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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Uivo

Uivo 
Na década de 1950 o escritor e poeta Allen Ginsberg publicou um pequeno livro com um longo poema chamado Uivo. Foi uma descoberta e tanto no mundo da literatura da época e causou muita polêmica por causa dos temas tratados e da linguagem direta de seu autor. Para os conservadores foi um verdadeiro escândalo, a ponto de levarem os editores do livro original aos tribbunais norte-americanos para tentar proibir a publicação do texto em novas edições. Essa gente nunca aprende mesmo, quando se faz esse tipo de coisa tudo o que se ganha é ainda mais publicidade. Não foi à toa que Uivo se tornou tão popular, pois todos queriam ler depois da enorme polêmica criada em cima do poema. 

Esse filme, do qual gostei muito, se propõe não apenas a contar essa história, mas também em apresentar o próprio poema em longas sequências de animação. Devo dizer que além de criativa, essa forma de declamar a poesia foi mais do que acertada. As sequências de animação são um primor a mais em um filme inteligente e muito recomendado para quem aprecia o mundo da literatura. O único pontinho negativo talvez venha da escalação do ator James Franco como o protagonista beatnik. É um daqueles casos em que a persona do ator não tem nada a ver com o personagem que interpreta. De qualquer maneira devemos abstrair essa questão e curtir o filme pela excelente proposta que apresenta ao espectador. As boas intenções na realização do filme certamente são as melhores possíveis. 

Uivo (Howl, Estados Unidos, 2010) Direção: Rob Epstein, Jeffrey Friedman / Roteiro: Rob Epstein, Jeffrey Friedman / Elenco: James Franco, Jon Hamm, Todd Rotondi, Jon Prescott / Sinopse: O filme conta a história do jovem poeta e escritor Allen Ginsberg que após escrever e publicar um pequeno livro de poesias se vê bem no meio de uma grande polêmica pública que vai parar nos tribunais dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O Homem de Gelo

Richard Kuklinski (Michael Shannon) acaba sendo contratada como assassino profissional da máfia. E tudo isso ocorre meio um acaso. Um dos chefões da família Gambino entende que ele é um sujeito frio, que poderia cumprir qualquer tipo de ordem. E realmente ele se dá muito bem nesse novo "serviço". Elimina os alvos determinados pelos chefes mafiosos e consegue até mesmo encobrir todos os seus crimes. Estima-se que ao longo de sua "carreira" tenha matado mais de 100 pessoas. Isso o colocou no topo dos mais prolíferos assassinos profissionais da história dos Estados Unidos. Só que, como todo criminoso, ele também tinha seu calcanhar de Aquiles. No caso, era a sua própria família. A despeito de ser um assassino cruel e violento, ele queria manter uma vida familiar estável. Era casado e tinha duas filhas adolescentes. E se orgulhava muito desse seu outro lado pessoal. Só que não há como manter uma vida criminosa intensa com uma vida familiar pacata. Mais cedo ou mais tarde, um dos lados entra em choque com o outro. E aí a família e a própria vida pessoal entrariam em colapso. 

Eu já tinha ouvido falar desse personagem da vida real, mas nunca tinha assistido nenhum filme baseado em sua história. E, obviamente, diante de uma vida dessas não faltaria material para um bom roteiro. O elenco é excepcionalmente bom. A começar pelo ator Michael Shannon, que se destaca logo nas primeiras sequências. De funcionário pacato e burocrata, ele logo parte para lado criminal da sua história. E se sai bem, trazendo em si uma das qualidades mais procuradas por esse tipo de profissional, a frieza. Mata e não se abala por isso. Mata e consegue encobrir todo tipo de assassinato. Outro destaque digno de nota é a presença do ator Ray Liotta, falecido recentemente. Poucos atores da história de Hollywood tinham tanta identificação com esse tipo de papel mafioso. E aqui ele está obviamente excelente em seu personagem. Um membro da família Gambino, cruel e mordaz. Qualquer um que se coloque em seu caminho é eliminado, de forma sumária. Em suma, temos aqui um filme muito bom. Deixo a minha recomendação.

O Homem de Gelo (The Iceman, Estados Unidos, 2012) Direção: Ariel Vromen / Roteiro: Morgan Land / Elenco: Michael Shannon, Ray Liotta, Chris Evans, James Franco, Winona Ryder, David Schwimmer / Sinopse: O filme conta a história de um dos mais conhecidos assassinos profissionais a serviço da máfia. Ele atuou durante as décadas de 1960 e 1970. Estima-se que tenha matado mais de 100 inimigos da cosa nostra.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Annapolis

Título no Brasil: Annapolis
Título Original: Annapolis
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Justin Lin
Roteiro: David Collard
Elenco: James Franco, Jordana Brewster, Donnie Wahlberg, Tyrese Gibson, Jim Parrack, Macka Foley

Sinopse:
O filme conta a história do jovem Jake Huard (James Franco) que sempre sonhou em entrar para a Academia Naval da Marinha dos Estados Unidos em Annapolis. E ele terá que lutar bastante para realizar seus sonhos.

Comentários:
Achei um filme bem fraco, tanto do ponto de vista dramático como também (e principalmente) por sua mensagem. Essa coisa de militarismo, patriotada, meio que já saturou em termos de cinema. Além disso esse roteiro tem semelhanças demais com "A Força do Destino" sendo que aquele filme dos anos 80 com Richard Gere era infinitamente superior. Esse aqui funciona no máximo como uma Sessão da Tarde sonolenta. É uma produção da Touchstone, o braço cinematográfica da Disney, com filmes bem açucarados. Nada de muito dramático ou incisivo é explorado pelo roteiro. Termina sendo pueril. Outro ponto merece ser avaliado. James Franco convence como um militar da marinha dos Estados Unidos? Em minha opinião essa é uma das piores falhas. Ele não tem jeito para interpretar esse tipo de personagem. É uma postura que o ator simplesmente nunca teve em sua carreira. Com isso o filme termina de naufragar de vez.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

O Grande Ataque

Título no Brasil: O Grande Ataque
Título Original: The Great Raid
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Miramax
Direção: John Dahl
Roteiro: Carlo Bernard
Elenco: James Franco, Benjamin Bratt, Robert Mammone, Max Martini, James Carpinello, Mark Consuelos

Sinopse:
Roteiro baseado em fatos históricos reais. Durante a Segunda Grande Guerra Mundial um grupo de militares americanos é aprisionado pelos japoneses. Eles são enviados para um campo onde torturas e violação de direitos humanos se torna algo cotidiano. Para tentar libertá-los um grupo especial dos Rangers é enviado para o resgate.

Comentários:
Parece que a fórmula para se fazer grandes filmes sobre a Segunda Guerra Mundial se perdeu no passado. Não consigo lembrar de nenhum grande filme feito recentemente sobre esse evento histórico tão importante. Os clássicos do cinema são todos de um passado agora já distante. Essa produção da Miramax tentou resgatar esse velho estilo de fazer cinema, mas em minha opinião falhou. O filme não consegue convencer muito. Embora até bem produzido, o filme não convence. James Franco, líder do grupo de resgate, não convence como militar durão. E não adiantou muito usar um bigode (outro aspecto fake do filme). O uso de uma trilha sonora excessiva e piegas, piorou ainda mais o quadro geral. O filme não foi lançado nos cinemas brasileiros, só saindo em DVD. É um filme de guerra fraco, ainda mais se formos comparar com os grandes épicos de uma Hollywood clássica que já não existe mais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

The Deuce - Terceira Temporada

The Deuce - Terceira Temporada
Essa terceira temporada da série "The Deuce" foi exibida originalmente nos Estados Unidos pelo canal HBO nos meses de setembro e outubro de 2019. Provavelmente será a última temporada, muito embora os produtores não tenham ainda confirmado nada. Acontece que séries assim, que precisam ser ambientadas no passado (no caso aqui nas décadas de 70 e 80 em Nova Iorque) geralmente apresentam maiores custos. E quando a audiência se torna apenas mediana, geralmente não vão muito longe. Se a série for cancelada, não haverá maiores problemas. As 3 temporadas são muito boas, bem produzidas. Gostei bastante do resultado final. Segue abaixo comentários sobre os episódios da terceira temporada. 

