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terça-feira, 18 de novembro de 2025

Os Três Sargentos

Os Três Sargentos
O cantor Frank Sinatra reuniu sua turma de amigos, contratou o diretor John Sturges e rodou esse faroeste em 1962. O resultado não ficou tão bom. O roteiro apresentou problemas, não se posicionou entre ser uma comédia ou um filme sério de western. Na indecisão o espectador acabou perdendo parte de seu interesse. Outra coisa que faz falta é a ausência de uma trilha sonora. Afinal ter dois dos maiores cantores da história em um filme e não explorar esse talento soa absurdo. Frank Sinatra e Dean martin estão lá, mas não cantam. Apenas tentam fazer cenas divertidas. Não deu muito certo. O filme começa como comédia pastelão. Os três protagonistas estão em um bar. Após uma briga ao estilo dos antigos filmes do trio "Os Três Patetas", o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha, mas não é bem isso que acontece depois. Inexplicavelmente o tom do filme muda e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas. Frank Sinatra não se esforça e nem parece muito interessado no filme. Na verdade ele apenas passeia entre as cenas. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos.

De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme como um todo não é mal feito, mas o cenário, nessa cena em particular, não parece nada realista. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino", mas o deixou em rédeas curtas. E isso atrapalhou o filme. Sinatra nem sempre tinha as melhores ideias, mas sem um diretor com autoridade, elas acabaram entrando no filme. Então é isso. Um faroeste que muito provavelmente não exisitiria sem Frank Sinatra, mas que acabou sendo prejudicado justamente por ele.

Os Três Sargentos (Sergeants 3, Estados Unidos, 1962) Direção: John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Três sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto, entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra total contra o homem branco.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de novembro de 2025

O Rei do Laço

O Rei do Laço 
Comédia com dupla Jerry Lewis e Dean Martin, só que dessa vez passada no velho oeste. Como na década de 1950 o western estava na moda, com centenas de filmes sendo produzidos todos os anos, era mesmo de se esperar que mais cedo ou mais tarde fosse criada uma sátira em torno dos clichês do gênero. Esse “O Rei do Laço” não é tão mordaz com o faroeste como era de se supor. Ao invés disso prefere brincar com o estilo de forma muito mais pueril, diria até mesmo inocente. Na história Jerry Lewis faz um filhinho de mamãe que sonha um dia ir para o velho oeste tal como seu pai, morto há muitos anos, defendendo suas terras contra bandidos mascarados. O problema é que sua mãe não quer que ele tome contato com a região e por isso o proíbe de ir. Para piorar ainda mais, quer que ele se case com uma moça escolhida por ela – sem direito a reclamação! Disposto a ir para o Oeste Selvagem, Jerry se alia então a Dean Martin e juntos vão para a antiga fazenda onde seu pai viveu. Atrapalhado e cheio de maneirismos, ele acaba caindo nas graças do povo da cidade que acaba o elegendo, imaginem só, o xerife da região!

“O Rei do Laço” foi o penúltimo filme da dupla Martin / Lewis. Na Na época das filmagens dessa produção já havia muita tensão entre a dupla que tanto sucesso havia feito no cinema com seus filmes anteriores. Dean Martin sentia-se muito subestimado dentro dos scripts dos filmes que fazia ao lado de Lewis. No fundo os personagens que interpretava não passavam de mera escada para Jerry desfilar seu repertório de palhaçadas. Entre uma cena e outra ele cantava alguma canção. O curioso é que Dean Martin era um sujeito tranquilo e cool, mas que infelizmente sucumbiu às opiniões (equivocadas ao meu ver) de sua esposa na época. Ela colocou na cabeça de Martin que ele não estava tendo o destaque merecido! Uma bobagem. De fato Dean Martin não tinha do que reclamar. Sempre havia espaço para sua música nos filmes e ele sem muito esforço se tornou um homem muito rico em sua parceria com Jerry Lewis (que o adorava e ficou muito deprimido após Martin romper com ele).

Um exemplo do que digo pode ser conferido aqui mesmo em “O Rei do Laço”. Dean Martin tem a oportunidade de cantar não um, nem duas músicas, mas cinco canções ao longo do filme!!! Acredito que mais espaço do que isso seria impossível. Infelizmente, apesar de ser um dos melhores cantores dos Estados Unidos, aqui Dean Martin não contava com bom material, pois as músicas não eram tão boas e nem marcantes – apelando mais para uma linha bem infantil e descartável. Na equipe técnica desse filme temos duas curiosidades interessantes: a presença na direção de Norman Taurog (que faria uma série de filmes ao lado de Elvis Presley) e a participação no roteiro do famoso escritor Sidney Sheldon (que só se consagraria mesmo anos depois). Enfim é isso. Uma pena que Jerry Lewis e Dean Martin tenham rompido tão cedo pois seus filmes, apesar de não serem obras primas do cinema, divertiam bastante o público em geral (pra falar a verdade ainda hoje divertem).

O Rei do Laço (Pardners, Estados Unidos, 1956) Direção: Norman Taurog / Roteiro: Sidney Sheldon, Jerry Davis / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Lori Nelson / Sinopse: Filhinho de mamãe (Lewis) resolve ir para o Oeste Selvagem em busca de emoções. Lá se torna xerife de uma cidadezinha aterrorizada por um grupo de bandidos mascarados.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de maio de 2025

A Noite dos Pistoleiros

Título no Brasil: A Noite dos Pistoleiros
Título Original: Rough Night in Jericho
Ano de Lançamento: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Arnold Laven
Roteiro: Sydney Boehm, Marvin H. Albert
Elenco: Dean Martin, Jean Simmons, George Peppard, John McIntire, Slim Pickens, Don Galloway

Sinopse:
Max Flood (Dean Martin) é um vilão e criminoso. Usando de uma quadrilha de homens violentos ele domina a pequena cidade de Jericho. Todos devem pagar sua parte, em um grande esquema de extorsão. Só que a chegada de um forasteiro e de um velho xerife, que agora trabalha em uma diligência que atravessa o deserto, pode mudar muito bem essa situação de dominação e terror. Esses homens definitivamente não vão se deixar dominar assim tão facilmente. 

