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terça-feira, 4 de junho de 2024

A Lei da Fronteira

Título no Brasil: A Lei da Fronteira
Título Original: Frontier Marshal
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Allan Dwan
Roteiro: Stuart N. Lake, Sam Hellman
Elenco: Randolph Scott, Nancy Kelly, Cesar Romero

Sinopse:
Tombstone é uma cidade infestada de bandidos. Conhecida por ser uma terra sem lei, a região acaba se tornando ponto de encontro de assassinos, assaltantes de trem e facínoras em geral. Aterrorizados, os cidadãos de bem do local resolvem eleger um novo xerife! Para a função terá que ser escolhido alguém realmente rápido no gatilho, que esteja disposto a enfrentar o crime sem medo, pois não será fácil limpar toda aquela sujeira. A escolha acaba caindo nos ombros de Wyatt Earp (Randolph Scott) que está disposto a impor a lei e a ordem novamente na pequena Tombstone. 

Comentários:
Esse é certamente um dos mais clássicos filmes da carreira de Randolph Scott. Não poderia ser diferente, afinal de contas ele interpreta o lendário xerife e homem da lei Wyatt Earp! A junção desses dois mitos não poderia resultar em nada menos do que memorável. Curiosamente, apesar de ser reconhecidamente um dos melhores filmes já feitos sobre o tiroteio do O.K. Corral, o roteiro toma certas liberdades com a história real. Só para citar a mais famosa delas, aqui temos a morte de Doc Halliday (Cesar Romero), que antecede o famoso confronto entre Earp e os bandoleiros no famoso curral de Tombstone. Na história real Doc não morreu como mostrado no filme, pelo contrário, ele vai até o O.K. para enfrentar ao lado de Earp todo o bando de criminosos naquele que, até hoje, é considerado o maior duelo da história do velho oeste. Isso porém não desmerece as qualidades de um western clássico que é extremamente bem realizado. Randolph Scott está perfeito em seu papel e até mesmo Cesar Romero convence plenamente como Doc, o dentista jogador e tuberculoso que se tornou um dos mais conhecidos pistoleiros da mitologia do western americano. Mais um exemplo do talento do subestimado cineasta Allan Dwan. Em suma, um título para se ter na coleção, assim você poderá sempre rever o mito Randolph Scott na pele do mais famoso xerife de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de maio de 2024

A Heroína do Texas

Título no Brasil: A Heroína do Texas
Título Original: The Texans
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: James P. Hogan
Roteiro: Bertram Millhauser, Paul Sloane
Elenco: Randolph Scott, Joan Bennett, May Robson

Sinopse:
Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrenta novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentam roubar uma jovem indefesa. E ele terá que ser um às do gatilho para vencer todos aqueles bandidos. 

Comentários:
Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano. A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de março de 2024

Domador de Motins

Título no Brasil: Domador de Motins
Título Original: Fort Worth
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: John Twist
Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter

Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana o veterano confederado Ned Britt (Randolph Scott) volta para sua terra natal com a convicção de retomar os rumos de sua vida. Pretende participar da reconstrução de sua cidade para quem sabe tornar o lugar uma metrópole próspera e moderna. Seus planos porém esbarram na mentalidade atrasada de certas pessoas da região. Além disso tem que enfrentar um bando criminoso liderado pelo pistoleiro Gabe Clevenger (Ray Teal). Ele domina a região e não está disposto a abrir mão disso em prol de um maior desenvolvimento para aquele lugar. Afinal quem vencerá esse duelo mortal?

Comentários:
Ah, como eram bons os filmes de faroeste estrelados pelo mito Randolph Scott! Não havia tempo a perder com abobrinhas e os roteiros, extremamente eficientes, traziam por pouco mais de uma hora e meia de duração, todos os mais caros valores do velho oeste americano. Honra, bravura e honestidade eram particularmente valorizados e respeitados nessas estórias. O personagem de Scott aqui é um sujeito extremamente bem intencionado que quer sobretudo o desenvolvimento de sua cidade natal. O problema é que nem sempre isso é almejado por todos, principalmente por aqueles que prosperam e vivem da miséria alheia (nós, brasileiros, entendemos muito bem essa situação). O que se sobressai nesse ótimo faroeste é o tour de fource entre a velha maneira de entender os problemas de uma cidade e a nova mentalidade de avançar em frente, rumo à modernidade. Acho esse roteiro (de autoria de John Twist) muito bem escrito pois consegue passar através de um enredo relativamente simples uma mensagem muito edificadora. Um western socialmente consciente que nos ajuda a abrir os olhos sobre os males que nos atingem como sociedade e como nação.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Terra do Inferno

Dentre todos os filmes da carreira de Randolph Scott esse é um dos que trazem a melhor trama. Scott interpreta Owen Merritt, um pequeno rancheiro que vê sua namorada se casar com um fazendeiro rico e poderoso, Will Isham (Alexander Knox), dono do Rancho Skull. Ela está se casando por puro interesse e Merritt se resigna sobre tudo. O problema é que a rivalidade entre eles não se resume a assuntos amorosos. Will pretende comprar todas as propriedades que cercam sua fazenda para assim dominar completamente a região mas Merritt se recusa a vender o seu rancho. Para intimidar e mudar sua decisão o poderoso dono de terras então resolve contratar um pistoleiro, Fay Dutcher (Richard Rober), que começa a cometer atos de terror contra Merritt e seus homens. O objetivo é intimidar o máximo possível para que ele finalmente venda suas terras. Há muitas nuances interessantes nesse roteiro. O personagem de Randolph Scott se vê praticamente forçado a agir contra os desmandos de Will e seu grupo armado, principalmente depois que seus dois principais homens, dois jovens cowboys, são covardemente assassinados.

