quarta-feira, 30 de novembro de 2022

A Última Tentação de Cristo

Eu assisti a esse filme quando ele foi lançado, nos anos 80. Nesta semana, resolvi rever em uma exibição na TV a cabo. Eu me recordo muito bem que o filme foi extremamente criticado por fundamentalistas cristãos. A polêmica girava em torno de um suposto desrespeito em relação a figura de Cristo. Nada poderia ser mais equivocado. Não existe desrespeito no roteiro desse filme. Ao contrário disso, o que se vê no filme é uma discussão bem interessante e muito complexa sobre o lado humano de Jesus. E se ele tivesse negado o destino na cruz? E se ao invés disso, ele preferisse viver uma vida normal de um homem comum de seu tempo? E se ele escolhesse ter uma família, uma esposa, filhos e viver até a velhice? São questões que o filme aborda de forma inteligente e muito sutil. 

Até porque vamos refletir. O significado do destino na cruz é uma criação teológica, feita por teólogos após a morte de Jesus. Não é algo que se possa dizer que seja historicamente preciso. O que pensou Jesus, sobretudo sobre o que estava acontecendo em seus momentos finais? Ele realmente, no momento em que subiu à cruz, pensou estar, de alguma forma, cumprindo a vontade de Deus? Um questionamento no mínimo interessante. O filme mostra justamente esse dualismo entre o Jesus divino, com destino para salvar a humanidade e o Jesus humano, temeroso pelos acontecimentos. Nenhum ser humano quer ser pregado em uma cruz. Historicamente foi uma das formas de execução e tortura mais bárbaras e desumanas que já existiram na humanidade.

Muitos ficaram revoltados contra o filme em relação a pequenos detalhes sobre a vida desse Jesus de Scorsese. Em determinado momento ele surge construindo cruzes para o Império Romano. Historicamente essa hipótese não é absolutamente absurda. Se ele era carpinteiro, é normal que em algum momento tenha trabalhado ou prestado serviços para os romanos. No filme, ele é xingado de traidor por fazer esse tipo de trabalho. Eu penso que a situação historicamente seria muito mais precisa do que algumas pessoas poderiam pensar. Há um fundo de verdade histórica e plausibilidade nesse tipo de situação. Ele era um homem da classe trabalhadora e precisava ganhar o pão de cada dia.

Apesar disso temos aqui um roteiro essencialmente teológico. É um Jesus fragilizado que treme diante da cruz. Jesus realmente quis morrer na cruz para ser o salvador do mundo? Ou ele queria mesmo ser o Messias para expulsar os romanos de sua terra para assim assumir o poder político? Seu plano deu certo ou errado? Se ele pensava ser um revolucionário político, deu errado. Se pensava ser o salvador, deu certo, pelo menos no plano da pura teologia. Para os romanos, no final das contas, ele era apenas um terrorista que ameaçava a dominação do Império naquela região. A morte pela aruz era a morte mais infame que existia, reservada aos piores criminosos do Império Romano. Não deixa de ser uma ironia triste e trágica do destino que Jesus tenha morrido dessa maneira. E assim Scorsese fecha as cortinas de uma de suas mais relevantes obras cinematográficas. Aplausos para o mestre!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 12

O filme "Paraíso dos Falsários" (Paradise Canyon) foi dirigido pelo cineasta Carl Pierson. Johw Wayne aqui contracenou com um elenco muito bom, com destaque para as participações de Marion Burns e Reed Howes. Realizado pelo produtor Paul Malvern, o filme era tipicamente uma produção para as matinês de sábado, com uma curta duração de apenas 57 minutos! Um bangue-bangue rápido, voltado principalmente para os mais jovens e crianças.

A sinopse era bem simples: Um agente secreto do governo era enviado para prender uma gangue de falsificadores que operavam perto da fronteira mexicana. John Wayne interpretava esse agente especial chamado John Wyatt. Porém para não ser descoberto pelos bandidos ele chegava na distante cidade de fronteira usando o nome falso de John Rogers. No começo das filmagens ocorreu um fato engraçado. O roteirista queria usar o nome de John Wayne no próprio filme. Seria o nome usado do agente para despistar os falsificadores. Só que Wayne achou a ideia realmente péssima e mandou ele procurar por outro nome. "Essa é uma ideia estúpida!" - Disse o velho cowboy para o pobre roteirista. Ficou John Rogers mesmo.

No filme seguinte John Wayne voltou a trabalhar com o diretor Robert N. Bradbury. Nessa fase de sua carreira esse cineasta foi quem mais dirigiu Wayne em seus faroestes. É curioso que depois que Wayne foi para a Paramount e outros grandes estúdios de Hollywood trabalhar em filmes mais bem elaborados, ele não tenha pensado em levar esse velho parceiro, dos velhos tempos, para dirigir algum de seus novos filmes. De uma maneira ou outra eles trabalharam juntos com frequência - e trabalharam bem, produzindo bons filmes de matinês.

Essa nova produção se chamava "Da Derrota à Vitória" (Westward Ho). John Wayne interpretou basicamente o mesmo personagem do filme anterior, chamado John Wyatt. Só que agora seu objetivo era a vingança. No passado seu pai foi morto por criminosos. E seu irmão foi levado como réfem. Décadas depois Wayne reencontra seu irmão, agora já um homem adulto, em um trem rumo ao oeste. O problema é que ele não tem mais memórias do passado e está agora trabalhando ao lado dos mesmos bandidos que  mataram seu pai. Com bom roteiro esse foi um dos faroestes mais interessantes dessa época na filmografia de John Wayne.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Montgomery Clift - Hollywood Boulevard - Parte 1

Edward Montgomery Clift nasceu em uma família aristocrata de Omaha, Nebraska, a mesma cidade que deu ao mundo outro gênio da atuação, Marlon Brando. Entre os dois atores haveria sempre uma coincidência de destinos. Eles nasceram na mesma década (Clift em 1920 e Brando em 1924) e na mesma cidade. Durante os anos 1950 se tornariam grandes astros do cinema americano, elogiados por suas grandes atuações nas telas. Apenas as origens sociais eram diferentes. Enquanto Montgomery Clift nasceu no lado rico de Omaha, em uma família bem tradicional da cidade, Brando era apenas o filho de um caixeiro viajante, membro de uma família bem disfuncional que vivia no lado pobre de Omaha, do outro lado da linha do trem.

Mesmo assim o destino e a sétima arte os uniriam, até mesmo porque a riqueza da família Clift seria tragada por causa da grande depressão que arrasaria a economia americana em 1929, durante a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. O pai de Monty, um rico especulador de ações, perderia praticamente tudo com a crise. Arruinados financeiramente, a família Clift mudou-se então para Nova Iorque, deixando o meio oeste durante os anos 1930. Essa mudança de cidade iria também mudar para sempre o destino de Montgomery Clift. Criado para ser um dândi da elite de Nebraska, ele precisou rever seus conceitos na grande cidade, na grande Maçã, como Nova Iorque era conhecida.

Ao invés de estudar em colégios privados tradicionais ele foi parar em uma escola pública do Brooklyn. Monty que sempre havia estudado com jovens ricos e bem-educados de Omaha, se viu de repente no meio de um pessoal mais barra pesada, que partia para a briga nos intervalos. Nova Iorque era realmente uma selva e para sobreviver por lá o jovem Monty precisou se impor, não por meio de sua educação refinada, mas sim pela força dos punhos. Sem dúvida foi uma mudança brutal, de um meio aristocrático, para uma realidade bem mais pé no chão.

Em meio a tantas mudanças algo no novo colégio mudaria para sempre sua vida. Ele se apaixonou pelo teatro. O departamento teatral da escola era muito bom, muito original, um ambiente que valorizava o talento dos alunos que mostravam o interesse pela arte de interpretar. Monty foi fisgado desde os primeiros dias. Ele sabia que Nova Iorque era um dos lugares mais efervescentes do mundo em termos teatrais. Havia muitas peças sendo encenadas na Broadway e no circuito Off-Broadway. As oportunidades estavam em todos os lugares. Vendo que poderia arranjar trabalho no meio teatral da cidade ele se empenhou nas peças escolares em que atuou. Seu objetivo era ganhar experiência para partir para a Broadway, até porque trabalhar havia se tornado uma necessidade em sua casa, pois seu pai enfrentava muitas dificuldades para arranjar um emprego.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de novembro de 2022

Ambulância - Um Dia de Crime

Título no Brasil: Ambulância - Um Dia de Crime
Título Original: Ambulance
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures 
Direção: Michael Bay
Roteiro: Chris Fedak
Elenco: Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul-Mateen II, Eiza González, Garret Dillahunt, Keir O'Donnell, Keir O'Donnell

Sinopse:
Durante um assalto, dois criminosos em fuga pelas ruas de Los Angeles param e entram em uma ambulância da cidade. Eles fazem de refém a jovem paramédica e o paciente que está precisando urgentemente de ser levado ao hospital. Para completar o quadro de caos, o paciente que está entre a vida e a morte, é um policial baleado. O departamento de polícia de Los Angeles logo sai em perseguição a ambulância. Causando muito estrago e acidentes pelas ruas e rodovias da cidade.

