A história desse filme se passa em 1900, em Pequim, capital da China. Um grupo de nacionalistas chineses começa a atacar estrangeiros por toda a China. Diplomatas, comerciantes, ministros, turistas, ninguém está a salvo. A diplomacia dos países ocidentais tenta uma solução negociando diretamente com a imperatriz, só que um príncipe de sua corte está por trás dos atentados. Conforme a violência aumenta o exército imperial chinês começa então a lutar em favor dos nacionalistas, dando origem a uma sangrenta guerra contra as potências ocidentais que mantém inclusive tropas em Pequim.
Temos aqui uma grande produção do cinema americano. São várias as cenas de batalhas com milhares de figurantes, etc. Tudo muito bem produzido e realizado. O elenco tem três grandes destaques. David Niven interpreta um diplomata britânico que tudo faz para evitar uma guerra generalizada. Sua educação e modos refinados se tornam um grande contraste com a brutalidade da região. E sua própria família é atingida por essa violência insana que explode na capital do império chinês. Charlton Heston interpreta um oficial do exército americano. Um tipo de militar pragmático que luta com as armas que possui. Há boas cenas no filme para Heston, com destaque para a explosão do depósito de armas e munição do exército imperial da China. Por fim a atriz Ava Gardner interpreta uma baronesa russa arruinada que só quer ir embora daquele lugar. Enquanto tenta fugir também ajuda como enfermeira em um hospital local.
O filme é muito bom, com longa duração. Se há alguma coisa a se criticar certamente vem da mentalidade colonialista de seu argumento, de seu roteiro. Os estrangeiros são os mocinhos da história. Só que a China é dos chineses. A nação a eles pertence. Não pertence à Inglaterra, nem aos Estados Unidos. Então aqueles exércitos estrangeiros lutando em solo chinês no fundo não possuem qualquer razão justificável para estarem ali. É tudo colonialismo puro, nada mais. De qualquer modo, deixando essa observação política de lado temos aqui sem dúvida um bom clássico do cinema da época.
55 Dias em Pequim (55 Days at Peking, Estados Unidos, 1963) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Robert Hamer, Bernard Gordon / Elenco: Charlton Heston, David Niven, Ava Gardner, Flora Robson, John Ireland, Leo Genn / Sinopse: Grupo de diplomatas e militares de países ocidentais como Inglaterra, Estados Unidos e França, tentam sobreviver a uma rebelião de nacionalistas chineses em Pequim. Eles lutam pela expulsão de todos os estrangeiros de sua nação.
Pablo Aluísio.
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segunda-feira, 18 de abril de 2022
terça-feira, 22 de junho de 2021
Juventude Transviada
Esse filme capturou para a posteridade a essência do ator James Dean. Foi seu maior sucesso no cinema e também seu filme mais lembrado. O interessante é que o próprio James Dean jamais o assistiu. Antes do filme ficar pronto e ser lançado nos cinemas, ele morreu de um acidente de carro na estrada de Salinas na Califórnia. Tinha apenas 24 anos de idade. Com isso sua popularidade explodiu e o filme quando finalmente chegou nas salas de cinema se tornou um grande sucesso. A Warner aproveitou o trágico acidente para promover ainda mais o filme. Sim, um aspecto condenável, que no final de tudo teve sua razão de ser já que "Juventude Transviada" é sem dúvida um ótimo filme.
Pode-se dizer que o roteiro não tem um foco principal. Na realidade ele conta a história de amizade e paixão envolvendo três jovens da época (interpretados por James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo). Eles enfrentam a barra e as crises típicas da adolescência em uma Los Angeles que mais parece uma selva para os jovens. James Dean interpreta um rebelde, mas não um rebelde ao estilo Marlon Brando. Não é um personagem explosivo ou violento. Está mais para um jovem que sofre várias crises internas, que tenta superar os traumas psicológicos dos problemas familiares e escolares. É um bom retrato, uma crônica fiel daquela geração do pós- guerra, quando os Estados Unidos viviam um ótima fase econômica. O rebelde de James Dean não tinha propriamente uma causa, a não ser encontrar-se a si mesmo.
Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman / Elenco: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo / Sinopse: Um jovem rebelde com um passado conturbado chega a uma nova cidade, encontrando amigos e inimigos. Filme indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Sal Mineo), melhor atriz coadjuvante (Natalie Wood) e melhor roteiro (Nicholas Ray).
Pablo Aluísio.
Pode-se dizer que o roteiro não tem um foco principal. Na realidade ele conta a história de amizade e paixão envolvendo três jovens da época (interpretados por James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo). Eles enfrentam a barra e as crises típicas da adolescência em uma Los Angeles que mais parece uma selva para os jovens. James Dean interpreta um rebelde, mas não um rebelde ao estilo Marlon Brando. Não é um personagem explosivo ou violento. Está mais para um jovem que sofre várias crises internas, que tenta superar os traumas psicológicos dos problemas familiares e escolares. É um bom retrato, uma crônica fiel daquela geração do pós- guerra, quando os Estados Unidos viviam um ótima fase econômica. O rebelde de James Dean não tinha propriamente uma causa, a não ser encontrar-se a si mesmo.
Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman / Elenco: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo / Sinopse: Um jovem rebelde com um passado conturbado chega a uma nova cidade, encontrando amigos e inimigos. Filme indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Sal Mineo), melhor atriz coadjuvante (Natalie Wood) e melhor roteiro (Nicholas Ray).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 23 de março de 2021
Sangue Sobre a Neve
Um filme clássico com temática bem diferente, diria até que extremamente exótico. Assim poderia definir esse "Sangue Sobre a Neve". Qual é a história contada no filme? Em uma parte do mundo gelado, no Ártico, vive Inuk (Anthony Quinn). Ele é um nativo selvagem que vive nos confins do Polo Norte congelado e inóspito, um esquimó com pouco contato com a civilização das cidades. Com jeito rude e direto, ele acaba sendo ofendido por um padre e sem medir as consequências de seus atos comete um assassinato. Perseguido pela polícia, ele se aventura pelas regiões mais isoladas em busca de refúgio. Escapará das leis do chamado homem civilizado?
