terça-feira, 30 de novembro de 2021

The Beatles - Get Back - Part 2

Fiquei surpreso com a duração dessa segunda parte. São quase 3 horas de filme! Realmente havia muito material para Peter Jackson trabalhar. O resultado como sempre é muito bom. Aqui os Beatles decidem ir embora de Twickenham. Não foi uma boa experiência. Aquele grande estúdio mais parecia um velho galpão. Era frio e nada acolhedor. A solução eles encontram em casa. Decidem gravar o resto do disco nos próprios estúdios da Apple, no porão do prédio de seu selo. Geprge Harrison retorna ao grupo e a chegada do pianista Billy Preston melhora bastante o clima entre eles. Na Apple as coisas começam a melhorar. Os Beatles começam a acertar e as faixas começam a ser gravadas. Tudo parece ter voltado aos eixos.

Entretanto ainda fica sem solução a questão do show que iria encerrar o filme. Eles tinham ouvido várias propostas, algumas bem estranhas, mas no final de tudo eles decidem simplesmente subir no telhado do prédio da própria Apple para encerrar o filme. Definitivamente não era a melhor solução, mas diante das circunstâncias, o que poderia se fazer? Paul sobe no telhado e faz uma checagem. Será que aquilo aguentaria o peso dos Beatles, da equipe de filmagem e dos equipamentos de som? Olhando para o passado fico até perplexo por eles terem decidido algo tão fora do script. Porém era a tal coisa, ou faziam o show no telhado ou o filme ficaria sem um clímax, um dinal adequado. Esse show obviamente ficou para a terceira e última parte do documentário. Então que venha mais algumas horas desse excelente filme.

The Beatles - Get Back - Part 2  (Inglaterra, 2021) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson / Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Yoko Ono, Linda Eastman, Mal Evans, George Martin, Michael Lindsay-Hogg, Glyn Johns, Neil Spinall / Sinopse: Segunda parte do novo documentário sobre os Beatles dirigido por Peter Jackson. Os Beatles deixam o Twickenham Studios para trás e voltam para o prédio da Apple onde as coisas começam a dar certo novamente. Eles gravam as primeiras faixas do novo álbum e decidem fazer um show no telhado da Apple para finalizar o documentário "Let It Be".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Paul Newman - Rocky Graziano

A história do famoso lutador de boxe Rocky Graziano foi adaptada para o cinema para ser estrelada pelo ícone jovem James Dean. Ele inclusive estava empolgado por começar a filmar, a tal ponto de, em uma de suas últimas entrevistas, dizer que via aquele roteiro como um dos melhores já escritos em Hollywood. Era uma grande oportunidade de se desenvolver ainda mais como ator. Dean inclusive lutara para que a Warner o cedesse para fazer o filme na MGM. Quando tudo estava pronto, com a pré produção completamente finalizada, o ator resolveu participar de uma corrida na Califórnia. Seria sua despedida das férias para logo após começar os trabalhos no novo filme.

No meio do caminho, na estrada deserta de Salinas, espatifou seu carro Porsche em um cruzamento. Ali mesmo James Dean, o ator que simbolizava toda a rebeldia jovem do mundo, morreu. A Metro-Goldwyn-Mayer que já havia investido bastante na realização do filme ficou em um dilema. Por alguns meses os executivos ficaram sem saber o que fazer - tentaram convidar Marlon Brando mas esse recusou ao dizer que já havia assinado contrato para a realização de uma outra produção da Fox. A outra boa opção seria Montgomery Clift, mas o sensível ator achou que não seria adequado para o papel. 

Foi então que o diretor Robert Wise sugeriu o nome de Paul Newman. Muitos produtores tinham receio de escalar Newman por causa de seu primeiro filme, o tão criticado "O Cálice Sagrado". Além disso naquela altura ele não tinha um nome forte o suficiente para garantir uma boa bilheteria. Havia porém pontos a favor de Newman, o mais forte deles é que ele também fazia parte da brilhante geração de atores de Brando e Dean e tal como eles era cria do famoso Actor´s Studio. Certamente poderia ser uma ótima solução.

Some-se a isso o fato de que Paul estava esperando há tempos por uma boa oportunidade e aquele script parecia ser uma ótima opção para ele recomeçar tudo de novo, como se fosse do zero. De uma forma ou outra, em uma tarde de setembro de 1955 Newman finalmente foi até a MGM assinar o contrato. Tudo estava certo e ele faria Rocky Graziano em "Somebody Up There Likes Me" que no Brasil receberia o título de "Marcado pela Sarjeta". Seria o começo de uma nova fase de sua carreira no cinema.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de novembro de 2021

The Beatles - Get Back - Part 1

O diretor Peter Jackson teve acesso a mais de 60 horas de gravação do filme "Let It Be" dos Beatles. Esse material estava arquivado há décadas em antigas latas de filmes. Ao começar a pesquisar esse farto acervo o diretor da franquia "O Senhor dos Anéis" percebeu que havia material de sobra para a elaboração de um novo documentário, algo maior, mais complexo, mais completo do que o próprio "Let It Be" de 1970. Surgiu então esse longo documentário com quase oito horas de duração que foi dividido em três partes. Atualmente está disponível para se assistir no Disney Plus. Ontem assisti a parte 1. Os Beatles chegam no estúdio Twickenham para o começo dos trabalhos. A ideia original era gravar de 10 a 12 novas músicas para um álbum de inéditas. Depois os Beatles iriam voltar aos palcos em um grande evento mundial. O problema é que eles praticamente não tinham nada e nem sabiam direito como seria feito esse grande show ao vivo.

Pressionados, eles começaram os ensaios. Tudo muito disperso, sem foco. Paul McCartney tenta o tempo todo organizar aquela bagunça, muitas vezes sem êxito. Em determinado momento desabafa dizendo que os Beatles precisavam de disciplina. Algo complicado, ainda mais vendo que George Harrison estava em um clima de confronto com Paul e John Lennon parecia anestesiado, apático. O próprio Lennon realmente parecia sem novas ideias. Uma das forças criativas do grupo, John só tinha a apresentar algumas linhas de músicas inacabadas. Uma decepção. Conforme o tempo vai passando o clima começou a ficar mais tenso. Esse primeiro episódio termina quando George Harrison decide ir embora, deixar os Beatles. Cansado do perfeccionismo de Paul, ele simplesmente comunicou aos demais membros da banda que estava fora! O auge ocorre quando John Lennon sugere que os Beatles chamem Eric Clapton para subsituir George. O abraço dos três nos momentos finais sugere que eles tentavam salvar um navio que estava inegavelmente afundando.

O que mais me impressionou nessa parte 1 foi a capacidade de criação de Paul McCartney. Em apenas uma manhã ele vai ao piano sozinho e cria praticamente do nada alguns dos maiores clássicos dos Beatles como "Let It Be" e "The Long And Winding Road". Ele também criou, bem na base do improviso, a própria "Get Back", com isso salvando as sessões de um ostracismo impressionante. Confesso que para gostar desse novo documentário o espectador tem que necessariamente gostar muito dos Beatles. São horas e horas de ensaios, muitos deles sem qualquer foco ou direção. No meio de tanta dispersão porém os clássicos iam surgindo meio ao acaso. Somente os Beatles conseguiam criar no meio de uma situação como aquela. Coisa de gênios mesmo.

The Beatles - Get Back - Part 1: Days 1-7 (Inglaterra, 2021) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson / Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Yoko Ono, Linda Eastman, Mal Evans, George Martin, Michael Lindsay-Hogg, Glyn Johns, Neil Spinall / Sinopse: Primeira parte do documentário dos Beatles dirigido pelo cineasta Peter Jackson. Nessa primeira parte vemos os Beatles ensaiando no Twickenham Studios.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de novembro de 2021

Em Busca da Justiça

Dos filmes recentes de faroeste esse foi um dos que mais me agradaram. E qual é a história que esse filme nos conta? Após conseguir fugir das mãos de um criminoso sádico e violento chamado John Bishop (Ewan McGregor), a jovem Jane (Portman) consegue reconstruir sua vida ao lado de Bill Hammond (Noah Emmerich). Eles recomeçam como rancheiros numa propriedade distante, no meio do deserto. O que ela não poderia esperar era que Bishop conseguiria descobrir onde ela estaria vivendo. Agora ao lado de seus bandoleiros eles retornam para acertar contas com ela e seu marido Bill. Só os mais fortes conseguirão sobreviver. Como eu frisei esse filme é realmente um bom faroeste estrelado pela atriz Natalie Portman. Eu sinceramente não me lembro de ter visto ela em filmes desse gênero antes. O mais interessante é que o filme foi produzido pela própria Natalie ao lado dos irmãos Weinstein, os antigos donos do estúdio Miramax. O resultado é dos melhores. A protagonista é uma jovem que sofreu todos os tipos de abusos psicológicos e sexuais quando caiu na rede da quadrilha de John Bishop (interpretado por Ewan McGregor, ótimo, quase irreconhecível). Ela a forçou trabalhar como prostituta em seu bordel, sob a mira de uma arma. Pior do que isso, sumiu com sua pequena filha. O único que a defendeu foi Bill (Noah Emmerich), antigo membro da gangue de Bishop.

Após uma matança eles conseguem fugir, mas Bishop não perdoa o que ele considera uma traição vil. Para completar o quadro ainda há o veterano de guerra Dan Frost (Joel Edgerton), primeiro marido de Jane. Uma boa pessoa que viu sua esposa ir embora com outro homem. Mesmo magoado, ele resolve ajudar Jane, principalmente agora que o bando de Bishop está prestes a chegar, prontos para tudo. O roteiro é basicamente construído em cima desse momento de tensão com Jane, Dan e Bill encurralados em seu pequeno rancho enquanto Bishop e seus homens partem para a vingança. Para contar o passado de todos os protagonistas o diretor usa de flashbacks, todos muito bem encaixados na estória. Assim o que temos aqui é um faroeste classe A, com excelente elenco e direção de Gavin O'Connor, jovem cineasta que se destacou com "Guerreiro", um bom filme sobre lutas. Esse novo "Jane Got a Gun" é certamente seu melhor trabalho. Se você gosta do gênero faroeste não deixe passar em branco pois o resultado, como escrevi, é realmente muito bom.

Em Busca da Justiça (Jane Got a Gun, Estados Unidos, 2015) Direção: Gavin O'Connor / Roteiro: Brian Duffield, Anthony Tambakis / Elenco: Natalie Portman, Ewan McGregor, Joel Edgerton, Noah Emmerich / Sinopse: Jovem mulher e seu marido são encurralados em seu próprio rancho por uma quadrilha de bandidos e criminosos. O líder deles quer se vingar de Jane, a dona do rancho, a qualquer custo.
 
Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Marlon Brando e Elia Kazan

Em sua autobiografia o ator Marlon Brando foi enfático ao dizer que de todos os diretores com quem trabalhou Elia Kazan foi o melhor. Para Brando, Kazan tinha uma qualidade única ao dirigir atores pois ele próprio havia sido ator nos anos 30. Assim tinha plena confiança em seus intérpretes e fazia de tudo para que eles também fizessem parte do processo criativo de um filme. Por isso Kazan dava total liberdade ao seu elenco, algo que Brando admirava muito. Todos os detalhes de uma cena eram debatidos por Kazan e seus atores e juntos procuravam o melhor caminho para fazer o mais adequado para o filme. Essa forma de trabalhar deixava Brando completamente à vontade, muito concentrado em suas cenas, dando o melhor de si. O interessante é que Kazan ficava atrás das câmeras, recitando as falas, atuando como se estivesse em cena. Fazia gestos, poses e os atores se sentiam bastante desafiados a atuar da melhor forma possível para esse tipo de diretor tão engajado e emocionalmente comprometido com sua obra.

