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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Charada

Charada
Nesse filme a atriz Audrey Hepburn interpreta uma norte-americana em Paris que precisa lidar não apenas com a morte misteriosa de seu marido, mas também com um grupo de homens desconhecidos que passam a lhe perseguir pelas ruas da capital francesa. Eles parecem querer alguma coisa, a localização de uma fortuna que teria sido roubada por seu marido quando ele estava prestando serviço militar durante a segunda guerra mundial. Na época um pelotão de soldados americanos decidiu roubar uma fortuna que havia sido deixada pelos nazistas. Depois do fim da guerra houve uma série de traições entre eles, ficando todo o dinheiro nas mãos desse que foi morto. Só que o mistério persiste: onde foi parar todo aquele dinheiro roubado pelos militares americanos?

Um bom filme clássico. Durante todo o tempo fiquei imaginando essa história nas mãos de Alfred Hitchcock. Certamente isso teria resultado em um dos melhores filmes de suspense da história, afinal a trama que move o filme é muito boa. Só que isso não aconteceu. O filme foi dirigido pelo cineasta Stanley Donen, que até fez um bom filme, mas sem nunca sair do comum, do banal. Sobra de bom mesmo as sempre carismáticas presenças de Audrey Hepburn (sempre elegante) e Cary Grant, aqui interpretando um sujeito que muda de identidade como quem muda de roupa. O elenco coadjuvante também é muito interessante. Walter Matthau interpreta um agente da CIA (mas não vá confiar muito nisso!) e James Coburn surge como um dos ex-militares que vai usar de tudo, inclusive de violência, para colocar as mãos no dinheiro roubado dos nazistas. Enfim, bom filme, gostei, mas devo confessar que poderia ser bem melhor. 

Charada (Charade, Estados Unidos, 1963) Direção: Stanley Donen / Roteiro: Peter Stone, Marc Behm / Elenco: Cary Grant, Audrey Hepburn, Walter Matthau, James Coburn, George Kennedy / Sinopse: Uma jovem viúva norte-americana passa a ser perseguida pelas ruas de Paris por um grupo de ex-militares que estão em busca de uma fortuna nazista que teria sido roubada pelo seu marido falecido durante a guerra mundial. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música original. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

A Primeira Página

A Primeira Página
Nessa última semana assisti a mais um filme do mestre Billy Wilder. Não tem jeito, esse foi um diretor e roteirista realmente diferenciado. Wilder transitava em seus filmes nos mais diferentes tipos de humor. Tanto escrevia diálogos mais refinados, como também apostava no tipo de humor mais popular. Aqui ele voltou a trabalhar com essa ótima dupla de atores que juntos fizeram muitos filmes de humor memoráveis em Hollywood nos seus bons tempos. Assim temos nessa produção Jack Lemmon e Walter Matthau juntos no elenco, sob a talentosa direção de Wilder. Realmente um trio desses torna qualquer filme obrigatório!

Na história Lemmon interpreta um jornalista veterano que cansou da profissão. Ele agora quer mais é se casar e ir embora com sua noiva para viver uma nova vida. O tio dela é um ricaço, dono de agências de publicidade e marketing e Lemmon quer mais é largar essa coisa de jornalismo para ter uma vida menos estressante. Só que o editor do jornal onde ele trabalha, interpretado pelo sempre ótimo Matthau, não está disposto a perder seu melhor jornalista. Assim arma um esquema para que ele continue trabalhando em seu Diário, um dos mais vendidos da cidade. 

E a oportunidade certa chega na execução de um homem que matou um policial. Ele vai ser enforcado no dia seguinte. A mídia fica em polvorosa. E Lemmon cai na armadilha, já que apesar de dizer que odeia jornalismo, ele na realidade ama essa profissão. A história do filme inteiro se passa na noite anterior da execução desse criminoso. A sala de imprensa vira assim o palco ideal para Wilder desenvolver sua veia cômica. O resultado, nem preciso dizer, é realmente ótimo! É a tal coisa, quanto mais filmes novos assisto, mais gosto dos filmes do passado. Era realmente outro nível!

A Primeira Página (The Front Page, Estados Unidos, 1974) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Ben Hecht, Charles MacArthur / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, Susan Sarandon / Sinopse: Jornalista veterano quer mesmo é largar a profissão, se casar, mudar para outra cidade e arranjar uma mamata em um emprego fácil. Só que seu editor tem outros planos, o colocando no meio do olho do furacão de um frenesi da imprensa em volta da execução de um condenado à morte. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de março de 2024

Candy

Título no Brasil: Candy
Título Original: Candy
Ano de Lançamento: 1968
País: Estados Unidos, França
Estúdio: American Broadcasting Company (ABC)
Direção: Christian Marquand
Roteiro: Buck Henry, Terry Southern
Elenco: Ewa Aulin, Richard Burton, Marlon Brando, Charles Aznavour, James Coburn, John Huston, Walter Matthau, Ringo Starr

Sinopse:
Uma jovem e inocente garota colegial, conhecida apenas como Candy (Docinho) acaba conhecendo uma longa série de homens mais velhos, alguns bem interessantes, outros completamente malucos. E nessas experiências vai aprendendo sobre o amor, a vida e a felicidade. E tudo vai acontecendo em plena era do flower power, no mágico ano de 1968, em pleno auge do movimento hippie.