Comentários:
De certa maneira esse faroeste é até bem convencional, bem de acordo com o que se produzia naquela época, segunda metade dos anos 1960. O que há de diferente é ver o cantor e ator Dean Martin interpretando um vilão na história. Desde que havia se tornado famoso, ao lado do colega Jerry Lewis, Martin sempre interpretou bons homens, personagem carismáticos. Assim ver ele aqui interpretando um sujeito bem asqueroso, vai deixar muita gente surpresa. E ao que tudo indica o próprio Dean Martin não gostou muito da experiência. Aconselhado por Frank Sinatra, ele deixou esse tipo de personagem de lado. Não caía bem para quem também tinha uma bem sucedida carreira de cantor. Afinal ele precisava vender discos. Assim podemos dizer que foi uma experiência bem singular em sua filmografia. Não demorou muito e ele retornou para sua tão conhecida e amada persona de Mr. Cool que o havia levado para a fama e o sucesso. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Jerry Lewis - O homem por trás do Palhaço

Título no Brasil: Jerry Lewis - O homem por trás do Palhaço
Título Original: Jerry Lewis, clown rebelle
Ano de Lançamento: 2018
País: França
Estúdio: ARTE Films
Direção: Gregory Monro
Roteiro: Gregory Monro
Elenco: Jerry Lewis, Dean Martin, Martin Scorsese, Marilyn Monroe, Shirley MacLaine (em imagens de arquivos). 

Sinopse:
Documentário realizado na França que traz um perfil geral da carreira do ator e diretor de cinema Jerry Lewis. Cenas antigas e raras foram recuperadas, além de partes de entrevistas que o artista realizou ao longo de sua vida, tanto nos Estados Unidos, como também na Europa. 

Comentários:
Jerry Lewis é cultuado na França como grande diretor de cinema. E também como comediante tem grande prestígio profissional, chegando a ser comparado ao grande Charles Chaplin. Esse documentário francês retrata bem o respeito que os cineastas franceses cultivam em relação a Jerry Lewis. Eu não discordaria dessa visão, eu pessoalmente considero Lewis um dos grandes comediantes da história do cinema. Sua obra não deixa dúvidas sobre isso. E esse documentário também traz uma preciosa entrevista em que Jerry Lewis admite que a pessoa mais importante de sua vida foi Dean Martin! De fato ele nunca se recuperou do fim da parceria. Ele adorava Martin, não apenas como grande amigo, mas também como companheiro de tantos filmes e shows. Uma pena que a dupla tenha sido desfeita. E Jerry admite que se lembrará dele pelo resto de sua vida. Essa entrevista foi realizada após a morte de Dean Martin e a emoção do velho palhaço fica mais do que evidente. Enfim, um documentário muito bom, feito para quem aprecia e ama a história do cinema. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O Mistério de Marilyn Monroe

Título no Brasil: O Mistério de Marilyn Monroe
Título Original: The Mystery of Marilyn Monroe
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Emma Cooper
Roteiro: Anthony Summers
Elenco: Anthony Summers, Marilyn Monroe, Robert Kennedy, John Kennedy, Dean Martin, Peter Lawford (em imagens de arquivos). 

Sinopse:
Esse documentário é todo baseado no trabalho do escritor Anthony Summers que escreveu o livro "A Deusa". No processo de elaboração daquele livro ele ouviu dezenas de pessoas que viveram e conheceram Marilyn. Esses tapes gravados servem então como um precioso registro dos últimos dias de vida da famosa atriz e muitos deles são reproduzidos nas cenas desse documentário. 

Comentários:
Outro documentário sobre um grande nome do passado que revi nesses dias. É interessante porque os mesmos defeitos e qualidades do livro "A Deusa" se repetem aqui. Afinal vem da mente da mesma pessoa. A maior qualidade do livro e desse filme é certamente recriar a última noite de vida de Marilyn Monroe em seus menores detalhes e cravar uma suposta interferência em tudo o que aconteceu de Bob Kennedy que inclusive teria estado na casa de Marilyn na noite em que ela morreu. Infelizmente tudo fica apenas na esfera da tese, pois provas mesmo não existem ou foram simplesmente apagadas pelos policiais na época da investigação original. O ruim, o defeito, é que a própria carreira de Marilyn é deixada de lado. Seus filmes, seus grandes momentos no cinema, esqueça. Nada disso encontrará aqui. Muitos acusam inclusive o filme e o livro de apelar para o sensacionalismo. Uma acusação que tem seu fundo de verdade. O que não dá para ignorar no final de tudo é que coisas realmente foram acobertadas sobre os eventos que levaram Marilyn à morte. Assista e tire suas próprias conclusões. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Quem Era Aquela Pequena?

Título no Brasil: Quem Era Aquela Pequena?
Título Original: Who Was That Lady?
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Sidney
Roteiro: Norman Krasna
Elenco: Tony Curtis, Dean Martin, Janet Leigh, James Whitmore, John McIntire, Barbara Nichols

Sinopse:
Mal aconselhado por um amigo, um professor de química afirma falsamente que ele é um agente secreto do FBI, a fim de encobrir sua infidelidade conjugal, mas sua mentira, embora engolida por sua esposa, o coloca em apuros com o verdadeiro FBI, a CIA e a KGB.