Comentários:
Remake americano de um filme dinamarquês de 2005. Inicialmente, o diretor Michael Bay pensou em transformar esse filme em mais um da série "Uma Noite de Crime". Só que ele acabou gostando tanto do roteiro adaptado do filme original que decidiu que ele mesmo iria dirigir essa produção. Com sua entrada na direção, a produção ganhou mais dólares da produtora Universal e o ator Jake Gyllenhaal foi contratado para estrelar. Curiosamente, é um filme que foge um pouco do que ele vinha buscando nos últimos tempos. Gyllenhaal tinha optado por fazer filmes mais cults. Mas aqui se entregou um filme de ação bem convencional. De maneira em geral, esse filme traz tudo aquilo que se pode esperar de uma obra cinematográfica assinada por Michael Bay, ou seja, muita correria, muita ação, muita perseguição e carros voando pelos ares nas ruas de Los Angeles. Só faltou mesmo a entrada em cena dos robôs gigantes para ser um novo Transformers. Se o roteiro não traz maiores surpresas, pelo menos resta elogiar a produção. A edição frenética é muito bem realizada. E o filme até tenta criar um histórico na relação de amizade dos dois protagonistas irmãos. Acredito que para quem gosta de filme de ação, não há maiores decepções envolvidas aqui. O filme cumpre totalmente o que está no cardápio. Bom apetite.

Pablo Aluísio.

O Armário

Título no Brasil: O Armário
Título Original: Keullojet
Ano de Lançamento: 2020
País: Coreia do Sul
Estúdio: Moonlight Film
Direção: Kwang-bin Kim
Roteiro: Kwang-bin Kim
Elenco: Ha Jung-woo, Yool Heo, Nam-gil Kim, Kim Jung-Chul, Park Sung-woong, Hyeon-bin Shin

Sinopse:
Um pai viúvo se muda para uma nova casa, ao lado de sua filha, uma garotinha de 6 anos de idade. Ele está tentando superar a morte de sua esposa. Assim que chegam na casa, a menina começa a sentir e ouvir a presença de entidades paranormais. E acaba desaparecendo em seu próprio quarto ao entrar em um antigo armário. O pai, obviamente, fica desesperado e tenta de todas as formas trazer a menina de volta.

Comentários:
Filme de terror coreano, também conhecido como "O Closet". É a tal coisa, o cinema oriental de terror não deve nada aos filmes americanos desse gênero. Assim como ocorre na Espanha, os filmes de terror produzidos no Oriente são apreciados e cultuados em todo o mundo por fãs de filmes desse estilo. O maior erro dessa produção é tentar justamente copiar o estilo cinematográfico dos filmes produzidos nos Estados Unidos. Grande erro de percepção de seus realizadores. Se fosse usar como referência alguma cultura estrangeira, o ideal seria seguir os passos dos filmes japoneses de terror. Pecando pela falta de originalidade, esse filme coreano, ao tentar ser pop e comercial demais, se perdeu. Há espaço até mesmo para um personagem ao melhor estilo caça-fantasmas. Absolutamente nada a ver com a proposta que geralmente vemos em filmes orientais. Assim, o que sobra é apenas a falta de originalidade e a busca perdida por um estilo próprio. 

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de novembro de 2022

Elvis Presley - Loving You (1957)

Esse foi o segundo filme de Elvis Presley e o primeiro a ganhar um disco no formato LP ou álbum. "Love Me Tender", o filme anterior, teve sua trilha sonora vendida em compacto. Aliás é bom salientar que Elvis foi um dos primeiros artistas jovens a ganhar essa honraria de ter suas músicas lançadas em álbum. Naquela época as gravadoras usavam esse formato mais para o lançamento de música clássica ou óperas. Não era comum um artista pop como Elvis ter discos de longa duração como esse. Geralmente esse tipo de artista tinha seu trabalho lançado apenas em singles, conhecidos no Brasil como compactos.

Não havia músicas suficientes para encher todo um álbum. Então a RCA Victor colocou no lado B do disco várias canções do "Just For You". Para os fãs o lado A era a grande novidade. Só músicas inéditas, todas gravadas para o filme "A Mulher Que Eu Amo" (Loving You, em seu título original em inglês). A boa notícia é que eram boas músicas, excelentes gravações por parte do cantor. A maioria delas foi gravada em Hollywood em janeiro de 1957. Para essas sessões Elvis trouxe sua banda habitual. Nada de músicos contratados pelos estúdios de cinema como havia acontecido em "Love Me Tender". Aqui Elvis fez questão de trabalhar com seus próprios músicos.

"Mean Woman Blues" foi escolhida para abrir o disco. Grande momento tanto do álbum, como do filme, quando Elvis a canta em uma de suas melhores cenas no cinema durante os anos 50. Essa era uma composição de Claude Demetrius, aqui aparecendo pela primeira vez em um disco de Elvis - e ele não se tornaria um compositor habital na discografia de Elvis, apesar de seu grande talento. O ritmo era até um pouco fora dos padrões, unindo a escala musical típica de um blues com a agitação do nascente rock ´n´roll. A mistura, apesar de ser original e muito bem composta, não chegou a agradar todo mundo. Alguns mais tradicionais criticaram, ignorando o fato de que o blues foi um dos gêneros musicais que deram origem ao rock. Enfim, erraram no ponto de vista.

"Blueberry Hill" abriu o lado B do álbum. Essa não fazia parte da trilha sonora de "Loving You" e foi colocada no disco para completar espaço. Isso de um ponto de vista puramente comercial, porque do ponto de vista artístico essa era uma grande canção. Foi composta por um trio (Vincent Rose, Al Lewis e Larry Stock) e virou sucesso na interpretação do ótimo Fats Domino. Seu toque de piano inicial era sua maior característica. Algo inclusive que levou Elvis a tentar tocá-la ao vivo algumas vezes durante os anos 50. Ficou muito bom, na maioria das vezes. Como a música já havia esgotado seu potencial de sucesso com Fats, ela nunca chegou a se tornar um hit na voz de Elvis, mas isso em nada tira seus méritos. É um dos melhores momentos de todo o disco.

Não é surpresa para ninguém que o grande hit desse álbum foi mesmo "(Let Me Be Your) Teddy Bear". A música foi escrita pela dupla Kal Mann e Bernie Lowe. O interessante é que apesar de todo o sucesso alcançado por essa canção, Elvis nunca mais iria gravar nada desses compositores. Ao contrário do que aconteceu com Ben Weisman, por exemplo, eles simplesmente sumiram da discografia de Elvis. O que terá acontecido? De qualquer maneira a música do ursinho Teddy foi mesmo um grande sucesso. Foi lançada em single e atingiu rapidamente a marca das cinco milhões de cópias vendidas.

As fãs da época adoravam a música e entenderam (de forma errada) que Elvis colecionava ursinhos de pelúcia. Na verdade ele jamais havia pensado em algo parecido. As únicas coisas que Elvis colecionava naqueles tempos eram discos e carros. Ele não tinha interesse em brinquedos felpudos para crianças, afinal já era um homem adulto. Apesar disso e de repente Elvis se viu em um mar de bichinhos enviados por correspondência para Graceland. Sem saber direito o que fazer com tantos ursinhos, que encheram um quarto inteiro na sua mansão, o cantor teve a boa ideia de doar todos eles para instituições de caridades que cuidavam de crianças carentes e órfãs. Foi um gesto bonito, mostrando mais uma vez o lado generoso da personalidade de Elvis.

A música título do filme foi a bela balada "Loving You". Escrita pela excelente dupla de compositores formada por Jerry Leiber e Mike Stoller, a faixa era nitidamente uma tentativa de repetir o sucesso de "Love Me Tender" (a música tema do filme anterior). Nunca chegou ao mesmo patamar de popularidade,, mas também não fez feio nas paradas. Muitas versões foram gravadas ao longo de todos esses anos, inclusive pelo cantor brasileiro Roberto Carlos. O curioso é que Elvis precisou de um tempo para se acostumar com sua melodia. Ela tinha um lado melancólico, quase parando, que destoava um pouco do que Elvis estava produzindo naquele ano. Afinal aquele era o Elvis rocker, o Elvis roqueiro, e Loving You, baladona romântica por excelência, exigia uma certa postura que aquele jovem de 22 anos ainda não tinha.

Os compositores Sid Tepper e Roy C. Bennett escreveram a música mais hollywoodiana desse álbum. Estou falando de  "Lonesome Cowboy". Parecia até mesmo uma música bem antiga, dos clássicos faroestes dos anos 1940. Essa dupla iria cair nas graças do Coronel Parker e na década seguinte eles iriam escrever a maioria dos temas musicais de filmes de sucesso de Elvis como "Feitiço Havaiano" (Blue Hawaii) e "Saudades de um Pracinha" (G.I.Blues). Ao lado de Ben Weisman foram os mais assíduos compositores de músicas para filmes de Elvis na década de 1960. De uma forma ou outra o tema, que não chegou a fazer sucesso nas paradas, serviu perfeitamente para o contexto do filme, que mostrava um jovem cantor tentando vencer na carreira, bem no circuito country and western.

"Hot Dog" foi escrita por Jerry Leiber e Mike Stoller. E isso leva muita gente boa a confundir com o clássico "Hound Dog". Músicas com nomes parecidos, de mesmos autores. A confusão seria bem esperada. Só que "Hot Dog" é um rock rápido, escrito especialmente para o filme e que nunca teve maior destaque dentro da carreira de Elvis. "Hound Dog", por outro lado, é um clássico absoluto na voz de Elvis Presley, ainda hoje lembrada e presente em qualquer coletânea do cantor que se preze.

