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sábado, 20 de maio de 2023

Imagine

Imagine
Em 1972 Yoko Ono decidiu fazer uma série de filmagens mostrando ela e seu marido John Lennon em pequenas sequências ou cenas. A ideia inicial dela seria transformar o material em curtas, só que depois de um tempo ela desistiu desse projeto inicial. Para não perder o material filmado, Yoko então decidiu reunir tudo em um longa, usando as músicas de John Lennon para o disco "Imagine" como trilha sonora. Até que ficou muito bom o resultado final. Sáo pequenos momentos, como John e Yoko passeando numa praça, ouvindo o planeta Terra, fazendo pequenos exercícios conceituais bem de acordo com a arte de vanguarda de Yoko.

Grande parte das cenas também foram filmadas na grande mansão de John nos arredores de Londres; A mesma casa onde os Beatles fizeram seu último ensaio de fotos, sendo que algumas dessas fotos foram usadas na capa e contracapa do disco Hey Jude. No final de tudo, ficam as boas músicas de John e a nítida impressão de que esse homem era perdidamente apaixonado pela Yoko. Alguns momentos mostram bem isso, como quando John lambe a sola do sapato de sua amada japonesa. Demonstração maior de adoração certamente você não vai encontrar por aí. Por fim, não vá confundir esse filme de 72 com outro, de mesmo título, lançado alguns anos após a morte de Lennon. São filmes diferentes. 

Imagine (Reino Unido, 1972) Direção: Yoko Ono, John Lennon / Roteiro: Yoko Ono, John Lennon / Elenco: John Lennon, Yoko Ono, George Harrison, Jack Palance, Fred Astaire / Sinopse: Filme, em formato de clipes, mostrando aspectos da vida do casal Lennon e Ono, em Londres e em Nova Iorque. No elenco algumas participações especiais de veteranos da Hollywood clássica. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Morte sem Glória

Título no Brasil: Morte sem Glória
Título Original: Attack
Ano de Lançamento: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Robert Aldrich
Roteiro: Norman Brooks
Elenco: Jack Palance, Lee Marvin, Eddie Albert, Robert Strauss,Richard Jaeckel, Peter van Eyck

Sinopse:
Em 1944, uma companhia de infantaria americana monta um posto de observação de artilharia, mas as tensões entre o capitão Cooney e o tenente Costa aumentam. Dessa maneira, os dois combatentes não precisam apenas vencer o inimigo alemão, mas também a si mesmos no campo de Batalha.

Comentários:
Clássico filme de guerra com ótimo elenco. Aqui só temos a nata dos atores casca grossa da era de ouro do cinema americano de guerra. Liderando o elenco, temos Jack Palance, que muito sucesso fez na época. Com gestos violentos e rudes e rosto de granito dinamitado, ele se destaca completamente em seu papel. Está literalmente possesso nessa interpretação. O outro destaque vem com a presença de Lee Marvin. Outro durão irremediável do cinema. Juntos, eles protagonizam esse filme que é realmente muito, muito bom. O equipamento militar usado no filme foi usado na Segunda Guerra Mundial. Afinal essa produção foi finalizada apenas 11 anos depois do fim da guerra. Assim, quem gosta de história militar vai ter um prato cheio para ver os tanques originais. As cenas de combate também são muito bem realizadas. Curiosamente, o diretor era mais espert em filmes de Faroeste. Só que aqui se sai muito bem também. Enfim, deixo a recomendação para quem gosta desse tipo de filme.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Os Violentos Vão Para O Inferno

Título no Brasil: Os Violentos Vão Para O Inferno
Título Original: Il mercenario
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Espanha
Estúdio: Produzioni Europee Associati (PEA)
Direção: Sergio Corbucci
Roteiro: Giorgio Arlorio, Adriano Bolzoni
Elenco: Franco Nero, Jack Palance, Tony Musante

Sinopse:
Na fronteira entre Texas e México domina um poder corrupto e opressor, principalmente em relação aos mexicanos, tratados como cidadãos de segunda classe, sem quaisquer direitos. Diante dessa situação um líder revolucionário, saído do meio da classe mineradora, Paco (Tony Musante), resolve contratar um mercenário europeu violento, Sergei (Franco Nero). Para combater o levante popular um pistoleiro assassino também é contratado, o cruel Curly (Jack Palance).

Comentários:
Sergio Corbucci foi um dos mais importantes e influentes cineastas do auge do chamado Western Spaghetti. Aqui está aquele que é considerado um de seus melhores filmes. Os destaques começam logo no elenco, ótimo por sinal, liderado pelos carismáticos Franco Nero (o eterno Django) e Jack Palance (dando um tempo em Hollywood para trabalhar no cinema europeu). O roteiro é clássico, com dois personagens centrais que passam o enredo todo se provocando para finalmente acertarem contas em um duelo ao velho estilo. No meio de tudo há o contexto histórico da revolução mexicana, muito bem retratada e mostrada na película. Some-se a isso o estilo spaghetti, com todos os seus elementos mais importantes e característicos em cena e você terá uma diversão e tanto - um filme que apesar dos anos ainda não envelheceu.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Amigos, Sempre Amigos

Título no Brasil: Amigos, Sempre Amigos
Título Original: City Slickers
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Ron Underwood
Roteiro: Lowell Ganz, Babaloo Mandel
Elenco: Billy Crystal, Jack Palance, Daniel Stern, Patricia Wettig, Helen Slater, Noble Willingham

Sinopse:
Quase completando 40 anos, um azarado yuppie de Manhattan é convocado para se juntar a seus dois amigos em uma viagem de transporte de gado no oeste americano. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Jack Palance).