The Deuce 3.01 - The Camera Loves You
Na terceira temporada a história do filme vai para os anos 80. Mais claramente para o ano de 1984 (com cenas finais mostrando o ano novo de 1985). As produtoras de filmes pornôs agora mudaram seu jeito de vender o peixe. Ao invés de produzir filmes em película para cinemas vagabundos de rua, agora tudo é feito em vídeo tape para ser lançado diretamente no mercado de vídeo VHS. O público adora as mudanças. As produtoras mudam tudo. Agora os filmes são feitos rapidamente, em escala industrial mesmo. As garotas chegam e somem na mesma velocidade. Bom reparar também nas roupas, nos figurinos e na música que embala o episódio. Tudo com cheiro e sabor dos anos 80. Muito bacana mesmo. Chega a ser nostálgico até! Imagine você! / The Deuce 3.01 - The Camera Loves You (Estados Unidos, 2019) Direção: Alex Hall / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe.

The Deuce 3.02 - Morta di Fame
Lori Madison (interpretada pela gatinha Emily Meade) agora está filmando em Los Angeles. Ao contrário de Nova Iorque, os produtores de lá querem coisas absurdas das atrizes e ela reclama de sua agente, mas sem grande retorno. A agente diz que ela precisa cumprir os contratos que assinou. Enquanto isso o malandro Frankie Martino (James Franco) quer ganhar dinheiro com o nascente mercado de VHS. A venda de filmes adultos para consumo doméstico é a grande onda do momento e ele procura comprar cenas amadoras. Até fala com um mafioso para bancar seu novo negócio, mas isso, claro, pode ser uma péssima ideia a longo prazo. Eileen 'Candy' Merrell (Maggie Gyllenhaal) por sua vez tenta se relacionar com homens de sua idade e para isso vai logo abrindo o jogo, dizendo que é uma diretora de filmes feitos para o público adulto. Assim ela afasta logo de começo os preconceituosos e os quadrados. E para sua sorte ela conhece um sujeito do mercado financeiro que não se importa com seu passado. Por fim esse episódio ainda explora muito bem o surgimento da AIDS na sociedade americana. Uma ativista contra a exploração de mulheres (que havia sido prostituta na juventude) acaba morrendo do vírus. Assim como o surgimento da nova doença coloca em evidência o fechamento de saunas gays pelo poder público na cidade de Nova Iorque. Sinal dos tempos. / The Deuce 3.02 - Morta di Fame (Estados Unidos, 2019) Direção: Susanna White / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer.

The Deuce 3.03 - Normal Is a Lie
Vários acontecimentos ocorrendo ao mesmo tempo, mostrando que a normalidade é uma mentira. O policial interpretado por Ralph Macchio, do setor de crimes contra os costumes, é procurado por um pai desesperado. Ele viu sua filha em um filme pornô é quer encontrá-la. Só que sendo maior de idade, não há crime envolvido. Então o tira joga uma conversa mole sobre o pobre pai para levar um por fora, como se fosse um detetive particular. Grana fácil. Na outra linha narrativa, Candy curte um namoro nos braços de seu novo amante, mas recusa a ajuda dele em investir 150 mil dólares em seu novo filme pornô. Ela não quer se sentir novamente uma prostituta nesse novo relacionamento. Já o irmão gêmeo mais esperto interpretado por James Franco, decide misturar cocaína com uma droga que acaba causando diárreia nos seus consumidores. Boa fora. Por fim, Lori Madison, começa a reinvidicar melhores condições de trabalho nos filmes adultos que participa. Para uma carreira tão dura ela sente um pouco de alívio quando é contratada para trabalhar em um videoclip de uma banda de rock farofa, típica dos anos 80. / The Deuce 3.03 - Normal Is a Lie (Estados Unidos, 2019) Direção: Tanya Hamilton / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco:  James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer, Ralph Macchio.

The Deuce 3.04 - They Can Never Go Home
Nesse episódio Frankie (James Franco) é baleado. Na última cena vemos ele perdendo a consciência nos braços do irmão Vince. O que poderia ter acontecido? Ele vinha misturando cocaína com outros produtos, fazendo com que alguns consumidores da droga passassem muito mal. Os mafiosos do Deuce não gostaram. Tentaram falar com ele, mas Frankie não lhes deu ouvidos. Pior, passou a agredir os caras. Deu no que deu. Outro fato interessante desse episódio é ver Lori Madison tentando abrir um caminho na vida, mas sem conseguir nada. Ela tenta cantar, mas não agrada. Tenta um papel em um filme convencional, mas não consegue. Como ela mesma diz para sua agente, a única coisa que ela parece saber fazer é cenas de sexo em filmes adultos. Por fim Candy se reúne com um grupo de mulheres do grupo anti pornografia. A reunião, que deveria ser amistosa, acaba ficando tensa e Candy acaba ouvindo umas coisinhas que ela não queria ouvir. / The Deuce 3.04 - They Can Never Go Home (Estados Unidos, 2019) Direção: James Franco / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer.

The Deuce 3.05 - You Only Get One 

Frankie está morto! Eu pensei que os roteiristas iriam dar um jeito, que ele iria sobreviver no hospital. Afinal era um dos personagens principais. Mas não aconteceu isso, eu estava enganado. Ele morre mesmo. E isso abre a sede de vingança do irmão Vincent (James Franco), o que definitivamente pode ser uma péssima ideia. O assassino é membro da conhecida família mafiosa dos Gambinos. Matar um mafioso desses seria assinar a própria sentença de morte em Nova Iorque naqueles tempos. Na outra linha narrativa a Lori Madison começa a se apresentar em clubes de striptease. O dinheiro é bom, as gorjetas são ótimas, mas essa aproximação muito próxima aos seus fãs (uns caras esquisitos) logo cria problemas para ela que passa a ser perseguida por um stalker. E a paranoia acaba turbinada pela cocaína que ela cheira todos os dias, em grandes quantidades. Por fim a série ainda encontrou espaço para retratar a morte de um ator gay de Nova Iorque. Ele morre por causa da AIDS. O companheiro dele precisa chamar seus familiares (pai e mãe) para todas as providências legais e isso abre a porte para mais um drama em sua vida. / The Deuce 3.05 - You Only Get One (Estados Unidos, 2019) Direção: Roxann Dawson / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer.

The Deuce 3.06 - This Trust Thing
Nesse episódio Lori Madison demite sua agente. A razão? Ela marcou uma cena de sexo grupal com mais de 20 homens ao mesmo tempo e não a avisou! E ela também sai do apartamento ao pegar seu namorado transando com uma mulher mais jovem. O sujeito nunca passou de um cafetão mesmo. E quem paga pela morte de Frankie? Sim, Rudy. Ele tenta proteger seu subordinado Tommy, mas é ele mesmo quem mata Rudy com um tiro na cabeça. Amizades sinceras não existem no mundo da máfia de Nova Iorque. Por fim Candy tenta filmar seu novo filme. E ela coloca traumas de seu passado em seu "roteiro". As más lembranças do passado ressurgem quando ela vai no funeral da mãe e é mal tratada pelo próprio pai que nunca a perdoou pelo seu passado como prostituta. Pois é, a vida é dura! / The Deuce 3.06 - This Trust Thing (Estados Unidos, 2019) Direção: James Franco / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer.

The Deuce 3.07 - That's a Wrap  
Esse episódio é um dos mais chocantes da série. Isso porque nele a personagem Lori Madison decide acabar com tudo. Ela pega um revólver, aponta para a cabeça e aperta o gatilho. Muitas atrizes realmente cometeram suícidio nesse ramo de filmes adultos. É uma coisa bem triste. A Lori foi interpretada nessa série com brilhantismo pela atriz Emily Meade. Esse é um nome a se guardar. No começo do episódio a Lori tenta voltar para Nova Iorque. Ele foi embora de Los Angeles. Está sem grana, rompeu com o namorado e tudo parece desmoronar. Então ela liga para Candy pedindo o dinheiro da passagem de ônibus. Quando chega em Nova Iorque acerta com Candy para fazer seu novo filme e pela noite volta para as ruas, se prostituindo. Porém em determinado momento ela simplesmente desiste de seguir em frente. Já não tem mais familiares, nem dinheiro, nem nada. E assim só sobra se suicidar. Achei tão forte a cena - aconteceu assim do nada! Obviamene fiquei de queixo caído. Essa cena vou relembrar por muitos anos, tenho certeza disso! Algumas vezes a vida simplesmente não dá certo, essa é a triste verdade. / The Deuce 3.07 - That's a Wrap (Estados Unidos, 2019) Direção: Alex Hall / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer.

