segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Discografia Brasileira 1969

A partir de 1965 as trilhas sonoras de Elvis vendiam tão pouco no Brasil que a filial nacional da RCA simplesmente parou de lançar discos de Elvis no Brasil. Sua última trilhas sonora a chegar nas lojas brasileiras foi "No Paraíso do Havaí" em 1966. Vendeu poucas cópias. Depois disso nada mais foi editado em nosso país em relação a Elvis no quesito álbuns. Para o fã sobrava a única oportunidade de comprar um ou outro compacto que fosse lançado em nosso mercado. Isso demonstrava como Elvis estava por baixo nessa época.

Só três anos depois, justamente em 1969, é que a RCA Brasil finalmente se animou a colocar novamente um álbum (LP) de Elvis nas lojas. Foi justamente "From Elvis in Memphis", um disco que se saiu bem em vendas e foi muito elogiado pela crítica nos Estados Unidos. De repente não havia mais como ignorar. Elvis estava novamente em um bom momento na carreira e os responsáveis por seus lançamentos no Brasil soltaram o disco para venda ao público brasileiro. Era uma edição mais simples do que o bonito disco original americano, mas foram preservados pelo menos a excelente direção de arte do álbum Made in USA.

Muitos pensaram que seguindo a boa maré o álbum seguinte de Elvis, esse duplo, chamado "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis" também seria lançado, mas como se tratava de um disco mais caro (por ser dois LPs) a RCA resolveu esperar um pouco e o tão aguardado álbum duplo só foi lançado nos anos 70. Era até comum os lançamentos atrasarem até um ano ou dois para serem lançados no Brasil, fruto do atraso industrial nacional daqueles tempos.

Já em termos de compactos (os chamados singles) o público brasileiro não teve muito do que reclamar. Em 1969 quatro compactos simples foram lançados em nosso país, seguindo rigorosamente a discografia americana. Foram os seguintes os compactos nacionais: "If I Can Dream / Edge Of Reality", "In The Guetto / Any Day Now", "Suspicious Minds / You´ll Think Me" e "Don´t Cry Daddy / Rubberneckin", Apenas dois singles americanos não foram lançados por aqui, "Memories" e "Clean Up Your Own Back Yard", muito provavelmente porque os executivos da filial brasileira não viram realmente potencial comercial neles. O outro single americano com as canções gospel "His Hand In Mine / How Great Thou Art" nem foi considerado pois eram apenas reprises.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Clean Up Your Own Backyard / The Fair Is Moving On

Embalado por uma sucessão de bons singles, Elvis conseguiu um inesperado sucesso com o lançamento de mais um compacto, "Clean Up Your Own Backyard / The Fair Is Moving On" em junho de 1969. O fato é que os fãs pareciam ter renovado o interesse no trabalho de Elvis após ele retornar aos palcos no programa da NBC no final de 1968. Desde que aquele especial foi exibido, Elvis foi colecionando sucessivos sucessos de singles. Esse aqui nem tinha tanto potencial assim para se sobressair nas paradas, mas como havia uma onda de boas músicas gravadas recentemente por Elvis (em destaque aquelas vindas de suas sessões no American Studios em Memphis) o disquinho acabou sendo beneficiado. Como se diz no ditado popular ele foi na onda do sucesso de outros lançamentos mais recentes da carreira de Elvis. A faixa título "Clean Up Your Own Backyard" fazia parte da trilha sonora do filme "The Trouble With Girls" (Lindas encrencas, as Garotas). Com boa sonoridade e uma letra que mandava cada um cuidar de sua própria vida, era uma boa faixa que até mereceu o relativo sucesso que fez nas rádios do sul do país. Os autores Mac Davis e Billy Strange também representavam a força de uma nova geração de compositores na discografia de Presley. Temas mais interessantes, falando de aspectos atuais, modernos e mais de acordo com a realidade em que a nação americana atravessava naquele momento histórico. Uma renovação mais do que bem-vinda.

A canção do Lado B, "The Fair Is Moving On", havia sido gravada em fevereiro nas premiadas sessões do American Studios em Memphis. Foi uma faixa finalizada já no final das gravações, quando Elvis já estava um pouco cansado da maratona de trabalho. Por isso a RCA Victor não viu muito potencial nela, nem para entrar nos discos oficiais compostos pelas músicas do American. Usá-la como Lado B desse compacto parecia assim uma boa ideia. Iria chamar a atenção dos colecionadores, fazendo com que eles acabassem comprando o single. Somando-se tudo, a boa canção do filme "The Trouble With Girls" com uma gravação inédita do American e a boa fase artística pela qual Elvis passava, o resultado não poderia ser ruim - como realmente não foi. A única crítica partiu justamente do Coronel Parker. Ele se irritou com a capa pois queria que fosse usado material promocional do filme, justamente para promovê-lo (já que estaria entrando em cartaz justamente no mês de lançamento do single). A RCA acabou reconhecendo seu erro, enviando um pedido de desculpas ao empresário de Elvis. No final tudo saiu bem e Elvis ganhou mais um disco de ouro para sua coleção.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - A Little Less Conversation / Almost In Love

Como a RCA Victor já não tinha a menor disposição de lançar novas trilhas sonoras de filmes de Elvis em formato de álbuns depois do fracasso de vendas de "Speedway" suas novas músicas vindas de Hollywood começaram a ser lançadas em singles simples, sem muitos gastos ou divulgação. Um executivo da gravadora chegou ao ponto de chamar esse tipo de compacto de "kamikaze", ou seja, lançado de qualquer jeito, o que viesse era lucro. Assim a RCA colocou no mercado o single "A Little Less Conversation / Almost In Love". Foi um single que vendeu pouco, ganhou modestas críticas nas principais revistas de música nos Estados Unidos e de maneira em geral não chamou muito a atenção. Por essa época todos já estavam cansados dos filmes de Elvis e até mesmo seus fãs mais fiéis já tinham desistido de defender produtos como esse. Todos queriam que Elvis voltasse a ser um cantor e não um ator frustrado que colecionava filmes ruins, um atrás do outro. Além disso "Live a Little, Love a Little", seu novo filme, não era muito melhor do que os abacaxis anteriores que tinham sido lançados. Quando as filmagens terminaram o próprio Elvis criticou o filme afirmando que interpretava um papel idiota de um fotógrafo que tinha um enorme cachorro, enquanto namorava e andava de buggy na praia. Não era Shakespeare e nem tinha muito valor artístico. O cenário era realmente desanimador.

A história porém muitas vezes tem seus caprichos. O que foi ignorado no passado geralmente pode ter uma segunda chance no futuro. Foi o que aconteceu. A música passou em brancas nuvens na época de seu lançamento original, mas hoje em dia é uma das mais conhecidas do repertório de Elvis. Como isso foi possível? A metamorfose de um fracasso do passado em um sucesso do futuro se deu porque a canção foi relançada como remix de sucesso há alguns anos. O DJ Junkie XL pegou a gravação original de Elvis, a refez em estúdio usando a moderna tecnologia, acrescentou uma batida atual e a canção se tornou um sucesso mundial. Um single que havia vendido poucas cópias em 1968 acabou vendendo milhões de singles em 2002 (no total o single remix vendeu nove milhões de cópias!!!). E foi além.... a música ocupou o primeiro lugar em todas as importantes paradas de sucesso ao redor do mundo, de Londres a Nova Iorque. Um mega hit. Coisas assim nos fazem pensar sobre a real qualidade até mesmo do material que Elvis vinha gravando para todos aqueles filmes. Era ruins mesmo, de fato, ou simplesmente eram mal lançados e trabalhados por sua gravadora? Uma questão que ganha cada vez mais pertinência com o passar dos anos. O lado B do single, "Almost In Love", também merece alguns comentários, principalmente para os brasileiros. A música, uma simpática bossa nova, foi escrita por um brasileiro, Luís Bonfá, sendo a primeira e única canção composta por um brasileiro gravada por Elvis Presley. Quem poderia dizer que um single tão mal lançado, verdadeiro fracasso de vendas em seu lançamento original, poderia trazer tantas coisas interessantes?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Suspicious Minds / You'll Think Of Me

Nenhum single lançado por Elvis na década de 1960 foi mais importante do que esse. "Suspicious Minds / You'll Think Of Me" chegou nas lojas americanas em agosto de 1969 e pela primeira vez em sete anos Elvis retornava ao primeiro lugar da parada de singles da Billboard. Já imaginou o tamanho da crise que Elvis vinha enfrentando em sua carreira? Ele não chegava no Top 1 desde "Good Luck Charm" em 1962! Era algo espantoso! O que levou um dos maiores vendedores de discos da história a passar por tantos anos de vacas magras? A resposta é que as trilhas sonoras de Hollywood gravadas por Elvis não tinham força suficiente para competir no mercado com grupos de extremo apelo popular como os Beatles ou os Rolling Stones. Em razão disso Elvis foi ficando para escanteio durante a maior parte dos anos 60, sendo superado sistematicamente por artistas mais jovens e mais antenados com a juventude Flower Power que existia naqueles tempos. Apenas quando Elvis finalmente resolveu deixar os filmes de lado e retomar sua carreira musical é que ele começou a ser notado novamente por toda uma nova geração de fãs. Além disso o single anterior, "In The Guetto", havia criado uma boa receptividade entre radialistas mais jovens que mal conheciam a música de Elvis. Aquela temática sobre problemas raciais trouxe de novo uma boa vontade por parte desses profissionais em relações ao cantor. Até então ele era visto apenas como um velho ídolo, que ficava cantando músicas ruins em filmes igualmente ruins de Hollywood.