“Terra do Inferno” é mais uma produção do próprio Randolph Scott na Columbia. Aqui o ator investiu em um bom roteiro para contar um enredo aparentemente simples mas que prende a atenção do espectador da primeira à última cena. O filme mostra um processo que foi bem comum na colonização do velho oeste: a formação de grandes latifúndios, criados através da compra de pequenos ranchos de proprietários que se viam muitas vezes obrigados a vender suas terras com medo de serem mortos. Algumas seqüências de “Terra do Inferno” são realmente ótimas como uma luta numa cachoeira congelada em Cânion Rock e um tiroteio às escuras em um saloon infestado de facínoras. 

Outras cenas marcantes ocorrem quando os capangas de Will causam um estouro da manada de Scott, causando muitos danos ao seu rebanho. Outro bom momento acontece no clímax do filme quando Scott finalmente enfrenta em um duelo o pistoleiro Dutcher, tudo no meio de uma tempestade de areia. O roteiro ainda traz alguns alívios cômicos (para a trama não ficar pesada demais) e até um belo número musical cantado por Tennessee Ernie Ford durante um acampamento noturno. Em suma, “Terra do Inferno” é certamente um dos melhores faroestes da carreira de Randolph Scott.
 

Terra do Inferno (Man in the Saddle, Estados Undos, 1951) Direção: André De Toth / Roteiro: Kenneth Gamet, baseado no livro de Ernest Haycox / Elenco: Randolph Scott, Joan Leslie, Ellen Drew, Alexander Knox, Richard Rober, Tennessee Ernie Ford / Sinopse: Rico fazendeiro começa a intimidar e aterrorizar rancheiros menores para comprar suas terras. Contra essa situação de terror se levanta um pequeno proprietário de terras que enfrentará a situação de frente.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 11

O filme "Suzana" (Susannah of the Mounties) foi lançado em 1939. Com direção da dupla de cineastas William A. Seiter e Walter Lang (esse último não creditado), o faroeste contava uma história interessante. O roteiro mostrava um problema que nem sempre era tratado pelos filmes da época. A questão das crianças órfãs, quando os pais eram mortos em conflitos entre os colonizadores e os índios. Quem cuidava dessas crianças? Scott aqui interpreta o bom homem que resolve adotar uma dessas órfãs. Curiosamente esse filme foi colorizado, mas prefiro muito mais a versão original, em preto e branco.

O filme seguinte segue sendo muito especial para fãs do western. Isso porque nessa produção o ator Randoloh Scott interpretou ninguém menos do que o lendário xerife Wyatt Earp. Estou me referindo, é claro, a um dos personagens mais mitológicos do velho oeste americano. Um personagem histórico, que realmente existiu. "A Lei da Fronteira" (Frontier Marshal, Estados Unidos, 1939) é um desses filmes até complicados de achar, mas caso você consiga não deixe de adquirir para sua coleção de filmes clássicos e de western. Item indispensável.

O filme seguinte de Scott não foi um faroeste ao velho estilo, mas sim um filme de guerra chamado "Vigilantes do Mar" (Coast Guard, Estados Unidos, 1939). Um filme bem pouco conhecido hoje em dia, mas que seguiu o clima de euforia que se seguia naqueles tempos conturbados. Não é desnecessário lembrar que o mundo estava nas vésperas do maior conflito da história, a II Grande Guerra Mundial. Com os ânimos patrióticos em alta, os estúdios corriam para faturar em cima desse tipo de sentimento dos americanos.

E o fim da década de 1930 chegou para Scott com o lançamento de sua último filme dos anos 30, chamado "20.000 Homens por Ano" (20,000 Men a Year, Estados Unidos, 1939). Dirigido por Alfred E. Green, também era um filme sobre militarismo, mas ao invés da marinha do filme anterior, tínhamos aqui a história de um piloto da força aérea. Os fãs curtiram e prestigiaram, mas o fato é que as pessoas (principalmente os mais jovens) queriam ver Randolph Scott interpretando cowboys e não aviadores. E o ator entendeu bem esse recado.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 10

Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta  James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano.

A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz. A sinopse era padrão: "Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrentava novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentavam roubar uma jovem indefesa".

Após esse filme Scott atuou em um drama chamado "Almas sem Rumo". Um bom filme, mas também um pouco cheio de clichês melodramáticos típicos daquele período. Isso porém logo foi esquecido porque ele voltaria ao velho oeste em um grande clássico do cinema, "Jesse James". Esse é considerado um dos melhores filmes de western já feitos. Dirigido pelo ótimo Henry King, trazendo um excelente elenco que contava com Tyrone Power e Henry Fonda como os irmãos foras-da-lei James, esse é um daqueles filmes que até hoje são debatidos e reprisados por fãs de faroeste clássico em sua era de ouro.

Em uma produção com tantos astros e estrelas, Randolph Scott acabou sendo escalado para um personagem secundário, porém não menos importante. Will Wright. Porém o mais importante desse filme é que o ator percebeu que o segredo para fazer fortuna em Hollywood era produzir seus próprios filmes. Ele teve a ideia, justamente nesse set de filmagens, de começar a ele mesmo produzir uma série de filmes de cowboy, algo que o tornaria um dos atores mais ricos de Hollywood nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 9

Quatro anos antes do clássico "E O Vento Levou" chegar nas telas de cinema o ator Randolph Scott estrelou em um filme muito parecido com aquele dirigido por Fleming. Se tratava de "Noivado na Guerra" (So Red the Rose), um romance épico passado durante a guerra civil dos Estados Unidos. Scott era esse homem comum, com planos para se casar, ter filhos e morar em seu rancho, que via todos os seus planos de vida irem para o buraco com a eclosão de um dos conflitos armados mais sanguinários da história daquela nação.