The Deuce 3.08 - Finish It  
Esse é o último episódio da série. Eu gostei muito. Basicamente temos aqui o fim de uma era. Todos os bares, boates, puteiros, saunas gays do Deuce são fechados. A desculpa é que a AIDS se tornou um problema de saúde pública, mas a verdade é que os tubarões do ramo imobiliário queriam mesmo pegar toda aquela area de Nova Iorque para revitalizar a região. Nesse último episódio a cena mais marcante é a final com Vincent (James Franco) andando nas mesmas ruas do Deuce, só que agora na Nova Iorque do tempo presente. Muitas lojas chics, muita luz e turista por todos os lugares. Os novos estabelecimentos comerciais são finos e elegantes, mas também frios e sem personalidade. E nessa caminhada na Nova Iorque da atualidade, Vincent vai encontrando todos os personagens da série, tanto os vivos como os mortos. Ele lê sobre a morte de Candy, aos 73 anos de idade. O texto noticiando sua morte chega ao ponto de dizer que ela pelo menos lançou um cult movie que só foi reconhecido como tal após sua morte. E por fim, para encerrar tudo, Vincent reencontra seu irmão Frankie e juntos descem numa escada rolante da high tech New York City. Foi bacana, deu até um certo sentimento de melancolia por tudo ter chegado ao fim. Grande série, adorei todas as temporadas. Vai fazer falta, certamente. / The Deuce 3.08 - Finish It (Estados Unidos, 2019) Direção: Roxann Dawson / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Chris Bauer, Ralph Machio.

Pablo Aluísio.

The Deuce - Segunda Temporada

The Deuce - Segunda Temporada
Essa segunda temporada da série The Deuce foi originalmente exibida pelo canal HBO nos Estados Unidos durante os meses de setembro a novembro de 2018. E como todo programa com o selo de qualidade HBO, essa série também é muito bem produzida, com elenco acima da média (onde se destacam James Franco e Maggie Gyllenhaal) e roteiros bem elaborados. A trama se passa na virada dos anos 1970 para 1980, em um bairro de Nova Iorque conhecido como The Deuce. Um lugar decadente, cheio de mafiosos, prostitutas e cafetões. Tentando colocar ordem em tudo surge também um grupo de policiais não muito honestos, chegados numa corrupção miúda. Assista a série e confira. Segue abaixo comentários sobre os episódios dessa segunda temporada.

The Deuce 2.01 - Our Raison d'Être
Série muito boa da HBO mostrando a barra pesada de Nova Iorque durante a década de 1970. No bairro pejorativamente conhecido como "The Deuce" havia todo um comércio ilegal explorando sexo pago, filmes pornográficos, cafetinagem, etc. É nesse universo sujo e quase sem regras que passeiam todos os personagens. No elenco se destacam James Franco em dois papéis, de dois irmãos gêmeos e Maggie Gyllenhaal como a prostituta que começa a se interessar pelos filmes pornôs, se tornando diretora deles. Nesse episódio temos algumas linhas narrativas. Numa delas um dos irmãos "James Franco" começa a roubar as espeluncas que exibem filmes pornôs em cabines (algo muito popular nos anos 70). Seu jogo ilegal começa a chamar a atenção dos mafiosos italianos, os verdadeiros donos do pedaço. Em outra linha acompanhamos um cafetão extorquindo dinheiro de diretores de filmes adultos e clientes da jovenzinha que ele explora. O submundo do sexo e da perversão certamente fez raiz nas ruas sujas de Nova Iorque daqueles tempos.Se essa segunda temporada for tão boa como a primeira (e tudo leva a crer que será) temos aqui mais uma série para acompanhar com olhos de lince. Não vá perder! / The Deuce 2.01 - Our Raison d'Être (Estados Unidos, 2018) Estúdio: HBO / Direção: Alex Hall / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe, Chris Bauer, Gary Carr, Dominique Fishback.

The Deuce 2.02 - There's an Art to This
Esse episódio mostra as mudanças que o ramo adulto de filmes começou a passar. Antes a maioria das garotas que apareciam nos filmes eram prostitutas. Só que com o avanço da ainda recém inaugurada indústria começaram a surgir modelos interessadas em fazer filmes para homens, filmes com cenas de sexo. Com isso também começou o interesse da máfia na produção desses pornôs. O episódio explora muito bem esse momento de mudanças, tanto para melhor como para pior, afinal mexer com dinheiro do crime organizado nunca deixaria de ser muito perigoso para todos os envolvidos. / The Deuce 2.02 - There's an Art to This (Estados Unidos, 2018) Direção: Alex Hall / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe.

The Deuce 2.03 - Seven-Fifty
Esse episódio explora um aspecto interessante que aconteceu na virada dos anos 70 para os anos 80. Muitos diretores e atrizes de filmes adultos foram embora de Nova Iorque para Los Angeles. Acontece que na Califórnia surgiram muitas produtoras especializadas em produzir filmes XXX para serem vendidos nas locadoras de vídeo. Em Nova Iorque as companhias ainda produziam filmes para exibição em cinemas decadentes do centro da cidade, principalmente os que ainda existiam no Deuce. Essa mudança de ares acaba atraindo a estrelinha pornstar Lori Madison (Emily Meade), só que ela nem desconfia o que vai encontrar na ensolarada e destrutiva Los Angeles daqueles tempos. Nem tudo serão flores. / The Deuce 2.03 - Seven-Fifty (Estados Unidos, 2018) Direção: Steph Green / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Emily Meade, Gbenga Akinnagbe

The Deuce 2.04 - What Big Ideas
Um lugar usado em Nova Iorque para prostituição pega fogo. Uma das jovens exploradas tinha apenas 15 anos de idade! Veja o nível de absurdos que aconteciam na época (estou me referindo aos anos 70). Seu pai, que havia expulsado a jovem de casa, se recusa a ajudar em seus funerais. Com isso sobra a Vincent Martino (James Franco) providenciar tudo, para que ela tivesse ao menos um adeus digno. Já Eileen 'Candy' Merrell (Maggie Gyllenhaal) quer apenas o melhor para seu primeiro pornô de "qualidade". Ela pega o conto do Chapeuzinho Vermelho e a coloca num enredo de filme adulto. Para ter o melhor possível ela chega a contratar um roteirista de verdade, fora do meio, para escrever o roteiro de seu filme. Coisa completamente fora do comum! / The Deuce 2.04 - What Big Ideas (Estados Unidos, 2018) Direção: Uta Briesewitz / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe.

The Deuce 2.05 - All You'll Be Eating Is Cannibals
Por mais incrível que isso possa parecer Frankie Martino (James Franco) se torna produtor de filmes adultos em Nova Iorque. Ele aceita o convite de Eileen 'Candy' Merrell (Maggie Gyllenhaal) para investir dinheiro em seu novo filme, uma produção picante sobre Chapeuzinho Vermelho estrelado por Lori Madison. Só que Frankie obviamente começa a brincar com fogo porque parte desse dinheiro pertence aos mafiosos italainos que vivem nas redondezas do Deuce e obviamente eles vão querer sua parte nesse lucro. E se o filme não tiver boa bilheteria no cinema? Bom, nesse caso Frankie vai mesmo entrar em uma fria. / The Deuce 2.05 - All You'll Be Eating Is Cannibals (Estados Unidos, 2018) Direção: Zetna Fuentes / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Emily Meade, Gbenga Akinnagbe.