A qualidade do single também ajudou muito. Em determinado momento a RCA Victor passou a entender que lançar singles com músicas de filmes não estava mais dando certo. Os singles geralmente fracassavam. Com a gravação de farto material no American Studios de Memphis a gravadora finalmente começou a contar novamente com material relevante, com qualidade suficiente para disputar a primeira posição nas paradas. "Suspicious Minds" assim veio para finalmente consolidar esses novos rumos que Elvis começava a trilhar em sua carreira. O compacto vendeu milhões de cópias e se tornou um sucesso internacional, alcançando maravilhosas vendagens na Europa inclusive. Pela primeira vez em anos o ouvinte podia ligar o rádio e ouvir uma canção de Elvis Presley fazendo sucesso novamente. A música também serviu para apresentar uma nova geração de compositores dentro da carreira do cantor, como Mark James. Ele inclusive seria responsável por outros momentos marcantes na vida de Elvis nos anos seguintes como "Always On My Mind" "Raised On Rock" e "Moody Blue". Novas sonoridades, novas letras, enfim, renovação musical - era tudo o que andava faltando para Presley em suas estagnadas trilhas de Hollywood. James explicaria anos depois que havia criado "Suspicious Minds" inspirado em uma namorada californiana com quem tinha se relacionado meses antes. Embora ela posasse de garota moderna, meio hippie, adepta do amor livre, tinha um ciúme doentio do namorado. Um ciúme que ela definitivamente não conseguia controlar. Nada mais adequado para Elvis finalmente levantar sua cambaleante discografia novamente, a tornando comercialmente bem sucedida, algo que ele andava precisando muito naquele final de década.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Discografia Básica 1969

Bom, além dos discos oficiais lançados por Elvis Presley em vida durante o ano de 1969 um bom caminho para o fã do cantor trilhar como objetivo de conhecer esse ano em específico em sua carreira é procurar adquirir vários CDs modernos, lançados nos últimos anos. Como se sabe Elvis produziu muito em vida, não apenas em relação às sessões de gravações em estúdio como também nos palcos pois foi justamente em 69 que ele retornou aos shows ao vivo. Então aqui vai algumas dicas.

"Memphis Sessions" foi o primeiro CD do selo FTD a explorar esse ano de forma não oficial. O lançamento é recheado de takes alternativos das sessões de Elvis no American Studios, sendo que muitos deles já tinham sido lançados antes em bootlegs como "American Crown Jewels" e "Finding The Way Home". Mesmo assim, muito em razão do capricho e da direção de arte, além das próprias gravações que foram usadas no CD (com sensível melhoria técnica) é um daqueles CDs que você deve ter em sua coleção. Já Elvis At International foca sua atenção no Elvis de palco. O CD traz o show na íntegra que Elvis realizou no dia 23 de agosto de 1969 em Las Vegas. Nessa temporada simplesmente não existem concertos ruins ou fracos. Elvis estava extremamente empenhado em dar o melhor de si para um público que não o via se apresentar ao vivo desde 1961.

Depois desses dois lançamentos o produtor Ernst Jorgensen passou muito tempo para voltar a explorar o ano de 1969. Ele só voltaria a essa época com "Made in Memphis", onde reuniu várias faixas gravadas por Elvis em estúdio em Memphis. Meio desorganizado do ponto de vista histórico ainda é uma bela pedida para conhecer o lado mais artístico de Elvis pois ele parecia ficar inspirado quando trabalhava em sua cidade do coração. Talvez o melhor CD do selo FTD em relação a 1969 seja mesmo "Elvis in Person", CD duplo com farto material desse ano. Claro que a espinha dorsal foi montada em torno do próprio álbum original. Somando-se às gravações Live que conhecemos o produtor ainda resolveu acrescentar algumas faixas do American no CD 1 e no CD2 trouxe um concerto do dia 22 de agosto (dinner show). Um excelente retrato do que Elvis vinha apresentando para seu público de Vegas naquele período.

Depois desse lançamento que se propunha a ser definitivo o selo FTD entrou novamente em um hiato no que se refere a 69 só voltando a lançar coisa nova no CD Live in Vegas. Temos aqui o Dinner show do dia 26 de agosto. Perceba que você vai aos poucos se inteirando completamente dessa temporada apenas ao adquirir do títulos da FTD. Esse concerto em especial não está entre os meus preferidos. Penso que a gravação não ficou tecnicamente perfeita. Mesmo assim é certamente mais um item a se ter na coleção. Depois dele outra excelente pedida é o FTD Back in Memphis, que traz a edição de um dos meus álbuns preferidos de Elvis. No cardápio algumas das mais intimistas e elegantes faixas gravadas por Elvis Presley no American Studios. Coisa fina. É um CD duplo com muito material inédito. Para fãs de Elvis é um prato refinado.

O mesmo aconteceu com a edição dupla especial de From Elvis in Memphis. Nessa altura do campeonato você já deve ter percebido que não adianta mais comprar os álbuns originais de Elvis tal como foram lançados. O certo é mesmo ir nas edições especiais do selo FTD que trazem não apenas o conteúdo dos discos oficiais como também um vasto material de preciosidades inéditas. Depois de dois lançamentos explorando faixas de estúdios e álbuns clássicos chegou ao mercado Hot August Night. Aqui temos o concerto até então inédito de 25 de agosto de 1969. Show da meia noite quando o jantar era trocado por consumação apenas de drinks e cocktails. Nesses concertos realizados à meia noite Elvis aparecia mais relaxado, brincalhão e interativo com a plateia, embora também muitas vezes mais cansado do que no primeiro show (lembrando que Elvis se apresentava duas vezes por noite em Las Vegas nessa fase de sua carreira). Esse show aqui porém vale obviamente muito a pena. Seguindo em frente temos outro CD de estúdio logo após. Como o material deixado por Elvis no American Studios de Memphis não parece ter fim temos mais um título de takes alternativos daquelas sessões: From Elvis At American Sound Studio. Apesar das gravações serem impecáveis não gostei muito nem da seleção e nem da direção de arte. Mesmo assim é item de colecionador, como sempre.

Pensou que acabou? Ainda não. The Return To Vegas é outro lançamento FTD a explorar um concerto ao vivo de Elvis em Las Vegas no ano de 1969. Aqui temos um dinner show (show do jantar) com um Elvis ainda elétrico. O destaque vai para um medley dos Beatles onde Elvis canta "Yesterday" e "Hey Jude", duas de suas preferidas no repertório do quarteto inglês. Uma bela versão de "Memories" também engrandece o repertório do CD. Por fim o lançamento mais recente do selo FTD no que diz respeito a 1969 é uma edição especial com a trilha sonora do filme "Live a Little, Love a Little". Considero um CD meio preguiçoso, mas que também traz coisas bem interessantes como muitos takes alternativos de "A Little Less Conversation". No total são apenas cinco canções e seus inúmeros takes e alternate versions. Depois de muita pesquisa Ernst finalmente encontrou as fitas de gravação dessa sessão em Nova Iorque, nos arquivos da RCA Victor. Isso depois de serem dadas como perdidas por anos. Uma belo presente para os fãs de Elvis. Espero que ele também ache as sessões de outros filmes dessa mesma época. Os admiradores da obra musical de Elvis certamente agradecerão.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Follow That Dream

Começa a maratona de filmes na carreira de Elvis. Em pouco tempo ele estaria deixando de lado completamente a gravação de discos convencionais de estúdio, independentes de Hollywood, para se concentrar única e exclusivamente em trilhas sonoras de suas produções para o cinema. Assim em julho de 1961 Elvis entrava no RCA Studio B em Nashville, Tennessee, para a gravação de mais músicas para seu filme que seria rodado na Flórida com o título de "Follow That Dream" (Em Cada Sonho um Amor, no Brasil). A produção musical seria de Hans Salter, uma vez que Elvis estaria trabalhando para um novo estúdio, a United Artists.

O interessante é que Elvis conseguiu terminar a gravação das músicas de maneira muito rápida, mostrando mais uma vez como era eficiente em suas sessões de gravação. O sistema continuava o mesmo. Elvis ouvia a música algumas vezes em uma versão pré-gravada em fitas de demonstração (fitas demo). Após memorizar a faixa os equipamentos eram ligados e Elvis corria atrás do take master. Ele não tinha mudado em nada seu método de trabalho mesmo após todos aqueles anos.

A RCA Victor aproveitou apenas parte das músicas gravadas. A gravadora decidiu que não iria lançar um álbum completo, um LP, como havia acontecido com trilhas anteriores como "GI Blues" (Saudade de um Pracinha) ou "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano). Ao contrário disso os executivos da gravadora de Nova Iorque decidiram que o lançamento de um EP (compacto duplo) já estava de bom tamanho. O preço de um EP geralmente era o dobro de um Single (compacto simples, com apenas 2 canções). Então o formato ideal escolhido foi justamente esse.

Quatro músicas foram escolhidas para fazer parte do EP. Elas foram selecionadas e colocadas na seguinte ordem: no lado A a RCA colocou as faixas "Follow That Dream" (Fred Wise / Ben Weisman) e "Angel" (Roy C. Bennett / Sid Tepper). No lado B o EP apresentava as canções "What a Wonderful Life" (Sid Wayne / Jerry Livingston) e "I'm Not the Marrying Kind" (Sherman Edwards / Mack David). A música "A Whistling Tune" ficou de fora, sendo arquivada. A boa "Sound Advice" também teve o mesmo destino e só seria lançada anos depois no álbum "Elvis For Everyone".

"Follow That Dream" foi a música tema do filme. Uma canção de certa forma até agradável de se ouvir em sua divertida melodia, mas pouco relevante se formos comparar com temas de filmes de Elvis do passado. Nem vou aqui colocar músicas como "Jailhouse Rock", "King Creole" ou "Love Me Tender" porque seria covardia. Mesmo em comparação com "GI Blues" ou "Blue Hawaii", dois temas dos anos 60, ela se mostrava bem fraquinha. Na verdade mostrava bem que as trilhas sonoras de Elvis iriam por um lado bem mais inofensivo, seguindo uma linha pop romântica sem maiores pretensões. No geral ainda vale pela boa performance do grupo The Jordanaires, aqui mostrando sua importância dentro da musicalidade de Elvis nessa fase.