A produção requintada e caprichada chamava bem a atenção. O próprio Randolph Scott dizia a todos que esse era até aquele momento seu filme mais bem realizado. Só que infelizmente com a chegada de "E O Vento Levou" alguns anos depois, ninguém mais iria se lembrar desse primeiro filme. "Quando eu assisti ao filme de Clark Gable me lembrei imediatamente do meu, mas aí já era tarde demais!" - Brincaria o ator durante uma entrevista.

Bem menos pretensioso foi o filme posterior de Scott. Era uma crônica social sobre costumes da época chamado de "Escândalo na Aldeia" (Village Tale). O enredo se passava todo dentro de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde praticamente todos os moradores se conheciam. Randolph Scott era o jovem rapaz que começava a virar alvo de fofocas dentro da cidadela. Os boatos diziam que ele estava envolvido com uma mulher mais velha e casada. Imagine então os problemas vindos de uma fofoca maldosa como essa. Foi um bom filme, mas com resultado comercial apenas modesto.

Os fãs do ator queriam ver mesmo eram índios, lutas, tiroteios, duelos e cavalos. Assim Scott voltou ao velho oeste no grande sucesso "O Último dos Moicanos" (The Last of the Mohicans). O filme surpreendeu se tornando uma das maiores bilheterias do ano. Também caiu nas graças da crítica, chegando a ter três indicações ao Oscar, um feito e tanto. A história se passava durante a colonização pioneira dos Estados Unidos. Scott com figurino de Daniel Boone enfrentava os perigos daquelas terras desconhecidas. Uma das maiores ameaças vinha justamente dos nativos conhecidos como moicanos, com seus penteados bem característicos (imitados pelos punks séculos depois) e uma fúria violenta contra o homem branco que vinha para invadir suas terras.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 8

Randolph Scott surgiu nos cinemas com seu novo filme intitulado "Perigo à Frente". Era um western, gênero pelo qual ele ia ficando cada vez mais afeiçoado, não apenas pelas boas bilheterias, mas também pela excelente receptividade que vinha da crítica. O ator tinha mesmo o porte e o visual perfeito para filmes do velho oeste e ele pareceu entender bem isso na época. Esse filme foi todo rodado no rancho que servia de estúdio para a Paramount Pictures. Um lugar bonito, espaçoso, onde uma equipe de cinema tinha toda a estrutura adequada para trabalhar.

O curioso é que o roteiro trazia um enredo que se passava no Alasca, envolvendo dois homens e uma mulher numa aventura que envolvia minas, bandidos e tiroteios. Mesmo não sendo o lugar perfeito para reproduzir o Alasca nevado, do frio intenso, os técnicos do filme deram um jeito para tornar tudo crível. A direção desse faroeste foi entregue pela Paramount a Arthur Jacobson, veterano do cinema mudo. O roteiro era novamente baseado em um conto escrito por Zane Grey, autor bastante popular naquela década, a ponto inclusive do poster do filme trazer seu nome em destaque.

É interessante notar que nesse ano de 1935 o ator realizou poucos filmes. Ele havia sofrido uma queda de cavalo que o deixou fora de combate por alguns meses. Quando finalmente viu que estava bem novamente escolheu um filme mais ameno para atuar. Nada de cavalos ou perseguições perigosas pelo deserto do Arizona. Assim Scott surgiu no romance dançante estilo "champagne e bolhas" intitulado "Nas Águas da Esquadra". Embora o título do filme leve muita gente a pensar que se tratava de um filme de guerra com a marinha americana, ele era na realidade um musical, com muita dança e números coreografados. Randolph Scott não era a estrela da fita, mas sim o inesquecível casal formado por Fred Astaire e Ginger Rogers.

O ator só voltaria a montar um cavalo e vestir suas roupas de cowboy no faroeste "O Inválido Poderoso" (Rocky Mountain Mystery). Mais uma adaptação de um livro de western assinado por Zane Grey. Em algumas cenas Randolph Scott surgia mancando o que levou o diretor Charles Barton a lhe perguntar se estava tudo bem, tudo OK. O ator disse que não havia problemas, que eles deveriam continuar a rodar o filme. A história girava em torno do assassinato de vários herdeiros de uma rica mina no Texas. Cabia a Scott tentar desvendar o mistério. Bom filme, valorizado por uma bonita fotografia em preto e branco. Além disso o tal mistério envolvendo os crimes mantinha o espectador interessado até o final do filme.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 7

Depois de atuar em um drama chamado "Sonho Desfeito" onde interpretava um jovem médico que tentava superar a morte de sua esposa, o ator Randolph Scott voltou para os filmes de faroeste. A nova produção se chamava "O Último Assalto" (The Last Round-Up, EUA, 1934). Aqui já vejo Scott bem no tipo de papel que iria se eternizar em sua filmografia nos anos que viriam pela frente.

O filme era uma refilmagem de uma produção do cinema mudo. Um faroeste B dirigido por um grande diretor, o sempre lembrado Henry Hathaway, um dos cineastas mais consagrados da era de ouro do cinema americano. Na trama Randolph Scott interpretava um ex fora-da-lei que só tinha um sonho: se casar com a garota que amava para depois tocar seu rancho em paz. Tudo porém vai por água abaixo quando uma quadrilha de ladrões de gado chegava em sua região para espalhar medo e terror. Ao mesmo tempo velhos comparsas o seduziam para realizar um último roubo a banco, algo que o coloca em uma situação bem delicada.

"Amor em Trânsito" (Wagon Wheels, EUA, 1934) veio logo a seguir. Mais um filme de western. Aqui o estilo foi mais focado para a pura ação, o que os americanos gostam de denominar de um autêntico filme bang-bang. No enredo um trem em disparada atravessava o oeste selvagem enquanto todos procuravam detê-lo de alguma forma, sejam os habituais bandoleiros, ladrões de trens e locomotivas, sejam os próprios índios em busca de escalpos dos homens brancos que ousavam invadir suas terras com aqueles "cavalos de metal".

