domingo, 29 de maio de 2011

The Beatles - A Hard Day's Night

Esse álbum foi lançado bem no auge da Beatlemania. Para as fãs que gritavam pelo grupo nos shows foi um deleite ter à disposição 13 novas canções inéditas, todas elas escritas pela dupla Lennon e McCartney. De fato foi um dos álbuns mais vendidos dos Beatles, até porque as vendas foram impulsionadas pelo sucesso do filme. O público via os Beatles nas telas de cinema e depois comprava essa trilha sonora nas lojas de discos. Era a dobradinha comercial perfeita na visão do empresário Brian Epstein e da gravadora EMI.

E o disco vinha mesmo cheio de novidades interessantes, músicas que iam do mais puro rock, passando pelo pop, indo parar no lado mais romântico da banda. Na coleção de belas baladas nenhuma se comparava a "If I Fell", um dos grandes sucessos do álbum. Essa foi uma composição conjunta entre John e Paul. Essa balada ganhou bastante destaque no filme, em uma boa cena, bem elaborada pelo diretor Richard Lester. O cineasta quis trazer algo de casual, como se os Beatles ainda estivessem se preparando para a apresentação, numa espécie de ensaio, onde John ao violão dava os primeiros acordes enquanto Ringo ainda motava sua bateria. Funcionou, embora os Beatles não fossem atores profissionais conseguiram fazer a cena sem problemas, sem doses excessivas de canastrice.

Outra música escrita por Paul que fez muito sucesso foi "Can't Buy Me Love". Na edição original ela vinha como a última faixa do Lado A do disco, por isso não se esperava muito dela em termos de sucesso nas rádios. Só que nos Estados Unidos ela foi escolhida praticamente como o carro-chefe do disco, se tornando um dos grandes hits dos Beatles na terra do Tio Sam.  Os executivos da Capitol (a gravadora americana que lançava os discos dos Beatles na América) tinham uma visão mais apurada de seu mercado do que os ingleses. John Lennon chegou a colaborar em sua criação, porém em pequenas doses, conforme ele mesmo diria anos depois numa entrevista. Para Paul foi gratificante ver seu sucesso no outro lado do Atlântico. Era a prova de que ele sabia fazer, mesmo sem querer, grandes sucessos, aquelas músicas que não cansavam de tocar nas rádios. Um hit perfeito.

E mostrando que Paul realmente dominou em termos de composições para esse álbum, vale destacar outra bela canção romântica chamada "And I Love Her". Era uma criação de Paul McCartney, o eterno romântico dos Beatles. A bonita letra foi escrita para Jane Asher, a namorada de Paul, a garota ruiva que todos pensavam iria se tornar sua esposa em poucos anos. É incrível que seu relacionamento com Jane, que serviu de inspiração para tantas músicas românticas dos Beatles, não tenha se transformado em casamento. Em algum momento a coisa desandou entre o casal, para decepção de muita gente que vivia ao lado deles naquela época. O próprio John Lennon (que já era casado) tinha certeza que isso iria acontecer. Outra composição que Paul McCartney fez praticamente sozinho, levando ela praticamente pronta para os estúdios de Abbey Road em Londres. Essa rotina de Paul levar novas músicas de amor já compostas integralmente levou John Lennon anos depois a pensar sobre esse período, essa fase dos Beatles. Ele disse: "Parecia que Paul sempre surgia como o Beatle romântico, com alma de veludo e que eu só tinha rocks vibrantes para apresentar ao grupo. Era alto natural que acontecia. Eu tinha que fazer um contrabalanço a Paul. Já que ele compunha muitas canções românticas eu tinha que cuidar do lado mais roqueiro dos discos. Por isso fiquei com essa imagem nos primeiros LPs dos Beatles".

Pablo Aluísio.

Skyfall: Original Motion Picture Soundtrack

Vamos falar um pouco sobre trilhas sonoras? Eu sou de opinião de que a experiência cinematográfica só é plena e completa quando o cinéfilo também começa a se interessar pela música dos filmes, parte essencial de toda e qualquer obra cinematográfica. Infelizmente no Brasil esse sempre foi um ramo musical muito complicado. Poucas trilhas sonoras foram lançadas em nosso mercado – geralmente apenas as chamadas trilhas de sucesso! Com isso muitas jóias nunca chegaram em nossas lojas, verdadeiros clássicos foram deixados de lado por causa da mentalidade tacanha de que o público brasileiro não consome esse tipo de produto. Nos países europeus o quadro é bem diferenciado. As trilhas possuem seu próprio nicho comercial e sua própria parada, devidamente categorizada. Dentro desse universo de trilhas algumas coleções ganharam vida própria. Uma delas é da longa franquia de 007. São discos maravilhosos e grande parte deles nunca foi lançado no Brasil. Já na Inglaterra contam com clubes organizados de colecionadores próprios, o que torna a experiência de colecionar essas trilhas um hobby muito agradável e satisfatório.

A música dos filmes de James Bond sempre foram um caso à parte. Não existe, para falar a verdade, uma relação direta entre trilhas excepcionais com os melhores filmes do agente secreto inglês no cinema. Geralmente filmes medianos acabam rendendo as canções mais marcantes da série. Um exemplo? A música tema escrita por Paul McCartney, “Live and Let Die”, que fez parte da trilha sonora de um filme que nunca foi considerado dos melhores da franquia, “007 Viva e Deixe Morrer” com Roger Moore. Aqui em Skyfall temos finalmente uma trilha para se destacar nas paradas. A música tema como todos sabem é interpretada por Adele, uma cantora cujo timbre vocal simpatizo. Ainda há um caminho a percorrer até ser considerada uma excelente intérprete mas não há como negar que o potencial está lá. Essa “Skyfall” me lembra muito os arranjos das primeiras trilhas de Bond e isso é certamente um ponto positivo. Outro destaque vem nas excepcionais faixas incidentais da trilha, todas de excelente nível técnico. O único cuidado que o fã de James Bond teve ter ao comprar essa trilha é conferir se é mesmo a edição que vem com a canção de Adele (a primeira triagem não saiu com a música por alguns problemas contratuais).  Uma vez feito isso basta apenas se esbaldar com a ótima qualidade de todo o CD.