A boa notícia para Elvis e banda na gravação dessa canção foi que sua finalização foi relativamente simples e sem problemas. Após apenas seis takes eles chegaram na versão definitiva, no take ideal. De maneira em geral essa faixa tema seria uma prévia do que seria o conjunto de músicas desse filme. Nada muito marcante, nada muito relevante. Apenas boas músicas inseridas ali dentro de um pop romântico jovem. Desde o começo dos anos 60 esse tipo de som dominava as paradas musicais da época. Elvis apenas foi na onda.

"Angel" segue nesse mesmo caminho. De certa forma essa música era uma faixa igualmente muito pueril e açucarada além do ponto, até mesmo para os padrões da primeira metade dos anos 60, recriando de forma bastante clara os arranjos de discos de cantores adolescentes ao estilo Frankie Avalon ou até mesmo Sandra Dee. E pensar que em seu livro Priscilla havia sugerido a Elvis usar o corte de cabelo de Ricky Nelson, outro ídolo teen dessa safra. A coisa pegou mal e Elvis viu a sugestão quase como uma ofensa, já que ele considerava todos esses artistas como meros imitadores de seu próprio estilo pessoal.

De uma maneira ou outra até que "Angel" apresentava uma vocalização bonita, fruto de sua melodia romântica juvenil. Entretanto devo dizer também que sempre tive a impressão de que algo deu errado dentro do estúdio, no momento de registrar a música em tape. O fato é que esse possível erro acabou deixando a master com um som abafado demais. Certa vez li uma observação que achei coerente. Dizia que parecia que Elvis estava cantando dentro de um poço muito fundo! Mesmo assim a RCA resolveu aproveitar e ela entrou no EP (compacto duplo) com o resto da trilha sonora do filme.  

"What a Wonderful Life" e "I'm Not the Marrying Kind" seguiam o mesmo padrão das demais canções da trilha, ou seja, um pop alegre, com arranjos bem executados e letras inofensivas. "I'm Not the Marrying Kind" foi escrita porque fazia poucos meses que Elvis havia sido eleito o "Solteiro mais cobiçado da América" pela revista People. Jovem, rico e bem sucedido ele realmente passava a imagem de um sujeito que queria distância de casamentos. Eu acho a música até interessante, mas a letra a força a ir por um caminho na melodia que em algumas partes soa até esquisito. O excesso da palavra "What" na letra também nunca me pareceu uma boa opção. De qualquer forma o recado foi dado, ele não era o tipo de cara para se casar.

Elvis Presley tinha uma intuição musical maravilhosa e sabia bem o que tinha ou não qualidade, o que poderia virar um sucesso ou não. Infelizmente no que diz respeito às suas trilhas sonoras o pacote vinha realmente fechado, sem possibilidade de Elvis escolher as canções que gravaria. Assim estava determinado em seu contrato e assim ele tinha que dar o melhor de si, mesmo quando as canções eram tolinhas e as letras beirando a infantilidade.

"What a Wonderful Life" poderia também soar como algo meio estranho. Afinal o personagem de Elvis era membro de uma família caipira errante, que adotando um estilo de vida nômade procurava um lugar para viver. Eram pobres, frutos da grande depressão, viajando em um velho calhambeque caindo aos pedaços. Seria essa a tal vida maravilhosa citada na letra? Calma, que nem tudo na vida é dinheiro. A mensagem era que mesmo as pessoas mais pobres poderiam ser também as mais felizes. Afinal o espírito humano é bem mais complexo do que meras notas de papel representando valores.

Para finalizar Elvis gravou a simpática, mas igualmente simplória "Sound Advice". Seira uma música em forma de conselho ou um conselho em forma de música? Pois é, nada poderia ser mais fora do ritmo do que uma baladinha basicamente tocada ao violão que tentava passar um conselho ao ouvinte. A RCA não pareceu também gostar da canção e a cortou do EP, do compacto duplo original com a trilha sonora do filme. Assim ela seria arquivada pela gravadora por alguns anos, só chegando ao mercado no álbum "colcha de retalhos" intitulado "Elvis For Everyone". Mesmo nesse álbum, que celebrava a parceria entre Elvis e a RCA Victor, ela ainda passaria praticamente despercebida do grande público.

Para finalizar essa análise das músicas que fizeram parte da trilha sonora do filme "Em Cada Sonho um Amor" vou tecer alguns breves comentários sobre o que ficou de fora. Hoje em dia existem colecionadores que querem tudo o que Elvis gravou. E quando escrevo a palavra "tudo" não é em vão. É tudo mesmo. Até mesmo as músicas rejeitadas, tanto pela gravadora como pelo próprio Elvis, como qualquer outra curiosidade que faça parte de sua longa e variada discografia. Afinal o que não faltam são takes, faixas arquivadas, demos e tudo o mais. O colecionador mais empenhado faz a festa com esse tipo de coisa.

A música "A Whistling Tune" ficou arquivada por décadas! Após ser gravada o produtor da RCA  Victor a deixou de fora dos discos de Elvis. Qual foi a razão? Eu sinceramente não vejo nada de errada nessa faixa. Penso até que poderia ter entrado no EP (compacto duplo) numa boa, sem problemas, mas ela foi considerada tão inexpressiva pela gravadora que o engenheiro de som Bill Porter nem se deu ao trabalho de escrever seu nome no relatório de gravação da sessão. Ficaria perdida, pegando poeira por anos.

Obviamente a sessão foi realizada para a gravação de canções que seriam cantadas por Elvis no filme e a RCA mesmo emprestando seus estúdios tinha pouco (ou quase nenhum) controle sobre a qualidade do material. Afinal a United Artists é que comandou e determinou a seleção das músicas. Assim a gravadora ficou em um impasse pois achou todo o material muito fraco e sem potencial de brigar pelos primeiros lugares da parada Billboard.

A RCA resolveu então incluir as músicas no lançamento de um EP exclusivo do filme. As vendas foram desanimadoras e alguns críticos apontaram como culpa a própria RCA Victor que não se empenhou em nada para divulgar o lançamento. Será que a culpa foi mesmo da gravadora ou do material que não tinha muita relevância? Lançado em abril de 1962 a trilha de "Follow That Dream" só conseguiu mesmo chegar no máximo na décima quinta posição entre os mais vendidos e mesmo assim por apenas uma semana. Um material de canções inéditas de Elvis Presley não chegando nem ao Top 10 era de fato algo a se chamar a atenção. As coisas infelizmente só iriam piorar dali em diante.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Good Luck Charm

A RCA Victor começou o ano de 1962 lançando no mercado americano esse novo single de Elvis Presley com as canções "Good Luck Charm" no lado A e "Anything That's Part of You" no lado B. Eram gravações realmente muito boas, com a voz de Elvis em grande momento. Seu sucesso de vendas foi imediato chegando logo ao topo da principal parada de sucessos dos Estados Unidos, a Billboard Hot 100. Historicamente porém esse single teria grande simbolismo dentro da carreira de Elvis Presley. Sob o ponto de vista comercial seria o último compacto simples até 1969 a chegar ao número 1 das paradas!

Incrível, mas é isso mesmo que você leu. Elvis Presley, o aclamado Rei do Rock, um dos maiores vendedores de discos da história ficaria por longos sete anos fora do primeiro lugar entre os mais vendidos da América na parada de compactos. Logo ele que estava acostumado a ter singles consecutivos nessa posição, sempre reafirmando seu posto de Rei da música. Olhando para trás realmente foi um desastre comercial. As razões são relativamente simples de explicar. Elvis literalmente jogou sua carreira musical para segundo plano. Claro que ele continuaria a cantar em seus filmes, mas isso não era mais o principal objetivo para Elvis naquela época. Ele queria mesmo era ser ator de cinema, apenas isso. Presley acreditava que a carreira musical era muito passageira e que ele, assim como quase todos os outros, logo seria colocado de lado também.

Elvis encontrou a solução para seus anseios no cinema. Em certo momento ele explicou, afirmando: "cantores surgem e desaparecem todos os anos, mas se você for um bom ator pode ficar por aí por muito tempo!". Assim saiu de cena o Elvis músico, cantor e entrou em cena o Elvis Made in Hollywood.  Seus singles e álbuns futuros iriam cair cada vez mais nas paradas pelo simples fato de serem trilhas sonoras, não exatamente gravadas para virar hits!

As trilhas eram longas e muitas vezes temáticas. Assim ficava muito complicado para ele brigar pelos primeiros lugares da Billboard com grupos como Beatles, Beach Boys e Rolling Stones, que estavam surgindo no horizonte. Some-se a isso o fato de Elvis ter parado de realizar concertos e você entenderá porque ele foi tão mal em vendas durante a década de 1960. Uma grande pena, certamente. Basta ouvir as belas faixas desse single para entender bem isso. "Good Luck Charm" tinha ótimo arranjo, vocais inspirados e muito carisma. É uma música gostosa de ouvir, acima de tudo. E o que dizer de "Anything That's Part of You" de Don Robertson? Maravilhoso momento romântico, com a voz de Elvis muito suave e terna, realmente fantástica. É de se lamentar que Elvis tenha deixado tudo isso de lado a troco de praticamente nada. A música perdeu o seu Rei e o cinema não ganhou nada em troca. Simplesmente lamentável.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - 1962 - Discografia e Filmografia

Elvis Presley 1962 - Discografia e Filmografia
Esse foi um bom ano para a carreira de Elvis, embora ele já estivesse completamente absorvido por sua carreira no cinema, por Hollywood. Houve o lançamento de apenas um álbum convencional, "Pot Luck", o único trabalho dele apenas como cantor. Em comparação houve o lançamento de três trilhas sonoras, sendo que duas delas foram lançadas apenas em EP (compacto duplo). A RCA Victor não tinha material para um LP, um álbum completo. Além disso os executivos da gravadora tinham receios de não haver mercado para tantas trilhas sonoras de filmes, que sempre ocuparam um lugar à parte no meio fonográfico. No mercado de singles foram lançados apenas três compactos, bem pouco se comparado com os anos anteriores, onde Elvis chegava a lançar 5, 6 singles com músicas inéditas. E no cinema os fãs tiveram oportunidade de conferir três novos filmes de Elvis a chegar nas telas. Todos os lançamentos de Elvis nesse ano obtiveram bons resultados comerciais.  Segue abaixo tudo o que foi lançado de Elvis no mercado dos Estados Unidos em 1962.