Comentários:
Em sua autobiografia, em um momento de confissão e lucidez, Brando reconheceu que fez filmes bem ruins ao longo de sua carreira. Um exemplo que ele citou foi justamente esse "Candy". Para Brando fazer esse filme foi um dos maiores erros de sua carreira. Apenas aceitou o convite porque se considerava muito amigo do diretor Christian Marquand e não teve coragem de lhe dizer não! Iria se arrepender amargamente nos anos seguintes. O filme foi feito no período em que nada parecia dar certo na vida do ator. Muitos problemas pessoais envolvendo suas ex-esposas e na vida profissional as coisas também não iam bem, com sucessivos fracassos de bilheteria. De uma coisa tenho certeza, Brando acertou em sua avaliação pessoal. Esse filme é muito ruim mesmo. Nada parece certo, passando pela história boboca, indo pelos figurinos bizarros e até mesmo pela má interpretação do próprio Brando. E olha que seu elenco está cheio de gente famosa da época, mas nada disso pareceu melhorar um filme fadado a ser muito fraco. Enfim, um erro da primeira à última cena. O pior filme de Marlon Brando, sem dúvida! 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

O Negócio é Sobreviver

Título no Brasil: O Negócio é Sobreviver
Título Orinal: The Survivors
Ano de Lançamento: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Michael Ritchie
Roteiro: Michael Leeson
Elenco: Walter Matthau, Robin Williams, Jerry Reed

Sinopse:
Depois de ambos terem perdido o emprego, dois estranhos tornam-se amigos improváveis ​​depois de um encontro com um suposto ladrão, que na verdade é um assassino de aluguel que guarda rancor dos dois.

Comentários:
Essa comédia do começo dos anos 80 tem algo bem especial, seu elenco. Reuniram dois comediantes excelentes. O veterano Walter Matthau estava entrando naquele momento em sua última fase, curiosamente um período de bons sucessos comerciais no cinema. Ele aprimorou aquele tipo de personagem que o tornaria inesquecível, a do homem velho, meio rabugento, mas ainda dotado de bons sentimentos, apesar do cinismo sempre presente. Já Robin Williams, ainda no começo da carreira, teve a oportunidade de aprender muito com as dicas do experiente Matthau. Pena que esse foi o único filme que fizeram juntos. Uma dupla de bons atores e excelentes comediantes que deveria ter sido unido em outros filmes. De maneira em geral é uma comédia que me agradou bastante e que até hoje, revista, funciona bem. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Terremoto

Título no Brasil: Terremoto
Título Original: Earthquake
Ano de Lançamento: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Mark Robson
Roteiro: Mario Puzo, George Fox
Elenco: Charlton Heston, Ava Gardner, George Kennedy, 
Geneviève Bujold, Victoria Principal, Walter Matthau

Sinopse:
Um grande terremoto atinge a Califórnia, em especial a cidade de Los Angeles. Enquanto a destruição se amplia e os moradores tentam sobreviver de todas as formas na grande calamidade, a maior represa da região começa a se romper. Tudo acaba se transformando em um desesperado jogo de sobrevivência.

Comentários:
Um dos filmes mais conhecidos do chamado cinema catástrofe, subgênero cinematográfico que foi muito popular na década de 1970. Aqui, o diferencial realmente é o roteiro, assinado por Mario Puzo, o mesmo autor de O Poderoso Chefão. Ele procurou desenvolver os personagens principais, mostrando seus dramas e seus problemas de relacionamento no dia a dia. Tudo com o objetivo de fazer o espectador se importar com o destino deles quando o grande terremoto começa. Outro aspecto completamente positivo do filme é o seu elenco formado por veteranos da era de ouro do cinema americano. Charlton Heston, por exemplo, é o engenheiro que tem problemas em seu casamento. Ava Gardner interpreta sua esposa, que descobre que ele tem um caso extraconjugal, ou pelo menos está prestes a ter. Já Walter Matthau tem um personagem muito engraçado, um bebum de bar que fica na mesa tomando suas doses, mesmo quando a cidade está desmoronando ao seu redor. No geral, o filme mostra que o cinema norte-americano dos anos 70 tinha classe. Mesmo em temas como esse, que são de destruição total. Tudo é muito bem desenvolvido, tem seu próprio tempo, sem pressa de acontecer. E os efeitos especiais, apesar de ter passado quase 50 anos do lançamento do filme, não se tornaram datados ou ridículos. Pelo contrário, ainda são muito eficientes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Limite de Segurança

Título no Brasil: Limite de Segurança
Título Original: Fail-Safe
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Walter Bernstein, Eugene Burdick
Elenco: Henry Fonda, Walter Matthau, Larry Hagman, Fritz Weaver, Edward Binns, William Hansen

Sinopse:
Durante uma operação padrão o sistema de segurança nacional dos Estados Unidos sofre uma pane técnica e um grupo de bombardeiros é enviado, por engano, para a União Soviética com a missão de jogar bombas atômicas sobre a capital da Rússia. No meio do pânico que se instala entre os comandantes das forças armadas, o presidente dos Estados Unidos, interpretado brilhantemente por Henry Fonda, é chamado para administrar a crise e tomar todas as decisões vitais! Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor filme.

Comentários:
"Fail-Safe" é obviamente um produto da guerra fria. Naquela época o mundo vivia sob tensão, duas super potências, Estados Unidos e União Soviética, estavam empenhadas numa corrida armamentista sem limites e o conflito nuclear parecia cada vez mais próximo. O roteiro parte de uma premissa muito interessante: E se a guerra fosse iniciada por um erro do próprio sistema que comandava toda aquela máquina de destruição global? O argumento é de denúncia e de aviso, pois o texto é claramente uma crítica contra o perigo de se manter todo o arsenal atômico sob controle de meras máquinas. Conforme a tecnologia ia avançando os grandes poderios nucleares desses países acabavam sendo controlados por máquinas de alta precisão, mas como máquinas, elas poderiam um dia também falhar e quando isso acontecesse o que poderia ser feito?