Skyfall: Original Motion Picture Soundtrack (2012)
Grand Bazaar, Istanbul
Voluntary Retirement
New Digs
Sévérine
Brave New World
Shanghai Drive
Jellyfish
Silhouette
Modigliani
Day Wasted
Quartermaster
Someone Usually Dies
Komodo Dragon and others
Skyfall

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de maio de 2011

Bob Dylan

Não me entendam mal. Eu gosto do Bob Dylan. Inclusive o considero um dos grandes letristas da história do rock e do folk americanos. Só não consigo entender o que deu na cabeça dos votantes do Prêmio Nobel em dar a ele o prêmio na categoria Literatura. Essa categoria não é a adequada para premiar Dylan, aliás o Prêmio Nobel sequer possui uma categoria própria para premiar compositores ou grandes nomes da música mundial. Ao invés de criar uma, eles fizeram uma gambiarra que não convenceu ninguém, pegou mal e pareceu estranho. O próprio Bob Dylan parece ter pensado a mesma coisa. Ele passou semanas sem dar qualquer declaração sobre o prêmio, a tal ponto que o Nobel pensou em voltar atrás do anúncio. Dylan parecia se esconder dos promotores do Nobel, ninguém conseguia encontrar pessoalmente o artista para lhe comunicar formalmente de que havia vencido.

Bob Dylan assim se comportou de forma mais estranha do que o próprio prêmio que lhe foi concedido. Quando tudo parecia perdido ele soltou um comunicado breve, dizendo que agradecia sua escolha, mas que não iria comparecer na cerimônia de entrega pois "teria outros compromissos a cumprir" - só não soube explicar que compromissos seriam esses, que afinal de contas teriam que ser mais importantes do que receber um prêmio Nobel! Assim fica a lição. O Nobel deveria mudar alguns aspectos de sua premiação. Certamente é um prêmio voltado mais para as ciências de um modo em geral. Porém se o prêmio considera a literatura, que é uma arte, digna de ter uma categoria, por que não criar outras para a música, o cinema, o teatro, a poesia e a pintura? Penso sinceramente que nenhuma dessas artes deve ser desmerecida. Se uma foi contemplada com um prêmio Nobel, que as demais também o sejam. Modernizar é preciso, ser justo mais ainda.

Bob Dylan definitivamente não é Frank Sinatra. A prova disso está nesse álbum triplo lançado pelo cantor e compositor em 2017. São três álbuns reunidos em único box. Dylan os nomeou como "Til The Sun Goes Down", "Devil Dolls" e "Comin' Home Late". Depois de ouvir os três longos CDs não há outra conclusão a que se chegar. É um lançamento excessivo que vai cansar o ouvinte. Dylan já tinha usado essa fórmula de cantar grandes clássicos do passado antes, em "Fallen angels". O problema básico, que já tinha percebido no disco anterior, é que Bob Dylan não tem um estilo vocal adequado para esse tipo de repertório. Ele é ótimo cantando folks, blues e outros gêneros musicais mais despojados, mas aqui derrapa feio, por não ter o timbre vocal adequado. Ao invés de gravar um álbum triplo ao estilo indie, que seria mais adequado, ele resolveu dar um passo maior do que a perna.

Claro que por ser uma espécie de "queridinho da mídia" praticamente todo mundo elogiou. Um tipo de Caetano Veloso gringo, tudo o que Dylan lança é encarado como um Santo Graal musical. Bobagem. O CD triplo é obviamente cheio de problemas, quando você chega lá pela metade do segundo disco já fica complicado avançar. Aquela voz anasalada de Dylan consegue enganar por três ou quatro faixas, mas quando você chega na décima quinta a audição se torna penosa. São músicas para o repertório de Frank Sinatra ou Nat King Cole, não para Dylan. Ele forçou a barra em inúmeras faixas. Provavelmente seria melhor digerido se fosse lançado em três discos separados, com intervalo de um ano entre eles. Lançado tudo de uma vez só, ficou demais, complicado de absorver. Muitas vezes o simples é o melhor caminho. Overdoses musicais como essas são contraindicadas.

Bob Dylan - Triplicate (2017)

Disc 1 – 'Til the Sun Goes Down
1. I Guess I'll Have to Change My Plans / 2. The September of My Years / 3. I Could Have Told You / 4. Once Upon a Time / 5. Stormy Weather / 6. This Nearly Was Mine / 7. That Old Feeling / 8. It Gets Lonely Early / 9. My One and Only Love / 10. Trade Winds.

Disc 2 – Devil Dolls
1. Braggin' / 2. As Time Goes By / 3. Imagination / 4. How Deep Is the Ocean? / 5. P.S. I Love You / 6. The Best Is Yet to Come / 7. But Beautiful / 8. Here's That Rainy Day / 9. Where Is the One? / 10. There's a Flaw in My Flue.

Disc 3 – Comin' Home Late
1. Day In, Day Out / 2. I Couldn't Sleep a Wink Last Night / 3. Sentimental Journey / 4. Somewhere Along the Way / 5. When the World Was Young / 6. These Foolish Things / 7. You Go to My Head / 8. Stardust / 9. It's Funny to Everyone But Me / 10. Why Was I Born?

Pablo Aluísio.

Kurt Cobain

5 de abril de 1994. O cantor e compositor Kurt Cobain se mata em sua casa na cidade de Seattle, Washington, Estados Unidos - assim foi noticiada a morte do líder do Nirvana. Incrível mas já faz 26 anos que Cobain resolveu acabar com tudo após uma crise suicida. Sua morte talvez tenha significado não apenas o próprio fim de sua existência física, mas também o fim da criatividade no mundo do rock americano.

Sinceramente não consigo lembrar de ninguém surgido após a década de 1990 que tenha me chamado a atenção por mostrar algo de novo no gênero. Papo de quem está envelhecendo? Pode ser, mas o fato é que a morte de Cobain também marca de certa maneira o fim de minha procura por sons novos e realmente inovadores dentro do rock americano.

Claro que na Inglaterra ainda tivemos um sopro de vida com o Britpop, onde ainda se encontra coisa boa, mas no geral a coisa anda bem feia. Em relação ao Kurt só posso lamentar. Era um artista realmente talentoso mas corroído completamente pelas drogas pesadas que tomava, por isso no final não sobrou muito do ser humano para contar história. Li várias de suas biografias e tudo que encontrei foi o retrato de um homem perdido, que afogava suas mágoas em doses cavalares de heroína e outras substâncias ilegais. Acabou perdendo a vida como tantos outros.