Bem movimentado, foi uma parceria bem sucedida entre o ator Randolph Scott e o diretor Charles Barton. Novamente o roteiro era inspirado em um livro de western escrito por Zane Grey que foi um dos escritores mais populares da época nesse tipo de gênero cinematográfico, tendo vários de seus romances adaptados para as telas de cinema. Mais um western produzido pela Paramount Pictures, que seria um estúdio muito habitual para Scott nessa fase de sua carreira no cinema.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 6

"Na Pista do Criminoso" foi uma produção B da Paramount Pictures. Apresentava apenas 61 minutos de duração, feita e realizada para ser exibida em matinês dos cinemas de bairro, a preços promocionais. Tudo feito em ritmo de linha de produção mesmo. Para se ter uma ideia a Paramount produziu mais de 700 fitas como essa entre os anos de 1929 a 1949, todas vendidas depois para a recém-nascida TV que exibia os filmes em horários matutinos, tornando o western ainda mais popular, principalmente entre os mais jovens.

Já o filme seguinte, "A Hora do Coquetel", nada tinha a ver com cavalos, esporas e duelos. Era um filme que tinha a proposta de ser mais sofisticado, passado na alta classe de Nova Iorque. É curioso que antes de decidir se dedicar totalmente ao western, Randolph Scott intercalava filmes de cowboy, com produções mais românticas. Ele procurava seguir nesse último aspecto os filmes mais chiques e borbulhantes como champagne estrelados por seu amigo pessoal Cary Grant. Por essa época inclusive eles decidiram morar juntos em uma bela mansão em Hollywood, o que acabou sendo a origem dos boatos envolvendo os dois. Para as fofocas da época eles formavam um casal gay no armário.

"O Homem da Floresta" (Man of the Forest) trazia um Randolph Scott ainda bem jovem, magro, com bigodinho ao estilo Errol Flynn (na época um dos maiores astros de Hollywood). Era um western dirigido pelo grande Henry Hathaway, ainda também em começo de carreira. O roteiro era baseado em um livro escrito por Zane Grey. Esse escritor era tão popular na época que seu nome ganhava grande destaque nos materiais promocionais dos filmes feitos a partir de seus romances e novelas. Randolph Scott era o xerife na história, que de forma ousada lidava com temas complicados, envolvendo o sequestro de uma jovem garota e um vilão astuto, mestre em jogar a culpa de seus crimes nos outros. O filme tem uma sequência de perseguição em um desfiladeiro nos arredores de Los Angeles que acabou ferindo um dos dublês que caiu com seu cavalo de uma altura considerável. O próprio Scott escapou também de descer ladeira abaixo nessa cena. Anos depois ele ainda se recordaria desse dia de filmagens que quase lhe custou a vida.

Depois desse filme Randolph Scott continuou trabalhando na Paramount Pictures para seu próximo faroeste. Outra adaptação de um romance escrito por Zane Grey, também com direção de Henry Hathaway. Esse novo western recebeu o título de "Rixa Antiga" (To the Last Man), O enredo se passava nas montanhas do Kentucky. Após a guerra civil uma briga de famílias rivais levava um jovem para a prisão por longos 15 anos. Quando ele finalmente cumpre sua pena decide ir até o estado de Nevada para se vingar de Lynn Hayden (Randolph Scott), que ele considerava ser o principal responsável por sua prisão. Esse filme foi bem marcante para Scott porque foi um dos primeiros a lhe dar grande promoção em seu cartaz. Ele estava virando um ator realmente popular em Hollywood.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 5

Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano.

Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçava búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho, porém, era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.

Para o próximo filme Randolph Scott resolveu aceitar um convite para algo completamente inédito em sua carreira, um filme de suspense e terror! "Anjo e Demônio" (Supernatural, Estados Unidos, 1933), com direção de Victor Halperin, tinha um roteiro estranho e em certos aspectos até bem sinistro, misturando fantasia e magia negra em um só pacote. A produção foi estrelada pela linda atriz Carole Lombard. Ela era naquele momento uma das grandes estrelas de Hollywood, uma beldade que estava sempre nas capas de revistas das principais publicações de cinema dos anos 30. Scott diria mais tarde que a oportunidade de contracenar com Lombard havia sido a principal razão para ele aceitar participar desse filme, já que o enredo nada tinha a ver com cavalos, cowboys, índios e duelos no velho oeste, algo que ele ia percebendo era definitivamente o seu negócio no mundo do cinema.

O faroeste seguinte de Randolph Scott foi "Na Pista do Criminoso" (Sunset Pass, 1933). Ao lado dele no elenco estavam Tom Keene e Kathleen Burke. A direção era do excelente Henry Hathaway, cineasta que assinou grandes clássicos da história do cinema americano como "Bravura Indômita" (que daria o primeiro Oscar na carreira de John Wayne), "Sublime Devoção" e "A Conquista do Oeste", para muitos o filme de faroeste mais pretensioso da história pois queria esgotar o assunto da ida dos pioneiros para as vastas terras do velho oeste. Pois bem, como se pode ver o filme tinha o diretor certo. Acontece que por essa época, ainda na primeira metade dos anos 30, tanto Henry Hathaway como o próprio Randolph Scott eram ainda bem jovens, muito longe dos grandes clássicos em que iriam trabalhar no futuro.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 4

O diretor Henry Hathaway voltou a pedir ao estúdio que contratasse Randolph Scott para mais um faroeste. Ele havia assinado para trabalhar na direção da adaptação para as telas de cinema do romance de Zane Grey. Em sua visão apenas Scott tinha os atributos para interpretar o personagem principal, um cowboy chamado Chane Weymer. O filme iria se chamar "Wild Horse Mesa" (no Brasil recebeu o título de "Audácia Entre Adversários").