Apesar de profissionalmente se darem muito bem, na vida pessoal Marlon Brando acabou criando sérias divergências com Elia Kazan. Acontece que o diretor foi membro do Partido Comunista durante os anos 30 e anos depois caiu na malha fina do Macartismo, que naquela altura estava em uma verdadeira caça às bruxas contra comunistas dentro do cinema americano e do mundo das artes em geral. Convocado para depor Elia Kazan não pensou duas vezes e entregou todos os seus antigos companheiros de partido. Isso obviamente arruinou a vida desses profissionais que ficaram sem ter onde trabalhar ou arranjar emprego pois nenhum estúdio de Hollywood os contrataria após seus nomes estarem na lista negra. Alguns inclusive não aguentaram a pressão e se mataram. Foi uma atitude feia, vergonhosa e lamentável por parte de Kazan. O ato de ser um dedo duro covarde acompanharia e mancharia a biografia de Elia Kazan até o fim de sua vida.

Para completa surpresa de Marlon Brando ele também entrou na lista negra, só que por um ato menor, que no final das contas não o prejudicou em sua carreira. Anos antes Brando havia assinado um abaixo-assinado contra o enforcamento de um negro numa prisão do sul. Isso bastou para colocar seu nome entre os possíveis "vermelhos" de Hollywood! Pior aconteceu com sua irmã, Jocelyn Brando, que também foi incluída a lista negra por um erro absurdo: ela tinha o mesmo sobrenome de um infame roteirista comunista, só que na verdade ela nem conhecia o sujeito! Isso a prejudicou e ela ficou um tempo sem conseguir arranjar emprego em Hollywood e teve que ir para Nova Iorque para trabalhar em peças de teatro na cidade. Brando ficou indignado com as acusações. Ele nunca havia sido comunista e se tivesse sido teria assumido tudo de peito aberto. Era uma mentira e uma calúnia contra ele e sua irmã.

Esses fatos por si só já tinham convencido Brando de que nunca mais trabalharia ao lado de Elia Kazan. Assim foi com muita resistência que aceitou fazer um último filme ao lado do diretor, "Viva Zapata!", uma cinebiografia do famoso revolucionário mexicano Emiliano Zapata. O roteiro lhe interessava particularmente e o fato de Kazan filmar algo com aquela proposta lhe soava como uma doce ironia do destino. O presidente da Fox achava que o projeto tinha poucas possibilidades de ser bem sucedido comercialmente e por isso disponibilizou um orçamento bem limitado. A fotografia também seria em preto e branco para economizar custos. Obviamente o filme hoje é considerado um clássico absoluto, para surpresa de muitos da época que diziam que seria uma bomba nas carreiras de Brando e Kazan. Sua qualidade cinematográfica porém acabou provando que se em sua vida pessoal e política Elia Kazan tinha do que se envergonhar, como cineasta ele continuava tão brilhante como antes.

Pablo Aluísio.

O Primeiro Casamento de Marilyn Monroe

Marilyn tinha apenas 16 anos quando sua mãe adotiva resolveu que era hora de se livrar dela. A questão é que tinha se apaixonado por um novo homem e queria se mudar, ir viver em outra cidade. Não havia assim mais espaço para a jovem Norma Jean em seu novo lar. Sem consultar Marilyn ela entrou em acordo com a vizinha amiga que tinha um filho que já estava com 21 anos e até aquele momento não mostrava interesse em se casar. Seu nome era James Dougherty. As duas mães então chegaram na conclusão que um casamento arranjado entre os seus jovens iria resolver os problemas das duas. Marilyn era muito jovem, uma adolescente ainda, e não tinha a menor ideia do que aquilo significava. Ela conheceu Jim em um fim de semana e o casamento foi marcado, meio que às pressas mesmo. Não havia tempo para romance e nem bobagens desse tipo.

Assim numa tarde de sábado de um dia quente de 1942 Norma Jean se casou com Jim Dougherty. Com o casamento Marilyn se tornava emancipada e não haveria mais necessidade de ficar indo de lar adotivo em lar adotivo, morando com pessoas desconhecidas em lugares que ela nem sabia que existia. Como tinha apenas 16 anos ela não tinha consciência do que era ser casada e nem das obrigações que isso implicava. Em relação a ter uma vida sexual com o marido as coisas eram ainda mais complicadas pois Marilyn, por ser uma adolescente dos anos 1940, nunca havia falado sobre sexo antes com quem quer que seja. Anos depois lembrando de seu primeiro casamento ela dizia ironicamente que era "como viver em um zoológico".

Sua sorte foi que seu marido Jim logo se alistou na marinha mercante e começou a fazer longas viagens. Na pior das hipóteses Norma ficava livre da obrigação de conviver diariamente com um quase estranho que agora tinha que chamar de marido. Para matar o tédio de uma vida sem objetivos (ela também tinha largado a escola após se casar), começou a ir ao cinema todos os dias. Os filmes eram naquela época a escolha natural de diversão para os mais pobres pois os ingressos custavam barato, principalmente nas matinês, uma quantia realmente irrisória que nem chegava a 1 dólar.

Marilyn ficou deslumbrada com todas aquelas atrizes bonitas, vivendo vidas nas telas que para ela mais pareciam um sonho distante. Como era jovem e inocente ainda, Norma foi aos poucos alimentando o sonho de ir para Hollywood para ser atriz. Quando contou para uma amiga que queria virar atriz de cinema ela riu e disse que isso era algo impossível de se conseguir. Norma porém não aceitou essa realidade. Assim quando seu jovem marido voltou de viagem tudo o que encontrou foi sua casa vazia e um bilhete de Marilyn dizendo que ela tinha indo embora para sempre e que mandaria os papéis de divórcio pelo correio. Emancipada, livre e dona do próprio destino, Norma nem pensou duas vezes e foi embora atrás de seus sonhos. No total o casamento sequer durou dois anos. O marido ficou para trás, literalmente a ver navios.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Elizabeth Taylor e Montgomery Clift

É interessante notar que Liz Taylor foi amiga de praticamente todos os grandes ídolos do cinema de sua época. Nutria sincera amizade com James Dean, Marlon Brando e Rock Hudson. Era de fato uma pessoa mestre em transformar colegas de trabalho em amigos próximos de longa data. Com Montgomery Clift não foi diferente. Clift foi um dos vértices da trindade sagrada de atores dos anos 1950, formada ainda por Brando e Dean. Se diferenciava deles por ter uma personalidade muito mais reservada, torturada e gentil. Enquanto Dean era associado com delinquentes juvenis e Brando encarnava toda a rebeldia rude de seu tempo, Clift era discreto, tímido e muito na dele. O que ligava os três atores era o fato de serem considerados os mais promissores atores jovens de sua geração, além de possuírem um talento nato lapidado no Actors Studio de Nova Iorque.

A amizade de Montgomery Clift com Elizabeth Taylor foi longa e muito verdadeira. Isso porque não demorou muito para Liz se colocar na posição de conselheira pessoal e íntima de Clift, algo que os anos provariam não seria nada fácil. Monty tinha muitos problemas emocionais em sua vida privada. Não conseguia se acertar com nenhuma garota por longo tempo (o que daria origem a infundadas fofocas de que era gay) e tampouco conseguia superar seus problemas de alcoolismo e depressão. O relacionamento com o pai também era fonte de vários problemas. O estilo refinado e educado do ator também lhe trazia algumas dificuldades de relacionamento na terra do exibicionismo barato que era Hollywood.

Segundo várias biografias no começo de tudo Montgomery Clift realmente deu vazão a uma paixão platônica em relação a Elizabeth Taylor. Isso ficou bem evidente no set de filmagens de "Um Lugar ao Sol". Não é de se admirar pois Liz e Clift era jovens radiantes, estavam subindo os degraus do Olimpo em Hollywood e viviam negando para a imprensa que havia um romance entre eles. De fato não havia, muito por causa da falta de coragem por parte de Clift em avançar o sinal e tentar algo com sua parceira de cena. Liz poderia ceder, mas ela tinha uma personalidade tão ofuscante que Clift se viu na sombra dela rapidamente. Para não perder sua amizade resolveu não arriscar. Afinal de contas se tentasse consumar um romance com ela e não desse certo, certamente perderia sua amizade.

Com o passar dos anos Montgomery Clift foi ficando cada vez mais absorvido em si mesmo, em seus problemas. Liz foi testemunhando sua queda lentamente. Mesmo assim resolveu ficar o mais perto possível do ator, tentando colocar ele de volta ao bom caminho. E foi justamente após uma festa em sua casa que Clift sofreu um terrível acidente de carro, por estar dirigindo completamente embriagado. O acidente deformou parte de seu rosto e praticamente destruiu sua carreira em Hollywood. Foi justamente Liz que tentou escalar Clift em vários filmes seus após esse acidente, justamente para que ele não ficasse desempregado e nem deprimido em sua casa.

Esse ato fez com que Montgomery Clift ficasse tão próximo a ela que mais parecia um irmão mais jovem da atriz. Infelizmente nada disso evitou a morte precoce de Montgomery Clift em julho de 1966 em Nova Iorque. Ele tinha apenas 45 anos mas uma vida de excessos havia cobrado seu preço e Monty mais parecia um velho ao morrer. Tinha fortes dores de cabeça em decorrência da batida de seu carro e tentava controlar tudo com forte medicação e muita bebida. Essa mistura explosiva acabou com o restante de sua saúde. Para Clift a morte acabou sendo um alívio de seus demônios pessoais. A tragédia deixou a atriz abalada e ela procurou resumir o amigo de uma forma bem carinhosa ao se referir a ele como "uma alma bondosa e terna".

Pablo Aluísio.

Ilusão Perdida

Título no Brasil: Ilusão Perdida
Título Original: The Big Lift
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Seaton
Roteiro: George Seaton
Elenco: Montgomery Clift, Paul Douglas, Cornell Borchers
  
Sinopse:
Danny MacCullough (Montgomery Clift) é uma sargento da força aérea dos Estados Unidos que é enviado para Berlim, cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. Lá ele passa a fazer parte da tripulação de uma das centenas de aeronaves americanas cuja principal missão é enviar alimentos e provisões para o povo alemão, naquele momento histórico passando grandes dificuldades após seu país ter sido destruído pelo conflito. Em Berlim Danny acaba conhecendo a bela jovem e viúva alemã Frederica Burkhardt (Cornell Borchers) por quem se interessa. O problema é que o passado dela esconde segredos inconfessáveis. Filme indicado ao Globo de Ouro.

Comentários:
Para fãs de Montgomery Clift sem dúvida é um filme extremamente interessante. Aqui temos um jovem Monty, antes de virar um astro em "Um Lugar ao Sol" ao lado de Elizabeth Taylor, estrelando um filme que fica no meio termo entre o puro romance nostálgico e a pura propaganda patriota americana. Explico. O cenário é a Alemanha do pós-guerra. As cidades do país estão destruídas, pouca coisa ainda resta de pé. O antes todo orgulhoso povo alemão vive literalmente de sobras, vindas principalmente de programas humanitários das forças armadas americanas que distribuem gratuitamente comida para aquela nação ferida pela derrota no maior conflito armado da história. Hitler está morto e o nazismo sepultado, mas as feridas ainda parecem demorar a cicatrizar. Clift interpreta esse militar americano, um tipo até ingênuo, que acaba se interessando por uma jovem viúva da guerra. Apesar dos conselhos para ir com calma ele acaba entrando de cabeça em sua nova e avassaladora paixão. Para ele aquela garota representa todo o sofrimento daquele povo. Para não morrer de fome, por exemplo, Frederica (Borchers) precisa aceitar trabalhos pesados, na reconstrução da nação, como levantar pedras de prédios destruídos. 