Por isso digo que o chavão "Sexo, Drogas e Rock ´n´ Roll" poderia ser facilmente substituído por "Morte, Drogas e Rock ´n´ Roll" porque as drogas só fizeram mal ao mundo do rock. Levaram seus principais nomes e deixaram uma cultura de drogas que ainda persiste entre os jovens que não conseguem entender que não existe nada de glamoroso na morte de roqueiros como Kurt. Um tiro de fuzil na cabeça não tem nenhum aspecto positivo... É apenas um evento triste... Só isso.

Pablo Aluísio.

Walk The Line

O  filme “Johnny e June” (Walk The Line) conta a história do cantor Johnny Cash. O principal fator de ir vê-lo mesmo era o fato de Johnny ter sido um artista nascido na Sun Records e ter sua história bem próxima a do próprio Elvis. Isso é facilmente explicado porque os caminhos de Cash sempre cruzaram com os de Elvis, desde os primeiros anos na Sun. Era uma película que eu simplesmente não podia perder de jeito nenhum. Como fiquei muito ansioso em ver um grande filme, minha decepção foi um pouco maior. No conjunto ele pode até ser considerado um bom entretenimento, mas se formos levar a coisa mais a fundo, analisando várias passagens que acontecem no filme do ponto de vista histórico, não podemos deixar de ficarmos bem decepcionados. Sam Phillips, por exemplo, que foi uma figura chave na trajetória de Cash é colocado para escanteio, aparecendo basicamente na cena em que Johnny faz um teste na Sun. Depois disso ele desaparece totalmente do filme. Nada é dito sobre o fato de Sam ter praticamente tomado todas as grandes decisões da carreira de Cash no começo de sua vida artística. No que se refere a Elvis a coisa é bem pior.

A participação de Elvis no filme se resume a quatro cenas rápidas, nenhuma delas muito proveitosa ou relevante. Na primeira cena em que aparece Elvis, Johnny Cash está passando pela frente da Sun Records em Memphis e lê o famoso cartaz da gravadora anunciando que um disco pode ser gravado por apenas 4 dólares. Ele dá a volta e entra pelas portas do fundo da Sun no exato momento em que Elvis está gravando uma de suas músicas do período Sun, Milkcow Blues Boogie. Sinceramente, o ator que faz Elvis é tão péssimo que ficamos mesmo na dúvida que aquele que aparece naquele momento é mesmo Elvis! Ele não se parece nada (nada mesmo) e não dispensa todos os requebros extremamente mal feitos, que já estamos acostumados, com atores que tentam dançar igual a Elvis em filmes em que ele aparece como personagem. O constrangimento nessa cena é total, eu particularmente fiquei extremamente decepcionado ao constatar como ela foi mal feita. Na verdade sua caracterização está muito mais para Hank Williams do que para Elvis, confundiram os ídolos ou a coisa toda foi mal feita mesmo. Uma decepção. Logo aparece o engenheiro de som e fecha as portas do fundo, deixando Cash do lado de fora. Outra cena péssima é o encontro de Cash com Elvis nos bastidores de um dos festivais que ambos participaram no começo da carreira deles. Elvis aparece escondido num local do teatro, assistindo ao show, tentando passar despercebido da plateia, comendo comidas gordurosas e as oferecendo para Cash. O recado que o roteirista utiliza para deixar bem claro que aquele é Elvis é sua gulodice. É algo do tipo: “Elvis já era um glutão desde o começo!”. Forçou a barra em cena totalmente desnecessária, infantil e sem qualquer importância para o restante do filme. Mas o pior momento é aquele em que um cara da banda oferece pílulas a Johnny Cash afirmando que “Elvis também as toma!”.

Para quem pensa que a cena é totalmente gratuita e vai acabar logo é surpreendido com o que acontece depois. O pior acontece mesmo quando o próprio Elvis aparece do nada e fazendo sinais de aprovação com a cabeça incentiva Cash e usar as drogas. Essa cena é um recurso do roteiro para explicar o começo dos problemas químicos de Cash e historicamente é totalmente improvável por vários motivos! Elvis jamais iria aparecer em público, mesmo que fosse ao lado de seus próprios músicos, e incentivar alguém a usar pílulas. Isso nem sequer é sugerido na autobiografia de Cash. Elvis não é mencionado e nem muito menos apontado como uma pessoa que o incentivou pessoalmente a usar pílulas. O que ele afirma é que começou a usar pílulas durante os festivais dos quais participava durante os anos 50. Elvis participou de dois bem conhecidos jamborees ao lado de Cash e June. O primeiro foi liderado por Hank Snon e o segundo pelo próprio Elvis quando ele já era uma estrela nacional. Mas fora esses dois momentos ao lado de Elvis, Cash participou de muito outros e com muitos outros artistas e músicos. Cash não especifica quem lhe deu as drogas em seu livro. Jogar a culpa do vício de Cash, mesmo que indiretamente, sobre os ombros de Elvis não foi uma coisa honesta dos roteiristas. Naqueles tempos o uso de pílulas por parte de Elvis passava longe de ser um fato notório comentado pelos músicos dos festivais de forma tão natural e simples. Isso era um segredo muito bem guardado por todos ao redor do cantor. Outro personagem ainda chega a comentar com Cash que Elvis só conversava sobre sacanagem durante as excursões! Eu fiquei particularmente espantado com essa bobagem. De onde esses caras tiram essas ideias?!

Outro furo do roteiro é a não menção ao Million Dollar Quartet. Mesmo que a participação de Cash nesse evento tenha sido secundária, era para ser retratada no filme. É muito mais importante do que mostrar Elvis comendo frituras ou incentivando Cash (pessoa a quem ele nem tinha muita intimidade) a usar drogas. Por fim, após Cash fazer uma apresentação no filme, Elvis entra no palco para tocar “That’s All Right” (Mama). O ator, como bem já frisei, é horrível. Sinceramente, já que a pessoa que faz Elvis não precisou atuar, porque eles não contrataram logo um cover de Elvis dos anos 50? Ficaria muito melhor e muito menos constrangedor. A cena é digna de qualquer programa de auditório da TV brasileira, de tão mal feita. Enfim... o filme passou de ser razoável na minha opinião. As partes em que Elvis participa como personagem são horríveis. Vocês podem até me perguntar: E o resto do filme Pablo? Bom... tem altos e baixos. Joaquim Phoenix está muito bem, tanto que vem sendo premiado por sua atuação, O fato dele cantar em várias cenas, dispensando o uso de playback, é realmente impressionante. Mas como disse antes, a tentativa por parte dos produtores de fazer algo bem comercial, pesa contra o resultado final positivo. Muita coisa importante ficou de fora, enquanto coisas dispensáveis e irrelevantes foram incluídas. No final o filme leva uma nota 7,0 de minha parte.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Leo Jaime - Sessão da Tarde

