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segunda-feira, 18 de março de 2024

Quem Era Aquela Pequena?

Título no Brasil: Quem Era Aquela Pequena?
Título Original: Who Was That Lady?
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Sidney
Roteiro: Norman Krasna
Elenco: Tony Curtis, Dean Martin, Janet Leigh, James Whitmore, John McIntire, Barbara Nichols

Sinopse:
Mal aconselhado por um amigo, um professor de química afirma falsamente que ele é um agente secreto do FBI, a fim de encobrir sua infidelidade conjugal, mas sua mentira, embora engolida por sua esposa, o coloca em apuros com o verdadeiro FBI, a CIA e a KGB.

Comentários:
No total Dean Martin realizou 66 filmes em sua carreira. Seus maiores sucessos no cinema foram as comédias que rodou ao lado de Jerry Lewis. Depois do film da parceria, ele ainda reencontrou o caminho do sucesso ao lado do amigo Frank Sinatra nos filmes do Rat Pack. Aqui temos um filme diferente nessa filmografia. Uma rara parceria entre Dean Martin e Tony Curtis. Como se sabe Dean Martin havia rompido com Jerry Lewis. Ele considerava que não era valorizado o suficiente pelo sucesso da dupla. Assim partiu para seguir seu próprio caminho. Acabou recebendo convites para filmes bem interessantes. Tony Curtis, um dos grandes galãs da época, contracenou aqui com aquela que iria se tornar sua futura esposa, a bela loirinha Janet Leigh (a mesma atriz da famosa cena do chuveiro de "Psicose"). O filme é bem água com açúcar, como era comum em comédias românticas desse período, mas acabou se destacando entre os críticos, a ponto de levar duas honrosas indicações ao Globo de Ouro! Concorreu ao prêmio na categoria de melhor comédia do ano e para surpresa de muitos o próprio Dean Martin também foi indicado, como melhor ator - categoria comédia ou musical! Quem diria... logo ele que era considerado apenas uma "escada" para o humor escrachado de Jerry Lewis! Pois é, durante toda a sua carreira o Dino foi subestimado... Pelo menos aqui, por um breve período, ele ganhou o reconhecimento que merecia.

Pablo Aluísio.
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

...E o Noivo Voltou

Título no Brasil: ...E o Noivo Voltou
Título Original: No Room for the Groom
Ano de Lançamento: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Douglas Sirk
Roteiro: Joseph Hoffman, Darwin L. Teilhet
Elenco: Tony Curtis, Piper Laurie, Don DeFore

Sinopse:
Tony Curtis interpreta o jovem soldado que volta para casa para finalmente se casar com sua namorada. Uma antiga promessa que ele pensa mesmo em cumprir. Só que na véspera do casamento ela fica doente e ele decide então ir passar um último fim de semana como solteiro em Las Vegas. Claro que isso vai gerar inúmeras confusões para os noivos em questão. 

Comentários:
Não se engane sobre isso... o Tony Curtis foi um verdadeiro astro do cinema. Ele tinha ótima aparência quando jovem e se especializou em interpretar personagens bonitões, mas com algo perigoso no ar. Ao contrário de outros galãs, como Tyrone Power, por exempo, a galeria de personagens do Curtis tinha um elemento a mais de realismo. Não eram tipos virtuosos e heróicos, longe disso, na realidade eram meio malandros, cínicos, espertos, podendo passar a perna nas mocinhas românticas quando fosse preciso. Essa comédia romântica que foi uma das primeiras trazendo Tony Curtis como ator principal do elenco, é uma boa amostra disso. Outro aspecto que não se pode ignorar é que ele tinha mesmo um feeling impecável para comédias. De certa maneira apesar de ser um cara bonito, baby face, que de certa maneira o estigmatizada em papéis de conquistadores, ele também sabia fazer cenas de humor como poucos. Não é à toa que se tenha se tornado tão popular em sua época de auge, sucesso e fortuna. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 27

Certa vez o ator Tony Curtis foi entrevistado pelo canal E! afirmando que iria publicar um livro de memórias intitulado “Making of Some Like It Hot” em que contaria os bastidores das filmagens do clássico de Billy Wilder “Some Like It Hot” (Quanto Mais Quente Melhor, no Brasil). Entre as revelações Curtis prometia contar toda a verdade sobre o suposto romance que teve com a estrela do filme, a atriz Marilyn Monroe e mais: Tony garantia que Marilyn engravidou dele durante o caso amoroso ocorrido nos sets de filmagens, tudo acontecendo debaixo do nariz do marido dela na época, o escritor Arthur Miller. Será verdade? Principalmente depois de tudo o que sabemos sobre a complicada e problemática filmagem de um dos mais famosos filmes de Monroe.

Todos que participaram da produção de "Quanto Mais Quente Melhor" concordam que as filmagens foram tudo, menos um mar de rosas. Na realidade o caos imperou no set. Marilyn Monroe estava simplesmente impossível durante as gravações levando todos, do diretor aos membros da equipe de apoio, à loucura. Atrasos, ataques de estrelismo, esquecimento de falas, brigas e muitas faltas marcaram a atuação de Monroe nesse filme. Certa vez Marilyn chegou ao local de filmagens tão fora de si que todos pensaram que ela iria ter um ataque ou algo parecido. As filmagens foram canceladas e mais um dia foi perdido.

O diretor Billy Wilder, sempre irônico e com um humor mordaz recordou: "Quase enlouqueci com esse filme. Marilyn me deixava horas e horas esperando por ela nos estúdios. Todos a postos, equipe e atores, tudo pronto mas nada dela aparecer. Algumas vezes Marilyn aparecia com até seis horas de atraso e quando aparecia parecia uma morta viva - mal conseguia falar e não sabia nenhuma de suas falas! Sabe, eu tenho uma tia que decora todas as falas, chega nos estúdios na hora certa, é extremamente pontual e profissional. Na bilheteria ela deve valer uns cinco centavos! Entende o que digo? Tivemos que engolir muitos sapos para ter Marilyn Monroe nesse filme!" Só um grande diretor do nível de Wilder para controlar e administrar tantos problemas. Ele completou: "Só consegui dormir normalmente novamente depois que o filme acabou. Sinceramente, nunca mais quero passar por isso de novo, prefiro que meu próximo filme renda cinco centavos na bilheteria!".

Com os demais atores a situação foi ainda mais caótica. Como não aparecia regularmente para trabalhar Marilyn logo ganhou a antipatia de seu partner em cena, Tony Curtis, que após o filme declarou publicamente: "Beijar Marilyn Monroe é como beijar Hitler!" Em outra ocasião durante uma grande discussão com o ator, Marilyn jogou uma taça de vinho em seu rosto, causando um grande tumulto durante as filmagens. Com todo esse histórico fica realmente complicado acreditar que Marilyn teria tido um romance amoroso com Curtis, resultando ainda mais em gravidez. Infelizmente todos os demais envolvidos (como o diretor Billy Wilder e o ator Jack Lemmon) estão falecidos. A última palavra ficará realmente com Tony Curtis.