Álbuns (LPs):

Pot Luck

KISS ME QUICK / JUST FOR OLD TIMES SAKE / GONNA GET BACK HOME SOMEHOW / (SUCH AN) EASY QUESTION / STEPPIN' OUT OF LINE / I'M YOURS / SOMETHING BLUE / SUSPICION / I FEEL THAT I'VE KNOWN YOU FOREVER / NIGHT RIDER / FOUNTAIN OF LOVE / THAT'S SOMEONE YOU NEVER FORGET

Singles extraídos deste disco:
Kiss Me Quick / Suspicion (1964)
Easy Question / It Feels So Right (1965)
I'm Yours / Long Lonely Highway (1965)
Long Legged Girl / That's Someone You Never Forget (1967)

Girls, Girls, Girls
GIRLS! GIRLS! GIRLS! / I DON'T WANNA BE TIED / WHERE DO YOU COME FROM / I DON'T WANT TO / WE'LL BE TOGETHER / A BOY LIKE ME, A GIRL LIKE YOU / EARTH BOY / RETURN TO SENDER / BECAUSE OF LOVE / THANKS TO THE ROLLING SEA / SONG OF THE SHRIMP / THE WALLS HAVE EARS / WE'RE COMING IN LOADED

Single extraído deste disco:
Return to Sender / Where do You Come From (1962)

Compacto Simples (Singles):

Good Luck Charm / Anithyng that's part of You
She's Not You / Just Tell Her Jim Said Hello
Return to Sender / Where do You Come From

Compacto Duplo (EP):
Follow That Dream
Kid Galahad

Filmografia:
Em Cada Sonho um Amor (Follow That Dream)
Talhado Para Campeão (Kid Galahad)
Garotas e Mais Garotas (Girls, Girls, Girls)

Pablo Aluísio.

Elvis Presley – Elvis By Request

O Coronel Parker costumava dizer que uma gravação de Elvis tinha que ser vendida pelo menos duas vezes. Hoje em dia, depois de tantas décadas, quantas vezes as gravações de Elvis foram vendidas? Mil vezes? Um milhão de vezes? Provavelmente muito mais. Elvis está sempre no mercado, com algum CD ou edição nova com suas antigas gravações. É um jogo de marketing que resistiu a tudo, até mesmo à morte do próprio Elvis, como era de se esperar. E isso já acontecia enquanto Elvis estava vivo, em plena atividade na carreira. Esse EP é bem simbólico disso. Embora celebrasse o filme "Flaming Star" na capa e com duas faixas, era na realidade um mix, trazendo também músicas já lançadas anteriormente. Aquela coisa de faturar duas vezes, vender duas vezes o mesmo produto.

Esse EP (compacto duplo) foi lançado em 1961. Trazia duas faixas inéditas da trilha sonora do filme "Estrela de Fogo" no Lado A e duas reprises do ano anterior (1960) no Lado B. Não eram duas reprises comuns, eram músicas que tinham vendido milhões de cópias de seus singles originais. Tanto "It's Now Or Never" como "Are You Lonesome To Night" tinham sido premiadas com discos de ouro e platina. Foram colocadas aqui de forma até desnecessária. Elas já tinham vendido tudo o que podiam. Olhando para trás teria sido melhor a RCA Victor ter completado o restante do EP com as demais músicas da trilha (havia material para isso), mas acabaram cedendo ao modo de pensar do velho Parker. Era a mentalidade da época.

Elvis Presley – Elvis By Request
Flaming Star
Summer Kisses, Winter Tears    
Are You Lonesome To Night
It's Now Or Never

Pablo Aluísio

domingo, 20 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - His Latest Flame / Little Sister

Enquanto Elvis estava na Flórida filmando seu novo filme, "Follow That Dream" (Em Cada Sonho Um Amor, no Brasil), a RCA Victor colocou na praça seu novo single com duas canções compostas pela mesma dupla, Pomus e Shuman. No lado A do single, "(Marie's The Name) His Latest Flame" e no lado B, a simpática "Little Sister". Priscilla Presley relatou em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota adolescente que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Quando esse single chegou nas lojas ela ainda estava morando na Alemanha com seus pais. Elvis estava rompendo seu namoro definitivamente com Anita Wood e pensava em um jeito de trazer Priscilla para morar com ele em Memphis. O problema é que ela ainda era menor de idade e Elvis tinha pavor de se envolver em um escândalo como o que havia destruído a carreira de Jerry Lee Lewis. A ironia é que enquanto Lewis afundava, Elvis fazia o mesmo que ele, mas sem chamar qualquer alarde para si e seu romance juvenil.

Como já foi dito o lado B do single vinha com a boa "Little Sister". Esse tipo de canção era até bem comum na época. Por trás de uma letra aparentemente bobinha havia toda uma carga de ironia e malícia com o sexo oposto. O que salvou realmente a música da banalidade foi seu ótimo arranjo e execução. Elvis parecia ter bastante simpatia pela canção, a ponto de a levar para os shows ao vivo que aconteceriam muitos anos depois em Las Vegas. O curioso é que geralmente ele a apresentava em um medley com "Get Back" dos Beatles. Até hoje não se sabe ao certo quem teve a ideia de unir as duas músicas no palco. Elvis gostava da música dos Beatles - chegou a declarar isso publicamente - mas ao mesmo tempo tinha um sentimento de amor e ódio com os ingleses. Basta apenas lembrar o que ele disse sobre o quarteto para o presidente Nixon na Casa Branca. De uma forma ou outra ele parece ter esquecido isso e levou várias canções do grupo para os palcos como por exemplo a imortal "Yesterday" e "Something" (já "Hey Jude" Elvis gravou em estúdio).  Em relação a "Little Sister" Elvis deu uma canja da canção nos ensaios do filme de 1970 "That's The Way It Is". É uma versão relaxada, para descontrair o clima o que rendeu cenas bem divertidas para a película. Nada levado à sério mas que serviu para animar o ambiente durante as gravações. "His Latest Flame / Little Sister" foi lançado em agosto de 1961, fez sucesso, tocou nas rádios mas não conseguiu chegar no topo da Billboard. Seu quarto lugar entre os mais vendidos foi considerado insuficiente pela RCA Victor que sempre apostava todas as fichas comerciais em Elvis. Era de certa forma um sinal do que estava por vir nos anos que viriam.

Pablo Aluísio.  

Elvis Presley - Can´t Help Falling in Love / Rock a Hula Baby

Single lançado pela RCA em novembro de 1961. Esse lançamento rompeu com uma certa independência que os singles de Elvis vinham mantendo em relação aos álbuns, pois foi meramente extraído da trilha sonora de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano, no Brasil). Já que o disco havia vendido milhões de cópias muitos executivos da RCA achavam desnecessário o lançamento desse single pois não havia novidades, apenas reprises do que já havia sido lançado na trilha. Venceu porém o argumento daqueles que queriam pegar carona no grande sucesso comercial de "Blue Hawaii". Até porque "Can't Help Falling in Love" estava muito badalada, tocando bastante nas rádios. Não poderia se ignorar aquele público consumidor que só queria adquirir a música, sem necessidade de comprar toda a trilha com aquele monte de canções havaianas. Afinal de contas ela era de fato a principal canção do filme. Bem executada, com bela melodia e letra interessante, foi um dos grandes hits da carreira de Elvis. Conseguiu até chegar ao topo da Billboard na categoria Easy Listening, recebendo disco de platina por ter vendido mais de um milhão de cópias.

Por essa época a grande novidade musical do momento era o Twist. Uma dança que se tornou muito popular nos Estados Unidos invadindo as paradas com o sucesso comercial da canção de Chubby Checker. Até o presidente JFK se dizia fã da nova moda! Nos salões de dança, nos bailes, todo mundo estava dançando o tal Twist. Como Elvis era o principal produto comercial da RCA a empresa logo providenciou um twist para Elvis também e ele foi justamente o lado B desse single, "Rock A Hula Baby". Agora imaginem a loucura de se misturar música havaiana com twist! Assim o trio de compositores Wise, Weisman e Fuller teve que se virar para criar algo tão fora do comum como isso. O resultado se mostra abaixo do esperado. Na verdade a canção que se propunha a ser havaiana e twist ao mesmo tempo conseguiu não ser nem uma coisa, nem outra. Desde a primeira vez que a ouvi achei seu ritmo bem estranho e fora de sincronia, algo que se confirma cada vez que a escuto. De qualquer forma o single foi salvo do esquecimento e da irrelevância justamente por causa da maravilhosa "Can't Help Falling in Love", essa sim uma canção inesquecível.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - I Feel So Bad / Wild in the Country

Para acalmar um pouco os ânimos dos críticos que afirmavam que depois que voltou do exército Elvis só gravava baladonas, a RCA Victor resolveu lançar no mercado um novo single de Elvis Presley. Detalhe importante: a canção principal não era uma balada romântica mas sim um blues conceituado. Era uma releitura acelerada de Elvis para "I Feel So Bad" canção originalmente gravada em 1953 por seu autor, Chuck Willis. Esse foi um nome importante do som de Atlanta. Cantor e compositor, Willis foi um artista de peso e importância no surgimento e popularização do R&B para o público branco na década anterior. Infelizmente morreu muito jovem, com apenas 30 anos, em 1958. Elvis sempre foi um admirador do estilo dançante e contagiante de Willis, tanto que quando entrou em estúdio para gravar seu novo single ele lembrou desse antigo hit sulista. Os arranjos foram os mais próximos possíveis ao do cantor original. Agindo assim Elvis mostrava um respeito intencional com a canção e seu autor. Anos depois, quando retornou aos palcos, Elvis novamente ressuscitaria um velho sucesso de Chuck, a famosa e muito conhecida "C.C. Rider" ou "See See Rider", que usaria geralmente no começo de suas apresentações.

