Mostrando postagens com marcador Dean Martin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dean Martin. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 18 de março de 2024

Quem Era Aquela Pequena?

Título no Brasil: Quem Era Aquela Pequena?
Título Original: Who Was That Lady?
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Sidney
Roteiro: Norman Krasna
Elenco: Tony Curtis, Dean Martin, Janet Leigh, James Whitmore, John McIntire, Barbara Nichols

Sinopse:
Mal aconselhado por um amigo, um professor de química afirma falsamente que ele é um agente secreto do FBI, a fim de encobrir sua infidelidade conjugal, mas sua mentira, embora engolida por sua esposa, o coloca em apuros com o verdadeiro FBI, a CIA e a KGB.

Comentários:
No total Dean Martin realizou 66 filmes em sua carreira. Seus maiores sucessos no cinema foram as comédias que rodou ao lado de Jerry Lewis. Depois do film da parceria, ele ainda reencontrou o caminho do sucesso ao lado do amigo Frank Sinatra nos filmes do Rat Pack. Aqui temos um filme diferente nessa filmografia. Uma rara parceria entre Dean Martin e Tony Curtis. Como se sabe Dean Martin havia rompido com Jerry Lewis. Ele considerava que não era valorizado o suficiente pelo sucesso da dupla. Assim partiu para seguir seu próprio caminho. Acabou recebendo convites para filmes bem interessantes. Tony Curtis, um dos grandes galãs da época, contracenou aqui com aquela que iria se tornar sua futura esposa, a bela loirinha Janet Leigh (a mesma atriz da famosa cena do chuveiro de "Psicose"). O filme é bem água com açúcar, como era comum em comédias românticas desse período, mas acabou se destacando entre os críticos, a ponto de levar duas honrosas indicações ao Globo de Ouro! Concorreu ao prêmio na categoria de melhor comédia do ano e para surpresa de muitos o próprio Dean Martin também foi indicado, como melhor ator - categoria comédia ou musical! Quem diria... logo ele que era considerado apenas uma "escada" para o humor escrachado de Jerry Lewis! Pois é, durante toda a sua carreira o Dino foi subestimado... Pelo menos aqui, por um breve período, ele ganhou o reconhecimento que merecia.

Pablo Aluísio.
 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
Dean Martin tinha uma voz maravilhosa. Aqui o cantor resolveu apostar em algo bem intimista. Ele gravou o álbum com apenas quatro  músicos ao seu lado, Ken Lane ao piano, Irv Cottler na bateria, Red Mitchell no baixo e Barney Kessel na guitarra (Kessel chegou a trabalhar com outros grandes nomes como Elvis Presley na década de 1960). Nada de orquestras e nada de arranjos mais sofisticados como era praxe em seus discos anteriores, já que Martin sempre seguiu os passos de Sinatra nesse aspecto. A ideia era mesmo mudar um pouco, produzindo algo bem intimista (o que fica bem claro na própria capa do álbum, com Martin ao lado da lareira com um cigarro em mãos, fazendo todo o charme possível, bem de acordo com sua imagem de Mr. Cool). Para produzir o disco na Capitol, Martin trouxe o produtor Jimmy Bowen, praticamente uma lenda do meio musical americano, tendo trabalhado com dezenas de cantores ao longo da carreira, entre eles o próprio Frank Sinatra, além de produzir grandes sucessos para Sammy Davis, Jr., Kenny Rogers, Hank Williams, Jr., The Oak Ridge Boys, Reba McEntire e George Strait. Era tão competente que Frank Sinatra o escalou para produzir os primeiros discos de sua filha, Nancy.

Esse álbum traz aquele que talvez seja o maior sucesso de toda a carreira de Dean Martin, a faixa "Everybody Loves Somebody". A história dessa canção é bem interessante pois quebrou a supremacia que os Beatles tinham nas paradas de sucesso da época. Foi uma das poucas canções americanas a tirarem do número 1 da Billboard gravações do grupo inglês que naquela época vivia a febre da Beatlemania. Reza a lenda que o próprio Dean Martin teria ligado para Elvis e dito em tom de piada que aquele era o jeito certo de enfrentar a invasão britânica nas rádios e paradas de sucesso. Tirando esses aspectos comerciais de lado, o que podemos dizer é que esse é certamente um disco maravilhoso, sob qualquer ângulo que se analise. A sonoridade em geral é de uma beleza ímpar, muito suave e delicada. O que sempre se sobressai é a excelente vocalização de Martin, com intervenções sutis da guitarra de Kessel, acompanhada da melodia do piano de Ken Lane, tudo intercalado por um baixo quase inaudível do talentoso Mitchell (que vinha do jazz). Nos Estados Unidos o álbum ganhou uma recente edição de luxo, simplesmente excepcional.

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
1. I'm Confessin' (That I Love You) 
2. Fools Rush In 
3. I'll Buy That Dream 
4. If You Were The Only Girl 
5. Blue Moon 
6. Everybody Love Somebody 
7. I Don't Know Why (I Just Do) 
8. "Gimmie" A Little Kiss 
9. Hands Across The Table 
10. Smile 
11. My Melancholy Baby 
12. Baby Won't You Please Come Home.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 11 de abril de 2023

10 Curiosidades sobre o filme Rio Bravo - Onde Começa o Inferno

1. John Wayne e o diretor Howard Hawks viam o filme como uma resposta ao clássico do western "Matar ou Morrer" com Gary Cooper. Eles entendiam que um verdadeiro homem da lei, um xerife do velho oeste, jamais iria pedir ajuda para a população civil, ele iria resolver tudo apenas com a ajuda de outros auxiliares da lei. 

2. Gary Cooper soube das críticas de John Wayne ao seu filme e ficou bem aborrecido com elas. Após assistir a "Rio Bravo" não deixou de alfinetar o filme, dizendo a um jornalista de Hollywood que o novo filme de John Wayne tinha uma história tão falsa que ninguém iria acreditar nela. A relação entre os dois astros ficaria abalada depois disso. 