Esse é um filme curioso sobre esquimós, com Anthony Quinn, Peter O Toole e direção de Nicholas Ray. O roteiro foca nos costumes dos nativos das regiões mais geladas do planeta e o choque que pode existir entre a cultura deles e as leis do homem dito civilizado. O roteiro do filme se apoia bastante naquela visão do "bom selvagem", algo que está bem claro até mesmo no nome original da produção, "The Savage Innocents", algo como os inocentes selvagens. É a velha teoria de que o homem nasce bom e puro até ser corrompido pela civilização dita avançada. Muitos obviamente não comprarão a ideia por trás de tudo, mas a intenção de expor esse tipo de visão não deixa de ser válida.
Em termos puramente cinematográficos vale o elogio para a boa atuação de Anthony Quinn pois o papel lhe caiu muito bem. Seu biotipo inclusive é perfeito para o personagem. Curiosamente há poucos diálogos em praticamente todo o filme e Quinn precisa utilizar bastante de uma atuação mais física do que verbal, algo em que se sai muito bem. Bem fotografado, com cenas de estúdio, intercaladas com cenas externas de locação, no norte do Canadá, terra gelada e sem fim, o filme é bem interessante, principalmente para estudantes de sociologia e ciências sociais em geral. É o que costumo chamar de "filme tese" que defende uma ideia por trás de tudo. Mesmo assim quem estiver em busca apenas de uma boa aventura clássica também não vai se decepcionar.
Sangue Sobre a Neve (The Savage Innocents, Estados Unidos, 1960) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Hans Ruesch, Franco Solinas / Elenco: Anthony Quinn, Peter O'Toole, Yoko Tani, Carlo Giustini / Sinopse: O filme retrata a vida de um esquimó selvagem que mora no Polo Norte do planeta, em uma parte da Terra onde tudo parece inóspito e congelado. Após se envolver em um crime ele passa a ser perseguido por pessoas que querem levá-lo a um julgamento de acordo com as leis do homem civilizado. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
Esse é um filme curioso sobre esquimós, com Anthony Quinn, Peter O Toole e direção de Nicholas Ray. O roteiro foca nos costumes dos nativos das regiões mais geladas do planeta e o choque que pode existir entre a cultura deles e as leis do homem dito civilizado. O roteiro do filme se apoia bastante naquela visão do "bom selvagem", algo que está bem claro até mesmo no nome original da produção, "The Savage Innocents", algo como os inocentes selvagens. É a velha teoria de que o homem nasce bom e puro até ser corrompido pela civilização dita avançada. Muitos obviamente não comprarão a ideia por trás de tudo, mas a intenção de expor esse tipo de visão não deixa de ser válida.
Em termos puramente cinematográficos vale o elogio para a boa atuação de Anthony Quinn pois o papel lhe caiu muito bem. Seu biotipo inclusive é perfeito para o personagem. Curiosamente há poucos diálogos em praticamente todo o filme e Quinn precisa utilizar bastante de uma atuação mais física do que verbal, algo em que se sai muito bem. Bem fotografado, com cenas de estúdio, intercaladas com cenas externas de locação, no norte do Canadá, terra gelada e sem fim, o filme é bem interessante, principalmente para estudantes de sociologia e ciências sociais em geral. É o que costumo chamar de "filme tese" que defende uma ideia por trás de tudo. Mesmo assim quem estiver em busca apenas de uma boa aventura clássica também não vai se decepcionar.
Sangue Sobre a Neve (The Savage Innocents, Estados Unidos, 1960) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Hans Ruesch, Franco Solinas / Elenco: Anthony Quinn, Peter O'Toole, Yoko Tani, Carlo Giustini / Sinopse: O filme retrata a vida de um esquimó selvagem que mora no Polo Norte do planeta, em uma parte da Terra onde tudo parece inóspito e congelado. Após se envolver em um crime ele passa a ser perseguido por pessoas que querem levá-lo a um julgamento de acordo com as leis do homem civilizado. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Paixão de Bravo
"Paixão de Bravo" é um clássico do western americano. Reuniu dois grandes astros da época, Robert Mitchum e Susan Hayward. A química entre eles ficou evidente na tela. Na história temos o protagonista Jeff McCloud (Robert Mitchum), um veterano competidor de rodeios, que após montar um touro da raça brahma é violentamente jogado ao chão, sofrendo inúmeros ferimentos. Cansado e desiludido, por ter competido no meio por quase 20 anos e não ter juntado nada, nenhum dinheiro, mesmo vencendo vários rodeios, ele decide voltar à sua antiga cidade, para rever sua casa de infância, afinal ele está na estrada por um longo tempo. Ao retornar para sua cidade natal descobre que sua antiga moradia está à venda. Entre os que querem comprar o lugar está o casal formado por Wes Merritt (Arthur Kennedy) e sua esposa Louise (Susan Hayward). Embora tenham muita vontade de se tornarem proprietários do lugar, fundando um novo rancho, o casal não tem ainda o dinheiro suficiente para realizar seu sonho. Isso leva Jeff a ter uma ideia. Que tal os três formarem uma sociedade? Jeff, ferido ainda após a última competição, poderia treinar Wes e eles dividiram os prêmios dos rodeios que participassem. Afinal o que teriam a perder? Feito o acordo o trio cai na estrada, cruzando o oeste em busca de competições de rodeios, com o objetivo de ganhar bastante dinheiro para se tornarem ricos e prósperos fazendeiros. O trio então parte em busca da realização de seus sonhos.