Comentários:
No total Dean Martin realizou 66 filmes em sua carreira. Seus maiores sucessos no cinema foram as comédias que rodou ao lado de Jerry Lewis. Depois do film da parceria, ele ainda reencontrou o caminho do sucesso ao lado do amigo Frank Sinatra nos filmes do Rat Pack. Aqui temos um filme diferente nessa filmografia. Uma rara parceria entre Dean Martin e Tony Curtis. Como se sabe Dean Martin havia rompido com Jerry Lewis. Ele considerava que não era valorizado o suficiente pelo sucesso da dupla. Assim partiu para seguir seu próprio caminho. Acabou recebendo convites para filmes bem interessantes. Tony Curtis, um dos grandes galãs da época, contracenou aqui com aquela que iria se tornar sua futura esposa, a bela loirinha Janet Leigh (a mesma atriz da famosa cena do chuveiro de "Psicose"). O filme é bem água com açúcar, como era comum em comédias românticas desse período, mas acabou se destacando entre os críticos, a ponto de levar duas honrosas indicações ao Globo de Ouro! Concorreu ao prêmio na categoria de melhor comédia do ano e para surpresa de muitos o próprio Dean Martin também foi indicado, como melhor ator - categoria comédia ou musical! Quem diria... logo ele que era considerado apenas uma "escada" para o humor escrachado de Jerry Lewis! Pois é, durante toda a sua carreira o Dino foi subestimado... Pelo menos aqui, por um breve período, ele ganhou o reconhecimento que merecia.

Pablo Aluísio.
 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
Dean Martin tinha uma voz maravilhosa. Aqui o cantor resolveu apostar em algo bem intimista. Ele gravou o álbum com apenas quatro  músicos ao seu lado, Ken Lane ao piano, Irv Cottler na bateria, Red Mitchell no baixo e Barney Kessel na guitarra (Kessel chegou a trabalhar com outros grandes nomes como Elvis Presley na década de 1960). Nada de orquestras e nada de arranjos mais sofisticados como era praxe em seus discos anteriores, já que Martin sempre seguiu os passos de Sinatra nesse aspecto. A ideia era mesmo mudar um pouco, produzindo algo bem intimista (o que fica bem claro na própria capa do álbum, com Martin ao lado da lareira com um cigarro em mãos, fazendo todo o charme possível, bem de acordo com sua imagem de Mr. Cool). Para produzir o disco na Capitol, Martin trouxe o produtor Jimmy Bowen, praticamente uma lenda do meio musical americano, tendo trabalhado com dezenas de cantores ao longo da carreira, entre eles o próprio Frank Sinatra, além de produzir grandes sucessos para Sammy Davis, Jr., Kenny Rogers, Hank Williams, Jr., The Oak Ridge Boys, Reba McEntire e George Strait. Era tão competente que Frank Sinatra o escalou para produzir os primeiros discos de sua filha, Nancy.

Esse álbum traz aquele que talvez seja o maior sucesso de toda a carreira de Dean Martin, a faixa "Everybody Loves Somebody". A história dessa canção é bem interessante pois quebrou a supremacia que os Beatles tinham nas paradas de sucesso da época. Foi uma das poucas canções americanas a tirarem do número 1 da Billboard gravações do grupo inglês que naquela época vivia a febre da Beatlemania. Reza a lenda que o próprio Dean Martin teria ligado para Elvis e dito em tom de piada que aquele era o jeito certo de enfrentar a invasão britânica nas rádios e paradas de sucesso. Tirando esses aspectos comerciais de lado, o que podemos dizer é que esse é certamente um disco maravilhoso, sob qualquer ângulo que se analise. A sonoridade em geral é de uma beleza ímpar, muito suave e delicada. O que sempre se sobressai é a excelente vocalização de Martin, com intervenções sutis da guitarra de Kessel, acompanhada da melodia do piano de Ken Lane, tudo intercalado por um baixo quase inaudível do talentoso Mitchell (que vinha do jazz). Nos Estados Unidos o álbum ganhou uma recente edição de luxo, simplesmente excepcional.

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
1. I'm Confessin' (That I Love You) 
2. Fools Rush In 
3. I'll Buy That Dream 
4. If You Were The Only Girl 
5. Blue Moon 
6. Everybody Love Somebody 
7. I Don't Know Why (I Just Do) 
8. "Gimmie" A Little Kiss 
9. Hands Across The Table 
10. Smile 
11. My Melancholy Baby 
12. Baby Won't You Please Come Home.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 11 de abril de 2023

10 Curiosidades sobre o filme Rio Bravo - Onde Começa o Inferno

1. John Wayne e o diretor Howard Hawks viam o filme como uma resposta ao clássico do western "Matar ou Morrer" com Gary Cooper. Eles entendiam que um verdadeiro homem da lei, um xerife do velho oeste, jamais iria pedir ajuda para a população civil, ele iria resolver tudo apenas com a ajuda de outros auxiliares da lei. 

2. Gary Cooper soube das críticas de John Wayne ao seu filme e ficou bem aborrecido com elas. Após assistir a "Rio Bravo" não deixou de alfinetar o filme, dizendo a um jornalista de Hollywood que o novo filme de John Wayne tinha uma história tão falsa que ninguém iria acreditar nela. A relação entre os dois astros ficaria abalada depois disso. 