Marilyn Monroe foi sem a menor sombra de dúvidas um dos maiores mitos da história do cinema. Tinha uma vida pessoal marcada por inúmeros problemas (infância abandonada e infeliz, casamentos desfeitos, romances escandalosos, vício em medicamentos, problemas mentais, entre outros) e por isso é muito complicado nos dias de hoje determinar o que realmente aconteceu e o que são apenas estórias inventadas para faturar em cima de seu mito. Tony Curtis foi um grande nome do cinema também, tendo uma carreira vitoriosa nos anos 50 e 60. Porém com os anos 70 sua carreira no cinema estagnou e ele ficou com sérios problemas financeiros. Estaria apenas tentando ganhar algum dinheiro extra com sua bombástica revelação? Só o tempo dirá...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Quando Paris Alucina

Esse filme é uma divertida comédia que brinca com os bastidores de Hollywood. Um produtor acaba contratando um roteirista intrigado pelo título de seu roteiro que promete ser inovador. Com o nome de "A Moça que Roubou a Torre Eiffell" ele acaba encantando o magnata da indústria do cinema. A verdade porém é que o escritor não tem nada escrito, pois tudo não passa de um título bem bolado. Nas vésperas da entrega do roteiro ele então resolve partir para o tudo ou nada, usando inclusive os serviços de uma jovem e encantadora secretária para lhe ajudar. A proximidade iniciará uma improvável paixão entre ambos. Audrey Hepburn era maravilhosa. Sua presença nessa película só vem a confirmar o ditado que diz: Já não se fazem mais estrelas como antigamente! Audrey com todo o seu charme e elegância salva o filme de ser apenas um passatempo até levemente bobo, com figurinos e humor ingênuo, que hoje em dia poderia soar bem datados. O grande mérito é realmente do carisma de todo o elenco. A começar por Hepburn, passando por Holden e chegando em Tony Curtis, um ator que se tornou símbolo daquela era.

Muitos anos depois de ter feito essa produção a estrela máxima da elegância e finesse em Hollywood, a inigualável Audrey Hepburn, disse em uma entrevista que esse era o seu filme favorito dentre todos que fez ao longo de sua carreira. Eu entendo sua opinião. A produção é uma singela comédia romântica muito fina e elegante, igualzinha a ela, a Audrey. É um espelho cinematográfico dela mesma. Assim quem gosta dessa clássica atriz não poderá deixar de gostar desse simpático clássico do cinema.

Quando Paris Alucina (Paris - When It Sizzles, Estados Unidos, 1964) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Richard Quine / Roteiro: Julien Duvivier, Henri Jeanson / Elenco: William Holden, Audrey Hepburn, Tony Curtis, Mel Ferrer, Marlene Dietrich / Sinopse: Um roteirista de Hollywood promete escrever um roteiro inovador, só que na realidade ele não tem nada em mãos.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de setembro de 2020

Médica, Bonita e Solteira

Depois do sucesso dos filmes estrelados por Rock Hudson e Doris Day, as produções românticas do cinema americano nunca mais foram as mesmas. Que o diga esse simpático "Médica, Bonita e Solteira" que tentava seguir pelo mesmo caminho. E o que exatamente esses filmes tinham de diferente? Na década de 1950 os filmes sobre relacionamentos eram extremamente românticos, melosos, puxando para o melodramático. Uma ingenuidade só! Já na década de 1960 eles se tornaram bem mais picantes, cínicos e bem humorados. A nova posição da mulher dentro da sociedade já não comportava aquela heroína bobinha dos antigos filmes, onde a mulher geralmente ficava sonhando acordada com o aparecimento do príncipe encantando com sua armadura reluzente e brilhante. Aqui temos um exemplo de personagem feminino que já era independente e não precisava de um casamento para se firmar dentro da sociedade. 

A protagonista desse filme se chamava Helen Brown (Natalie Wood), uma mulher independente, bem sucedida, que não precisa de um relacionamento com um homem para se tornar feliz. Em vista disso ela resolve escrever um livro contando sua forma de entender a nova realidade feminina de seu tempo. O livro se torna um grande sucesso de vendas, o que desperta a curiosidade do jornalista Bob Weston (Tony Curtis), que deseja descobrir todos os mais íntimos segredos por trás da imagem da autora do livro. Já deu para perceber que apesar das intenções nada louváveis de Bob ele vai acabar se apaixonando por Helen, pois afinal ela evita de todas as formas se tornar mais uma presa na enorme lista de conquistas do charmoso jornalista. A Warner investiu pesado nesse filme, até porque tinha a intenção de ganhar esse rico nicho de mercado das comédias românticas mais ousadas da década de 1960. Para isso não mediu esforços, colocando como meros coadjuvantes grandes nomes de Hollywood como por exemplo  Henry Fonda e Lauren Bacall. O filme é divertido, não há como negar, mas também fica muito longe de repetir os bons roteiros da dupla Hudson / Day. 

Apesar do carisma dos atores Tony Curtis e Natalie Wood, o filme não conseguiu cumprir todas as expectativas simplesmente porque em 1964 ele já foi considerado sem novidades,  já que o assunto já tinha sido exaurido nos filmes da Universal com Doris Day e Rock Hudson. De qualquer maneira vale ser redescoberto. Que o diga os produtores em Hollywood que se inspiraram nele para realizar "Abaixo o Amor" com Renée Zellweger e Ewan McGregor, uma homenagem bem humorada a esses antigos filmes. Assista aos dois filmes e compare. No mínimo você terá uma boa diversão.  

Médica, Bonita e Solteira (Sex and the Single Girl, Estados Unidos, 1964) Direção: Richard Quine / Roteiro: Helen Gurley Brown, Joseph Heller / Elenco: Tony Curtis, Natalie Wood, Henry Fonda, Lauren Bacall / Sinopse: Jornalista decide descobrir todos os segredos de uma bem sucedida autora feminista. Ela resolve escrever um livro sobre relacionamentos, trazendo a visão da mulher moderna, que não precisa mais de um marido para se firmar dentro da sociedade ou ser feliz em sua vida pessoal.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A Corrida do Século

Divertida comédia assinada por Blake Edwards. Considero esse cineasta um dos mais subestimados diretores de humor da história do cinema. A crítica sempre torceu o nariz para seus filmes e ele nunca conseguiu reconhecimento para seu ótimo timing humorístico. Aqui Edwards volta ao inicio do século XX para contar a história de uma verdadeira corrida maluca, atravessando três continentes. Entre os competidores temos todos os tipos de aviadores e pilotos. Há desde galãs engomadinhos a trapaceiros vilanescos, passando por princesas delicadas que também querem provar que as mulheres podem fazer tudo o que os homens fazem. O diretor Blake Edwards imprimiu ao filme um tom cartunesco, de desenho animado mesmo, trazendo um claro sabor nostálgico a quem assiste ao filme nos dias atuais. A ideia inclusive daria origem a uma série de desenhos famosos na TV chamado justamente de “A Corrida Maluca” – quem lembra do famoso Dick Vigarista? Pois é, nada mais é do que uma adaptação animada dos mesmos personagens que vemos aqui.