Esse disco "Sessão da Tarde" foi muito provavelmente o melhor álbum da carreira de Leo Jaime. Lançado em 1985, bem no meio da efervescência do Rock Brasil, é um dos mais criativos LPs do cantor. Claro que naquela época as músicas eram bem mais simples (e até ingênuas) do que as que ouvimos atualmente, isso porém não chega a ser um problema, até porque Leo Jaime também podia ser bem irônico e sarcástico quando queria. Um exemplo disso vem da primeira faixa "O Pobre". O refrão dizia: "Ela não gosta de mim / Mas é porque eu sou pobre!". Divertido não é mesmo? Eu gosto bastante dos arranjos desse álbum porque o Leo Jaime preferiu algo menos modinha, sem a cara da sonoridade típica dos anos 80. Isso poupou o disco de ficar completamente datado. Se ele tivesse usado uma infinidade de sintetizadores a coisa teria piorado e muito com o passar dos anos.

"A Fórmula do Amor" trazia Leo em parceira com a turma do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens.  Paula Toller, uma das melhores vozes do rock nacional, esbanja versatilidade e carisma. Ela inclusive ressuscitou a música recentemente, a trazendo de volta para o seu repertório de shows, mas claro com novos arranjos, nada parecido com o que ouvimos aqui. Bom, quem conhece o rock nacional dos anos 80 sabe que onde o Kid Abelha estava, também estava o sax onipresente de George Israel. Aqui nem incomoda muito, até que ficou legal. A letra é bobinha, mas de acordo com o estilo da época. Vale pela nostalgia envolvida. Em suma, são muitas músicas boas. Esse é provavelmente o melhor disco do Leo Jaime, mesmo tendo passado tantos anos de seu lançamento original.

Leo Jaime - Sessão da Tarde (1985)
1. O Pobre
2. A Fórmula do Amor
3. A Vida Não Presta
4. As Sete Vampiras
5. Só
6. O Regime
7. Amor Colegial
8. Solange (So Lonely)
9. O Crime Compensa
10. Abaixo a Depressão

Pablo Aluísio.

Ultraje a Rigor - Sexo!!

Voltei a ouvir, dia desses, esse segundo disco do grupo Ultraje a Rigor. Obviamente fica muito abaixo do primeiro disco (que só tem músicas boas), mas consegue se destacar em algumas momentos. O trio de canções que realmente fez sucesso nos anos 80 era formado por "Eu Gosto de Mulher", "Sexo!!" e "Pelado". O problema é que tirando esses hits radiofônicos pouca coisa se salva. Ainda são agradáveis de ouvir as músicas "Ponto de Ônibus"  e "Terceiro" . O restante é descartável, gravações feitas para preencher o disco (antigo vinil).

"Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?" é fraca em letra e melodia. "A Festa" não se sustenta e "Maximillian Sheldon" não diz a que veio. Apenas "Will Robinson e Seus Robots" se salva um pouquinho, mas aí por causa da associação com a nostálgica série espacial "Perdidos no Espaço" (certamente o Roger deveria ser fã). Então é um disco mesmo de altos e baixos. No geral passa na média, porém fica longe de "Nós Vamos Invadir Sua Praia", aquele sim um clássico absoluto da geração que ficaria conhecida como Rock Brasil.  Ah... e antes que me esqueça, essa capa, no mais puro estilo anos 80 é realmente muito boa, uma das melhores da época - e a própria definição de ironia com sarcasmo!

Ultraje a Rigor - Sexo!!
1. Eu Gosto de Mulher
2. Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?
3. Terceiro
4. A Festa
5. Prisioneiro
6. Sexo!!
7. Pelado
8. Ponto de Ônibus
9. Maximillian Sheldon
10. Will Robinson e Seus Robots

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

David Gilmour - Live At Pompeii

Há algum tempo David Gilmour deixou claro que o Pink Floyd acabou. A banda nunca mais vai se reunir novamente. Isso não significa que o guitarrista não utilizará esse grande legado em seus lançamentos na carreira solo. Um exemplo vem nesse box "David Gilmour - Live At Pompeii". Pois é, Gilmour voltou à Pompeia, a cidade romana que foi arrasada pelo vulcão Vesúvio no ano 79. O Pink Floyd já havia estado nesse anfiteatro na década de 1970. Foi um evento marcante na história da banda. Eles fizeram um show histórico na ocasião, sem público, muito respeitoso com o lugar milenar. Acabou virando um documentário que foi lançado nos cinemas.

Agora David Gilmour resolveu voltar por lá, cantando velhas e novas canções, mas apoiado por uma grande produção de palco, luzes, tudo classe A. O guitarrista também fez questão que a apresentação ocorresse durante à noite e não de dia como no show original. Obviamente só assim o público iria aproveitar toda a produção do concerto. O box traz dois DVDs. Além do show em si, na íntegra, temos ainda um documentário sobre a última turnê de Gilmour, entrevistas com uma historiadora especializada na história da cidade romana e muitas informações. O box traz igualmente os dois CDs gravados no mesmo evento, além de um livreto com tudo sobre a produção do show, cartões postais e posters da apresentação. Um produto de excelente qualidade, muito recomendado para quem gosta do Pink Floyd e, é claro, de David Gilmour, que sempre considerei o maior guitarrista da história do rock, em todos os tempos.

David Gilmour - Live At Pompeii (2017)

DVD 1
1. 5 A.M.
2. Rattle That Lock
3. Faces Of Stone
4. What Do You Want From Me
5. The Blue
6. The Great Gig In The Sky
7. A Boat Lies Waiting
8. Wish You Were Here
9. Money
10. In Any Tongue
11. High Hopes

DVD 2
1. One Of These Days
2. Shine On You Crazy Diamond (Parts 1-5)
3. Fat Old Sun
4. Coming Back To Life
5. On An Island
6. Today
7. Sorrow
8. Run Like Hell
9. Time/Breathe (In The Air)(Reprise)
10. Comfortably Numb
11. Pompeii Then And Now

Pablo Aluísio.