The Deuce 2.06 - We're All Beasts
Com o dinheiro levantado para a produção a diretora Eileen 'Candy' Merrell (Maggie Gyllenhaal) começa a filmar seu filme pelas ruas de Nova Iorque. Tudo muito precário, seguindo o lema do "faça você mesmo". O filme é claro uma porcaria, sendo que o único interesse é mesmo o sexo. Só que Candy está convencida de que está fazendo uma obra de arte. Ela precisa arranjar dinheiro para ajudar no sustento do filho que mora com os avós, mas para Candy aquilo parece ser mesmo arte. E ela dá o melhor de si mesma para que o filme fique bom. Enquanto isso a roda do dinheiro e do sexo gira no Deuce. A máfia controla boates, prostíbulos e lojas que vendem material adulto. Só que para Frankie todos aqueles italianos não passam de palhaços. Vai acabar custando caro para ele pensar assim. / The Deuce 2.06 - We're All Beasts (Estados Unidos, 2018) Direção: Susanna White / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe, Emily Meade.

The Deuce 2.07 - The Feminism Part
'Candy' Merrell (Maggie Gyllenhaal) decide abrir o jogo para seu filho e conta para ele que é uma atriz e diretora de filmes pornográficos. Claro, o rapaz fica mal com essa revelação. Da boca para fora ele tenta aparentar que entende tudo, que isso seria normal, etc. Mas no fundo fica bem arrasado. E Candy também tem problemas com a máfia italiana de Nova Iorque por causa de seu filme. Os caras são toscos e querem dinheiro acima de tudo. A situação vai ficando cada vez mais delicada. Enquanto isso Vincent (James Franco) vai se acertando com com Abby (Margarita Levieva). Será que eles teriam a chance de ser um casal normal e feliz depois de tudo o que passaram no Deuce em Nova Iorque? / The Deuce 2.07 - The Feminism Part (Estados Unidos, 2018) Direção: Tricia Brock / Roteiro: George Pelecanos / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe, Emily Meade.

The Deuce 2.08 - Nobody Has to Get Hurt
E os problemas de Candy só aumentam. Agora ela precisa lidar com o cafetão de Lori, o malandro CC que quer sua parte nos lucros do filme da Chapeuzinho Vermelho. Ele terá um fim trágico ao ser morto com um tiro em um dos prostíbulos controlados pela máfia italiana de Nova Iorque, só que sem qualquer participação de Candy nesse crime. E no distrito policial da região quem surge como um policial do departamento de costumes da polícia metropolitana de Nova Iorque? O ator Ralph Macchio! Sim, ele mesmo, o eterno Karatê Kid, aqui em um papel bem diferente. Ele é tira e daquele tipo não muito honesto, sempre pronto a levar uma grana por fora por "serviços" não oficiais, vamos colocar nesses termos. / The Deuce 2.07 - Nobody Has to Get Hurt  (Estados Unidos, 2018) Direção: Tanya Hamilton / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe, Emily Meade, Ralph Macchio.

The Deuce 2.09 - Inside the Pretend
Esse é o último episódio da segunda temporada. É a estreia do filme de Candy, com toda a pompa e luxo que ela conseguia ter naquele momento. O problema é que descobre-se depois que parte dos lucros foram vendidos para dois chefões mafiosos rivais, criando uma tensão a mais no lançamento do filme. Caso ele não fizesse sucesso a coisa toda iria ficar bem feia. Nesse episódio também há duas mortes. O cafetão C.C. é morto naquele prostíbulo administrado em parte pela máfia. Bom para Lori Madison que estava paranoica, consumindo cocaína a todo vapor. Enquanto isso, na rua, a Dorothy, ex-prostituta e agora ativista pelos direitos das mulheres, é assassinada. Por fim o episódio mostra a chegada do videocassete, aparelho doméstico que iria revolucionar o ramo de filmes adultos. / The Deuce 2.09 - Inside the Pretend (Estados Unidos, 2018) Direção: Minkie Spiro / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Gbenga Akinnagbe.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

A Balada de Buster Scruggs

Fazia bastante tempo que não tinha assistido a um filme tão bom dos irmãos Coen. Livre das amarras comerciais dos grandes estúdios eles produziram essa pequena obra prima para o Netflix. É um faroeste, mas um do tipo nada convencional. São pequenas historietas passadas no velho oeste, com personagens e situações mais do que interessantes. É curioso porque esse tipo de roteiro, com várias histórias curtas, foi muito utilizado no gênero terror durante os anos 60 e 70. Agora os Coen trazem esse modelo de volta e com resultados excelentes. Imagine-se lendo um livro com muitos contos de faroeste. Basicamente essa é a ideia central do filme. Não vá desanimar ou torcer o nariz logo na primeira historieta. Essa é uma sátira bem exagerada em cima dos chamados cantores cowboys dos filmes antigos. Aqui temos um protagonista bom de mira e bem falastrão que entre um duelo e outro canta uma canção no velho estilo. Muita gente vai pensar que todo o filme segue esse caminho, mas não. Como eu disse os contos são independentes entre si e por isso há uma certa irregularidade entre eles. Esse primeiro, apesar de sua inegável auto paródia com o passado, é o mais fraco deles. Depois o filme só melhora.

O estrelado por Liam Neeson tem uma melancolia e um desfecho que muitos vão considerar cruel - e é cruel mesmo. O ator interpreta um empresário mambembe que chega com sua carroça nos lugares mais distantes. Sua maior atração é um ator sem braços e sem pernas que declama textos com a maior convicção. Neeson não diz uma palavra durante o filme inteiro, apenas observa, muitas vezes com olhar frio e cruel. E quando encontra uma galinha que acerta operações de matemática... bem, assista para crer - é um final terrível. Misto de humor negro com devassidão do pior que a alma humana pode fazer. Os outros contos ficam na média. Dentre eles gostei bastante da caravana, onde uma jovem mulher fica viúva no meio da jornada. Outra historieta do velho oeste com final de cortar coração. James Franco também ruge como um azarado pistoleiro que pula de forca em forca até encontrar seu destino final. Enfim, é um menu para todos os gostos. Os irmãos Coen revitalizam, homenageiam e satirizam, tudo ao mesmo tempo, o mais americano de todos os gêneros cinemaográficos, o western. O resultado ficou saboroso.

A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, Estados Unidos, 2018) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen / Elenco: Liam Neeson, James Franco, Tim Blake Nelson, Willie Watson, Clancy Brown, Austin Rising, Tom Waits, Brendan Gleeson  / Sinopse: O filme apresenta vários contos passados no velho oeste intitulados "The Ballad of Buster Scruggs", "Near Algodones", "Meal Ticket", "All Gold Canyon", "The Gal Who Got Rattled" e "The Mortal Remains".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Rainha do Deserto

Werner Herzog sempre foi um excelente diretor. Nessa produção porém ele se perdeu um pouco, errando a mão ao retratar a história da diplomata inglesa Gertrude Bell (Kidman). Figura essencial na definição das fronteiras dos países que até hoje conhecemos no Oriente Médio, sua vida daria material para um excelente filme. O problema é que Herzog deixou tudo isso em segundo plano, procurando ao invés disso mostrar aspectos da vida pessoal e emocional de Gertrude. Infeliz em sua vida romântica, ele procura por um recomeço nas areias escaldantes do deserto, mas sempre esbarrando em frustrações e desilusões. O roteiro que poderia tirar muito do contexto político de sua atuação na região, deixa esse lado mais do que interessante para enfocar o lado menos importante dessa personagem da história.

O filme porém não é de todo equivocado. As imagens captadas por Herzog são belíssimas, afinal o Marrocos (onde o filme foi rodado) tem uma conhecida beleza natural, ideal para produções históricas que retratam o mundo árabe. Outra boa desculpa para gostar sem culpas desse filme é a presença de Nicole Kidman. Tal como um vinho de rara safra ela parece melhorar com a passagem do tempo, ficando mais bonita a cada ano que passa. Claro que continua também uma excelente atriz, sempre se esforçando em cada cena, tudo para tornar crível seu sofrimento emocional. Sua atuação compensa até mesmo o fato de  termos que aguentar James Franco e Robert Pattinson, dois canastrões sem salvação! Enfim é isso. Entre pontos positivos e negativos, salvam-se mesmo os olhos de Nicole Kidman naquela paisagem desolada (e igualmente bela) do deserto marroquino.