Isso acaba sensibilizando o personagem de Montgomery Clift. O problema é que o passado é um farto pesado demais. principalmente em relação à essa sua paixão alemã. A garota vista sob esse ponto de vista não parece tão encantadora, ainda mais ao se descobrir que ela teria sido esposa de um fanático oficial da SS. O roteiro desse filme se revela nos minutos finais surpreendentemente realista. O desfecho que todos acabam esperando não vem. Ao invés disso surge um leve gostinho de ressentimento, mesclado com amargura. A impressão que tive foi que os americanos queriam ajudar os alemães, o problema é que a guerra havia sido amarga demais. Não havia como enxergar aquelas pessoas apenas como vítimas, mas também como cúmplices. A fotografia é desoladora, filmado apenas cinco anos depois do fim da guerra a produção acabou imortalizando aquele triste retrato de um povo em ruínas. As cidades destruídas e as pessoas vagando em busca de alguma comida. Um fim trágico para todo uma nação que resolveu seguir os sonhos insanos de um louco. Assim "Ilusão Perdida" pode até ser considerado sem grandes novidades para alguns, já para outros, mais atentos, é um bela lição de história, tão real na tela como se todos estivéssemos lá.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Inimigo Público

Título no Brasil: Inimigo Público
Título Original: The Public Enemy
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Kubec Glasmon, John Bright
Elenco: James Cagney, Jean Harlow, Edward Woods
  
Sinopse:
Tom Powers (James Cagney) quer vencer na vida e não importa como. Desde a infância ele começa a realizar pequenos furtos e crimes até que se torna um dos gangsters mais violentos e brutais de sua cidade. Com a proibição da venda de álcool em bares pelo país ele começa a transportar a bebida de forma clandestina, como contrabando, o que o torna um homem rico e poderoso dentro do mundo do crime, mas será mesmo que essa tentativa de subir na vida a todo custo dará realmente certo? Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (John Bright e Kubec Glasmon).

Comentários:
Se não for o mais clássico de todos os filmes de gangsters da história do cinema americano, certamente é um dos cinco mais importantes. Não precisa ir muito longe para entender que se trata de uma versão romanceada do grande gangster da época, Al Capone. Dizem inclusive que ele assistiu ao filme ao lado de seus capangas em Chicago e gostou bastante do resultado. Semelhanças biográficas não faltam. Assim como Capone o personagem Tom Powers interpretado por James Cagney, é um bandidinho que começa por baixo, roubando relógios baratos pelas ruas. Depois conforme o tempo vai passando ele vai subindo dentro da hierarquia do mundo do crime até que a sorte grande lhe bate finalmente a porta. A Lei Seca entra em vigor, proibindo a comercialização de bebidas alcoólicas e isso abre um mercado lucrativo para todos os bandidos da cidade que começam a ganhar muito dinheiro com o contrabando de bebidas. Powers e seu fiel e amigo comparsa Matt Doyle (Edward Woods) ganham assim muito dinheiro, a ponto de desfilarem com carrões pela cidade com loiras exuberantes a tiracolo. A namorada de Tom Powers, Gwen Allen, é interpretada pelo mito Jean Harlow, uma atriz que iria influenciar decisivamente na carreira de Marilyn Monroe algumas décadas depois. Ambas eram loiras platinadas, sensuais e que se envolviam com os homens errados. Também morreram jovens, no auge do sucesso. 

Outro ponto forte do filme vem de seu roteiro que explora muito bem a rivalidade que nasce entre Powers e seu irmão Mike (Donald Cook). Esse quer vencer na vida de forma honesta, estudando de noite e trabalhando de dia. Na visão de Tom porém ele não passa de um "otário" (como convém aos espertalhões em geral). Só que Tom não contava que iria acabar pagando muito caro por tentar subir na vida de todas as maneiras possíveis. Por fim, e não menos importante, devemos chamar atenção para uma cena especial quando James Cagney esfrega uma laranja na cara de sua amante durante um café da manhã luxuoso no hotel mais caro da cidade. Essa cena foi considerada extremamente perturbadora na década de 1930 e por causa da reação negativa em sessões testes a Warner decidiu colocar um prólogo moralista afirmando que o filme não tinha a proposta de glamorizar a vida dos criminosos, mas sim servir como um alerta, um aviso, com o que havia de errado na sociedade. Por essa razão temos um final tão significativo nesse aspecto, algo do tipo "Não tente seguir os passos do criminoso retratado nesse filme pois definitivamente o crime não compensa". Bom, pelo menos para James Cagney o crime compensou e muito, pelo menos nas telas de cinema, pois depois desse filme ele virou um mito na era de ouro de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

A Defesa do Castelo

Título no Brasil: A Defesa do Castelo
Título Original: Castle Keep
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Daniel Taradash
Elenco: Burt Lancaster, Patrick O'Neal, Jean-Pierre Aumont, Peter Falk, Bruce Dern

Sinopse:
Durante a II Guerra Mundial um pequeno pelotão de soldados americanos liderados pelo Major Abraham Falconer (Burt Lancaster) é enviado para defender um castelo na Bélgica, uma propriedade rica e luxuosa pertencente ao Duque de Maldorais (Jean-Pierre Aumont). O lugar é de vital importância estratégica pois fica no caminho usado pelos alemães para chegar em Ardenas, onde se travaria a última das grandes batalhas do histórico conflito. Roteiro baseado na novela escrita por William Eastlake. 

Comentários:
Esse é um caso interessante. Apesar de ser um filme americano, dirigido por um cineasta também norte-americano, temos um resultado que mais se assemelha a um filme europeu da época. Pollack nitidamente segue os passos dos grandes diretores europeus, procurando seguir as mesmas técnicas narrativas e os mesmos enfoques cinematográficos que prevaleceram no velho continente. A própria forma de narrar a história reflete isso. Os cortes são muitas vezes inesperados e ao contrário do que sempre aconteceu nas grandes produções americanas de guerra não há interesse em mostrar tudo em detalhes, mas sim de forma indireta, de acordo com a percepção de cada soldado daquele pelotão do exército americano. Com isso a fidelidade história é deixada um pouco de lado, dando prioridade no desenvolvimento de cada personagem. O Major Falconer (Burt Lancaster) é um militar linha dura que pretende seguir o regulamento à risca, embora deslize de vez em quando (principalmente ao se envolver romanticamente com a própria esposa do duque dono do castelo). O Sargento Rossi (Peter Falk) está cansado da guerra e sonha em ser um padeiro na Europa, para viver uma vida simples, mas feliz. Já o soldado raso Piersall Benjamin (Al Freeman Jr.) sonha em ser escritor após a guerra, para narrar suas experiências vividas (na verdade esse personagem é o próprio autor do livro que deu origem ao filme, William Eastlake). Com belas locações e uma linha narrativa fragmentada, "Castle Keep" passa longe de ser um filme de guerra convencional, porém vale bastante a pena pelas ousadias que ousa cometer. Uma pequena obra-prima que merece ser redescoberta pelos cinéfilos apreciadores de filmes clássicos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Sem Tempo Para Morrer

Esse é o James Bond mais progressista que você vai assistir em sua vida. Sai de cena o mulherengo conquistador e entra o homem apaixonado. O James Bond desse filme chora ao olhar o horizonte, ao lembrar da mulher que ama. Um sinal dos novos tempos e algo natural sabendo-se que o diretor Cary Joji Fukunaga afirmou em entrevistas que "O James Bond de Sean Connery era praticamente um estuprador". Assim nada de tentar conquistar outras mulheres. O interessante é que houve muitos boatos dizendo que uma mulher negra seria a nova agente 007. Boatos verdadeiros. Bond nesse filme não é mais 007. Seu famoso codinome no serviço secreto foi passado para uma nova agente, confirmando tudo o que se disse antes do filme ser lançado. O roteiro também explora sutilmente a questão da pandemia, ao colocar uma arma biológica no centro da trama. São detalhes para deixar o personagem mais atual. Embora com esse novo espelho progressista em cena, os produtores mantiveram também certos aspectos tradicionais do personagem, como as boas cenas de ação, seu famoso carro e todos aqueles aparelhos tecnológicos que são a marca registrada de Bond desde o primeiro filme. Também há bons vilões na história. Isso faz com que o espectador mais antigo de Bond se identifique pelo menos em parte com essa nova produção.  

Há mais novidades no filme. A partir desse ponto irei falar um spoiler central da história, por isso se ainda não viu o novo Bond sugiro que não continue a leitura. Muito bem, o roteiro progressista do filme não foi o que mais me impressionou. Isso era até mesmo esperado. O que me chocou mesmo foi a morte de James Bond. Ele morreu mesmo? James Bond está morto? Olha, não vejo de outra forma. Afinal que ser humano iria sobreviver a um ataque de mísseis como aquele? Se está morto o personagem ficam algumas perguntas no ar... como por exemplo, qual será o futuro da franquia? Como seguir em frente a partir de agora? A morte de Bond foi algo sugerido pelo próprio ator Daniel Craig. Esse é seu provavelmente último filme como Bond. Nada mais adequado para uma grande despedida do que a morte de seu personagem. Os produtores talvez estejam prontos para deixar James Bond de lado, investindo agora na nova agente 007, Nomi... Será que um filme estrelado apenas por ela seria sucesso de bilheteria? Como seria recebido? Só o tempo dirá mesmo! De qualquer maneira esse filme muito provavelmente será lembrado daqui alguns anos, simplesmente pelo fato de trazer tantos elementos ousados em seu roteiro. Definitivamente não é um Bond banal.

Sem Tempo Para Morrer (No Time to Die, Estados Unidos, 2021) Direção: Cary Joji Fukunaga / Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade / Elenco: Daniel Craig, Léa Seydoux, Rami Malek, Lashana Lynch, Ralph Fiennes, Christoph Waltz / Sinopse: James Bond está aposentado. Só que ele vai precisar voltar à ativa para impedir que criminosos internacionais liberem uma perigosa arma biológica na sociedade, o que poderia ocasionar a morte de milhões de pessoas ao redor do planeta.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

O Diário de Anne Frank

Baseado no livro escrito pela adolescente Anne Frank, o filme narra os dois anos em que ela e sua família viveram confinados em um anexo secreto de um prédio em uma Amsterdam ocupada por tropas nazistas. Como eram judeus, ela e seus familiares tentaram de todas as maneiras escapar do cerco de ódio racial que imperava naquele momento. Enquanto estava vivendo essa terrível situação Anne resolveu escrever um diário com seus pensamentos e desejos. O diário seria publicado após a guerra e se tornaria um dos livros mais importantes do século XX, dando voz a uma vítima do holocausto do nazismo. A história de Anne Frank já emocionou e cativou milhões de pessoas desde que seu singelo diário foi publicado por seu pai após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele foi o único sobrevivente de sua família do holocausto promovido pelo nazismo alemão. É certamente uma das obras mais importantes já escritas porque humaniza e dá voz e face aos números frios da morte de milhões de judeus em campos de concentração nos países ocupados pelos alemães. Ao invés de meras estatísticas o que temos aqui é uma pessoa real, uma jovem que tinha sonhos e ambições e que acabou se tornando uma das mais famosas vítimas do holocausto justamente por ter deixado um diário jogado no chão, após o local onde vivia escondida ser descoberto por soldados de Hitler.