O roteiro desse western era bem interessante, mostrando os conflitos e lutas de um rancheiro que desejava tocar sua vida em uma região inóspita, bem no meio do deserto do Arizona. As filmagens foram feitas em locações desérticas, algo que exigiu muito do elenco e da equipe técnica. Scott ficou bem amigo da estrela do filme, Sally Blane. Essa aproximação (que não passava de simples amizade) acabou caindo nas revistas de fofocas, onde se dizia que os dois atores estavam tendo um caso no set de filmagens. "Pura mentira, mas que ajudava a promover o filme" - relembraria anos depois o próprio ator.

"Wild Horse Mesa" foi sucesso de bilheteria. Ainda hoje é cultuado pelos fãs do gênero western. Um bom filme certamente, embora não fugisse muita da mitologia auto centrada que os estúdios de cinema tinham criado para os filmes de faroeste. Havia o mocinho, a mocinha que seria conquistada, os vilões malvados e, é claro, a exuberância dos cenários naturais. A diferença é que o filme foi dirigido pelo grande e talentoso cineasta Henry Hathaway que iria se notabilizar em Hollywood pela diversidade de filmes que dirigiu. Embora tenha feito também grandes filmes de western, inclusive ao lado de John Wayne, esse cineasta procurava ser o mais eclético possível, passeando por todos os tipos de filmes, sem ficar preso a nenhum gênero.

Algo que Randolph Scott tentou no começo da carreira, embora no íntimo ele soubesse que seu futuro vinha mesmo dos filmes de faroeste. Seu próximo filme demontra bem isso, um dos poucos filmes de terror e suspense da filmografia de Randolph Scott. "Vingança Diabólica" foi dirigido por A. Edward Sutherland, um cineasta inglês que tentava melhorar a qualidade dos filmes de terror nos Estados Unidos. Os ingleses eram considerados mestres no suspense cinematográfico naquela época. "Não deu certo!" - confidenciaria anos depois o ator. "Eu não fui bem nesse filme. Estava deslocado, sem saber muito bem o que fazer! Essa coisa de terror não era a minha área." Ao contrário do faroeste anterior essa fita com ares de cinema noir foi um fracasso de bilheteria, fazendo com que Randolph Scott começasse a se concentrar nos cavalos, nas esporas, nas estrelas de xerife e nos duelos ao pôr do sol. Os filmes de western eram mesmo o seu porto seguro em termos de público e crítica.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 3

Antes de se consagrar nos filmes de western o ator Randolph Scott passou por uma fase bem interessante na carreira. Ele atuou nos mais diversos gêneros cinematográficos, interpretando desde galãs românticos até capitães destemidos dos sete mares. Esses primeiros filmes, rodados principalmente na década de 1930, mostravam a versatilidade que o ator podia ter nas telas.

É justamente dessa fase a comédia musical romântica "Esposas Alegres", um filme muito inofensivo, com cenas de dança e romantismo. Scott gostou tanto de atuar nessa produção que ele confessou ao amigo Cary Grant que não se importaria em firmar sua carreira de ator nesse estilo de filme, com muitas cenas musicais.

No filme seguinte, "A Noiva do Céu" o roteirista Joseph L. Mankiewicz (que iria se tornar um diretor brilhante nos anos que viriam) percebeu que Randolph Scott tinha a imagem ideal para interpretar heróis de filmes de guerra. Era um passo a mais na direção dos faroestes que iriam consagrá-lo em Hollywood. Nesse filme o ator interpretou um capitão da força aérea dos Estados Unidos, mas sem deixar o lado romântico de lado. O filme, muito bem produzido, ainda hoje chama a atenção por causa das belas cenas aéreas, com todos aqueles aviões bimotores fazendo piruetas no ar.

"Manias de Gente Rica" de John G. Adolfi foi mais uma produção no estilo mais elegante, baseado numa peça da Broadway, Scott interpretava um sujeito de personalidade dúbia, ora agindo de forma ética, ora passando a perna em quem ficava no seu caminho. Depois de mais essa produção do tipo "bolhas e champagne" finalmente Randolph Scott foi contratado para atuar em um faroeste. "A Herança do Deserto" de  Henry Hathaway trazia Randolph Scott como um cowboy envolvido bem no meio de uma disputa de terras no velho oeste americano. Ele fotografou muito bem com seus trajes de pistoleiro. O roteiro também foi um presente pois era bem escrito, com cenas marcantes. Produzido pela Paramount Pictures, filmado no próprio rancho da companhia, esse foi o primeiro grande sucesso de bilheteria de sua carreira. Um filme bem importante, que determinaria os rumos da filmografia do ator nas próximas décadas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Entardecer Sangrento

“Entardecer Sangrento” é um filme sobre vingança. O personagem de Randolph Scott, Bart Allison, chega numa pequena cidade do oeste americano justamente para saciar sua sede de justiça. Ele acredita que Tate Kimbrough (John Carroll) seja o responsável pela morte de sua esposa três anos antes. O problema é que embora tenha suspeitas sobre isso ele não consegue chegar na certeza absoluta. De qualquer modo tentará levar Tate para um acerto de contas final. “Entardecer Sangrento” é mais uma bem sucedida parceria entre o ator Randolph Scott e o diretor de westerns Budd Boetticher. Juntos realizaram filmes eficientes, econômicos e com roteiros bem trabalhados que faziam grande sucesso de bilheteria, principalmente nas matines. Esse aqui não foge a essa fórmula.  Para Randolph Scott as filmagens trouxeram algo de novo. Há tempos que ele vinha nutrindo um desejo de se tornar diretor algum dia (algo que ele não levaria adiante pois se aposentaria em breve). De qualquer modo em “Entardecer Sangrento” ele resolveu também trabalhar como uma espécie de diretor assistente para Budd Boetticher, para aprender as técnicas da profissão de cineasta. 

