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quarta-feira, 5 de março de 2025

A Vingança dos Daltons

Título no Brasil: A Vingança dos Daltons
Título Original: When the Daltons Rode
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Harold Shumate, Emmett Dalton
Elenco: Randolph Scott, Kay Francis, Brian Donlevy

Sinopse:
Tod Jackson (Randolph Scott) é um jovem advogado que vai até o distante Kansas para visitar seus clientes e amigos, os Daltons, que possuem um belo e próspero rancho na região. O problema agora é que uma poderosa empresa cobiça as terras dos Daltons e estão dispostos a colocar as mãos naquela propriedade de todas as formas possíveis, inclusive levantando falsas acusações de crimes contra todos os que ousam desafiar o poder da companhia.

Comentários:
Mais um ótimo western com o mito Randolph Scott. Infelizmente é uma de suas produções menos lembradas, já que após sua estreia nos cinemas ficou décadas fora de circulação - só mais recentemente foi relançado nos Estados Unidos dentro de um box de DVDs que resgatou parte da filmografia esquecida do eterno cowboy do velho oeste. Alguns aspectos merecem menção. Como se sabe com a expansão das estradas de ferro rumo ao Pacífico muitas companhias entraram em atritos com rancheiros e fazendeiros que não abriam mão de suas terras - justamente aquelas por onde os trilhos teriam que passar. Quando o dinheiro não bastava para convencer a venda dessas terras entrava em ação bandoleiros contratados por essas empresas para intimidar e coagir a venda, muitas vezes usando de métodos violentos e ilegais. Esse pedaço esquecido da história serve justamente de mote para esse bom faroeste que certamente agradará em cheio aos fãs do western mais clássico do cinema americano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

O Tesouro do Bandoleiro

Título no Brasil: O Tesouro do Bandoleiro
Título Original: The Nevadan
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Gordon Douglas
Roteiro: George W. George, George F. Slavin
Elenco: Randolph Scott, Dorothy Malone, Forrest Tucker

Sinopse:
Nas longas planícies do deserto de Nevada surge um cowboy misterioso que começa a seguir os passos de um criminoso foragido, um assaltante de bancos que está lutando por sua vida e liberdade. Em seu encalço também está um fazendeiro ganancioso e seu grupo de capangas, todos atrás do dinheiro roubado, uma pequena fortuna.

Comentários:
Mais um filme para os admiradores do trabalho do eterno cowboy Randolph Scott. Foi o último que o astro fez na Columbia depois de cumprir um longo contrato que ele havia assinado sete anos antes. Assim dali em diante o próprio Scott iria produzir suas fitas, trabalhando sem as amarras de um contrato que lhe deixasse preso a nenhum estúdio de Hollywood. Nesse filme aconteceu um fato curioso, durante uma tomada de cena em Alabama Hills, onde a produção estava sendo rodada, o ator caiu de um pequeno desfiladeiro com seu cavalo (que não era o famoso Stardust). Randolph Scott era um excelente cavaleiro mas seu próprio cavalo tropeçou nas pedras e a queda foi inevitável. Socorrido a tempo, Randolph foi levado a Los Angeles onde se constatou que ele havia quebrado sua perna esquerda. Isso levou o filme a ficar parado por algumas semanas, o que de certa forma é perceptível ao assisti-lo pois o ator perdeu peso no hospital e como o filme não era gravado na sequência cronológica das cenas podemos perceber que ora ele surge magro, ora mais cheio ao longo do filme. Deixando essa pequena curiosidade de lado o que temos aqui é mais um belo western com Scott, que mantinha sempre um excelente padrão de qualidade em todos os filmes em que participou. Não é de se admirar que tenha sido um dos mais populares atores do gênero western na história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Véspera de Natal

Título no Brasil: Véspera de Natal
Título Original: Christmas Eve
Ano de Lançamento: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: Laurence Stallings, Richard H. Landau
Elenco: George Raft, Randolph Scott, George Brent

Sinopse:
Para salvar a fortuna de um sobrinho designer, Matilda Reed deve localizar seus três filhos adotivos há muito perdidos a tempo de uma reunião na véspera de Natal.

Comentários:
O ator George Raft foi muito popular em seu tempo. Hoje ninguém mais lembra dele, coitado, anda completamente esquecido. Do Randolph Scott ainda se fala, principalmente para quem é fã de filmes de western. E é justamente pela presença do Scott, um astro cowboy de que sempre gostei, que vejo valer a pena ver esse filme. É uma produção bem antiga e de certa forma foi marcante naquela época em que o Scott passou a pensar em abandonar todos os demais gêneros cinematográficos para só fazer filmes de faroeste. E por ser, de certa maneira, um filme meio fraco e bem mediano, parece que após filmar aqui essa produção, ele finalmente tomou sua decisão, para alegria de seus fãs de filmes de western ao velho estilo. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Randolph Scott e o Velho Oeste - Texto 12

Randolph Scott e o Velho Oeste - Texto 12
O faroeste "Romântico Defensor" (Albuquerque, 1948) marca o começo da última e melhor fase da carreira de Randolph Scott. Os filmes produzidos a partir daqui iriam fazer muito sucesso, inicialmente nos cinemas e anos depois, na TV dos Estados Unidos, consolidando sua fama de um dos cowboys de cinema mais queridos da América. E de fato esse é mesmo um bom filme. Bem produzido, com roteiro redondo, elenco muito bom e todos os elementos que fazem um bom filme dentro desse estilo cinematográfico clássico. 