3. O diretor Howard Hawks queria Elvis Presley para completar o trio principal de atores que ainda contaria com John Wayne e Dean Martin. O próprio cantor ficou entusiasmado com a ideia, mas tudo foi em vão. Seu empresário, o Coronel Tom Parker. pediu um cachê muito alto para Elvis estar no filme. Também exigiu participação nos lucros da bilheteria nos cinemas. O estúdio assim não quis assinar o contrato. 

4. E no final de tudo Elvis não poderia mesmo fazer o filme pois foi convocado para servir ao exército americano dois meses antes do começo das filmagens. 

5. Dean Martin queria muito fazer o filme, mas o diretor Hawks não estava muito certo disso. Então o cantor fretou um avião para trazê-lo a Las Vegas onde ele estava se apresentando em um cassino. Também fez questão que o diretor tivesse todas as suas contas pagas por ele. 

6. Após alguns encontros Hawks finalmente aceitou Dean Martin no elenco do filme, principalmente depois de vê-lo bêbado nos corredores de um cassino em Las Vegas. Era o tipo perfeito para o personagem do filme que iria interpretar. 

7. O diretor Howard Hawks não queria o ídolo adolescente Ricky Nelson no elenco do filme, mas como Elvis estava fora, ele acabou aceitando a sugestão do estúdio. O cineasta achava o rapaz muito jovem e muito suave para estar em um filme de western como aquele. No final admitiu que ele ajudou bastante na promoção do filme, principalmente entre o público mais jovem. 

8. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, batendo recordes de bilheteria em seu primeiro final de semana em exibição nos Estados Unidos. Todo o elenco e equipe compareceram na estreia do filme em Los Angeles. 

9. John Wayne passou mal durante as filmagens. Já era um sinal de que havia algo errado com sua saúde. Anos depois ele finalmente iria procurar um médico. Estava com câncer de pulmão. Só que durante as filmagens ainda não sabia disso e continuou fumando um cigarro atrás do outro entre as cenas. Era um fumante inveterado. 

10. Dean Martin foi bem convincente em seu personagem. Ele, em algumas cenas, realmente estava cansado e com grande ressaca. Bebia muito e saía de shows em Las Vegas direto para o aeroporto, viajando de noite para trabalhar no outro dia em Hollywood. Foi uma fase muito cansativa para ele, viajando praticamente todas as noites, trabalhando como cantor à noite e como ator de dia. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

10 Curiosidades - Os Filhos de Katie Elder

10 Curiosidades - Os Filhos de Katie Elder
1. John Wayne contraiu pneumonia durante as filmagens. Com dificuldades de respiração o estúdio contratou um médico particular para o ator. Uma pequena unidade de tratamento também foi instalada, com equipamentos de oxigênio para ajudar na recuperação de Wayne.

2. Durante uma das cenas o espectador consegue ouvir um garotinho chamando "dad" (pai) em relação a Wayne. O menino que chama ele é o seu próprio filho, Ethan Wayne, que acompanhou John durante as filmagens da produção. O diretor Henry Hathaway não percebeu o problema e o erro acabou indo para a versão final. Acabou sendo mais uma gafe famosa em um grande filme de Hollywood.

3. O roteiro foi inspirado numa história real envolvendo os irmãos Marlowe, que viveram no século 19, no Colorado. Praticamente toda a premissa do enredo, com a morte da matriarca, foi realmente um fato histórico real.

4. Dean Martin elogiou a atuação de John Wayne no filme. Mesmo doente o ator trabalhou muito bem, não passando ao espectador que ele teria enfrentado problemas de saúde durante a produção. Sobre isso Martin declarou: "John Wayne estava doente. Ele poderia simplesmente deixar o filme de lado, sentindo pena de si mesmo. Ao contrário disso enfrentou as filmagens com uma garra que me deixou admirado. Ele era um sujeito muito corajoso, de se admirar".

5. O ator Tommy Kirk foi demitido pelo estúdio após ser preso com porte de drogas. A polícia localizou no carro dele alguns cigarros de maconha.

6. As filmagens começaram em outubro de 1964, mas só chegaram ao fim em janeiro de 1965.

7. Durante o tratamento da pneumonia, John Wayne recebeu uma notícia devastadora. Os exames detectaram que ele tinha câncer de pulmão! Foi um choque, principalmente porque John não desconfiava que sofria da doença. Fumante inveterado que chegou até mesmo a fazer comerciais de cigarro, ele estava sofrendo da terrível doença justamente por causa de seu hábito de fumar até duas carteiras de cigarro por dia.

8. A doença de John Wayne foi escondida do público, mas toda a equipe técnica do filme ficou sabendo que o ator havia sido diagnosticado com câncer. George Kennedy ficou surpreso ao perceber que mesmo após saber que estava com câncer de pulmão o ator continuou fumando cigarros tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

9. Depois que descobriu que estava com câncer, o ator John Wayne sugeriu ao diretor Henry Hathaway que ele contratasse Kirk Douglas para substitui-lo. A sugestão de Wayne foi recusada.

10. Antes de contratar John Wayne o estúdio pensou contratar o ator Charlton Heston para seu papel. O convite não foi aceito por Heston porque ele já havia assumido compromissos com outros filmes.

Pablo Aluísio.

Os Filhos de Katie Elder

Eu me recordava de ter assistido "Os Filhos de Katie Elder" na minha infância. Ainda me lembrava de algumas pequenas coisas do enredo, como o próprio fato da reunião dos irmãos para descobrir o que tinha acontecido nas mortes de seu pai e sua mãe. E era só isso mesmo de que tinha lembrança. Hoje resolvi rever o filme (na verdade praticamente assistir algo inédito já que não me recordava de muita coisa). Obviamente o clima de nostalgia bateu forte pois esse filme me lembrou dos grandes filmes que passavam na antiga Sessão da Tarde. Infelizmente nos dias de hoje só filmes fracos são exibidos, mas nas décadas de 70 e 80 era bem diferente. Devo dizer que esse é um bom western dos anos 60. Não é uma obra prima como "Bravura Indômita", por exemplo, (embora seja o mesmo diretor) mas mantém o interesse e é muito bem roteirizado (curiosamente o roteirista do filme, Allan Weiss, escreveu muitos roteiros de filmes para Elvis Presley na Paramount).

