícil resposta. Não custa lembrar que o próprio xerife contribuiu para a romantização de sua lenda, pois já velhinho foi para Hollywood onde acabou contribuindo (inclusive com mentiras) para os filmes da era do cinema mudo. Assim passar por cima de camadas e mais camadas de pura ficção não foi fácil.

O resultado acabou sendo esse roteiro que sem favor algum é muito bom. Kevin Costner queria controle total do projeto, inclusive palpitando no roteiro e assumindo a direção. O estúdio não aceitou. Assim a direção foi dada para o cineasta Lawrence Kasdan. Sucesso de crítica, mas não completamente bem sucedido em termos de bilheteria, esse western cumpriu o que prometia, trazer o Wyatt Earp da história real, tentando ser mais realista do que todos os outros filmes já feitos sobre ele.

Wyatt Earp (EUA, 1994) Direção: Lawrence Kasdan / Roteiro: Dan Gordon, Lawrence Kasdan / Elenco: Kevin Costner, Dennis Quaid, Gene Hackman / Sinopse: Cinebiografia do famoso xerife e homem da lei Wyatt Earp (Kevin Costner). Ao lado de seus irmãos e do amigo Doc Holliday (Dennis Quaid), Earp se envolveu no famoso duelo do OK Curral, que entrou na história do velho oeste.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Cine Western

 
As mulheres no Cine Western
Nos antigos filmes de faroeste da era de ouro do cinema dos Estados Unidos também devemos louvar a forte e marcante presença das atrizes, sempre interpretando pioneiras fortes e bravas que seguiram em direção ao velho oeste ao lado de seus maridos e companheiros em busca de uma vida melhor. 

Cine Western - Robert Duvall, Jeff Bridges, Kevin Costner



 

domingo, 12 de novembro de 2006

John Wayne - Os Chacais do Oeste

Em 1973 o veterano astro dos filmes de faroeste John Wayne participou de uma produção ao lado da atriz Ann-Margret. Foi uma parceria incomum. Ela vinha de vários musicais, comédias românticas, com destaque para "Viva Las Vegas" ao lado do roqueiro Elvis Presley. Não era bem sua praia esse tipo de produção de western, passada no velho oeste americano.

O curioso é que a dupla acabou dando certo. Credito isso ao fato de John Wayne ter sim uma versatilidade em sua persona nas telas. Ele poderia se sair bem tanto em grandes filmes clássicos, como também em filmes mais leves, que trilhavam o caminho até do bom humor. Não raro ele também aceitava atuar em roteiros que de certa maneira tiravam graça de sua própria figura no cinema, de sua imagem. John Wayne tinha bom humor e isso só contribuiu para seu sucesso de bilheteria ao longo dos anos. O próprio John Ford já havia descoberto isso muitos anos atrás.

O filme mostra uma mulher que contrata um grupo de cowboys para encontrar o tesouro que seu marido falecido escondeu após a guerra civil americana. Claro que algo assim acaba atraindo também todos os tipos de criminosos, patifes e picaretas, ou seja, a nata da bandidagem do oeste. O filme tem ótimas cenas de ação, inclusive com o uso de uma velha Maria Fumaça, uma daquelas locomotivas históricas e nostálgicas. Porém além disso o roteiro também aposta no bom humor, com ótimo resultado. E não é nada mal encontrar a bela Ann-Margret com seu figurino de western, sensualizando em sua roupa de couro. Mais sensual do que isso, impossível.

Os Chacais do Oeste (The Train Robbers, EUA, 1973) Direção: Burt Kennedy / Roteiro. Burt Kennedy / Elenco: John Wayne, Ann-Margret, Rod Taylor, Ben Johnson, Christopher George, Bobby Vinton, Ricardo Montalban / Sinopse: Uma jovem viúva contrata um grupo formado por veteranos da Guerra Civil para recuperar meio milhão de dólares em ouro provenientes de um grande roubo de trem cometido por seu marido morto. O problema é que o ouro também desperta a cobiça de todos os pistoleiros e renegados da região. Chegar a ele será um grande desafio.

Pablo Aluísio.

Cine Western

Randolph Scott

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Vera Cruz

O western clássico "Vera Cruz" de 1954 foi um divisor de águas. Seu roteiro rompeu inúmeros dogmas dos tradicionais filmes de faroeste dos Estados Unidos. Além disso soube desconstruir com muito talento as imagens de dois ícones do cinema, Gary Cooper e Burt Lancaster. Cooper era um símbolo da virtude do pioneiro do velho oeste. Ele construiu sua imagem cinematográfica interpretando homens íntegros e de imensas virtudes, como o inesquecível xerife de "Matar ou Morrer", o homem da lei que era abandonado à própria sorte pela cidade que havia jurado defender.