Na história Randolph Scott interpretava um texano que mudava de Estado para trabalhar ao lado de seu tio na cidade de Albuquerque no Novo México. Sua diligência era assaltada durante a viagem e o personagem de Scott conseguia sobreviver por pouco da fúria dos bandidos. Ao chegar na nova cidade ele acabaria descobrindo que seu próprio tio fazia parte justamente da quadrilha de bandoleiros! Imaginem o choque! Sendo íntegro e honesto, acabaria ficando no lado oposto ao dele!

O sucesso dessa fita de western faria que Randolph Scott só se concentrasse em filmes desse gênero. Nos anos seguintes ele de fato iria estrelar um Bang-Bang atrás do outro, se tornando o produtor dessa fitas altamente lucrativas! E nesse processo se tornaria um homem muito rico! 

Para fechar a década de 1940 com chave de ouro ele iria estrelar com muito sucesso vários filmes de faroeste. Em pouco mais de dois anos ele iria atuar em sete filmes de western! Todos rodados rapidamente para exibição em matinês nos cinemas americanos. Apesar da produção em série, industrial mesmo, esses filmes até  hoje cativam os fãs de faroeste, uma vez que eram sempre caprichados! Dessa maneira ele se despediu dos anos 40 com os seguintes filmes lançados em sequência: Águas Sangrentas, A Volta dos Homens Maus, Sete Homens Maus, Devastando Caminhos, A Lei é Implacável e O Lutador. Desnecessário dizer que seus fãs adoraram essa verdadeira maratona de faroestes com Scott. Ele, com tantos sucessos, acabaria entrando inclusive na seleta lista dos dez atores mais populares do ano!

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 4 de junho de 2024

A Lei da Fronteira

Título no Brasil: A Lei da Fronteira
Título Original: Frontier Marshal
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Allan Dwan
Roteiro: Stuart N. Lake, Sam Hellman
Elenco: Randolph Scott, Nancy Kelly, Cesar Romero

Sinopse:
Tombstone é uma cidade infestada de bandidos. Conhecida por ser uma terra sem lei, a região acaba se tornando ponto de encontro de assassinos, assaltantes de trem e facínoras em geral. Aterrorizados, os cidadãos de bem do local resolvem eleger um novo xerife! Para a função terá que ser escolhido alguém realmente rápido no gatilho, que esteja disposto a enfrentar o crime sem medo, pois não será fácil limpar toda aquela sujeira. A escolha acaba caindo nos ombros de Wyatt Earp (Randolph Scott) que está disposto a impor a lei e a ordem novamente na pequena Tombstone. 

Comentários:
Esse é certamente um dos mais clássicos filmes da carreira de Randolph Scott. Não poderia ser diferente, afinal de contas ele interpreta o lendário xerife e homem da lei Wyatt Earp! A junção desses dois mitos não poderia resultar em nada menos do que memorável. Curiosamente, apesar de ser reconhecidamente um dos melhores filmes já feitos sobre o tiroteio do O.K. Corral, o roteiro toma certas liberdades com a história real. Só para citar a mais famosa delas, aqui temos a morte de Doc Halliday (Cesar Romero), que antecede o famoso confronto entre Earp e os bandoleiros no famoso curral de Tombstone. Na história real Doc não morreu como mostrado no filme, pelo contrário, ele vai até o O.K. para enfrentar ao lado de Earp todo o bando de criminosos naquele que, até hoje, é considerado o maior duelo da história do velho oeste. Isso porém não desmerece as qualidades de um western clássico que é extremamente bem realizado. Randolph Scott está perfeito em seu papel e até mesmo Cesar Romero convence plenamente como Doc, o dentista jogador e tuberculoso que se tornou um dos mais conhecidos pistoleiros da mitologia do western americano. Mais um exemplo do talento do subestimado cineasta Allan Dwan. Em suma, um título para se ter na coleção, assim você poderá sempre rever o mito Randolph Scott na pele do mais famoso xerife de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de maio de 2024

A Heroína do Texas

Título no Brasil: A Heroína do Texas
Título Original: The Texans
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: James P. Hogan
Roteiro: Bertram Millhauser, Paul Sloane
Elenco: Randolph Scott, Joan Bennett, May Robson

Sinopse:
Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrenta novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentam roubar uma jovem indefesa. E ele terá que ser um às do gatilho para vencer todos aqueles bandidos. 

Comentários:
Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano. A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de março de 2024

Domador de Motins

Título no Brasil: Domador de Motins
Título Original: Fort Worth
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: John Twist
Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter

Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana o veterano confederado Ned Britt (Randolph Scott) volta para sua terra natal com a convicção de retomar os rumos de sua vida. Pretende participar da reconstrução de sua cidade para quem sabe tornar o lugar uma metrópole próspera e moderna. Seus planos porém esbarram na mentalidade atrasada de certas pessoas da região. Além disso tem que enfrentar um bando criminoso liderado pelo pistoleiro Gabe Clevenger (Ray Teal). Ele domina a região e não está disposto a abrir mão disso em prol de um maior desenvolvimento para aquele lugar. Afinal quem vencerá esse duelo mortal?