O grande destaque fica no relacionamento dos irmãos. Os filmes de Wayne tinham muito isso, não eram apenas westerns com puro bang bang, pelo contrário, havia uma preocupação em criar um conteúdo para os personagens. Isso também acontece nesse filme. Embora Katie Elder esteja morta vamos descobrindo por depoimento dos demais personagens do filme todas as nuances de sua vida, como ela era, do que gostava, o que desejava para os filhos. Não é todo faroeste que tem esse tipo de cuidado em seu roteiro. Como não poderia deixar de ser a dupla central dos atores domina o filme. John Wayne aqui em um papel mais interessante, pois é um pistoleiro fora da lei. Dean Martin também está muito bem em seu personagem, pena que dessa vez não cantou nenhuma música, talvez pelo tom mais sério do filme. Enfim, longe de ser apenas um western de rotina, "Os Filhos de Katie Elder" é um bom programa para quem quer relembrar dos bons faroestes do passado. Ah que saudade desses tempos que não voltam mais!

Os Filhos de Katie Elder (The Sons of Katie Elder, Estados Unidos, 1965) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: William H. Wright, Allan Weiss / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Martha Hyer, Michael Anderson Jr. Earl Holliman / Sinopse: Após a morte da matriarca da família Elder seus quatro filhos resolvem se reunir novamente para vingar seu assassinato. Juntos buscarão por vingança em nome de sua querida mãe, Katie Elder.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Onde Começa o Inferno

John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. "Rio Bravo" foi um dos maiores westerns da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste como por exemplo a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final.

O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste"). Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito digna, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta sem sucesso enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seus westerns. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos.

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, EUA, 1959) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett baseado na curta história de B.H. McCampbell / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond / Sinopse: John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Pôquer de Sangue

Título no Brasil: Pôquer de Sangue
Título Original: 5 Card Stud
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Marguerite Roberts, Ray Gaulden
Elenco: Dean Martin, Robert Mitchum, Inger Stevens, Roddy McDowall, Katherine Justice, John Anderson

Sinopse:
No velho oeste qualquer desonestidade no jogo de pôquer era punida com a morte. Assim quando um forasteiro tenta enganar um grupo de jogadores em Rincón, Colorado, ele acaba selando seu destino. Assim que seu golpe é descoberto, os demais jogadores o amarram e o enforcam numa ponte na saída da cidade. Apenas Van Morgan (Dean Martin) tenta salvar o trapaceiro, mas é impedido com violência. O xerife nada pode fazer pois não conhece a identidade dos assassinos. Nesse momento complicado para a comunidade, um novo reverendo chega para pregar a palavra de Deus para todos. Seu nome é Jonathan Rudd (Robert Mitchum), um sujeito com uma forma muito curiosa de levar a palavra do Senhor aos cowboys: com sua arma Colt. Suas boas intenções porém não mudam o quadro e pouco a pouco todos os envolvidos no enforcamento começam a aparecer mortos! Quem estaria por trás dos crimes?

Comentários:
Muito bom o roteiro desse western "Pôquer de Sangue". A trama tem todos os ingredientes que fizeram a mitologia do faroeste americano e mais um adicional que acrescenta muito ao resultado final: o mistério sobre quem estaria matando todos os justiceiros da cidade que tinham enforcado um trambiqueiro no jogo de cartas. O leque de suspeitos é amplo. Van Morgan (Dean Martin) seria um deles, pois provavelmente quis se vingar dos que o espancaram quando ele tentou evitar o crime. Uma nova dama de Saloon, a bonita Lily Langford (Inger Stevens), também pode ser suspeita, pois chegou na cidade assim que as mortes começaram. Até mesmo o novo pregador, Jonathan Rudd (Robert Mitchum), pode ter algum tipo de culpa nas mortes, principalmente depois de pregar afirmando que nenhum dos assassinos escapará da ira de Deus! Assim temos um verdadeiro mistério à la Agatha Christie sobre a identidade do assassino na pequena cidade. Dean Martin, como sempre, está muito correto, além disso canta duas canções no filme (na abertura e nos créditos finais). Sua voz era realmente maravilhosa. Agora quem rouba o show mesmo é o sempre carismático Robert Mitchum. Seu personagem lembra de certo modo o seu papel no grande clássico "Mensageiro do Diabo". E isso só acrescenta ainda mais no belo resultado final dessa produção realmente imperdível para os fãs de western.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Inimigos à Força

Esse foi o último western da carreira do ator Rock Hudson. Seu filme anterior no gênero, “Jamais Foram Vencidos” com John Wayne, fez bonito nas bilheterias assim Hudson acabou voltando para uma despedida final. Aqui ele contracena com o também veterano das telas Dean Martin. O ex-parceiro de Jerry Lewis interpreta Billy Massey, um rancheiro arruinado financeiramente que participa de um roubo ousado. Disfarçado de xerife, ele rende os passageiros de um trem enquanto seus comparsas roubam todos os viajantes e o cofre da locomotiva. Após o crime foge para as montanhas. Em seu encalço vai o verdadeiro xerife da região, Chuck Jarvis (Rock Hudson), que promete aos cidadãos da cidade que vai capturar e levar para a prisão o fora-da-lei. O problema surge após a descoberta da verdadeira identidade do criminoso, pois esse cresceu ao seu lado, foram amigos de infância e tudo acaba se tornando muito doloroso pois ele no fundo não deseja causar qualquer mal ao seu antigo amigo do passado. Surge assim um conflito interno no xerife, pois ao mesmo tempo em que ele precisa fazer cumprir a lei, ele também não quer causar qualquer mal ou dano ao fugitivo.

“Inimigos a Força” também foi um dos últimos trabalhos de Rock Hudson no cinema. Em 1973 ele já havia acumulado vários filmes que não foram bem sucedidos nas bilheterias. Ele deixou de ser um nome viável para grandes produções. Com vasto bigode, visual que iria adotar nos anos seguintes, Rock ainda tentava mostrar força no mundo do cinema, mas pelo visto não deu muito certo pois em pouco tempo ele estrearia na TV com a série “McMillian e Esposa”. O mesmo se pode dizer de seu colega em cena, Dean Martin, que surge já bastante debilitado pelos anos e anos de alcoolismo. O mundo do cinema já não parecia o lugar ideal para a dupla veterana. Assim como Hudson, Dean Martin também iria para a TV, onde apresentaria seu próprio programa de variedades.