Comentários:
Era para ser uma comédia de rotina, sem maiores pretensões. A carreira do ator e comediante Billy Crystal ia sempre nessa linha, de divertimento para toda a família, filmes que eram diversões e passatempos inofensivos. E essa fita não fugia muito dessa fórmula, só que surpreendeu todo mundo ao ser premiada em festivais de cinema bem importantes, inclusive a própria Academia que deu a estatueta do Oscar para o veterano ator Jack Palance por sua atuação. Ficou meio óbvio que o Oscar foi dado mesmo pelo conjunto da obra e não exatamente por esse filme em si. Geralmente grandes veteranos que nunca foram premiados em nada durante uma longa carreira acabam vencendo esses "prêmios de consolação". De qualquer forma o papel do bom e velho Palance é interessante e ele se esforça bem para agradar ao público e aos críticos de plantão. Deu certo, é meio esquecível, mas tudo bem, na época funcionou bem, tanto que ele foi premiado em praticamente todos os grandes prêmios do cinema naquele ano. Na noite da premiação do Oscar ele também divertiu todo mundo fazendo flexões em pleno palco para provar que estava em boa forma. Foi um momento engraçado da história do Oscar, sem dúvida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Os Jovens Pistoleiros

A década de 1980 produziu bons filmes de western. Claro, a era de ouro desse gênero cinematográfico ocorreu nos tempos de John Wayne e Randolph Scott, mas inegavelmente bons filmes de faroteste chegaram aos cinemas durante os anos 80. Um deles foi esse "Os Jovens Pistoleiros". A intenção era muito interessante, contar a história de Billy The Kid, sem o aspecto mais romanceado das versões anteriores. Era uma tentativa de se chegar o mais próximo possível da história real do famoso pistoleiro. É fato que o filme não chegou a ser cem por cento realista, mas temos que admitir que o resultado ficou muito bom. 

O curioso é que esse filme acabou ganhando uma continuação que foi mais popular e mais bem sucedida comercialmente do que esse primeiro filme. A sequência intitulada "Jovens Demais Para Morrer" fez um grande sucesso de bilheteria. Também teve uma trilha sonora que vendeu muito na época. Era um filme muito mais pop do que esse primeiro, que tem uma tônica mais séria, mais centrada em contar os primeiros anos de Billy The Kid.

E por falar em Billy, o ator Emilio Estevez está muito bem em seu papel. Irmão de Charlie Sheen e filho do grande Martin Sheen, ele teve aqui seu melhor papel na carreira. E era ainda bem jovem, muito concentrado em capturar pelo menos em tese a figura do pistoleiro Kid. E o roteiro colaborava bem para isso. Pena que as informações históricas sobre Billy The Kid sejam escassas. Conhecemos bem suas "façanhas" criminosas, suas fugas espetaculares dos homens da lei de sua época, mas não se sabe, por exemplo, como era a personalidade dele. Estevez fez um bom trabalho nesse sentido. Ele trouxe uma jovialidade ao personagem que é um dos grandes méritos do filme como um todo.

Os Jovens Pistoleiros (Young Guns, Estados Unidos 1988) Direção: Christopher Cain / Roteiro: John Fusco / Elenco: Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Lou Diamond Phillips, Charlie Sheen, Jack Palance, Terence Stamp / Sinopse: O filme procura resgatar a história do pistoleiro e criminoso Billy The Kid, que ficou famoso no velho oeste por causa de suas fugas e pela caçada dos homens da lei para aprisioná-lo. Nesse primeiro filme é contado os primeiros anos da vida de bandoleiro e pistoleiro do velho oeste.

Pablo Aluísio. 

sábado, 21 de abril de 2018

Renegado Impiedoso

Após o fim das chamadas guerras indígenas, muitos nativos americanos levaram suas famílias para o deserto impiedoso para tentar levar uma vida pacífica no meio daquele ambiente hostil e selvagem. É o caso de Pardon Chato (Charles Bronson), um apache que vive no meio do deserto com sua família. De vez em quando ele tem que ir até a cidade em busca de provimentos para levar para casa. Para aliviar um pouco o calor decide também ir até o Saloon mais próximo para tomar alguns goles de whisky. Chegando lá acaba sendo hostilizado pelo xerife local. A implicância é de fundo puramente racista. Após uma série de ofensas proferidas o corrupto xerife resolve sacar sua arma o que se revela uma péssima ideia pois Pardon é rápido no gatilho e em legitima defesa mata o homem da lei. Assim que a noticia se espalha um veterano confederado da guerra civil, o capitão Quincey Whitmore (Jack Palance), resolve formar um grupo para ir até o deserto capturar e matar o apache foragido. Recrutando fazendeiros e pequenos proprietários rurais ele parte para uma caçada humana sem tréguas. O que ele não contava é que iria agora entrar em um conflito armado justamente nas terras do índio Pardon, em seu território, o que tornaria tudo muito mais complicado. E para piorar o apache estaria à sua espera, com forte desejo de vingança.

Charles Bronson trabalhou em sete filmes ao lado do diretor Michael Winner, sendo que esse foi o primeiro deles. Esse cineasta logo entendeu que Bronson (que até aquele momento havia desempenhado muitos papéis coadjuvantes) poderia muito bem se adaptar a um tipo de personagem ideal, com poucas falas mas muita ação física. É justamente o que acontece aqui. O ator tem apenas duas linhas de diálogo o filme inteiro mas em compensação protagoniza várias cenas de ação no meio daquela paisagem árida e rústica. Em ótima forma física, Bronson começa a liquidar um por um seus perseguidores, alguns com requintes de crueldade extrema. O filme aliás é bem mais violento do que os faroestes de sua época o que fez a produção ter alguns problemas com a censura que ameaçou só o liberar para uma faixa etária mais elevada (acima de 18 anos). Há uma cena de estupro coletivo que causou muitos problemas para o estúdio na época. Só após vários cortes é que o filme finalmente foi liberado para exibição para maiores de 16 anos. Além da violência o filme também se destacava pelo bom elenco. Charles Bronson está completamente convincente como o apache fugitivo e o cenário do deserto acaba também virando um personagem vivo dentro da trama. Jack Palance, como o velho veterano confederado, novamente marca presença com sua mentalidade típica dos sulistas americanos. Ator de traços marcantes ele aqui também surpreende pela vivacidade de seu papel. O resultado final é um filme cru, violento e sem concessões como seriam vários filmes com Charles Bronson dali pra frente. Dois anos depois o ator finalmente estrelaria o filme símbolo de sua carreira, “Desejo de Matar”, com o mesmo diretor e praticamente o mesmo argumento. A partir daí sua trajetória artística jamais seria a mesma novamente, algo que esse “Renegado Impiedoso” já antecipava. Não deixe de assistir, pois é um western visceral e obrigatório para os fãs desse ator.
   