Comentários:
Ah, como eram bons os filmes de faroeste estrelados pelo mito Randolph Scott! Não havia tempo a perder com abobrinhas e os roteiros, extremamente eficientes, traziam por pouco mais de uma hora e meia de duração, todos os mais caros valores do velho oeste americano. Honra, bravura e honestidade eram particularmente valorizados e respeitados nessas estórias. O personagem de Scott aqui é um sujeito extremamente bem intencionado que quer sobretudo o desenvolvimento de sua cidade natal. O problema é que nem sempre isso é almejado por todos, principalmente por aqueles que prosperam e vivem da miséria alheia (nós, brasileiros, entendemos muito bem essa situação). O que se sobressai nesse ótimo faroeste é o tour de fource entre a velha maneira de entender os problemas de uma cidade e a nova mentalidade de avançar em frente, rumo à modernidade. Acho esse roteiro (de autoria de John Twist) muito bem escrito pois consegue passar através de um enredo relativamente simples uma mensagem muito edificadora. Um western socialmente consciente que nos ajuda a abrir os olhos sobre os males que nos atingem como sociedade e como nação.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Terra do Inferno

Dentre todos os filmes da carreira de Randolph Scott esse é um dos que trazem a melhor trama. Scott interpreta Owen Merritt, um pequeno rancheiro que vê sua namorada se casar com um fazendeiro rico e poderoso, Will Isham (Alexander Knox), dono do Rancho Skull. Ela está se casando por puro interesse e Merritt se resigna sobre tudo. O problema é que a rivalidade entre eles não se resume a assuntos amorosos. Will pretende comprar todas as propriedades que cercam sua fazenda para assim dominar completamente a região mas Merritt se recusa a vender o seu rancho. Para intimidar e mudar sua decisão o poderoso dono de terras então resolve contratar um pistoleiro, Fay Dutcher (Richard Rober), que começa a cometer atos de terror contra Merritt e seus homens. O objetivo é intimidar o máximo possível para que ele finalmente venda suas terras. Há muitas nuances interessantes nesse roteiro. O personagem de Randolph Scott se vê praticamente forçado a agir contra os desmandos de Will e seu grupo armado, principalmente depois que seus dois principais homens, dois jovens cowboys, são covardemente assassinados.

“Terra do Inferno” é mais uma produção do próprio Randolph Scott na Columbia. Aqui o ator investiu em um bom roteiro para contar um enredo aparentemente simples mas que prende a atenção do espectador da primeira à última cena. O filme mostra um processo que foi bem comum na colonização do velho oeste: a formação de grandes latifúndios, criados através da compra de pequenos ranchos de proprietários que se viam muitas vezes obrigados a vender suas terras com medo de serem mortos. Algumas seqüências de “Terra do Inferno” são realmente ótimas como uma luta numa cachoeira congelada em Cânion Rock e um tiroteio às escuras em um saloon infestado de facínoras. 

Outras cenas marcantes ocorrem quando os capangas de Will causam um estouro da manada de Scott, causando muitos danos ao seu rebanho. Outro bom momento acontece no clímax do filme quando Scott finalmente enfrenta em um duelo o pistoleiro Dutcher, tudo no meio de uma tempestade de areia. O roteiro ainda traz alguns alívios cômicos (para a trama não ficar pesada demais) e até um belo número musical cantado por Tennessee Ernie Ford durante um acampamento noturno. Em suma, “Terra do Inferno” é certamente um dos melhores faroestes da carreira de Randolph Scott.
 

Terra do Inferno (Man in the Saddle, Estados Undos, 1951) Direção: André De Toth / Roteiro: Kenneth Gamet, baseado no livro de Ernest Haycox / Elenco: Randolph Scott, Joan Leslie, Ellen Drew, Alexander Knox, Richard Rober, Tennessee Ernie Ford / Sinopse: Rico fazendeiro começa a intimidar e aterrorizar rancheiros menores para comprar suas terras. Contra essa situação de terror se levanta um pequeno proprietário de terras que enfrentará a situação de frente.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 11

O filme "Suzana" (Susannah of the Mounties) foi lançado em 1939. Com direção da dupla de cineastas William A. Seiter e Walter Lang (esse último não creditado), o faroeste contava uma história interessante. O roteiro mostrava um problema que nem sempre era tratado pelos filmes da época. A questão das crianças órfãs, quando os pais eram mortos em conflitos entre os colonizadores e os índios. Quem cuidava dessas crianças? Scott aqui interpreta o bom homem que resolve adotar uma dessas órfãs. Curiosamente esse filme foi colorizado, mas prefiro muito mais a versão original, em preto e branco.

O filme seguinte segue sendo muito especial para fãs do western. Isso porque nessa produção o ator Randoloh Scott interpretou ninguém menos do que o lendário xerife Wyatt Earp. Estou me referindo, é claro, a um dos personagens mais mitológicos do velho oeste americano. Um personagem histórico, que realmente existiu. "A Lei da Fronteira" (Frontier Marshal, Estados Unidos, 1939) é um desses filmes até complicados de achar, mas caso você consiga não deixe de adquirir para sua coleção de filmes clássicos e de western. Item indispensável.