O elenco de “A Corrida do Século” é outro ponto positivo a começar pela presença do sempre carismático Tony Curtis. Impagável a cena em que ele, cheio de bons modos, participa de uma verdadeira guerra de tortas na cara! Essa cena resume muito bem o clima que Blake Edwards quis dar ao filme em si, tudo muito escrachado, pastelão mesmo, sem vergonha de abraçar esse estilo de humor mais popularesco. Jack Lemmon e Natalie Wood completam o excelente time de atores. Natalie Wood interpreta uma espécie de Penélope Charmosa (quem lembra da personagem dos desenhos da Hanna-Barbera?). Já Lemmon está perfeitamente à vontade em sua caracterização que aliás nos passa a sensação de que ele na verdade está se divertindo como nunca, mais do que o próprio espectador.

Outro aspecto digno de nota desse “A Corrida do Século” é a sua direção de arte. Com visual nitidamente calcado na moda da década de 1960 (apesar da estória se passar na década de 1920) o filme traz um sabor nostálgico à prova de falhas. Tudo muito colorido e deliciosamente fake. Assim na pior das hipóteses o espectador ficará com um belo sorriso nos lábios. Se nunca assistiu não deixe de ver. “A Corrida do Século” pode não ser nenhuma comédia sofisticada ou inteligente, mas diverte bastante caso o espectador consiga entrar em seu clima envolvente. Diversão garantida.
 
A Corrida do Século (The Great Race, Estados Unidos, 1965) Direção: Blake Edwards / Roteiro: Arthur A. Ross, Blake Edwards / Elenco: Jack Lemmon, Tony Curtis, Natalie Wood, Peter Falk, Arthur O'Connell / Sinopse: No começo do século XX um grupo de pilotos entra em uma corrida internacional através de três continentes ao redor do mundo. Quem vai vencer a disputa? Filme vencedor do Oscar na categoria de melhores efeitos sonoros (Treg Brown).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Boeing Boeing

Você gosta de Jerry Lewis? Muito bem, aqui está um filme menos conhecido dele. Uma produção que pouca gente assistiu, mesmo na época de seu lançamento original. O curioso é que o diretor Quentin Tarantino afirmou em uma entrevista que esse era um de seus filmes preferidos. Realmente só vendo o filme para entender a razão. "Boeing Boeing" é totalmente apoiado em diálogos e em situações inusitadas. Não há como negar também sua origem teatral. O filme é quase todo passado dentro do apartamento de Bernard (Tony Curtis), um jornalista que é noivo ao mesmo tempo de três aeromoças (uma francesa, uma inglesa e uma alemã). Assim ele tenta organizar sua agenda de forma que quando está com uma delas, as outras estejam viajando pelo mundo. Não é difícil descobrir que o filme vai se apoiar na confusão que surge quando as três garotas chegam ao mesmo tempo em seu apartamento. A peça original escrita por Marc Camoletti teve inúmeras adaptações e montagens, inclusive no Brasil, e serve como boa amostra de um humor mais refinado, que ficou muito em voga na década de 1960.

Uma das coisas mais curiosas desse filme é a presença de Jerry Lewis. Aqui ele deixa seus personagens amalucados de lado para interpretar um jornalista amigo de Curtis que, sem querer, acaba parando no meio da confusão ao se hospedar no apartamento do amigo. Seu personagem, repito, é de um sujeito normal. Não aquele tipo mais idiota e exagerado dos outros filmes de Lewis. Penso inclusive que esse filme não fez muito sucesso justamente por essa razão. Os fãs de Jerry Lewis sempre adoravam vê-lo naquele personagem meio débil mental, que aprontava muito nas comédias mais tradicionais de sua linha. Ele inclusive traz para o filme aquele jeitão de ser de seu antigo parceiro Dean Martin. Ver Jerry interpretando um cara normal, com cigarro na mão, fazendo charme, bem mais sóbrio, não atraía o grande público. E isso ficou provado aqui, com a morna bilheteria que o filme alcançou.

O roteiro se baseia nas diversas situações envolvendo a confusão dos muitos encontros e desencontros entre o personagem de Tony Curtis e suas namoradas.  Outro destaque do elenco que não poderia deixar passar em branco é a presença muito carismática de Thelma Ritter no papel de Bertha, a empregada de Tony Curtis, que se vê quase enlouquecida no meio do troca-troca de noivas, pois quando uma vai, a outra vem. O filme poderia até ser mais enxuto, pois um corte de uns bons 20 minutos ajudaria muito em seu ritmo, mas do jeito que está não ficou mal. O roteiro é esperto e ágil e não decepciona aos que gostam de peças teatrais de humor. Arrisque e veja "Boeing Boeing", você certamente terá bons momentos de humor.

Boeing Boeing (Boeing 707 Boeing 707, Estados Unidos, 1965) Direção: John Rich / Roteiro: Edward Anhalt, baseado na peça de Marc Camoletti / Elenco:Tony Curtis, Jerry Lewis, Dany Saval, Thelma Ritter, Suzanna Leigh, Christiane Schmidtmer / Sinopse: Jornalista playboy (Tony Curtis) namora três aeromoças ao mesmo tempo. Contando com o fato de que sempre duas delas estão viajando enquanto ele se encontra com a terceira, seus planos vão por água abaixo quando de repente as três aparecem ao mesmo tempo em seu apartamento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

O Grande Impostor

Após o grande sucesso de público e crítica de “Spartacus”, Tony Curtis voltou para a Universal, o estúdio onde aprendeu a ser um ator e um astro, para estrelar esse “O Grande Impostor”, filme baseado na história real de Ferdinand Demara, um sujeito que a despeito de nem ter concluído o ensino médio se fazia passar por psicólogo, professor, médico, monge, criminalista e qualquer outra profissão que lhe surgisse pela frente. Dono de uma memória fotográfica ele conseguia aprender os rudimentos de cada profissão e assim enganava a todos por onde passava. Embora não tivesse educação formal completa era dono de uma inteligência acima do normal. Com alto Q.I. conseguia se passar até por médico cirurgião. Em todos os seus disfarces conseguia angariar simpatias e agradecimentos pelas pessoas que ia ajudando. Desmascarado pelo FBI acabou sendo preso mas depois de algum tempo seu paradeiro se tornou novamente incerto e indeterminado. A última vez que houve notícias dele foi em 1962. Não se sabe onde foi parar, provavelmente em algum lugar remoto utilizando-se de mais algum personagem criado para si próprio com a finalidade de enganar os que viviam ao seu redor.

Tony Curtis encontrou um bom veículo para seu tipo mais característico, a do bom malandro que embora enganasse a todos não o fazia por mal e no final das contas realmente não prejudicava ninguém, só a si mesmo. O mais curioso é que embora Demara fosse, em essência, apenas um criminoso, o roteiro lhe é bastante simpático. O tom é de comédia leve, com alguns poucos momentos de tensão. Em um deles Demara fingindo-se um psicólogo especialista em sistema penitenciário adentra uma ala do presídio com os mais violentos criminosos.