De qualquer forma, mesmo se despedindo do cinema, essa dupla de atores conseguiu manter o pique da estória, principalmente nas melhores cenas do filme. Entre elas destaco o desfecho do filme, todo passado em uma floresta incendiada. Já nas cenas mais dramáticas, Dean Martin deixava um pouco a desejar. Numa cena em especial, ao lado da atriz Susan Clark, fica bem nítido seu problema com bebidas. Embora o personagem não esteja bêbado, a voz pastosa e sem firmeza de Martin dá a entender ao espectador que ele fez a cena completamente embriagado. Após um corte, ele já surge bem melhor, mostrando que o diretor provavelmente interrompeu as filmagens para o ator se recuperasse do porre! Mesmo com esse pequenos “desvios”, vamos dizer assim, “Inimigos à Força” é um bom faroeste da década de 1970. Nada brilhante, nada marcante demais, mas eficiente dentro de sua proposta na época em que o filme chegou nos cinemas.

Inimigos à Força (Showdown, Estados Unidos, 1973) Direção: George Seaton / Roteiro: Theodore Taylor, Hank Fine / Elenco: Rock Hudson, Dean Martin, Susan Clark / Sinopse: Após longos anos, dois amigos de infância se reencontram em lados opostos da lei. Um deles se torna um foragido perigoso após roubar um trem e o outro se torna um xerife disposto a tudo para cumprir a lei.

Pablo Aluísio. 

sábado, 19 de setembro de 2020

O Marujo Foi Na Onda

Jerry Lewis começou a carreira se apresentando em pequenas espeluncas de Nova Iorque em troca de alguns trocados e só viu sua sorte mudar quando se uniu a um cantor desconhecido que também estava tentando abrir as portas do sucesso. Era Dean Martin. Eles criaram então um número perfeito. Um cantor galã que tentava se apresentar com todo o glamour e romantismo possível enquanto era atrapalhado por um pateta que fazia as maiores confusões. Esse novo show lhes trouxe mais público, melhores lugares para se apresentar e finalmente lhes abriram as portas do mundo do cinema. Foi o produtor Hall B. Wallis que deu as melhores oportunidades para a dupla Martin / Lewis na Paramount. Esse produtor tinha uma visão incrível pois ele sabia que o que fazia sucesso nos palcos poderia também muito bem fazer sucesso nas telas de cinema. Assim ele conseguiria ótimas bilheterias com a dupla e repetiria a dose anos depois ao acreditar em um jovem roqueiro que estava fazendo muito sucesso com seus shows ao vivo! O nome dele? Elvis Presley.

Pois bem, mas voltamos a Lewis e Martin. Esse “O Marujo foi na Onda” foi um dos primeiros filmes da dupla na Paramount. Rodado ainda em preto e branco a película seguia por uma fórmula que se tornaria sucesso absoluto de bilheteria nos anos que viriam. O roteiro é de certa forma uma repetição do que havia sido usado com muito sucesso em “O Palhaço do Batalhão” onde Jerry Lewis ia para o exército dando origem a muitas confusões. Aqui se trocou o exército pela marinha e repetiu-se o que havia dado tão certo antes, ou seja, muitas cenas divertidas, intercaladas com momentos musicais românticos a cargo de Dean Martin, que apresentava suas músicas entre uma palhaçada e outra de Lewis. O filme tem aquele clima bem leve, descontraído, que tentava agradar ao público que ia ao cinema apenas em busca de uma diversão bem humorada e descompromissada. 

Por fim um aspecto muito curioso sobre “O Marujo Foi na Onda”: nesse filme, no meio de tantos figurantes anônimos, surge um que se tornaria um dos maiores mitos da história do cinema alguns anos depois, o ator James Dean. Ela faz uma pequena ponta não creditada na cena da luta de boxe de Jerry Lewis. Ele era então apenas um jovem tentando a sorte em Hollywood e deu graças a Deus quando ganhou esse pequeno e quase imperceptível papel. Curiosamente anos depois Dean confessaria que no dia das filmagens havia tomado um milk shake estragado e que por isso quase vomitou em cima de Jerry Lewis. Uma pena não ter acontecido pois se encaixaria perfeitamente no enredo maluco do filme!  

O Marujo Foi Na Onda (Sailor Beware, Estados Unidos, 1952) Direção: Hal Walker / Roteiro: James B. Allardice, Martin Rackin / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Corinne Calvet, James Dean (não creditado) / Sinopse: Melvin (Jerry Lewis) e Al (Dean Martin) acabam entrando na marinha americana, sendo enviados para os mares do sul, o que dará origem a várias confusões.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de outubro de 2019

Os Quatro Heróis do Texas

Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA. "Os Quatro Heróis do Texas" é uma produção muito fraca estrelada pelos dois maiores nomes do chamado Rat Pack, Sinatra e Martin. Eles já estiveram bem melhores antes mas aqui não convencem, não fazem rir e nem divertem. O filme tem um timing de comédia pastelão que nunca encontra o tom certo. As piadas são fracas e as situações não agradam. Sinatra está particularmente antipático em um papel sem qualquer empatia. Martin está um pouco melhor mas seu personagem também não ajuda muito. O título nacional mais uma vez se mostra equivocado pois não há nenhum herói na estória. Os tais quatro citados são Sinatra, Martin e as atrizes beldades Ursula Andress e Anita Ekberg. Essa última já havia contracenado com Dean Martin numa comédia ao lado de Jerry Lewis chamada "Ou Vai Ou Racha". Aqui ela repete o mesmo papel de mulher deslumbrante, só que servindo de par romântico para o apático Sinatra. Já a Bond Girl Ursula Andress não mostra a que veio em um personagem de nome masculino (Max) que pouco acrescenta no resultado final.