É em cima desse tipo de crise que todo o enredo do filme se desenvolve. Muitos vão achar que o desfecho de tudo é radical demais, alguns poderiam qualificar até mesmo como absurdo, principalmente a decisão final tomada pelo presidente interpretado pelo excelente Henry Fonda. Porém temos que levar em conta que o roteiro foi escrito diante daquele momento histórico, que era por si só já era muito paranoico, cheio de tensão. Mesmo assim considero um grande filme, com suspense e ótimos diálogos em todos os momentos do desenvolvimento da trama. Um filme bem intencionado que procura mostrar a insanidade da guerra fria que imperava naqueles anos de medo e suspense sobre o que poderia acontecer em uma guerra nuclear total.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Piratas

Título no Brasil: Piratas
Título Original: Pirates
Ano de Produção: 1986
País: França
Estúdio: Accent Films
Direção: Roman Polanski
Roteiro: John Brownjohn, Gérard Brach
Elenco: Walter Matthau, Roman Polanski, Cris Campion, Damien Thomas, Ferdy Mayne, David Kelly,

Sinopse:
O Capitão Thomas Bartholomew Red (Walter Matthau) comanda um navio pirata no Caribe com a ajuda de Frog, um jovem marinheiro francês arrojado. Um dia o Capitão Red é capturado e levado a bordo de um galeão espanhol, mas graças à sua inventividade, ele leva a tripulação ao motim.

Comentários:
Antes do surgimento da franquia "Piratas do Caribe" o diretor Roman Polanski teve a ideia de transformar o mundo dos piratas em algo mais leve, puxado para o humor - como aconteceria anos depois com os filmes com Johnny Depp. Só que curiosamente o filme de Polanski foi um enorme fracasso de bilheteria, mostrando que não adianta ter a ideia primeiro, tem que acontecer um lance de sorte também para que um filme dê certo nesse vasto mundo da cultura pop. Eu só iria assistir esse "Piratas" alguns anos depois de seu lançamento original pois não vi no cinema. Achei interessante, nada muito especial. A produção é ótima, tudo muito bem feito, construíram até mesmo uma réplica em tamanho original de um navio antigo, só que o público não comprou a ideia e o fracasso comercial se tornou inevitável. O filme chegou a ter uma indicação ao Oscar na categoria de melhor figurino (Anthony Powell). Entretanto nem isso ajudou o filme a escapar do prejuízo. Não seria dessa vez que os bons e velhos piratas iriam renascer nos cinemas com o sucesso devido.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Um Estranho Casal

Após o fim de seu casamento de longos anos Felix Ungar (Jack Lemmon) está disposto a acabar com sua própria vida. Ele aluga um quarto barato de um hotel no nono andar para se jogar de lá. Na última hora a janela emperra e ele tem que cancelar seus planos suicidas. Assim resolve ir até a casa de seu amigo Oscar Madison (Walter Matthau), onde encontra todos os seus velhos amigos jogando poker. Arrasado, compartilha de seu drama pessoal. Tentando ser solidário Oscar sugere que Felix fique em seu apartamento até que as coisas melhorem, uma sugestão da qual irá se arrepender muito depois!

O melhor filme com a dupla Lemmon / Matthau. Escrito pelo ótimo Neil Simon o enredo é uma comédia de costumes das mais bem boladas. Assim que Felix (Lemmon) se muda para o apartamento de Oscar (Matthau) sua vida vira um inferno. Oscar é um divorciado beberrão, que adora passar as noites jogando com seus amigos. Seu lar mais parece uma lata de lixo com pedaços de comida pelo chão, roupas espalhadas e caos completo. Já Felix é um obcecado por limpeza e ordem (uma das razões que levaram seu casamento ao fim).

O choque dessas duas personalidades tão diferentes convivendo em um mesmo espaço acaba sendo o mote das principais situações engraçadas de todo o filme. Neil Simon usou o texto para criticar de forma muito bem humorada o próprio casamento tradicional como um todo, mas ao invés de usar um casal comum formado por marido e esposa, colocou dois amigos divorciados para viverem juntos, compartilhando das mesmas situações! O resultado é hilário, com excelentes diálogos e ótimas interpretações da dupla central (em especial Walter Matthau que deita e rola com seu tipo habitual, a do sujeito bonachão, que não está nem aí para nada). Juntos os atores fizeram vários filmes mas nenhum melhor do que esse aqui, que afinal de contas tem um roteiro primoroso com a assinatura de Neil Simon. Diversão garantida.

Um Estranho Casal (The Odd Couple, Estados Unidos, 1968) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Gene Saks / Roteiro: Neil Simon / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, John Fiedler / Sinopse: Dois amigos acabam indo morar juntos e sem querer desenvolvem cacoetes de um casal normal, como se fosse marido e mulher! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Edição. Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme (comédia ou musical) e Melhor ator (Walter Matthau e Jack Lemmon).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Uma Loira Por Um Milhão

Longe da grandiosidade de um “Crepúsculo dos Deuses”, o cineasta Billy Wilder também se dedicou a realizar pequenos filmes, obras primas de simplicidade e do bom humor. Um dos mais interessantes deles é justamente essa comédia de costumes muito bem realizada chamada “Uma Loira Por Um Milhão”. Realizada na década de 1960, quando as comédias românticas despontavam nas bilheterias, o filme foi quase uma brincadeira pessoal por parte de Wilder. Unindo-se a um elenco de amigos pessoais (como Jack Lemmon e Walter Matthau) ele acabou realizando um de seus filmes mais despretensiosos.