The Beach Boys - All Summer Long

A grande resposta comercial da indústria fonográfica americana contra a chamada invasão britânica não foi Elvis Presley como muitos pensam. Foi o grupo The Beach Boys. Por isso sempre considerei muito subestimado o papel que esse grupo ocupa nos dias de hoje quando se olha para trás na história da música popular mundial. Eles quase sempre são encarados como surfistas despreocupados que faziam um som de praia, para a moçada da época se divertir nas areias em noites de luar. Uma visão simplista.

Esse álbum foi lançado no auge da Beatlemania, quando o grupo inglês conseguia ocupar praticamente todos os primeiros lugares da parada. Era um fenômeno sem precedentes dentro da indústria. Para combater os cabeludos de terninho a gravadora Capital (ironicamente a mesma que lançava os discos dos Beatles nos Estados Unidos) investiu pesado na panelinha da casa. E onde estava Elvis, o Rei do Rock nesse mesmo período? Ora, estava afundando em Hollywood, estrelando coisas como "Kissin Cousins", filmes ruins que não conseguiam mais chamar a atenção dos jovens. Por isso grupos mais antenados com eles, como o próprio Beach Boys, ocupavam cada vez mais espaço, crescendo no vácuo real deixado por Presley.

O disco é inegavelmente divertido, agradável e com ótima sonoridade. A capa é uma das mais simpáticas da história de rock, como se fosse um recorte de memórias das férias de verão. Assim que se coloca para rodar o ouvinte se depara logo com um dos maiores sucessos do grupo, o clássico "I Get Around", uma faixa que fez muito bonito nas paradas de 64. É sem dúvida uma vocalização perfeita, com uma melodia que lembra um carrossel sonoro. Impecável. Depois dela não temos nada tão talentoso e inspirador. A música que dá nome ao álbum até que é bonitinha, mas nada demais. Sempre implico com seu arranjo que mais parece de canções infantis. Coisas dos garotos da praia. Se você ainda não sabe direito o que é uma beach music sugiro que ouça com atenção a terceira música do disco, "Hushabye". É uma bobagem sentimental que quase sem letra ainda consegue criar um clima de nostalgia no ouvinte. Realmente impressiona pelo clima, nos levando mentalmente a ver um casal de namorados adolescentes passeando pela praia à noite, trocando juras de amor!

"Little Honda" que vem depois foi muito promovida nas rádios, apresentando duas ousadias em se tratando de Beach Boys: tinha um ritmo realmente cortante, de puro rock dos anos 50 e uma duração que era uma verdadeira eternidade para os padrões do grupo: quase sete minutos de duração! Não era assim um Pink Floyd, mas impressionava os brotos dos anos 60. O resto do disco infelizmente é apenas uma repetição de fórmulas, com nenhum momento marcante. Apenas "Drive-In" conseguiu me chamar a atenção, com um bom arranjo e uma letra pra lá de divertida. Enfim é isso. Tudo tão descontraído e descompromissado como um grupo como esse poderia soar naqueles tempos, apesar da grande responsabilidade de ter que encarar o maior conjunto de rock da história nas paradas de sucesso.

The Beach Boys - All Summer Long (1964)
1) I Get Around
2) All Summer Long
3) Hushabye
4) Little Honda
5) We'll Run Away
6) Carl's Big Chance
7) Wendy
8) Do You Remember?
9) Girls On The Beach
10) Drive-In
11) Our Favorite Recording Sessions
12) Don't Back Down

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Madonna - True Blue

 Não faz muito tempo vi uma entrevista da Madonna falando mal de seus primeiros discos, definindo eles como algo "pré-histórico", primitivo e que atualmente ela se sentia muito mais confiante em seu trabalho. Não seja tão pretensiosa querida Madonna. Em relação ao seu trabalho eu gosto de compará-lo com os primeiros discos dos Beach Boys. Quando eram despretensiosos (e tinha um ar de adolescentes assumidos) eram muito mais divertidos. Depois que passou a se considerar uma espécie de "Mozart de saias" ficou chata até dizer chega. O pop só sobrevive se for bem descartável mesmo, tipo um chiclete que você compra na esquina. Nos tempos de "True Blue" Madonna era bem isso - provavelmente por isso fez tanto sucesso na época! "Papa Don't Preach" que abre o disco tinha justamente esse sabor de "desabafo adolescente". A letra é uma afirmação de independência de uma adolescente ao seu pai. Nada mais adequado já que a público da Madonna nos anos 80 era formado por garotas de 16 anos. Nada de muito anormal. O problema é que nem todas as garotinhas que resolveram fugir com seus namorados para terem suas próprias famílias se deram tão bem na vida. De qualquer forma essa é uma canção pop teen. O ritmo é muito bom e nostálgico. Bons tempos - você pensará!

Desse disco a minha canção preferida é a que dá título ao álbum. "True Blue" parece uma melodia saída de algum compacto de Buddy Holly. Uma delícia. O clipe serviu para que Madonna adotasse um visual a la Marilyn Monroe, algo que sempre achei muito adequado. Ambas inclusive tinham mais em comum do que muitos pensavam. Também sempre considerei a imagem de Madonna dançando como uma pin-up dos anos 50 um verdadeiro ícone da música e do nascimento dos videoclips. A letra é bobinha, para não fundir a cabecinha das fãs, mas tudo bem. Esse é um daqueles pops que ficaram para sempre na cabeça de quem viveu os anos 80. O disco também é cheio de bobagens que não sobreviveram ao tempo. "White Head" é um desses momentos absurdamente datados. Cheio de sintetizadores, com uma parte falada - como se um filme estivesse sendo exibido ao fundo - a canção é um exemplo de como o tempo arrasa certas canções quando elas adotam instrumentos e efeitos sonoros que com o tempo ficam completamente ultrapassados e fora de moda. "Love Makes the World Go Round" também ficou velha, mas seu ritmo latino a salvou da mediocridade total. Vale pelo refrão bem alto astral. Madonna, que nunca foi boba, sabia como levantar uma pista de dança.