Outro rock rápido, de cura duração, usado para fechar o lado A do vinil original é "Party". No disco de 1957 ela vinha logo após "Hot Dog" dando até mesmo uma impressão no ouvinte de que se tratava de um medley de rocks ligeiros por parte de Elvis. Como ele vivia sua fase mais roqueira, nada mais conveniente do que encher a trilha sonora de músicas desse estilo musical. Essa canção foi escrita por Jessie Mae Robinson. Apesar de ter um forte apelo de palco, ela nunca foi usada por Elvis em seus concertos.

"Got a Lot o' Livin' to Do"foi composta às pressas pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman para ser gravada por Elvis em janeiro de 1957, Os produtores do filme em Los Angeles ligaram para a dupla, que morava em Nova Iorque, para que eles criassem uma música para uma determinada cena, que iria trazer um dos principais momentos do filme. E assim a canção foi criada. Ficou muito boa, pode até mesmo ser considerado o melhor rock do disco. Também merecem aplausos a própria cena do filme, que ficou muito bem coreografada e fotografada. As fãs de Elvis na época, nem é preciso dizer, adoraram tudo.

Da mesma dupla de compositores, Aaron Schroeder e Ben Weisman, veio outra canção que foi aproveitada no Lado B do antigo vinil. Se trata da boa "Don't Leave Me Now". Essa canção tem uma boa pegada melódica, que inclusive me lembra de blues mais tradicionais. Gravada em fevereiro de 1957 ela nunca teve maior destaque dentro da discografia de Elvis, o que sempre achei uma pena. É uma canção subestimada, com ótimo acompanhamento de piano. A letra é bonitinha, tem um senso romântico bem típico dos adolescentes e poderia ter sido escrito por um colegial apaixonado em seu caderno escolar. Leia os versos: "Não me deixe agora / Agora que eu preciso de você / Quão triste e solitário eu ficaria / Se você disesse que terminamos / Não despedace meu coração / Este coração que te ama / Elas serão nada para mim / Se você me deixasse agora".

Um dos aspectos que a discografia de Elvis Presley de uma maneira em geral deixou a desejar foi a ausência de músicas compostas pelos maiores compositores da história da música dos Estados Unidos. Elvis, como grande astro, poderia ter gravado discos e discos apenas com a fina flor da canção americana. Apenas com os mais consagrados autores de todos os tempos. Porém, infelizmente, só esporadicamente esse encontro entre o talentoso cantor e esses gênios da criação musical aconteceu.

Um desses raros encontros podemos encontrar aqui no álbum "Loving You". Se trata de "True Love", composta pelo grande Cole Porter, considerado por muitos historiadores de arte como um dos maiores gênios da música mundial. Porter foi aclamado desde cedo em sua carreira. Ao longo de sua vida compôs verdadeiras preciosidades em forma de notas musicais. Elvis poderia ter gravado muitas canções de Cole Porter ao longo da vida, mas isso infelizmente não aconteceu. Seus direitos autorais eram considerados caros demais pelo Coronel Parker. Além disso havia essa mentalidade de que Porter estava fora do espectro do que se esperava encontrar em um disco de Elvis Presley. Era algo mais alinhado com os álbuns de Frank Sinatra, para alguns. Um erro de percepção em minha opinião.

Outra boa aquisição ao álbum em termos de qualidade musical foi essa criação de Ivory Joe Hunter chamada "I Need You So". Aqui havia um toque de gosto pessoal do próprio Elvis. Quem conhece o material gravado de forma amadora na Alemanha, quando Elvis estava por lá servindo o exército, sabe bem que as músicas de Ivory Joe Hunter estavam sempre sendo tocadas por Elvis ao piano em sua casa. Ele gostava muito desse compositor, isso na sua esfera pessoal mesmo, de seu próprio gosto musical. Curiosamente, por anos e anos, Elvis não voltaria a gravar nada dele, só voltando a trazer para seus discos canções de Hunter já nos anos 70, quando já havia se transformado em um artista completamente diferente do começo de sua carreira.

Da dupla de compositores Johnny Russell e Scott Wiseman, o disco traz a boa "Have I Told You Lately That I Love You?". É uma boa canção country and western. Por essa época Elvis ainda surgia com esse tipo de música em seus discos. Depois de um tempo ele iria direcionar seu repertório para um material mais pop, principalmente na era dos filmes em Hollywood. De vez em quando algo country seria gravado, mas em menor escala. As trilhas sonoras exigiam um outro tipo de seleção musical. Em relação ao country Elvis só voltaria a gravar muito material dessa linha nos anos 70, quando aí sim virou um artista tipicamente saído da geração de artistas de Nashville.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

O Pistoleiro de Esporas Negras

Tudo o que interessa para o pistoleiro Santee (Rory Calhoun) é percorrer as pequenas cidades do velho Oeste em busca de cartazes ao estilo "Procura-se vivo ou morro!". Ele é um caçador de recompensas e está em busca do dinheiro que é pago para quem trouxer os criminosos mais procurados pelos xerifes da região. Acaba liquidando e executando vários deles, entre eles um dos mais perigosos assassinos, um mexicano conhecido como El Pescadore. Ao matar o criminoso, ele pega suas esporas e passa a ser conhecido como o pistoleiro das esporas negras. Santee também procura por novos meios de ganhar dinheiro. Vê uma oportunidade na nova ferrovia que está sendo construída. Se ele conseguir um desvio para uma cidade em particular, vai ganhar bastante dinheiro com a venda das terras onde a ferrovia vai ser construída. Nessa cidade, ele decide virar sócio de um saloon. Traz jogos e garotas do Texas para ganhar bastante dinheiro com os cowboys da região. Isso o coloca em choque direto contra o xerife e o pastor da cidade. E o duelo entre eles vai se armando aos poucos no horizonte. 

Bom filme, boa produção. Nada excepcional, mas um bom filme de faroeste daquela época. O ator Rory Calhoun teve uma certa fama durante aquele período. Não chegou a ser um astro do cinema, mas certamente era um nome conhecido dos fãs de filmes de western. A única crítica maior que eu teria ao filme se refere ao seu roteiro. O personagem do caçador de recompensas é bem construído ao longo de toda a história. Só que no final, os roteiristas deram um verdadeiro cavalo de pau nas características desse personagem. Em nome de uma moralidade boboca, perdeu-se a essência do protagonista. Isso fez o filme perder como um todo. De qualquer maneira, ainda assim é um bom faroeste. E para quem gosta do trabalho do ator Rory Calhoun, é praticamente um filme obrigatório.

O Pistoleiro de Esporas Negras (Black Spurs, Estados Unidos, 1965) Direção: R.G. Springsteen / Roteiro: Steve Fisher / Elenco: Rory Calhoun, Linda Darnell, Terry Moore / Sinopse: Caçador de recompensas do velho Oeste, acaba enfrentando inimigos em uma pequena cidade dominada por um xerife e um pastor bom de briga. Filme atualmente em cartaz na grade de programação do canal Telecine Cult.

Pablo Aluísio.

Duelo em Monterey

Dois assaltantes e bandoleiros acabam se desentendendo após mais um assalto a ferrovia. Um deles chamado Jay Turner diz que vai abandonar o mundo do crime. Já tem o dinheiro suficiente para começar uma nova vida. Isso irrita profundamente o outro criminoso, Max Reno. Em um momento de distração, Turner acaba sendo atingido pelas costas por um tiro dado por Reno. Ele faz isso por covardia e ganância. Ao atingir seu parceiro de crime, ele rouba seu dinheiro e foge. Turner fica agonizando na praia. Acaba sendo salvo por uma moradora da região e se apaixona por ela. O tempo passa e ele decide ir atrás de Reno em busca de vingança. Procura por várias cidades e acaba o encontrando em uma pequena cidade do velho Oeste, onde ele se tornou o dono de um saloon. Reno pensa que Turner foi morto, que não há volta, mas fica surpreso quando o reencontra em seu próprio salão de jogos. Turner assume outra identidade, e se diz ser um jogador profissional do Texas. Uma grande farsa é montada e a vingança vai sendo arquitetada aos poucos. 

Um filme B de curta duração, quase sendo uma produção de média metragem. Mal chegando a 70 minutos. É o que se pode chamar de um típico filme de matinê daquela época. Um faroeste com uma história simples e também com a produção bem modesta. O que salva hoje em dia um filme como esse é a força da nostalgia vintage. A fotografia em preto e branco e o roteiro mantém o interesse, mas o filme realmente não é grande coisa. Uma história de vingança entre dois bandidos, algo que seria explorado à exaustão pelo cinema italiano anos depois. Ainda assim, funciona, se você for fã de faroeste e não for muito exigente em termos cinematográficos.

Duelo em Monterey (Gun Battle at Monterey, Estados Unidos, 1957) Direção: Sidney Franklin Jr, Carl K. Hittleman / Roteiro: Lawrence Resner / Elenco: Sterling Hayden, Pamela Duncan,Ted de Corsia / Sinopse: Dois criminosos precisam acertar contas com o passado. Filme atualmente em exibição na grade de programação do canal Telecine Cult.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A História de Rock Hudson - Parte 14

Embora fosse gay, Rock Hudson não gostava de homens afeminados. Na verdade, tinha uma certa aversão a eles. Sempre que estava assistindo a um programa de TV e esse começasse a exibir um comediante imitando os gestos de um gay afeminado, exagerado, desmunhecando, Rock mudava de canal. Achava que esse tipo de comportamento transformava todos os gays em piada. Ele não via a menor graça nisso. Rock também jamais se relacionava com homossexuais que tinham esse jeito de ser. Todos os seus romances eram com homens que tinham a mesma postura do que ele. Eram sujeitos másculos, com imagens de homens heterossexuais. Seu tipo preferido eram homens altos, fortes, loiros, de olhos azuis. Muitos dos namorados de Rock também levavam uma vida dupla, tinham namoradas, noivas e alguns eram até casados. Esses jamais despertavam a curiosidade sobre suas sexualidades. Pareciam homens exclusivamente heterossexuais.