Conversando com eles tenta amenizar o comportamento hostil de alguns presos mas sem grande sucesso, pois um deles logo resolve puxar um canivete para um acerto de contas. Em outro momento, Demara se passando por um médico cirurgião dentro de um navio da marinha, se vê de repente na incumbência de cuidar de vários doentes – algo que não sabia fazer pois afinal não era um médico de verdade. Outro bom destaque do elenco é o ator Karl Malden, interpretando um padre que funciona dentro da trama como uma consciência do próprio impostor. No saldo final “O Grande Impostor” diverte e entretém. O personagem picaresco do filme consegue manter sempre o interesse do espectador. Filme leve e divertido que vale a pena ser assistido.

O Grande Impostor (The Great Impostor, Estados Unidos, 1961) Direção: Robert Mulligan / Roteiro: Robert Crichton, Liam O'Brien / Elenco: Tony Curtis, Karl Malden, Edmond O'Brien, Arthur O´Connell, Joan Blackman / Sinopse: Freddy Demara (Tony Curtis) é um sujeito que se faz passar por diversos profissionais mesmo nunca tendo estudado ou se formado nessas profissões. Assim, de acordo com as circunstâncias, ele se disfarça de médico, psicólogo, professor, monge e mais o que lhe parecer conveniente. Procurado pelo FBI ele tenta escapar através de seus inúmeros disfarces.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de maio de 2020

A Embriaguez do Sucesso

Título no Brasil: A Embriaguez do Sucesso
Título Original: Sweet Smell of Success
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Alexander Mackendrick
Roteiro: Clifford Odets, Ernest Lehman
Elenco: Burt Lancaster, Tony Curtis, Susan Harrison, Martin Milner, Jeff Donnell, Sam Levene

Sinopse:
Poderoso, mas antiético, colunista da Broadway J.J. Hunsecker (Burt Lancaster) obriga o inescrupuloso agente de imprensa Sidney Falco (Tony Curtis) a terminar o romance de sua irmã com um músico de jazz. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor ator (Tony Curtis).

Comentários:
Excelente filme clássico onde a dupla central de atores surpreende. Burt Lancaster era visto como um herói dos filmes de aventura. Ele começou sua carreira no circo e se tornou famoso no cinema por causa de seus personagens atléticos, cheios de força e honestidade. Já Tony Curtis foi um dos galãs mais populares de sua época. Ele tinha um raro talento para comédias românticas, onde seu tipo se encaixava perfeitamente bem. Pois tanto Lancaster como Curtis decidiram deixar essas imagens para trás nesse filme. Aqui eles interpretam tipos asquerosos e sem ética, que usam de tudo para manipular as pessoas, atingindo assim seus objetivos nada nobres. É uma disputa de sordidez para ver quem é o mais inescrupuloso, o mais mau-caráter dos dois. Para atores que construíram suas carreiras em cima da imagem de protagonistas bonzinhos foi uma mudança e tanto. O filme também surpreende pela qualidade. A fotografia em bonito preto e branco captou as ruas reais de Nova Iorque, fugindo do esquema de filmagem dentro de estúdios que era tão comum em Los Angeles. Isso trouxe um realismo incrível ao filme. Enfim, uma ótima amostra de ousadia na era de ouro em Hollywood, em um filme onde não havia protagonistas, mas apenas antagonistas. Foi um serviço completo de vilania e bom cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de março de 2020

Quanto Mais Quente Melhor

“Ninguém é Perfeito!” – a última linha de diálogo de uma das comédias mais maravilhosas já realizadas, fechava com chave de ouro esse delicioso momento da carreira de Marilyn Monroe. Curiosamente a frase também poderia ser usada para se referir também a ela! Afinal Marilyn não era perfeita! Longe disso! Em “Quanto Mais Quente Melhor” ela mostrou todas as suas imperfeições. Chegava atrasada nas filmagens, não sabia suas falas, criava confusões com seus colegas de trabalho e enlouquecia Billy Wilder que já não sabia mais o que fazer com ela! Chegou a declarar a um jornalista que lhe perguntou como iam as filmagens: “É como estar dentro de um avião caindo, com uma louca entre os tripulantes!” Wilder como se percebe não era apenas um grande cineasta, mas também um criador de frases espirituosas! 

Apesar de todos os problemas enfrentados nas filmagens, o resultado final entrou para a história do cinema. Os bastidores da produção aliás são tão saborosos quanto o próprio filme. Quando o filme ficou pronto após as caóticas filmagens e Wilder conferiu o resultado pela primeira vez na sala de exibição do estúdio, ele ficou simplesmente maravilhado. Era incrível, mas Marilyn, a mesma que causou todos os tipos de problemas no set, era a mesma que aparecia linda e com fantástico talento cômico em cena. Monroe tinha essa qualidade única – ela conseguia transpor para as telas momentos raros, excepcionais, mesmo estando emocionalmente abalada, psicologicamente perturbada e fisicamente esgotada. Como o próprio diretor disse, a câmera de cinema amava Marilyn Monroe! Era um fenômeno da natureza. Se isso não era talento natural, nada mais poderia ser! O próprio Wilder reconheceu isso publicamente em diversas entrevistas e numa delas explicou: “Marilyn Monroe é uma amadora profissional. Ela tem dois pés esquerdos e espero que isso nunca seja corrigido. Não quero que ela vá a uma analista para sair de lá ‘consertada’. O que faz Marilyn esse mito é justamente essa característica dela!”

Ao lado da eterna Monroe temos em “Quanto Mais Quente Melhor” dois atores igualmente excepcionais. Tony Curtis e Jack Lemmon. Curtis vinha de uma sucessão de excelentes produções que tinham se tornado grandes sucessos de bilheteria. Cria da Universal Studios, ele finalmente alcançava o auge em sua carreira. Era um ator com raro timing de comediante (embora não fosse um) e conseguia como poucos interpretar o tipo mais esperto, beirando a malandragem. Como tinha ótimo visual enlouquecia o público feminino. Era um dos galãs mais populares de sua época. Aqui ele esbanjou carisma e química ao lado de Marilyn, isso apesar dos problemas que teve com a atriz. Infelizmente cometeu algumas grosserias com ela depois afirmando numa entrevista que “Beijar Marilyn era como beijar Hitler”! Uma frase infeliz que magoou bastante a atriz.

Já Jack Lemmon foi um poço de tranquilidade e calma mesmo nas conturbadas filmagens. Esse foi seguramente um dos melhores comediantes de todos os tempos em Hollywood. Seu humor era muito sofisticado, delicado, fino mesmo e não havia espaço para vulgaridades. Além de ótimo ator, era um pianista de mão cheia, que chegou inclusive a gravar alguns excelentes discos instrumentais. Um talento raro. Assim não é de se espantar que mesmo com o caos reinante na produção do filme tenhamos hoje um dos grandes clássicos do cinema americano, eleito por vários críticos como a “melhor comédia da história”. Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon e Billy Wilder em um só filme não poderia resultar em outra coisa. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar, inclusive de direção (Billy Wilder) e ator (Jack Lemmon), mas só foi premiado por figurino, uma injustiça! Deveria ter sido consagrado já em sua época e não anos depois como aconteceu. Infelizmente a Academia também não era perfeita! 