"Paixão de Bravo" é um excelente faroeste, rodado ainda em preto e branco pelo extinto estúdio RKO. O filme mostra os bastidores dos principais rodeios americanos, suas competições, seus dramas pessoais e a vida dura de um cowboy correndo em busca da vitória. O roteiro, bem inspirado, usa de duas bases dramáticas bem destacadas. A primeira é a tensão sexual que se cria dentro do trio. Jeff (Mitchum) e Louise (Hayward) logo criam uma clara atração entre eles, algo que não pode ser concretizado porque afinal ela ainda é casada com Wes (Kennedy). Além disso eles vivem na fio da navalha, pois a qualquer momento podem sofrer um grave acidente, os deixando severamente feridos como era comum acontecer em competidores de rodeios naquela época.
Nesse ponto aliás o filme se sai muito bem, mostrando sem receios as contradições entre um esporte amado pelos americanos e os danos que ele causava entre os cowboys, pois muitos ficam paralíticos para o resto da vida após sofrerem quedas de cavalos ou touros. Geralmente a coluna dos competidores era gravemente destruída nessas quedas. Algo previsível quando se corria o risco de ficar embaixo de um animal de centenas de quilos após uma queda no meio da competição. O elenco está todo muito bem, mas destaco a forte presença de Susan Hayward em cena. Sua personagem passa longe de ser uma mera mocinha romântica de filmes de western, pelo contrário, ela sempre surge com opiniões próprias, impondo seu modo de pensar ao marido. Um bom retrato de uma mulher firme e independente, em um mundo dominado por homens rudes e bravos.
Paixão de Bravo (The Lusty Men, Estados Unidos, 1952) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: David Dortort, Horace McCoy / Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Arthur Kennedy, Arthur Hunnicutt / Sinopse: Um casal e um cowboy ferido resolvem entrar no circuito de rodeios realizados pelos Estados americanos. Viajando de cidade em cidade eles tentam vencer os grandes prêmios pagos nessas populares competições.
Pablo Aluísio.
"Paixão de Bravo" é um excelente faroeste, rodado ainda em preto e branco pelo extinto estúdio RKO. O filme mostra os bastidores dos principais rodeios americanos, suas competições, seus dramas pessoais e a vida dura de um cowboy correndo em busca da vitória. O roteiro, bem inspirado, usa de duas bases dramáticas bem destacadas. A primeira é a tensão sexual que se cria dentro do trio. Jeff (Mitchum) e Louise (Hayward) logo criam uma clara atração entre eles, algo que não pode ser concretizado porque afinal ela ainda é casada com Wes (Kennedy). Além disso eles vivem na fio da navalha, pois a qualquer momento podem sofrer um grave acidente, os deixando severamente feridos como era comum acontecer em competidores de rodeios naquela época.
Nesse ponto aliás o filme se sai muito bem, mostrando sem receios as contradições entre um esporte amado pelos americanos e os danos que ele causava entre os cowboys, pois muitos ficam paralíticos para o resto da vida após sofrerem quedas de cavalos ou touros. Geralmente a coluna dos competidores era gravemente destruída nessas quedas. Algo previsível quando se corria o risco de ficar embaixo de um animal de centenas de quilos após uma queda no meio da competição. O elenco está todo muito bem, mas destaco a forte presença de Susan Hayward em cena. Sua personagem passa longe de ser uma mera mocinha romântica de filmes de western, pelo contrário, ela sempre surge com opiniões próprias, impondo seu modo de pensar ao marido. Um bom retrato de uma mulher firme e independente, em um mundo dominado por homens rudes e bravos.
Paixão de Bravo (The Lusty Men, Estados Unidos, 1952) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: David Dortort, Horace McCoy / Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Arthur Kennedy, Arthur Hunnicutt / Sinopse: Um casal e um cowboy ferido resolvem entrar no circuito de rodeios realizados pelos Estados americanos. Viajando de cidade em cidade eles tentam vencer os grandes prêmios pagos nessas populares competições.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
O Rei dos Reis
No poster original do filme, da época de seu lançamento original, uma frase explicava bem do que se tratava. No poster estava escrito: "A história de Jesus Cristo baseada nas escrituras sagradas". É basicamente isso. Uma adaptação cinematográfica de Jesus, procurando ser bem fiel ao novo testamento. E a história de Jesus de Nazaré,, todos conhecemos. No brutal e desumano reinado de Augusto César (63 a.C. - 14 d.C) nasce uma criança na distante província romana da Judéia chamado Jesus. Sua mãe Maria e seu pai José partem então para o Egito para fugir das perseguições do tirano rei Herodes que temendo o nascimento de um Messias resolve matar todas as crianças nascidas em Belém.
De volta à pequena vila de Nazaré o jovem Jesus cresce ao lado dos pais, exercendo a profissão de carpinteiro. Já adulto, resolve partir para cumprir sua missão, a de levar o evangelho (a boa nova) aos homens de bom coração. Sua mensagem repleta de paz, amor e fraternidade, logo começa a incomodar as autoridades religiosas e políticas. Preso e torturado, é enfim crucificado nos arredores da cidade santa de Jerusalém, onde morre em agonia na cruz romana. Sepultado, volta do mundo dos mortos, ressuscitando. Glorioso, volta para mostrar aos seus apóstolos que realmente era o filho de Deus! A história de Jesus de Nazaré é certamente a mais conhecida do mundo ocidental. Em torno de seu nome foi criada a religião mais popular e abrangente do planeta com seguidores em todos os países e nações da Terra.
Trazer a trajetória de Jesus para as telas de cinemas certamente nunca foi uma tarefa fácil em razão da complexidade de se lidar com uma figura venerada ao redor do mundo. Assim, no começo da década de 1960, o produtor Samuel Bronston resolveu reunir uma grande equipe para trazer de volta o Nazareno para a sétima arte. Com locações na Espanha, roteiro do aclamado Ray Bradbury (não creditado) e Philip Yordan, trilha sonora marcante assinada por Miklos Rosza, direção do sempre talentoso Nicholas Ray (de “Juventude Transviada” com James Dean) e elenco formado por grandes nomes do cinema da época, tentou-se criar o épico definitivo sobre a vida de Jesus e sua mensagem.