O que mais me deixou surpreso aqui é que o filme não foi dirigido por um diretor medíocre mas sim pelo excelente cineasta Robert Aldrich de tantos títulos marcantes em seu filmografia. Ele não só dirigiu a fita como a produziu. O que deu errado dessa vez? Acredito que o problema central de "Os Quatro Heróis do Texas" seja seu roteiro tolo e abobado que não consegue convencer nem como western e nem como comédia. Nem a participação especial dos Três Patetas consegue levantar a bola do humor do filme. Tudo é muito frouxo e sem graça. As piadas não funcionam e definitivamente Sinatra não tinha talento para esse tipo de filme. Em suma, um grande desperdício no final das contas. "Os Quatros Heróis do Texas" pode ser resumido como um filme ruim que foi dirigido por um excelente diretor e com um bom elenco. Pena que deu tudo errado.

Os Quatro Heróis do Texas (4 For Texas, EUA, 1963) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Teddy Sherman, Robert Aldrich / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress, Anita Ekberg / Sinopse: Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA.

Pablo Aluísio. 

sábado, 12 de outubro de 2019

Aeroporto

Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os filmes de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.

Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George Kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.

Aeroporto (Airport, EUA, 1970) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset / Sinopse: Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de abril de 2019

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade. Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante.

Ao seu lado em cena o cantor Dean Martin, mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranquilidade. O termo “bandolero” do título original se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande (marco geográfico que separa o México dos EUA) que é na realidade uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível.  

O Preço de um Covarde (Bandolero!, EUA, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch. George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo xerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Deus Sabe Quanto Amei

Uma coisa Frank Sinatra sabia fazer muito bem: escolher os roteiros certos para atuar. Um exemplo é esse "Deus Sabe Quanto Amei", filme lançado em 1958 que acabou sendo indicado em várias categorias do Oscar, Não espere ver o cantor interpretando alguma bela canção no filme. Aqui o foco é bem outro. Quando o filme começa o encontramos cochilando em uma cadeira de ônibus. Depois de uma noite de bebedeiras seus colegas de farda o colocaram em um ônibus que ia em direção à sua cidade natal. Quando ele acorda já está de volta ao velho lar, numa cidadezinha de Indiana. Chega também ao seu lado a corista e garota de farras interpretada por Shirley MacLaine. O porre foi tão grande que ele nem sequer lembra dela! Pior, agora que seu serviço militar acabou ele precisa encontrar algo com que trabalhar. Seu desejo sempre foi ser escritor, mas muito indisciplinado e dado a farras, jamais conseguiu ter sucesso na carreira. Isso apesar de ter realmente talento com as letras.

O jeito então passa a ser procurar pelo irmão, que não vê há anos. Ele se tornou um comerciante bem sucedido no ramo de joias. Os dois não se dão muito bem, por arestas não aparadas no passado. Porém nem tudo é desilusão e amargura. Dave (o personagem de Sinatra) também acaba conhecendo e se apaixonando pela professora Gwen French (Martha Hyer). Ela resiste, uma vez que o estilo de vida de Dave é tudo o que ela reprova. Completando o quadro de personagens interessantes desse bom drama temos ainda um jogador de cartas inveterado, sempre com um grande chapéu texano na cabeça, interpretado pelo sempre carismático Dean Martin. Enfim, é um drama romântico muito bom, com excelente roteiro. Com mais de duas horas de duração jamais cai no marasmo ou cansa o espectador, pelo contrário, mantém o interesse até o final. Como eu escrevi antes, Frank Sinatra sabia muito bem escolher onde trabalhar em Hollywood. Era um sujeito esperto e inteligente, disso não tenho a menor dúvida.

Deus Sabe Quanto Amei (Some Came Running, Estados Unidos, 1958) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: John Patrick, baseado no romance escrito por James Jones / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Shirley MacLaine, Martha Hyer, Arthur Kennedy / Sinopse: Após prestar o serviço militar, Dave Hirsh (Sinatra) está de volta à sua cidade natal. Ele precisa encontrar algo o que fazer da vida. Ele tem planos de ser um escritor, mas isso ainda não se concretizou. Acaba se apaixonando por uma professora que, mesmo gostando dele, não se entrega à nova paixão. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Shirley MacLaine), melhor ator coadjuvante (Arthur Kennedy), melhor atriz coadjuvante (Martha Hyer), melhor figurino (Walter Plunkett) e melhor música original ("To Love and Be Loved").

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de novembro de 2018

O Agente Secreto Matt Helm

Esse filme pode ser explicado em poucas frases, até porque a intenção dos produtores eram bem simples de entender. Eles quiseram apenas apertar um botão, transformando Dean Martin em James Bond. Isso mesmo. O roteiro, as armas modernas, a trama de espionagem, tudo parece uma cópia mais pobre e mais escrachada dos filmes de 007. Provavelmente a única coisa que parece se salvar é o próprio carisma imbatível de Dean Martin. Veja que enredo: Dean Martin interpreta um agente da contra espionagem americana chamado Matt Helm. Como disfarce ele se passa por fotografo, o que lhe dá a oportunidade de trabalhar com muitas mulheres bonitas! Claro, ele dá em cima de todas e invariavelmente se dá bem em suas cantadas (tempos politicamente incorretos aqueles!). A intenção é sempre levar a próxima garota bonita para a cama. Depois as descartar, sem maiores problemas.

Pois bem, a boa vida de Helm chega ao fim quando uma organização criminosa decide fazer uma sabotagem no lançamento de um foguete rumo ao espaço. Eles querem usar o foguete para contaminar uma grande área da costa oeste dos Estados Unidos com radiação. Para salvar o dia, então o indiscreto Matt Helm sai de sua alcova, cercado de lindas garotas, para desmantelar os planos do malvadões.

Tudo cheira a chanchada. Fica óbvio desde o começo que Dean Martin está apenas se divertindo no papel. Ele chega a tirar onda com seu amigo Frank Sinatra. Numa cena, enquanto dirige um carro, a garota ao seu lado liga do rádio e Sinatra surge cantando um de seus sucessos ao que Martin diz: "Esse cantor é péssimo, mude de estação!". O filme inclusive tem uma longa trilha sonora, só com músicas obviamente cantadas por Dean Martin. Também tem números de dança em excesso, com dançarinas de Las Vegas, o que me fez pensar que Dean Martin andou prometendo espaço demais para essas starlets no filme. Aliás todo rodado nos arredores de Las Vegas (onde Dino poderia continuar cantando de noite nos cassinos enquanto de dia rodava as cenas do filme de dia), esse primeiro Matt Helm não é para ser levado à sério de jeito nenhum. Sendo encarado dessa forma, até que é um passatempo divertido.