O filme seguinte de Scott não foi um faroeste ao velho estilo, mas sim um filme de guerra chamado "Vigilantes do Mar" (Coast Guard, Estados Unidos, 1939). Um filme bem pouco conhecido hoje em dia, mas que seguiu o clima de euforia que se seguia naqueles tempos conturbados. Não é desnecessário lembrar que o mundo estava nas vésperas do maior conflito da história, a II Grande Guerra Mundial. Com os ânimos patrióticos em alta, os estúdios corriam para faturar em cima desse tipo de sentimento dos americanos.

E o fim da década de 1930 chegou para Scott com o lançamento de sua último filme dos anos 30, chamado "20.000 Homens por Ano" (20,000 Men a Year, Estados Unidos, 1939). Dirigido por Alfred E. Green, também era um filme sobre militarismo, mas ao invés da marinha do filme anterior, tínhamos aqui a história de um piloto da força aérea. Os fãs curtiram e prestigiaram, mas o fato é que as pessoas (principalmente os mais jovens) queriam ver Randolph Scott interpretando cowboys e não aviadores. E o ator entendeu bem esse recado.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 10

Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta  James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano.

A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz. A sinopse era padrão: "Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrentava novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentavam roubar uma jovem indefesa".

Após esse filme Scott atuou em um drama chamado "Almas sem Rumo". Um bom filme, mas também um pouco cheio de clichês melodramáticos típicos daquele período. Isso porém logo foi esquecido porque ele voltaria ao velho oeste em um grande clássico do cinema, "Jesse James". Esse é considerado um dos melhores filmes de western já feitos. Dirigido pelo ótimo Henry King, trazendo um excelente elenco que contava com Tyrone Power e Henry Fonda como os irmãos foras-da-lei James, esse é um daqueles filmes que até hoje são debatidos e reprisados por fãs de faroeste clássico em sua era de ouro.

Em uma produção com tantos astros e estrelas, Randolph Scott acabou sendo escalado para um personagem secundário, porém não menos importante. Will Wright. Porém o mais importante desse filme é que o ator percebeu que o segredo para fazer fortuna em Hollywood era produzir seus próprios filmes. Ele teve a ideia, justamente nesse set de filmagens, de começar a ele mesmo produzir uma série de filmes de cowboy, algo que o tornaria um dos atores mais ricos de Hollywood nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 9

Quatro anos antes do clássico "E O Vento Levou" chegar nas telas de cinema o ator Randolph Scott estrelou em um filme muito parecido com aquele dirigido por Fleming. Se tratava de "Noivado na Guerra" (So Red the Rose), um romance épico passado durante a guerra civil dos Estados Unidos. Scott era esse homem comum, com planos para se casar, ter filhos e morar em seu rancho, que via todos os seus planos de vida irem para o buraco com a eclosão de um dos conflitos armados mais sanguinários da história daquela nação.

A produção requintada e caprichada chamava bem a atenção. O próprio Randolph Scott dizia a todos que esse era até aquele momento seu filme mais bem realizado. Só que infelizmente com a chegada de "E O Vento Levou" alguns anos depois, ninguém mais iria se lembrar desse primeiro filme. "Quando eu assisti ao filme de Clark Gable me lembrei imediatamente do meu, mas aí já era tarde demais!" - Brincaria o ator durante uma entrevista.

Bem menos pretensioso foi o filme posterior de Scott. Era uma crônica social sobre costumes da época chamado de "Escândalo na Aldeia" (Village Tale). O enredo se passava todo dentro de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde praticamente todos os moradores se conheciam. Randolph Scott era o jovem rapaz que começava a virar alvo de fofocas dentro da cidadela. Os boatos diziam que ele estava envolvido com uma mulher mais velha e casada. Imagine então os problemas vindos de uma fofoca maldosa como essa. Foi um bom filme, mas com resultado comercial apenas modesto.

Os fãs do ator queriam ver mesmo eram índios, lutas, tiroteios, duelos e cavalos. Assim Scott voltou ao velho oeste no grande sucesso "O Último dos Moicanos" (The Last of the Mohicans). O filme surpreendeu se tornando uma das maiores bilheterias do ano. Também caiu nas graças da crítica, chegando a ter três indicações ao Oscar, um feito e tanto. A história se passava durante a colonização pioneira dos Estados Unidos. Scott com figurino de Daniel Boone enfrentava os perigos daquelas terras desconhecidas. Uma das maiores ameaças vinha justamente dos nativos conhecidos como moicanos, com seus penteados bem característicos (imitados pelos punks séculos depois) e uma fúria violenta contra o homem branco que vinha para invadir suas terras.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 8

Randolph Scott surgiu nos cinemas com seu novo filme intitulado "Perigo à Frente". Era um western, gênero pelo qual ele ia ficando cada vez mais afeiçoado, não apenas pelas boas bilheterias, mas também pela excelente receptividade que vinha da crítica. O ator tinha mesmo o porte e o visual perfeito para filmes do velho oeste e ele pareceu entender bem isso na época. Esse filme foi todo rodado no rancho que servia de estúdio para a Paramount Pictures. Um lugar bonito, espaçoso, onde uma equipe de cinema tinha toda a estrutura adequada para trabalhar.