O resultado é realmente de alto nível, embora também tenha alguns problemas pontuais. O filme tem três horas de duração, mas o roteiro, como era de certa forma previsível, não consegue dar conta de todos os detalhes da vida de Jesus. Algumas passagens ficaram de fora do filme, enquanto outras, menos importantes, ganharam espaço em demasia. Há fatos importantes da biografia de Jesus que são completamente ignorados. Uma deles é a revolta que o Messias teria tido no templo ao ver a casa de Deus se transformando num mercado e balcão de negócios. O espaço dado a Herodes, Salomé e a corte do Rei também soam exagerados. Barrabás também surge com espaço excessivo dentro da trama. Teria sido melhor focar mais na palavra de Cristo, nas passagens importantes que deixou aos seus seguidores.
Por outro lado há pontos excelentes no filme. Em minha opinião a escalação do ator Jeffrey Hunter foi um acerto. Ele interpreta um Jesus com imagem mais tradicional. De barbas longas, cabelo repartido ao meio e olhos azuis, é o Jesus que geralmente se encontra nas imagens mais clássicas e antigas do personagem histórico. Ele também tem o ritmo certo de declamar suas falas. E nos momentos de maior tensão não decepciona. Foi o grande papel de sua carreira e o marcou para sempre. Em termos de era de ouro do cinema americano ele foi o Jesus definitivo das telas, não há como negar. Como toda obra de arte esse filme assim apresenta erros e acertos. No saldo geral porém tudo soa como um grande filme. “O Rei dos Reis” é realmente um grande espetáculo, um épico daqueles que apenas Hollywood poderia proporcionar ao grande público. O bom gosto, a elegância e a produção luxuosa garantem o espetáculo. Um épico religioso como poucos.
O Rei dos Reis (King of Kings, Estados Unidos, 1961) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan / Elenco: Jeffrey Hunter, Siobhan McKenna, Hurd Hatfield, Rita Gam, Robert Ryan, Frank Thring, Rip Torn, Brigid Bazlen, Ron Randell, Carmen Sevilla / Sinopse: O filme narra a história de Jesus de Nazaré, homem humilde nascido na província romana da Judéia que revolucionou o mundo com sua mensagem de paz, amor e fraternidade entre os homens, surgindo de sua palavra a religião denominada Cristianismo, a mais popular e abrangente do planeta com mais de um bilhão de seguidores. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora Original (Miklós Rózsa).
Pablo Aluísio.
De volta à pequena vila de Nazaré o jovem Jesus cresce ao lado dos pais, exercendo a profissão de carpinteiro. Já adulto, resolve partir para cumprir sua missão, a de levar o evangelho (a boa nova) aos homens de bom coração. Sua mensagem repleta de paz, amor e fraternidade, logo começa a incomodar as autoridades religiosas e políticas. Preso e torturado, é enfim crucificado nos arredores da cidade santa de Jerusalém, onde morre em agonia na cruz romana. Sepultado, volta do mundo dos mortos, ressuscitando. Glorioso, volta para mostrar aos seus apóstolos que realmente era o filho de Deus! A história de Jesus de Nazaré é certamente a mais conhecida do mundo ocidental. Em torno de seu nome foi criada a religião mais popular e abrangente do planeta com seguidores em todos os países e nações da Terra.
Trazer a trajetória de Jesus para as telas de cinemas certamente nunca foi uma tarefa fácil em razão da complexidade de se lidar com uma figura venerada ao redor do mundo. Assim, no começo da década de 1960, o produtor Samuel Bronston resolveu reunir uma grande equipe para trazer de volta o Nazareno para a sétima arte. Com locações na Espanha, roteiro do aclamado Ray Bradbury (não creditado) e Philip Yordan, trilha sonora marcante assinada por Miklos Rosza, direção do sempre talentoso Nicholas Ray (de “Juventude Transviada” com James Dean) e elenco formado por grandes nomes do cinema da época, tentou-se criar o épico definitivo sobre a vida de Jesus e sua mensagem.
O resultado é realmente de alto nível, embora também tenha alguns problemas pontuais. O filme tem três horas de duração, mas o roteiro, como era de certa forma previsível, não consegue dar conta de todos os detalhes da vida de Jesus. Algumas passagens ficaram de fora do filme, enquanto outras, menos importantes, ganharam espaço em demasia. Há fatos importantes da biografia de Jesus que são completamente ignorados. Uma deles é a revolta que o Messias teria tido no templo ao ver a casa de Deus se transformando num mercado e balcão de negócios. O espaço dado a Herodes, Salomé e a corte do Rei também soam exagerados. Barrabás também surge com espaço excessivo dentro da trama. Teria sido melhor focar mais na palavra de Cristo, nas passagens importantes que deixou aos seus seguidores.
Por outro lado há pontos excelentes no filme. Em minha opinião a escalação do ator Jeffrey Hunter foi um acerto. Ele interpreta um Jesus com imagem mais tradicional. De barbas longas, cabelo repartido ao meio e olhos azuis, é o Jesus que geralmente se encontra nas imagens mais clássicas e antigas do personagem histórico. Ele também tem o ritmo certo de declamar suas falas. E nos momentos de maior tensão não decepciona. Foi o grande papel de sua carreira e o marcou para sempre. Em termos de era de ouro do cinema americano ele foi o Jesus definitivo das telas, não há como negar. Como toda obra de arte esse filme assim apresenta erros e acertos. No saldo geral porém tudo soa como um grande filme. “O Rei dos Reis” é realmente um grande espetáculo, um épico daqueles que apenas Hollywood poderia proporcionar ao grande público. O bom gosto, a elegância e a produção luxuosa garantem o espetáculo. Um épico religioso como poucos.