Rock Hudson tinha hábitos puramente associados aos hetéros. Ele era aquele tipo que gostava de se vestir com ternos elegantes, da melhor linha masculina do mercado. Suas casas tinham decorações fortes, em que um homem heterossexual se sentiria confortável. Nenhum sinal de cultura gay em seus móveis ou quadros. Ele também gostava muito de fumar. Nos anos 1950 isso ainda era considerado algo charmoso e elegante e o cigarro não era visto como algo negativo, pelo contrário, fazia parte do charme de ser uma estrela de cinema. Aliás os grandes astros de Hollywood faziam peças publicitárias de marcas de cigarro, algo que seria bem comum e encarado como normal até meados dos anos 1980. O próprio Rock costumava brincar dizendo: "Espero que os cientistas descubram logo que o cigarro faz muito bem à saúde, que mata todos os germes do corpo, pois adoro fumar". Era normal em sua vida o consumo de dois a três maços de cigarro por dia - um tipo de hábito que levou muitas pessoas à morte ao longo de todos esses anos. O próprio Rock seria diagnosticado com câncer em seus últimos meses de vida.

Outro problema que seguiu Rock Hudson por toda a vida foi a bebida. Rock foi um sujeito bom de copo. No começo da carreira ele ainda não tinha tomado tanto gosto pela coisa, mas conforme foi virando um astro de cinema, participando das muitas festas que Hollywood ia promovendo, seu consumo de álcool foi ficando fora de controle. Gostava de beber whisky puro, sem gelo, estilo conhecido como "cowboy". Entre as obrigações que um ator de sucesso tinha que cumprir na capital do cinema estava a de ser extremamente sociável, e isso significava participar de muitos jantares e festas com os donos de estúdios, premiações e banquetes. E nesse processo a bebida estava sempre presente. Fazia parte. Rock não se fez de tímido e se entregou de corpo e alma ao copo. O problema é que em pouco tempo isso se tornou um hábito que que ele não conseguia mais abandonar. Acabou se tornando alcoólatra.

Após uma viagem ao Brasil ao lado do diretor de publicidade da MGM, Tom Clark, Rock decidiu convidá-lo para ir morar ao seu lado no "Castelo" (o nome pelo qual sua mansão nas colinas de Hollywood era conhecida). Isso só fez aumentar seu consumo de bebidas diariamente. Clark era tão beberrão como Rock e tudo virava pretexto para que eles, todos os dias, ficassem bêbados. Tom Clark também entendeu que Rock estava com a carreira declinando. Para conseguir novos papéis era importante ele reviver sua intensa vida social. Deveria promover jantares e encontros em sua casa. Assim encontraria diretores e produtores nas festas. Isso foi bom, mas também trouxe mais uma desculpa para Rock encher a cara todas as noites.

Rock também se aventurava de vez em quando na cozinha, inventando de preparar jantares gourmets para seus amigos e amantes. Quase sempre dava errado, mas o importante era a diversão. O amigo George Nader relembrou em entrevistas que Rock gostava muito de preparar pratos diferentes, exóticos, mas sua vontade de fazer jantares com pratos finos esbarrava em sua própria falta de jeito para cozinhar! Além disso Rock era conhecido por queimar todos os pratos - dias de churrasco então era um terror! Rock gostava de beber antes de jantar e por isso atrasava o máximo possível o começo de suas refeições. O reflexo disso é que tudo terminava queimado e até pegando fogo! Certa vez durante um churrasco com amigos Rock teve que jogar um balde de água em cima da carne que estava literalmente pegando fogo!!!

Rock Hudson costumava dizer que três coisas lhe faziam feliz: O trabalho, a bebida e o sexo! Curiosamente não foi o trabalho, nem o cigarro e muito menos a bebida que iria destruir com sua vida, mas o sexo! Rock era gay e isso em uma época extremamente perigosa pois a AIDS ainda era uma doença desconhecida da medicina. O sexo era praticado sem proteção, e ninguém estava preocupado com DSTs. Como era rico e famoso, Rock teve muitos parceiros ao longo de sua vida, inclusive pessoas de San Francisco, a capital gay dos EUA, a primeira cidade onde o vírus realmente se espalhou, principalmente entre a comunidade gay local. Naquela época ser diagnosticado com AIDS era o mesmo que receber uma sentença de morte. Rock não conseguiu escapar da rápida proliferação da doença e menos de um ano depois de descobrir que tinha o vírus HIV estava morto. Seu legado foi ter assumido pouco antes de sua morte que era homossexual e que estava com AIDS. O escândalo criado fez a festa dos jornais sensacionalistas, mas também alertou as pessoas e fez com que autoridades públicas tomassem as devidas providências para que a nova doença fosse combatida. Um ato de coragem final que ajudou muitas pessoas ao redor do mundo, seja de forma direta ou indireta.

Pablo Aluísio.

Minha Fama de Mau

Nesta semana, o Brasil recebeu entristecido a notícia da morte do cantor e compositor Erasmo Carlos. Realmente foi uma perda para a música popular Brasileira, uma vez que ele foi um ícone e um dos artistas mais populares da chamada Jovem Guarda. Esse filme, baseado nas memórias do próprio cantor, foi lançado pela Globo filmes e foi reprisado ontem pelo Telecine, em homenagem à morte dele. Conta a história do jovem pobre da Tijuca que se apaixonou pelo rock durante os anos 50. Filho de uma mãe solteira que morava em um pequeno quarto de pensão, ele ousou sonhar em ter uma carreira artística. E foi atrás de seus sonhos, tentando seguir os passos de seus ídolos americanos como Elvis Presley e Bill Halley. O começo foi muito difícil como era de se esperar. Só que um dia, meio por acaso, ele recebeu a visita de um jovem atrás de letras de Elvis. O nome dele? Roberto Carlos. Esse encontro iria mudar a vida de Erasmo para sempre. 

Depois disso começou a participar de programas de rádio e aos poucos foi abrindo o próprio espaço para mostrar suas composições. O filme se concentra muito na fase da Jovem Guarda. Quem conhece a história de Erasmo Carlos sabe que ele não se resumiu a isso. Pelo contrário, ele fez discos muito bons, principalmente na década de 70. O filme, porém, não está muito preocupado em contar toda a sua história. Fatos polêmicos e controversos de sua vida são deixados de lado. O roteiro é muito mais focado nos seus anos ao lado de Roberto Carlos no famoso programa de TV. Tudo muito colorido, como convinha aos anos 60. Esse não é um erro do filme, mas sim uma escolha do seu diretor. Eu gostei do que vi e acho que é um um filme bem honesto como homenagem a uma vida dedicada a música. Certamente vai agradar aos fãs do Tremendão.

Minha Fama de Mau (Brasil, 2019) Direção: Lui Farias / Roteiro: Lui Farias / Elenco: Chay Suede, Gabriel Leone, Malu Rodrigues / Sinopse: O filme conta a história do cantor e compositor Erasmo Carlos. Ele fez muito sucesso e foi muito popular durante a década de 1960 no programa da rede Record, chamado Jovem Guarda. Depois, teve uma longa e produtiva carreira de parceria com Roberto Carlos em seus discos. Formando a dupla de compositores mais popular da história da nossa música.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Elvis Presley - Jailhouse Rock / Treat Me Nice

Seguramente esse single foi um dos maiores sucessos de vendas da carreira de Elvis Presley. Embora haja uma certa incerteza no número exato de cópias vendidas, estima-se que "Jailhouse Rock / Treat Me Nice" tenha vendido mais de 10 milhões de exemplares pouco depois após sua chegada nas lojas, o que foi um excelente número para a RCA Victor. Não tão expressivo como os 22 milhões de singles vendidos de "It´s Now Or Never", mas mesmo assim uma cifra robusta sob qualquer ângulo que se analise. Assim que chegou nas lojas o single vendeu absurdamente. Em poucos dias já estava na primeira posição da Billboard onde ficou por várias semanas reinando absoluto.

O nome Elvis Presley significava vendas certas, um nome de ouro para indústria fonográfica dos anos 1950. De fato, por essa época de sua carreira Elvis estava literalmente no topo do mundo. Seus discos vendiam como nunca, seus shows tinham lotação esgotada semanas antes da apresentação e ele emplacava uma carreira no cinema. Com tanto dinheiro entrando, Elvis resolveu sair de sua casa nos subúrbios de Memphis para comprar uma luxuosa mansão no mais puro estilo sulista de Graceland. Viver em sua residência anterior havia se tornado impossível pois não havia segurança nem para ele e nem para sua família. As fãs mais exaltadas estavam sempre pulando as cercanias da casa e procurando por privacidade Elvis resolveu então comprar a mansão Graceland por pouco mais de 100 mil dólares. Era uma forma de ter novamente privacidade.