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like a Hot, Estados Unidos, 1959) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Robert Thoeren, Michael Logan / Elenco: Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon, George Raft / Sinopse: Joe e Jerry (Lemmon e Curtis) são dois músicos que casualmente acabam testemunhando um crime cometido por gangsters perigosos. Para escapar da máfia, resolvem fugir vestidos de mulher num grupo musical formado apenas por garotas, dentre elas a cantora loira Sugar (Marilyn Monroe) que começa a desconfiar da dupla!

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A Taberna das Ilusões Perdidas

Tentando tornar em realidade seus sonhos de se tornar um músico de sucesso, o jovem saxofonista Pete Hammond Jr (Tony Curtis) resolve ir embora da pequenina cidadezinha do meio oeste onde nasceu rumo a Nova Iorque. Na cidade grande ele acaba conhecendo o lado duro da vida. Para sobreviver nos primeiros dias, sem emprego e sem trabalho à vista, ele divide um pequeno quartinho com a jovem Peggy Brown (Debbie Reynolds). Ela também veio do interior alguns meses atrás com o sonho de se tornar modelo, mas tudo o que conseguiu foi ganhar alguns trocados trabalhando como companhia de dança em um estabelecimento barato nas redondezas. Prestes a ser despejada por falta de pagamento do aluguel ela acaba se tornando amiga de Pete. Afinal ambos estão passando pelos mesmos problemas (e eles são muitos a cada dia). Quando eu vi as informações sobre esse filme pela primeira vez pensei se tratar de uma comédia romântica. Essa primeira impressão veio do fato do elenco ser encabeçado pela dupla Tony Curtis e Debbie Reynolds, uma espécie de casal doçura dos anos dourados. Para minha surpresa não era nada disso. O filme tem uma trama realista, melancólica e até mesmo triste. Embora o romance venha a aparecer em seu clímax (em um dos poucos momentos de doce esperança nesse roteiro amargo), o fato é que o filme investe mesmo na dura realidade de dois jovens perdidos em uma grande cidade que no fundo pode engolir a ambos sem piedade.

O título original do filme inclusive vem de uma fala ácida de Reynolds ao dizer que pelo luta da sobrevivência na selva de pedra vale tudo, com as pessoas se comportando como se estivessem em uma corrida de ratos! É triste, mas soa bem real de fato. A própria personagem de Debbie Reynolds é um jovem garota que não sonha mais. Ela havia ido para New York pensando se tornar modelo, mas tudo cai por terra e ela se vê sendo explorada por um crápula que a chantageia para que ela se torne prostituta. Arruinada financeiramente, ela não consegue sequer pagar o aluguel do quartinho minúsculo em que mora! Sua falta de esperança acaba contrastando  com a chegada do músico de interior interpretado por Tony Curtis. Esse ainda sonha em vencer na cidade grande, se tornando um músico de renome. Os primeiros dias porém logo acabam com suas esperanças. Uma quadrilha de picaretas rouba seus instrumentos e ele fica sem seu meio de trabalho.

O drama desse filme realmente me deixou bem surpreso. Não é algo tão dramático e trágico como nas peças de Tennessee Williams, mas que acaba no final das contas tendo a mesma dose de realismo cortante. A única coisa que pode salvar personagens tão amargos, vivendo em uma realidade tão cruel, é o amor. E eles estão tão massacrados pela vida dura que levam que até isso - expressar um sentimento verdadeiro pelo outro - acaba virando um tremendo esforço pessoal por parte de cada um deles. Em suma, um filme realmente acima da média que vai agradar bastante aos cinéfilos que estejam em busca de um tipo de cinema clássico mais socialmente consciente, retratando pessoas bem reais, com suas dificuldades para viver a cada dia, tentando sobreviver ao seu próprio fracasso pessoal.

A Taberna das Ilusões Perdidas (The Rat Race, Estados Unidos, 1960) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Robert Mulligan / Roteiro: Garson Kanin / Elenco: Tony Curtis, Debbie Reynolds, Jack Oakie, Kay Medford, Don Rickles, Marjorie Bennett, Joe Bushkin / Sinopse: jovem músico, vindo do interior, tenta vencer na cidade grande. Ele logo percebe que as coisas não serão muito fáceis, principalmente após sofrer um golpe dado por outros músicos que roubam seu instrumento, seu único meio de sobreviver em sua nova vida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Dominado Pelo Crime

Título no Brasil: Dominado Pelo Crime
Título Original: Six Bridges to Cross
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joseph Pevney
Roteiro: SydTony Curtis, ney Boehm, Joseph F. Dinneen
Elenco: Tony Curtis, George Nader, Julie Adams, Sal Mineo, Jay C. Flippen, Jan Merlin

Sinopse:
A história emocionante de uma amizade ao longo da vida entre um policial novato de Boston e um jovem delinquente das ruas. Roteiro baseado em fatos reais, tirados das crônicas policiais daquela época bem violenta.

Comentários:
O Tony Cyrtis costumava dizer que o cinema o salvou do mundo do crime. Como jovem pobre de um bairro de Nova Iorque ele muito provavelmente teria se tornado um criminoso como muitos de seus amigos de infância e juventude. Esse filme aqui retrata esse lado da criminalidade atingindo os mais jovens. O elenco é bem interessante. Além de Tony Curtis há dois nomes da "turminha de James Dean" em Hollywood. A atriz Julie Adams (que trabalhou ao lado de Dean em "Vidas Amargas") e Sal Mineo (que atuou ao lado do lendário rebelde em "Juventude Transviada". Por ironia do destino Sal Mineo seria assassinado em um crime de ódio algumas décadas depois. A vida imita a arte? No caso aqui parece que sim.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Cavaleiros da Bandeira Negra

Título no Brasil: Cavaleiros da Bandeira Negra
Título Original: Kansas Raiders
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Robert L. Richards
Elenco: Audie Murphy, Brian Donlevy, Marguerite Chapman, Tony Curtis
  
Sinopse:
Jesse James (Audie Murphy) e seu irmão Frank (Richard Long) decidem abandonar a quadrilha Quantrill. Formada por bandoleiros e pistoleiros de todos os tipos o grupo aterrorizou o velho oeste durante a guerra civil com muitos saques, violência e assassinatos. Dizendo-se ser um rebelde renegado confederado o líder do bando, o coronel William Clarke Quantrill (Brian Donlevy), não passaria na verdade de um criminoso sanguinário. Sabendo disso os irmãos James resolvem seguir em frente, fora do grupo.

Comentários:
O ator Audie Murphy foi o soldado americano mais condecorado da II Guerra Mundial. Quando a guerra acabou ele voltou para os EUA e começou uma carreira como astro de filmes de guerra e faroestes. Aproveitando a onda de patriotismo, ele foi estrelando um western atrás do outro. Os filmes de faroeste do Audie Murphy eram quase sempre produções B da Universal. Ele próprio nunca se levou muito à sério e quando encerrou sua carreira disse em tom de brincadeira: "Fiz dezenas de faroestes em Hollywood e eles eram todos iguais, só mudavam os cavalos". Na época não se dava muita bola para seus filmes, é verdade, mas ultimamente os fãs de western tem reconhecido melhor essas produções. Um exemplo é esse Kansas Raiders (que no Brasil ganhou o péssimo título de "Os Cavaleiros da Bandeira Negra"). O filme é um típico produto protagonizado por Audie Murphy. Produção modesta, roteiro simples e tramas ligeiras - para se passar nas matinês dos cinemas visando o público mais jovem, a garotada. Dificilmente os filmes tinham mais de 70 minutos.