Assim durante todas as filmagens Scott intercalou seu trabalho como ator com a de diretor de segunda unidade. Ele se mostrou bem empolgado pela possibilidade de um dia vir a assumir a direção de algum de seus filmes. Produtor ele já havia se tornado pois seus faroestes estavam sendo bancados por ele próprio (produziu 14 de seus filmes). Por que Scott não levou adiante seus planos? O que parece ter acontecido é que ele ficou tão rico com seus westerns que em determinado momento da vida simplesmente deixou isso de lado, preferindo mesmo se dedicar a uma doce e tranqüila aposentadoria, jogando golf e levando uma vida mais calma e sossegada.  Quem pode dizer que o velho Scott não estava certo?

Entardecer Sangrento (Decision at Sundown, Estados Unidos,1957) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles Lang, Vernon L. Fluharty / Elenco: Randolph Scott, John Carroll, Karen Steele / Sinopse: Bart Allison (Randolph Scott) chega numa pequena cidade do oeste americano justamente para saciar sua sede de justiça. Ele acredita que Tate Kimbrough (John Carroll) seja o responsável pela morte de sua esposa três anos antes. O problema é que embora tenha suspeitas sobre isso ele não consegue chegar na certeza absoluta. De qualquer modo tentará levar Tate para um acerto de contas final.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 2

Os primeiros filmes de Randolph Scott foram apenas testes, formas do estúdio em verificar se ele ficava bem em cena. Sua estreia nas telas se deu em 1928, ainda no cinema mudo, em uma produção chamada "Rumo ao Amor". É curioso notar que desde os primeiros trabalhos no cinema, Scott não se importou em fazer todos os tipos de filmes. Aliás ele estava mesmo pensando que iria se tornar um ator ao estilo Cary Grant. Ele estava pronto para ser um galã de filmes mais românticos se fosse preciso.

Sua amizade com Grant aliás foi uma das mais duradouras fofocas da história de Hollywood. Quando eram apenas jovens atores aspirantes ao estrelato, eles resolveram dividir uma bela casa nas colinas de Hollywood. Era algo natural acontecer já que nenhum dos dois tinha dinheiro suficiente para bancar uma bela mansão com piscina sem a ajuda do outro. Então, como eram amigos mesmo, resolveram dividir o aluguel, indo morar juntos. Acontece que o estúdio contratou uma equipe de fotógrafos para tirar uma série de fotos promocionais em sua residência. A proposta era mostrar o cotidiano de dois jovens atores de Hollywood.

O problema é que a tentativa de mostrar um lado mais, digamos, pessoal e privado da vida deles, acabou criando uma incômoda sensação de que eles tinham um relacionamento íntimo demais para dois homens. Não demorou muito e os boatos de que era gays começou a se espalhar. Tanto Scott como Grant não pareceram se importar muito com esses rumores, tanto que jamais deixaram de ser amigos, de saírem juntos, indo a campos de golfe, jantares e premiações.

Anos depois, já casados, a "teoria gay" acabaria virando uma piada divertida entre eles. De qualquer forma, voltando para aqueles anos, o fato é que morar bem, em uma casa bonita nas colinas, abriu várias portas para Scott e Grant. Eles convidaram diretores, produtores, atrizes e atores para festas, jantares e recepções. Era assim que um ator conseguia ser escalado para filmes em Hollywood. Randolph Scott aliás era um grande anfitrião nessas ocasiões. Dono de uma conversa agradável, com aquela educação sulista tão carismática, ele logo deixaria de pedir por trabalho, recebendo ao invés disso, cada vez mais convites para integrar elencos de novos filmes. A estratégia que havia criado ao lado de seu amigo Cary Grant havia dado muito certo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 1

Um dos atores mais populares do auge do western americano foi Randolph Scott. Ele nasceu no estado sulista da Virginia, numa pequena cidade chamada Orange County, bem distante de Hollywood e sua indústria. Scott era filho de uma família tradicional da cidade. Seus pais eram pessoas respeitadas na região, considerados excelentes profissionais em suas respectivas áreas. Assim Scott teve uma infância tranquila e sem traumas.

Quando o ator morreu em 1987 um amigo de infância relembrou aqueles velhos tempos: "A América era um lugar muito bom para se viver. Não havia tantos imigrantes estrangeiros e todos se conheciam. Randolph foi um sujeito bem normal. Honesto, com muitas amizades. Não tínhamos nada de ruim a falar sobre seu respeito".

Nada poderia dizer em seus primeiros anos que ele iria se tornar um astro em Hollywood. Durante sua vida Randolph Scott se preparou mesmo para se formar em engenharia. Atuar nem era considerado algo respeitoso naqueles tempos. Para muitos era uma profissão para vagabundos e pessoas sem formação educacional. O cinema, que começava a se tornar cada vez mais popular, seria um instrumento para mudar essa mentalidade com o passar dos anos, mas quando Scott se mudou para a Califórnia, ainda havia muito preconceito e estigma contra profissionais da atuação.