Madonna - True Blue (1986)
Papa Don't Preach / Open Your Heart / White Heat / Live to Tell / Where's the Party / True Blue / La Isla Bonita / Jimmy Jimmy / Love Makes the World Go Round.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Madonna - Like a Prayer

Que Madonna é uma sobrevivente poucos duvidam. Um dos segredos de sua longa carreira é a forma como ela manipula a mídia em seu favor. Madonna nunca deixou de ser, ao longo de todos esses anos, uma notícia quente! Sua vida pessoal e profissional no fundo se resumem a uma só coisa pois tudo no final das contas vai virar produto da mídia. Ela é de certa forma herdeira de Marilyn Monroe nesse sentido, pois a loira ícone do cinema clássico também transformava aspectos de sua vida privada em forma de autopromoção na grande mídia. Nunca saindo das manchetes, mantendo sempre seu nome em evidência (não importando se de forma positiva ou negativa) Madonna foi sobrevivendo como artista. Assim queiramos ou não lá está Madonna de volta ao noticiário, seja causando polêmica contra a Igreja Católica, ou passeando com seu novo namorado garotão fingindo não ver os paparazzis, ora se envolvendo em alguma troca de farpas com outros artistas. Foi sempre assim, eternamente aparecendo na imprensa de alguma forma que Madonna se sustentou por tantos e tantos anos. Um exemplo que ela aprendeu bem cedo na carreira como bem demonstra esse álbum "Like a Prayer".

O alvo da vez, um dos preferidos da diva, foi a Igreja Católica. Como toda descendente de italianos a cantora sempre teve essa relação de amor e ódio com o catolicismo (afinal seu próprio nome vem da tradição católica romana). Na época Madonna criou polêmica com o clip da música, colocando um Jesus negro em uma igreja de um bairro pobre de Nova Iorque, sofrendo mais uma vez a violência das ruas. Para ser mais ousada ainda surgiu beijando na boca o Messias. Um escândalo! Era o tipo de polêmica que ela queria na época pois se mostrar como uma artista ousada, desafiadora, sempre rendeu bons dividendos de popularidade. E a Igreja Católica com toda sua tradição milenar se mostrou um alvo certeiro mais uma vez. No fundo essas exibições polêmicas de Madonna não possuem qualquer valor mais à sério para se debruçar, pois é queiram ou não seus admiradores, apenas mais uma jogada de marketing. A diva sabe se promover, isso é um fato incontestável. Deixando isso tudo de lado temos aqui uma boa seleção musical com faixas que viraram grandes hits nas rádios. Por essa época de extrema popularidade praticamente todas as canções dos álbuns de Madonna viravam mais cedo ou mais tarde hits radiofônicos. Musicalmente os arranjos, como não poderiam deixar de ser, seguem o receituário da época, ou seja, muitos sintetizadores, melodias dançantes e letras derivativas. Mesmo assim são gravações deliciosamente descartáveis que hoje funcionam como pura nostalgia para quem viveu na época. Uma receita de sucesso que se mostrou imbatível por anos e anos a fio.

Madonna - Like a Prayer (1989)

Like a Prayer / Express Yourself / Love Song / Till Death Do Us Part / Promise to Try / Cherish / Dear Jessie / Oh Father / Keep It Together / Spanish Eyes / Act of Contrition.

Pablo Aluísio.

Madonna - Like a Virgin

Madonna volta ao Brasil agora e por essa razão resolvi escrever um pouco sobre o disco que a transformou na estrela que ainda é hoje em dia. Like a Virgin é o álbum da vida de Madonna. Seu primeiro disco é interessante mas ela ainda surgia muito crua e inexperiente. Em Like a Virgin porém veio a grande transformação em superstar. Era os anos 80 e quando mais exagerado fosse o visual e os sintetizadores melhor. Uma dose de polêmica também era muito bem-vinda. Pois bem, Like a Virgin tinha tudo isso em doses generosas. Madonna se aliou ao produtor Nile Rodgers e ele conseguiu com raro brilhantismo transformar as ideias de Madonna para o disco em um LP muito bem produzido, com raro faro para estourar nas paradas. Cada música foi exaustivamente trabalhada por Rodgers. A intenção era obviamente alcançar um estouro de vendas e ele ao lado de sua artista conseguiu isso. Like a Virgin vendeu 35 milhões de cópias, um número praticamente inimaginável para as cantoras de hoje em dia. Na época não havia pirataria, nem internet, assim quem quisesse ouvir Madonna tinha que necessariamente comprar o vinil nas lojas. Hoje em dia o tal LP é algo estranho para as novas gerações mas para os jovens da década de 80 ele era a única alternativa para ouvir seus ídolos.

Como não poderia deixar de ser o álbum Like a Virgin é lotado de hits. "Material Girl", "Like a Virgin", "Into the Groove" (que foi incluída depois em uma segunda tiragem do disco), "Over and Over","Shoo-Bee-Doo" e "Dress You Up". Essas faixas tocavam o tempo todo, em todas as rádios, o dia inteiro. É literalmente impossível alguém que tenha vivido na década de 80 que não conheça todas elas."Material Girl" e "Like a Virgin" trazem a essência de Madonna. As letras falam de uma nova mulher, mais livre, dona de si, que deixa as amarras moralistas de lado para assumir um lado mais feminino, mais despudorado até. A própria Madonna usava "Like a Virgin" como uma paródia para os costumes e tabus sexuais da época. A virgindade, a suposta pureza que a sociedade exigia das mulheres, tudo isso era satirizado pela cantora. Nem preciso dizer que esse tipo de mensagem, aliada a um visual ousado e uma campanha muito bem pensada de marketing por parte da Warner, transformaram Madonna em um sucesso musical só comparado na época a Michael Jackson, que vinha de seu ultra sucesso "Thriller" (falaremos sobre ele em breve aqui no blog). O curioso é que muitos diziam que Madonna definitivamente não iria durar muito, que era uma estrela juvenil que logo seria esquecida. O tempo provou que ela tem uma forte resistência aos modismos e às modas musicais que vão e vem. De fato Madonna sobrevive. Hoje em dia ainda é considerada uma estrela, mesmo após tantos anos desse seu "Like a Virgin".  Por essa razão se você estiver mesmo a fim de entender Madonna em sua mais pura essência não deixe de ouvir Like a Virgin. Um disco fundamental nesse aspecto.