“Uma Loira Por Um Milhão” é assim uma comédia de humor negro muito bem estruturada recheada de ótimos diálogos. De certo modo lá esperava por isso uma vez que o cineasta sempre foi reconhecido pelos excelentes textos utilizados em suas produções. Não é seu momento mais engraçado na carreira, já que esse posto pertence obviamente a "Quanto Mais Quente Melhor", mas diverte bastante. A linguagem é quase teatral pois a maior parte do filme se passa dentro de um apartamento, onde Jack Lemmon finge estar seriamente ferido para receber uma bolada de uma seguradora.

O melhor do filme é seu cinismo. Na pele de um advogado pilantra o ator Walter Matthau dá aula de nonsense e falta de escrúpulos, mas tudo com bom humor. Sabe aquele sujeito que faz de tudo para ganhar um dinheiro fácil? Pois é justamente esse o estilo de seu personagem, simplesmente impagável. O ator foi premiado com o Oscar de melhor ator coadjuvante por esse trabalho. Um grande reconhecimento para um profissional realmente talentoso. O título nacional é totalmente equivocado (como sempre), pois o título original "The Fortune Cookie" (Biscoito da Sorte) é bem mais de acordo com o que acontece durante o enredo. A tal "loira" do filme não tem grande destaque dentro da trama. Já a ironia do biscoito chinês sim. Só assistindo para entender.

A dupla formada por Jack Lemmon e Walter Matthau está simplesmente perfeita em cena. Eles combinavam tão bem como a dupla O Gordo e o Magro ou Jerry Lewis e Dean Martin. Depois de tantos anos assistindo aos seus trabalhos posso afirmar sem receios que juntos nunca fizeram um filme ruim. É impressionante o nível de qualidade e elegância que conseguiam alcançar quando trabalhavam juntos. Simbiose perfeita de bom humor e diversão. Enfim fica a dica dessa pequena obra do genial e muito eclético Billy Walter. Assistir ao filme logo se torna uma bela oportunidade para rever um dos mais inteligentes diretores que já surgiram na história, aqui brincando de fazer cinema.

Uma Loira Por Um Milhão (The Fortune Cookie, Estados Unidos, 1966) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, I.A.L. Diamond / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, Ron Rich, Judi West, Cliff Osmond  / Sinopse: Após sofrer um pequeno acidente, Harry Hinkle (Jack Lemmon) é persuadido por seu cunhado, um advogado cara de pau chamado Willie Gingrich (Walter Matthau), a exagerar nos danos que sofreu para promover um milionário processo que provavelmente os tornará ricos! Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Walter Matthau). Também indicado nas categorias de melhor roteiro original (Billy Wilder, I.A.L. Diamond), melhor direção de fotografia (Joseph LaShelle) e melhor direção de arte (Robert Luthardt, Edward G. Boyle). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator - musical ou comédia (Walter Matthau).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A Um Passo da Morte

Esse é um clássico do western americano estrelado pelo astro Kirk Douglas. Na história Johnny Hawks (Kirk Douglas) lidera uma caravana de pioneiros no meio de um território indígena. Embora pacificadas, as tribos do local vivem em tensão com os brancos por causa de minas de ouro recentemente descobertas. Um dos membros da caravana, Wes Todd (Walter Matthau), está particularmente interessado em descobrir o exato local dessas ricas minas. Para isso usará de todos os meios para ter em mãos a localização dessa imensa riqueza mineral. Claro, isso vai criar todos os tipos de disputas e problemas dentro da caravana. Além da ameaça dos nativos, ainda há a ganância dos demais pioneiros.

"A Um Passo da Morte" é uma produção de encher os olhos do espectador. O filme foi todo rodado na maravilhosa reserva natural de Bend, no Estado norte-americano do Oregon. Isso trouxe ao filme uma das mais belas fotografias que já vi em um faroeste dos anos 50. Rios de águas límpidas, montanhas e muito verde desfilam pela tela como um verdadeiro brinde aos espectadores. Junte-se a isso um bom roteiro, socialmente consciente, mostrando o profundo respeito dos índios em relação às riquezas naturais da região e você terá um belo western como resultado final.

O filme é curto, menos de 80 minutos, mas muito eficiente. Um dos destaques é a ótima cena de ataque dos guerreiros Sioux contra o forte do exército americano. Usando de cavalos, flechas e lanças de fogo, os indígenas demonstram ter bastante conhecimento de táticas de guerra e combate. Afinal de contas eram povos guerreiros. A cena é excepcionalmente bem filmada e o próprio forte construído na locação impressiona pelo tamanho e realismo. Certamente não foi uma produção barata, o que era bem do feitio do astro Kirk Douglas que sempre procurou o melhor em termos de produção para seus filmes. Aqui obviamente não seria diferente.

Curiosamente o filme foi dirigido pelo húngaro André de Toth, um cineasta versátil que se saía bem dirigindo os mais diversos tipos de filmes, de faroestes a dramas, passando por alguns clássicos do terror (como "Museu de Cera" ao lado do amigo Vincent Price). Dizem que foi escolhido pelo próprio Kirk Douglas, já que ele tinha também a intenção de dirigir algumas partes do filme, sempre dando opinião no roteiro, etc. Isso levou alguns a afirmarem que o filme foi co-dirigido por Douglas, embora ele não tenha sido creditado na direção. Em conclusão recomendo bastante esse excelente western bucólico, com lindas locações naturais, um belo romance ao fundo e muitas cenas de ação e conflitos. Está mais do que recomendado.