Para o lado B a RCA encaixou a música tema do novo filme de Elvis que chegava nas salas de cinema naquele momento, "Wild In The Country", tema composto sob encomenda pelos estúdios Fox. Como Elvis vinha de uma sucessão de hits número 1, criou-se novamente uma grande ansiedade no mercado. Os números iniciais porém mostraram uma recepção bastante morna ao single. As rádios até se empenharam em divulgar a nova música de Elvis mas apesar de sua grande qualidade a canção não conseguiu virar um hit comercial. Com muito esforço da RCA a música só conseguiu alcançar um suado quinto lugar na semana de seu lançamento, caindo várias posições nas semanas seguintes. Na Inglaterra se saiu bem melhor, chegando entre as quatro mais vendidas mas mesmo por lá o resultado ficou abaixo do que era esperado, afinal todos aguardavam por mais um grande sucesso na voz do cantor mais popular do mundo. De qualquer maneira se não foi o sucesso de vendas tão esperado pelo menos ganhou boas resenhas nos principais jornais americanos. Aquele era o espírito que tinha transformado Elvis no fenômeno musical que todos conheciam. Era uma gravação com pique, energia, garra e sentimento, mostrando que a velha chama roqueira ainda brilhava na alma de Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Surrender / Lonely Man

O primeiro single de Elvis Presley em 1961 surgiu nas lojas com as músicas "Surrender" (uma versão do clássico italiano "Torna A Surriento") e "Lonely Man". Era simples de entender que na verdade "Surrender" era uma tentativa de reviver o sucesso de "It´s Now or Never" que havia vendido milhões de cópias ao redor do mundo no ano anterior. Essa era uma regra não escrita dentro da carreira de Elvis. Se algo deu certo, a mesma fórmula seria repetida em futuros lançamentos. Algumas vezes dava certo (como aqui), mas em outras levavam à saturação (como aconteceu com suas trilhas sonoras de filmes nos anos 60).

De qualquer forma o single vendeu bem e vendeu bastante. Não repetiu o sucesso comercial de "It´s Now or Never", mas foi sem dúvida um compacto simples de sucesso. Os imigrantes (e filhos de imigrantes) italianos nos Estados Unidos bateram palmas para a versão de Elvis. Todos gostaram e a música começou a tocar nas cantinas italianas por todo o país, ao lado dos discos de Dean Martin e Mario Lanza. No lado B a RCA Victor encaixou uma bela balada, "Lonely Man", uma canção romântica vinda de Hollywood que sempre achei bastante subestimada. Bonita, acima de tudo.

Elvis Presley - Surrender
(Estados Unidos, 1961, 7", 45 RPM, Single)
Lado A:  
Surrender (Doc Pomus, De Curtis, Mort Shuman)
Lado B:
Lonely Man (Bennie Benjamin, Sol Marcus)

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Wild In The Country

Assim como aconteceu com "Flaming Star" a trilha sonora de "Wild In The Country" (Coração Rebelde, no Brasil) foi completamente negligenciada pela RCA Victor. As canções foram usadas na maioria das vezes como tapa buracos de outros discos e singles. Oficialmente Elvis deixou cinco canções gravadas para o filme. A RCA as jogou ao acaso dentro de sua discografia. 

A canção título, "Wild In The Country" virou Lado B do single "I Feel So Bad". "Lonely Man", a boa baladinha com toques country, não teve melhor sorte indo parar também no Lado B de outro single, "Surrender". "I Slipped I Stumbled I Feel" foi encaixada como faixa bônus do álbum "Something For Everybody". Por fim, sem ter onde lançar no mercado a gravadora resolveu arquivar as canções "In My Way" e "Forget Me Never". Elas ficariam pegando poeira por longos três anos nos arquivos da RCA Victor até serem finalmente lançadas no mercado no álbum "Elvis For Everyone", um título que escondia a verdadeira intenção da RCA: tentar ganhar algo com músicas que tinham ficado no limbo, arquivadas, sem destino comercial certo. Uma colcha de retalhos musical.

Mas afinal o que explicava esse pouco interesse pela gravadora de Elvis por essas faixas de trilhas sonoras? Para a RCA as canções tinham pouco apelo comercial. Eram em sua maioria baladinhas desplugadas sem grande força para se destacar no concorrido mercado musical americano. Nem o fato de Elvis ser o vocalista mudou essa opinião. Os fãs de Elvis reclamaram, afinal por essa época já havia vários colecionadores da música de Presley, pessoas que queriam ter tudo o que fosse relacionado ao cantor. A RCA entendeu o recado e a partir desse ponto adotou a estratégia de lançar pequenos compactos duplos com as trilhas sonoras desses filmes menores da carreira de Elvis. "Follow That Dream" e "Kid Galahad" seriam beneficiados por essa decisão. 

Até mesmo "Tickle Me" que não tinha faixas próprias recebeu o devido cuidado por parte da RCA com o lançamento de um compacto duplo com todas as canções do filme. Só a partir de 1968 é que a RCA voltaria a desistir de seguir por esse caminho, fato que deixou os últimos filmes de Elvis sem lançamento de suas trilhas no mercado americano, nem mesmo em EP. Os péssimos resultados comerciais de trilhas como "Easy Come, Easy Go" cancelariam futuros lançamentos. Era um reflexo no mundo do disco da derrocada da carreira de Elvis Presley no cinema.

Elvis Presley - Wild In The Country (1961)
Wild In The Country
Lonely Man
I Slipped I Stumbled I Feel
In My Way
Forget Me Never

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Discografia Americana 1961

Elvis Presley - Discografia Americana 1961
Um ano em que Elvis lançou apenas dois álbuns e quatro singles. Curiosamente foi um ano em que Elvis também obteve grandes êxitos comerciais, na vendas de seus discos. "Something For Everybody", seu primeiro álbum do ano, alcançou o primeiro lugar na Billboard. "Blue Hawaii" (com a trilha sonora do filme "Feitiço Havaiano") também chegou ao topo da Billboard, se tornando o LP mias vendido de toda a carreira de Elvis até aquela ocasião, com milhões de cópias vendidas em todo o mundo. E o sucesso se repetiu nos singles, com todos eles premiados com disco de ouro ou platina. Um compacto duplo, com músicas gravadas no ano anterior completou a lista. Esse compacto recebeu o nome de "Elvis by Request". Segue abaixo a relaçao de toda a discografia de Elvis Presley lançada nos Estados Unidos no ano de 1961.

Something For Everybody (1961)
THERE'S ALWAYS ME / GIVE ME THE RIGHT / IT'S A SIN / SENTIMENTAL ME / STARTING TODAY / GENTLY / I'M COMIM HOME / IN YOUR ARMS / PUT BLAME ON ME / JUDY / I WANT WITH ME / I SLEEPED, I STUMBLED, I FEEL

Single extraído deste disco:
There's Always Me / Judy (1967)

Blue Hawaii (1961)
BLUE HAWAII / ALMOST ALWAYS TRUE / ALOHA OE / NO MORE / CAN'T HELP FALLING IN LOVE / ROCK-A-HULA BABY / MOONLIGHT SWIM / KU-U-I-PO / ITO EATS / SLICIN' SAND / HAWAIIAN SUNSET / BEACH BOY BLUES / ISLAND OF LOVE / HAWAIIAN WEDDING SONG

Single extraído deste disco:
Can't Help Falling in Love / Rock a Hula Baby (1961)

Relação de singles 1961:
Surrender / Lonely Man
I feel So Bad / Wild in the Country
His Latest Flame / Little Sister
Can't Help Falling in Love / Rock a Hula Baby 

Relação de EPs (compacto duplo):
Elvis By Request (1961)
Flaming Star / Summer Kisses Winter Tears
Are You Lonesome Tonight? / Tt's Now Or Never

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Flaming Star (1960)

Muita gente se decepcionou com a trilha sonora desse filme. Os fãs queriam uma trilha sonora completa, aos moldes de "Saudades de um Pracinha", um álbum completo, com dez ou doze faixas para colecionar. Só que ao invés disso a RCA apresentou um minguado compacto duplo com poucas canções. Foi decepcionante. Esse tipo de coisa iria levantar a atenção do Coronel Tom Parker que a partir daí iria sempre pressionar a RCA Victor a lançar discos inteiros de trilhas de seus filmes. Acontece que a trilha sonora de "Estrela de Fogo" só contava com apenas 5 músicas, sendo que uma delas nada mais era uma versão diferente, com outra letra, pouco modificada da música tema. Assim, se formos pensar bem, só havia mesmo 4 canções gravadas em estúdio para esse filme. Não havia material nem mesmo para completar um dos lados do LP, caso ele fosse programado realmente.

Depois de "G.I. Blues" Elvis colocou na cabeça que queria ser um grande ator de cinema, ao estilo Marlon Brando e James Dean, seus grandes ídolos. E músicas não faziam parte desse menu. Elvis só esqueceu que seu grande talento pessoal era para a música e não para a arte de atuar, algo que exigia dele outros talentos, completamente diferentes de ter uma bela voz e saber cantar bem. Como o tempo iria provar ele estava errado nesse tipo de pensamento. "Estrela de Fogo" certamente foi um dos bons filmes de sua carreira, mas não fez muito sucesso. Nada comparado com o hit de "Saudades de um Pracinha", esse sim um projeto que valorizava seu lado superstar, de cantor de sucesso. De qualquer maneira uma coisa era certa, essa trilha sonora de "Flaming Star" era apenas uma trilha sonora incidental, praticamente. O que foi uma tremenda decepção para quem queria comprar os discos de Elvis naquela época.