Esse filme tem uma curiosidade, interpretando um dos bandidos do bando de Jesse James temos Tony Curtis, ainda bem jovem, e com duas linhas de diálogos para falar. Pena que apesar disso sua presença não acrescente muito ao resultado final. O próprio Audie Murphy também não se esforça muito para mudar essa situação. Além disso muitos de seus filmes eram adaptações de livros de bolso que eram muito populares nos anos 50. Nesses livrinhos todos os personagens eram bem romantizados, como bem se percebe aqui nesse filme. De qualquer forma, pelo sucesso que alcançou e pela longa filmografia que acabou estrelando, os faroestes com Audie Murphy merecem passar ao menos por uma revisão. Apesar de simples, no fundo divertem, com um irresistível clima de nostalgia.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de dezembro de 2017

A Maldição do Espelho

Título no Brasil: A Maldição do Espelho
Título Original: The Mirror Crack'd
Ano de Produção: 1980
País: Inglaterra
Estúdio: G.W. Films, EMI Films
Direção: Guy Hamilton
Roteiro: Jonathan Hales, Barry Sandler
Elenco: Angela Lansbury, Rock Hudson, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Geraldine Chaplin, Tony Curtis, Edward Fox
  
Sinopse:
Uma equipe de filmagem americana vai até a Inglaterra para produzir um filme. O diretor da produção caberá ao renomado cineasta Jason Rudd (Rock Hudson) que precisará lidar com vários problemas, entre eles duas estrelas que se odeiam (Taylor e Novak), um produtor inconsequente e irresponsável (Curtis) e um assassinato! Isso mesmo, durante a recepção para a equipe uma jovem inglesa aparece morta, ao que tudo indicado vítima de um envenenamento mortal! Mas afinal de contas, quais seriam as motivações para o crime e quem teria sido o autor da morte? Miss Marple (Lansbury) parece ter a chave para a solução do mistério.

Comentários:
Para quem aprecia cinema clássico esse filme é uma pequena preciosidade histórica. Se formos analisar o elenco perceberemos facilmente que a produção foi praticamente uma despedida de astros e estrelas que foram ícones do cinema americano nas décadas de 1950 e 1960 e que depois não voltariam a trabalhar juntos novamente. Assim temos os dois grandes galãs da era de ouro da Universal (Rock Hudson e Tony Curtis) ao lado de uma dupla de grandes estrelas do cinema americano (as maravilhosas Elizabeth Taylor e Kim Novak) que na tela representam... isso mesmo, duas grandes estrelas do passado que nutrem uma antipatia mútua! Como se trata de uma adaptação de um livro de Agatha Christie intitulado "The Mirror Crack'd from Side to Side" já podemos antever o que iremos encontrar pela frente: um mistério a ser desvendado, onde existem inúmeros suspeitos, todos com motivos suficientes fortes para cometerem um crime. Quem deverá descobrir a identidade do verdadeiro assassino é uma das personagens mais queridas do universo da escritora: a simpática velhinha Miss Marple (interpretada pela carismática Angela Lansbury, curiosamente usando maquiagem para parecer mais velha do que era na época). O resultado de tudo isso é um filme bem cuidado, bem produzido e com inegável sabor nostálgico para quem adora o cinema do passado. Rever todos esses grandes nomes sempre é um prazer renovado para o cinéfilo mais tradicionalista. A aparência de alguns desses mitos pode, em um primeiro momento, chocar o espectador. Todos, sem maiores exceções, mostram as marcas do tempo. Isso porém deve ser visto com elegância e sabedoria, afinal de contas eles envelheceram sim, mas também sobreviveram, mostrando que foram vencedores em suas respectivas carreiras. Assim temos um ótimo programa, a que eu particularmente recomendo bastante.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de outubro de 2017

Só Ficou a Saudade

Título no Brasil: Só Ficou a Saudade
Título Original: Kings Go Forth
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Merle Miller, baseado na novela de Joe David Brown
Elenco: Frank Sinatra, Tony Curtis, Natalie Wood, Karl Swenson
  
Sinopse:
Segunda Guerra Mundial. O tenente americano Sam Loggins (Frank Sinatra) e seu pelotão rumam em direção ao sul da França, país que estava sendo libertado naquele momento histórico da dominação nazista. Em seu grupo junta-se um novo cabo, Britt Harris (Tony Curtis), especialista em comunicação. Quando chegam numa pequenina cidade na costa descobrem que o local está praticamente livre de tropas inimigas. Assim eles partem para a diversão, indo à praia e namorando as garotas locais. Sam acaba se apaixonando pela doce e bela Monique Blair (Natalie Wood), mas ela parece ficar mais interessada por Harris, afinal ele é extrovertido, sedutor e boa pinta. O que eles nem desconfiam é que os alemães não estão tão derrotados como todos erroneamente pensam.

Comentários:
Depois de "A Um Passo da Eternidade" o cantor Frank Sinatra deu um tempo em dramas de guerra, só retornando mesmo com esse bom "Só Ficou a Saudade". Embora tenha cenas de ação e combate o filme não se propõe a investir muito nesse aspecto. Na realidade o roteiro está sempre muito mais focado em contar uma história de amor frustrado. A velha história do sujeito que ama uma mulher, mas que precisa se contentar com o triste destino, pois ela ama outro. É interessante que Sinatra tenha optado por interpretar um homem triste, melancólico e rejeitado que precisa manter a cabeça no lugar enquanto tenta sobreviver à guerra e ao fato de que um verdadeiro canalha (o cabo Harris) acabe roubando o coração da garota que ele tanta ama. Há uma linha de diálogo que reflete tudo isso. O tenente interpretado por Sinatra se vira para o personagem de Tony Curtis e desabafa, dizendo: "Olhe para você! É rico, bonito e se dá bem com as garotas. Eu sou pobre e feio!". 