3. O diretor Howard Hawks queria Elvis Presley para completar o trio principal de atores que ainda contaria com John Wayne e Dean Martin. O próprio cantor ficou entusiasmado com a ideia, mas tudo foi em vão. Seu empresário, o Coronel Tom Parker. pediu um cachê muito alto para Elvis estar no filme. Também exigiu participação nos lucros da bilheteria nos cinemas. O estúdio assim não quis assinar o contrato. 

4. E no final de tudo Elvis não poderia mesmo fazer o filme pois foi convocado para servir ao exército americano dois meses antes do começo das filmagens. 

5. Dean Martin queria muito fazer o filme, mas o diretor Hawks não estava muito certo disso. Então o cantor fretou um avião para trazê-lo a Las Vegas onde ele estava se apresentando em um cassino. Também fez questão que o diretor tivesse todas as suas contas pagas por ele. 

6. Após alguns encontros Hawks finalmente aceitou Dean Martin no elenco do filme, principalmente depois de vê-lo bêbado nos corredores de um cassino em Las Vegas. Era o tipo perfeito para o personagem do filme que iria interpretar. 

7. O diretor Howard Hawks não queria o ídolo adolescente Ricky Nelson no elenco do filme, mas como Elvis estava fora, ele acabou aceitando a sugestão do estúdio. O cineasta achava o rapaz muito jovem e muito suave para estar em um filme de western como aquele. No final admitiu que ele ajudou bastante na promoção do filme, principalmente entre o público mais jovem. 

8. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, batendo recordes de bilheteria em seu primeiro final de semana em exibição nos Estados Unidos. Todo o elenco e equipe compareceram na estreia do filme em Los Angeles. 

9. John Wayne passou mal durante as filmagens. Já era um sinal de que havia algo errado com sua saúde. Anos depois ele finalmente iria procurar um médico. Estava com câncer de pulmão. Só que durante as filmagens ainda não sabia disso e continuou fumando um cigarro atrás do outro entre as cenas. Era um fumante inveterado. 

10. Dean Martin foi bem convincente em seu personagem. Ele, em algumas cenas, realmente estava cansado e com grande ressaca. Bebia muito e saía de shows em Las Vegas direto para o aeroporto, viajando de noite para trabalhar no outro dia em Hollywood. Foi uma fase muito cansativa para ele, viajando praticamente todas as noites, trabalhando como cantor à noite e como ator de dia. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

10 Curiosidades - Os Filhos de Katie Elder

10 Curiosidades - Os Filhos de Katie Elder
1. John Wayne contraiu pneumonia durante as filmagens. Com dificuldades de respiração o estúdio contratou um médico particular para o ator. Uma pequena unidade de tratamento também foi instalada, com equipamentos de oxigênio para ajudar na recuperação de Wayne.

2. Durante uma das cenas o espectador consegue ouvir um garotinho chamando "dad" (pai) em relação a Wayne. O menino que chama ele é o seu próprio filho, Ethan Wayne, que acompanhou John durante as filmagens da produção. O diretor Henry Hathaway não percebeu o problema e o erro acabou indo para a versão final. Acabou sendo mais uma gafe famosa em um grande filme de Hollywood.

3. O roteiro foi inspirado numa história real envolvendo os irmãos Marlowe, que viveram no século 19, no Colorado. Praticamente toda a premissa do enredo, com a morte da matriarca, foi realmente um fato histórico real.

4. Dean Martin elogiou a atuação de John Wayne no filme. Mesmo doente o ator trabalhou muito bem, não passando ao espectador que ele teria enfrentado problemas de saúde durante a produção. Sobre isso Martin declarou: "John Wayne estava doente. Ele poderia simplesmente deixar o filme de lado, sentindo pena de si mesmo. Ao contrário disso enfrentou as filmagens com uma garra que me deixou admirado. Ele era um sujeito muito corajoso, de se admirar".

5. O ator Tommy Kirk foi demitido pelo estúdio após ser preso com porte de drogas. A polícia localizou no carro dele alguns cigarros de maconha.

6. As filmagens começaram em outubro de 1964, mas só chegaram ao fim em janeiro de 1965.

7. Durante o tratamento da pneumonia, John Wayne recebeu uma notícia devastadora. Os exames detectaram que ele tinha câncer de pulmão! Foi um choque, principalmente porque John não desconfiava que sofria da doença. Fumante inveterado que chegou até mesmo a fazer comerciais de cigarro, ele estava sofrendo da terrível doença justamente por causa de seu hábito de fumar até duas carteiras de cigarro por dia.

8. A doença de John Wayne foi escondida do público, mas toda a equipe técnica do filme ficou sabendo que o ator havia sido diagnosticado com câncer. George Kennedy ficou surpreso ao perceber que mesmo após saber que estava com câncer de pulmão o ator continuou fumando cigarros tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

9. Depois que descobriu que estava com câncer, o ator John Wayne sugeriu ao diretor Henry Hathaway que ele contratasse Kirk Douglas para substitui-lo. A sugestão de Wayne foi recusada.

10. Antes de contratar John Wayne o estúdio pensou contratar o ator Charlton Heston para seu papel. O convite não foi aceito por Heston porque ele já havia assumido compromissos com outros filmes.

Pablo Aluísio.