Renegado Impiedoso / Renegado Vingador (Chato´s Land, Estados Unidos, 1972) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Charles Bronson, Jack Palance, James Whitmore / Sinopse: Após matar um xerife em legitima defesa um índio apache começa a ser caçado pelo meio do deserto por um veterano da guerra civil e seu grupo, formado por fazendeiros e pequenos proprietários rurais. No meio do deserto só sobreviverão os mais fortes e aptos para aquele ambiente completamente hostil e selvagem.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Os Profissionais

Título no Brasil: Os Profissionais
Título Original: The Professionals
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Frank O'Rourke, Richard Brooks
Elenco: Burt Lancaster, Lee Marvin, Jack Palance, Claudia Cardinale, Robert Ryan
  
Sinopse:
O milionário JW Grant (Ralph Bellamy) resolve contratar o veterano S. Fardan (Lee Marvin) para encontrar sua esposa, Maria (Claudia Cardinale) que foi sequestrada pelo bandido e revolucionário mexicano Jesus Raza (Jack Palance). Fardan assim forma seu grupo, chamando para integrá-lo o especialista em explosivos Johnny Dolworth (Burt Lancaster). Definitivamente não será um trabalho dos mais fáceis, uma vez que Raza conta com um numeroso grupo de bandoleiros ao seu lado, mais de 150 bandidos fortemente armados. Entrar em seu território no México para resgatar a esposa de Grant e sair de lá vivo exigirá muita coragem e bravura por parte de Fardan e seu grupo de bravos homens.

Comentários:
Um dos grandes clássicos do Western americano, "Os Profissionais" foi um grande sucesso de público e crítica. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção, Roteiro e Fotografia e ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Revelação Feminina (Marie Gomez), o filme continua sendo um exemplo perfeito de ação, aventura e roteiro bem escrito. A trama em um primeiro momento pode parecer até simples. O grupo liderado por Lee Marvin é contratado para encontrar a mulher de um figurão americano, um sujeito muito rico que afirma que ela fora sequestrada pelo líder revolucionário e criminoso Raza. A questão é que há algo de errado com toda a história contada por ele, como bem deduz Dolworth (Lancaster). Mesmo assim eles topam o desafio, até porque o milionário lhes oferece dez mil dólares por cabeça caso eles consigam trazer de volta a jovem sã e salva aos Estados Unidos. A partir daí os quatro membros do grupo de Marvin vão até o México enfrentar centenas de bandidos armados até os dentes! 

Improvável o resgate? Bom, com um pouco de inteligência e sabendo jogar bem os dados certos até que não será algo impossível de fazer. Além da excelente direção do veterano cineasta Richard Brooks, esse faroeste conta com um elenco muito bom. Lee Marvin repete seu eterno papel de durão, um sujeito de poucas palavras, mas muito bom naquilo que se propõe a fazer. Ele tem um objetivo a cumprir e nada o fará parar. Burt Lancaster dá vida a um especialista em dinamite, um cowboy que nas horas vagas se dedica a tudo aquilo que mais gosta: jogo de cartas, whisky e mulheres, não necessariamente nessa ordem. Alguns de seus diálogos, cheios de ironias e uma visão cínica da vida, formam um dos melhores aspectos de todo o filme. Jack Palance está ótimo como o bandoleiro Jesus Raza. Com bigodes à la Josef Stálin, o ator encontrou um vilão bem de acordo com sua já tão conhecida personalidade nas telas. Por fim há a beleza de Claudia Cardinale. Provavelmente foi uma das atrizes mais bonitas da história do cinema. Aqui ela precisa desfilar não apenas sua bela estética, mas também convencer na pele de uma mulher que acreditava plenamente em seus próprios ideais. Com tantos pontos a favor não é de se admirar que "The Professionals" seja mesmo um dos melhores faroestes da década de 1960. Simplesmente Imperdível.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Drácula

O livro de Bram Stoker é provavelmente o romance mais adaptado para o cinema, em todos os tempos. São inúmeras as versões. Essa aqui procurou seguir, em linhas gerais, a estória criada por Stoker. Como todos sabemos tudo começa quando o jovem advogado Jonathan Harker (Murray Brown) chega numa região isolada da Hungria (o correto seria a Romênia, mas o roteiro do filme preferiu as terras húngaras). Ele está lá para negociar com um antigo nobre, o Conde Drácula (Jack Palance). Sua intenção é vender propriedades ao redor de Londres. O Conde é um sujeito estranho, de poucas palavras e nada amigável. Seu castelo parece abandonado há décadas e tudo cheira a morte. Casualmente Drácula vê a foto de uma jovem e ele fica impressionado com a semelhança dela com seu grande amor do passado. Depois dessa introdução (que leva praticamente dois terços do filme) as coisas começam a acontecer rapidamente (sim, a edição não é das melhores). Quando reencontramos Drácula ele já está na Inglaterra, colecionando vítimas. Quem primeiro se interessa pelas mortes é um pesquisador e médico, o Dr Van Helsing (Nigel Davenport). Ele tem teorias próprias sobre o acontecido, entre eles o fato de haver vampiros na cidade, algo que ninguém acredita. Mesmo assim o médico começa a criar um plano para capturar Drácula.