Rainha do Deserto (Queen of the Desert, Estados Unidos, Marrocos, 2015) Direção: Werner Herzog / Roteiro: Werner Herzog / Elenco: Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson, Damian Lewis, Mark Lewis Jones, Jenny Agutter / Sinopse: Inglaterra, 1906. A britânica Gertrude Bell (Kidman) decide ir embora para o Oriente Médio para trabalhar na embaixada de seu país naquela região desértica. No outro lado do mundo acaba encontrando o amor, as desiluções e a frustração na vida pessoal, além de uma complicada cena política em sua vida profissional. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de setembro de 2018

Correndo Atrás

Título no Brasil: Correndo Atrás
Título Original: Whatever It Takes
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: David Raynr
Roteiro: Mark Schwahn
Elenco: James Franco, Shane West, Marla Sokoloff, Jodi Lyn O'Keefe, Manu Intiraymi, Aaron Paul,

Sinopse e Comentários:
Sim, você já viu esse filme antes! Provavelmente tinha outro título, outro elenco, mas não se engane... é o mesmo filme, o mesmo roteiro. Aquele tipo de produção feita para os jovens que estão com problemas hormonais, naquela fase da vida em que não se pensa em outra coisa a não ser sexo, sexo e mais sexo.

O filme foi um dos primeiros de James Franco, na época apenas um ator jovem desconhecido que ninguém tinha ouvido falar. Ele e o amigo tentam conquistar as garotas que são apaixonados e... fim! Bobinho e derivativo esse é aquele tipo de filme que não vai fazer qualquer diferença em sua vida. Se nunca viu, deixe pra lá. Procure por coisa melhor. Esse filme realmente é a prova viva do cinema pipoca mais descartável possível.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O Último Suspeito

Esse "City by the Sea" não é um grande filme policial, mas até que tem seus bons momentos. O assisti já no apagar das luzes da era dos videocassetes, quando as locadoras começavam a fechar suas portas por causa da popularização da internet. Um caminho sem volta. Pois bem, aqui temos um enredo interessante. Um policial, que dedicou toda a sua vida na preservação da lei, passa a ser suspeito de um crime bárbaro! Teria alguma lógica nas suspeitas, sendo que ele sempre foi tão íntegro e honesto? Aparentemente sim, já que seu passado esconde algo que ele sempre quis esconder, varrer para debaixo do tapete.

Acontece que seu pai foi um assassino. Nos anos 50 ele passou medo e terror para a pequena cidadezinha onde morava. Após matar um inocente com requintes de crueldade acabou sendo condenado à morte, em um tipo bem primitivo e selvagem de punição, a corda da forca! Isso mesmo, o pai do policial era um criminoso condenado à morte por enforcamento. O roteiro assim tenta, num viés Darwiniano, confundir o espectador! Teria ele herdado os genes podres de seu pai? Ok, no mundo real praticamente ninguém levaria algo assim à sério, mas em um filme... por que não? Eu particularmente coloco o filme lado a lado com as dezenas de fitas policiais apagadas que De Niro atuou ao longo de sua carreira, mas aqui pelo menos há o charme desse roteiro que brinca com o passado negro de um homem que se dedicou a ser um bom tira por toda a sua miserável vida.

O Último Suspeito (City by the Sea, Estados Unidos, 2002) Estúdio: Warner Bros / Data de Lançamento: 10 de novembro de 2002 (EUA) / Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Mike McAlary, Ken Hixon / Elenco: Robert De Niro, James Franco, Frances McDormand.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O Artista do Desastre

Título no Brasil: O Artista do Desastre
Título Original: The Disaster Artist
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: James Franco
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: James Franco, Dave Franco, Seth Rogen, Ari Graynor, Jacki Weaver, Paul Scheer

Sinopse:
Tommy Wiseau (James Franco) se considera um grande ator, só que na realidade ele é péssimo. Ao lado de um amigo decide se mudar para Los Angeles, esperando com isso ser contratado por algum estúdio de cinema. Só que isso jamais acontece. Ele fica desempregado e depois de várias reprovações em testes decide ele mesmo roteirizar, atuar, dirigir e produzir seu próprio filme!

Comentários:
Filmes sobre diretores e atores sem nenhum talento que acabam produzindo filmes tão ruins que terminam virando cult já renderam ótimos momentos no cinema americano como o sempre lembrado "Ed Wood" sobre o pior diretor de todos os tempos. Agora temos uma versão nova, só que passada nos anos 90. O alvo da vez é Tommy Wiseau que rodou "The Room", considerado por muitos o pior filme daquela década. O mais engraçado é que ele não se contentou em apenas dirigir seu filme trash, mas também escrever o roteiro (que fazia pouco sentido), atuar (sim, ele era horrível atuando) e também produzir (até hoje ninguém descobriu como ele arranjava dinheiro para bancar seus filmes porcarias). Tommy Wiseau tinha grandes pretensões de ser um artista, queria fazer filmes dramáticos, mas tudo o que conseguiu foi arrancar humor involuntário dos filmes ruins que fez. "O Artista do Desastre" conta a história das filmagens de seu primeiro filme. Não deixa de ser divertido e em alguns momentos bem engraçado, ideal para quem gosta de cinema e da paixão que algumas pessoas desenvolvem por esse universo. O tal de Tommy era tão esquisito, com sua absurda falta de talento e dicção estranha, além do sotaque horrível, que acabou sendo um presente para o ator James Franco. No começo você pensa que ele está exagerando em sua atuação, que ninguém seria tão tosco como aquele seu personagem, só que o próprio Tommy Wiseau aparece no filme e daí você chega na conclusão que sim, James Franco está perfeito em sua caracterização. Ele inclusive está indicado ao Oscar, mas provavelmente não vencerá, isso porque Franco foi citado como um dos assediadores sexuais de Hollywood e isso definitivamente não lhe ajudará na noite de premiação. Uma pena porque seu trabalho é realmente muito bom, diria até digno de um Oscar mesmo!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Cavalos Selvagens

"Wild Horses" é um projeto bem pessoal do ator Robert Duvall. Ele dirigiu, produziu, atuou e escreveu o roteiro do filme. Para completar ainda escalou sua própria esposa, Luciana Pedraza (aqui surgindo nos créditos como Luciana Duvall), para interpretar a Texas Ranger que resolve reabrir um velho caso de desaparecimento envolvendo o ex-empregado de um rancheiro rico e próspero da região. Por falar nisso o personagem de Duvall é um presente e tanto para qualquer grande intérprete. O ator dá vida a um homem com valores firmes e sólidos, tipicamente texanos, que precisa lidar com um filho homossexual. Em um ambiente rural, conservador e rústico como aquele isso seria a última coisa que ele poderia esperar. O conflito se instala rapidamente e o choque de gerações e valores se torna cada vez mais forte. Em pouco tempo a situação vai ficando insuportável para ambas as partes e Ben Briggs (Franco) resolve ir embora.

Anos depois retorna ao rancho pois seu velho pai deseja fazer algumas modificações em seu próprio testamento, o que faz ressurgir velhos fantasmas do passado. Para piorar ainda mais a tensa relação entre eles, Ben desconfia que seu pai teve algo a ver com o desaparecimento de Jimmy Davis, um antigo capataz da fazenda que teve um caso amoroso com ele no passado. Com uma nova policial na cidade, disposta a reabrir velhos casos arquivados, o cerco vai cada vez mais se fechando sobre o velho Briggs. Robert Duvall assim encarna esse veterano que precisa viver em um mundo que se parece cada vez menos com o que ele aprendeu a viver. Os valores se modificaram e de repente tudo o que ele acreditava ser o certo vai sendo colocado de lado. É um bom homem que pensa estar fazendo o certo, mas que se vê enganado por seus próprios instintos e atos impensados. O argumento obviamente procura explorar algo que é mais comum do que se pensa, as tensões familiares que surgem quando uma pessoa resolve se assumir gay.