A Um Passo da Morte (The Indian Fighter, Estados Unidos, 1955) Direção: André de Toth / Roteiro: Frank Davis, Robert L. Richards / Elenco: Kirk Douglas, Walter Matthau, Elsa Martinelli, Lon Chaney Jr / Sinopse: Johnny Hawks (Kirk Douglas) lidera uma caravana de pioneiros no meio de um território indígena. Assim que a jornada começa um dos integrantes afirma que está particularmente interessado na localização de minas de ouro na região, criando conflitos, despertando a ambição e ganância dos demais viajantes e pioneiros.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Sua Última Façanha

Excelente momento da filmografia do ator e astro Kirk Douglas. O roteiro foi baseado no livro "The Brave Cowboy", escrito por Edward Abbey e conta a estória de um velho cowboy chamado John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Considerado um sujeito de um tempo que não existe mais, ele resolve enfrentar um policial veterano, o xerife Morey Johnson (Walter Matthau), após ser considerado um fugitivo da lei. Assim ficam lado a lado dois mundos diferentes, o velho oeste e o mundo moderno, com seus carros, helicópteros e tecnologia. Enquanto o velho cowboy luta para sobreviver com seu cavalo e seu antigo modo de vida. Sem dúvida é um grande filme! Resolvi assistir depois de tomar conhecimento de que esse era o filme preferido do próprio Kirk Douglas. Depois de conferir devo dizer que concordo com o ator em gênero, número e grau. Embora tenha estrelado vários e vários clássicos ao longo de uma das carreiras mais produtivas e bem sucedidas em Hollywood não há em sua extensa filmografia nenhum outro filme que tenha tanto coração e sentimento como esse. Um roteiro que lida de maneira primorosa com o fim de um amado estilo de vida que definiu vários dos grandes heróis da história dos EUA.

O grande mérito aqui é que Douglas, o diretor David Miller e principalmente o roteirista Dalton Trumbo, conseguiram reunir vários gêneros em um só filme, com resultado bem acima da média. Se pode pensar que "Lonely Are The Brave" é apenas um western temporão, de um estilo que já estava se tornando fora de moda, mas isso é uma visão simplista. O filme passeia tranquilamente por vários estilos e gêneros, tangenciando os filmes policiais, do tipo "on the road" e até mesmo os dramas românticos, isso sem perder a direção em momento algum. Passado no moderno oeste americano, somos apresentados ao personagem John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Ele é um velho cowboy que tenta manter vivo seu estilo de vida em um mundo que definitivamente nada mais tem a ver com o passado. No meio de autoestradas, aviões a jato e carros modernos, Burns tenta manter de alguma forma intacta a figura mitológica do cowboy do velho oeste. Claro que agindo assim ele logo encontra problemas com a lei, com a sociedade e com a mentalidade moderna. Os jovens o acham uma peça de museu, mas ele insiste em manter sua dignidade intacta.

Duas coisas impressionam no filme: O lirismo subliminar do roteiro e a eficiente caçada final a Burns em uma montanha rochosa íngreme. Algumas cenas são as melhores que já vi. Fiquei imaginando como devem ter sido complicadas as filmagens naquela região no Novo México, até porque subir com um cavalo em um ambiente daqueles é quase impossível (em muitos momentos fiquei realmente receoso do cavalo e do dublê de Douglas caírem montanha abaixo, tal o perigo das tomadas feitas). Em conclusão podemos afirmar que "Sua Última Façanha" é uma excelente crônica sobre a mudança de costumes que se sucedem de uma época histórica para outra. O velho mito que se depara com os desafios da modernidade. Em vista de tudo isso certamente vai agradar aos fãs de western e também aos que querem conhecer melhor essa fase de mudanças profundas no modo de viver dos mitos do passado. Pura nostalgia, de grande qualidade artística. Vale muito a pena conhecer, certamente.

Sua Última Façanha (Lonely Are the Brave, Estados Unidos, 1962) Estúdio: Universal Pictures / Direção: David Miller / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Kirk Douglas, Gena Rowlands, Walter Matthau, George Kennedy / Sinopse: Velho cowboy, prestes a se aposentar, se recusa a abandonar seu amado estilo de vida do passado. Após problemas com um xerife ele precisa sobreviver a uma intensa caçada humana. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Homem Até o Fim

Muito curioso esse western da década de 1950 com Burt Lancaster. O primeiro detalhe que chama a atenção é o fato de ter sido dirigido pelo próprio ator. De fato ele em toda sua longa carreira só dirigiu dois filmes, esse e "The Midnight Man", duas décadas depois. Lancaster não se sentia à vontade com as pressões inerentes a função de direção. Na realidade só aceitou dirigir "The Kentuckian" porque acreditava muito no projeto e pelo fato da United Artists ter encontrado na época grande dificuldade em escalar um diretor adequado ao filme. Antes que o projeto fosse arquivado Lancaster em um ato de coragem assumiu sua direção. O interessante é que não se saiu mal. O filme tem um clima muito agradável, uma estória cativante e uma produção bonita. Não se trata de um faroeste típico pois o bucolismo está em todas as partes do filme, nos cenários, na simplicidade cativante do personagem de Lancaster e na sua relação com o seu filho, o pequeno Elias.