Como se vê o enredo é praticamente o mesmo do livro original escritor por Bram Stoker. Há modificações pontuais, que não mudam sua essência. Para os cinéfilos a grande atração vem do fato do Conde Drácula ser interpretado por Jack Palance. Atuar em filmes de terror era algo completamente novo em sua carreira. Palance fez carreira interpretando cowboys, pistoleiros, em filmes de western e depois grandes e fortes guerreiros em épicos. Nada com contos e histórias de horror. Sua caracterização do famoso vampiro se resume a alguns grunhidos e algumas frases breves que ele declama em tom firme, pautado e quase inaudível (como se fosse um psicopata!). A maquiagem se resume aos dentes postiços. Efeitos especiais são praticamente inexistentes. Com poucos recursos o diretor usa mais de luz e sombra para criar o clima adequado. No geral não chega a ser uma grande adaptação, sendo mais louvável pelo fato de optar por tentar seguir os escritos de Stoker mais ao pé da letra. Fora isso é uma produção bem mediana com resultados igualmente modestos.

Drácula (Dracula, Estados Unidos, 1974) Direção: Dan Curtis / Roteiro: Richard Matheson / Elenco: Jack Palance, Simon Ward, Nigel Davenport / Sinopse: Depois de comprar uma propriedade nos arredores de Londres, o misterioso Conde Drácula (Palance) começa a fazer suas vítimas na região. A série de mortes desperta a atenção do Dr. Van Helsing (Nigel Davenport) que acredita existir um vampiro como o autor das mortes. Logo ele começa uma verdadeira caçada contra a estranha criatura da noite. Filme também conhecido no Brasil como "Drácula - O Demônio das Trevas".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Um Homem Dificil de Matar

Dois velhos cowboys, Monte Walsh (Lee Marvin) e Chet Rollins (Jack Palance), cruzam o velho oeste em busca de trabalho. As fazendas e ranchos estão nas mãos de bancos e o seu tradicional estilo de vida parece estar chegando ao fim. Eles acabam arranjando trabalho em uma dessas fazendas, tocando o gado, cuidando dos cavalos e conservando as cercas. Quando o banco, que agora é o proprietário do lugar, resolve cortar custos vários cowboys são demitidos. Alguns deles acabam se tornando ladrões de bancos e cavalos. Durante um assalto, o amigo de Walsh, Rollins, acaba sendo assassinado covardemente. Assim só resta ao velho cowboy partir para a vingança contra seus antigos colegas de trabalho, agora todos no mundo do crime."Um Homem Dificil de Matar" hoje em dia é considerado um dos melhores trabalhos da carreira do ator Lee Marvin. Isso se levarmos em conta a sua grande e ampla filmografia só vem a reforçar como esse western é bom! Na realidade é um faroeste lançado já no começo da decadência do gênero, quando os filmes se tornavam mais baratos, com orçamentos limitados, justamente pelas modestas bilheterias que alcançavam. Nada disso porém tira a grande qualidade desse filme. O roteiro é muito bem escrito, se preocupando inicialmente apenas em mostrar a vida cotidiana de um cowboy do século XIX, já vivendo o fim de sua profissão, com as grandes fazendas e ranchos sendo engolidos pelo capital financeiro. Com isso muitas dessas propriedades tiveram suas atividades encerradas, levando um grande número de trabalhadores ao desemprego.

Os dois personagens centrais do filme são homens velhos, cowboys veteranos, que a cada dia sofrem mais na busca por um novo trabalho. Contando com velhas amizades eles ainda conseguem um trabalho em uma fazenda que agora pertence a banqueiros de Nova Iorque. Essa gente não estava muito interessada no estilo de vida dos cowboys, pois só visavam lucro. Por isso de tempos em tempos mais vaqueiros eram demitidos. Jogados no desemprego, muitos deles simplesmente viraram bandidos. Assim o roteiro explora justamente a luta entre cowboys ainda na ativa contra bandidos e ladrões, que só se tornaram criminosos por falta de outro caminho a seguir. Embora em muitas cenas haja momentos de bom humor, uma melancolia (realçada por uma trilha sonora triste) passeia por todo o filme. É algo que chega até mesmo a incomodar. De qualquer maneira esse é seguramente um dos melhores faroeste sociais da época. Um retrato não muito feliz do fim de uma era, a era do cowboy americano.

Um Homem Dificil de Matar (Monte Walsh, Estados Unidos,1970) Direção: William A. Fraker / Roteiro: Lukas Heller, David Zelag Goodman / Elenco: Lee Marvin, Jeanne Moreau, Jack Palance / Sinopse: Monte Walsh (Lee Marvin) é um cowboy veterano que precisa partir para a vingança pela morte de seu amigo de longa data, Chet Rollins (Jack Palance). Walsh conhece bem o assassino, um homem que até bem pouco tempo atrás trabalhou ao seu lado em uma fazenda. Demitido e desempregado, ele se tornou ladrão de bancos, cavalos e pequenos estabelecimentos comerciais. Agora chegou a hora de Walsh acertar as contas com ele. Filme indicado ao Laurel Awards na categoria de Melhor Ator (Lee Marvin).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Batman (1989)

Título no Brasil: Batman
Título Original: Batman
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Tim Burton
Roteiro: Sam Hamm, baseado na obra de Bob Kane
Elenco: Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Basinger, Jack Palance 

Sinopse:
Quando criança Bruce Wayne (Keaton) presenciou a morte de seu pais por um criminoso. O acontecimento traumático acaba abalando Wayne para o resto de sua vida. Quando se torna adulto, ele resolve combater o crime assumindo a identidade de Batman, o cavaleiro das trevas. Agora, terá que enfrentar um assassino com ares de loucura, que se pinta e age como um palhaço, o Coringa (Nicholson) que deseja trazer caos e morte para Gotham City. Filme vencedor do Oscar na categoria Melhor Direção de Arte. Indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator (Jack Nicholson).