Além da importância histórica o filme também serve para mostrar a genialidade do cineasta George Stevens. Grande diretor, ele convenceu a Twentieth Century Fox a construir um enorme cenário dentro do estúdio que recriava o prédio onde Anne viveu seus últimos anos de vida. A construção era realmente um primor, com três andares e tudo o que havia no lugar original onde Anne escreveu seu famoso diário. Para gravar nos andares mais altos Stevens usava enormes gruas de filmagens que deram um toque muito realista a cada momento. O resultado de tanto empenho é uma obra-prima da sétima arte, onde em duas horas e cinquenta minutos de duração, Stevens conta todos os momentos mais importantes narrados por Anne Frank em seus escritos. Estão lá suas impressões sobre os demais moradores do anexo secreto, seus sentimentos, suas paixões e sua esperança de um dia ver a paz reinar novamente naquela região devastada pela guerra. Como todos sabemos essa não é uma história com final feliz, com desfecho ttágico no campo de concentração de Bergen-Belsen. Anne Frank foi apenas uma entre mais de 1 milhão de crianças e adolescentes mortas pela doutrina nazista durante aquele período terrível da história. Sua obra porém será para sempre imortal.

O Diário de Anne Frank (The Diary of Anne Frank, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: George Stevens / Roteiro: Frances Goodrich, Albert Hackett / Elenco: Millie Perkins, Shelley Winters, Joseph Schildkraut, Richard Beymer, Gusti Huber, Lou Jacobi, Diane Baker, Douglas Spencer, Ed Wynn / Sinopse: O filme conta a história real da jovem Anne Frank, que se escondeu ao lado de seus familiares em um pequeno anexo durante a barbárie a perseguição nazista aos judeus na Europa, durante a II Guerra Mundial. Filme indicado a oito Oscars, sendo vencedor nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Shelley Winters), Melhor Fotografia (William C. Mellor) e Melhor Direção de Arte. Filme também indicado ao Globo de Ouro em cinco categorias e à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

James Dean - Hollywood Boulevard - Parte 16

Na foto dois ícones do cinema dos anos 50 se encontram casualmente: James Dean e Marlon Brando. Em seu livro de memórias Brando resolveu dedicar algumas palavras ao ator. Para Brando, Dean não lhe causava grande impressão. Ele já tinha ouvida falar em Dean, mas não procurou conhecer pessoalmente o famoso rebelde das telas. Já James Dean procurava se encontrar com Brando há tempos pois o tinha como ídolo. Ele enviou alguns convites por amigos mútuos, mas Brando não demonstrou maior interesse em lhe conhecer. Tudo parecia na mesma até que por mero acaso Brando e Dean se viram face a face numa festa nas colinas de Hollywood. Dean estava visivelmente emocionado em encontrar aquele que considerava o melhor ator do cinema americano.

Já Brando percebeu algumas coisas em Dean desde a primeira vez que o viu. Achou que Dean ainda mantinha a velha forma de agir dos americanos do meio oeste, um misto de medo e encantamento com a cidade grande. Como Brando também vinha de um estado rural do meio oeste, entendeu que isso gerou uma familiaridade até nostálgica entre ambos. Simpático em um primeiro momento com Dean, abriu uma conversa amigável com o colega de profissão. James Dean não deixou passar em branco e disse a Brando que o admirava muito e que em sua vida pessoal procurava seguir os passos do grande ator.

Brando por outro lado resolveu lhe dar alguns conselhos. Disse a Dean que ele não deveria seguir por esse caminho, procurando ser igual ao seu ídolo, pois todos deviam trilhar sua própria carreira e trazer aspectos de suas personalidades para obter êxito em Hollywood. Em palavras educadas Marlon Brando estava aconselhando James Dean a não ser uma mera imitação dele mesmo. Dean havia dito que admirava Brando por ele ser um tipo fora dos padrões, rebelde, que saia de moto pelas madrugadas. Aquilo deixou Brando surpreso. Em sua opinião Dean procurava por um tipo de aprovação - como se estivesse pedindo sua bênção por seu comportamento.

Depois desse encontro e dessa conversa mais do que interessante eles poucos se encontraram novamente. Para Brando foi uma gratificação saber que James Dean havia ouvido seus conselhos e os estava seguindo. Segundo Brando seu colega ainda não tinha personalidade própria até o advento do filme "Assim Caminha a Humanidade" quando, na visão de Brando, James Dean havia finalmente encontrado seu próprio caminho. Infelizmente assim que chegou em seu objetivo na profissão, Dean encontrou também a morte de forma prematura em um acidente de carro. Para Brando o jovem James Dean acabou sendo enterrado em seu próprio mito. Uma infelicidade trágica do destino.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de novembro de 2021

O Rei Leão

A Disney renasceu em suas animações para o cinema com o lançamento de "A Pequena Sereia" em 1989, mas o auge dessa fase de renascimento foi certamente a chegada de "O Rei Leão" nos cinemas em 1994. Só para se ter uma pequena ideia do capricho que essa animação teve, basta dizer que a Disney contratou 29 roteiristas (isso mesmo que você leu!) para criar o que os produtores chamavam de "A obra-prima da década no mundo da animação". Não há dúvidas que tanto esforço resultou em um filme realmente acima da média, já considerado um clássico nos dias de hoje. Há um toque de Rei Lear e até mesmo Hamlet na estória de um clã de leões africanos. Estão lá todos os personagens centrais que fizeram da obra de Shakespeare imortal. Há o pai valoroso e íntegro, o filho que deseja seguir seus passos e o invejoso membro da família real que só quer tomar a coroa para si mesmo. O elenco que fez as vozes do personagem também se destaca, em especial Jeremy Irons que faz a voz do vilão Scar.

É curioso porque os animadores resolveram mudar o método de trabalho, preferindo filmar antes os atores em estúdio declamando suas falas para só a partir daí criarem os desenhos que seriam usados no filme. De certa maneira "O Rei Leão" é a última grande animação ao estilo tradicional dos estúdios Disney. Marcou merecidamente toda uma geração de crianças (e até mesmo adultos). Na minha opinião é realmente o grande filme da Disney em sua retomada rumo ao sucesso absoluto de crítica e público.

O Rei Leão (The Lion King, Estados Unidos, 1994) Direção: Roger Allers, Rob Minkoff / Roteiro: Irene Mecchi, Jonathan Roberts, entre outros / Elenco: Matthew Broderick, James Earl Jones, Jeremy Irons, Nathan Lane, Whoopi Goldberg, Rowan Atkinson, Jonathan Taylor Thomas / Sinopse: A história de um leão e seu filho que no futuro deverá honrar sua família. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música Original ("Can You Feel the Love Tonight" de Elton John) e Melhor Trilha Sonora. Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Pablo Aluísio.

Pocahontas

Depois do enorme sucesso de "O Rei Leão" todos ficaram na expectativa do que viria da Disney dali em diante. Afinal de contas aquele filme tinha sido certamente uma obra-prima dos animadores do estúdio. Por isso houve uma certa surpresa quando foi anunciado que a próxima animação a chegar nos cinemas seria "Pocahontas". Essa história (verídica) fez parte do período de colonização dos Estados Unidos e simbolizava a união entre os colonizadores europeus (encarnados na figura de John Smith, aqui dublado pelo astro Mel Gibson) e os povos nativos (personificados na jovem garota Pocahontas). Obviamente que tudo é muito fantasiado no longa já que na verdade histórica as coisas jamais se passaram da mesma forma. Os diretores Mike Gabriel e Eric Goldberg resolveram valorizar a beleza da natureza nessa animação, deixando um pouco de lado a força de história (algo que havia sido o grande trunfo de "O Rei Leão").

O resultado, apesar de ser tecnicamente perfeito, deixou um pouco a desejar. Provavelmente a grande expectativa criada em torno do filme que sucederia "O Rei Leão" nos cinemas tenha sido responsável por grande parte disso. A animação nunca chega a ser marcante e foi de certa forma destruída pela crítica que não deixou barato, sempre procurando comparar o filme com a verdade histórica, o que sempre achei um exagero. "Pocahontas" nunca se propôs a ser um tratado de história da colonização americana, mas apenas uma animação divertida e romântica. Nesse caso quem errou feio foram os críticos, sempre tão pedantes e arrogantes. Não captaram a essência do filme e nem suas reais intenções.

Pocahontas (Pocahontas, Estadps Unidos, 1995) Direção: Mike Gabriel, Eric Goldberg / Roteiro: Carl Binder, Susannah Grant e Philip LaZebnik / Elenco: Mel Gibson, Christian Bale, Linda Hunt / Sinopse: A história de amor de um colonzador e uma nativa chamada Pocahontas, nos primórdios da América. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música Original ("Colors of the Wind" de Alan Menken e Stephen Schwartz). Também vencedor do Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora.  

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de novembro de 2021

Elvis Presley - I Got Lucky

Nos anos 1970 a RCA começou a lançar vários discos de Elvis do tipo nada a ver. Eram coletâneas feitas sem nenhum critério muito claro. Na maioria das vezes eram apenas lançamentos caça-níqueis, sem nenhum grande valor discográfico. Um desses LPs foi o "I Got Lucky" de 1971. Esse foi outro disco que não foi lançado no Brasil, só que ao contrário do "Good Times" que era um álbum de canções inéditas, importante para o fã da época, esse aqui não despertava grande interesse. A seleção musical foi feita em cima de material de Hollywood dos anos 60. Canções que iam do meramente agradável ao descartável. Não sei bem quem iria se interessar por sobras de Elvis dos anos 60 naquela fase de sua carreira, mas como a RCA estava sempre pronta a tirar lucro de coisas antigas, não foi nenhuma grande surpresa a edição do disco. Lançado como parte do selo azul da subsidiária RCA Camden, o LP chegava aos consumidores em preços promocionais, geralmente pela metade do preço de um disco com o selo RCA Victor, que era o principal da companhia, aquele em que seus discos de canções inéditas eram lançados.

1. I Got Lucky (Dolores Fuller / Ben Weisman / Fred Wise) - A música que deu título a esse disco, "I Got Lucky", foi retirada da trilha sonora do filme "Talhado Para Campeão" (Kid Galahad). Filme menor, que não fez muito sucesso, mas que tinha um repertório (não canso de escrever isso) muito agradável de se ouvir. Nenhuma das músicas fez sucesso ou se tornou um hit, mas fizeram parte de uma seleção muito boa dessa fase de sua carreira. Essa canção em particular é apenas OK, nada demais. Não tenho a menor ideia dos critérios que a RCA levou em conta para dar título ao disco.

2. What a Wonderful Life (Jerry Livingston / Sid Wayne) - A música "What a Wonderful Life" era da trilha sonora de "Follow That Dream", filme que no Brasil se chamou "Em Cada Sonho um Amor". Nessa produção Elvis apareceu com os cabelos loiros, queimados pelo sol da Flórida. Seu personagem fazia parte de uma família de caipiras que lutavam por terras contra o governo. Tudo muito leve e relax, mero pretexto para Elvis ir cantando uma canção entre uma cena e outra. De calças jeans (de que ele não gostava), o cantor mais parecia um surfista de praia, jovial e esbanjando saúde. A música era boa, nada demais em termos de letra e melodia, mas que acabava funcionando bem dentro do contexto do roteiro do filme. Pura diversão descompromissada.