O curioso é que o roteiro trazia um enredo que se passava no Alasca, envolvendo dois homens e uma mulher numa aventura que envolvia minas, bandidos e tiroteios. Mesmo não sendo o lugar perfeito para reproduzir o Alasca nevado, do frio intenso, os técnicos do filme deram um jeito para tornar tudo crível. A direção desse faroeste foi entregue pela Paramount a Arthur Jacobson, veterano do cinema mudo. O roteiro era novamente baseado em um conto escrito por Zane Grey, autor bastante popular naquela década, a ponto inclusive do poster do filme trazer seu nome em destaque.

É interessante notar que nesse ano de 1935 o ator realizou poucos filmes. Ele havia sofrido uma queda de cavalo que o deixou fora de combate por alguns meses. Quando finalmente viu que estava bem novamente escolheu um filme mais ameno para atuar. Nada de cavalos ou perseguições perigosas pelo deserto do Arizona. Assim Scott surgiu no romance dançante estilo "champagne e bolhas" intitulado "Nas Águas da Esquadra". Embora o título do filme leve muita gente a pensar que se tratava de um filme de guerra com a marinha americana, ele era na realidade um musical, com muita dança e números coreografados. Randolph Scott não era a estrela da fita, mas sim o inesquecível casal formado por Fred Astaire e Ginger Rogers.

O ator só voltaria a montar um cavalo e vestir suas roupas de cowboy no faroeste "O Inválido Poderoso" (Rocky Mountain Mystery). Mais uma adaptação de um livro de western assinado por Zane Grey. Em algumas cenas Randolph Scott surgia mancando o que levou o diretor Charles Barton a lhe perguntar se estava tudo bem, tudo OK. O ator disse que não havia problemas, que eles deveriam continuar a rodar o filme. A história girava em torno do assassinato de vários herdeiros de uma rica mina no Texas. Cabia a Scott tentar desvendar o mistério. Bom filme, valorizado por uma bonita fotografia em preto e branco. Além disso o tal mistério envolvendo os crimes mantinha o espectador interessado até o final do filme.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 7

Depois de atuar em um drama chamado "Sonho Desfeito" onde interpretava um jovem médico que tentava superar a morte de sua esposa, o ator Randolph Scott voltou para os filmes de faroeste. A nova produção se chamava "O Último Assalto" (The Last Round-Up, EUA, 1934). Aqui já vejo Scott bem no tipo de papel que iria se eternizar em sua filmografia nos anos que viriam pela frente.

O filme era uma refilmagem de uma produção do cinema mudo. Um faroeste B dirigido por um grande diretor, o sempre lembrado Henry Hathaway, um dos cineastas mais consagrados da era de ouro do cinema americano. Na trama Randolph Scott interpretava um ex fora-da-lei que só tinha um sonho: se casar com a garota que amava para depois tocar seu rancho em paz. Tudo porém vai por água abaixo quando uma quadrilha de ladrões de gado chegava em sua região para espalhar medo e terror. Ao mesmo tempo velhos comparsas o seduziam para realizar um último roubo a banco, algo que o coloca em uma situação bem delicada.

"Amor em Trânsito" (Wagon Wheels, EUA, 1934) veio logo a seguir. Mais um filme de western. Aqui o estilo foi mais focado para a pura ação, o que os americanos gostam de denominar de um autêntico filme bang-bang. No enredo um trem em disparada atravessava o oeste selvagem enquanto todos procuravam detê-lo de alguma forma, sejam os habituais bandoleiros, ladrões de trens e locomotivas, sejam os próprios índios em busca de escalpos dos homens brancos que ousavam invadir suas terras com aqueles "cavalos de metal".

Bem movimentado, foi uma parceria bem sucedida entre o ator Randolph Scott e o diretor Charles Barton. Novamente o roteiro era inspirado em um livro de western escrito por Zane Grey que foi um dos escritores mais populares da época nesse tipo de gênero cinematográfico, tendo vários de seus romances adaptados para as telas de cinema. Mais um western produzido pela Paramount Pictures, que seria um estúdio muito habitual para Scott nessa fase de sua carreira no cinema.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 6

"Na Pista do Criminoso" foi uma produção B da Paramount Pictures. Apresentava apenas 61 minutos de duração, feita e realizada para ser exibida em matinês dos cinemas de bairro, a preços promocionais. Tudo feito em ritmo de linha de produção mesmo. Para se ter uma ideia a Paramount produziu mais de 700 fitas como essa entre os anos de 1929 a 1949, todas vendidas depois para a recém-nascida TV que exibia os filmes em horários matutinos, tornando o western ainda mais popular, principalmente entre os mais jovens.

Já o filme seguinte, "A Hora do Coquetel", nada tinha a ver com cavalos, esporas e duelos. Era um filme que tinha a proposta de ser mais sofisticado, passado na alta classe de Nova Iorque. É curioso que antes de decidir se dedicar totalmente ao western, Randolph Scott intercalava filmes de cowboy, com produções mais românticas. Ele procurava seguir nesse último aspecto os filmes mais chiques e borbulhantes como champagne estrelados por seu amigo pessoal Cary Grant. Por essa época inclusive eles decidiram morar juntos em uma bela mansão em Hollywood, o que acabou sendo a origem dos boatos envolvendo os dois. Para as fofocas da época eles formavam um casal gay no armário.