Comentários:
Quando a Warner anunciou que faria uma versão cinematográfica de Batman nos anos 80, muitos não acreditaram no êxito do projeto. A direção foi entregue a Tim Burton, que ninguém conhecia, um ex-animador da Disney que só havia dirigido um filme conhecido antes, a comédia "Os Fantasmas se Divertem". Para complicar ainda mais as coisas o cineasta resolveu escalar seu amigo Michael Keaton para interpretar Batman! Isso deixou os fãs furiosos pois Keaton era basicamente um comediante e não tinha qualquer semelhança com o famoso Bruce Wayne dos quadrinhos. A única boa notícia era que o maravilhoso Jack Nicholson iria interpretar o vilão Joker (Coringa). Mesmo com tanto pessimismo o fato é que "Batman" se tornou não apenas um enorme sucesso de bilheteria (superando até mesmo as previsões mais otimistas) como também um marco da adaptação de quadrinhos no cinema. O filme foi extremamente lucrativo para a Warner também fora dos cinemas pois o estúdio licenciou uma grande quantidade de produtos que venderam como nunca. E Jack Nicholson ganhou uma fortuna pois trocou um cachê fixo por uma porcentagem no lucros (estimativas afirmam que teria ganho mais de 60 milhões de dólares por essa atuação). Revisto hoje em dia "Batman" obviamente já não causa tanto impacto. Tim Burton impôs seu estilo ao personagem até nos menores detalhes. Certamente é um filme que ainda soa muito divertido e sagaz mas já sente os efeitos do tempo (principalmente em seus efeitos especiais que vão soar bem datados atualmente). Mesmo assim merece passar por uma revisão pois não restam dúvidas que depois de "Batman" de Tim Burton o cinema pipoca americano nunca mais foi o mesmo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Os Jovens Pistoleiros

Recentemente assisti um documentário do National Geographic sobre o verdadeiro Billy The Kid e isso acabou despertando minha curiosidade para assistir novamente esse filme. O mito desse pistoleiro é encoberto por uma série de meias verdades, lendas e mentiras. A lenda do oeste é de certa forma bem diferente dos fatos reais. Isso aconteceu no passado e volta a acontecer nesse filme. Apesar de bem produzido o roteiro toma muitas liberdades sobre o que de fato aconteceu. O começo, é bom salientar, segue muito bem os fatos que antecederam à chamada Guerra do condado de Lincoln. Nesse aspecto o filme começa bem, até a morte do mentor de Billy, John Tunstall. Isso porque ele foi morto quando ia à cidade sozinho. No filme ele está acompanhado por seu grupo que apenas se distancia um pouco dele e por isso ele é emboscado.

A partir desse ponto do filme as coisas começam a se distanciar dos fatos reais. É certo que Billy The Kid, por exemplo, participou da morte do xerife Brandy mas nada é comprovado sobre isso. Já o filme coloca Billy como o assassino do corrupto policial. Outro exemplo: Billy The Kid não matou Murphy, como mostrado no filme. Na realidade após a explosão da guerra no condado não houve mais um encontro entre eles. Esses e outros exemplos servem para demonstrar como Hollywood realmente alterou várias passagens apenas para tornar o roteiro mais redondo. Assim mais uma vez o Billy real sai de cena para que apenas o mito prevaleça. Apesar disso é bom entender que o filme, apesar dos erros históricos, é acima de tudo um veículo competente, com muita ação e boas tomadas de locação no deserto. Se falha como história certamente alcança seus objetivos como diversão e entretenimento.

Os Jovens Pistoleiros (Young Guns, Estados Unidos 1988) Direção: Christopher Cain / Roteiro: John Fusco / Elenco: Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Lou Diamond Phillips, Charlie Sheen, Jack Palance, Terence Stamp / Sinopse: Um grupo de jovens pistoleiros liderados por Billy The Kid (Emilio Estevez) se tornam procurados por causa dos eventos sangrentos ocorridos na chamada Guerra de Lincoln.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Tango & Cash

Raymond Tango (Sylvester Stallone) e Gabriel Cash (Kurt Russell) são dois policiais que trabalham numa investigação que tem como alvo o crime organizado. Incrimados por envolvimento nessa rede criminosa eles terão que lutar para limpar seus nomes novamente. Revi hoje Tango & Cash. Seguramente fazia uns bons dez anos que tinha visto pela última vez. Na minha opinião continua divertido. É um filme que de certa forma auto ironiza o próprio gênero a que pertence - a dos filmes de ação dos anos 80. Está tudo lá, os tiroteios, as cenas inverossímeis, os vilãos caricaturais e as famosas piadinhas no meio da troca de tiros (algumas piadinhas aqui, devo confessar, são muito boas). A sensação que tive ao rever Tango & Cash foi que a intenção de seus realizadores era mesmo de inaugurar uma nova franquia na carreira de Stallone. Obviamente que o filme bebe diretamente da fonte de "Máquina Mortifera", pois aqui também temos a dupla de tiras formada por pessoas bem opostas (Stallone interpreta Tango, bem vestido, metido a intelectual e Russell faz Cash, policial porra louca ao estilo do personagem de Mel Gibson onde até os cabelos são iguais). 

Mas ao contrário de "Máquina Mortífera" "Tango & Cash" jamais se leva à sério e não tem preocupações em desenvolver os personagens principais. Na realidade tudo é mero pretexto para a ação pura e simples. De certa forma esse talvez seja o principal problema do filme. Ao vermos Stallone e Russell trocando farpas e ironias entre si percebemos que se a amizade deles fosse melhor desenvolvida certamente teríamos um filme melhor. Outro que é desperdiçado em cena é o grande Jack Palance. Seu personagem, o vilão, é sem conteúdo. É só um cara mau fazendo maldades e nada mais. Deveriam ter aproveitado um pouco melhor sua presença em cena. Enfim, "Tango & Cash" é um filme de ação escapista, feito para divertir e nada mais. Como não foi muito bem nas bilheterias não houve mais continuações com a dupla, uma pena, pois provavelmente esses personagens poderiam ser melhor desenvolvidos em continuações.  