Os Filhos de Katie Elder

Eu me recordava de ter assistido "Os Filhos de Katie Elder" na minha infância. Ainda me lembrava de algumas pequenas coisas do enredo, como o próprio fato da reunião dos irmãos para descobrir o que tinha acontecido nas mortes de seu pai e sua mãe. E era só isso mesmo de que tinha lembrança. Hoje resolvi rever o filme (na verdade praticamente assistir algo inédito já que não me recordava de muita coisa). Obviamente o clima de nostalgia bateu forte pois esse filme me lembrou dos grandes filmes que passavam na antiga Sessão da Tarde. Infelizmente nos dias de hoje só filmes fracos são exibidos, mas nas décadas de 70 e 80 era bem diferente. Devo dizer que esse é um bom western dos anos 60. Não é uma obra prima como "Bravura Indômita", por exemplo, (embora seja o mesmo diretor) mas mantém o interesse e é muito bem roteirizado (curiosamente o roteirista do filme, Allan Weiss, escreveu muitos roteiros de filmes para Elvis Presley na Paramount).

O grande destaque fica no relacionamento dos irmãos. Os filmes de Wayne tinham muito isso, não eram apenas westerns com puro bang bang, pelo contrário, havia uma preocupação em criar um conteúdo para os personagens. Isso também acontece nesse filme. Embora Katie Elder esteja morta vamos descobrindo por depoimento dos demais personagens do filme todas as nuances de sua vida, como ela era, do que gostava, o que desejava para os filhos. Não é todo faroeste que tem esse tipo de cuidado em seu roteiro. Como não poderia deixar de ser a dupla central dos atores domina o filme. John Wayne aqui em um papel mais interessante, pois é um pistoleiro fora da lei. Dean Martin também está muito bem em seu personagem, pena que dessa vez não cantou nenhuma música, talvez pelo tom mais sério do filme. Enfim, longe de ser apenas um western de rotina, "Os Filhos de Katie Elder" é um bom programa para quem quer relembrar dos bons faroestes do passado. Ah que saudade desses tempos que não voltam mais!

Os Filhos de Katie Elder (The Sons of Katie Elder, Estados Unidos, 1965) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: William H. Wright, Allan Weiss / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Martha Hyer, Michael Anderson Jr. Earl Holliman / Sinopse: Após a morte da matriarca da família Elder seus quatro filhos resolvem se reunir novamente para vingar seu assassinato. Juntos buscarão por vingança em nome de sua querida mãe, Katie Elder.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Onde Começa o Inferno

John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. "Rio Bravo" foi um dos maiores westerns da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste como por exemplo a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final.

O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste"). Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito digna, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta sem sucesso enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seus westerns. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos.

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, EUA, 1959) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett baseado na curta história de B.H. McCampbell / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond / Sinopse: John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Pôquer de Sangue

Título no Brasil: Pôquer de Sangue
Título Original: 5 Card Stud
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Marguerite Roberts, Ray Gaulden
Elenco: Dean Martin, Robert Mitchum, Inger Stevens, Roddy McDowall, Katherine Justice, John Anderson

Sinopse:
No velho oeste qualquer desonestidade no jogo de pôquer era punida com a morte. Assim quando um forasteiro tenta enganar um grupo de jogadores em Rincón, Colorado, ele acaba selando seu destino. Assim que seu golpe é descoberto, os demais jogadores o amarram e o enforcam numa ponte na saída da cidade. Apenas Van Morgan (Dean Martin) tenta salvar o trapaceiro, mas é impedido com violência. O xerife nada pode fazer pois não conhece a identidade dos assassinos. Nesse momento complicado para a comunidade, um novo reverendo chega para pregar a palavra de Deus para todos. Seu nome é Jonathan Rudd (Robert Mitchum), um sujeito com uma forma muito curiosa de levar a palavra do Senhor aos cowboys: com sua arma Colt. Suas boas intenções porém não mudam o quadro e pouco a pouco todos os envolvidos no enforcamento começam a aparecer mortos! Quem estaria por trás dos crimes?

Comentários:
Muito bom o roteiro desse western "Pôquer de Sangue". A trama tem todos os ingredientes que fizeram a mitologia do faroeste americano e mais um adicional que acrescenta muito ao resultado final: o mistério sobre quem estaria matando todos os justiceiros da cidade que tinham enforcado um trambiqueiro no jogo de cartas. O leque de suspeitos é amplo. Van Morgan (Dean Martin) seria um deles, pois provavelmente quis se vingar dos que o espancaram quando ele tentou evitar o crime. Uma nova dama de Saloon, a bonita Lily Langford (Inger Stevens), também pode ser suspeita, pois chegou na cidade assim que as mortes começaram. Até mesmo o novo pregador, Jonathan Rudd (Robert Mitchum), pode ter algum tipo de culpa nas mortes, principalmente depois de pregar afirmando que nenhum dos assassinos escapará da ira de Deus! Assim temos um verdadeiro mistério à la Agatha Christie sobre a identidade do assassino na pequena cidade. Dean Martin, como sempre, está muito correto, além disso canta duas canções no filme (na abertura e nos créditos finais). Sua voz era realmente maravilhosa. Agora quem rouba o show mesmo é o sempre carismático Robert Mitchum. Seu personagem lembra de certo modo o seu papel no grande clássico "Mensageiro do Diabo". E isso só acrescenta ainda mais no belo resultado final dessa produção realmente imperdível para os fãs de western.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Inimigos à Força

Esse foi o último western da carreira do ator Rock Hudson. Seu filme anterior no gênero, “Jamais Foram Vencidos” com John Wayne, fez bonito nas bilheterias assim Hudson acabou voltando para uma despedida final. Aqui ele contracena com o também veterano das telas Dean Martin. O ex-parceiro de Jerry Lewis interpreta Billy Massey, um rancheiro arruinado financeiramente que participa de um roubo ousado. Disfarçado de xerife, ele rende os passageiros de um trem enquanto seus comparsas roubam todos os viajantes e o cofre da locomotiva. Após o crime foge para as montanhas. Em seu encalço vai o verdadeiro xerife da região, Chuck Jarvis (Rock Hudson), que promete aos cidadãos da cidade que vai capturar e levar para a prisão o fora-da-lei. O problema surge após a descoberta da verdadeira identidade do criminoso, pois esse cresceu ao seu lado, foram amigos de infância e tudo acaba se tornando muito doloroso pois ele no fundo não deseja causar qualquer mal ao seu antigo amigo do passado. Surge assim um conflito interno no xerife, pois ao mesmo tempo em que ele precisa fazer cumprir a lei, ele também não quer causar qualquer mal ou dano ao fugitivo.