"O Homem da Floresta" (Man of the Forest) trazia um Randolph Scott ainda bem jovem, magro, com bigodinho ao estilo Errol Flynn (na época um dos maiores astros de Hollywood). Era um western dirigido pelo grande Henry Hathaway, ainda também em começo de carreira. O roteiro era baseado em um livro escrito por Zane Grey. Esse escritor era tão popular na época que seu nome ganhava grande destaque nos materiais promocionais dos filmes feitos a partir de seus romances e novelas. Randolph Scott era o xerife na história, que de forma ousada lidava com temas complicados, envolvendo o sequestro de uma jovem garota e um vilão astuto, mestre em jogar a culpa de seus crimes nos outros. O filme tem uma sequência de perseguição em um desfiladeiro nos arredores de Los Angeles que acabou ferindo um dos dublês que caiu com seu cavalo de uma altura considerável. O próprio Scott escapou também de descer ladeira abaixo nessa cena. Anos depois ele ainda se recordaria desse dia de filmagens que quase lhe custou a vida.

Depois desse filme Randolph Scott continuou trabalhando na Paramount Pictures para seu próximo faroeste. Outra adaptação de um romance escrito por Zane Grey, também com direção de Henry Hathaway. Esse novo western recebeu o título de "Rixa Antiga" (To the Last Man), O enredo se passava nas montanhas do Kentucky. Após a guerra civil uma briga de famílias rivais levava um jovem para a prisão por longos 15 anos. Quando ele finalmente cumpre sua pena decide ir até o estado de Nevada para se vingar de Lynn Hayden (Randolph Scott), que ele considerava ser o principal responsável por sua prisão. Esse filme foi bem marcante para Scott porque foi um dos primeiros a lhe dar grande promoção em seu cartaz. Ele estava virando um ator realmente popular em Hollywood.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 5

Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano.

Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçava búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho, porém, era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.

Para o próximo filme Randolph Scott resolveu aceitar um convite para algo completamente inédito em sua carreira, um filme de suspense e terror! "Anjo e Demônio" (Supernatural, Estados Unidos, 1933), com direção de Victor Halperin, tinha um roteiro estranho e em certos aspectos até bem sinistro, misturando fantasia e magia negra em um só pacote. A produção foi estrelada pela linda atriz Carole Lombard. Ela era naquele momento uma das grandes estrelas de Hollywood, uma beldade que estava sempre nas capas de revistas das principais publicações de cinema dos anos 30. Scott diria mais tarde que a oportunidade de contracenar com Lombard havia sido a principal razão para ele aceitar participar desse filme, já que o enredo nada tinha a ver com cavalos, cowboys, índios e duelos no velho oeste, algo que ele ia percebendo era definitivamente o seu negócio no mundo do cinema.

O faroeste seguinte de Randolph Scott foi "Na Pista do Criminoso" (Sunset Pass, 1933). Ao lado dele no elenco estavam Tom Keene e Kathleen Burke. A direção era do excelente Henry Hathaway, cineasta que assinou grandes clássicos da história do cinema americano como "Bravura Indômita" (que daria o primeiro Oscar na carreira de John Wayne), "Sublime Devoção" e "A Conquista do Oeste", para muitos o filme de faroeste mais pretensioso da história pois queria esgotar o assunto da ida dos pioneiros para as vastas terras do velho oeste. Pois bem, como se pode ver o filme tinha o diretor certo. Acontece que por essa época, ainda na primeira metade dos anos 30, tanto Henry Hathaway como o próprio Randolph Scott eram ainda bem jovens, muito longe dos grandes clássicos em que iriam trabalhar no futuro.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 4

O diretor Henry Hathaway voltou a pedir ao estúdio que contratasse Randolph Scott para mais um faroeste. Ele havia assinado para trabalhar na direção da adaptação para as telas de cinema do romance de Zane Grey. Em sua visão apenas Scott tinha os atributos para interpretar o personagem principal, um cowboy chamado Chane Weymer. O filme iria se chamar "Wild Horse Mesa" (no Brasil recebeu o título de "Audácia Entre Adversários").

O roteiro desse western era bem interessante, mostrando os conflitos e lutas de um rancheiro que desejava tocar sua vida em uma região inóspita, bem no meio do deserto do Arizona. As filmagens foram feitas em locações desérticas, algo que exigiu muito do elenco e da equipe técnica. Scott ficou bem amigo da estrela do filme, Sally Blane. Essa aproximação (que não passava de simples amizade) acabou caindo nas revistas de fofocas, onde se dizia que os dois atores estavam tendo um caso no set de filmagens. "Pura mentira, mas que ajudava a promover o filme" - relembraria anos depois o próprio ator.

"Wild Horse Mesa" foi sucesso de bilheteria. Ainda hoje é cultuado pelos fãs do gênero western. Um bom filme certamente, embora não fugisse muita da mitologia auto centrada que os estúdios de cinema tinham criado para os filmes de faroeste. Havia o mocinho, a mocinha que seria conquistada, os vilões malvados e, é claro, a exuberância dos cenários naturais. A diferença é que o filme foi dirigido pelo grande e talentoso cineasta Henry Hathaway que iria se notabilizar em Hollywood pela diversidade de filmes que dirigiu. Embora tenha feito também grandes filmes de western, inclusive ao lado de John Wayne, esse cineasta procurava ser o mais eclético possível, passeando por todos os tipos de filmes, sem ficar preso a nenhum gênero.