Uma enorme bagunça. Assim poderia definir tudo o que fizeram com a trilha sonora do filme “Flaming Star”. Para inicio de conversa mais da metade das canções do filme não foi lançada na época. Apenas “Flaming Star” e “Summer Kisses, Winter Tears” saíram regularmente em um compacto duplo chamado “Elvis by Request”, o resto das músicas foram esquecidas, arquivadas e ficaram inéditas por anos a fio. E afinal qual teria sido a melhor decisão? Ora, não é preciso ir muito longe para perceber que a RCA deveria ter lançado um EP (compacto duplo) com as cinco canções – algo que faria depois em trilhas sonoras com “Kid Galahad” e “Follow That Dream”. Isso seria em um mundo perfeito mas nada disso aconteceu. Elvis gravou as canções do filme (ele não queria pois em seu entender precisava apenas atuar bem no filme) e a RCA praticamente nada fez com elas no mercado. Provavelmente “Flaming Star” tenha sido a trilha sonora de Elvis Presley mais negligenciada de sua carreira. As músicas que chegaram ao mercado não fizeram sucesso e as que foram arquivadas ficaram no limbo por anos, esquecidas completamente.
   
Fazendo uma rápida retrospectiva: “Britches” só chegou ao mercado fonográfico muitos anos depois no álbum “A Legendary Performer, Volume 3”. “A Cane and a High Starched Collar”não teve melhor sorte. Apesar de aparecer no filme e ter um bom embalo também nunca foi lançada na época, só sendo colocada timidamente no disco “A Legendary Performer, Volume 2”. Por fim a estranha e desnecessária "Black Star" arranjou um espaço no LP “Collectors Gold”. Pra falar a verdade a trilha sonora só foi reunida de fato pela RCA na série Double Features, que nos anos 90 conseguiu trazer alguma organização para a extremamente bagunçada discografia de Elvis nos anos 60. Nessa edição além da trilha completa de “Flaming Star”, o fã de Elvis ainda teria acesso às trilhas de “Wild In The Country” e “Follow That Dream”. Gosto muito dos CDs Double Features, pois além do bom gosto (com excelentes encartes e direção de arte bonita), o fã ainda tinha acesso a todas as informações como datas de gravação, autores, etc. Já para quem esteja a fim de realmente radicalizar em termos de “Flaming Star” eu recomendo o bootleg “Master and session - Flaming Star” que traz as canções oficiais e muito mais como takes e versões alternativas. Demorou décadas mas “Flaming Star” finalmente chegou ao fã de Elvis como era esperado.

As sessões de gravação da trilha sonora do filme "Estrela de Fogo" (Flaming Star, em seu título original) se deram nos estúdios Radio Recorders, em Hollywood, na Califórnia. A sessão foi coordenada e produzida pelo produtor Urban Thielmann, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar. Tudo foi praticamente gravado em poucas horas em agosto de 1960. Elvis já entrava no estúdio com as músicas decoradas, uma vez que a RCA enviava para ele fitas demos com as canções gravadas por cantores da própria gravadora. Curiosamente a primeira música gravada foi "Black Star". Aliás o filme de faroeste iria ter esse título, mas depois os executivos e produtores da 20th Century Fox pensaram melhor e entenderam que o uso do termo "Black" poderia causar alguma polêmica. Não podemos nos esquecer que a questão racial estava na ordem no dia naqueles tempos. A luta pelos direitos civis da população negra dos Estados Unidos ocupavam todas as manchetes de jornais. E para potencializar ainda mais algum tipo de problema nessa questão o personagem de Elvis no filme era um mestiço. Então para não criar problemas a Fox resolveu mudar o nome do filme para "Flaming Star".

E com essa decisão Elvis precisou voltar ao estúdio para gravar outra faixa título "Flaming Star" que tinha praticamente o mesmo arranjo, a mesma letra, só mudando os termos. Saiu o "Black" e entrou o "Flaming". A versão "Black Star" ficou anos arquivada pela RCA e todo o trabalho que Elvis teve para gravá-la (foram providenciadas até três versões dela) ficaram perdidos. Outra música que foi gravada para fazer parte dos trabalhos desse filme foi "Summer Kisses, Winter Tears". A grande maioria dos fãs de Elvis, principalmente aqui no Brasil, só veio a conhecer essa gravação quando ela foi lançada no álbum "Elvis for Everyone" de 1965. Sou da opinião de que a RCA Victor deveria ter produzido um álbum desse filme. Uma trilha sonora em LP. Bastava gravar mais cinco músicas para o lado B, o que não seria nada complicado para Elvis na época e pronto, havia um disco de verdade para acomodar todas as faixas desse filme. Infelizmente não foi isso que decidiram e a maioria das músicas de "Flaming Star" simplesmente se perderam e foram desperdiçadas dentro de sua discografia.

Apesar dos esforços de Elvis, que não queria aparecer cantando de jeito nenhum nesse filme "Estrela de Fogo", o estúdio Fox conseguiu convencer ele a cantar pelo menos uma canção. A escolhida foi a baladinha country "A Cane and a High Starched Collar". Eu gosto dessa música, apesar de ser das mais simples. Basicamente apenas um arranjo acústico, para que soasse verdadeira na cena do filme, pois era um faroeste, onde o personagem contava apenas com um violão. "Britches" era igualmente simples. Também foi cogitada para ser usada no filme, em outra cena, mas Elvis se recusou com firmeza. Ele queria que esse filme fosse apenas de atuação, não de cantoria. O resultado foi outra faixa gravada e completamente desperdiçada. Ficou anos e anos arquivada, se tornando muito rara. Se nos Estados Unidos passou em brancas nuvens, imagine no Brasil. Os fãs brasileiros nem sabiam que essa canção existia.

"Flaming Star" contou com um grupo musical bem diferente do que Elvis estava acostumado a trabalhar em estúdio. Nada de Scotty Moore e seus músicos da banda usual e tradicional que Elvis usava regularmente em seus discos e singles. Como era um western da Fox, o próprio estúdio cinematográfico escolheu a banda que iria tocar com Elvis na trilha sonora. Só músico contratado da própria companhia. E a banda era formada pelos seguintes músicos: Howard Roberts no violão, Hilmer J. "Tiny" Timbrell na guitarra (esse iria trabalhar em outras ocasiões com Elvis), Michael "Meyer" Rubin no baixo, Bernie Mattinson na bateria e no acordeão James Haskell pois eram músicas de faroeste. Da turma de Elvis mesmo só compareceu na sessão o pianista Dudley Brooks e o grupo vocal The Jordanaires, contando com os vocalistas Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker. A formação clássica dos Jordanaires, como se pode perceber.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Discografia Americana - 1960

Elvis Presley - Discografia Americana - 1960

Segue a relação completa de todos os álbuns (LPs) e Singles (compactos) lançados pela RCA Victor no ano de 1960. No total Elvis lançou três álbuns e três singles. Os álbuns dariam origem a outros singles, descritos na relação, mas lançados em anos posteriores. Elvis recebeu três discos de ouro por seus LPs e três discos de ouro e platina pelas vendas de seus singles. Segue abaixo a relação completa desse ano do retorno de Elvis em sua carreira artística.

Elvis Is Back! (1960)
MAKE ME KNOW IT / FEVER / THE GIRL OF MY BEST FRIEND / I WILL BE HOME AGAIN / DIRTY, DIRTY FEELING / TRHILL OF YOUR LOVE / SOLDIER BOY / SUCH A NIGHT / THE GIRL NEXT DOOR WALKING / LIKE A BABY / RECONSIDER BABY

Singles extraídos deste disco:
Such A Night / Never Ending (1964)
Easy Question / It Feels So Right (1965)

G.I.Blues (1960)
TONIGHT IS SO RIGHT FOR LOVE / WHAT'S SHE REALLY LIKE / FRANKFORT SPECIAL / WOODEN HEART / G.I.BLUES / POCKETFUL OF RAINBOWS / SHOPPIN' AROUND / BIG BOOTS / DIDJA' EVER / BLUE SUEDE SHOES / DOIN' THE BEST I CAN

Singles extraídos deste disco:
Blue Christmas / Wooden Heart (1964)
Puppet on the String / Wooden Heart (1965)

His Hand in Mine (1960)
HIS HAND IN MINE / I'M GONNA WALK DEM GOLDEN STAIRS / IN MY FATHER'S HOUSE (ARE MANY MANSIONS) / MILKY WHITE WAY / KNOWN ONLY TO HIM / I BELIEVE IN THE MAN IN THE SKY / JOSHUA FIT THE BATTLE / HE KNOWS JUST WHAT I NEED(JESUS KNOWS WHAT I NEED) / SWING DOWN, SWEET CHARIOT / MANSION OVER THE HILLTOP / IF WE NEVER MEET AGAIN / WORKING ON THE BUILDING

Singles extraídos deste disco:
Crying In The Chapel / I Believe in The Man In the Sky (1965)
Joshua Fit The Battle / Known Only To Him (1966)
Milky White Way / Swing Down Sweet Chariot (1966)
His Hand In Mine / How Great Thou Art (1969)

Relação de Singles 1960:
Stuck on You / Fame and Fortune
It's Now or Never / A Mess of Blues
Are You Lonesome Tonight? / I Gotta Know

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Are You Lonesome Tonight? / I Gotta Know

Esse foi o terceiro e ultimo single de Elvis Presley a ser lançado em 1960. É bem curioso o fato da canção escolhida ter sido justamente “Are You Lonesome Tonight?”, uma versão de uma música muito antiga que trazia inclusive uma parte declamada, como era bem comum no início do século XX. Elvis que já vinha sendo criticado em certos jornais e revistas por ter deixado o bravo rock ´n´ roll de lado em suas gravações não teve qualquer receio de lançar um single que aprofundava ainda mais essa distância. Elvis e o Coronel Parker pareciam cada vez mais inclinados a assumirem o fato de que Elvis era agora um cantor romântico, de repertório suave, com canções e baladas sentimentais ganhando cada vez maior destaque em seus lançamentos. A aproximação com Hollywood acentuava ainda mais esses novos rumos uma vez que Elvis estava se parecendo cada vez mais com os galãs românticos da era de ouro da capital do cinema.
   