“Inimigos a Força” também foi um dos últimos trabalhos de Rock Hudson no cinema. Em 1973 ele já havia acumulado vários filmes que não foram bem sucedidos nas bilheterias. Ele deixou de ser um nome viável para grandes produções. Com vasto bigode, visual que iria adotar nos anos seguintes, Rock ainda tentava mostrar força no mundo do cinema, mas pelo visto não deu muito certo pois em pouco tempo ele estrearia na TV com a série “McMillian e Esposa”. O mesmo se pode dizer de seu colega em cena, Dean Martin, que surge já bastante debilitado pelos anos e anos de alcoolismo. O mundo do cinema já não parecia o lugar ideal para a dupla veterana. Assim como Hudson, Dean Martin também iria para a TV, onde apresentaria seu próprio programa de variedades.

De qualquer forma, mesmo se despedindo do cinema, essa dupla de atores conseguiu manter o pique da estória, principalmente nas melhores cenas do filme. Entre elas destaco o desfecho do filme, todo passado em uma floresta incendiada. Já nas cenas mais dramáticas, Dean Martin deixava um pouco a desejar. Numa cena em especial, ao lado da atriz Susan Clark, fica bem nítido seu problema com bebidas. Embora o personagem não esteja bêbado, a voz pastosa e sem firmeza de Martin dá a entender ao espectador que ele fez a cena completamente embriagado. Após um corte, ele já surge bem melhor, mostrando que o diretor provavelmente interrompeu as filmagens para o ator se recuperasse do porre! Mesmo com esse pequenos “desvios”, vamos dizer assim, “Inimigos à Força” é um bom faroeste da década de 1970. Nada brilhante, nada marcante demais, mas eficiente dentro de sua proposta na época em que o filme chegou nos cinemas.

Inimigos à Força (Showdown, Estados Unidos, 1973) Direção: George Seaton / Roteiro: Theodore Taylor, Hank Fine / Elenco: Rock Hudson, Dean Martin, Susan Clark / Sinopse: Após longos anos, dois amigos de infância se reencontram em lados opostos da lei. Um deles se torna um foragido perigoso após roubar um trem e o outro se torna um xerife disposto a tudo para cumprir a lei.

Pablo Aluísio. 

sábado, 19 de setembro de 2020

O Marujo Foi Na Onda

Jerry Lewis começou a carreira se apresentando em pequenas espeluncas de Nova Iorque em troca de alguns trocados e só viu sua sorte mudar quando se uniu a um cantor desconhecido que também estava tentando abrir as portas do sucesso. Era Dean Martin. Eles criaram então um número perfeito. Um cantor galã que tentava se apresentar com todo o glamour e romantismo possível enquanto era atrapalhado por um pateta que fazia as maiores confusões. Esse novo show lhes trouxe mais público, melhores lugares para se apresentar e finalmente lhes abriram as portas do mundo do cinema. Foi o produtor Hall B. Wallis que deu as melhores oportunidades para a dupla Martin / Lewis na Paramount. Esse produtor tinha uma visão incrível pois ele sabia que o que fazia sucesso nos palcos poderia também muito bem fazer sucesso nas telas de cinema. Assim ele conseguiria ótimas bilheterias com a dupla e repetiria a dose anos depois ao acreditar em um jovem roqueiro que estava fazendo muito sucesso com seus shows ao vivo! O nome dele? Elvis Presley.

Pois bem, mas voltamos a Lewis e Martin. Esse “O Marujo foi na Onda” foi um dos primeiros filmes da dupla na Paramount. Rodado ainda em preto e branco a película seguia por uma fórmula que se tornaria sucesso absoluto de bilheteria nos anos que viriam. O roteiro é de certa forma uma repetição do que havia sido usado com muito sucesso em “O Palhaço do Batalhão” onde Jerry Lewis ia para o exército dando origem a muitas confusões. Aqui se trocou o exército pela marinha e repetiu-se o que havia dado tão certo antes, ou seja, muitas cenas divertidas, intercaladas com momentos musicais românticos a cargo de Dean Martin, que apresentava suas músicas entre uma palhaçada e outra de Lewis. O filme tem aquele clima bem leve, descontraído, que tentava agradar ao público que ia ao cinema apenas em busca de uma diversão bem humorada e descompromissada. 

Por fim um aspecto muito curioso sobre “O Marujo Foi na Onda”: nesse filme, no meio de tantos figurantes anônimos, surge um que se tornaria um dos maiores mitos da história do cinema alguns anos depois, o ator James Dean. Ela faz uma pequena ponta não creditada na cena da luta de boxe de Jerry Lewis. Ele era então apenas um jovem tentando a sorte em Hollywood e deu graças a Deus quando ganhou esse pequeno e quase imperceptível papel. Curiosamente anos depois Dean confessaria que no dia das filmagens havia tomado um milk shake estragado e que por isso quase vomitou em cima de Jerry Lewis. Uma pena não ter acontecido pois se encaixaria perfeitamente no enredo maluco do filme!  