A impressão que tive foi que Sinatra, que vinha numa fossa tremenda em sua vida pessoal, por causa da rejeição de Ava Gardner, tentava transmitir tudo o que sentia justamente nesse papel em que atuava. Outro aspecto digno de nota vem da personagem Monique de Natalie Wood. Ela é filha de um negro americano que se enamorou de uma francesa. Em determinado momento do roteiro ela conta essa história para o tenente Sam. Ele fica chocado com as suas origens! Hoje em dia algo assim daria inúmeros problemas, certamente. Mas enfim... O diretor Delmer Daves, de tantos faroestes, até que se saiu muito bem dirigindo esse romance improvável e triste, sem final feliz. E para fechar a pequena resenha aqui vai também mais um fato curioso. Em determinada cena, numa boate esfumaçada, os soldados começam a pedir que um membro do pelotão suba ao palco para se apresentar. Obviamente por Frank Sinatra ser um dos maiores cantores de todos os tempos o espectador acabe pensando que ele dará uma canja em cena, mas não! Quem sobe ao palco para "dublar" um trompete é Tony Curtis! Assim, sinceramente, não dá para ser feliz...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Acorrentados

Depois de um acidente em um caminhão de transporte de prisioneiros, dois condenados, um branco e outro negro, conseguem fugir. Eles correm por suas vidas, tentando de todas as formas ganhar a tão almejada liberdade. Só há um problema nessa fuga: eles estão acorrentados um ao outro. Assim embora tenham muitas diferenças pessoais entre si, eles terão que superar tudo, em prol da sobrevivência mútua! Atrás deles vão os policiais, com cães farejadores e armamento pesado. O próprio governador quer, por questão de honra pessoal, que eles sejam recapturados o mais rapidamente possível, mortos ou vivos! Esse filme "Acorrentados" é sempre muito lembrado, tanto por fãs do trabalho de Tony Curtis, como de Sidney Poitier. Os dois atores dominam a cena, em um trabalho de atuação bem físico, mas que em nenhum momento compromete a dramaticidade do filme como um todo. O personagem de Tony Curtis é um branco com claras tendências racistas. Antes mesmo do acidente eles já se desentendem no caminhão que os transportava de uma penitenciária a outra. O branco chega ao ponto de chamar o personagem de Sidney Poitier de "nigger", uma palavra de óbvia conotação racista nos anos 50.

Assim o diretor Stanley Kramer aproveita a situação para também explorar o tema dos direitos civis em seu filme. No fundo a situação de um branco acorrentado a um negro representava a própria América naquele período histórico. Apesar do racismo, ambos deveriam trabalhar juntos em prol do desenvolvimento daquela nação tão dividida. Com isso o que temos aqui é na realidade uma metáfora, um espelho da própria sociedade americana. Dividida entre brancos e negros, mas ao mesmo tempo acorrentados uns aos outros, tendo que viver juntos. A própria maneira como ambos os prisioneiros são encarados pelas pessoas que encontram em sua fuga demonstra bem isso. Tony Curtis, o branco com pinta de galã, sempre tem o benefício da dúvida em seu favor. O encontro com o garotinho no meio da estrada e depois quando ele conhece a mãe dele, demonstram bem isso. Já o negro de Poitier sempre é encarado como o marginal sem salvação, o que deve ser temido, mesmo que no fundo ele tenha uma personalidade mais branda do que o branco aprisionado a ele em correntes. Em suma, "Acorrentados" é um filme que permite várias leituras e interpretações. Assista e tire suas próprias conclusões.

Acorrentados (The Defiant Ones, Estados Unidos, 1958) Direção: Stanley Kramer / Roteiro: Nedrick Young, Harold Jacob Smith / Elenco: Tony Curtis, Sidney Poitier, Theodore Bikel, Cara Williams / Sinopse: Dois prisioneiros acorrentados conseguem fugir durante um acidente e precisam sobreviver enquanto os policiais literalmente o caçam pelos bosques e pântanos da região. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Nedrick Young e Harold Jacob Smith) e Melhor Fotografia (Sam Leavitt). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Tony Curtis e Sidney Poitier), Melhor Ator Coadjuvante (Theodore Bikel), Melhor Atriz Coadjuvante (Cara Williams), Melhor Direção (Stanley Kramer), Melhor Edição (Frederic Knudtson) e Melhor Filme. Vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Filme - Drama. Também vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Sidney Poitier).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Spartacus

Título no Brasil: Spartacus
Título Original: Spartacus
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Dalton Trumbo, Howard Fast
Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Peter Ustinov, Tony Curtis, Charles Laughton, John Gavin, John Ireland 

Sinopse:
Durante a República da Antiga Roma, um escravo chamado Spartacus (Kirk Douglas), treinado para ser um gladiador nas arenas de combate, resolve liderar uma Insurreição contra a escravidão, levantando um verdadeiro exército de escravizados contra o poder de Roma. Para deter a rebelião o senado romano envia o general Crassus (Laurence Olivier) com a missão de aniquilar todos os revoltosos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Peter Ustinov), Melhor Fotografia, Direção de Arte e Figurino. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Comentários:
Ainda considerado um dos grandes clássicos épicos da história do cinema americano, "Spartacus" é uma verdadeira obra prima. Curiosamente foi um projeto bem pessoal do ator Kirk Douglas que via grande potencial na famosa história do escravo Spartacus, que ousou liderar a maior rebelião em busca da liberdade da Roma Antiga. Para transformar o projeto em um grande filme ele resolveu contratar o roteirista Dalton Trumbo que na época estava na lista negra da caça às bruxas em Hollywood. Douglas não se importou e teve a coragem de trazer o escritor para o filme. Adaptando a novela de Howard Fast ele criou um texto magnífico que daria origem a um enredo edificante e muito inspirado. Apesar de ter três horas de duração nunca se torna cansativo ou enfadonho, fruto do grande trabalho de Trumbo. Além dele o filme ainda contou com a primorosa direção de Stanley Kubrick, naquele que pode ser considerado o único épico histórico de sua carreira. O diretor foi minucioso na recriação do modo de vida dos romanos da época, estudando a fundo os mosaicos que sobreviveram ao tempo. Um historiador foi inclusive contratado atendendo uma sugestão de Kubrick que sempre foi um perfeccionista. Some-se a isso um elenco de primeira linha contando com Kirk Douglas em grande forma física, Peter Ustinov como o dono da casa de Batiatus (ele seria premiado com o Oscar por sua atuação), Laurence Olivier como o astuto general e político romano Crassus e Tony Curtis interpretando o escravo Antoninus, menestrel e declamador de poesias. Sua cena no banho ao lado de Olivier se tornou famosa por causa das claras insinuações homossexuais entre os dois personagens. A película sofreu uma restauração em 1991 resultando em uma versão com 10 minutos a mais de projeção, seguindo os planos iniciais de Kubrick. Em suma "Spartacus" merece todo o status que possui pois é de fato um dos grandes filmes da história.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Frank Sinatra - Só Ficou a Saudade

O filme em questão se chama "Kings Go Forth" (no Brasil recebeu o título de "Só Ficou a Saudade"). Durante muitos anos Hollywood se perguntou quando Sinatra retornaria aos filmes de guerra, ou melhor colocando, aos dramas de guerra. Isso porque o cantor havia sido laureado com o Oscar por "A Um Passo da Eternidade", filme que se notabilizou justamente por consagrar esse gênero. Assim todos esperavam pelo aguardado retorno de Sinatra a esse tipo de produção.

A espera acabou em 1958 com essa fita dirigida pelo cineasta Delmer Daves. Embora fosse mesmo especialista em faroestes, Daves aceitou o convite de Sinatra para dirigir essa adaptação da novela de Joe David Brown. As comparações com "A Um Passo da Eternidade" embora óbvias, são também injustas. Fica claro desde o começo que Sinatra está apenas preocupado em atuar bem, contar uma boa história (que foi parcialmente inspirada em fatos reais) e nada muito além disso. Para elevar um pouco as pretensões um ótimo elenco de apoio foi formado, mas mesmo assim podemos perceber bem que Sinatra não está pretendendo ganhar outro Oscar ou nada parecido com isso. Se sua intenção era apenas estrelar um bom filme de guerra, com toques dramáticos e romance, bom, ele certamente cumpriu aquilo que pretendia.