Tango & Cash (Tango e Cash, Estados Unidos, 1989) Direção: Andrey Konchalovskiy / Roteiro: Randy Feldman / Elenco: Sylvester Stallone, Kurt Russell, Jack Palance, Teri Hatcher / Sinopse: Raymond Tango (Sylvester Stallone) e Gabriel Cash (Kurt Russell) são dois policiais que trabalham numa investigação que como alvo o crime organizado. Incrimados por envolvimento nessa rede criminosa eles terão que lutar para limpar seus nomes novamente.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Cálice Sagrado

Esse é o primeiro filme da carreira de Paul Newman. Isso por si só já basta para atiçar a curiosidade de qualquer cinéfilo. Além de Newman há no elenco atores e atrizes que de uma forma ou outra entraram na história do cinema como Jack Palance (como Simão, o Mago) e Pier Angeli (a namoradinha e grande amor da vida de James Dean). Pois bem, a primeira coisa que chama a atenção de quem assiste "O Cálice Sagrado" é sua estranha direção de arte. Tudo soa estilizado no filme, principalmente os cenários que são pouco realistas, parecendo até mesmo ambientações para peças de teatro. Cheguei a pensar que se tratava de uma produção pobre mesmo mas depois em uma cena de crucificação coletiva entendi finalmente a intenção do diretor. Não é que o filme seja mal feito mas se trata realmente de uma opção artística do cineasta Victor Saville (um veterano da época do cinema mudo).

O roteiro mistura ficção com realidade histórica (pelo menos para os que aceitam o conteúdo bíblico como fato histórico). Personagens que na Bíblia são secundários aqui ganham bastante atenção como José de Arimatéia e Simão, o Mago. Esse último é citado no novo testamento como um mágico que desafiou Pedro publicamente. Ofereceu dinheiro pelo poder de realizar milagres e foi repelido pelo principal apóstolo de Cristo. A cena final com Simão tentando provar ao imperador Nero que poderia voar (algo que nem Jesus conseguiu em vida) é muito divertida mesmo. Enfim, apesar de Newman ter odiado sua atuação aqui (chegou a publicar um pedido de desculpas em um jornal americano por sua fraca atuação) não posso dizer que o resultado final seja ruim. "O Cálice Sagrado" é um épico diferente, estranho até em certas passagens, mas que tenta ser inteligente e instigante. Isso já justifica sua existência.

O Cálice Sagrado (The Silver Chalice, Estados Unidos, 1954) Direção: Victor Saville / Roteiro: Thomas B. Costain, Lesser Samuels / Elenco: Paul Newman, Virginia Mayo, Pier Angeli, Jack Palance / Sinopse: Escravo de nome Basilio (Paul Newman) é designado para a confecção daquele que teria sido o último cálice usado por Jesus Cristo na última ceia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Marca de um Erro

Tendo como garantia um excelente roteiro assinado por Zequial Marko, a música de Lalo Schifrin (Operação Dragão), e um time de atores de respeito como: Alain Delon, Ann-Margret, Van Heflin e Jack Palance - o diretor Ralph Nelson (Réquiem Para um Lutador) construiu um belo filme no estilo do inconfundível policial-noir e com forte influência de clássicos do gênero, como os premiados, Rififi - Os Segredos das Jóias e O Grande Golpe. O longa, A Marca de Um Erro (Once a Thief - 1965) conta a história de Eddie Pedak (Alain Delon) um imigrante italiano de Trieste e ex-presidiário que, vivendo na cidade de São Francisco tenta seguir o caminho da regeneração. Porém, o sonho de viver em paz junto com sua linda mulher, Kristine Pedak (Ann-Margret) e sua filhinha, parece impossível.

Tudo porque em seus calcanhares estão o Inspetor Mike Vido (Van Heflin), que jura que Eddie é o responsável pelo recente assalto a uma loja de conveniência que culminou com a morte da proprietária - além da presença sinistra do bandidão Walter Pedak (Jack Palance) irmão de Eddie e que deseja a todo custo o retorno de seu irmão ao mundo do crime para um último e lucrativo assalto. Porém, no caminho do sucesso deste último assalto, está o bandidão James Arthur Sargatanas (John Davis Chandler) braço direito de Walter e inimigo mortal de Eddie Pedak. Um bom filme, com um ótimo e surpreendente final. A bela dupla Delon-Margret, com diálogos precisos e com uma ótima química, consegue manter, suspenso no ar, elementos incendiários como mentira, ciúme e infidelidade, que, jogados num caldeirão em ebulição, pode deixar a história ainda mais instigante e explosiva. Nota 7

A Marca de um Erro (Once a Thief, França, Estados Unidos,1965) Direção: Ralph Nelson / Roteiro: Zekial Marko / Elenco: Alain Delon, Ann Margret e Jack Palance / Sinopse: Em São Francisco (EUA), o jovem imigrante ex-presidiário Eddie tenta mudar de vida e trabalhar para sustentar a esposa e filha pequena. Mas um policial e também seu irmão bandido não o deixam em paz, e acabam por forçá-lo a voltar ao crime. Mas, ao contrário dos outros, Eddie sabe quem são seus verdadeiros inimigos. Filme premiado no San Sebastián International Film Festival.

Telmo Vilela Jr. 


domingo, 16 de dezembro de 2007

Barrabás

Roteiro e Argumento: O roteiro de Barrabás foi escrito baseado no romance do escritor Par Lagervist, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1951. É importante esclarecer que tirando o Novo Testamento não existem fontes históricas sobre quem seria ou o que teria acontecido com Barrabás após a crucificação de Jesus Cristo. Tudo o que se sabe ao certo é que era um rebelde da tribo dos Zelotes que estava preso acusado de assassinato. Assim tudo o que se passa no filme é mera ficção, romance, literatura. De qualquer forma o roteiro, seguindo os passos do livro, é muito bem escrito e lida com vários aspectos da Roma Antiga de forma bem eficiente, sendo mostrados aspectos da escravidão no império, das arenas de gladiadores e do nascimento da nova religião, o cristianismo.

Elenco: Barrabás tem um elenco muito bom a começar por Anthony Quinn no papel título. Sua interpretação é muito adequada. Seu personagem é uma pessoa rude, brutal, fruto do meio, que tenta entender a filosofia do cristianismo em um mundo que até então só lhe exigia violência e força. Outro grande ator em cena é Jack Palance. Ele interpreta um gladiador que treina e depois enfrenta Barrabás na arena (numa ótima cena do filme, muito bem editada e realizada). Palance não aparece muito mas quando surge traz muito ao filme. Outro destaque é a presença da musa italiana Silvana Mangano. Seu papel também é pequeno, geralmente surgindo nas cenas de taberna mas mesmo assim consegue marcar boa presença.