3. I Need Somebody to Lean On
(Doc Pomus / Mort Shuman) - Uma das faixas a se destacar nesse grupo era a bela balada romântica "I Need Somebody to Lean On". Essa música fez parte da trilha sonora de "Viva Las Vegas" (Amor a toda velocidade, no Brasil). Esse filme foi considerado por muitos como o último de grande qualidade de Elvis em Hollywood. Sucesso de público (faturou mais que "Feitiço Havaiano") e crítica, trazia ainda a melhor parceira de cena que Elvis teve no cinema, a maravilhosa Ann-Margret. Aliás sou da opinião de que Elvis deveria ter se casado com ela. Era uma mulher inteligente, independente, que certamente confrontaria Elvis em seus problemas pessoais, o colocando no rumo certo quando fosse necessário. Uma pena que isso não aconteceu.

4. Yoga Is as Yoga Does (Gerald Nelson / Fred Burch) - Outra canção da trilha sonora do filme "Easy Come, Easy Go" (Meu Tesouro é Você, no Brasil) foi essa esquisita "Yoga Is as Yoga Does", sempre presente em listas do tipo "As piores músicas cantadas por Elvis Presley". OK, temos que admitir que a música é meio fora do tom, nada condizente com a estatura de um cantor fenomenal como Elvis, porém temos também que avaliar que com o passar dos anos ela até que foi se tornando palatável. Como é muito ruim, se tornou divertida! Um paradoxo, eu sei, mas que no final das contas a salva da lata de lixo musical da história.  É como aquele filme B, trash, que com os anos foi ganhando status de cult! Como Elvis sempre dizia "Era um trabalho para se viver". Ele foi lá e jogou a sorte. Como era Elvis, quase sempre dava certo!

5. Riding the Rainbow (Ben Weisman / Fred Wise) - Da mesma trilha sonora de Kid Galahad a RCA Victor ainda encaixou "Riding the Rainbow", Uma canção com menos qualidade, mas igualmente agradável, como todas as outras faixas dessa trilha. Tudo soa bem relaxante, com sol brilhando e um céu azul pairando sobre todos os personagens. Era 1961, Elvis vinha de sucessos de bilheteria (Feitiço Havaiano e Saudades de um Pracinha) e tudo parecia correr bem sua carreira. Isso talvez tenha influenciado o sentimento de alto astral dessas faixas. A composição era da infalível dupla formada por Ben Weisman e Fred Wise. Eles fizeram inúmeras músicas para Elvis em sua fase Hollywood. Existe inclusive uma foto bem interessante com o cantor ao lado do compositor lhe oferecendo uma placa de agradecimento. Pela quantidade de canções feitas por ele, isso foi mesmo merecido.

6. Fools Fall in Love (Jerry Leiber / Mike Stoller) - De Leiber e Stoller havia ainda "Fools Fall in Love". Essa faixa havia sido gravada em 1966 e não fez qualquer sucesso na carreira de Elvis. Tinha um refrão que considero dos mais pegajosos que já ouvi em minha vida, mas mesmo assim não conseguiu se destacar nas paradas. Para muitos fãs que compraram o disco na época soava como algo inédito de tão desconhecida. Na verdade já havia sido lançada antes em um obscuro single com "Indescribably Blue". A versão original era de 1957 e havia sido lançada pelo grupo  The Drifters no selo Atlantic Records. Com Elvis porém não conseguiu chamar a atenção de ninguém.

7. The Love Machine (Fred Burch / Gerald Nelson / Chuck Taylor) - Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. "The Love Machine" fez parte da trilha sonora do último filme de Elvis na Paramount Pictures, o simpático "Meu Tesouro é Você" (Easy Come, Easy Go). O curioso dessa pequena trilha é que todas as canções possuem uma melodia agradável ao ouvinte. As letras obviamente são ao estilo plastificado made in Hollywood dos anos 60, mas mesmo assim agradam. Nesse filme Elvis interpretava um marinheiro que estava em busca de um tesouro perdido no mar. Entre uma música e outra ele dava longos mergulhos em busca da fortuna cobiçada. Essa música era apresentada em um night club onde Elvis girava uma roleta com fotos de garotas. Hoje em dias de politicamente correto isso daria arrepios nas feministas, mas nos anos 60 tudo era encarado com bom humor (como deve ser mesmo). Boa música, sempre me agradou.

8. Home Is Where the Heart Is (Hal David / Sherman Edwards / Donald Meyer) - Outra mini trilha sonora (aquelas que tinham apenas cinco ou seis músicas) foi a do filme "Talhado Para Campeão" (Kid Galahad). Esse filme era na realidade um remake de um clássico com Humphrey Bogart. O que era drama no filme original virou com Elvis um musical com leves toques esportivos e bastante romance. Para os cinéfilos o filme trazia no elenco um jovem Charles Bronson, antes dele virar um astro de filmes de faroeste e fitas de ação. Pois bem, entre uma luta de boxe e outra Elvis ia cantando as músicas do filme. Uma delas foi resgatada nesse disco e se chama "Home Is Where the Heart Is". A considero mais uma das músicas leves e agradáveis de Elvis nos anos 60. Pouca gente conhece, mas vale a pena ouvir. O estilo de Elvis cantar nessa época se sobressaía, mesmo quando a música não era grande coisa. Enfim, uma canção leve e divertida, bem característica de seus filmes em Hollywood nos anos 60.

9. You Gotta Stop (Bernie Baum / Bill Giant / Florence Kaye) - A direção musical desse filme foi do Gerald Nelson, maestro que tinha até bastante prestígio na Costa Oeste dos Estados Unidos. Não se sabe bem a razão, mas em determinado momento de sua carreira ele meio que deixou de lado o circuito mais clássico e partiu para trabalhar para estúdios de cinema. Acabou indo parar em "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca, no Brasil). Depois ocasionalmente voltava a trabalhar em alguma trilha sonora de Elvis. Pena que nenhuma delas de alto nível. Quase sempre também contava com material composto pelo trio calafrio formado por Bernie Baum, Bill Giant e Florence Kaye, que inclusive, é bom lembrar, compôs quase todo o disco Kissin Cousins. Pois bem, aqui a dobradinha se repetiu. Eles voltaram a trabalhar juntos, dessa vez numa faixa intitulada "You Gotta Stop". Gravada em setembro de 1966 era outra marmelada que Elvis tornava ao menos interessante. É incrível o talento de Elvis em tirar sabor musical de canções que eram fracas e derivativas. Só isso já bastava para justificar seu título de "Rei", aqui não mais Rei do Rock, mas certamente Rei do Pop Made in Hollywood. Algo mais de acordo com o trabalho que ele vinha desenvolvendo.

10. If You Think I Don't Need You (Gary Joe Cooper / Red West) - Esse álbum "I Got Lucky" fechava as cortinas com a bela balada "If You Think I Don't Need You". Essa música foi lançada originalmente em 1964, como parte da excelente e maravilhosa trilha sonora do musical "Viva Las Vegas". É impossível entender como a RCA Victor tendo tantas boas canções em mãos na época não lançou um álbum completo com as músicas do filme. Um LP seria mais do que necessário, porém a gravadora, numa das maiores barbeiragens da discografia de Elvis desperdiçou tudo em um EP (compacto duplo) sem maiores esforços de promoção. Chega a ser bizarro! De qualquer maneira nunca é tarde para conhecer uma música romântica tão lindamente cantada por Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Dívida de Honra

A vida no oeste selvagem era muito dura. Que o diga três mulheres que acabam enlouquecendo por causa das dificuldades de viver em uma terra tão hostil e perigosa. Diante dessa terrível situação o reverendo Dowd (John Lithgow) decide que pelo bem da comunidade as três devem ser enviadas para uma instituição psiquiátrica no distante Iowa. O problema é que até lá são cinco semanas de jornada a cavalo, bem no meio do nada. Mary Bee Cuddy (Hilary Swank) decide aceitar o desafio. No meio do caminho acaba encontrando o velho George Briggs (Tommy Lee Jones), que também decide seguir viagem ao seu lado. Juntos enfrentarão todos os desafios impostos pela complicada travessia. Esse faroeste é um projeto muito pessoal de Tommy Lee Jones. Só para se ter uma ideia ele produziu, dirigiu e ainda escreveu o roteiro de "The Homesman". Seu personagem é um homem já cansado pela vida que por um acaso do destino acaba entrando numa jornada ao lado da mulher que o salvou de morrer enforcado. O objetivo é levar três mulheres com problemas mentais a uma cidade distante cinco semanas de viagem pela terras selvagens cheias de pistoleiros, nativos e bandoleiros de todos os tipos. Usando uma carroça adaptada eles partem rumo aos confins do oeste americano. Pode-se dizer que em certos momentos a trama se arrasta um pouco, mas no geral é de fato um bom filme.

O elenco tem excelentes atores que interpretam pessoas que Briggs (Tommy Lee Jones) e Mary Bee (Hilary Swank) vão encontrando pelo caminho. James Spader, por exemplo, dá vida a um dono de hotel grã-fino que impede a entrada de Briggs e as mulheres em seu estabelecimento. A recusa não acaba muito bem. Não deixa de ser muito divertido encontrar Spader usando uma chamativa peruca ruiva, com jeito de irlandês, em um trabalho bem diferente que vem desenvolvendo na TV na série "The Blacklist". Já a premiada Meryl Streep tem uma pequena, mas importante participação, só surgindo na parte final do filme, como a esposa do pastor e reverendo que recebe as pobres mulheres para internamento no hospicio da região. Bem envelhecida, ela provavelmente só aceitou o papel em consideração ao amigo Tommy Lee Jones, até porque recentemente trabalharam juntos no delicado drama de relacionamentos "Um Divã para Dois".  No final de tudo quem acaba roubando mesmo o show é a atriz Hilary Swank. Sua personagem é uma balzaquiana desesperada para se casar que não consegue encontrar o homem de sua vida. Com isso ela vai vivendo de decepção em decepção até chegar ao seu limite. O destino de sua personagem me deixou um pouco perplexo e surpreso, confesso, mas ela consegue trazer uma grande carga humana para seu trabalho. Em suma é isso, no geral não há nada de errado na direção de Jones, talvez o filme devesse ter uns vinte minutos a menos para ser mais fluente, dando mais agilidade aos acontecimentos, quem sabe. Provavelmente esse seria o corte ideal, mas enfim. De qualquer forma esse é apenas um detalhe que não compromete o espetáculo. "The Homesman" é assim um bom western, um pouco diferente, é verdade, mas mesmo assim cativante ao seu próprio modo.