O melhor desse roteiro é que ele não levanta bandeiras e nem sai defendendo a causa gay de forma ostensiva e panfletária, o que tornaria tudo muito chato e maçante. Ao contrário disso se contenta em apenas explorar e mostrar uma situação de conflitos que surge dentro dessa família para tirar o melhor proveito disso. A mensagem assim fica nas entrelinhas, nunca ofendendo a inteligência do espectador. Será esse, em última análise, que irá entender e tirar suas próprias conclusões do que está assistindo. Assim o próprio público poderá criar uma certa identificação tanto com o personagem de Duvall, o velho rancheiro conservador, como com seu filho Ben, representando essa nova mentalidade de ser da sociedade. O resultado final é muito bom, um belo filme que toca em assuntos importantes. Assista e escolha seu lado.

Cavalos Selvagens (Wild Horses, Estados Unidos, 2015) Direção: Robert Duvall / Roteiro: Robert Duvall, Michael Shell / Elenco: Robert Duvall, James Franco, Josh Hartnett / Sinopse: Scott Briggs (Robert Duvall) é um velho rancheiro texano que se considera um bom homem, honesto, cristão e honrado. Um sujeito da velha escola com seus valores tradicionais e conservadores. Ele tem três filhos e sonha que sua extensa propriedade seja levado adiante por eles, como manda a tradição no Texas. Agora, no final de sua vida, precisa lidar com uma investigação policial de um caso de desaparecimento de um de seus ex-empregados. O jovem sumiu após Briggs descobrir que ele estava tendo um caso com seu próprio filho, Ben (James Franco), que sempre teve uma relação conturbada com seu pai pelo fato de ser homossexual. Teria o velho Briggs alguma ligação com o sumiço desse jovem no passado?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

The Deuce

Série nova produzida pelo canal HBO. O roteiro foca em um momento de Nova Iorque bem específico, durante os anos 70. Numa parte da cidade havia toda uma série de problemas urbanos, como prostituição de rua, pornografia barata e crimes. Esse quadro durou até os anos 90 quando a política da tolerância zero fez uma limpeza na cidade, principalmente nos lugares mais decadentes, dominados pela máfia italiana. James Franco, que também é um dos produtores, interpreta dois irmãos gêmeos. Um ganha a vida como barman de uma espelunca local, o outro é um jogador viciado que está´sempre devendo dinheiro para mafiosos do baixo clero, que por causa disso estão sempre o ameaçando de morte.

A série também tem como uma das personagens principais uma prostituta interpretada pela atriz Maggie Gyllenhaal. Mãe solteira, desempregada, ela começa a fazer ponto de prostituição na frente de cinemas falidos e pequenos hotéis onde por apenas 5 dólares um cliente poderia levá-la para um programa rápido. Ela não aceita ser controlada pelos cafetões da rua e isso causa uma certa tensão. Depois, mais tarde, ela descobre o mercado ilegal de pequenas produções pornográficas e resolve aos poucos investir nesse ramo. O roteiro assim dá um panorama geral no mundo barra pesada de Nova Iorque do passado. É uma boa produção, com reconstituição de época bem feita e temática marginal. Só mesmo um canal como a HBO poderia produzir algo assim. Definitivamente esse tipo de programa não passaria em um canal aberto. Enfim, não assisti ainda todos os episódios da primeira temporada, mas os que vi são acima da média, bem recomendados.

The Deuce (Estados Unidos, 2017) Direção: James Franco, Michelle MacLaren, Uta Briesewitz / Roteiro: George Pelecanos, David Simon / Elenco: James Franco, Maggie Gyllenhaal, Kevin Breznahan,  Ralph Macchio / Sinopse: A série explora o lado mais marginal e decadente de Nova Iorque dos anos 70, onde convivia-se com a prostituição, as drogas e a exploração sexual das mulheres, nos becos mais perigosos e escuros da grande metrópole.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 6 de março de 2017

O Instituto

Supostamente baseado em fatos reais, o filme mostra um instituto de tratamento psiquiátrico do século XIX que tinha a proposta de tratar mulheres com problemas mentais. Usando de métodos científicos avançados para a época, o lugar acabou virando referência. Depois da morte de seus pais, abalada e fragilizada emocionalmente, a jovem Isabel Porter (Allie Gallerani) resolve passar uma temporada na instituição. Ela pensa que o lugar na verdade seria uma espécie de spa mais sofisticado, só que ela estava completamente equivocada sobre isso. Ao ser internada ela passa aos cuidados do Dr. Cairn (James Franco), um psiquiatra que aparente ser um médico comum. Por trás da fachada de profissional respeitado se esconde um sujeito completamente sádico e insano que vai colocar a sanidade mental de sua paciente no limite. Ele desconstrói a personalidade de Isabel, a manipulando psicologicamente de todas as formas. O resultado acaba sendo o pior possível.

Esse filme me pareceu como uma tentativa de voltar ao passado. De certa maneira ele me lembrou dos antigos filmes da Hammer dos anos 70, só que sem o mesmo charme e criatividade. O roteiro avança muito na esquisitice, colocando no meio do caminho uma estranha e bizarra seita de rituais satânicos que usa como sacrifícios humanos as pobres garotas que estão internadas no tal instituto. Esse exagero em seu enredo faz com que o filme perca todo o seu potencial de assustar. Isso se dá em razão do absurdo que vai se tornando cada vez mais frequente. Como se não bastassem todos aqueles homens fazendo rituais ridículos de satanismo que não convencem ninguém, ainda temos que aturar um James Franco usando um bigode postiço, tentando se passar como médico de filmes de terror. É uma caracterização absurda e nada convincente também.

O filme assim é bem fraco. Todo o potencial de se criar horror dentro de uma instituição psiquiátrica se perde. A caracterização histórica não é boa e os atores não parecem bem inseridos dentro da trama. O roteiro não é nada original, usando de clichês ridículos, com direito até mesmo a uma assistente corcunda e sinistro. James Franco produziu, dirigiu e atuou nesse projeto bem pessoal. Não sei quais eram suas verdadeiras intenções, só sei dizer que tudo acabou sendo muito mal executado. Ele é mais divertido em suas comédias sobre maconheiros da Califórnia. Nunca deveria ter tentando entrar nesse tipo de filme de terror. Definitivamente não é a sua praia.

O Instituto (The Institute, EUA, 2017) Direção: James Franco, Pamela Romanowsky / Roteiro: Adam Rager, Matt Rager / Elenco: Allie Gallerani, James Franco, Vincent Alvas, Pamela Anderson, Carmen Argenziano / Sinopse: Jovem da aristocracia resolve passar uma temporada em uma instituição psiquiátrica no século XIX sem saber que o lugar na verdade é uma hospício, onde a tortura e a violência são constantemente usados contra as pacientes internadas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

King Cobra

O roteiro desse filme é baseado numa história real, um crime que chocou Los Angeles em 2004. Tudo começa quando um jovem chamado Sean Paul Lockhart (Garrett Clayton) chega na cidade para conhecer o produtor de filmes Stephen (Christian Slater). O rapaz, como é de praxe, vem do interior sonhando em se tornar astro em Hollywood. Com ótimo visual ele percebe logo que as coisas não iriam bem pelo caminho que ele pensava. Stephen então lhe oferece um papel em sua próxima produção. Detalhe: esse seria um filme adulto para o público gay! A partir daí já sabemos mais ou menos o caminho que tudo tomará. O jovem logo se torna um astro desse tipo de filme e o produtor começa a ganhar muito dinheiro com ele - a ponto de comprar uma Ferrari novinha para a sua garagem. O problema é que Sean, agora usando o nome de Brent Corrigan, logo percebe que está sendo explorando, ganhando cachês inexpressivos enquanto Stephen está ficando rico com a comercialização de suas fitas. Ele decide romper com o produtor, mas esse registrou seu nome, o que torna impossível para Sean trabalhar em outras produtoras. Assim entra em campo um produtor rival, Joe (Franco), que fará de tudo, mas de tudo mesmo, para contratar Sean.