O Rei dos Reis (King of Kings, Estados Unidos, 1961) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan / Elenco: Jeffrey Hunter, Siobhan McKenna, Hurd Hatfield, Rita Gam, Robert Ryan, Frank Thring, Rip Torn, Brigid Bazlen, Ron Randell, Carmen Sevilla / Sinopse: O filme narra a história de Jesus de Nazaré, homem humilde nascido na província romana da Judéia que revolucionou o mundo com sua mensagem de paz, amor e fraternidade entre os homens, surgindo de sua palavra a religião denominada Cristianismo, a mais popular e abrangente do planeta com mais de um bilhão de seguidores. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora Original (Miklós Rózsa).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Amargo Triunfo
Filme de guerra estrelado pelo ator Richard Burton. Ele interpreta o capitão inglês Leith (Burton), Especialista em arqueologia, ele é designado para participar numa perigosa missão que deve entrar em uma cidade ocupada pelos nazistas no norte da África, na Líbia. O objetivo é roubar documentos de uma guarnição do exército alemão. As informações poderiam ser vitais para o esforço de guerra. O problema é que esse comando será subordinado ao Major Brand (Curd Jürgens), O capitão tem problemas pessoais com ele. No passado ele teve um caso amoroso com a atual esposa do Major. E ele descobre sobre isso um dia antes da missão. Claro, de uma forma ou outra o oficial vai tentar prejudicar o personagem de Burton. E para piorar eles precisam atravessar um deserto hostil, uma situação nada fácil, nem para militares experientes.
Temos aqui um bom filme. Não é nada espetacular, nem grandioso, mas é uma boa diversão. O ator Richard Burton fez muitos filmes nesse estilo, sendo um dos mais lembrados o clássico "Selvagens Cães de Guerra", onde a fórmula atingiu sua perfeição. Nesse aqui as coisas são um pouco mais modestas. A questão é que o filme foi assinado pelo ótimo diretor Nicholas Ray, o que elevou minhas expectativas antes de assistir. E aí aconteceu o velho problema quando expectativas grandes encontram filmes meramente medianos. Fica um gostinho de decepção no ar.
O roteiro poderia ter explorado melhor a rivalidade entre o Capitão de Burton e o Major, esse com a dor de saber que sua esposa na verdade amava outro homem. Para um filme de guerra também não há grandes cenas de ação. Existe o combate contra os alemães na cidade da Líbia, depois eles fogem para o deserto e aí o filme se concentra mais em uma tensão psicológica entre os homens. Curiosamente - e aqui vai um spoiler - foi um dos poucos filmes em que vi o personagem de Richard Burton morrer. E não em campo de batalha. Ele é picado por um escorpião do deserto. Em um filme com heróis e covardes em cena os roteiristas poderiam ter escrito um final melhor para seu personagem. Porém a intenção foi mesmo colocar em evidência a pouca honradez do Major, o que acabou funcionando na cena final, com os bonecos de pano do exercício militar. Enfim, não é dos melhores filmes da carreira de Richard Burton, mas cumpre bem seu papel no quesito entretenimento.
Amargo Triunfo (Bitter Victory, Estados Unidos, França, 1957) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: René Hardy, Nicholas Ray / Elenco: Richard Burton, Curd Jürgens, Ruth Roman, Christopher Lee / Sinopse: Durante uma expedição no deserto, na II Guerra Mundial, dois oficiais ingleses duelam psicologicamente entre si. A esposa do Major Brand (Curd Jürgens) foi apaixonada pelo Capitão Leith (Burton) no passado, o que cria uma grande tensão entre eles durante a missão. Filme indicado ao Venice Film Festival.
Pablo Aluísio.
Temos aqui um bom filme. Não é nada espetacular, nem grandioso, mas é uma boa diversão. O ator Richard Burton fez muitos filmes nesse estilo, sendo um dos mais lembrados o clássico "Selvagens Cães de Guerra", onde a fórmula atingiu sua perfeição. Nesse aqui as coisas são um pouco mais modestas. A questão é que o filme foi assinado pelo ótimo diretor Nicholas Ray, o que elevou minhas expectativas antes de assistir. E aí aconteceu o velho problema quando expectativas grandes encontram filmes meramente medianos. Fica um gostinho de decepção no ar.
O roteiro poderia ter explorado melhor a rivalidade entre o Capitão de Burton e o Major, esse com a dor de saber que sua esposa na verdade amava outro homem. Para um filme de guerra também não há grandes cenas de ação. Existe o combate contra os alemães na cidade da Líbia, depois eles fogem para o deserto e aí o filme se concentra mais em uma tensão psicológica entre os homens. Curiosamente - e aqui vai um spoiler - foi um dos poucos filmes em que vi o personagem de Richard Burton morrer. E não em campo de batalha. Ele é picado por um escorpião do deserto. Em um filme com heróis e covardes em cena os roteiristas poderiam ter escrito um final melhor para seu personagem. Porém a intenção foi mesmo colocar em evidência a pouca honradez do Major, o que acabou funcionando na cena final, com os bonecos de pano do exercício militar. Enfim, não é dos melhores filmes da carreira de Richard Burton, mas cumpre bem seu papel no quesito entretenimento.
Amargo Triunfo (Bitter Victory, Estados Unidos, França, 1957) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: René Hardy, Nicholas Ray / Elenco: Richard Burton, Curd Jürgens, Ruth Roman, Christopher Lee / Sinopse: Durante uma expedição no deserto, na II Guerra Mundial, dois oficiais ingleses duelam psicologicamente entre si. A esposa do Major Brand (Curd Jürgens) foi apaixonada pelo Capitão Leith (Burton) no passado, o que cria uma grande tensão entre eles durante a missão. Filme indicado ao Venice Film Festival.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
O Crime não Compensa
Título no Brasil: O Crime não Compensa
Título Original: Knock on Any Door
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Daniel Taradash, John Monks Jr
Elenco: Humphrey Bogart, John Derek, George Macready
Sinopse:
Andrew Morton (Humphrey Bogart) é um advogado criminalista que decide defender o jovem Nick Romano (John Derek) nos tribunais. Ele está sendo acusado de ter matado um policial durante uma fuga, após um assalto frustrado. Morton conhece Romano há muitos anos, desde que defendeu seu pai no passado, também acusado de crimes no bairro onde morava. Para o advogado, Romano seria inocente e seu passado de pequenos crimes seria apenas fruto de uma vida complicada, pois perdeu seu pai muito cedo, ainda em sua adolescência.