Quando o filme começa já encontramos o tenente Sam Loggins (Sinatra) e seus homens andando pelo interior da França que naquele momento estava sendo ocupada por forças aliadas após a dominação nazista. Eram soldados de libertação e por isso por onde passavam eram saudados pela população. A sorte para aqueles soldados era que eles foram designados para ocupar o sul do território francês, uma região em que já não havia mais tropas alemãs para combater. Um lugar realmente paradisíaco, com lindas praias e mulheres bonitas, todas prontas para se relacionarem com os militares americanos. Para Sam não poderia existir lugar melhor para se estar numa guerra daquelas. Entre uma volta e outra pelas bonitas paisagens ele acaba encontrando a bela Monique Blair (Natalie Wood), filha de pai americano, mas que mora na França desde que nasceu. 

Não demora muito e o tenente interpretado por Sinatra logo se apaixona por ela. O romance porém terá suas dificuldades, principalmente por causa das origens da garota (algo que vai deixar muita gente de cabelo em pé nos dias de hoje) e uma insuspeita antipatia entre ele e o cabo Britt Harris (Tony Curtis), filho de um rico empresário, boa pinta e metido a galã, conquistando as garotas francesas locais por onde passa. Ele vem para ser o operador de rádio, mas isso não faz com que Sinatra tenha maiores simpatias por ele, muito pelo contrário. 

Enfim, é justamente em cima desse trio de protagonistas que o roteiro se desenvolve. Tudo muito bem realizado, com ótimo entrosamento de todo o elenco. Sinatra, com seu estilo natural de interpretação, se encaixa muito bem na proposta do filme. Uma produção de sua carreira que prova mais uma vez que se ele não era um ator grandioso, pelo menos tinha o talento inegável de saber escolher bem os roteiros nos quais iria trabalhar. 

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de junho de 2015

Nu em Nova York

A história gira em torno de um casal de namorados que vivem em Nova Iorque na década de 1990. Jake Briggs (Eric Stoltz) tem o sonho de se tornar um grande escritor de peças de teatro na Broadway. Já Joanne White (Mary-Louise Parker) deseja se estabelecer no concorrido mercado de fotografias de arte da cidade. Ambos são jovens e com muitos sonhos, mas a realidade aos poucos vai colocando um freio em suas pretensões. Joanne trabalha em uma galeria de arte e logo começa a sofrer com as cantadas inoportunas de seu próprio patrão. Jake começa a sentir na pele como a falta de um nome maior pode soterrar suas escalada rumo ao sucesso. No final das contas é um filme apenas mediano, bem intencionado e com alguns cacoetes cinematográficos que eram típicos dos anos 90 - como a maçante tentativa de imprimir um visual publicitário em cada cena.

O elenco coadjuvante acaba ofuscando o casal protagonista com a participação especial de muita gente famosa, inclusive Tony Curtis (astro das décadas de 50 e 60), Whoopi Goldberg (a talentosa comediante que vivia um excelente momento em sua carreira com o sucesso de "Ghost"), Kathleen Turner (uma musa loira dos anos 80, muito popular naqueles tempos), Timothy Dalton (ele mesmo, o próprio James Bond) e Ralph Macchio (sim, o eterno Daniel LaRusso da franquia " Karatê Kid"). Não é uma fita para ter em sua coleção pessoal, mas também não é de todo ruim. Vale para revelar um pouquinho daquela geração.

Nu em Nova York (Naked in New York, Estados Unidos, 1993) Direção: Daniel Algrant / Roteiro: Daniel Algrant, John Warren / Elenco: Eric Stoltz, Mary-Louise Parker, Ralph Macchio, Tony Curtis, Whoopi Goldberg, Timothy Dalton, Kathleen Turner / Sinopse: A vida efervescente de um grupo de jovens adultos na Nova Iorque dos anos 90. Filme indicado ao Deauville Film Festival.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Homem Que Odiava as Mulheres

Na década de 1960 uma série de mortes envolvendo jovens mulheres coloca a polícia em alerta. A imprensa logo denomina o novo serial killer de "O Estrangulador de Boston" por causa da forma que mata suas vítimas. Após várias investigações finalmente se chega ao principal suspeito dos crimes: Albert de Salvo (Tony Curtis). História baseada em fatos reais. O interessante nesse "O Homem que Odiava as Mulheres" é que ele foi feito ainda no calor dos acontecimentos, o serial killer tinha acabado de ser preso e ainda nem havia ido a julgamento. Havia todo um debate se ele era ou não mentalmente capaz de ir para o tribunal do juri por seus crimes. Curioso é que assisti também um filme feito recentemente sobre o mesmo caso. Hoje, por exemplo, há sérias dúvidas se o homem que foi preso pela policia era o verdadeiro assassino. Muito se especula e grande parte dos especialistas entende que Albert de Salvo foi apenas um bode expiatório arranjado pelo departamento de policia para aliviar a pressão popular sobre si. No filme isso não aparece. Ele é mostrado como o serial killer, indiscutivelmente. Na verdade o próprio De Salvo se beneficiou diretamente desse filme pois ganhou muito com os lucros do uso de sua história. Isso indignou tanto os familiares das vítimas que foi aprovada uma lei depois proibindo esse tipo de comercialização sobre crimes violentos.

Deixando esses detalhes de lado é bom deixar claro que apesar de ser estrelado por Tony Curtis o filme é todo de Henry Fonda, trazendo uma dignidade enorme ao seu papel (ele faz o chefe da operação de caça ao criminoso). Grande ator, prova todo seu talento em cada diálogo. Nas cenas de interrogatório fica claro a diferença de grandeza entre ele e Tony Curtis, que apesar do esforço não consegue ficar à altura do papel. Nas cenas em que aparece perturbado mentalmente sua falta de preparo aparece nitidamente. Sinceramente não deu para o Curtis. Nas mãos de um grande ator roubaria o filme de Fonda, como isso não acontece só resta ao veterano dominar completamente a cena. O diretor Fleischer optou por um tom quase documental, com muito uso de câmera subjetiva para colocar o espectador no centro dos acontecimentos. O filme assim se torna bem interessante para pessoas que estudam o tema envolvendo matadores em série. Vale a pena ser conhecido.

O Homem que Odiava as Mulheres (The Boston Strangler, Estados Unidos, 1968) Direção: Richard Fleischer /  Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Gerold Frank / Elenco: Tony Curtis, Henry Fonda, George Kennedy, Mike Kellin e Hurd Hatfield / Sinopse: Na década de 1960 uma série de mortes envolvendo jovens mulheres coloca a polícia em alerta. A imprensa logo denomina o novo serial killer de "O Estrangulador de Boston" por causa da forma que mata suas vítimas. Após várias investigações finalmente se chega ao principal suspeito dos crimes: Albert de Salvo (Tony Curtis). História baseada em fatos reais.

Pablo Aluísio.