O cenário onde tudo se desenvolve é o meio pornô gay de Los Angeles, onde convivem os tipos mais estranhos. O filme embora tenha cenas bem ousadas de homossexualidade não avança muito nesse caminho. Ele prefere contar as relações pessoais entre todos os personagens, o que diga-se de passagem é algo mais do que complicado. Produtores gays se apaixonando por seus astros e esses, ainda bem jovens, os explorando sem receios, parece ser a rotina. As tais "produtoras" geralmente não passavam de empresas do tipo fundo de quintal, isso apesar de gerar lucros exorbitantes, mostrando bem como tudo era feito de uma forma bem amadora, gerando todo tipo de ambiente doentio entre os que trabalhavam na área. No elenco destaca-se primeiramente James Franco. Recentemente ele esteve no Brasil e foi visto indo para famosas boates gays de São Paulo. Ele justificou isso dizendo que estava fazendo laboratório para seu novo filme que é justamente esse aqui. Outro destaque é a presença do jovem ator Garrett Clayton que interpreta o ator gay que se torna sensação em Los Angeles! O que chocou na sua escolha para o elenco é que Clayton é ídolo adolescente nos EUA, onde se tornou famoso atuando em séries para o público teen do canal da Disney. Participar de um filme como esse, com esse tipo de tema, é no mínimo um rompimento com seu imagem. De qualquer maneira "King Cobra" não deixa de ser um filme bem interessante, valorizado pela participação de vários ídolos adolescentes do passado (como Alicia Silverstone e Molly Ringwald). Pode até ser um pouco ofensivo para alguns, mas no geral conta bem sua história.

King Cobra (King Cobra, Estados Unidos, 2016) Direção: Justin Kelly / Roteiro: Justin Kelly / Elenco: James Franco, Garrett Clayton, Christian Slater, Alicia Silverstone, Molly Ringwald / Sinopse: Jovem astro de filmes para o público gay acaba sendo disputado por dois produtores gananciosos de Los Angeles, o que acaba resultando em uma grande tragédia. Filme vencedor do prêmio de Melhor Direção do California Independent Film Festival.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Rainha do Deserto

Título no Brasil: Rainha do Deserto
Título Original: Queen of the Desert
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Marrocos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson, Damian Lewis, Mark Lewis Jones, Jenny Agutter
  
Sinopse:
Inglaterra, 1906. A britânica Gertrude Bell (Kidman) decide ir embora para o Oriente Médio para trabalhar na embaixada de seu país naquela região desértica. O Império Otomano que dominou a política por anos está desmoronando. Em seu lugar começam a surgir colônias das principais potências européias da época. Para Gertrude porém o mais importante é ter encontrado o homem de sua vida, o secretário diplomático Henry Cadogan (James Franco). Seus planos de felicidade porém são interrompidos por um trágico acontecimento.

Comentários:
Teria o veterano Werner Herzog tentado recriar o clima dos antigos épicos no deserto como, por exemplo, "Lawrence da Arábia"? Bom, saber suas reais intenções é bem complicado, porém foi justamente essa a impressão que tive assistindo a esse seu novo filme. Tudo faz lembrar o clássico de David Lean, inclusive a presença do próprio T.E. Lawrence no filme (em fraca atuação do ator Robert Pattinson). Ele é apenas mais um estrangeiro tentando entender a política existente entre todas aquelas tribos de beduínos do deserto. A personagem de Nicole Kidman também, só que ela tem outros objetivos em vista. Amargurada pela morte de um grande amor ela parte para as areias sem fim do Oriente Médio numa espécie de busca por si mesma. Uma viagem existencial, acima de tudo. Claro que no meio da jornada ela acaba encontrando todos os tipos que vivem naquelas terras perdidas no tempo. As relações tribais seguem sendo as mesmas de tempos imemoriais, assim como as guerras, conflitos e violência que sempre caracterizaram aqueles povos árabes. O curioso, do ponto de vista histórico, é que essa inglesa interpretada por Kidman, Gertrude Bell, acabou sendo peça central na demarcação das fronteiras dos países que surgiram no meio das ruínas do antigo império Otomano. Foi dela as linhas traçadas separando as novas colônias inglesas do Iraque, Síria e Jordânia. 

Conforme o futuro provou não foi uma boa ideia. Muitas dessas nações não demoraram a entrar em guerras que duram até os dias de hoje. Politicamente porém é bom salientar que nada de muito profundo você encontrará nesse roteiro. A Gertrude desse filme, ao contrário da mulher real que viveu no começo do século XX, estava mais para uma lady tentando curar as feridas de um coração destroçado. Visualmente o filme é belíssimo, com longas tomadas de Herzog desfrutando a beleza natural das areias do deserto, porém senti realmente falta de uma maior densidade dramática em seu roteiro. Com longa duração o filme poderia explorar mais o cenário geopolítico daquela região, mas perde tempo demais com os relacionamentos amorosos da protagonista. Tragicamente todos eles acabam terminando muito mal. De qualquer forma ainda deixo a indicação dessa produção, não apenas pelas belas imagens (algumas parecendo até mesmo pinturas clássicas) como também pelo fato de que resgata o interesse em torno dessa mulher pioneira que de certa forma acabou sendo esquecida pela história. Por fim, um aspecto curioso: o filme foi todo rodado no Marrocos e não no Oriente Médio. A razão é bem simples de entender pois seria extremamente perigoso levar toda uma equipe de filmagem norte-americana para uma região tão desestabilizada como aquela. Com a Síria e o Iraque em guerra civil isso seria simplesmente impossível. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2016

James Dean

Título no Brasil: James Dean
Título Original: James Dean
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Studios
Direção: Mark Rydell
Roteiro: Israel Horovitz
Elenco: James Franco, Valentina Cervi, Michael Moriarty
  
Sinopse:
Nos anos 1950 um jovem ator chamado James Dean (James Franco) começa a se tornar sensação em Hollywood. Com jeito rebelde e fora dos padrões ele estrela três filmes de grande sucesso de público e crítica (Vidas Amargas, Juventude Transviada e Assim Caminha a Humanidade). O que Dean nem desconfiaria é que sua vida seria breve. Em poucas semanas ele morreria de um terrível acidente na estrada de Salinas. Filme baseado em fatos reais. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Telefilme ou Minissérie (James Franco).

Comentários:
Nunca achei grande coisa. Certamente a história de James Dean é bem interessante e daria um belo filme, mas não da forma como tudo aqui foi realizado. Os erros começam pelo ator principal. James Franco não tem cacife para interpretar Dean. Há uma distância muito grande entre sua imagem pública e o mito de James Dean. Além disso ele exagera nos maneirismos e isso estraga em parte sua atuação. Toda caracterização que abraça o cartunesco, o burlesco, cai no vazio. O roteiro também não me agradou muito porque tudo surge de forma muito corrida. Talvez pelo fato de eu ter lido biografias de Dean, onde tudo acontece no seu devido tempo, com detalhes e minúcias, tenha criado em minha mente algo que não correspondeu ao filme. Isso geralmente acontece quando a literatura é adaptada para o cinema. Mesmo assim temos que admitir que em vários aspectos o filme realmente deixa a desejar, seja na produção (tudo bem, é um telefilme, mas era de se esperar um pouco mais de capricho), seja no elenco, figurinos e reconstituição de época, histórica. Sabe aquele tipo de produção que você nunca consegue imergir completamente porque algo soa falso, sem veracidade? Pois é justamente disso que estou escrevendo. O mito James Dean certamente merecia coisa melhor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de julho de 2015

James Dean

Título no Brasil: James Dean
Título Original: James Dean
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: TNT
Direção: Mark Rydell
Roteiro: Israel Horovitz
Elenco: James Franco, Michael Moriarty, Valentina Cervi

Sinopse: 
Tentativa de recriar na tela parte da vida do famoso ator e mito James Dean (1931 - 1955). Saído de uma pequena cidadezinha do meio oeste americano o jovem que sonhara um dia se tornar um ator acaba encontrando o sucesso na capital mundial do cinema, Hollywood, durante a década de 1950. Após realizar apenas três filmes encontrou tragicamente a morte numa estrada da Califórnia, virando dessa maneira um dos maiores mitos jovens da história dos Estados Unidos.