Aqui Cooper dá uma guinada nessa imagem. Ele não é mais o herói, mas sim um mercenário, daquele tipo de lutará por quem lhe pagar mais, não importando a causa ou a ideologia que aceitaria defender. Nada mais longe de seus personagens de um passado recente. Mais desconcertante ainda para os fãs na época era encarar um Burt Lancaster bandido, sujo e malfeitor. Isso mesmo, ele interpretou nesse filme um ladrão de cavalos (um dos piores tipos do velho oeste), mentiroso, manipulador e sem muito caráter. Só por isso "Vera Cruz" já entraria na galeria dos grandes filmes americanos dos anos 1950.

O diretor Robert Aldrich também procurou optar pela ação e pela violência. A estrutura narrativa mostra um grupo de homens viajando com um carregamento de ouro cobiçado. Enquanto vão atravessando o deserto acabam cercados por todos os tipos de infames e facínoras. O destino final é justamente o porto de Vera Cruz, mas quem conseguirá chegar vivo no fim da viagem? Traições, emboscadas e tiroteios passam a ser rotina nessa travessia de vida e morte. Na época em que o filme foi lançado alguns críticos reclamaram do excesso de cenas de ação, mas penso que isso não foi um defeito do filme, muito pelo contrário, essa é sua principal característica.

Vera Cruz (Vera Cruz, EUA, 1954) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Roland Kibbee, James R. Webb / Elenco: Gary Cooper, Burt Lancaster, Denise Darcel / Sinopse: Durante a revolução mexicana de 1866 um grupo de pistoleiros e aventureiros americanos são contratados pelo Imperador Maximiliano para escoltar uma condessa mexicana e um carregamento de ouro até o porto de Vera Cruz.

Pablo Aluísio.

Cine Western

 Tom Mix

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Vera Cruz - Curiosidades

1. Clark Gable alertou Gary Cooper para não trabalhar com Burt Lancaster. Ele disse que Lancaster era muito jovem e que iria ofuscá-lo em cena. "Aquele jovem vai fazer você sumir da tela" - teria dito. Curiosamente anos depois Gable ignorou seu próprio conselho e atuou ao lado de Lancaster no clássico filme de guerra O Mar é Nosso Túmulo (1958).

2. Gary Cooper não gostou muito do roteiro. Mostrou diversas contradições e erros históricos no texto. Numa das reuniões com o diretor e o roteirista disse: "Não faz sentido um ex-coronel confederado lutar ao lado de um mexicano contra um americano!". Para Cooper isso não tinha a menor lógica histórica.

3. O filme foi rodado todo no México. Durante as filmagens aconteceu algo inesperado. Charles Bronson e Ernest Borgnine foram presos pela polícia federal mexicana. Eles tinham ido até uma pequena mercearia nas redondezas para comprar cigarros. Acontece que ainda estavam vestidos com os figurinos do filme. Confundidos com bandidos só foram soltos após a interferência do estúdio de cinema que estava produzindo o filme.

4. Gary Cooper ficou gravemente ferido quando foi atingido por fragmentos de uma ponte que havia sido explodida, porque a equipe de efeitos especiais havia usado explosivos demais.

5. Embora representado por George Macready, de 54 anos, o verdadeiro imperador Maximiliano I, do México, tinha apenas trinta e quatro anos quando morreu.

6. Burt Lancaster lembrou muitos anos depois que seu colega de profissão, Gary Cooper, ficou muito incomodado durante as filmagens por causa do aspecto de vião de seu personagem. Para Cooper interpretar um ex-coronel confederado não poderia significar que ele fosse um vilão, mas sim um bom homem que acabou escolhendo o lado errado em sua carreira.

7. O filme "Vera Cruz" é geralmente chamado de o "primeiro western espaguete americano", devido à influência que absorveu de faroestes produzidos na Itália, em especial os dirigidos pelo mestre Sergio Leone, o mais popular cineasta nesse estilo.

Pablo Aluísio.

El Dorado - Curiosidades

1. Robert Mitchum começou a atuar no filme dando ao seu personagem um aspecto frágil e muito debilitado por causa da bebida. Isso porém não agradou ao diretor Howard Hawks que decidiu mudar um pouco as coisas. Assim Mitchum acabou dando mais força de vontade ao seu personagem bêbado. 

2. O papel de John Wayne exigiu no roteiro que ele surgisse de cabelos grisalhos, mas o ator recusou o uso de uma peruca cinza. Após alguns testes de figurino e câmera ele achou aquilo muito ruim e jogou fora a tal peruca. Acabou fazendo seu personagem com seus cabelos normais. 

3. John Wayne usa um rifle Winchester no filme que lhe pertencia na vida real. Ele criou uma maneira de usar o rifle com apenas uma mão, o girando pela alavanca. O rifle usado tinha uma alavanca de "D-loop" ampliada para facilitar o truque. John Wayne usou este tipo de Winchester modificada em vários outros filmes, se tornando uma de suas marcas registradas. A primeira vez que ele trouxe esse rifle para o cinema foi no clássico Stagecoach (1939).