O Marujo Foi Na Onda (Sailor Beware, Estados Unidos, 1952) Direção: Hal Walker / Roteiro: James B. Allardice, Martin Rackin / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Corinne Calvet, James Dean (não creditado) / Sinopse: Melvin (Jerry Lewis) e Al (Dean Martin) acabam entrando na marinha americana, sendo enviados para os mares do sul, o que dará origem a várias confusões.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de outubro de 2019

Os Quatro Heróis do Texas

Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA. "Os Quatro Heróis do Texas" é uma produção muito fraca estrelada pelos dois maiores nomes do chamado Rat Pack, Sinatra e Martin. Eles já estiveram bem melhores antes mas aqui não convencem, não fazem rir e nem divertem. O filme tem um timing de comédia pastelão que nunca encontra o tom certo. As piadas são fracas e as situações não agradam. Sinatra está particularmente antipático em um papel sem qualquer empatia. Martin está um pouco melhor mas seu personagem também não ajuda muito. O título nacional mais uma vez se mostra equivocado pois não há nenhum herói na estória. Os tais quatro citados são Sinatra, Martin e as atrizes beldades Ursula Andress e Anita Ekberg. Essa última já havia contracenado com Dean Martin numa comédia ao lado de Jerry Lewis chamada "Ou Vai Ou Racha". Aqui ela repete o mesmo papel de mulher deslumbrante, só que servindo de par romântico para o apático Sinatra. Já a Bond Girl Ursula Andress não mostra a que veio em um personagem de nome masculino (Max) que pouco acrescenta no resultado final.

O que mais me deixou surpreso aqui é que o filme não foi dirigido por um diretor medíocre mas sim pelo excelente cineasta Robert Aldrich de tantos títulos marcantes em seu filmografia. Ele não só dirigiu a fita como a produziu. O que deu errado dessa vez? Acredito que o problema central de "Os Quatro Heróis do Texas" seja seu roteiro tolo e abobado que não consegue convencer nem como western e nem como comédia. Nem a participação especial dos Três Patetas consegue levantar a bola do humor do filme. Tudo é muito frouxo e sem graça. As piadas não funcionam e definitivamente Sinatra não tinha talento para esse tipo de filme. Em suma, um grande desperdício no final das contas. "Os Quatros Heróis do Texas" pode ser resumido como um filme ruim que foi dirigido por um excelente diretor e com um bom elenco. Pena que deu tudo errado.

Os Quatro Heróis do Texas (4 For Texas, EUA, 1963) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Teddy Sherman, Robert Aldrich / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress, Anita Ekberg / Sinopse: Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA.

Pablo Aluísio. 

sábado, 12 de outubro de 2019

Aeroporto

Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os filmes de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.

Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George Kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.

Aeroporto (Airport, EUA, 1970) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset / Sinopse: Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de abril de 2019

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade. Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante.

Ao seu lado em cena o cantor Dean Martin, mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranquilidade. O termo “bandolero” do título original se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande (marco geográfico que separa o México dos EUA) que é na realidade uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível.  

O Preço de um Covarde (Bandolero!, EUA, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch. George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo xerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Deus Sabe Quanto Amei

Uma coisa Frank Sinatra sabia fazer muito bem: escolher os roteiros certos para atuar. Um exemplo é esse "Deus Sabe Quanto Amei", filme lançado em 1958 que acabou sendo indicado em várias categorias do Oscar, Não espere ver o cantor interpretando alguma bela canção no filme. Aqui o foco é bem outro. Quando o filme começa o encontramos cochilando em uma cadeira de ônibus. Depois de uma noite de bebedeiras seus colegas de farda o colocaram em um ônibus que ia em direção à sua cidade natal. Quando ele acorda já está de volta ao velho lar, numa cidadezinha de Indiana. Chega também ao seu lado a corista e garota de farras interpretada por Shirley MacLaine. O porre foi tão grande que ele nem sequer lembra dela! Pior, agora que seu serviço militar acabou ele precisa encontrar algo com que trabalhar. Seu desejo sempre foi ser escritor, mas muito indisciplinado e dado a farras, jamais conseguiu ter sucesso na carreira. Isso apesar de ter realmente talento com as letras.

O jeito então passa a ser procurar pelo irmão, que não vê há anos. Ele se tornou um comerciante bem sucedido no ramo de joias. Os dois não se dão muito bem, por arestas não aparadas no passado. Porém nem tudo é desilusão e amargura. Dave (o personagem de Sinatra) também acaba conhecendo e se apaixonando pela professora Gwen French (Martha Hyer). Ela resiste, uma vez que o estilo de vida de Dave é tudo o que ela reprova. Completando o quadro de personagens interessantes desse bom drama temos ainda um jogador de cartas inveterado, sempre com um grande chapéu texano na cabeça, interpretado pelo sempre carismático Dean Martin. Enfim, é um drama romântico muito bom, com excelente roteiro. Com mais de duas horas de duração jamais cai no marasmo ou cansa o espectador, pelo contrário, mantém o interesse até o final. Como eu escrevi antes, Frank Sinatra sabia muito bem escolher onde trabalhar em Hollywood. Era um sujeito esperto e inteligente, disso não tenho a menor dúvida.

Deus Sabe Quanto Amei (Some Came Running, Estados Unidos, 1958) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: John Patrick, baseado no romance escrito por James Jones / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Shirley MacLaine, Martha Hyer, Arthur Kennedy / Sinopse: Após prestar o serviço militar, Dave Hirsh (Sinatra) está de volta à sua cidade natal. Ele precisa encontrar algo o que fazer da vida. Ele tem planos de ser um escritor, mas isso ainda não se concretizou. Acaba se apaixonando por uma professora que, mesmo gostando dele, não se entrega à nova paixão. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Shirley MacLaine), melhor ator coadjuvante (Arthur Kennedy), melhor atriz coadjuvante (Martha Hyer), melhor figurino (Walter Plunkett) e melhor música original ("To Love and Be Loved").