Dívida de Honra (The Homesman, Estados Unidos, 2014) Direção: Tommy Lee Jones / Roteiro: Tommy Lee Jones, Kieran Fitzgerald / Elenco: Tommy Lee Jones, Hilary Swank, John Lithgow, James Spader, Meryl Streep / Estúdio: EuropaCorp, Javelina Film Company / Sinopse: Um pastor resolve internar três mulheres com problemas mentais. O problema é que a instituição em que elas poderiam ser internadas fica longe, sendo necessário realizar uma longa viagem até lá, um desafio aceito pela valente Mary Bee Cuddy (Hilary Swank) que irá contar também com o apoio do velho cowboy George Briggs (Tommy Lee Jones).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A Salvação

Uma das maiores queixas dos fãs de filmes de faroeste ultimamente é a escassez de bons títulos do gênero na atualidade. Bem, eis aqui uma sugestão que vai agradar a muitos. Trata-se de um western chamado "The Salvation". No século XIX um imigrante escandinavo chamado Jon Jensen (Mads Mikkelsen) finalmente parte para reencontrar sua família. Há sete anos ele deixou sua Dinamarca natal para tentar uma nova vida na América. Lá ele conseguiu progredir ao lado do irmão em um rancho no meio do deserto do Arizona. Agora se sentindo mais seguro ele vai até uma estação de trem para recepcionar sua esposa e o pequeno filho, nessa que será a sua nova terra. No caminho de volta da estação Jon e sua família pegam uma diligência onde para sua infelicidade também viaja Paul Delarue (Michael Raymond-James). Ele é um criminoso que acabou de sair da prisão. Também é irmão de Henry Delarue (Jeffrey Dean Morgan), um ex-Coronel do Exéricito americano que agora ganha a vida como pistoleiro de uma grande empresa que deseja comprar todas as terras da região. Para que os produtores vendam seus ranchos ele implanta um sistema de terror para com os moradores do pequeno vilarejo. Pois bem, Paul Delarue acaba imobilizando Jensen na viagem pois fica interessado em sua esposa. Ele então mata o pequeno filho de apenas dez anos de Jensen e depois estupra sua mulher. Confiando que nada lhe acontecerá ele segue em frente na sua vida de crimes. Jensen porém não está disposto a deixar tudo isso barato e o mata em uma emboscada. Isso obviamente coloca sua cabeça à prêmio. Jensen não está disposto a recuar e decide lutar até o fim para que a justiça finalmente prevaleça.

O roteiro segue o tema básico da vingança pessoal. Isso, apesar de estar um pouco saturado, acaba funcionando muito bem no filme. O roteiro é bem arquitetado e no final todas as peças se encaixam perfeitamente. O filme apresenta também uma boa produção, mas certamente o seu grande atrativo é o elenco. Quem gosta de séries então vai gostar ainda mais. O protagonista é interpretado pelo ator Mads Mikkelsen, que dá vida ao Dr. Hannibal Lecter da série "Hannibal". Ele é um sujeito honesto e íntegro que no fundo quer apenas levar sua vida em frente, criando seu filho, vivendo ao lado da esposa amada. Ele sonha com um futuro baseado no trabalho e na dignidade, mas como alcançar isso em uma terra sem lei, dominada por facínoras sem escrúpulos? O vilão - um dos mais odiosos dos últimos tempos - é interpretado por Jeffrey Dean Morgan da série "The Walking Dead". O sujeito é completamente desprezível. O roteiro insinua que no passado ele teria sido um bom homem, mas que teria sido destruído interiormente após passar longos anos na cavalaria, matando índios nas reservas do velho oeste. Por fim outro grande destaque vem com a presença da elogiada Eva Green, a Vanessa Ives de "Penny Dreadful". Sua personagem teve a língua cortada por selvagens e ela não tem nenhuma fala no filme. Muda, se expressa apenas com olhares e expressões faciais. Excelente atuação. Em suma é isso. Não deixe de assistir a esse faroeste contemporâneo, um filme acima da média que seguramente se tornará um bom programa para o fim de sua noite.

A Salvação (The Salvation, Estados Unidos, 2014) Direção: Kristian Levring / Roteiro: Anders Thomas Jensen, Kristian Levring / Elenco: Mads Mikkelsen, Eva Green, Jeffrey Dean Morgan, Michael Raymond-James, Eric Cantona / Sinopse: Jon Jensen (Mads Mikkelsen) é um imigrante estrangeiro que tenta vencer na vida em um rancho nos Estados Unidos. Depois de sete anos ele finalmente consegue trazer para a América sua esposa e seu pequeno filho. Durante a viagem numa diligência eles caem nas mãos de um bandido que acaba de sair da prisão. Ele domina Jensen, mata seu filho e estupra sua esposa. Depois é morto quando finalmente Jensen o reencontra. O assassinato enfurece seu irmão, Henry Delarue (Jeffrey Dean Morgan), que promete caçar e liquidar com Jensen, dando origem a um jogo de vida e morte entre eles.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Céu Azul

Outro bom filme que levanta questões interessantes sobre o papel da mulher dentro da sociedade é esse drama "Céu Azul". O enredo se passa durante o começo dos anos 60. Carly Marshall (Jessica Lange) é a esposa de um militar que não consegue expressar seus sentimentos. Tudo parece bem ruim para o marido Hank (Tommy Lee Jones). Seu casamento é bem frustrante e as constantes mudanças de cidade causadas pelas transferências dele só pioram a situação. Como se isso não fosse ruim o bastante, ela se sente infeliz em seu íntimo pois é uma mulher criativa, com um forte senso de liberdade, que é sempre oprimida por causa da personalidade pouco cativante de seu esposo. Em um ambiente assim ela não consegue se sentir plenamente realizada, muito pelo contrário. Vivendo para manter as aparências ela intimamente cultiva uma melancolia sempre presente, algo que poucos conseguem enxergar debaixo daquela fachada de esposa "feliz". 

Assim o roteiro explora esse lado pouco conhecido da vida de muitas mulheres mundo afora que acabam encontrando em seus casamentos não a felicidade ou a realização emocional, mas sim muitas obrigações, deveres e até mesmo opressão. Nesse quadro o verdadeiro amor acaba sendo soterrado pela servidão do cotidiano, do dia a dia massacrante. O fato curioso é que a opressão social não parte apenas do marido, mas da sociedade em geral também, com seus valores morais travestidos de pura hipocrisia. Nesse processo as mulheres acabam se tornando profundamente infelizes com suas vidas. Como não poderia deixar de ser o destaque desse filme vai todo para a atriz Jessica Lange. Ela encontrou um presente nesse texto e não deixou por menos, realizando uma das melhores atuações de toda a sua carreira. Um momento realmente magistral que lhe valeu uma série de premiações e indicações em diversos festivais de cinema. E o Oscar que ela levou para casa foi mais do que merecido.

Céu Azul (Blue Sky, Estados Unidos, 1994) Direção: Tony Richardson / Roteiro: Rama Laurie Stagner / Elenco: Jessica Lange, Tommy Lee Jones, Powers Boothe  / Sinopse: A vida de um casal infeliz, tentando superar todas as adversidades. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Jessica Lange). Também indicado ao Screen Actors Guild Awards na mesma categoria. 

Pablo Aluísio.

Adoráveis Mulheres

Não importa a época histórica, as mulheres sempre amadurecem emocionalmente muito mais cedo do que os homens. Faz parte da natureza humana. Enquanto os garotos ainda estão envolvidos em brincadeiras infantis, as meninas já começam a se interessar romanticamente por outros rapazes, estimulando muito cedo em suas vidas uma personalidade romântica e sensitiva, mesmo que muitas vezes isso surja apenas dentro da mente delas, de forma bem reservada e íntima. Uma prova disso temos aqui nesse "Little Women". O roteiro foi baseado em um clássico da literatura americana escrito pela autora Louisa May Alcott. O que trouxe longevidade para esse texto foi sua sensibilidade em captar parte do universo feminino para suas páginas. Embora muitos não percebam isso, o fato é que o mundo das mulheres, mesmo das adolescentes, é muito mais rico em nuances sentimentais do que se imagina. As jovens, mesmo em tenra idade, já estão prontas para o amor e as emoções que envolvem esse precioso sentimento humano. 

Além disso o coração da mulher sempre guarda pequenos e grandes mistérios em seu interior. Para explorar esse aspecto da vida delas a história mostra a vida de um grupo de irmãs em um tempo particularmente complicado da história americana, quando a nação ficou dividida pela guerra civil. É um filme feito para elas, especialmente realizado para o público feminino. Também é bastante indicado para você assistir ao lado da namorada pois o roteiro levanta questões interessantes que certamente darão origem a um bom bate papo depois da exibição. Afinal de contas nada é mais estimulante e prazeroso do que a companhia de mulheres inteligentes e cultas que saibam manter uma excelente conversação sobre artes em geral. Assim o filme servirá como estimulante para bons momentos ao lado da pessoa amada. 

Adoráveis Mulheres (Little Women, Estados Unidos, 1994) Direção: Gillian Armstrong / Roteiro: Robin Swicord, baseado na novela escrita por Louisa May Alcott / Elenco: Susan Sarandon, Winona Ryder, Kirsten Dunst, Claire Danes, Christian Bale, Eric Stoltz, Gabriel Byrne  / Sinopse: O filme mostra a história atemporal de um grupo de mulheres em busca da felicidade e do amor,  Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Winona Ryder), Melhor Figurino e Melhor Música (Thomas Newman) 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Caminhando nas Nuvens

Romance estrelado pelo ator Keanu Reeves. Ele interpreta Paul Sutton, um militar americano que resolve ajudar uma jovem mexicana que descobre estar grávida. Abandonada pelo pai da criança, Sutton resolve dar algum tipo de apoio, de alguma forma a ela, se fazendo passar até mesmo por seu marido, embora ambos não sejam casados realmente. A boa direção de arte, fotografia e reconstituição histórica são as grandes qualidades dessa produção. Tudo se passa como se fosse um sonho romântico idealizado. A despeito disso, de ser um bonito filme nesses aspectos, achei o roteiro destituído de um conteúdo melhor. A jovem mexicana Victoria Aragon (Aitana Sánchez-Gijón) tem tanto medo de contar ao seu pai que irá se tornar uma mãe solteira que resolve pedir ajuda ao americano, para que ele se passe por seu futuro marido. 

O grande destaque assim acaba indo parar nas mãos do veterano Anthony Quinn como Don Pedro Aragon, o pai de Victoria. Um homem expansivo, de temperamento forte, que defende seus ideais de moralidade a ferro e fogo. Seria insuportável para ele saber que sua filha teria sido abandonada ao ficar grávida. O diretor mexicano Alfonso Arau assim quis fazer uma alegoria dos aspectos religiosos e culturais de seu povo. Conseguiu apenas realizar um filme esteticamente belo e por vezes açucarado em demasia. Seu filme anterior, "Como Água Para Chocolate" foi mais bem sucedido nesse aspecto. De uma forma ou outra o filme conseguiu vencer um Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Maurice Jarre), o que convenhamos foi um feito e tanto para um romance tão mediano como esse. 

Caminhando nas Nuvens (A Walk in the Clouds, Estados unidos, México, 1996) Direção: Alfonso Arau / Roteiro: Robert Mark Kamen, Mark Miller/ Elenco: Keanu Reeves, Aitana Sánchez-Gijón, Anthony Quinn  / Sinopse: O filme conta a história de um jovem, seus amores, sentimentos e dores em um universo de realismo fantástico. 

Pablo Aluísio.

Emma

Adaptação do famoso livro de Jane Austen. Na Inglaterra do século XIX a jovem Emma Woodhouse (Gwyneth Paltrow) acaba se tornando a verdadeira casamenteira de seu círculo social. Ela sempre acerta em aproximar pessoas que ela vê que darão certo em relacionamentos. Ao mesmo tempo em que parece ser certeira nessas escolhas ela mesma não consegue encontrar ninguém ideal para namorar. Como cupido Emma só parece dar certo para os outros. Isso dura até o dia em que se apaixona por um amigo de seu pai, um homem que reúne todas as qualidades que ela sempre procurou em um par. E agora, Emma conseguirá fazer dar certo o relacionamento mais importante de sua vida? 