Vestido com um figurino que lembra o lendário Daniel Boone, Lancaster parece ter dirigido o filme para um público bem mais jovem. Também não esqueceu do público feminino, sempre reticente com westerns, ao colocar um triângulo amoroso para ser vivido por seu personagem. A produção é leve e divertida e conta com um excelente elenco de apoio liderado por Walter Matthau em sua estreia no cinema. Ele faz um dono de mercearia bonachão e apreciador de uma boa prosa que também tem grande habilidade em usar chicotes. Sua cena usando dessa habilidade é muito boa. O filme foi baseado no livro de Felix Holt chamado "The Gabriel Horn". Para quem não se recorda Holt foi o roteirista da série de TV "Lone Ranger" que no Brasil ficou conhecido como Zorro "americano" (não o espanhol vestido de negro, mas o azul do cavalo Silver e do índio Tonto). Sua habilidade para escrever estórias infantojuvenis cativantes se sobressai aqui também. Enfim, "Homem Até o Fim" é muito agradável de se assistir. Um raro momento de Lancaster como diretor que merece ser redescoberto. Recomendo.

Homem Até o Fim (The Kentuckian, EUA, 1955) Direção: Burt Lancaster / Roteiro: A,B. Ghthrie Jr baseado na novela de Felix Holt / Elenco: Burt Lancaster, Diana Lynn, Dianne Foster, Walter Matthau / Sinopse: Elias Wakefield (Burt Lancaster) é um humilde morador das montanhas do Kentucky que tem um sonho ao lado de seu pequeno filho: ir para o Texas para começar vida nova! O problema é que ele não tem os meios para tal. Se envolvendo em aventuras pretende levantar o dinheiro para finalmente ir embora em busca de um novo recomeço.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Alô, Dolly!

O musical no cinema teve seu auge durante as décadas de 1930 e 1940. Foi o tempo em que Fred Astaire e Gene Kelly brilharam, com filmes extremamente bem realizados, maravilhosas produções, com o que Hollywood tinha de melhor a oferecer ao seu público. Esse "Alô, Dolly!" chegou aos cinemas no final dos anos 1960, quando o gênero já estava em franca decadência, para não dizer em desuso. A geração "flower power" associava os antigos musicais aos tempos de seus pais e como havia um certo preconceito sobre isso, poucos filmes fizeram sucesso por essa época. O curioso é que os estúdios Fox chamaram justamente o astro Gene Kelly, daqueles tempos áureos, para dirigir essa versão para o cinema da famosa e extremamente bem sucedida peça da Broadway.

Seu trabalho de direção é primoroso. Kelly não era tão elegante como Astaire, mas compensava isso com coreografias extremamente bem marcadas, com grande vigor atlético e precisão em cada passo. É justamente o que vemos aqui. Tirando as cenas em que Barbra Streisand canta, temos uma amostra do trabalho do diretor, ator e bailarino nesse aspecto. Isso fica bem nítido na cena do restaurante, com os garçons dando piruetas, dançando e esbanjando vigor físico. Em muitos momentos percebemos que tudo foi filmado com tomadas de cenas únicas, algo realmente impressionante. Talvez por não mais dançar, Gene Kelly aproveitou para fazer desse filme sua última homenagem à dança! Foi um belo adeus, como bem podemos conferir.

Além da presença do genial diretor também temos um elenco excepcional. O principal destaque vai obviamente para Barbra Streisand. Que grande talento! Sua voz tinha uma qualidade digna das grandes divas da música norte-americana do passado. Ela esbanja refinamento em cada nota musical, em cada detalhe. Além de excelente atriz, também era uma dançarina espetacular. Uma artista completa. Sua leveza e docilidade contrastou bem com o estilo mais rude (e igualmente engraçado) de Walter Matthau. Ver o ator dançando e cantando é outra diversão que por sí só já vale a pena. Com produção requintada, ótimos figurinos, cenários deslumbrantes e uma trilha sonora das mais agradáveis, esse "Hello Dolly!" foi uma bela despedida aos grandes musicais de Hollywood. São duas horas e meia de puro prazer! Obra prima cinematográfica e musical.

Alô, Dolly! (Hello, Dolly!, Estados Unidos, 1969) Direção: Gene Kelly / Roteiro: Michael Stewart, Thornton Wilder/ Elenco: Barbra Streisand, Walter Matthau, Michael Crawford, Marianne McAndrew, Louis Armstrong / Sinopse: Dolly Levi (Barbra Streisand) é uma viúva que trabalha como agente matrimonial. Ela é contratada pelo rico e rabugento Sr. Horace Vandergelder (Walter Matthau) para lhe arranjar uma esposa, mas nada parece dar certo, até que Dolly começa a se ver como ela mesma uma boa pretendente para o irascível Horace. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Fotografia (Harry Stradling Sr). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Som e Música.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

O Homem que Burlou a Máfia

Charley Varrick (Walter Matthau) e sua quadrilha decidem assaltar um pequeno banco de interior nos Estados Unidos. A intenção é roubar uma quantia razoável de dinheiro e partir para mais um novo assalto em outra cidade. Os planos porém ficam pelo meio do caminho. Dos quatro membros do bando dois são mortos em confronto com a polícia na fuga. Varrick porém percebe que se tiveram azar na execução no crime, por outro lado tiveram muita sorte em relação ao valor que conseguiram roubar: uma pequena fortuna, algo que nem mesmo eles estavam esperando. Quase um milhão de dólares em dois grandes sacos. O que eles não poderiam esperar era que todo aquele dinheiro pertenceria à máfia que logo coloca um assassino profissional, Molly (Joe Don Baker), na caça de Varrick e seu comparsa. O objetivo agora passa a ser outro: sobreviver ao cerco dos mafiosos.