Algo que Randolph Scott tentou no começo da carreira, embora no íntimo ele soubesse que seu futuro vinha mesmo dos filmes de faroeste. Seu próximo filme demontra bem isso, um dos poucos filmes de terror e suspense da filmografia de Randolph Scott. "Vingança Diabólica" foi dirigido por A. Edward Sutherland, um cineasta inglês que tentava melhorar a qualidade dos filmes de terror nos Estados Unidos. Os ingleses eram considerados mestres no suspense cinematográfico naquela época. "Não deu certo!" - confidenciaria anos depois o ator. "Eu não fui bem nesse filme. Estava deslocado, sem saber muito bem o que fazer! Essa coisa de terror não era a minha área." Ao contrário do faroeste anterior essa fita com ares de cinema noir foi um fracasso de bilheteria, fazendo com que Randolph Scott começasse a se concentrar nos cavalos, nas esporas, nas estrelas de xerife e nos duelos ao pôr do sol. Os filmes de western eram mesmo o seu porto seguro em termos de público e crítica.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 3

Antes de se consagrar nos filmes de western o ator Randolph Scott passou por uma fase bem interessante na carreira. Ele atuou nos mais diversos gêneros cinematográficos, interpretando desde galãs românticos até capitães destemidos dos sete mares. Esses primeiros filmes, rodados principalmente na década de 1930, mostravam a versatilidade que o ator podia ter nas telas.

É justamente dessa fase a comédia musical romântica "Esposas Alegres", um filme muito inofensivo, com cenas de dança e romantismo. Scott gostou tanto de atuar nessa produção que ele confessou ao amigo Cary Grant que não se importaria em firmar sua carreira de ator nesse estilo de filme, com muitas cenas musicais.

No filme seguinte, "A Noiva do Céu" o roteirista Joseph L. Mankiewicz (que iria se tornar um diretor brilhante nos anos que viriam) percebeu que Randolph Scott tinha a imagem ideal para interpretar heróis de filmes de guerra. Era um passo a mais na direção dos faroestes que iriam consagrá-lo em Hollywood. Nesse filme o ator interpretou um capitão da força aérea dos Estados Unidos, mas sem deixar o lado romântico de lado. O filme, muito bem produzido, ainda hoje chama a atenção por causa das belas cenas aéreas, com todos aqueles aviões bimotores fazendo piruetas no ar.

"Manias de Gente Rica" de John G. Adolfi foi mais uma produção no estilo mais elegante, baseado numa peça da Broadway, Scott interpretava um sujeito de personalidade dúbia, ora agindo de forma ética, ora passando a perna em quem ficava no seu caminho. Depois de mais essa produção do tipo "bolhas e champagne" finalmente Randolph Scott foi contratado para atuar em um faroeste. "A Herança do Deserto" de  Henry Hathaway trazia Randolph Scott como um cowboy envolvido bem no meio de uma disputa de terras no velho oeste americano. Ele fotografou muito bem com seus trajes de pistoleiro. O roteiro também foi um presente pois era bem escrito, com cenas marcantes. Produzido pela Paramount Pictures, filmado no próprio rancho da companhia, esse foi o primeiro grande sucesso de bilheteria de sua carreira. Um filme bem importante, que determinaria os rumos da filmografia do ator nas próximas décadas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Entardecer Sangrento

“Entardecer Sangrento” é um filme sobre vingança. O personagem de Randolph Scott, Bart Allison, chega numa pequena cidade do oeste americano justamente para saciar sua sede de justiça. Ele acredita que Tate Kimbrough (John Carroll) seja o responsável pela morte de sua esposa três anos antes. O problema é que embora tenha suspeitas sobre isso ele não consegue chegar na certeza absoluta. De qualquer modo tentará levar Tate para um acerto de contas final. “Entardecer Sangrento” é mais uma bem sucedida parceria entre o ator Randolph Scott e o diretor de westerns Budd Boetticher. Juntos realizaram filmes eficientes, econômicos e com roteiros bem trabalhados que faziam grande sucesso de bilheteria, principalmente nas matines. Esse aqui não foge a essa fórmula.  Para Randolph Scott as filmagens trouxeram algo de novo. Há tempos que ele vinha nutrindo um desejo de se tornar diretor algum dia (algo que ele não levaria adiante pois se aposentaria em breve). De qualquer modo em “Entardecer Sangrento” ele resolveu também trabalhar como uma espécie de diretor assistente para Budd Boetticher, para aprender as técnicas da profissão de cineasta. 

Assim durante todas as filmagens Scott intercalou seu trabalho como ator com a de diretor de segunda unidade. Ele se mostrou bem empolgado pela possibilidade de um dia vir a assumir a direção de algum de seus filmes. Produtor ele já havia se tornado pois seus faroestes estavam sendo bancados por ele próprio (produziu 14 de seus filmes). Por que Scott não levou adiante seus planos? O que parece ter acontecido é que ele ficou tão rico com seus westerns que em determinado momento da vida simplesmente deixou isso de lado, preferindo mesmo se dedicar a uma doce e tranqüila aposentadoria, jogando golf e levando uma vida mais calma e sossegada.  Quem pode dizer que o velho Scott não estava certo?