Madonna - Like a Virgin (1984)
Material Girl / Angel / Like a Virgin / Over and Over / Love Don't Live Here Anymore / Into the Groove / Dress You Up / Shoo-Bee-Doo / Pretender / Stay.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Madonna - Madonna

Esse foi o primeiro disco de Madonna. Ela era uma aposta da Warner para vencer no concorrido mercado pop que naquela época começava a ganhar destaque nas paradas de sucesso. O rock já demonstrava sinais de saturação e com o advento do Heavy Metal ganhava ares de nicho muito específico. As gravadoras por sua vez queriam algo mais genérico e a Pop Music se mostrava muito adequada para isso. Madonna assim foi ao mercado com o firme objetivo de fazer muito sucesso e vender muitos discos. Com uma pose de jovem rebelde sem freios logo conquistou uma legião de fãs, principalmente entre as adolescentes dos anos 80. Usando um figurino próprio e exótico a cantora praticamente criou a imagem da cantora pop que iria ser imitada à exaustão nos anos seguintes. Ao ouvir novamente esse álbum logo descobrimos que dentre todos os gêneros musicais o Pop seja talvez o que tenha a data de validade mais fugaz. Praticamente todas as faixas soam hoje em dia completamente datadas, com arranjos ultrapassados, cheios de sintetizadores que não fazem mais o menor sentido. Mesmo assim para quem foi jovem naquela época o disco ainda funcionará com um belo retrato nostálgico dos 80´s, embora não consiga ser muito mais além disso.

Entre as faixas destacaria "Lucky Star" que tinha um clip bem básico, com Madonna e dois bailarinos com um fundo branco atrás. Nada mais do que isso, apenas dança e o vocal da cantora, sem "estorinhas" a serem contadas. Destaque para o figurino dela. Que cabelo era aquele?! Mas enfim... um típico produto de divulgação da Warner em uma fase pré surgimento da MTV. Como ela ainda não era uma estrela o orçamento desse primeiro clip foi bem econômico. Já o grande hit do disco, "Bordeline", ganhou um clip bem mais elaborado. Ela já havia conquistado a confiança da gravadora com algumas milhares de cópias vendidas. Como era praxe naquela década o enredo é bem bobinho. Madonna no clip interpreta uma garota em duas fases de sua vida, como modelo (onde as cenas aparecem em um preto e branco estilizado, com glamour e cenários bem elaborados) e como uma garota normal, de Los Angeles, que acaba levando o fora de seu crush, um latino de periferia. A letra não é sobre pessoas que sofrem de síndrome de personalidade bordeline, como alguns chegaram a dizer, mas apenas sobre os sentimentos de uma garota cansada de tantos joguinhos com o namorado, vivendo no limite. Nada de desvios psicológicos, é bom salientar. Então é basicamente isso. Um bom LP para a época, com uma Madonna ainda em formação. A grande estrela só iria surgir mesmo pra valer no disco seguinte, esse sim um fenômeno de vendas em todo o mundo.

Madonna - Madonna (1983)
Lucky Star / Borderline / Burning Up / I Know It / Holiday / Think of Me / Physical Attraction / Everybody.

Pablo Aluísio.

Madonna - Blond Ambition

Madonna - Blond Ambition
Documentário que acompanha a cantora Madonna durante sua turnê mundial "Blond Ambition" durante o ano de 1990. O principal foco do filme é mostrar os shows da famosa cantora pop nos palcos japoneses, onde lotou estádios e levou centenas de milhares de fãs ao delírio. "Blond Ambition" foi uma das turnês mais bem sucedidas de Madonna em sua carreira. Ela estava realmente em ótima forma e com ousadas performances chamava a atenção da imprensa e do público. Cada show foi um acontecimento e tanto no mundo do show business. Aqui temos um documentário muito bem realizado mostrando a passagem da turnê pelo Japão. 

É curioso notar como essa cultura secular se rendeu facilmente à invasão cultural americana durante aqueles anos. Por essa época Madonna adotou o visual ao estilo Marilyn Monroe, o que sempre achei muito interessante e curioso. Os shows são movimentados, com ótimas coreografias e passos de dança. Sinceramente falando acredito que nesse nicho pop nenhuma cantora ainda hoje conseguiu superá-la, tanto em termos de sucesso como em impacto na mídia. Assim fica a dica para os curiosos e a lembrança para os fãs de que se trata de um item essencial em suas coleções, não vá perder!

Madonna - Blond Ambition
Ano de Produção: 1990 / País: Estados Unidos, Japão / Estúdio: Sony Pictures / Direção: Mark Aldo Miceli / Roteiro: Mark Aldo Miceli, Madonna / Elenco: Madonna, Donna DeLory, Niki Harris.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de maio de 2011

Michael Jackson - Invincible

Esse foi o último álbum da carreira de Michael Jackson. Na época de seu lançamento houve uma grande ansiedade por parte de fãs e imprensa pois já fazia quatro anos que o cantor não lançava material realmente inédito no mercado. Nem é preciso lembrar que a vida de Michael continua caótica, enfrentando problemas de toda ordem, inclusive complicados processos envolvendo acusações de pedofilia. Por isso Michael se considerava naquela altura de sua vida uma pessoa realmente invencível, uma vez que havia conseguido sobreviver a todos esses problemas. Jackson estava em uma nova gravadora, a Sony, e tinha grandes expectativas em relação ao disco mas logo se mostrou desapontado com os resultados comerciais. Três singles foram lançados, "You Rock My World", "Cry" e "Butterflies" mas nenhum deles conseguiu ser efetivamente um impacto nas paradas como os antigos sucessos de sua carreira. O álbum também se mostrou tímido em termos de vendagens, vendendo meras cinco milhões de cópias nos Estados Unidos, um número bom para qualquer artista mas não para Michael Jackson que conseguira vender estimadas 100 milhões de cópias por Thriller. Em vista disso o rótulo de "fracasso" comercial começou a rondar Invincible. Em represália Michael culpou a Sony pelos resultados fracos. Chegou ao ponto de acusar a gravadora de ser racista e ter boicotado seu material por ele ser um astro afro-americano. O rompimento depois de acusações tão pesadas logo se tornou inevitável.

Eu sempre digo que quando o artista perde o foco de sua arte se preocupando apenas com números ele acaba perdendo sempre o que tem de melhor. É isso é algo bem claro nesse "Invincible". De repente todos estavam falando das poucas cópias vendidas, esquecendo de analisar o CD apenas por seus méritos artísticos. Olhando sobre esse ângulo considero "Invincible" um bom trabalho de Jackson. Não é uma obra prima mas certamente é um trabalho acima da média. Talvez sua preocupação em flertar com artistas do estilo rap tenha ofuscado um pouco o conjunto das canções do álbum mas há outros estilos presentes no disco que o salvam da mediocridade. R&B, hip hop e dance-pop estão presentes na seleção musical para amenizar esse aspecto negativo. Curiosamente Jackson só volta a brilhar mesmo quando retoma seu bom e velho estilo em faixas como "You Are My Life", "Break of Dawn" ou até mesmo a ótima "Speechless" que tem uma linda melodia. Já quando tenta se auto imitar como em "Threatened" derrapa feio pois definitivamente os dias de Thriller estavam há muito superados. A participação de grandes músicos, como Slash, o mitológico guitarrista do Guns and Roses, em "Privacy" também ajudam a manter o interesse. Michael também não deixou o lado mais social de lado dedicando o disco para o garoto negro Benjamin "Benny" Hermansen, morto por grupos neonazistas na Noruega em 2001. Assim no final das contas não importa se o álbum foi ou não um estouro de vendas pois hoje em dia isso não tem qualquer importância. O que é relevante é a música de Jackson, que aqui ressurge não tão brilhante como um dia foi, mas mesmo assim mantendo um nível de qualidade digno de sua posição dentro da música mundial. Sem dúvida ele foi um artista que deixou uma lacuna que dificilmente será preenchida. Era um cantor e compositor realmente fora de série.