Esse filme é muito bom, valorizado bastante por uma Gwyneth Paltrow ainda bem jovem e encantadora. Nos países de língua inglesa como Estados Unidos e Inglaterra o livro "Emma" é leitura obrigatória e agrada principalmente aos adolescentes por causa de seu tema, que não importa ser passado na era vitoriana, já que certas coisas nunca mudam, mesmo com o passar dos anos. De todas as adaptações que já foram feitas do romance de Austen (e elas foram muitas, chegando até mesmo a virar série) essa aqui sempre foi a que mais me agradou. Tem uma leveza e uma direção de arte de extremo bom gosto que combinam perfeitamente com a proposta do livro. Ainda não assistiu? Corra para conhecer. 

Emma (Emma, Estados Unidos, Inglaterra, 1996) Direção: Douglas McGrath / Roteiro: Douglas McGrath, baseado no romance escrito por Jane Austen / Elenco: Gwyneth Paltrow, James Cosmo, Greta Scacchi  / Sinopse: O filme conta a história de Emma e os problemas que ela acaba causando por sua mania de agir como cupido. Filme premiado com o Oscar na categoria de Melhor Música Original (Rachel Portman). Também indicado na categoria de Melhor Figurino (Ruth Myers).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O Mistério de Silver Lake

O filme conta a história de um jovem de Los Angeles que está perdido na vida. Ele está desempregado, sendo despejado de seu pequeno apartamento em Los Angeles e seu carro está sendo retomado pelo banco por falta de pagamento. Só que nada disso parece ser muito importante para ele. Sua mente vai para outro caminho. Um dia ele vê uma bela garota loira nadando em um piscina e cria uma verdadeira obsessão por ela. Após poucas palavras trocadas, cria um tipo de paixão platônica pela garota, algo que parece piorar depois que ela se muda e ele fica literalmente desesperado em sua busca. Ele quer saber para onde ela foi, com quem anda, etc. E Los Angeles assim se torna o cenário dessa busca um tanto sem sentido.

Não espere por um roteiro convencional. Nessa sua jornada em busca do "amor de sua vida" ele encontra figuras bizarras como um autor de fanzines muito loucos e um seguidor de uma estranha seita que prega o ebterro de seus membros como se fazia no Egito Antigo, Em meu ponto de vista fizeram um filme longo, longo demais para não aborrecer. Também faltou humor. Na tentativa de fazer algo cult a coisa toda, muitas vezes, se tornou chata e cansativa. Salva o elenco que tem nomes interessantes, com destaque para o casal protagonista. Você conhece o Andrew Garfield  dos filmes do Homem-Aranha e a  Riley Keough é a talentosa neta do Elvis Presley, com uma carreira no cinema que já pode ser considerada bem interessante. O filme é isso então. Meio estranho, bizarro, mas acima de tudo uma espécie de declaração de amor para a cidade de Los Angeles.

O Mistério de Silver Lake (Under the Silver Lake, Estados Unidos, 2018) Direção: David Robert Mitchell / Roteiro: David Robert Mitchell / Elenco: Andrew Garfield, Riley Keough, Topher Grace / Sinopse: Jovem moerador de Los Angeles se apaixona loucamente por uma garota que vê numa piscina, numa noite de luar. Quando ela se muda ele parte em busca dela, para descobrir o que aconteceu. Ele cria uma verdadeira obsessão pela jovem.

Pablo Aluísio.

Backdraft - Cortina de Fogo

Backdraft é um termo técnico em inglês que retrata um evento físico que ocorre quando se abre uma porta de um ambiente que esteja pegando fogo. Ao entrar em contato com o oxigênio do exterior o fogo ganha uma dimensão ainda maior, se avolumando em imensas labaredas, resultando tudo em uma grande explosão. É algo até comum de acontecer e nem precisa esclarecer que também é uma situação de extremo perigo para os bombeiros. O roteiro desse filme aliás explora justamente o universo desses bombeiros, ao mostrar a vida de dois irmãos de Chicago que entram na corporação da cidade. Eles também possuem suas diferenças, mas precisam superá-las ao trabalharem juntos no mesmo esquadrão. Considero um dos melhores filmes já realizados sobre bombeiros até hoje. Além da boa trama em si, o filme ainda apresenta ótimas sequências de ação, principalmente no combate a incêndios por toda a cidade. 

É curioso que tenha anos depois inspirado a realização de uma série popular nos EUA chamada "Chicago Fire" que também vai pelo mesmo caminho. Por fim "Backdraft" ainda traz Robert De Niro no elenco, fazendo um tipo de papel que ele acabou se acostumando bem, a de coadjuvante de luxo. È interessante perceber que De Niro em determinado momento de sua carreira preferiu deixar de lado a responsabilidade de estrelar grandes produções, com alto risco, para se acomodar em personagens coadjuvantes de produções menores, onde o risco de sair arranhado caso o filme não fizesse o devido sucesso, era bem menor. De uma maneira ou outra esse filme merece a recomendação por ser bem realizado e por ter uma trama interessante. Além disso, por incrível que pareça, não ficou datado, servindo ainda hoje como uma boa diversão. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Som. Indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Visuais. Também indicado ao MTV Movie Awards nas categorias de Melhor Filme e Melhor Sequência de Ação. 

Backdraft - Cortina de Fogo (Backdraft, Estados Unidos, 1991) Direção: Ron Howard / Roteiro: Gregory Widen / Elenco: Kurt Russell, William Baldwin, Robert De Niro / Sinopse: O filme conta a história de um grupo de bombeiros que precisa sobreviver a cada chamada de emergência, com destaque para os novatos que precisam aprender os segredos da profissão com os bombeiros mais velhos e mais experientes no combate ao fogo. 

 Pablo Aluísio.

domingo, 14 de novembro de 2021

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden (1972)

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden (1972) - Esse disco foi gravado em Nova Iorque e lançado o mais rapidamente possível. A RCA Victor queria aproveitar toda a agitação dos concertos de Elvis na cidade para transformar o LP em um sucesso de vendas. Realmente o disco se saiu bem, vendendo muito durante os dois meses seguintes. Foi o primeiro álbum da discografia de Elvis que se propunha a trazer um show ao vivo praticamente na íntegra. Não eram apenas gravações ao vivo esporádicas como havia acontecido nos discos anteriores. Nem era uma seleção de canções gravadas em temporadas de Las Vegas. Era um novo modelo de álbum vivo, algo que a gravadora queria explorar dali para frente (esse mesmo modelo se repetiria no "Aloha From Hawaii" e no disco gravado em Memphis em 1974).

O problema desse disco em minha opinião não tem nada a ver com sua existência em si, mas sim pelo fato de que para ele ser lançado a RCA Victor teve que desistir de lançar um disco com a trilha sonora do filme "Elvis On Tour". Os executivos acreditavam que o lançamento de dois discos tão parecidos entre si poderia fazer com que um deles fracassasse nas lojas, ou pior do que isso, que ambos vendessem mal. Uma preocupação que hoje em dia soa estranha para o fã, uma vez que todos os anos são lançados dezenas de CDs de Elvis. Era uma outra época, uma outra mentalidade. Para a RCA era importante manter o prestígio de Elvis em alta, vendendo muitos discos, para que todos ainda o vissem como um campeão de vendas. Hoje em dia, do ponto de vista atual, isso obviamente já não tem a menor importância. Seria bem melhor ter também um álbum oficial do "Elvis On Tour". Pena que isso não aconteceu.

ALSO SPRACH ZARATHUSTRA (Richard Strauss) - Composição clássica do grande maestro e músico Richard Strauss. Tornou-se mundialmente conhecida como tema do filme 2001 - Uma Odisséia no espaço do diretor Stanley Kubrick. Elvis adorava ficção cientifica e resolveu que ela seria usada no começo de seus shows. A primeira versão arranjada por Felton Jarvis copiava o estilo das discoteques dos anos 70. Elvis detestou e resolveu usar o arranjo clássico normal. Sem dúvida se tornou uma abertura à altura do Rei do Rock. Curiosidade: Zarathustra é uma antiga divindade dos persas.

THAT'S ALL RIGHT (Arthur Grudup) - Elvis começa a cantar no show por esse essa canção que foi começo a tudo, "That's All Right". Aqui o pique de ser a primeira canção da apresentação (logo após os acordes de "Also Sprach Zarathustra") a salvou da banalidade. Ótima performance embalada por arranjos novos, com muita energia e vibração. Para realmente levantar o público.

PROUD MARY (John Forgety) - Eu gosto bastante da versão de "Proud Mary" para esse álbum. A música em si não era mais novidade para os fãs de Elvis, já que havia sido lançada no repertório do disco "On Stage - February 1970". A diferença básica entre as duas versões era que a do álbum gravado em Las Vegas apresentava uma performance mais técnica, bem tocada, por Elvis e banda. Aqui no show do Madison Square Garden a música é apresentada mais no calor do momento, na vibração do público. Não é tecnicamente tão perfeita, mas tem um ótimo pique, uma energia que poucas vezes foi repetida por Elvis.

NEVER BEEN TO SPAIN (Hoyt Axton) - A primeira vez que ouvi esse álbum fiquei realmente impressionado como Elvis conseguia ir da fúria roqueira aos momentos mais intimistas, em questão de segundos! No palco Elvis era realmente magistral nesse aspecto. Um exemplo vem do blues "Never Been To Spain". Ele havia acabado de balançar o Madison Square Garden com a vibração e a empolgação de "Proud Mary" e então recebidos os aplausos emendou com essa excelente canção blueseira. Elvis, um fruto cultural do vale do Delta do Mississippi, tinha plena familiaridade com esse tipo de sonoridade. Afinal ele foi criado bem ali e em Memphis acabou tendo ainda mais contato com esse estilo musical puramente americano, forjado nas plantações de algodão do sul. Era um branco com negritude cultural correndo em suas veias. Outro ponto importante a se dizer sobre "Spain" era que essa era efetivamente a primeira vez que essa música pintava em um disco oficial de Elvis. Ela era assim uma das "inéditas" do álbum, um canção não gravada por Mr. Presley em estúdio antes. Para o fã que havia ido na loja de discos em 1972 era uma novidade e tanto! A outra ótima notícia era que, tecnicamente, essa faixa se mostrava, desde os primeiros acordes, como uma das mais perfeitas gravações do concerto - chego inclusive a dizer que ela tinha mesmo as qualidades, as matizes, de uma gravação em estúdio, de tão perfeita que saiu. Elvis e banda, entrosados e afinadíssimos, tiveram uma performance simplesmente impecável, uma obra prima ao vivo. Para essa performance "live" eu realmente tiro o meu chapéu. E para quem gosta dos solos de James Burton, aqui ele foi de fato excepcional. A TCB Band atingiu em 1972 um amadurecimento e um primor técnico que poucas vezes seria repetido ao longo dos anos. O que dizer? Eles foram perfeitos.

YOU DON'T HAVE TO SAY YOU LOVE ME (Donnagio / Pallavicini / Bell / Wickham) - Depois desse grande momento Elvis entra direto em "You Don't Have To Say You Love Me". Já escrevi antes e repito, essa bela música italiana, lançada originalmente no álbum "That´s The Way It Is" não teve uma boa versão de estúdio lançada. Complicado entender o que os executivos da RCA Victor tinham na cabeça, mas o fato é que eles escolheram o take errado como master, para ser lançado no disco oficial. Não era bem aquela versão em particular a ser escolhida. Curiosamente no Madison Square Garden Elvis voltou a ela. Não entendo a razão. Essa gravação de Elvis nunca foi um hit em sua voz. Ele poderia ter escolhida outras faixas mais representativas e populares. De qualquer maneira essa versão ao vivo consegue ser bem superior à que ouvimos no disco gravado em Las Vegas em 1970. Ela tem mais fluidez, mais qualidade musical. No comecinho Elvis ainda parece um pouco tímido, porém conforme a música vai avançando ele vai soltando a voz e quando chega no momento final apoteótico, Elvis consegue alcançar todas as notas necessárias sem problemas. Aplausos mais do que merecidos.