Comentários:
"Viva rápido, morra jovem e se torne um belo cadáver" - Esse é o lema do jovem criminoso Nick Romano (Derek) nesse filme. Criado nas ruas, tendo logo cedo contato com a criminalidade, ele acaba se envolvendo numa acusação de homicídio de um tira, logo após um assalto mal sucedido. O advogado Morton (Bogart) acredita em sua inocência e resolve lutar para provar sua inocência. O problema básico é que o jovem tem uma longa ficha policial em seu passado, pois desde a morte do pai não deixou mais de praticar pequenos crimes pelas redondezas onde mora. Esse filme é mais um da safra do excelente cineasta Nicholas Ray que enfoca a delinquência juvenil, um problema considerado muito sério na sociedade americana da época. Sua grande obra prima, explorando esse mesmo tema, viria alguns anos depois com o clássico jovem "Juventude Transviada" com o mito James Dean. Aqui ele já ensaia passos que iria usar em seu grande filme. Nicholas Ray tenta provar algumas teses com esse roteiro. A mais importante delas seria a de que muitos criminosos, principalmente os jovens, seriam na verdade vítimas da própria sociedade. É a velha teoria da justificativa social do crime. Uma maneira mais humana de entender as causas da criminalidade dentro da vida de alguns excluídos do sistema. Claro que hoje em dia essa visão está bem desacreditada, principalmente no momento atual que vivemos em nosso país. De qualquer maneira, olhando-se puramente pelo ponto de vista cinematográfico, temos aqui um bom filme, valorizado pelo uso inteligente de flashbacks e pela sempre bem-vinda presença de Humphrey Bogart que tem um longo monólogo no tribunal na cena final do filme.
Pablo Aluísio.
Título Original: Knock on Any Door
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Daniel Taradash, John Monks Jr
Elenco: Humphrey Bogart, John Derek, George Macready
Sinopse:
Andrew Morton (Humphrey Bogart) é um advogado criminalista que decide defender o jovem Nick Romano (John Derek) nos tribunais. Ele está sendo acusado de ter matado um policial durante uma fuga, após um assalto frustrado. Morton conhece Romano há muitos anos, desde que defendeu seu pai no passado, também acusado de crimes no bairro onde morava. Para o advogado, Romano seria inocente e seu passado de pequenos crimes seria apenas fruto de uma vida complicada, pois perdeu seu pai muito cedo, ainda em sua adolescência.
Comentários:
"Viva rápido, morra jovem e se torne um belo cadáver" - Esse é o lema do jovem criminoso Nick Romano (Derek) nesse filme. Criado nas ruas, tendo logo cedo contato com a criminalidade, ele acaba se envolvendo numa acusação de homicídio de um tira, logo após um assalto mal sucedido. O advogado Morton (Bogart) acredita em sua inocência e resolve lutar para provar sua inocência. O problema básico é que o jovem tem uma longa ficha policial em seu passado, pois desde a morte do pai não deixou mais de praticar pequenos crimes pelas redondezas onde mora. Esse filme é mais um da safra do excelente cineasta Nicholas Ray que enfoca a delinquência juvenil, um problema considerado muito sério na sociedade americana da época. Sua grande obra prima, explorando esse mesmo tema, viria alguns anos depois com o clássico jovem "Juventude Transviada" com o mito James Dean. Aqui ele já ensaia passos que iria usar em seu grande filme. Nicholas Ray tenta provar algumas teses com esse roteiro. A mais importante delas seria a de que muitos criminosos, principalmente os jovens, seriam na verdade vítimas da própria sociedade. É a velha teoria da justificativa social do crime. Uma maneira mais humana de entender as causas da criminalidade dentro da vida de alguns excluídos do sistema. Claro que hoje em dia essa visão está bem desacreditada, principalmente no momento atual que vivemos em nosso país. De qualquer maneira, olhando-se puramente pelo ponto de vista cinematográfico, temos aqui um bom filme, valorizado pelo uso inteligente de flashbacks e pela sempre bem-vinda presença de Humphrey Bogart que tem um longo monólogo no tribunal na cena final do filme.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de março de 2015
Juventude Transviada
O filme definitivo da carreira de James Dean. "Juventude Transviada" é a
quintessência do mito. De certa forma foi o filme que criou a cultura
jovem na década de 50. Os personagens são jovens desiludidos, perdidos,
que procuram por algum tipo de redenção. Toda a estória se passa em
menos de 24 horas. No filme acompanhamos o primeiro dia de aula de Jim
Stark (James Dean) em sua nova escola. Filho de pais que vivem se
mudando de cidade o jovem Jim não consegue por essa razão criar genuínos
laços de amizades com outros jovens de sua idade. Nesse primeiro dia em
Los Angeles ele busca por um recomeço, tudo o que deseja é se enturmar e
se possível não se envolver em problemas. Dois objetivos que ele logo
entenderá que são bem complicados de alcançar. Desafiado por um grupo de
valentões liderados por Buzz (Corey Allen) ele logo se vê envolvido
numa briga com punhais. Depois aceita o desafio de participar de um
racha altas horas da noite numa colina da cidade, o que trará
consequências trágicas para todos os envolvidos.
Juventude Transviada demonstra bem que alguns temas são realmente universais, não importando a época em que acontecem. O jovem novato na escola que sofre bullying e é hostilizado pelos valentões locais, o desejo de ser aceito, a dor da rejeição e a frustrada tentativa de se enquadrar são temas pertinentes ao roteiro que dizem respeito não apenas aos personagens do filme mas a todos nós, principalmente no período escolar onde tudo isso vem à tona de forma muito transparente, para não dizer cruel. James Dean está simplesmente arrasador na pele de Jim Stark. Usando de sua já conhecida expressão corporal o ator esbanja versatilidade em uma interpretação realmente inspirada. Não é de se admirar que tenha sido tão idolatrado por tantos anos. Natalie Wood é outro destaque. Interpretando uma jovem com problemas de relacionamento com seu pai ela mostra bem porque era considerada um dos maiores talentos jovens daquela época. Por fim fechando o trio principal temos o frágil Platão, o personagem mais conturbado do filme. Em sensível atuação de Sal Mineo ele transporta carência afetiva e emocional, procurando a todo custo criar algum tipo de amizade, seja com quem for.