Se Elvis estava ficando cada vez mais rico e famoso, o mesmo não se podia dizer de seu grupo musical. Scotty Moore e Bill Black estavam muito insatisfeitos com o que estava acontecendo. Embora estivessem no grupo musical mais famoso do mundo, o fato é que isso não significou uma melhora em seus padrões de vida. Eles ganhavam pouco e o Coronel Parker não parecia disposto a lhes dar um aumento de salário. Não havia retorno financeiro para eles e nem reconhecimento pelo trabalho que faziam. Bill Black, por exemplo, continuava a morar numa modesta casa de subúrbio em Memphis. Seu carro era de segunda mão e com família numerosa as contas não paravam de crescer.

Elvis havia sido leal com eles, mesmo com a pressão de Tom Parker para contratar outros músicos, mas a grana nunca chegava para os seus músicos. Elvis resolveu seguir com seu trio da época da Sun Records mas isso não significou uma melhoria de vida para todos eles. Para piorar os nomes deles sumiram dos discos. Na época da Sun os nomes de Scotty e Bill sempre eram creditados nos compactos, mas não na RCA. Apenas o grupo vocal de apoio The Jordanaires era creditado nas contracapas dos álbuns de Elvis. O resto era simplesmente ignorado. Em vista disso o ressentimento foi crescendo dentro do conjunto. O problema é que todas essas questões acabaram criando uma certa tensão entre todos eles. Os músicos liam no jornal que Elvis estava vendendo 10 milhões de cópias de um compacto como esse, mas suas vidas continuavam na mesma dureza de antes.

Elvis ficava cada vez mais milionário enquanto seus antigos colegas de banda continuavam com o mesmo salário dos tempos da Sun Records. Scotty Moore resumiu bem a situação: "Os vendedores de pipocas nos shows de Elvis ganhavam mais do que a gente. Era ridículo o nosso pagamento!". No fim das sessões de "Jailhouse Rock" Bill Black puxou Elvis de lado para expor os problemas. Elvis se mostrou surpreso com a situação e disse que falaria com o Coronel Parker sobre o que estava acontecendo com eles. O empresário tentou ainda escapar de um encontro direto com os rapazes o que adiou um pouco a saída deles, mas os Blue Moon Boys estavam mesmo com os dias contados. Bill Black participaria de apenas mais algumas sessões antes de abandonar definitivamente Elvis. Scotty Moore também estava prestes a desistir. Para piorar o serviço militar continuava no pé de Elvis e ele provavelmente não escaparia de servir o exército americano. Apesar de todo o sucesso e glória havia de fato muitas sombras no ar naquele momento. Porém o exército era uma realidade muito distante para Elvis e por isso ele seguia fazendo sucesso com seus discos e com seu novo filme a chegar nas telas, "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o sugestivo título de "O Prisioneiro do Rock".

Pablo Aluísio. 

The Beatles - Please Please Me - Parte 2

One, two, three, four... e assim começa os primeiros acordes de "I Saw Her Standing There". Os Beatles abrem seu primeiro disco com essa composição própria. Esse foi um diferencial importante para o quarteto inglês já que desde os primórdios sempre fizeram questão de compor suas próprias canções. Claro que sendo seu primeiro álbum ainda havia uma certa insegurança em lidar apenas com material escrito por eles mesmos, por isso há entre as faixas do disco alguns covers de outros artistas que os Beatles gostavam.

Essa fórmula inclusive se repetiria em seu segundo álbum "With The Beatles" e de certa forma seria descartada no disco "A Hard Day´s Night". Em relação a "I Saw Her Standing There" o que mais importante temos a dizer é que se trata daquilo que gosto de chamar de "música de palco". Aquele tipo de rock feito para levantar o público durante os concertos. Por isso a sequência numérica em sua introdução e a extrema vibração ao longo de todo o número.

Quando o álbum original saiu um dos destaques era a canção "Love Me Do". Essa música abria o antigo lado B do disco. "Love Me Do" é o verdadeiro estopim da carreira dos Beatles, a canção que os colocou no mapa. John e Paul a criaram ainda na Alemanha, por volta de 1958 ou 1959 (nem eles sabiam direito). Por anos a canção fez parte do repertório de shows do conjunto, afinal eles sempre tiveram especial orgulho de suas próprias composições. Quando pintou a primeira grande oportunidade de gravar em uma grande gravadora (a EMI) eles nem pensaram duas vezes e sugeriram a George Martin sua "obra prima" Love Me Do. A primeira gravação contou com Pete Best na bateria, mas Martin achou seu desempenho medíocre - o que indiretamente abriria o caminho para Ringo Starr entrar nos Beatles. Revista hoje em dia talvez possa ser considerada a mais pueril música do grupo, afinal de contas eles eram apenas garotos quando a criaram.

"P.S. I Love You" é aquele tipo de música que você tem a clara impressão que já ouviu antes, com outros artistas. Paul e John eram acima de tudo grandes fãs de música americana e assim eles de certa forma compilaram nessa canção alguns clichês que faziam parte do repertório dos principais grupos que gostavam e ouviam. Derivativa, mas muito charmosa, "P.S. I Love You" vence a luta contra o lugar comum por causa de sua bela melodia e pelos bons arranjos vocais que a acompanham desde o começo. Aqui não há muito o que discutir pois é uma composição de Paul McCartney que já demonstrava desde muito cedo ser um letrista excepcional para canções e baladinhas românticas. Também é uma velha conhecida dos fãs do grupo já que os Beatles a usaram de forma exaustiva nos palcos de Liverpool antes de sua gravação. Acabou sendo escolhida por isso para ser o lado B do single inglês "Love Me Do" por George Martin.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

10 Curiosidades - Os Filhos de Katie Elder

10 Curiosidades - Os Filhos de Katie Elder
1. John Wayne contraiu pneumonia durante as filmagens. Com dificuldades de respiração o estúdio contratou um médico particular para o ator. Uma pequena unidade de tratamento também foi instalada, com equipamentos de oxigênio para ajudar na recuperação de Wayne.

2. Durante uma das cenas o espectador consegue ouvir um garotinho chamando "dad" (pai) em relação a Wayne. O menino que chama ele é o seu próprio filho, Ethan Wayne, que acompanhou John durante as filmagens da produção. O diretor Henry Hathaway não percebeu o problema e o erro acabou indo para a versão final. Acabou sendo mais uma gafe famosa em um grande filme de Hollywood.

3. O roteiro foi inspirado numa história real envolvendo os irmãos Marlowe, que viveram no século 19, no Colorado. Praticamente toda a premissa do enredo, com a morte da matriarca, foi realmente um fato histórico real.

4. Dean Martin elogiou a atuação de John Wayne no filme. Mesmo doente o ator trabalhou muito bem, não passando ao espectador que ele teria enfrentado problemas de saúde durante a produção. Sobre isso Martin declarou: "John Wayne estava doente. Ele poderia simplesmente deixar o filme de lado, sentindo pena de si mesmo. Ao contrário disso enfrentou as filmagens com uma garra que me deixou admirado. Ele era um sujeito muito corajoso, de se admirar".

5. O ator Tommy Kirk foi demitido pelo estúdio após ser preso com porte de drogas. A polícia localizou no carro dele alguns cigarros de maconha.

6. As filmagens começaram em outubro de 1964, mas só chegaram ao fim em janeiro de 1965.

7. Durante o tratamento da pneumonia, John Wayne recebeu uma notícia devastadora. Os exames detectaram que ele tinha câncer de pulmão! Foi um choque, principalmente porque John não desconfiava que sofria da doença. Fumante inveterado que chegou até mesmo a fazer comerciais de cigarro, ele estava sofrendo da terrível doença justamente por causa de seu hábito de fumar até duas carteiras de cigarro por dia.

8. A doença de John Wayne foi escondida do público, mas toda a equipe técnica do filme ficou sabendo que o ator havia sido diagnosticado com câncer. George Kennedy ficou surpreso ao perceber que mesmo após saber que estava com câncer de pulmão o ator continuou fumando cigarros tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

9. Depois que descobriu que estava com câncer, o ator John Wayne sugeriu ao diretor Henry Hathaway que ele contratasse Kirk Douglas para substitui-lo. A sugestão de Wayne foi recusada.

10. Antes de contratar John Wayne o estúdio pensou contratar o ator Charlton Heston para seu papel. O convite não foi aceito por Heston porque ele já havia assumido compromissos com outros filmes.

Pablo Aluísio.

Os Filhos de Katie Elder

Eu me recordava de ter assistido "Os Filhos de Katie Elder" na minha infância. Ainda me lembrava de algumas pequenas coisas do enredo, como o próprio fato da reunião dos irmãos para descobrir o que tinha acontecido nas mortes de seu pai e sua mãe. E era só isso mesmo de que tinha lembrança. Hoje resolvi rever o filme (na verdade praticamente assistir algo inédito já que não me recordava de muita coisa). Obviamente o clima de nostalgia bateu forte pois esse filme me lembrou dos grandes filmes que passavam na antiga Sessão da Tarde. Infelizmente nos dias de hoje só filmes fracos são exibidos, mas nas décadas de 70 e 80 era bem diferente. Devo dizer que esse é um bom western dos anos 60. Não é uma obra prima como "Bravura Indômita", por exemplo, (embora seja o mesmo diretor) mas mantém o interesse e é muito bem roteirizado (curiosamente o roteirista do filme, Allan Weiss, escreveu muitos roteiros de filmes para Elvis Presley na Paramount).