Randolph Scott não foi para a Califórnia para se tornar um astro de cinema. Na verdade quando ele chegou em Los Angeles pela primeira vez era apenas um estudante universitário. Ele havia se mudado para dar continuidade aos seus estudos, uma vez que já naquela época (estamos falando da década de 1920) as melhores universidades do país se situavam naquele estado. Assim que pisou os pés em Hollywood pela primeira vez - atraído obviamente pelo glamour do lugar - o jovem Scott ficou completamente fisgado pelos estúdios, pelos astros e estrelas e pela (remota) possibilidade de ganhar a vida fazendo filmes! Não seria o máximo? O problema é que Randolph não tinha qualquer preparo para atuar. Ele nunca estudara arte dramática e nem havia feito teatro. Para Hollywood porém isso não era o mais importante. Para conseguir uma figuração tudo o que bastava era saber montar um cavalo e se parecer com um pioneiro do velho oeste - dois requisitos que o jovem Randolph Scott tinha de sobra. Uma nova era estava prestes a começar no western americano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de março de 2022

Pistoleiros do Entardecer

Sam Peckimpah - um dos maiores diretores da história do cinema - não fez por menos: conseguiu erguer uma obra arrebatadora e psicológica, subvertendo uma ordem cinematográfica quase unânime a respeito das linhas limítrofes que cercam todo o quadrante onde está inserido um filme de faroeste (qualquer que seja ele). O diretor, não só rompeu com alguns paradigmas, como também transfixou no corpo e na alma de cada personagem a flecha negra que dissemina de forma sistêmica algumas "viagens" pela psiquê humana. A exceção de uma fotografia exuberante e que de alguma forma parece escapar por todos os poros da fita, tudo parece funcionar no limite, inclusive a dupla dos quase aposentados e magníficos atores, Joel McCrea e Randolph Scott.

A categoria, juntamente com a empatia desses dois monstros do cinema é um refrigério saudosista para os verdadeiros fãs dos filmes do velho oeste. O excelente Peckimpah une a velha dupla com o objetivo de transportar uma grande soma em dinheiro, mas também os separa: nos olhares, nas mensagens subliminares de desconfiança, e principalmente no silêncio. Steve Judd (McCrea) sabe que Gil (Randolph Scott) está longe de ser um companheiro confiável. Na dura empreitada, ainda acompanha a dupla, Elsa Knudsen, interpretada pela belíssima Mariette Hartley e o aprendiz de ladrão e capanga de Gil, Heck Longtree (Ron Starr). O primeiro nó psicológico vem justamente da bela Elsa - que foge das garras do pai, um religioso fanático e boçal, para ir ao encontro de seu futuro marido, o pilantra Billy Hammond (James Drury). Depois de unir-se ao trio - McCrea, Scott e Starr - Elsa ameaça a já estremecida parceria com os seus problemas e seu desejo juvenil e doentio de um casamento no mínimo estapafúrdio.

Em determinado momento, o filme se parece com um vulcão prestes a entrar em erupção, pelo simples fato de não existir purgatório: ou se está no céu, ou no inferno. A ingênua Elsa descobre que o seu príncipe encantado não é tão encantado assim. O resgate do dinheiro, o casamento bizarro entre Elsa e Billy Hammond, juntamente com a tensão crescente entre o trio e os irmãos Hammond, torna o ar quase irrespirável e o conflito entre os dois grupos inexorável. Essa violência brutal, silenciosa, e que aos poucos vai crescendo e tornando-se insuportável, é a marca inimitável do mestre Peckimpah, o "poeta da violência". Mas o ponto alto do filme traz a chancela indelével do mestre: o casamento de Elsa e Billy realizado dentro de um bordel. Nesta cena, Peckimpah mistura elementos sórdidos, vulgares e profanos servidos à mesa com muita violência, bebidas, gargalhadas, prostitutas, homens sujos, tarados e muita depravação. É o ponto alto e "Rodriguiano" do filme. É o momento em que o grande diretor mostra a sua cara. O terço final do longa tem ganchos épicos com direito a doses cavalares de mixórdia moral e imoral, auto comiseração e o resgate de uma velha parceria que consagrou o gênero. Peckimpah fecha o clássico com chave de ouro, num duelo ao estilo O.K. Corral na lendária cidade de Tombstone. Um filmaço.
Nota 10

Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, EUA, 1962) / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro:N.B. Stone Jr./ Com Randolph Scott, Joel McCrea, Mariette Hartley, Ron Starr e Edgar Buchanan / Sinopse: Steve Judd (Joel McCrea), um ex- xerife é contratado para levar um carregamento em ouro por um território hostil. Para ajudar nessa tarefa ele chama Gil Westrum (Randolph Scott). Westrum porém tem outros planos sobre o ouro.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Feras Humanas

Título no Brasil: Feras Humanas
Título Original: The Bounty Hunter
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: André De Toth
Roteiro: Winston Miller
Elenco: Randolph Scott, Dolores Dorn, Ernest Borgnine, Marie Windsor, Howard Petrie, Harry Antrim,

Sinopse:
Após um violento roubo de trem, um agente detetive da famosa agência Pinkerton começa a caçar três criminosos que participaram do famoso assalto. O problema é que a identidade deles ainda é um mistério. Com a ajuda de um caçador de recompensas, o trio é localizado em uma cidade remota. O mais complicado porém é juntar provas suficientes para incriminar a todos, além disso não será uma tarefa fácil colocar os facínoras atrás das grades pois eles certamente não vão se entregar por livre e espontânea vontade.

Comentários:
Se você é fã de filmes de western, muito dificilmente se decepcionará com qualquer filme realizado por Randolph Scott em sua carreira cinematográfica. O ator mantinha um padrão de qualidade regular em seus filmes e isso sempre foi garantia de boa diversão, aliada a um charme nostálgico irresistível nos dias de hoje. Esse "The Bounty Hunter" foi rodado pelo ator na Warner, contando com um elenco de apoio muito interessante, a começar pela mocinha relutante Marie Windsor. O roteiro é dos melhores e joga com reviravoltas e situações de suspense e tensão. O diretor André De Toth era amigo pessoal de Scott, tanto que o ator o contrataria depois para dirigir mais algumas de suas produções futuras. O resultado desse trabalho entre amigos é dos melhores. Além das inevitáveis cenas de heroísmo e duelos, ainda temos de antemão a presença de personagens femininas fortes e relevantes dentro da trama, algo que para a década de 1950 era até bem incomum. Assim pode assistir sem qualquer medo de não gostar, uma vez que "Feras Humanas" é um filme classe A do eterno cowboy Randolph Scott. Garantia de diversão para os fãs de velhos faroestes.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Corvetas em Ação