Produção: A produção do filme é do famoso Dino de Laurentis. Esse produtor foi o que mais próximo surgiu na linha deixada por Cecil B. De Mille. Ele não economizava recursos em seus épicos e procurava trazer o melhor, seja em cenários, seja em figurinos luxuosos. O filme foi totalmente rodado na Itália em parceria com a Columbia Pictures. Isso deu uma veracidade maior ao que se passa em cena pois as locações chegaram ao ponto de utilizar antigas construções romanas como as minas no Monte Etna na Sicília e o anfiteatro de Verona. Além disso a experiência dos profissionais de Cinecittà ajudaram muito para melhorar ainda mais esse aspecto do filme. Produção realmente classe A.

Direção: Barrabás foi dirigido por Richard Flescher que já tinha experiência com produções caras e complicadas antes (havia dirigido "20 Mil Léguas Submarinas" cinco anos antes). Seu trabalho é muito bom, algumas cenas lembram até mesmo pinturas da Renascença como a crucificação coletiva na cena final do filme. Também mostrou grande competência na direção de cenas com grande número de extras - como vemos nas cenas de Arena. Ele ainda faria um interessante filme anos depois com Tony Curtis chamado "O Homem que Odiava as Mulheres".

Barrabás (Barabbas, EUA - Itália, 1962) / Diretor: Richard Fleischer / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Produção: Dino de Laurentis / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Elenco: Anthony Quinn, Silvana Mangano, Arthur Kennedy, Katy Jurado, Jack Palance, Vittorio Gassman, Harry Andrews, Ernest Borgnine e Valentina Cortese. / Sinopse: Criminoso e assassino judeu chamado Barrabás (Anthony Quinn) é libertado no lugar de um jovem profeta chamado Jesus de Nazaré. Após ser escolhido no lugar do Messias tenta entender a razão de ter sido poupado da morte em detrimento do Nazareno que é crucificado por tropas romanas.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Causa Perdida

Título no Brasil: Causa Perdida
Título Original: Che!
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Sy Bartlett, David Karp
Elenco: Omar Sharif, Jack Palance, Cesare Danova

Sinopse:
Cinebiografia do médico e líder da revolução cubana Ernesto Guevara de la Serna ou como ficou conhecido na história, Che Guevara (1928 - 1967). Fazendo parte de um grupo de guerrilheiros entrincheirados na Sierra Madre, sob comando de Fidel Castro (Jack Palance), o jovem médico Che (Omar Sharif) acaba se destacando como figura de proa entre os rebeldes revolucionários. Mesmo sofrendo de asma e com diversos problemas de saúde, consegue ganhar a confiança de seus homens e do líder Fidel Castro. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Interessante filme realizado no final dos anos 1960 mostrando as partes mais relevantes da vida do revolucionário argentino Che Guevara. Inicialmente o roteiro o mostra como um simples médico que segue o exército rebelde liderado por Fidel Castro (aqui sendo interpretado por um caricato Jack Palance, que não pára de morder seu charuto o tempo todo). Por uma dessas ironias do destino porém Fidel acaba simpatizando com o jovem Che e lhe dá o comando de algumas colunas de suas tropas. Após a vitória da revolução cubana logo começam os atritos entre os dois líderes. Che era visceral, radical e desejava expandir a revolução comunista para todos os países da América Latina. Fidel Castro, por sua vez, era muito mais pragmático e desejava apenas criar uma nova Cuba. Com a entrada dos russos na ilha e a clara antipatia entre Che e os soviéticos (a quem acusava de serem imperialistas tais como os americanos, que odiava) acaba se consolidando seu rompimento definitivo com o regime de Cuba.

Muito idealista, resolve levar a revolução comunista para outros países, mas encontra seu fim na desastrosa tentativa de começar um levante socialista na Bolívia. O retrato que o filme faz de Che fica claro. Ele é mostrado como um idealista radical, um homem que passava por cima de suas próprias convicções pessoais para levar adiante uma revolução que só existia mesmo dentro de sua cabeça. Além das execuções sumárias que promoveu - mandando matar milhares de prisioneiros políticos em Cuba, sem julgamento e de forma fria - ainda promoveu uma série de saques e invasões brutais em pequenas comunidades da Bolívia por onde passou. Pensando que o povo o iria seguir cegamente, só encontrou indiferença e medo. Sem voluntários para suas fileiras começou a barbarizar com os pobres da região, muitas vezes apelando para ameaças e muita violência. Morreu derrotado, sem glórias, após uma emboscada. Um retrato muito bem realizado de um homem que, no final das contas, só existe dentro da ideologia fora de realidade de alguns poucos comunistas verdadeiros que ainda restam ao redor do mundo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Drácula

O livro de Bram Stoker é provavelmente o romance mais adaptado para o cinema, em todos os tempos. São inúmeras as versões. Essa aqui procurou seguir, em linhas gerais, a estória criada por Stoker. Como todos sabemos tudo começa quando o jovem advogado Jonathan Harker (Murray Brown) chega numa região isolada da Hungria (o correto seria a Romênia, mas o roteiro do filme preferiu as terras húngaras). Ele está lá para negociar com um antigo nobre, o Conde Drácula (Jack Palance). Sua intenção é vender propriedades ao redor de Londres. O Conde é um sujeito estranho, de poucas palavras e nada amigável. Seu castelo parece abandonado há décadas e tudo cheira a morte.

Casualmente Drácula vê a foto de uma jovem e ele fica impressionado com a semelhança dela com seu grande amor do passado. Depois dessa introdução (que leva praticamente dois terços do filme) as coisas começam a acontecer rapidamente (sim, a edição não é das melhores). Quando reencontramos Drácula ele já está na Inglaterra, colecionando vítimas. Quem primeiro se interessa pelas mortes é um pesquisador e médico, o Dr Van Helsing (Nigel Davenport). Ele tem teorias próprias sobre o acontecido, entre eles o fato de haver vampiros na cidade, algo que ninguém acredita. Mesmo assim o médico começa a criar um plano para capturar Drácula.