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de novembro de 2018

O Agente Secreto Matt Helm

Esse filme pode ser explicado em poucas frases, até porque a intenção dos produtores eram bem simples de entender. Eles quiseram apenas apertar um botão, transformando Dean Martin em James Bond. Isso mesmo. O roteiro, as armas modernas, a trama de espionagem, tudo parece uma cópia mais pobre e mais escrachada dos filmes de 007. Provavelmente a única coisa que parece se salvar é o próprio carisma imbatível de Dean Martin. Veja que enredo: Dean Martin interpreta um agente da contra espionagem americana chamado Matt Helm. Como disfarce ele se passa por fotografo, o que lhe dá a oportunidade de trabalhar com muitas mulheres bonitas! Claro, ele dá em cima de todas e invariavelmente se dá bem em suas cantadas (tempos politicamente incorretos aqueles!). A intenção é sempre levar a próxima garota bonita para a cama. Depois as descartar, sem maiores problemas.

Pois bem, a boa vida de Helm chega ao fim quando uma organização criminosa decide fazer uma sabotagem no lançamento de um foguete rumo ao espaço. Eles querem usar o foguete para contaminar uma grande área da costa oeste dos Estados Unidos com radiação. Para salvar o dia, então o indiscreto Matt Helm sai de sua alcova, cercado de lindas garotas, para desmantelar os planos do malvadões.

Tudo cheira a chanchada. Fica óbvio desde o começo que Dean Martin está apenas se divertindo no papel. Ele chega a tirar onda com seu amigo Frank Sinatra. Numa cena, enquanto dirige um carro, a garota ao seu lado liga do rádio e Sinatra surge cantando um de seus sucessos ao que Martin diz: "Esse cantor é péssimo, mude de estação!". O filme inclusive tem uma longa trilha sonora, só com músicas obviamente cantadas por Dean Martin. Também tem números de dança em excesso, com dançarinas de Las Vegas, o que me fez pensar que Dean Martin andou prometendo espaço demais para essas starlets no filme. Aliás todo rodado nos arredores de Las Vegas (onde Dino poderia continuar cantando de noite nos cassinos enquanto de dia rodava as cenas do filme de dia), esse primeiro Matt Helm não é para ser levado à sério de jeito nenhum. Sendo encarado dessa forma, até que é um passatempo divertido.

O Agente Secreto Matt Helm (The Silencers, Estados Unidos, 1966) Direção: Phil Karlson / Roteiro: Oscar Saul / Elenco: Dean Martin, Stella Stevens, Daliah Lavi / Sinopse: Para salvar a América de uma tragédia nuclear, apenas um homem poderia ser chamado, o agente secreto Matt Helm, interpretado pelo cantor Dean Martin. Filme baseado nos romances de espionagem escritos por Donald Hamilton.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de julho de 2018

Onze Homens e um Segredo

Título no Brasil: Onze Homens e um Segredo
Título Original: Ocean's Eleven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Harry Brown, Charles Lederer
Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford, Angie Dickinson, Joey Bishop, Henry Silva, Cesar Romero

Sinopse:
Danny Ocean (Frank Sinatra) resolve reunir seus antigos companheiros da Segunda Guerra Mundial para executar um plano mais do que ousado: roubar os quatro maiores cassinos de Las Vegas durante o ano novo! A missão contará com vários especialistas, onde cada um terá um objetivo específico a realizar. Assim que as luzes da cidade forem cortadas, os membros do grupo de Danny Ocean começarão a roubar as fortunas que os estarão esperando em seus cofres milionários na assim chamada "cidade do pecado". Indicado ao prêmio da Writers Guild of America na categoria Melhor Roteiro Original.

Comentários:
"Ocean's Eleven" é considerada a obra prima do Rat Pack, o grupo de amigos que rodeavam Frank Sinatra em seus anos de auge em Las Vegas. O cantor há muito vinha em busca de um roteiro em que pudesse encaixar todos os membros do Rat Pack e acabou encontrando o espaço que tanto queria justamente aqui. O curioso é que Sinatra filmou sua participação enquanto se apresentava em Vegas - de tarde filmava suas cenas e de noite se apresentava nos cassinos ao lado de seus companheiros. Por essa razão praticamente todas as tomadas foram realizadas de primeira, já que Sinatra não queria perder tempo. Isso em nada desqualifica o filme que é muito bem realizado, com ótima trama e elenco muito à vontade. Também pudera, no fundo era tudo uma desculpa para que todos os amigos trabalhassem juntos. Dean Martin, por exemplo, está mais cool do que nunca. Fumando um cigarro atrás do outro, vai de vez em quando ao piano para soltar seu vozeirão. O roteiro é muito bem escrito e tem um cuidado todo especial na apresentação das características de cada personagem. Só para se ter uma ideia, pelo menos metade da duração do filme é usada com esse objetivo. A direção musical foi entregue ao genial maestro Nelson Riddle, que tantos álbuns maravilhosos gravou ao lado de Sinatra. Além do bom gosto o clima de diversão traz um sabor especial para a produção. Tudo muito divertido e bem conduzido, "Ocean's Eleven" é de fato o grande clássico de Sinatra nas telas, talvez só sendo superado mesmo em sua carreira pelo genial "A Um Passo da Eternidade" de 1953.

Pablo Aluísio.