Como o último single de Elvis, “It´s Now Or Never”, tinha sido um sucesso espetacular de vendas o mercado esperou ansiosamente pela chegada do novo compacto nas lojas. E ele de fato não decepcionou, correspondeu bem às expectativas vendendo algo em torno de 10 milhões de cópias, um número robusto, forte, que posicionava Elvis Presley ainda mais no trono de rei da música naquele momento. Certamente não era mais o roqueiro desafiador dos anos 50 mas mantinha seu status inalterado. E para o Coronel Parker todo esse sucesso de vendas só significava que os novos rumos que Elvis trilhava em sua nova musicalidade era de fato o caminho certo a seguir. Por fim uma curiosidade: “Ate You Lonesome Tonight?” foi certamente um sucesso no mundo todo mas alguns anos depois voltou às paradas numa versão divertida gravada por Elvis Presley em 1969 onde ele não conseguia conter sua risada, rindo bastante durante toda a execução da música. Na Inglaterra a “versão dos risos” de Elvis voltou a ser um novo sucesso nas rádios locais.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - FTD G.I. Blues

Lançamento do selo Follow That Dream, em CD duplo, trazendo o álbum original da trilha sonora de G.I. Blues acrescentado de muitas versões e takes alternativos, com ênfase especial na sessão de abril. Como se sabe a trilha sonora do filme foi gravada em basicamente duas rodadas de sessões. A primeira se deu em abril nos estúdios da RCA em Los Angeles. A segunda ocorreu em maio, dessa vez no Radio Recorders em West Hollywood, o estúdio preferido de Elvis na costa oeste. A segunda sessão foi interessante pois Elvis melhorou algumas faixas e tentou novos arranjos, geralmente mudando o tempo das canções. Como havia muitas melodias lembrando marchas militares nessa trilha ela acabou se tornando das mais complicadas de se gravar. Não apenas Elvis estava desacostumado com esse tipo de material como também seu grupo, por isso a RCA preferiu lapidar melhor algumas versões. E basta ouvir alguns desses registros para compreender bem isso. Ora Elvis parece descompassado, ora seu grupo vai perdendo a linha.

As faixas oficiais porém são realmente impecáveis. Isso porém não tira o prazer do ouvinte de ir percebendo bem como as coisas foram se desenvolvendo dentro dos estúdios. Um dos fatos curiosos é que Elvis preferiu gravar a maioria das canções de pé, em frente ao microfone. Mais tarde ele explicaria que assim conseguia marcar melhor o ritmo das canções, pois com as pernas livres poderia fazer sua própria marcação rítmica. Gostaria de destacar a excelente versão mais rápida de “Big Boots” que apesar de ser perfeita ficou fora do álbum oficial. Os produtores preferiram a versão em ritmo de canção de ninar o que sempre achei um equivoco, pois a “Big Boots” rápida tinha até mesmo potencial de virar um single se a RCA assim quisesse. Em termos de direção de arte não gostei da capa que foi remodelada, com um terrível coração brega ao lado de Elvis. Fiquei particularmente chateado pois a capa original de “G.I. Blues” sempre foi considerada das mais bonitas de Elvis em sua fase Hollywood. Apesar de tudo esse é certamente o CD indicado para os que gostam dessa trilha sonora. Para os amantes do vinil outra boa notícia: o título também foi lançado nesse formato. Quer algo melhor? Então é isso. Ouvir Elvis no estúdio tentando chegar no take certo é sempre um prazer renovado.

CD-1: Original album and outtakes: Tonight's Is So Right For Love / What's She Really Like / Frankfort Special / Wooden Heart / G. I. Blues / Pocketful Of Rainbows / Shoppin' Around / Big Boots / Didja' Ever / Blue Suede Shoes / Doin' The Best I Can / Tonight's All Right For Love  / Shoppin' Around  (11)  / Frankfort Special  (13)  / Big Boots (7)  / Pocketful Of Rainbows (12) / Big Boots (2)  / Tonight Is So Right For Love (4) / Tonight Is So Right For Love (1, 2)  / What's She Really Like (1, 2, 3, 4, 5) / Frankfort Special (1, 2)  / Wooden Heart (1)  / G. I. Blues (1)  / Pocketful Of Rainbows (1, 2)  / Shoppin' Around (1)  / Big Boots (1, 2) / Big Boots  (1) / Didja' Ever (1)  / Tonight's All Right For Love (1) / Doin' The Best I Can (1, 2, 3) /

CD-2: Outtakes - April Sessions: Pocketful Of Rainbows (3) / Shoppin' Around (4) / Shoppin' Around  (2, 3, 4) / Shoppin' Around (5) /  Doin' The Best I Can (4, 5, 6, 7) / Doin' The Best I Can (8, 9) /  G. I. Blues (2, 3, 4) / G. I. Blues (5) / Tonight Is So Right For Love (3) / Tonight Is So Right For Love (4) / Tonight Is So Right For Love (5, 6, 7) / Frankfort Special (3, 4, 5, 6, 7) / Frankfort Special (8) / Big Boots (3) / Big Boots (4) / Big Boots (2, 3) / What's She Really Like (6, 7) / What's She Really Like (8, 9, 10, 11) / What's She Really Like (12, 13) / Pocketful Of Rainbows (4, 5, 6, 7) / Pocketful Of Rainbows (8) / Pocketful Of Rainbows  (9) / Pocketful Of Rainbows (10) / Wooden Heart (2, 3, 4)

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Discografia Americana - G.I. Blues

Esse álbum, esse LP, foi o mais vendido de Elvis no ano de 1960. Nesse mesmo ano, como todos sabemos, Elvis gravaria três álbuns. O primeiro foi "Elvis is Back!", excelente trabalho de ecletismo musical por parte de Elvis e banda que o acompanhou no estúdio. O segundo foi justamente essa trilha sonora do filme "Saudades de um Pracinha" e o terceiro e último álbum do ano foi o trabalho gospel, composto apenas de músicas religiosas, intitulado "His Hand in Mine". Ele ainda estava arrasado pela morte da mãe e decidiu gravar esse disco em sua homenagem.

Temos que reconhecer que "G.I. Blues" vendeu muito por causa da força promocional de Hollywood. Ao longo das décadas que viriam esse disco da RCA Victor iria ser relançado inúmeras vezes, cada edição trazendo um pequeno detalhe de capa ou selo que o diferenciava das demais. Por anos e anos o LP de vinil ficou em catálogo nos Estados Unidos e na Europa onde ficou conhecido como "Cafe Europa" por causa do título que o filme recebeu em algumas nações do velho continente.

Um desses pequenos detalhes que valorizam bastante um disco como esse no mundo dos colecionadores é um pequeno adesivo que saiu em algumas cópias promovendo a música "Wooden Heart". Esse adesivo foi colado nas capas das cópias para chamar a atenção dos consumidores. Esse adesivo vermelho, em forma de coração, se for autêntico, aumenta e muito o valor de cada disco, porém é bom ter cuidado com falsificações, que rodam a dezenas e dezenas pela internet.

Outro aspecto digno de nota desse álbum é que em seu lançamento original não houve singles extraídos de seu repertório. Ao longo dos anos a RCA Victor sempre procurava lançar compactos das trilhas sonoras, tanto para divulgar o álbum em si, como também para promover os filmes. Com essa trilha sonora isso não aconteceu. Só após alguns anos é que a música "Wooden Heart", considerada o grande hit do disco, foi lançada em dois singles diferentes: Blue Christmas / Wooden Heart (1964) e Puppet on the String / Wooden Heart (1965). Como se pode perceber ela virou lado B em ambos os casos. Tudo para promover os compactos na Europa, onde essa faixa acabaria se tornando um dos grandes sucessos comerciais da carreira de Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis is Back! - Discografia Americana

Elvis Is Back! (1960)
Esse bom disco, como todos sabemos, foi o primeiro LP lançado por Elvis depois que ele deixou o serviço militar na Alemanha. O título "Elvis is Back! (Elvis está de volta!, em português) era bem auto explicativo. A versão original americana do disco de 1960 tinha capa dupla e foto invertida na contracapa. Um furinho na capa principal indicava que o fã de Elvis poderia usar a capa do álbum como poster para colocar na parede do quarto. E é de se imaginar quem iria fazer uma coisa dessas!

Dentro da capa dupla do vinil havia uma bem cuidada galeria de fotos de Elvis tiradas na Alemanha, com uniforme militar e tudo mais. O exército dos Estados Unidos certamente adorou essa publicidade praticamente grátis nesse material. O Coronel Parker também estava investindo pesado na nova imagem de Elvis Presley, que agora surgia como bom cidadão americano, cumpridor de seus deveres.

Um fato curioso sobre esse álbum é que em 1960, ano de lançamento original do disco, nenhum single foi extraído de seu repertório. Porém nos anos seguintes a RCA Victor começou a pincelar faixas desse disco para o lançamento de singles tardios, em um tipo de marketing complicado de entender. Por exemplo, o single "Such A Night / Never Ending" foi lançado em 1964. Esse compacto simples lançado em julho de 1964 conseguiu alcançar a décima sexta posição entre os mais vendidos da Billboard. Foi promovido pela RCA como um "lançamento especial das férias de verão". "Never Ending" era uma faixa inédita dentro da discografia de Elvis até aquele momento.
 
E pensou que iria parar por aí? Que nada, um ano depois a mesma RCA Victor repetiu a dose com o single "Easy Question / It Feels So Right", outro single que conseguiu se sair muito bem nas paradas, apesar de só trazer reprises. Chegou ao décimo primeiro lugar entre os mais vendidos da Billboard, uma ótima colocação para material que já havia sido lançado antes no mercado. "Easy Question" era do disco "Pot Luck" de 1962.