Entardecer Sangrento (Decision at Sundown, Estados Unidos,1957) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles Lang, Vernon L. Fluharty / Elenco: Randolph Scott, John Carroll, Karen Steele / Sinopse: Bart Allison (Randolph Scott) chega numa pequena cidade do oeste americano justamente para saciar sua sede de justiça. Ele acredita que Tate Kimbrough (John Carroll) seja o responsável pela morte de sua esposa três anos antes. O problema é que embora tenha suspeitas sobre isso ele não consegue chegar na certeza absoluta. De qualquer modo tentará levar Tate para um acerto de contas final.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 2

Os primeiros filmes de Randolph Scott foram apenas testes, formas do estúdio em verificar se ele ficava bem em cena. Sua estreia nas telas se deu em 1928, ainda no cinema mudo, em uma produção chamada "Rumo ao Amor". É curioso notar que desde os primeiros trabalhos no cinema, Scott não se importou em fazer todos os tipos de filmes. Aliás ele estava mesmo pensando que iria se tornar um ator ao estilo Cary Grant. Ele estava pronto para ser um galã de filmes mais românticos se fosse preciso.

Sua amizade com Grant aliás foi uma das mais duradouras fofocas da história de Hollywood. Quando eram apenas jovens atores aspirantes ao estrelato, eles resolveram dividir uma bela casa nas colinas de Hollywood. Era algo natural acontecer já que nenhum dos dois tinha dinheiro suficiente para bancar uma bela mansão com piscina sem a ajuda do outro. Então, como eram amigos mesmo, resolveram dividir o aluguel, indo morar juntos. Acontece que o estúdio contratou uma equipe de fotógrafos para tirar uma série de fotos promocionais em sua residência. A proposta era mostrar o cotidiano de dois jovens atores de Hollywood.

O problema é que a tentativa de mostrar um lado mais, digamos, pessoal e privado da vida deles, acabou criando uma incômoda sensação de que eles tinham um relacionamento íntimo demais para dois homens. Não demorou muito e os boatos de que era gays começou a se espalhar. Tanto Scott como Grant não pareceram se importar muito com esses rumores, tanto que jamais deixaram de ser amigos, de saírem juntos, indo a campos de golfe, jantares e premiações.

Anos depois, já casados, a "teoria gay" acabaria virando uma piada divertida entre eles. De qualquer forma, voltando para aqueles anos, o fato é que morar bem, em uma casa bonita nas colinas, abriu várias portas para Scott e Grant. Eles convidaram diretores, produtores, atrizes e atores para festas, jantares e recepções. Era assim que um ator conseguia ser escalado para filmes em Hollywood. Randolph Scott aliás era um grande anfitrião nessas ocasiões. Dono de uma conversa agradável, com aquela educação sulista tão carismática, ele logo deixaria de pedir por trabalho, recebendo ao invés disso, cada vez mais convites para integrar elencos de novos filmes. A estratégia que havia criado ao lado de seu amigo Cary Grant havia dado muito certo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 1

Um dos atores mais populares do auge do western americano foi Randolph Scott. Ele nasceu no estado sulista da Virginia, numa pequena cidade chamada Orange County, bem distante de Hollywood e sua indústria. Scott era filho de uma família tradicional da cidade. Seus pais eram pessoas respeitadas na região, considerados excelentes profissionais em suas respectivas áreas. Assim Scott teve uma infância tranquila e sem traumas.

Quando o ator morreu em 1987 um amigo de infância relembrou aqueles velhos tempos: "A América era um lugar muito bom para se viver. Não havia tantos imigrantes estrangeiros e todos se conheciam. Randolph foi um sujeito bem normal. Honesto, com muitas amizades. Não tínhamos nada de ruim a falar sobre seu respeito".

Nada poderia dizer em seus primeiros anos que ele iria se tornar um astro em Hollywood. Durante sua vida Randolph Scott se preparou mesmo para se formar em engenharia. Atuar nem era considerado algo respeitoso naqueles tempos. Para muitos era uma profissão para vagabundos e pessoas sem formação educacional. O cinema, que começava a se tornar cada vez mais popular, seria um instrumento para mudar essa mentalidade com o passar dos anos, mas quando Scott se mudou para a Califórnia, ainda havia muito preconceito e estigma contra profissionais da atuação.

Randolph Scott não foi para a Califórnia para se tornar um astro de cinema. Na verdade quando ele chegou em Los Angeles pela primeira vez era apenas um estudante universitário. Ele havia se mudado para dar continuidade aos seus estudos, uma vez que já naquela época (estamos falando da década de 1920) as melhores universidades do país se situavam naquele estado. Assim que pisou os pés em Hollywood pela primeira vez - atraído obviamente pelo glamour do lugar - o jovem Scott ficou completamente fisgado pelos estúdios, pelos astros e estrelas e pela (remota) possibilidade de ganhar a vida fazendo filmes! Não seria o máximo? O problema é que Randolph não tinha qualquer preparo para atuar. Ele nunca estudara arte dramática e nem havia feito teatro. Para Hollywood porém isso não era o mais importante. Para conseguir uma figuração tudo o que bastava era saber montar um cavalo e se parecer com um pioneiro do velho oeste - dois requisitos que o jovem Randolph Scott tinha de sobra. Uma nova era estava prestes a começar no western americano.

Pablo Aluísio.