Don Siegel era genial. Exagero? Basta conferir esse filme para entender como esse cineasta era talentoso. Ele conta com maestria a estória de um assalto a banco que acabou saindo muito do controle. O roteiro é muito bem escrito (baseado no romance policial de  John Reese). Praticamente não há mocinhos nesse enredo, mas apenas bandidos tentando passar a perna em outros bandidos. O protagonista Varrick é um mestre em se safar da piores armadilhas. Inicialmente ele desconfia que tal montante de dinheiro só poderia vir do mundo do crime pois o assalto que realizam foi feito numa pequena agência de interior, onde geralmente circula um pequeno valor em seus cofres. Por um ato de sorte eles assaltam o lugar logo no dia em que uma fortuna da máfia está por lá, pronto para ser enviada ao exterior numa típica manobra de lavagem de dinheiro. Agora é lutar para sobreviver pois com os mafiosos não existirá julgamento e nem negociação. Todos os envolvidos são caçados para serem mortos sem piedade. Varrick só conta assim com sua esperteza e sua capacidade de se sair das piores situações. Além de Siegel outro que merece todos os elogios é o ator Walter Matthau. Ele era aquele tipo de ator que conseguia se sair bem tanto em comédias, dramas ou filmes policiais como esse. Ao seu modo o velho Matthau também era um gênio, só que da atuação.

O Homem que Burlou a Máfia (Charley Varrick, EUA, 1973) Direção: Don Siegel / Roteiro: Howard Rodman, baseado no romance de Howard Rodman / Elenco: Walter Matthau, Joe Don Baker, Andrew Robinson, Felicia Farr, Woodrow Parfrey / Sinopse: Um bando de assaltantes de bancos assalta uma agência e rouba uma pequena fortuna, para sua completa surpresa pois eles não estavam esperando colocar as mãos em tanto dinheiro como aquele. Acontece que o dinheiro roubado pertenceria na verdade à Máfia que não definitivamente não deixaria barato aquele crime. Filme premiado no BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Walter Matthau).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Dois Velhos Rabugentos

Para quem sempre gostou da história do cinema esse filme, apesar de ser basicamente uma comédia despretensiosa, valeu muito a pena. Isso porque o elenco reuniu três veteranos das telas. Jack Lemmon e Walter Matthau formaram uma das duplas mais produtivas de Hollywood. Juntos realizaram dez filmes, algo que começou bem lá atrás, ainda nos tempos em que Billy Wilder percebeu que eles poderiam funcionar muito bem nas telas interpretando basicamente eles mesmos. Matthau representava  sempre o mal humorado, um tipo bem representativo do lado mais ranzinza da dupla enquanto Lemmon geralmente interpretava o lado mais amigável deles, o que não o lhe livrava de também apresentar certas neuroses e manias irritantes. Basta assistir a "Um Estranho Casal" de 1968 para entender bem como eles funcionavam juntos, qual era a química entre a dupla. Aquele foi o filme síntese de sua parceria duradoura. Nesse filme melhoraram tudo com a presença de Ann-Margret (velha conhecida dos fãs de Elvis por causa do filme "Viva Las Vegas").

Eles basicamente lutam pelo amor e afeição dela (que, apesar da idade, continuava ainda a ser uma mulher exuberante, muito bonita!). O enredo se passa no frio estado de Minnesota onde parece nevar o ano inteiro, não importando a estação. Apesar de divertir bastante, onde os dois atores demonstram claramente que o velho jeito para o humor jamais desaparecera, faltou um diretor como Billy Wilder para apimentar ainda mais a história. O cineasta Donald Petrie foi polido demais, familiar além da conta. Quem assistiu aos filmes da dupla no passado sabe muito bem que eles sempre foram muito além, fazendo inclusive um ótimo humor negro juntos (basta conferir "Uma Loira por Um Milhão" para entender bem isso). Aqui eles surgem um tanto empacotados. De qualquer forma a fita, apesar de ser um tanto bobinha, acabou ganhando uma sequência dois anos depois, "Dois Velhos Mais Rabugentos", onde eles finalmente se despediram da parceria nas telas.

Dois Velhos Rabugentos (Grumpy Old Men, EUA, 1993) Direção: Donald Petrie / Roteiro: Mark Steven Johnson / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, Ann-Margret / Sinopse: A tediosa rotina de dois velhinhos aposentados muda completamente quando eles conhecem uma dama pela qual se apaixonam perdidamente. A partir daí um tentará passar a perna no outro para conquistar o coração dela. Filme vencedor do BMI Film & TV Awards na categoria de Melhor Trilha Sonora Incidental (Alan Silvestri).

Pablo Aluísio 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

A Teoria do Amor

O maior físico de todos os tempos, Albert Einstein (Walter Matthau), resolve agir como um verdadeiro cupido de um jovem casal. É essa basicamente a sinopse dessa comédia muito fraquinha chamada "A Teoria do Amor". Os problemas são muitos. O roteiro é tão bobinho, mas tão bobinho, que nos deixam completamente constrangidos. A direção de arte é ruim e a caracterização de Einstein que tentaram fazer com o grande Matthau só nos deixa a impressão de que ele está mesmo usando uma fantasia de carnaval do gênio, de tão ruim que ficou.