O grande destaque fica no relacionamento dos irmãos. Os filmes de Wayne tinham muito isso, não eram apenas westerns com puro bang bang, pelo contrário, havia uma preocupação em criar um conteúdo para os personagens. Isso também acontece nesse filme. Embora Katie Elder esteja morta vamos descobrindo por depoimento dos demais personagens do filme todas as nuances de sua vida, como ela era, do que gostava, o que desejava para os filhos. Não é todo faroeste que tem esse tipo de cuidado em seu roteiro. Como não poderia deixar de ser a dupla central dos atores domina o filme. John Wayne aqui em um papel mais interessante, pois é um pistoleiro fora da lei. Dean Martin também está muito bem em seu personagem, pena que dessa vez não cantou nenhuma música, talvez pelo tom mais sério do filme. Enfim, longe de ser apenas um western de rotina, "Os Filhos de Katie Elder" é um bom programa para quem quer relembrar dos bons faroestes do passado. Ah que saudade desses tempos que não voltam mais!

Os Filhos de Katie Elder (The Sons of Katie Elder, Estados Unidos, 1965) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: William H. Wright, Allan Weiss / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Martha Hyer, Michael Anderson Jr. Earl Holliman / Sinopse: Após a morte da matriarca da família Elder seus quatro filhos resolvem se reunir novamente para vingar seu assassinato. Juntos buscarão por vingança em nome de sua querida mãe, Katie Elder.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 30

Em 1954, uma equipe de Hollywood entrou em um avião e foram todos juntos para Alberta, no Canadá. Eles tinham o objetivo de filmar um faroeste nas belas reservas naturais daquela região. O elenco era estrelado pela atriz Marilyn Monroe e por Robert Mitchum. Ele era considerado um galã fora de rota. Um anti-herói, na verdade. Não fazia pose e assumia suas opiniões, inclusive em relação ao uso da maconha. Mitchum assumia publicamente que era maconheiro, e dizia que não havia nada de errado em fumar um pouco de erva de vez em quando. Isso lhe valeu problemas com a lei. Ele foi processado e passou até mesmo algumas semanas numa cadeia na Califórnia. Só que nada disso o dobrou. Ele continuou do mesmo jeito. E por incrível que pareça, isso não destruiu sua popularidade, muito pelo contrário, ele ficou mais popular ainda. 

Para Marilyn Monroe, aquele seria um raro filme de faroeste em sua carreira. A produção se chamou "O Rio das Almas perdidas". Havia sequências em um rio de fortes correntezas. E Marilyn passou sufoco ao filmar essa cena. Sua balsa afundou no meio do rio selvagem. Ela estava com botas de cowgirl, e essas botas logo ficaram cheias de água. Assim, ela acabou sendo puxada para baixo e só não morreu afogada porque a equipe de dublês a ajudou de forma imediata. Para Marilyn, foi um susto e tanto, mas valeu a experiência. 

Joe DiMaggio ficava ao redor acompanhando as filmagens enquanto pescava com um amigo. Ele era morto de ciúme de Marilyn, estava sempre preocupado com Robert, que estava obviamente seduzindo a sua esposa. O ator estava mesmo querendo levar Marilyn para a cama, e isso causava uma certa tensão sexual no set de filmagens. Para a equipe de Hollywood, tudo soava como um divertimento a mais. Uma coisa engraçada. Robert às vezes fugia do controle, dizia abertamente a Marilyn para todos ouvirem: "Ei, boneca, vamos ali no meio do mato, vamos resolver uns probleminhas". DiMaggio ficava furioso com isso. E todos riam. 

Obviamente que Robert e Joe DiMaggio não se deram bem. O ator até dava bom dia ao marido de Marilyn, mas esse geralmente respondia com grunhidos. Anos depois, Robert Mitchum diria que conhecia bem aquele tipo de italiano machista e ciumento. Ele acertou em cheio ao prever que Marilyn iria acabar sendo vítima de violência doméstica em suas mãos. Não deu outra, o casamento iria acabar justamente porque Joe iria bater em Marilyn após as filmagens ousadas do filme "O Pecado Mora ao Lado". Justamente a famosa e inesquecível cena da saia branca levantada com o vento do metrô abaixo de Nova Iorque. "O Rio das Almas perdidas" acabou se tornando um sucesso. Robert Mitchum continuou com suas frases polêmicas. E Marilyn Monroe, como todos sabemos, se tornou uma deusa da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

Crônicas de Marlon Brando - Parte 30

O Poderoso Chefão foi um grande sucesso de público e crítica. É um filme realmente inovador e que marcou o cinema. Quando chegou a época do Oscar, todos já sabiam que havia um favorito na disputa. E como era previsto, o filme levou todas as principais categorias. Entre elas, para surpresa de ninguém, o prêmio de melhor ator para Marlon Brando. Para muitos jornalistas, era a forma de Hollywood se reconciliar com um dos seus maiores nomes da atuação. Todos esperavam que a noite de entrega seria uma grande festa de celebração e reconciliação. Entretanto, se Hollywood queria fazer as pazes com Marlon Brando, ele não estava tão disposto assim a estender a sua mão. 

As coisas começaram a ficar estranhas quando o próprio Marlon Brando decidiu não ir na festa de premiação. Quando seu nome foi lido no palco como vencedor todos ficaram surpresos, pois o ator havia mandado uma jovem nativa ou pelo menos uma atriz vestida de indígena. Na realidade, foi a forma que Brando encontrou de criticar Hollywood pela forma como os nativos americanos eram retratados na tela. Ela levou ao palco um discurso escrito pelo próprio Marlon Brando, mas ficou tão nervosa que não conseguiu ler o seu conteúdo. A reação do público presente foi mista. Alguns aplaudiram e outros ficaram completamente atônitos. 

John Wayne ficou furioso nos bastidores. Ele gritou atrás do palco que aquilo era um absurdo. Afinal, ele era o grande cowboy dos filmes de faroeste, onde índios eram retratados como vilões e morriam em grande quantidade nas cenas de seus filmes. Assim, Wayne ficou particularmente ofendido pelo que Marlon Brando fez naquela noite. De qualquer forma, o Oscar foi entregue para a jovem representante que o recusou. No dia seguinte só se falava isso na imprensa mundial. Só que Marlon Brando se recusou a dar qualquer entrevista. 

Para amigos próximos o velho rebelde dizia que Hollywood era uma pocilga de hipocrisia. Disse que os produtores eram idiotas e que havia muitas prostitutas no meio. Hollywood era o pior tipo de lugar para se estar. Para falar a verdade, Brando não gostava nem ao menos de ficar em sua casa em Los Angeles. Ele preferia ir para os mares do sul, para sua ilha particular. E no meio do furacão da imprensa da recusa de seu Oscar, ele decidiu finalmente pegar um avião e ir embora para a Polinésia. Deixou o circo pegando fogo e foi embora. O seu desprezo por Hollywood não tinha acabado, pelo contrário, só tinha aumentado.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de novembro de 2022

Clifford, o Gigante Cão Vermelho

Começou com um livro infantil para crianças pequenas. O personagem é um cãozinho filhote, mas com algumas diferenças essenciais. Ele é vermelho. E da noite para o dia, fica gigante. Vamos ser sinceros, o que seria mais legal para uma criança do que um filhotinho gigante de cão? E ainda vermelho? O livrinho foi lançado e se tornou uma febre nos Estados Unidos e na Europa. Daí era de se esperar mesmo que os estúdios em Hollywood viessem a aproveitar esse novo nicho. E assim realizaram esse filme que se pode dizer que é bem simpático. Me lembrou, de certa forma, filmes antigos dos anos 80 com bastante fantasia. Os efeitos especiais são bem legais. O filhotinho cresce até 3 m de altura.

Imagine também que uma indústria corporativa queira colocar as mãos nele. Eles acham que aquele filhotinho tem alguma mudança genética importante que mereça ser estudado. Cientistas malvados. O filme ganha pelo teor da fantasia e pelo roteiro de diversão infantil. Nada muito além disso. É um filme mesmo para a criançada ali na faixa dos 6 a 8 anos de idade. Esses certamente vão gostar. Provavelmente virá uma onda de lançamentos no Brasil, pois acredito que esse cãozinho não é muito conhecido por nossas crianças. É a tal coisa. A indústria cultural precisa se renovar sempre. E a criançada é uma parcela importante desse mercado. No saldo geral, é um filme bobinho, mas divertido e que vale a pena. Ideal passar para os pequeninos de férias escolares. Com um personagem tão carismático, certamente eles não vão ficar indiferentes.

Clifford, o Gigante Cão Vermelho (Clifford the Big Red Dog, Estados Unidos, 2021) Direção: Walt Becker / Roteiro: Jay Scherick / Elenco: Darby Camp, Jack Whitehall, Izaac Wang / Sinopse: O filme mostra o amor e a amizade de uma garotinha por seu pequeno cão de estimação. Tudo estaria normal, a não ser pelo fato de que o cãozinho começa a crescer de forma desproporcional e descontroladamente. Causando muitas confusões.

Pablo Aluísio.

Os Caras Malvados

Essa animação fez muito sucesso. Algo que surpreendeu muita gente. Chegou ao primeiro lugar entre os filmes mais assistidos na semana de estreia. Na segunda semana repetiu o mesmo sucesso. O que poderia explicar isso? Depois da pandemia, os estúdios ficaram meio desorganizados tanto na produção de filmes como na distribuição dos mesmos. Assim, as salas de exibição nos Estados Unidos e no mundo ficaram com certo vácuo de novos filmes. Em certas semanas, não havia nenhum grande filme para estrear. O estúdio de Steven Spielberg produziu esse filme e viu que havia uma oportunidade ali. E lançou essa animação em uma semana em que não havia nenhum grande filme de nenhum outro grande estúdio estreando. E deu no que deu. O filme chegou ao primeiro lugar entre os mais assistidos. Claro que foi uma boa notícia para a companhia cinematográfica de Spielberg. Há tempos que eles investem no ramo da animação. E um sucesso sempre é bem-vindo. 