4. John Wayne iria atuar em outro western chamado Nevada Smith, mas depois desistiu, optando por "El Dorado". Sem seu astro principal a Paramount resolveu então escalar Steve McQueen para interpretar o cowboy Nevada Smith. Os dois filmes acabaram sendo lançados no mesmo mês, criando uma concorrência entre eles. Sobre o filme de McQueen, Wayne diria: "É um bom western, muito bom mesmo!"

5. John Wayne e Robert Mitchum tinham trabalhado juntos pela primeira vez dez anos antes. Quando Wayne acertou com a Paramount para atuar ele sugeriu a Howard Hawks que contratasse Mitchum, que vinha enfrentando problemas com a imprensa por causa dos escândalos pessoais envolvendo mulheres, drogas, bebidas e brigas com produtores influentes de Hollywood. Uma semana depois Hawks ligou para Wayne para dizer que concordava com a sugestão, que iria contratar o bad boy Robert Mitchum.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Steve McQueen - Nevada Smith

Esse texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu ao filme "Nevada Smith" aconselho a parar a leitura por aqui. Pois bem, ainda sobre esse faroeste que assisti recentemente gostaria de colocar mais alguns aspectos em evidência. O filme conta em seu elenco com o grande ator Karl Malden. Não se engane, ele foi um dos maiores atores de sua geração. Amigo pessoal de Marlon Brando fez com ele grande parceria em filmes clássicos inesquecíveis.

Em "Nevada Smith" ele interpreta um dos três assassinos dos pais do personagem de Steve McQueen. Logo se torna alvo de sua vingança. O curioso é que Malden desaparece por quase todo o filme. Uma vez cometido o assassinato ele some, só ressurgindo nas últimas cenas, quando ele se torna o último a ser procurado por McQueen.

Malden imprime um tom de psicopatia ao seu personagem. Ele sabe que está sendo caçado pelo filho das pessoas que matou, mas ao mesmo tempo não sabe que é seu novo contratado, um pistoleiro que ele simpatizou numa de suas cavalgadas. Na cena final enfim Nevada Smith se revela a ele, que caído no meio de um riacho não consegue mais reagir. Em tom de desprezo então Nevada lhe diz que não vai lhe matar, pois nem isso ele merece. Esse final foi bem diferente, muito ousado para a época, totalmente fora dos padrões do western americano da época. Provavelmente se fosse em um filme de Clint Eastwood ou John Wayne ele certamente não escaparia de levar um tiro.

Pode-se até dizer que Karl Malden foi mal aproveitado no filme, por causa de seu talento e tudo mais, porém como um vilão jurado de morte ele até que se saiu muito bem. Claro que um papel como esse não exigia o nível de trabalho que qualquer outro drama que ele tenha estrelado ao longo de tantos anos em sua carreira, tanto no cinema como no teatro, porém é inegável que ele trouxe a sordidez necessária ao seu personagem em cena. Ele tinha que interpretar o facínora e nisso se saiu muito bem.

Pablo Aluísio. 

Jeff Chandler - Pillars Of The Sky

Na época em que esse filme foi lançado (estamos falando de 1956) não se discutia muito sobre a ética envolvida em se evangelizar índios ou não. Tudo era visto de forma natural. Os nativos eram selvagens e precisavam ser evangelizados na cultura judaico-cristã para salvar suas almas. Ponto final. Assim o roteiro desse filme encarava seus personagens sob um viés bem positivo. Hoje em dia, como sabemos, haveria muitos protestos por causa de seu roteiro.

Bom, os dois personagens principais são o sargento da cavalaria Emmett Bell (Jeff Chandler) e Calla Gaxton (Dorothy Malone), a pioneira que tenta ao seu modo cristianizar aqueles povos nativos do velho oeste. Abro um parêntese aqui em relação à atriz Dorothy Malone. Ela foi uma das mais bonitas, elegantes e charmosas atrizes do western americano. Uma beldade realmente. Atuou em diversos clássicos e era sempre requisitada pelos estúdios para atuar em filmes de faroeste. Pena que geralmente suas personagens não eram grande coisa - na maioria das vezes ela fazia a indefesa branca bonita de olhos azuis que precisava ser salva pelo mocinho.

Jeff Chandler, o astro galã de cabelos grisalhos, provavelmente não se tornaria um astro nos dias de hoje. Ele era, digamos, másculo demais para os padrões atuais. Muito bronzeado (penso que tinha sangue indígena), Chandler foi um dos campeões de bilheteria dos anos 50. O curioso é que hoje em dia pouco se ouve falar nele, até mesmo entre os que gostam de filmes clássicos. Para terminar o pedigree do filme "Pilastras do Céu" é sempre bom lembrar que ele foi dirigido por George Marshall. Esse diretor tinha nome de general da União da guerra civil e era realmente um expert em filmes de faroeste. Sua filmografia é impressionante, contando com quase 200 filmes em seis décadas de profissão. Um dos grandes nomes do filão mais americano de todos os gêneros cinematográficos.

Pablo Aluísio.