O Agente Secreto Matt Helm (The Silencers, Estados Unidos, 1966) Direção: Phil Karlson / Roteiro: Oscar Saul / Elenco: Dean Martin, Stella Stevens, Daliah Lavi / Sinopse: Para salvar a América de uma tragédia nuclear, apenas um homem poderia ser chamado, o agente secreto Matt Helm, interpretado pelo cantor Dean Martin. Filme baseado nos romances de espionagem escritos por Donald Hamilton.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de julho de 2018

Onze Homens e um Segredo

Título no Brasil: Onze Homens e um Segredo
Título Original: Ocean's Eleven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Harry Brown, Charles Lederer
Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford, Angie Dickinson, Joey Bishop, Henry Silva, Cesar Romero

Sinopse:
Danny Ocean (Frank Sinatra) resolve reunir seus antigos companheiros da Segunda Guerra Mundial para executar um plano mais do que ousado: roubar os quatro maiores cassinos de Las Vegas durante o ano novo! A missão contará com vários especialistas, onde cada um terá um objetivo específico a realizar. Assim que as luzes da cidade forem cortadas, os membros do grupo de Danny Ocean começarão a roubar as fortunas que os estarão esperando em seus cofres milionários na assim chamada "cidade do pecado". Indicado ao prêmio da Writers Guild of America na categoria Melhor Roteiro Original.

Comentários:
"Ocean's Eleven" é considerada a obra prima do Rat Pack, o grupo de amigos que rodeavam Frank Sinatra em seus anos de auge em Las Vegas. O cantor há muito vinha em busca de um roteiro em que pudesse encaixar todos os membros do Rat Pack e acabou encontrando o espaço que tanto queria justamente aqui. O curioso é que Sinatra filmou sua participação enquanto se apresentava em Vegas - de tarde filmava suas cenas e de noite se apresentava nos cassinos ao lado de seus companheiros. Por essa razão praticamente todas as tomadas foram realizadas de primeira, já que Sinatra não queria perder tempo. Isso em nada desqualifica o filme que é muito bem realizado, com ótima trama e elenco muito à vontade. Também pudera, no fundo era tudo uma desculpa para que todos os amigos trabalhassem juntos. Dean Martin, por exemplo, está mais cool do que nunca. Fumando um cigarro atrás do outro, vai de vez em quando ao piano para soltar seu vozeirão. O roteiro é muito bem escrito e tem um cuidado todo especial na apresentação das características de cada personagem. Só para se ter uma ideia, pelo menos metade da duração do filme é usada com esse objetivo. A direção musical foi entregue ao genial maestro Nelson Riddle, que tantos álbuns maravilhosos gravou ao lado de Sinatra. Além do bom gosto o clima de diversão traz um sabor especial para a produção. Tudo muito divertido e bem conduzido, "Ocean's Eleven" é de fato o grande clássico de Sinatra nas telas, talvez só sendo superado mesmo em sua carreira pelo genial "A Um Passo da Eternidade" de 1953.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de junho de 2018

Beija-me, Idiota

Título no Brasil: Beija-me, Idiota
Título Original: Kiss Me, Stupid
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox, United Artists
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder, I.A.L. Diamond
Elenco: Dean Martin, Kim Novak, Ray Walston, Felicia Farr

Sinopse:
Dino (Dean Martin) é um cantor de sucesso em Las Vegas que precisa chegar em Los Angeles o mais rapidamente possível para uma apresentação na TV. No meio do caminho precisa desviar de rota, indo parar na distante cidadezinha de Climax. Lá acaba encontrando, por puro azar, com dois compositores amadores que vêem sua presença como a grande chance deles em emplacar uma música de sucesso. Um deles trabalha no posto de gasolina local e finge um problema no motor do carro de Dino para que ele fique por lá por mais tempo. O outro lhe oferece sua própria casa para que o cantor descanse um pouco enquanto seu carro é consertado. Tudo com o objetivo de convencer Dino a gravar uma de suas composições de péssimo gosto musical. O problema é que o astro de Vegas acaba se interessando em conhecer a mulher de um deles, que aliás é doente de ciúmes. Está armada a confusão na pequenina cidade.

Comentários:
Billy Wilder foi de fato um gênio do cinema. Seus textos são bem característicos e ele conseguia fazer um humor inteligente mesmo nas situações mais comuns. Nesse filme temos uma amostra de seu talento. Wilder aqui se aproveita da figura da celebridade. Dean Martin está genial interpretando... Dean Martin! Isso mesmo, em fato único de sua carreira, ele na realidade apenas interpreta a si mesmo. O filme aliás se aproveita muito bem disso, abrindo com um número musical de Dino no Sands Hotel em Las Vegas. Lá ele cantava (maravilhosamente bem, por sinal), contava piadas e se aproveitava de sua imagem pública de Mr. Cool, o sujeito bom de copo, relaxado e calmo, que ganhava a vida fazendo aquilo que muitos gostariam de fazer. Há coristas por todos os lados tentando levá-lo para a cama, e aquela insuspeita tranquilidade de um astro da música. O curioso é que o texto de Wilder brinca o tempo todo com o clichê que se espera de um cantor famoso, ou seja, do conquistador inveterado, que não perdoa nem mesmo as mulheres casadas, desde que sejam lindas, claro! Assim Wilder vai jogando o tempo todo com o tema, amplificando ainda mais esses estereótipos quando Dean vai parar numa cidadezinha perdida de Nevada chamada Climax. No local não há nada, a não ser dois compositores amadores que fariam de tudo para que ele gravasse uma de suas músicas. Certamente é um dos melhores momentos de Dean Martin no cinema, livre de sua parceria com Jerry Lewis ele brilha sozinho, sendo dirigido por um grande diretor e contando com um roteiro e um texto que são verdadeiras delícias para os cinéfilos. Também não podemos esquecer de elogiar o ótimo elenco de apoio, em especial Kim Novak, mostrando ter grande feeling para comédias de costumes como essa. "Kiss Me Stupid" é isso, um dos melhores filmes das carreira de Martin e Wilder, e isso definitivamente não é pouca coisa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Onde Começa o Inferno

Título no Brasil: Onde Começa o Inferno
Título Original: Rio Bravo
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett
Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond
  
Sinopse:
Baseado na curta estória de B.H. McCampbell, o filme "Rio Bravo" conta a história do xerife John T. Chance (John Wayne), que trabalha numa pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. Filme indicado pela Directors Guild of America na categoria de Melhor Direção (Howard Hawks). Também indicado pelo Laurel Awards nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Dean Martin) e Melhor Drama.