Um aspecto curioso é que não se trata de uma franquia de forte apelo popular. É um filme novo, com personagens novos que o público não conhecia. E tem um roteiro esperto, bem desenvolvido. Foge de certa maneira dos clichês de gênero. Quem gosta de animações também não terá do que reclamar. Os personagens são bacanas e o ritmo ágil da história não deixa a peteca cair. Além de tudo, tem um vilão caricato que se faz de bonzinho, mas que se revela vil. Um porquinho da Índia, quem diria. Enfim, o filme tem o pacote completo.

Os Caras Malvados (The Bad Guys, Estados Unidos, 2022) Direção: Pierre Perifel / Roteiro: Aaron Blabey / Elenco: Sam Rockwell, Marc Maron, Awkwafina / Sinopse: Wolf e seu bando vivem de golpes e crimes na grande cidade onde vivem. Depois de mais um roubo bem-sucedido ao banco, eles decidem colocar as mãos em um prêmio valioso para a cidade. Não vai ser fácil, mas eles topam o desafio.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de novembro de 2022

Elvis Presley - Loving You - Parte 5

Lançado em 1957, a trilha sonora do filme Loving You foi um grande sucesso de vendas. A RCA Victor fez uma aposta com o lançamento desse disco. Quis testar o mercado para saber se álbuns de filmes com Elvis Presley seriam viáveis comercialmente. Acabou dando muito certo. Curiosamente, a gravadora sempre ficaria um passo atrás em relação a isso. A próxima trilha sonora de Elvis seria lançada no sistema EP, de compacto duplo. Foi uma visão muito conservadora. Se Loving You tinha sido tão bem-sucedida, por que não seguir no mesmo caminho? De qualquer forma, a RCA continuaria lucrando com esse material. Dividiu posteriormente o álbum em dois compactos duplos, que também foram grandes sucessos de vendas. Cada um desses compactos duplos trazia 4 músicas do disco. Todo mundo ficou satisfeito em relação às vendas. 

O filme também foi bem-sucedido nas bilheterias. Por essa época, vários estúdios de Hollywood estavam produzindo filmes sobre o tema rock and roll. Esses filmes traziam um festival de cantores da época, como Little Richard, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, etc. Elvis foi convidado para participar de alguns desses filmes, mas o Coronel Parker disse não. Para Parker, Elvis só poderia aparecer em seus próprios filmes, nada de ser coadjuvante em filmes com outros artistas. Isso dava uma noção bem clara do que o empresário de Elvis Presley queria para ele na carreira no cinema. 

O diretor de Loving You afirmaria anos depois que Elvis tinha pretensões de ser um novo James Dean em Hollywood. Tanto isso é verdade que ele pediu ao diretor que não colocasse muitas cenas em que seu personagem estaria sorrindo. O diretor ficou surpreso com a sugestão de Elvis e perguntou qual seria a razão disso. Elvis disse a ele que havia assistido vários filmes com Marlon Brando e James Dean. E que nesses filmes os atores não sorriam muito, estavam sempre de cara séria, de cara amarrada. O diretor, então, entendeu qual era a intenção de Elvis. 

A crítica de cinema viu o filme apenas como meio promocional para Elvis. Era uma produção da Paramount, então havia de tudo do bom e do melhor que o estúdio poderia oferecer. Porém, o roteiro foi criticado. O filme era apenas uma mera desculpa para Elvis cantar em cena. Esse tipo de crítica iria se repetir em todos os demais filmes que ele iria fazer em Hollywood. Havia sim um fundo de verdade sobre isso. Entretanto, os estúdios de cinema não queriam mais um ator dramático. Os produtores queriam faturar em cima da fama de Elvis e ele era o cantor mais popular do mundo. Nada mais natural do que colocar o astro da música para cantar nos filmes.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Please Please Me - Parte 1

Vamos começar a analisar o primeiro álbum dos Beatles. A música título Please Please Me foi escrita pela dupla Lennon e McCartney, inicialmente essa música tinha uma pegada à la Roy Orbison. Era chorosa e com ritmo bem delicado, quase parando. George Martin ouviu a música nesse estilo e não gostou. Na verdade, ele queria que os Beatles gravassem outra música naquele dia.

Os rapazes, porém, insistiram em gravar uma composição própria e não "How Do You Do It", a preferida do produtor. Sob sugestão de George Martin finalmente chegaram um consenso. Os Beatles aceitavam acelerar mais a velocidade da música e em contrapartida George Martin topava colocar a canção como carro-chefe do próximo single dos Beatles. E assim foi feito. É um dos grandes clássicos do grupo, embora o tempo a tenha deixado um pouco datada hoje em dia.

Do You Want To Know A Secret? foi uma canção escrita por Paul e John baseado no famoso clássico Disney "Branca de Neve e os Sete Anões". Fazia parte das memórias afetivas de Lennon, pois sua mãe Julia costumava cantar as canções do filme para ele quando ia dormir. Embora seja tão pessoal, Paul também contribuiu muito, criando inclusive o pegajoso refrão. No estúdio eles acabaram por se decidir em dar a música para George Harrison cantar. Inicialmente Paul a gravaria, mas John achou por bem que todos os membros do grupo tivessem ao menos uma música como vocalista principal nos discos dos Beatles.

Muitos anos depois, um pouco irritado com George Harrison por causa dos problemas com a Apple, John afirmou com sua conhecida veia mordaz que havia dado a música para Harrison cantar como uma "espécie de esmola" já que ele não era considerado um bom cantor pelo restante do grupo. Segundo Lennon Do You Want To Know A Secret tinha apenas três notas e ele (George Harrison) "não era o melhor cantor no mundo".

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Guia de Episódios - Edição 10

Sandman vai ao inferno. Em uma frase, podemos resumir o que acontece nesse episódio (A Hope in Hell). Ele vai ao inferno em busca de seu Elmo, um dos instrumentos que lhe dá poder no mundo espiritual. Só que esse Elmo pode estar nas mãos de qualquer um dos demônios que infernizam aquele vale de lágrimas. Então, Sandman resolve pedir ajuda ao próprio Lúcifer, a Estrela da manhã, o anjo caído que outrora foi o mais glorioso do Reino de Deus. Agora ele lidera como imperador no inferno, no meio das chamas. Lúcifer localiza o demônio que está com o Elmo. Só que esse resolve colocar o próprio Lúcifer em combate frontal, com Sandman. 

O mais curioso é que não se trata de uma luta física. Afinal, não faria sentido, pois são seres espirituais. A coisa se dá mais ou menos no nível intelectual e filosófico. E eu achei realmente muito boa essa ideia, gostei bastante. Sandman recupera mais um dos seus instrumentos vitais para reconstruir seu próprio reino. Dizem que esse episódio sofreu por falta de um orçamento maior, mas eu não senti isso. Achei o design e a direção de arte de bom gosto. Não teria do que reclamar daquele que foi um dos episódios mais interessantes dessa série, que por si só é muito satisfatória.

E por falar em inferno, assisti a mais um episódio de Dahmer: Um Canibal Americano. Esse episódio (Doin' a Dahmer) recria seu primeiro crime. Jeffrey Dahmer foi um jovem abandonado pelos pais, que passou a morar sozinho. Tinha tendências homossexuais desde adolescente. Dirigindo por uma estrada deserta, acabou encontrando um jovem que pediu uma carona. Esse jovem estava indo em em direção a um show de rock.  Dahmer logo o convidou para ir para sua casa fumar maconha, ouvir alguns discos, curtir. E tudo corria mais ou menos bem nessa malícia gay. 

Só que quando o rapaz pediu para ir embora, Dahmer perdeu o controle. O matou com um peso de fazer exercícios. Foi seu primeiro homicídio. Curiosamente, Dahmer iria ficar 9 anos no armário. Ele não mataria nesse período. Depois de tudo, de todo esse tempo, e vendo que não foi procurado pela polícia, nem pagou pelo crime, ele entrou naquele frenesi homicida que acabaria dando origem à sua série de crimes inomináveis. Dahmer é um dos grandes sucessos da Netflix em sua história. Cada episódio foi assistido por milhões de pessoas. É um sucesso absoluto que nasceu da história de um dos mais infames assassinos em série da história.

Pablo Aluísio.

Guia de Episódios - Edição 9

O Livro de Boba Fett
Assisti aos dois últimos episódios da série. Essa série vinha mal. Criticada ferozmente tanto pelos fãs de Guerra nas Estrelas, como também pela crítica especializada nos Estados Unidos. Não eram críticas em vão. Realmente estava bem ruim. Eu mesmo pensei em abandonar a série no meio. Ouvindo todas as reclamações, a Disney resolveu intervir. Contratou uma nova equipe de roteiristas. E fez mudanças. A mais notória delas foi a mais apelativa. Trouxeram personagens queridos do universo de Star Wars. Tudo para revitalizar a audiência dessa série. Assim trouxeram de volta o Mandaloriano, Luke Skywalker e como não poderia deixar de ser, o Baby Yoda. 