Título no Brasil: Corvetas em Ação
Título Original: Corvette K-225
Ano de Produção: 1943
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Rosson, Howard Hawks
Roteiro: John Rhodes Sturdy
Elenco: Randolph Scott, James Brown, Ella Raines, Barry Fitzgerald, Andy Devine, Fuzzy Knight

Sinopse:
O comandante 'Mac' MacClain (Randolph Scott) perde uma de suas embarcações após o ataque de um submarino alemão. Muitos de seus homens são mortos mas ele sobrevive. De volta à terra ele aguarda o comando de seus superiores para assumir outro navio de guerra. Nesse meio tempo acaba conhecendo a bela Joyce Cartwright (Ella Raines), irmã de um de seus oficiais mortos em batalha. Seu breve romance porém logo tem que ser interrompido pois o oficial é designado para assumir o comando de um nova corveta, a Donnacona. Ao conhecer sua nova tripulação acaba tendo uma surpresa e tanto pois outro irmão de Joyce se encontra novamente em sua equipe, um jovem rapaz recém saído da academia militar!

Comentários:
Durante a Segunda Grande Guerra vários filmes foram feitos visando ajudar no esforço de guerra. Essas produções tinham duas características básicas: um tom bem patriótico, visando aumentar o moral das tropas americanas no exterior e roteiros mais simples que tinham como objetivo valorizar o militar que estivesse lutando no front da guerra. Os filmes inclusive eram passados para as tropas para elevar seu senso de honra e patriotismo. "Corvetas em Ação" segue por essa linha. Ele foi realizado em plena guerra, com a ajuda das forças armadas americanas, no caso aqui da Marinha. O ator Randolph Scott, especializado em faroestes, deixou o coldre e a espora de lado para vestir um elegante uniforme de gala da forças navais. Seu personagem, o comandante MacClain, é o símbolo máximo da honradez do marinheiro dos Estados Unidos. Íntegro, honesto e confiável, ele passava a mensagem subliminar para os soldados de que seus oficiais estavam acima do bem e do mal. Homens a quem se deveria obedecer sem medo ou receio. Esse bom filme de guerra foi dirigido pelo talentoso cineasta Howard Hawks, sempre valorizando eletrizantes cenas de combate ao lado de doces momentos de galanteio de Scott para com a bonita Ella Raines. Sua fórmula como sempre era muito bem executada e funcionava muito bem, como vemos aqui. Em suma, um bom entretenimento até hoje, mesmo sendo bem ufanista e idealizada.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de outubro de 2020

Um Homem de Coragem

A guerra civil americana chegou em um grande impasse no ano de 1864. Nem as tropas da União conseguiam grandes avanços e nem os exércitos confederados alcançavam grandes vitórias. Tudo parecia estagnado, uma luta sangrenta, com muitas vitimas, mas sem nenhum resultado para ambos os lados. No fundo o que determinaria a vitória seria o poder econômico e esse, naqueles dias, era representado pelo ouro. Para garantir o transporte desse metal vital para o esforço de guerra as tropas de Lincoln tinham que atravessar territórios hostis dominados por rebeldes e renegados. Para tornar seguro e eficiente o envio do ouro da Califórnia para o front de batalha, o exército designa então o Capitão John Hayes (Randolph Scott) para comandar e coordenar esse transporte. Assim começa o  western “Westbound” (seu título original em inglês), que no Brasil foi intitulado “Um Homem de Coragem”. É mais uma bem sucedida parceria entre o ator Randolph Scott e o diretor Budd Boetticher. O filme é bem curto – apenas 68 minutos – mas o diretor repete uma de suas características mais marcantes, a habilidade em contar uma boa estória sem exageros ou desperdício. Tudo se encaixa perfeitamente, mesmo em um filme de tão pouca duração.
   
Curiosamente ao contrário que aconteceu em outros filmes da dupla, esse não foi produzido por Randolph Scott. Na realidade temos aqui uma produção da Warner que resolveu bancar mais um filme com o astro dos faroestes, que demonstrou mais uma vez estar em ótima forma. Budd Boetticher investe em um roteiro muito bem escrito que explora um momento chave da história americana. O filme assim conta a história de uma complicada situação de um enviado do exército da União para uma região onde o povo apoiava as tropas rebeldes da Confederação.

Esse tipo de história já resultaria em um excelente western, mas o roteiro vai além e não se contenta em mostrar apenas isso, investindo também em intrigas, traições e até romance – pois o personagem de Scott volta para uma cidade onde seu antigo amor do passado mora (personagem interpretado pela atriz Virginia Mayo). Para piorar ela se tornou esposa do manda chuva local, um rico e poderoso empresário e fazendeiro que abraça os valores sulistas com ardor impressionante. Outro ponto digno de nota são as boas cenas de ação, marca registrada do cinema sempre ágil e eficiente de Budd Boetticher. Há um ataque a uma diligência com ouro extremamente bem realizada, provando o apuro técnico do cineasta. Enfim, “Um Homem de Coragem” é mais outro excelente momento na filmografia do astro do faroeste Randolph Scott.

Um Homem de Coragem (Westbound, Estados Unidos, 1959) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Berne Giler / Elenco: Randolph Scott, Virginia Mayo, Karen Steele, Michael Dante, Andrew Duggan / Sinopse: Capitão do exército da União é enviado para o oeste com o objetivo de garantir a segurança do transporte de ouro da Califórnia até o front de batalha durante a Guerra Civil Americana. O problema é que nessa viagem ele estará cercado de inimigos por todos os lados.

Pablo Aluísio.