Comentários:
"Rio Bravo" foi um dos maiores filmes de western da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste, como por exemplo, a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final. O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste").

Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito boa, excepcional até, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta, sem sucesso, enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seu filmes de western. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos e fãs de western em geral.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de setembro de 2017

A Dama da Madrugada

Título no Brasil: A Dama da Madrugada
Título Original: All in a Night's Work
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Joseph Anthony
Roteiro: Edmund Beloin, Maurice Richlin
Elenco: Dean Martin, Shirley MacLaine, Cliff Robertson, Charles Ruggles
  
Sinopse:
Após a morte de seu tio, um rico dono de empresas de comunicações, o playboy e boa vida Tony Ryder (Dean Martin) se torna seu único herdeiro. Nadando em dinheiro, ele precisa antes abafar algo escandaloso que aconteceu na noite em que seu tio milionário morreu. Segundo as investigações da polícia ele estaria acompanhado de uma mulher misteriosa e todas as pistas levam para uma de suas próprias funcionárias, a jovem Katie Robbins (Shirley MacLaine). Depois que Tony a conhece pessoalmente, ele se convence que ela estaria chantageando a empresa indiretamente, exigindo uma fortuna para se calar sobre tudo o que aconteceu. Seria apenas um mal-entendido ou haveria algum fundo de verdade em todas essas suspeitas?

Comentários:
Esse roteiro foi originalmente escrito para ser estrelado pela atriz Marilyn Monroe, mas acabou sendo recusado por ela que queria naquele momento da carreira queria se livrar de uma vez por todas do velho estigma de somente interpretar personagens loiras e burras. Como era um bom script acabou indo parar na Paramount que convenceu a atriz Shirley MacLaine a fazer o filme. Isso deu um aspecto muito interessante ao quesito atuação pois não era bem do estilo de MacLaine interpretar mocinhas tão tolinhas e bobinhas como essa. Mesmo assim ela acabou se saindo muito bem, até porque Shirley tinha um rosto angelical na época, o que combinava muito bem com o papel que interpretava. Ao seu lado surge o cantor Dean Martin como galã romântico, pero no mucho, que se apaixona perdidamente por ela. Quem escalou Martin foi justamente a atriz pois ela o tinha conhecido no set de filmagens de "Onze Homens e um Segredo". Conversa vai, conversa vem, Dean disse que ambos deveriam trabalhar juntos e quando a oportunidade bateu a porta, Shirley convenceu os produtores a contratarem o cantor que naquela época ainda tentava se firmar em uma carreira solo após o rompimento com Jerry Lewis. 

Aliás o produtor desse filme era justamente Hal Wallis, que havia produzido inúmeras fitas da dupla no passado (ele também ficou bem associado a Elvis Presley no cinema pois também produziu vários filmes do Rei do Rock, inclusive o grande sucesso de bilheteria "Feitiço Havaiano", lançado nesse mesmo ano de 1961). Pois bem, o roteiro é o de uma comédia de erros, ou seja, todo o enredo se desenvolve baseando-se na imagem errada que fazem da personagem de Shirley MacLaine. Seu novo padrão (Martin) pensa que ela é na verdade uma chantagista que estaria atrás de dinheiro após se envolver com o falecido tio dele, dono do império de revistas e publicações que herdou. Já para os pais de seu noivo ela teria algo a esconder pois teria dinheiro demais para comprar um fino casaco de peles, apesar de ser apenas uma trabalhadora comum (fato que o roteiro explica tudo, com bom muito bom humor!). Enquanto todos pensam mal dela a verdade pura e simples é que a garota é apenas uma ingênua mocinha que nunca fez mal a ninguém. A grande virtude desse "All in a Night's Work" é que o diretor Joseph Anthony optou por realizar uma comédia ágil, eficiente, com ótimo ritmo e desenvolvimento, além de ter curta duração o que evita o espectador de se aborrecer. Com um humor ligeiro e até inocente (para os padrões atuais) o filme cumpre o que promete, divertir e entreter o espectador, tudo apoiado no grande carisma da dupla central, MacLaine e Martin. Está de bom tamanho.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Calvário da Glória

Um filme realmente magnífico. A história se passa no meio teatral de Nova Iorque durante os anos 1950. É para lá que viaja Sam Lawson (Anthony Franciosa). Vindo de uma cidadezinha do interior ele tem muitos sonhos de se tornar um ator de sucesso na grande cidade. Para trás ele deixa a noiva Barbara (Joan Blackman). Assim que embarca no trem seu coração dispara, afinal é uma nova fase que vai nascendo em sua vida. E então vem a decepção. Assim como ele, há milhares de outros atores em Nova Iorque em busca de uma chance. A imensa maioria deles está desempregada. Os testes são extremamente competitivos e se torna mais fácil ganhar na loteria do que ser escolhido para atuar em uma peça.

Essa dura realidade vai minando os sonhos de Sam. Ele conhece um produtor de peças, Maurice 'Maury' Novak (Dean Martin), tão fracassado como ele e Shirley Drake (Shirley MacLaine), a filha de um dos produtores mais prestigiados de Nova Iorque, um boçal arrogante que parece ter prazer em humilhar os atores que buscam um espaço em suas peças teatrais. Como se pode perceber é uma galeria de personagens cruéis, violentos, irascíveis... todos tentando vencer em uma ramo verdadeiramente selvagem da grande metrópole. Para Sam a tragédia é ainda maior porque sua bela e jovem noiva não reage bem ao seu fracasso profissional. Ela fica grávida, perde o filho e o casamento não sobrevive a tantos problemas. Sam tenta muito ter uma oportunidade, mas todas as portas parecem estar fechadas para ele.