YOU´VE LOST THAT LOVIN´ FEELIN´(Mann / Well) - Outro momento do álbum que considero muito bom é essa versão de "You've Lost That Lovin' Feelin'". Em relação a essa canção minha opinião continua a mesma: a melhor versão é realmente a do LP "That´s The Way It Is". Simplesmente irretocável. Essa versão do Madison Square Garden porém tem um outro pique, um outro sentimento. O público de Nova Iorque era bem diferente do público em Las Vegas. Enquanto que em Nevada Elvis se apresentava para uma plateia bem mais comportada, aqui na chamada "Big Apple" as coisas eram diferentes. Havia mais troca, mais intensidade entre Elvis e seus fãs. Isso acabou se refletindo nessa versão, muito embora seja ainda inferior ao que ouvimos no disco de 1970.

POLK SALAD ANNIE (Tony Joe White) - E dentre tantas versões de "Polk Salad Annie" que Elvis gravou ao longo dos anos 70 gosto particularmente muito dessa! Ela tem uma vibração poucas vezes ouvida. Sem maiores delongas Elvis vai direto na veia, deixa para lá a introdução falada e explicativa e pula logo para o puro ritmo. Problemas de microfonia foram captados pelos equipamentos da RCA, mas nem isso atrapalha o excelente resultado. Obviamente o público de Nova Iorque não deve ter entendido bulhufas da letra, afinal quando foi que aqueles nova-iorquinos de terno e gravata estiveram nos pântanos da Louisiana, não é mesmo? Embora Elvis tenha ficado claramente inspirado nessa performance, não podemos deixar de poupar elogios para o barbudo baixista Jerry Scheff. Quando esteve com os Doors, o próprio Jim Morrison teve dúvidas se aquele cara esquisito com óculos fundo de garrafa fazia rock de verdade! Bastou poucas sessões em Los Angeles para que ele se convencesse de que Jerry era mesmo um grande músico com seu instrumento. Aqui no Madison está outra prova de seu talento, pois "Polk" tinha excelentes solos de baixo, onde Scheff podia ter a oportunidade de mostrar o quanto era fera também no palco! Nesse momento do show ele foi de fato a grande estrela! Quem diria...

LOVE ME (Jerry Leiber / Mike Stoller) - "Love Me" do disco "Elvis" de 1956 só não foi mais desprezada por Elvis porque afinal de contas seu sabor mais ao estilo country music se adequava mais ao direcionamento que Elvis vinha tomando em seus shows. Mesmo assim essa versão live não conseguiu ter nem dois minutos de duração!

ALL SHOOK UP (Blackwell / Presley) - Realmente, se formos pensar no pior lado desse grande show da carreira de Elvis Presley vamos perceber que todas as antigas músicas de sua fase mais roqueira, justamente nos anos 50 quando ele foi chamado de "O Rei do Rock", foram negligenciadas nesse palco. A versão de "All Shook Up" não tem nem 1 minuto de duração! Que lástima! Essa música foi sem dúvida um dos grandes hits de Elvis em 1957. Uma canção essencial, que ganhou discos de ouro e platina. Como é possível Elvis apresentar um número tão medíocre para um clássico tão importante? Lamentável em todos os aspectos.

HEARTBREAK HOTEL (Axton/Presley) - "Heartbreak Hotel" me soa bem melhor. Aliás sempre gostei bastante desse novo arranjo dos anos 70. Embora a versão de estúdio dos anos 50 seja excepcional, era mesmo de se esperar que sua sonoridade um tanto sombria fosse deixada de lado nesse momento.

TEDDY BEAR (Mann/Lowe) / DON'T BE CRUEL (Presley/Blackwell) - Elvis não deu muita bola para seus antigos rocks nesse concerto. Melhor se saiu (mas apenas um pouquinho melhor) com o medley "Teddy Bear / Don't Be Cruel", Aqui Elvis demonstrou um pouco mais de foco - porém nada muito digno de nota. Ele parecia mesmo incomodado de trazer de volta esses "Oldies", as velharias de um passado remoto.

LOVE ME TENDER (Presley/Matson) - A versão ao vivo de Elvis para seu grande clássico "Love Me Tender" nesse show realizado no Madison Square Garden é inegavelmente fraca. Apenas um minuto e trinta segundos de performance. Nada muito inspirador. Na verdade Elvis sempre transparecia um certo desleixo no que se referia ao seu repertório mais antigo, dos anos 50. Ele parecia ter pouco apreço por esses grandes sucessos do começo de sua carreira. Qual seria a razão? Complicado descobrir. Um pista porém pode ser encontrada numa frase que ele disse nos anos 70, ao afirmar que não queria ser um cantor de 40 anos rebolando ao som de "Hound Dog"!

THE IMPOSSIBLE DREAM (Darion/Leight) - Uma das melhores razões para se comprar o disco na época era a inclusão de "The Impossible Dream" na lista das músicas desse álbum. Era uma música inédita dentro da discografia de Elvis, nunca antes lançada, nem em versão de estúdio, nem ao vivo. O colecionador simplesmente batia os olhos nessa faixa e levava o LP para casa. Era uma nova versão de um sucesso mais recente (do ano de 1968) na voz do cantor Andy Williams. Elvis dizia que era um "country dos bons". Sua versão, apesar de ser "live", é muito boa. Concentrada, bem executada, caprichada. Elvis sabia que a música iria aparecer pela primeira vez em um de seus discos oficiais e por isso deu o melhor de si. Uma performance realmente muito acima da média, elevando a qualidade do disco como um todo.

HOUND DOG (Leiber/Stoller) - Cantar velhos hits já não empolgavam Elvis. Provavelmente ele entendia que isso significava que ele não havia avançado musicalmente em sua carreira, vivendo apenas dos velhos sucessos do passado. E por falar em "Hound Dog", essa também foi cantada nesse show. Outra versão de pouco mais de 1 minuto de duração. Outra que ele não levou nada à sério. Provavelmente só entrou na seleção de repertório do show para relembrar aos nova-iorquinos de onde ele vinha, de seu passado glorioso nos primeiros dias do rock ´n´ roll americano.

SUSPICIOUS MINDS (Mark James) - Outro sucesso que martelou Elvis foi "Suspicious Minds". Quando Elvis voltou aos palcos em 1969, em suas temporadas de Las Vegas, ele a usou bastante em seu repertório. Era algo bem fácil de explicar. A música tinha se tornando seu maior sucesso mais recente, chegando ao primeiro lugar da Billboard, algo que não acontecia desde 1962! Assim Elvis jamais poderia ignorar tamanho sucesso. Nos primeiros shows daquele ano a performance de Elvis estava em alta. Ele estava realmente empolgado com a música, porém os anos se passaram e o entusiasmo decaiu. Nesse show no Madison Square Garden ainda temos uma boa apresentação de "Suspicious Minds", afinal Elvis a estava cantando pela primeira vez em Nova Iorque. Porém essa também foi uma das últimas grandes interpretações dele. Dentro de poucos anos Elvis foi tirando a canção de seu repertório, até que ela se tornou apenas esporádica em seus concertos. Chegou uma hora em que ele realmente cansou dela.

FOR THE GOOD TIMES (Kris Kristofferson) - De inédito mesmo o disco trazia "For The Good Times". Elvis não a tinha gravado em estúdio, estava apresentando pela primeira vez em Nova Iorque (e em um álbum de sua discografia oficial), por isso era um bom motivo para se comprar o LP na época. Imagine você sendo um fã de Elvis, entrando numa loja de discos, pegando esse vinil nas mãos e percebendo que havia ali uma música de Elvis que você nunca tinha ouvido antes. Certamente compraria o disco. Por isso também esse álbum foi um dos mais vendidos durante os anos 70. Além de ser o registro de um show marcante em sua carreira, ainda trazia como bônus músicas inéditas em sua discografia. Duas ótimas razões para comprar o disco.

AMERICAN TRILOGY (Adaptado por Mickey Newbury) - Já a aclamada "American Trilogy" surgia pela primeira vez em um disco de Elvis Presley. Em minha opinião a melhor versão ainda seria lançada, seria a do "Aloha From Hawaii", um ano depois. Essa versão do Madison Square Garden tem seus méritos, porém também não a acho muito bem executada. Essa canção aliás quebrou um pouco o ritmo do show, que vinha em um ritmo rápido, de pura energia. Já Trilogy pedia por outra postura, algo reflexivo, diria até épico. O público em Nova Iorque, muito cosmopolita, não comprou bem a ideia de uma canção histórica que louvava os ideais do sul confederado na guerra civil. Era algo tão distante da realidade daquele público como a Lua!

FUNNY HOW TIME SLIPS AWAY (Willie Nelson) - O country "Funny How Time Slips Away" certamente teve uma melhor receptividade. É fácil de entender isso. Sem o background histórico e o peso de tentar ser épico de "American Trilogy", essa canção era bem mais leve, soft, evocando aquela imagem do lirismo do caipira apaixonado do interior dos Estados Unidos. Uma figura mais agradável do que a de um soldado confederado com seu uniforme cinza e rifle da música "American Trilogy", que aliás deveria ter sido tirada por Elvis da seleção musical desse concerto. Essa "Funny" já tinha sido lançada antes no "Elvis Country" por isso também não era novidade, pelo menos em sua versão "Studio".

I CAN'T STOP LOVING YOU (Don Gibson) - "I Can't Stop Loving You" também entrou na seleção musical desse show. Um registro tão country assim certamente não iria fazer a cabeça do público de Nova Iorque, o mais cosmopolita dos Estados Unidos. Mesmo assim todos aplaudiram respeitosamente. Elvis parece ter percebido no palco que a canção não empolgou muito os ouvintes, por isso a encurtou, para uma versão rápida de pouco mais de dois minutos. Faltou mesmo alguém para dar um toque para Elvis, para não incluir a faixa na apresentação. Não iria funcionar mesmo, em nenhuma hipótese. Aquilo era encarado em Nova Iorque como música de caipira.

CAN'T HELP FALLING IN LOVE (Peretti/Creatore/Weiss) - Existem aqueles sucessos que obrigam o cantor a interpretar a mesma música show após show, sem interrupções. Isso claramente causa um desgaste psicológico em quem canta. Não é fácil ficar cantando a mesma música anos a fio. E quando se escolhe o tema para ser o final dos concertos a coisa piora ainda mais. "Can't Help Falling In Love" foi escolhida para encerrar os shows de Elvis. Isso significa que ele a cantou milhares de vezes durante os anos 70. Conforme o tempo foi passando a pressa foi estragando a linda melodia da gravação original. No palco Elvis mostrava certa impaciência com ela, como se quisesse encerrar mais um show (algo até bem compreensivo). Por essa razão não considero essa uma grande performance. Segue basicamente a ansiedade de todas as demais versões desse período.

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden (1972): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilknson (guitarra) / Charlie Hodge (violão e vocais) / Jerry Scheff (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Glen Hardin (piano) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Joe Guercio Orquestra / Harry Jenkins e Joan Deary (produção e arranjo) / Data de Gravação: 10 de junho de 1972 / Local de Gravação: Madison Square Garden, Nova Iorque / Data de Lançamento: junho de 1972 / Melhor posição nas charts: #11 (EUA) e #3 (UK)

Pablo Aluísio.