Quando "Juventude Transviada" chegou aos cinemas o ator James Dean já tinha morrido em um trágico acidente, com apenas 24 anos. A comoção por sua morte aliada á sua interpretação majestosa nesse filme criaram um dos mais fortes mitos da história de Hollywood. O nome James Dean ficou associado eternamente à figura do jovem rebelde. Unindo sua história trágica, muito parecida com as dos antigos mitos românticos, à força do cinema, James Dean logo virou ídolo de milhões de jovens ao redor do mundo. Mito esse que sobrevive até os dias de hoje pois mesmo após tantas décadas de sua morte o ator ainda é uma das celebridades falecidas que mais faturam em termos de licenciamento de produtos e direitos de imagem. De certa forma o mito James Dean ultrapassou e muito a influência do ator James Dean, embora essa também seja significativa. Juventude Transviada é assim seu testamento definitivo, o filme que criou toda uma mitologia em torno de seu nome, que se recusa a morrer de forma definitiva. Revisto hoje em dia o filme só cresce em importância e qualidade. Definitivamente é uma das produções mais importantes da história do cinema.
Juventude Transviada demonstra bem que alguns temas são realmente universais, não importando a época em que acontecem. O jovem novato na escola que sofre bullying e é hostilizado pelos valentões locais, o desejo de ser aceito, a dor da rejeição e a frustrada tentativa de se enquadrar são temas pertinentes ao roteiro que dizem respeito não apenas aos personagens do filme mas a todos nós, principalmente no período escolar onde tudo isso vem à tona de forma muito transparente, para não dizer cruel. James Dean está simplesmente arrasador na pele de Jim Stark. Usando de sua já conhecida expressão corporal o ator esbanja versatilidade em uma interpretação realmente inspirada. Não é de se admirar que tenha sido tão idolatrado por tantos anos. Natalie Wood é outro destaque. Interpretando uma jovem com problemas de relacionamento com seu pai ela mostra bem porque era considerada um dos maiores talentos jovens daquela época. Por fim fechando o trio principal temos o frágil Platão, o personagem mais conturbado do filme. Em sensível atuação de Sal Mineo ele transporta carência afetiva e emocional, procurando a todo custo criar algum tipo de amizade, seja com quem for.
Quando "Juventude Transviada" chegou aos cinemas o ator James Dean já tinha morrido em um trágico acidente, com apenas 24 anos. A comoção por sua morte aliada á sua interpretação majestosa nesse filme criaram um dos mais fortes mitos da história de Hollywood. O nome James Dean ficou associado eternamente à figura do jovem rebelde. Unindo sua história trágica, muito parecida com as dos antigos mitos românticos, à força do cinema, James Dean logo virou ídolo de milhões de jovens ao redor do mundo. Mito esse que sobrevive até os dias de hoje pois mesmo após tantas décadas de sua morte o ator ainda é uma das celebridades falecidas que mais faturam em termos de licenciamento de produtos e direitos de imagem. De certa forma o mito James Dean ultrapassou e muito a influência do ator James Dean, embora essa também seja significativa. Juventude Transviada é assim seu testamento definitivo, o filme que criou toda uma mitologia em torno de seu nome, que se recusa a morrer de forma definitiva. Revisto hoje em dia o filme só cresce em importância e qualidade. Definitivamente é uma das produções mais importantes da história do cinema.
Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman, Nicholas Ray / Elenco: James Dean, Sal Mineo, Natalie Wood, Corey Allen, Dennis Hopper, Jim Bechus / Sinopse: Jim Stark (James Dean) é um jovem recém chegado em Los Angeles que em seu primeiro dia de aula na nova escola tem que enfrentar um grupo de valentões liderados por Buzz (Corey Allen). Após uma briga de punhais no observatório da cidade ele aceita o desafio de participar de um racha mortal nas colinas da cidade.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 3 de maio de 2006
Johnny Guitar
François Truffaut definiu "Johnny Guitar" como "um filme onde os cowboys desmaiam e morrem como uma bailarina". Recebido friamente em seu lançamento o filme foi ao longo das décadas ganhando cada vez mais status, principalmente pela visão revisionista de críticos e grande teóricos da sétima arte como Truffaut. O enredo é de certa forma banal, mostrando a luta de duas mulheres pelo mesmo homem, ao mesmo tempo em que chega na cidadezinha um forasteiro, conhecido apenas como Johnny Guitar (Sterling Hayden). Mas o que transformou Johnny Guitar em um cult movie? Para muitos seria a presença de um elenco maravilhoso, a começar pela diva e estrela Joan Crawford. Atriz de presença forte e marcante, ela certamente roubou muito da atenção do filme para si, mostrando porque se tornou uma das grandes stars da era de ouro em Hollywood.
Para outros "Johnny Guitar" se tornou marcante por causa da direção brilhante e diferenciada do "maestro da sétima arte" Nicholas Ray. Nesse sentido ele imprime uma situação curiosa no filme, pois abraça certamente todos os clichês do gênero ao mesmo tempo os eleva a um patamar de pura arte, como bem definiu François Truffaut, mostrando que de uma forma ou outra, o filme é na verdade um louvor ao western como linguagem cinematográfica. De fato o filme apresenta vários inovações tecnológicas, entre elas o uso do chamado Trucolor, um sistema de cores do estúdio Republic, que hoje em dia já não existe mais. Assim se você estiver em busca de um western realmente histórico, cultuado por críticos de sua época, fica a dica de "Johnny Guitar", uma produção que se propõe a ser diferente, embora no fundo consagre todos os grandes dogmas do estilo western.