O roteiro desse filme sobre fracasso, desesperança e também persistência, é brilhante. Ele foi escrito pelo genial Dalton Trumbo que fez uma crônica sobre a destruição dos sonhos do protagonista. Obviamente Trumbo conheceu muitos atores que viveram a mesma situação de Sam. Pessoas cheias de sonhos que foram trucidadas pela realidade da vida. O personagem principal porém não deixa de ser um exemplo, principalmente pelo desfecho do filme. Trumbo preferiu a esperança do que o fracasso, a glória de uma vida de lutas do que passar uma mensagem pessimista, sórdida e cruel. Nesse aspecto ele conseguiu fechar com chave de ouro seu maravilhoso texto. Deu-se ao privilégio inclusive de colocar elementos de sua própria vida pessoal no enredo, como a perseguição aos comunistas na época, os impedindo de trabalharem e sobreviverem.

Além do roteiro que é inegavelmente uma obra prima, outro aspecto chama a atenção do espectador: o maravilhoso elenco. Todos estão em momento de graça. Até mesmo o cantor Dean Martin surpreende com sua atuação. Ele é um produtor de peças baratas do circuito Off-Broadway que vai vivendo um dia de cada vez. Shirley MacLaine é outro destaque absoluto. Uma menina rica, abusada, alcoólatra, com problemas psicológicos, que vira um elo nada sólido entre o fracasso e o sucesso daqueles que orbitam ao seu redor. Um fato curioso é que muitos astros recusaram o convite para atuar nesse filme. O tema do fracasso de um ator certamente assustou as estrelas de Hollywood. Coube então ao corajoso Anthony Franciosa assumir o papel principal, nesse que foi seguramente seu mais brilhante trabalho de atuação. "Calvário da Glória" é isso. Uma crônica sobre os sonhos em pedaços, mostrando o valor daqueles que persistem na busca por uma vida melhor.

Calvário da Glória (Career, Estados Unidos, 1959) Direção: Joseph Anthony / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Anthony Franciosa, Dean Martin, Shirley MacLaine, Carolyn Jones, Joan Blackman / Sinopse: Sam (Franciosa) é um ator fracassado que tenta de todas as formas vencer no concorrido mercado teatral de Nova Iorque. Apesar de seus esforços todas as portas parecem estar fechadas para seus sonhos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Joseph LaShelle), Melhor Figurino (Edith Head) e Melhor Direção de Arte (Hal Pereira e Walter H. Tyler). Filme vencedor do Globo de ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Anthony Franciosa).

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de março de 2013

Artistas e Modelos

Hoje é aniversário do grande Jerry Lewis (nascido em 16 de março de 1926). Quem foi garoto nas décadas de 70 e 80 certamente assistiu a muitos de seus filmes que sempre eram reprisados na Sessão da Tarde da Rede Globo (que hoje em dia perdeu muito de seu charme pois não se passam mais filmes antigos como naquela época, uma pena!). De todos os filmes estrelados pelo comediante esse “Artistas e Modelos” sempre foi um dos meus preferidos. O filme ainda hoje mantém um clima de nostalgia muito especial, além de ser extremamente divertido e engraçado. Para quem gosta do cantor Dean Martin temos aqui as melhores músicas de sua parceira ao lado de Jerry Lewis. A fita foi outra produção da dupla com Hall Wallis que na Paramount produziu praticamente todos os seus filmes (Wallis também foi produtor de várias comédias musicais com Elvis Presley no mesmo estúdio). A trama acompanha os amigos Rick Todd (Dean Martin) e Eugene Fullstack (Jerry Lewis) que sonham vencer juntos no mundo das histórias em quadrinhos em Nova Iorque na década de 50. Rick é um cartunista de mão cheia que se utiliza dos sonhos e pesadelos malucos de Eugene para criar suas estórias de sucesso.

“Artistas e Modelos” tem uma ótima direção de arte, um roteiro muito inspirado e uma direção que merece alguns comentários adicionais. O diretor do filme é o hoje reconhecido Frank Tashlin. Ele foi seguramente o melhor cineasta que trabalhou ao lado de Jerry Lewis e o humorista reconheceu isso várias vezes ao longo de sua carreira tanto que anos depois disse em entrevistas que havia aprendido a dirigir de verdade com Tashlin na Paramount. Era o seu mestre no mundo do cinema. De fato foi um bom aprendizado pois na década seguinte Jerry Lewis iria se tornar diretor de seus próprios filmes. Como Tashlin era cartunista no começo de sua carreira ele trouxe essa experiência para essa comédia muito charmosa da fase mais produtiva da dupla Martin e Lewis. Outro destaque digno de nota para os cinéfilos é a presença maravilhosa de Shirley MacLaine no filme. Ela sempre teve um timing impecável para o humor e aqui esbanja essa característica. Há uma cena dela com Jerry Lewis que até hoje me leva às gargalhadas. Shirley está no pé de uma escada cantando enquanto Jerry desce a mesma cheio de coisas na mão, artefatos de praia como bolas, uma prancha de surfe, bonecos infláveis, etc... só vendo pra crer. Essa seqüência me divertia muito na infância e ainda hoje consegue divertir do mesmo jeito mostrando a longevidade do humor de Jerry Lewis que merece todos os nossos parabéns nesse dia de hoje. Certamente um dos grandes nomes da história do humor americano. Parabéns Jerry e obrigado pelos grandes momentos divertidos que nos proporcionou por todos esses anos.

Artistas e Modelos (Artists and Models, Estados Unidos, 1955) Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Herbert Baker, Michael Davidson / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Shirley MacLaine / Sinopse: Uma dupla de amigos tenta vencer no concorrido mundo das histórias em quadrinhos durante a década de 50 em Nova Iorque.

Pablo Aluísio.