Como se vê o enredo é praticamente o mesmo do livro original escritor por Bram Stoker. Há modificações pontuais, que não mudam sua essência. Para os cinéfilos a grande atração vem do fato do Conde Drácula ser interpretado por Jack Palance. Atuar em filmes de terror era algo completamente novo em sua carreira. Palance fez carreira interpretando cowboys, pistoleiros, em filmes de western e depois grandes e fortes guerreiros em épicos. Nada com contos e histórias de horror. Sua caracterização do famoso vampiro se resume a alguns grunhidos e algumas frases breves que ele declama em tom firme, pautado e quase inaudível (como se fosse um psicopata!). A maquiagem se resume aos dentes postiços. Efeitos especiais são praticamente inexistentes. Com poucos recursos o diretor usa mais de luz e sombra para criar o clima adequado. No geral não chega a ser uma grande adaptação, sendo mais louvável pelo fato de optar por tentar seguir os escritos de Stoker mais ao pé da letra. Fora isso é uma produção bem mediana com resultados igualmente modestos.

Drácula (Dracula, Estados Unidos, 1974) Direção: Dan Curtis / Roteiro: Richard Matheson / Elenco: Jack Palance, Simon Ward, Nigel Davenport / Sinopse: Depois de comprar uma propriedade nos arredores de Londres, o misterioso Conde Drácula (Palance) começa a fazer suas vítimas na região. A série de mortes desperta a atenção do Dr. Van Helsing (Nigel Davenport) que acredita existir um vampiro como o autor das mortes. Logo ele começa uma verdadeira caçada contra a estranha criatura da noite. Filme também conhecido no Brasil como "Drácula - O Demônio das Trevas".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Os Brutos Também Amam

Quando eu era garoto, ouvi certa vez meu pai dizer que o filme "Os Brutos Também Amam" (Shane - 1953) era um faroeste diferente. Aquela opinião ficou anos martelando em minha cabeça. E, quando alguns anos mais tarde, assisti ao famoso western, concordei com meu pai. O clássico, baseado no best-seller de Jack Schaefer, é um dos maiores e mais emocionantes faroestes já produzidos. E o sucesso não foi à toa. "Shane" é um faroeste realmente diferente e emocionante que foi pensado e carinhosamente engendrado em cima de valores morais raros para aquela época, como: amizade, lealdade e honra. O início do filme é de uma beleza rara, onde a natureza exuberante faz as honras da casa, desfilando, um a um, os astros do filme. O silencioso Shane (Alan Ladd) abre o clássico cavalgando, lentamente, sob as bençãos e a beleza indizível da cordilheira de Grand Tetons no Vale do Wyoming. O forasteiro, solitário e caladão, chega bem devagar ao pequeno rancho parnasiano da família Starrett, tendo como testemunha o pequeno par de olhos curiosos do pequeno Joey Starrett (Brandon De Wilde). Shane é calado e de poucas palavras - ele fala apenas o que interessa deixando sempre no ar um duvidoso passado do qual está claramente tentando esquecer. Apesar da enorme introspecção e doses cavalares de mistério, Shane só quer um pouco de água, comida e descanso, em troca de trabalho.

Aos poucos, o pistoleiro, semelhante a um diácono, vai conquistando a amizade e a confiança da família Starrett, mas principalmente do pequeno Joey que se encanta pelo forasteiro. Em pouco tempo, Shane já é quase um membro da família, ajudando o patriarca Joe Starrett (Van Heflin) nos trabalhos mais pesados, e também nas horas vagas, ajudando o pequeno Joe a atirar. O carisma e o charme do pistoleiro vão encantando Marian Starrett (Jean Arthur) esposa de Joe que aos poucos vai manifestando pelo pistoleiro, um misto de paixão, admiração e curiosidade. O diretor George Stevens conduz com maestria essa troca de olhares - e até de sentimentos - porém, sempre preservando o sentimento de honestidade e lealdade de Shane para aquela pequena família que o acolheu, mas principalmente para seu amigo, Joe Starrett. O filme jorra lirismo por todos os poros.

Todo esse céu de brigadeiro, no entanto, começa a mudar quando a família Starrett recebe a visita de Rufus Ryker (Emile Meyer) e seu bando. Rufus, que é o Barão do gado da região, tenta convencer Joe a vender suas terras e ir embora. Porém, quando percebe que Joe tornara-se amigo de um pistoleiro (Shane), ele e seu bando vão embora. A partir daí o conflito entre o Barão do gado, Rufus Ryker, e os colonos, explode. O Barão, para garantir o seu monopólio do gado e sentindo-se ameaçado por Shane, manda buscar na cidade de Cheyenne o pistoleiro frio e sanguinário, Jack Wilson (Jack Palance). Shane então, resolve despir-se de suas vestes de homem bom e de família e começa a mostrar a sua cara. Os acontecimentos e escaramuças da bandidagem, o colocará frente a frente com o seu velho conhecido e implacável Jack Wilson num duelo inesquecível. O final é emocionante e mostra toda a categoria de um diretor que, alguns anos depois, dirigiria três mitos: James Dean, Liz Taylor e Rock Hudson, no clássico, "Assim Caminha a Humanidade". E, com relação a Shane...meu pai tinha toda a razão.

Os Brutos Também Amam (Shane, EUA, 1953) Direção: George Stevens / Roteiro: A.B. Guthrie Jr, Jack Sher baseado na obra de Jack Schaefer / Elenco: Alan Ladd, Jean Arthur, Jack Palance, Van Heflin, Ben Johnson, Elisha Cook Jr., Brandon de Wilde / Sinopse: Shane (Allan Ladd) é um cowboy errante e solitário que chega num pequeno rancho e conquista a amizade dos moradores locais, incluindo uma bela jovem e um garoto.

Telmo Vilela Jr.