Johnny Guitar (Johnny Guitar, Estados Unidos,1954) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan, Roy Chanslor / Elenco: Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge / Sinopse: Uma dona de saloon no velho oeste é acusada injustamente de roubo e assassinato ao mesmo tempo em que tenta lidar com seus sentimentos e vida amorosa. Filme indicado pelo Cahiers du Cinéma na categoria de melhor filme do ano de 1954.
Pablo Aluísio.
Para outros "Johnny Guitar" se tornou marcante por causa da direção brilhante e diferenciada do "maestro da sétima arte" Nicholas Ray. Nesse sentido ele imprime uma situação curiosa no filme, pois abraça certamente todos os clichês do gênero ao mesmo tempo os eleva a um patamar de pura arte, como bem definiu François Truffaut, mostrando que de uma forma ou outra, o filme é na verdade um louvor ao western como linguagem cinematográfica. De fato o filme apresenta vários inovações tecnológicas, entre elas o uso do chamado Trucolor, um sistema de cores do estúdio Republic, que hoje em dia já não existe mais. Assim se você estiver em busca de um western realmente histórico, cultuado por críticos de sua época, fica a dica de "Johnny Guitar", uma produção que se propõe a ser diferente, embora no fundo consagre todos os grandes dogmas do estilo western.
Johnny Guitar (Johnny Guitar, Estados Unidos,1954) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan, Roy Chanslor / Elenco: Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge / Sinopse: Uma dona de saloon no velho oeste é acusada injustamente de roubo e assassinato ao mesmo tempo em que tenta lidar com seus sentimentos e vida amorosa. Filme indicado pelo Cahiers du Cinéma na categoria de melhor filme do ano de 1954.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006
Quem Foi Jesse James
Título no Brasil: Quem Foi Jesse James
Título Original: The True Story of Jesse James
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Walter Newman, Nunnally Johnson
Elenco: Robert Wagner, Jeffrey Hunter, Hope Lange, John Carradine
Sinopse:
O filme narra os últimos anos do infame pistoleiro do velho oeste Jesse James (Wagner). Após realizar uma série de roubos a bancos e ferrovias, alguns realizados com extrema ousadia, James começa a ser caçado por homens da lei e caçadores de recompensas. Suas façanhas o coloca na lista dos mais procurados do oeste selvagem. Agora ele terá que sobreviver ao mesmo tempo em que tenta realizar o maior assalto de sua vida criminosa.
Comentários:
O famoso pistoleiro, assassino, ladrão de bancos e trens Jesse James (1847 - 1882) sempre teve sua vida explorada pelo cinema americano. Provavelmente apenas Billy The Kid tenha sido mais retratado nas telas do que Jesse James. Nesse filme dos anos 1950 temos mais um retrato do bandoleiro. Antes de mais nada é importante salientar que o filme não é historicamente preciso (poucos são dessa época) mas o interesse do cinéfilo estará garantido por causa de sua ficha técnica. "The True Story of Jesse James" foi dirigido pelo mestre Nicholas Ray, o mesmo cineasta que assinou obras como "Juventude Transviada" (com o mito James Dean), "O Rei dos Reis" (uma ótima cinebiografia sobre Jesus Cristo) e o clássico noir "No Silêncio da Noite" com Humphrey Bogart. Como se isso não bastasse ainda temos o roteiro escrito pelo genial Nunnally Johnson, considerado um dos maiores escritores de Hollywood durante sua fase de ouro. Talvez o único ponto fraco de "Quem Foi Jesse James" tenha sido a escalação do ator Robert Wagner no papel de Jesse James. Ele não tem a crueza e a rudeza que o papel exige. Em certos momentos ele soa delicado demais para um personagem histórico tão durão. Quem acaba se saindo melhor é Jeffrey Hunter no papel de Frank James, seu irmão. De uma forma ou outra não há como negar que seja um dos westerns mais interessantes do período.
Pablo Aluísio.
Título Original: The True Story of Jesse James
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Walter Newman, Nunnally Johnson
Elenco: Robert Wagner, Jeffrey Hunter, Hope Lange, John Carradine
Sinopse:
O filme narra os últimos anos do infame pistoleiro do velho oeste Jesse James (Wagner). Após realizar uma série de roubos a bancos e ferrovias, alguns realizados com extrema ousadia, James começa a ser caçado por homens da lei e caçadores de recompensas. Suas façanhas o coloca na lista dos mais procurados do oeste selvagem. Agora ele terá que sobreviver ao mesmo tempo em que tenta realizar o maior assalto de sua vida criminosa.
Comentários:
O famoso pistoleiro, assassino, ladrão de bancos e trens Jesse James (1847 - 1882) sempre teve sua vida explorada pelo cinema americano. Provavelmente apenas Billy The Kid tenha sido mais retratado nas telas do que Jesse James. Nesse filme dos anos 1950 temos mais um retrato do bandoleiro. Antes de mais nada é importante salientar que o filme não é historicamente preciso (poucos são dessa época) mas o interesse do cinéfilo estará garantido por causa de sua ficha técnica. "The True Story of Jesse James" foi dirigido pelo mestre Nicholas Ray, o mesmo cineasta que assinou obras como "Juventude Transviada" (com o mito James Dean), "O Rei dos Reis" (uma ótima cinebiografia sobre Jesus Cristo) e o clássico noir "No Silêncio da Noite" com Humphrey Bogart. Como se isso não bastasse ainda temos o roteiro escrito pelo genial Nunnally Johnson, considerado um dos maiores escritores de Hollywood durante sua fase de ouro. Talvez o único ponto fraco de "Quem Foi Jesse James" tenha sido a escalação do ator Robert Wagner no papel de Jesse James. Ele não tem a crueza e a rudeza que o papel exige. Em certos momentos ele soa delicado demais para um personagem histórico tão durão. Quem acaba se saindo melhor é Jeffrey Hunter no papel de Frank James, seu irmão. De uma forma ou outra não há como negar que seja um dos westerns mais interessantes do período.
Pablo Aluísio.
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