O Baby Yoda é um dos produtos mais lucrativos da Disney atualmente. É um produto realmente perfeito. Vende bonecos, vende brinquedos e se tornou uma febre entre as crianças. Tudo o que a Disney queria. Esse penúltimo episódio segue nessa toada. Sumiram até mesmo com Boba Fett, que deveria ser o personagem principal de sua série. Como ele teve pouco carisma e não criou um vínculo com o público, ele foi deixado meio de escanteio. Na realidade, esse penúltimo episódio (Chapter 6: From the Desert Comes a Stranger) é uma verdadeira revitalização do Mandaloriano. Tudo para trazer audiência e salvar a série do Boba Fett do ostracismo e do fracasso comercial. 

O último episódio (Chapter 7: In the Name of Honor) segue na mesma linha. Só que aqui investiram pesado em efeitos especiais. Há uma grande Batalha envolvendo o grupo de Boba Fett e os vilões. Uma briga brutal envolvendo até mesmo monstros da areia. Em termos de efeitos especiais, porém, o que mais vale a pena são os estranhos equipamentos de guerra que mais se assemelham a escorpiões e aranhas. Pura diversão, ficou muito legal. E para quem gosta de referências cinematográficas, que tal aquele mostrengo alienígena que tem a cara do Clint Eastwood? Ele também é rápido no gatilho e faz duelos ao estilo faroeste. Enfim, nesses dois últimos episódios, acertaram na mosca, finalmente. Não haverá, prevejo, uma segunda temporada de Boba Fett. A Disney vai investir em uma nova temporada do Mandaloriano que deu muito certo. As coisas assim vão se adaptando ao gosto do público.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Olhos Famintos: Renascimento

Esse é o quarto filme da franquia Olhos Famintos. Como se sabe, esse monstro aparece de 23 em 23 anos. E quando ressurge, caça durante 23 dias. Caça seres humanos, é claro. Agora ele está de volta e encontra um festival de fãs de contos e filmes de terror. Todo mundo vestido com cosplay de monstros. Assim, ele poderia até mesmo andar no meio daquela gente, sem ser percebido. É claro que o roteiro tira uma boa casquinha desse tipo de situação. E é feito até mesmo um prêmio para os participantes. O vencedor vai passar uma noite na velha casa abandonada, onde no passado essa mesma criatura matou sem piedade. Já deu para perceber para onde o roteiro vai, não é mesmo? A mesma fórmula de sempre, o que não é necessariamente negativo. Jovens indo para o abate para esta criatura alada que parece ser uma mistura de vampiro com gárgula medieval. 

Eu até gosto desses filmes da linha Olhos Famintos. Eu sou da opinião que filmes com monstros sempre devem existir. Faz parte da história do cinema. Basta lembrar dos monstros clássicos da Universal. Esse tipo de filme não pode deixar de ser lançado. É uma tradição cinematográfica. E esses filmes de Olhos Famintos são bem realizados. Entregam tudo que os fãs de terror querem ver nesse tipo de produção. Um monstro com design legal, bem realizado e bem feito. Jovens sem muita perspectiva sendo devorados pelo bichano. E o suspense, que geralmente é bem construído. Para um Olhos Famintos 4, não está nada mal.

Olhos Famintos: Renascimento (Jeepers Creepers: Reborn, Estados Unidos, 2022) Direção: Timo Vuorensola / Roteiro: Sean-Michael Argo / Elenco: Sydney Craven, Imran Adams, Jarreau Benjamin / Sinopse: A criatura alada ressurge das trevas. Ele está na Louisiana, onde um festival de fãs de filmes de terror está celebrando uma noite de halloween. O prato está servido à mesa. E ele está faminto, pois está há 23 anos sem devorar seres humanos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Em Defesa de Cristo

Um jornalista ateu descobre surpreso que sua esposa se converteu ao cristianismo. Por essa razão, ele resolve pesquisar mais a fundo a história da própria religião. Ele quer provar que tudo não passa de uma grande fraude perpetuada ao longo dos séculos. Só que, conforme vai pesquisando e descobrindo argumentos de livros novos, ele vai se convencendo justamente do contrário. Ele começa a acreditar que pode ter havido algo espetacular na história daquele judeu que viveu do século I. A história do Nazareno pobre que acabou se tornando o personagem mais conhecido e falado de toda a nossa era. E tudo isso o deixa estupefato, uma vez que ele tinha plena certeza que não existiria nada, nem Deus, nem Jesus, nem absolutamente nada. 

Esse filme, como se pode perceber, tem um lado. O lado das pessoas que nutrem alguma fé. O protagonista ateu é apenas um instrumento narrativo para convencer o espectador de que ele estaria completamente errado em suas convicções. Temos assim um roteiro evangelizador acima de tudo. Uma produção feita para o público evangélico americano. Eu gostei do filme. O fato dele ser ambientado na década de 70 traz um aspecto mais interessante em termos de produção. Agora, o que achei frágil mesmo foi o conjunto de argumentos usados para provar a existência de Deus no filme. Eu conheço pelo menos uns dez argumentos bem melhores do que os que são apresentados no filme. Faltou a esse roteiro uma pesquisa melhor em busca de argumentos mais convincentes sobre essa questão. Não acredito que o filme vá converter nenhum ateu, mas pelo menos vai acalentar a crença daqueles que já a possuem.

Em Defesa de Cristo (The Case for Christ, Estados Unidos, 2017) Direção: Jon Gunn / Roteiro: Brian Bird / Elenco: Mike Vogel, Erika Christensen, Faye Dunaway / Sinopse: Jornalista ateu tenta convencer a esposa de que o cristianismo é uma grande farsa histórica. Para trazer bons argumentos, ele começa uma longa pesquisa. E nem tudo acaba saindo como ele queria.

Pablo Aluísio.

O Impossível

Filme novo do velho filão cinematográfico do cinema catástrofe. Aqui temos uma história real. Uma família norte-americana decide passar férias em uma ilha do sudeste asiático. Resort de luxo, hotel 5 estrelas. Muita natureza e piscinas maravilhosas. Mar com águas cristalinas de azul maravilhoso. O símbolo do Paraíso na Terra. Tudo começa bem, eles são bem recebidos e curtem vários dias de descanso e lazer. Só que não contavam com a fúria e a destruição da própria natureza. Um tsunami imenso chega aonde estão hospedados. E as ondas gigantes levam tudo por onde passam. É Claro que se torna uma grande tragédia humana e material. O hotel é destruído, as árvores são arrancadas. Não sobra pedra sobre pedra. 

O marido é interpretado pelo ator Ewan McGregor. Ele perde os filhos de vista assim que tsunami chega na ilha. A esposa, interpretada pela atriz Naomi Watts, ainda tenta se salvar de qualquer maneira. Acaba encontrando um garotinho perdido no meio da destruição. E fica desesperada em busca dos 2 filhos que também tentam sobreviver. O filme é muito bem realizado, é muito bem-produzido. É uma daquelas produções que, podemos dizer, captou bem o momento dessa passagem desse tsunami. Um aspecto interessante é que, apesar de todos os acontecimentos do filme, o roteiro ainda apresenta um final feliz. Feliz em termos, claro, mas diante da enorme tragédia que se sucedeu, acredito que não poderia ser melhor do que aquele. Assista ao filme, vale realmente a pena.

O Impossível (The Impossible, Estados Unidos, Espanha, 2012) Direção: J.A. Bayona / Roteiro: Sergio G. Sánchez, María Belón / Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland / Sinopse: Uma família de turistas norte-americanos acaba sendo atingida pela passagem de um tsunami em uma ilha paradisíaca no litoral da Tailândia. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

O Sobrevivente

O filme se passa em um tempo em que uma grande pandemia mundial matou milhões de pessoas. Isso praticamente significou a queda da civilização tal como a conhecemos. Mas eis que surge uma jovem que parece ter imunidade ao vírus que se espalhou mundo afora. Ela pode ser a chave para a cura desta nova doença. Acaba indo parar na fazenda de um rancheiro solitário, interpretado por Jonathan Rhys Meyers. Ele tenta levar adiante aquela propriedade, mesmo sabendo que será tudo em vão, mais cedo ou mais tarde. O problema é que a garota também é alvo de perseguição por fanáticos extremistas. Entre eles está um pastor enlouquecido e alucinado, interpretado por John Malkovich. Ele colocou na cabeça que Deus o enviou em uma missão de salvação do mundo. Ele deve encontrar a jovem imune e ter um filho com ela. Esse filho será o Salvador da humanidade, o novo Messias.

Esse pastor enlouquecido é rodeado por um grupo de seguidores fanatizados, armados até os dentes. Olha só, me lembrou até mesmo de certos líderes religiosos aqui no Brasil. Pois bem, ele parte pra cima do rancheiro e da garota. E assim se trava uma luta de muita violência. Eu não diria que esse filme é ruim, mas eu diria que ele é bem banal. A boa premissa se perde rapidamente. O filme se mostra arrastado em certos momentos. O roteiro é preguiçoso. A partir de determinado momento tudo se resume em uma luta entre os personagens. Não há muita originalidade. No final o que sobra é um filme que desperdiça uma boa premissa em troca de nada.

O Sobrevivente (The Survivalist, Estados Unidos, 2021) Direção: Jon Keeyes / Roteiro: Matthew Rogers / Elenco: Jonathan Rhys Meyers, John Malkovich, Ruby Modine / Sinopse: Em um mundo devastado por uma pandemia mundial, um fazendeiro, uma garota em perseguição e um grupo de religiosos insanos travam uma luta de vida ou morte. 

Pablo Aluísio.