Em sua fase "namoradinha da América" a atriz Meg Ryan nada mais faz além do que uma sucessão de carinhas fofinhas - ao estilo olhinhos cerrados, sorrisinhos infantis! Complicado de suportar. Apenas Tim Robbins tem algum interesse ao interpretar seu personagem Ed Walters, mas como um andorinha só não faz verão, ele não consegue melhorar em muito a situação. Só lamento pela presença de Walter Matthau, um nome importante na história de Hollywood que terminou sua carreira realizando filmes que não estavam à sua altura. Em suma, comediazinha romântica bem descartável, tentando tirar uma média com um grande personagem histórico. Dessa vez definitivamente não colou!

A Teoria do Amor (I.Q, Estados Unidos, 1994) Direção: Fred Schepisi / Roteiro: Andy Breckman / Elenco: Tim Robbins, Meg Ryan, Walter Matthau / Sinopse: O físico e gênio Albert Einstein acaba se tornando cupido de um casal de pombinhos. Comédia romântica com pesonagens históricos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

JFK A Pergunta Que Não Quer Calar

Após a morte do Presidente John F. Kenney na cidade de Dallas no ano de 1963 um ousado e esforçado promotor público chamado Jim Garrison (Kevin Costner) inicia uma longa jornada em busca da verdade dos fatos. Para ele nada do que afirma a versão oficial pode ser admitido como verdade do que realmente aconteceu. Para Garrison há toda uma rede conspiratória envolvendo a morte do líder máximo da nação norte-americana. Mas afinal quem realmente matou o presidente John Kennedy? A versão oficial afirma que o presidente americano foi morto por Lee Oswald, que agindo sozinho resolveu liquidar o político durante uma visita amigável ao Texas. Andando pelas ruas de Dallas em carro aberto, acenando para os que o saudavam nas calçadas durante seu trajeto, o líder do chamado mundo livre ficou a mercê de qualquer um que o usasse como alvo. Lee Oswald, um ex-fuzileiro naval que havia morado na Rússia por algum tempo o transformou em seu alvo. Ele agiu sozinho, sem ajuda de ninguém. Exímio atirador, subiu até um edifício onde se armazenavam livros escolares e de lá matou o presidente que vinha passando em frente a sua janela. Sua mira foi praticamente perfeita. Após atingir o presidente no pescoço deu um novo tiro que atingiu a cabeça do presidente. Foi o tiro fatal. Dias depois ao ser levado para uma cadeia próxima, Oswald foi assassinado por Jack Ruby, um membro de baixo escalão da máfia local. Isso é resumidamente tudo o que se apurou nas investigações oficiais. Os americanos ficaram tão perplexos com tudo o que aconteceu que simplesmente nunca acreditaram plenamente nessa versão oficial. Dois em cada três americanos acreditam que Kennedy foi vítima de uma conspiração sem tamanho, envolvendo figurões, agências governamentais, a Máfia, os russos, Fidel Castro e tudo o mais que você possa imaginar. Até teorias envolvendo OVNIS e Kennedy já foram criadas. Não há limites para a imaginação. Foi justamente nesse mundo de conspirações e intrigas que Oliver Stone resolveu ambientar seu “JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar”.

Esse filme causou grande repercussão em seu lançamento. Não é para menos pois se propunha a jogar uma luz nesse grande mistério. O problema é que JFK, o filme de Stone, acaba por não responder pergunta nenhuma. O cineasta jogou todas as teorias em seu roteiro, misturou bem, adicionou gasolina para criar uma polêmica interminável e não chegou a nenhuma conclusão. O problema é esse, Stone simplesmente não quis se comprometer. Tudo fica no ar, envolto em mistérios, então depois de ficarmos tanto tempo vendo sua visão (o filme tem longa duração) nos sentimos enganados por ver que tudo aquilo simplesmente não chega a lugar nenhum. Outro grave defeito de JFK é que ele passa longe de ser uma produção historicamente correta. O promotor interpretado por Kevin Costner no filme é muito diferente da pessoa real. No filme ele é retratado como um herói. Na vida real era uma pessoa fascinada com o mundo das conspirações em torno de Kennedy, um aficcionado no assunto. Porém tal como o filme morreu sem chegar a conclusão nenhuma. A tal pergunta que não quer calar definitivamente não foi respondida com essa obra cinematográfica que é boa para levantar a poeira das teorias e teses intermináveis que foram criadas durante todos esses anos, mas totalmente pífia em apresentar resultados concretos. Atirando para todos os lados sem acertar em nada o filme falha completamente em suas pretensões.

JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar (JFK, Estados Unidos, 1991) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Oliver Stone, Zachary Sklar / Elenco: Kevin Costner, Gary Oldman, Jack Lemmon, Vincent D'Onofrio, Sissy Spacek, Joe Pesci, Walter Matthau, Tommy Lee Jones, John Candy, Kevin Bacon, Donald Sutherland / Sinopse: Após a morte do Presidente John F. Kenney na cidade de Dallas no ano de 1963 um ousado e esforçado promotor público chamado Jim Garrison (Kevin Costner) inicia uma longa jornada em busca da verdade dos fatos. Para ele nada do que afirma a versão oficial pode ser admitido como verdade do que realmente aconteceu. Para Garrison há toda uma rede conspiratória envolvendo a morte do líder máximo da nação norte-americana. Filme vencedor dos Oscars de Melhor Fotografia e Melhor Edição. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Direção para Oliver Stone.

Pablo Aluísio.