Comentários:
Desde que morreu precocemente e virou mito da sétima arte tentam reconstruir em um filme a história do ator James Dean. Infelizmente tal como aconteceu com Elvis todas as tentativas falharam de uma forma ou outra. Esse "James Dean" foi um telefilme produzido pelo canal TNT nos EUA que tentou celebrar Dean na data de aniversário de sua morte. Não deu muito certo. Nem James Franco parece convencer como o eterno ídolo rebelde e nem tampouco sua história é levada de forma adequado para o espectador. Dean tinha uma forma bem peculiar de se comportar mas Franco não consegue mesmo convencer (apesar de em certos momentos ficar fisicamente bem parecido com Dean). Seus cacoetes e forma de agir, andar e falar logo desandam para a mais grotesca caricatura. Além disso incomoda muito a forma pouco ousada que o roteiro trata a biografia de Dean. Os roteiristas certamente confundiram os personagens que ele interpretou na tela em seus filmes com a sua própria personalidade, da vida real. Também houve uma tentativa pouco discreta de varrer para debaixo do tapete as nada convencionais escolhas de Dean no que se refere aos seus relacionamentos sexuais. Nada de mostrar ou explorar o lado mais bissexual do astro. Enfim, tudo realmente deixa a desejar. Só serve mesmo para deixar ainda mais saudosos os fãs do astro imortal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Cavalos Selvagens

Título Original: Wild Horses
Título no Brasil: Cavalos Selvagens
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Patriot Pictures
Direção: Robert Duvall
Roteiro: Robert Duvall, Michael Shell
Elenco: Robert Duvall, James Franco, Josh Hartnett
  
Sinopse:
Scott Briggs (Robert Duvall) é um velho rancheiro texano que se considera um bom homem, honesto, cristão e honrado. Um sujeito da velha escola com seus valores tradicionais e conservadores. Ele tem três filhos e sonha que sua extensa propriedade seja levado adiante por eles, como manda a tradição no Texas. Agora, no final de sua vida, precisa lidar com uma investigação policial de um caso de desaparecimento de um de seus ex-empregados. O jovem sumiu após Briggs descobrir que ele estava tendo um caso com seu próprio filho, Ben (James Franco), que sempre teve uma relação conturbada com seu pai pelo fato de ser homossexual. Teria o velho Briggs alguma ligação com o sumiço desse jovem no passado?

Comentários:
"Wild Horses" é um projeto bem pessoal do ator Robert Duvall. Ele dirigiu, produziu, atuou e escreveu o roteiro do filme. Para completar ainda escalou sua própria esposa, Luciana Pedraza (aqui surgindo nos créditos como Luciana Duvall), para interpretar a Texas Ranger que resolve reabrir um velho caso de desaparecimento envolvendo o ex-empregado de um rancheiro rico e próspero da região. Por falar nisso o personagem de Duvall é um presente e tanto para qualquer grande intérprete. O ator dá vida a um homem com valores firmes e sólidos, tipicamente texanos, que precisa lidar com um filho homossexual. Em um ambiente rural, conservador e rústico como aquele isso seria a última coisa que ele poderia esperar. O conflito se instala rapidamente e o choque de gerações e valores se torna cada vez mais forte. Em pouco tempo a situação vai ficando insuportável para ambas as partes e Ben Briggs (Franco) resolve ir embora. Anos depois retorna ao rancho pois seu velho pai deseja fazer algumas modificações em seu próprio testamento, o que faz ressurgir velhos fantasmas do passado. Para piorar ainda mais a tensa relação entre eles, Ben desconfia que seu pai teve algo a ver com o desaparecimento de Jimmy Davis, um antigo capataz da fazenda que teve um caso amoroso com ele no passado. 

Com uma nova policial na cidade, disposta a reabrir velhos casos arquivados, o cerco vai cada vez mais se fechando sobre o velho Briggs. Robert Duvall assim encarna esse veterano que precisa viver em um mundo que se parece cada vez menos com o que ele aprendeu a viver. Os valores se modificaram e de repente tudo o que ele acreditava ser o certo vai sendo colocado de lado. É um bom homem que pensa estar fazendo o certo, mas que se vê enganado por seus próprios instintos e atos impensados. O argumento obviamente procura explorar algo que é mais comum do que se pensa, as tensões familiares que surgem quando uma pessoa resolve se assumir gay. O melhor desse roteiro é que ele não levanta bandeiras e nem sai defendendo a causa gay de forma ostensiva e panfletária, o que tornaria tudo muito chato e maçante. Ao contrário disso se contenta em apenas explorar e mostrar uma situação de conflitos que surge dentro dessa família para tirar o melhor proveito disso. A mensagem assim fica nas entrelinhas, nunca ofendendo a inteligência do espectador. Será esse, em última análise, que irá entender e tirar suas próprias conclusões do que está assistindo. Assim o próprio público poderá criar uma certa identificação tanto com o personagem de Duvall, o velho rancheiro conservador, como com seu filho Ben, representando essa nova mentalidade de ser da sociedade. O resultado final é muito bom, um belo filme que toca em assuntos importantes. Assista e escolha seu lado.

Pablo Aluísio, 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Risco Imediato

Título no Brasil: Risco Imediato
Título Original: Good People
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Millennium Films
Direção: Henrik Ruben Genz
Roteiro: Kelly Masterson, Marcus Sakey
Elenco: James Franco, Kate Hudson, Tom Wilkinson, Sam Spruell 

Sinopse:
Tom (James Franco) e sua esposa Anna (Kate Hudson) formam um casal que, em dificuldades financeiras, resolve alugar o porão de sua casa para ajudar no pagamento da hipoteca de onde moram. O problema é que o inquilino é um assaltante de bancos e assassino que acaba sendo encontrado morto por uma overdose de drogas pouco tempo depois de se mudar para lá. Depois que seu corpo é removido, casualmente Tom acaba também encontrando no quarto alugado uma maleta cheia de dinheiro proveniente de seu último roubo. Toma então uma decisão que irá se arrepender depois ao decidir que ficará com a pequena fortuna de 200 mil libras para si. Não tardará para que outros criminosos venham em busca do dinheiro, o que colocará Tom e Anna em sério perigo de vida.

Comentários:
O filme até que começa bem. O roteiro mostra esse simpático casal que só deseja mesmo ser feliz, mesmo levando uma vida muito apertada do ponto de vista financeiro. O problema é que eles estão em apuros nesse campo. A hipoteca está vencida e eles estão prestes a serem despejados da casa onde moram.  Depois que encontram a mala cheia de dinheiro roubado de seu inquilino falecido a vida dos dois vira pelo avesso. Obviamente criminosos violentos virão atrás da grana e policiais corruptos não tardarão a também tentar pegar seu naco daquele dinheiro todo. E assim quando pensamos que tudo se resumirá em um inocente casal tentando sobreviver em jogo sórdido as coisas mudam - para piorar no meu ponto de vista. Eles resolvem levar os bandidos para uma casa isolada nos arredores de Londres. Uma casa em reformas, com tudo ainda muito precário, já que Tom (Franco) que trabalha na construção civil ainda está terminando as obras no local. Lá criam uma série de armadilhas para eliminar um por um seus perseguidores. O que se segue é um verdadeiro banho de sangue. Esse roteiro derrapa justamente nisso. Fiquei com a sensação de estar assistindo a uma versão adulta e violenta de "Esqueceram de Mim", onde o garotinho também bolava uma série de armadilhas em sua casa para prejudicar os bandidos invasores. No final de tudo muitas perguntas e pontas soltas pairam no ar. A mais intrigante delas é: Por que o casal não se mandou logo após encontrar o dinheiro, aquela pequena fortuna? Por que resolveram esperar pelo surgimento de criminosos psicopatas em seu caminho? Teria sido muito fácil eles fugirem na mesma noite em que encontraram a sacola cheia de libras. São perguntas sem respostas. De qualquer maneira vale a presença da sempre gracinha Kate Hudson, com direito a generosas cenas de nudez onde expõe seu dotes que a natureza lhe deu. Obviamente os marmanjos vão gostar. Já para quem estiver em busca apenas de um bom thriller policial de suspense a sensação não será de plena satisfação. Poderia ter sido bem melhor se os clichês não fossem tão recorrentes.

Pablo Aluísio.