Por fim, a RCA ainda utilizaria duas faixas do "Elvis is Back!" na trilha sonora do filme "Tickle Me". As músicas "Dirty, Dirty Feeling" e  "It Feels So Right" foram usadas nesse filme que não contava com uma trilha sonora própria. Ao invés de Elvis entrar em estúdio para gravar novas músicas, como aconteceu em todos os seus filmes, o Coronel Parker achou que isso não tinha importância, reaproveitando uma série de músicas de Elvis de outros discos para colocar como trilha sonora dessa produção. Ainda bem que isso só aconteceu nesse filme, porque imagine uma década lançando trilhas sonoras com reprises. Seria mesmo o fim da picada.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Elvis in a Private Moment

Durante os anos em que Elvis Presley passou na Alemanha, prestando o serviço militar, ele nada gravou de forma oficial, profissional, para sua gravadora RCA Victor. Mas será que ele não gravou nada de maneira amadora, caseira? Esse CD lançado pelo selo Follow That Dream é interessante porque traz uma série de registros amadores de Elvis, cantando e tocando enquanto estava na Alemanha. Quando esse CD foi lançado muitos reclamaram de sua qualidade sonora sofrível, porém essa é uma crítica injusta e isso por causa do contexto histórico em que essas faixas foram gravadas.

A pobre qualidade técnica das gravações – algumas realmente praticamente inaudíveis - é fruto de suas origens. Isso era de se esperar desse tipo de gravação, pois elas foram feitas pelo próprio Elvis em um pequeno gravador de mão, na presença de amigos em ocasiões festivas em sua casa, onde obviamente ele não estava muito interessado em qualidade sonora ou qualquer coisa semelhante. 

São três as origens dessas gravações. A primeira leva traz várias canções gravadas informalmente por Elvis na Alemanha enquanto estava servindo o exército. Essas são as piores faixas em termos de qualidade sonora. Porém é de se destacar sua importância histórica uma vez que no período em que esteve na Alemanha Elvis nada gravou de forma profissional. Assim ele surge em casa, cantando de forma bem relaxada, sem compromisso. Curiosamente algumas das músicas iriam aparecer em seus discos oficiais em gravações na RCA, algumas muito tempo depois, já na década de 1970.

O CD é completado com mais gravações caseiras, dessa vez registradas já na década de 1960. Algumas das músicas foram gravadas por Elvis na sua casa em Malibu, famosa estação de verão para astros de Hollywood. Aqui a melhora de qualidade sonora já é sensível, embora nada memorável. Finalizando o repertório temos o último lote de canções gravadas em 1966 quando Elvis já estava em uma situação particularmente complicada da sua carreira, se limitando a gravar músicas para suas trilhas sonoras, algumas bem fracas.

É fato conhecido que seus discos tiveram uma queda acentuada de qualidade principalmente após 1965. Fico até sensibilizado ouvindo esses últimos registros pois o que parece acontecer é quase um desabafo por parte do cantor. Já que ele não conseguia mais gravar músicas de qualidade nos estúdios, terminava por fazer gravações com excelentes canções em sua casa. Era seu gosto pessoal, ele gostava daquelas músicas, só não encontrava espaço para gravá-las em seus discos na época. Em suma é isso. Certamente você não encontrará nesse CD do selo FTD nada de bom em termos de qualidade sonora, porém em se tratando de história o título está simplesmente recheado de boas surpresas.

FTD Elvis in a Private Moment
Loving You / Danny Boy /I'm Beginning To Forget You / Beyond The Reef / Sweet Leilani / If I Loved You / Lawdy Miss Clawdy / I Wonder, I Wonder, I Wonder / He / When The Swallows Come Back To Capistrano / She Wears My Ring / Sweet Lealani / Moonlight Sonata / Blue Hawaii / Hide Thou Me / Oh How I Love Jesus / Fools Rush In / Its A Sin To Tell A Lie / What Now My Love / Blowin' In The Wind / 500 Miles / I, John / I'll Take You Home Again, Kathleen I Will Be True / Apron Strings / It's Been So Long Darling / I'll Take You Home Again, Kathleen There's No Tomorrow / The Titles Will Tell.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A Big Hunk O' Love / My Wish Came True

Finalmente, depois de três tentativas frustradas, Elvis Presley finalmente conseguiu chegar ao primeiro lugar da Billboard com seu novo single trazendo as músicas "A Big Hunk O' Love" no lado A e "My Wish Came True" no lado B. A canção principal havia sido gravada um ano antes em Nashville, só chegando ao mercado em junho de 1959. O sucesso de “A Big Hunk O´Love” vinha para fortalecer ainda mais o nome de Elvis dentro do mercado. Ele estava há pouco menos de um ano de dar baixa no exército e sua volta era considerada uma última esperança para os roqueiros dos anos 50.

Uma série incrível de eventos havia se abatido sobre os pioneiros do rock e agora Elvis parecia ser a última tábua de salvação do gênero. A verdade porém é que a própria música americana havia mudado. O que predominava nas paradas agora eram canções juvenis, falando de amores adolescentes, cantadas por ídolos que não tinham mais a postura de rebeldes como os roqueiros de meados da década de 1950. De certa forma Elvis iria embarcar nessa onda após seu retorno das forças armadas, porém esse single, gravado antes dele ir para a Alemanha, mantinha a chama acessa do verdadeiro Rock americano.

Enquanto Elvis estava no exército uma leva de ídolos adolescentes foi surgindo e dominando as paradas. Cantores e compositores como Neil Sedaka, Paul Anka, Frankie Avalon, Fabian, Pat Boone e Ricky Nelson eram os novos ídolos da juventude enquanto os roqueiros pioneiros iam sumindo do mapa. Eu gosto de chamar essa geração de "movimento algodão doce", porque de certa maneira eles se encaixavam bem nessa descrição. Os novos cantores juvenis eram bem diferentes de Elvis e dos roqueiros pioneiros. Todos surgiam impecavelmente bem vestidos, cabelos penteados, a imagem do genro que toda mãe de boa família da América queria ter. Não havia um pingo de rebeldia nesses novos artistas da música.

Enquanto eles subiam nas paradas, o pioneiros do rock afundavam cada vez mais. Jerry Lee Lewis escandalizou a sociedade ao se casar com uma prima de apenas 13 anos, que para piorar parecia ainda mais jovem! Chuck Berry foi preso por supostamente ter enviado uma prostituta branca além da fronteira do estado (o que configuraria tráfico de pessoas), Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Booper tinham morrido em um acidente de avião sendo seus corpos encontrados em um milharal nevado, Johnny Cash abraçara a country music de forma definitiva e finalmente Little Richard havia decidido abandonar tudo para se tornar apenas um pastor evangélico.

Para ser bem sincero esse rock“A Big Hunk O' Love” só chegou ao topo da parada por causa da força do nome de Elvis. Essa era uma canção completamente diferente do que estava fazendo sucesso na época. Foi de fato o último rock genuíno a liderar a Billboard até a chegada de uma nova leva de roqueiros nos anos 60. O Pop romântico havia ocupado o espaço do rock pioneiro. O curioso é que Elvis ao sair do exército também seguiria de certa forma também por essa tendência. Mas essa é uma outra história que contaremos depois...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Elvis Sails

Elvis Presley - Elvis Sails
Que Elvis Presley foi um dos maiores vendedores de discos durante a década de 1950 ninguém tem dúvidas. Agora que até entrevistas do cantor eram lançados em vinil para faturar em cima de seu nome, disso poucos tem conhecimento. “Elvis Sails” foi um dos produtos mais sui generis da história da indústria fonográfica dos EUA. Lançado em novembro de 1958, chamou atenção por ser um disco sem igual na longa lista de itens da discografia de Elvis Presley. Não havia músicas nele, mas apenas entrevistas de Elvis antes, durante e após sua partida para a distante Alemanha Ocidental na Europa.

Era um single (por mais estranho que isso possa parecer) e trazia no lado A uma parte da entrevista coletiva que Elvis deu no Brooklyn Army Terminal em 22 de setembro de 1958. Ele estava prestes a embarcar para prestar serviço militar na cortina de ferro. Já o Lado B trazia a entrevista que o cantor deu para Pat Hernon na biblioteca do navio USS Randall durante a longa viagem até a base americana onde iria ficar estacionado com sua tropa. As entrevistas, de maneira em geral, trazem apenas perguntas e respostas sobre amenidades e não tocam em assuntos polêmicos. Por isso não espere qualquer grande revelação ou postura política por parte de Elvis. Não era de seu feitio polemizar em ocasiões como essa.

Mais curiosa ainda era a contracapa de “Elvis Sails” trazendo um calendário do ano de 1959 onde o fã poderia acompanhar todos os detalhes e datas importantes não só da vida de Elvis (como por exemplo o mês em que ele se formou no colégio) como também fatos que marcariam o ano de 1959 para o cantor (a data em que chegaria na Alemanha, estaria de volta aos EUA, etc). “Elvis Sails” não obteve qualquer classificação digna de nota nas paradas, o que era de se esperar, mas não se tornou um disco desprovido de valor.

Muitos DJs americanos usaram a entrevista em seus programas diários. Afinal o que não soaria muito bem numa vitrola particular, poderia muito bem se transformar numa boa opção durante um programa radiofônico. Como nunca foi relançado – em época alguma – o disquinho original também acabou virando uma cobiçada peça de colecionador. Nesse mundo de itens discográficos de Elvis, ele é dos mais valorizados, pois como vendeu pouco na época, poucos fãs o possuem em sua coleção. Além disso por ser um lançamento tão único e singular se torna ainda mais valioso. Afinal foi o único vinil de entrevistas de Elvis Presley. Por isso se algum dia topar com algum exemplar de “Elvis Sails” por aí, não perca a oportunidade de adquirir pois pode se tornar um bom investimento para você no futuro.

Elvis Presley – Elvis Sails (1958)
Side 1: Press Interview with Elvis Presley (At Brooklyn Army Terminal, September 22, 1958)
Side 2: Elvis Presley's Newsreel Interview / Pat Hernon Interviews Elvis in the Library of the U.S.S. Randall at Sailing

Pablo Aluísio.