Michael Jackson - Invincible (2001)
Unbreakable / Heartbreaker / Invincible / Break of Dawn / Heaven Can Wait / You Rock My World / Butterflies / Speechless / 2000 Watts / You Are My Life / Privacy / Don't Walk Away / Cry / The Lost Children / Whatever Happens / Threatened.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de maio de 2011

Michael Jackson - HIStory

Michael Jackson foi um grande artista de nosso tempo. Era ótimo cantor, dançarino e compositor. Certamente sua imensa popularidade é plenamente justificada pelo grande talento que tinha. Sobre isso acredito que não haja grandes controvérsias. Infelizmente isso não bastava ao cantor e ele se envolveu em uma enorme quantidade de confusões ao longo da vida, fatos esses que nem preciso aqui entrar em detalhes pois já é demais sabido por todos, ainda mais depois de sua morte quando somos bombardeados diariamente com aspectos de sua vida pessoal. Michael Jackson não foi apenas um grande astro musical mas uma celebridade elevada à nona potência. Nesse ponto é que reside todo o problema. Como prestar atenção no artista Michael Jackson no meio de tanto barulho causado por sua persona sui generis? É algo complicado de se alcançar. Ainda mais agora, após sua morte. De repente Michael, que era mal visto por muita gente, virou uma espécie de santidade imaculada. Incrível como tantas pessoas mudaram de opinião tão rapidamente apenas pelo fato de seu falecimento. Certamente a mídia mostrou, como poucas vezes se viu, a sua enorme capacidade de mudar a opinião pública na direção de onde bem entender. O mesmo Michael que foi massacrado pela indústria de informação hoje é canonizado num evento sem proporções, mostrando realmente que a massa está totalmente nas mãos dos grandes meios de comunicação.

Mas isso é um assunto para se discutir com mais calma em outra ocasião. Como afirmei antes, se focar apenas no músico Michael Jackson nos dias de hoje é algo complicado. Esse CD, HIStory, lançado bem no meio das acusações de pedofilia, mostra como o lado musical de Michael foi soterrado pelas toneladas de tablóides sensacionalistas. Ouvir HIStory agora é algo revelador. Ao longo de suas várias faixas podemos tranquilamente notar o grande artista que o mundo perdeu recentemente. Na verdade o álbum, tal como foi concebido, vem fazer um levantamento sobre a trajetória de Michael ao longo dos anos. Assim no CD 1 temos seus maiores sucessos, com todos aqueles clássicos que tão bem conhecemos (e que por isso não vou tecer maiores comentários). Já o CD 2 traz material inédito gravado por ele naquele ano. O ponto alto é justamente o CD2 de inéditas. Nessas quinze faixas facilmente reconhecemos o que de melhor (e pior) existia na carreira de Jackson. De positivo temos ótimas baladas cantadas por Michael, mostrando mais uma vez o ponto forte de sua voz. "Stranger In Moscow", uma faixa estranhamente intimista mostra esse seu lado vocal, que depois é confirmada na bela "You Are Not Alone" (feita em homenagem a sua esposa de então, a filha de Elvis, Lisa Marie Presley). Para quem gosta do lado mais agitado do astro, duas faixas tentam, sem muito êxito é bom salientar, reviver os dias de Bad e Thriller. Em Scream temos um dueto pouco inspirado ao lado de sua irmã Janet e em 2 Bad constatamos que a velha fórmula havia se desgastado um pouco.

Já "HIStory", a faixa que dá nome ao CD, é no mínimo curiosa, mas pelo sua própria estrutura dificilmente se destacaria nas paradas. O lado ruim do CD vem da regravação desnecessária de Come Together dos Beatles (afinal os direitos eram dele mesmo) e da constrangedora "Childhood" (depois de todas as acusações Michael deveria ter evitado o tema infantil no CD). "Money" tem uma estrutura rítmica muito rica, assim como o vocal de Michael, excelente. "Earth Song" por sua vez se destaca não só pela bonita melodia mas também pela mensagem de tenta passar (Pois é, até na terra do Peter Pan havia consciência com nosso meio ambiente). "Little Susie" é tão estranha quanto curiosa. Não sei onde ele estava com a cabeça ao se envolver com esse tipo de canção. Por fim temos "Smile", que era a sua canção preferida. Aqui temos o grande momento do CD pois não há como negar que se trata de uma das mais lindas releituras dp grande clássico de Charles Chaplin. É um momento primoroso, acima de qualquer crítica, que fez jus ao talento genial de seu criador. É isso, HIStory mostra as facetas de um ser humano complexo, difícil de entender e compreender, mas que no final deixou uma grande obra, essa sim, imortal.

Michael Jackson - HIStory (1995)
HIStory Begins (Disc 1): 01. Billie Jean 02. The Way You Make Me Feel 03. Black Or White" 04. Rock With You 05. She's Out Of My Life 06. Bad 07. I Just Can't Stop Loving You 08. Man In The Mirror 09. Thriller 10. Beat It 11. The Girl Is Mine 12. Remember The Time 13. Don't Stop 'Til You Get Enough 14. Wanna Be Startin' Somethin' 15. Heal The World.

HIStory Continues (Disc 2): 01. Scream 02. They Don't Care About Us 03. Stranger In Moscow 04. This Time Around 05. Earth Song 06. D.S. 07. Money 08. Come Together 09. You Are Not Alone 10. Childhood (Theme from Free Willy 2) 11. Tabloid Junkie 12. 2 Bad 13. HIStory 14. Little Susie.

Pablo Aluísio.

Michael Jackson - Bad

Esse álbum realmente tinha uma tarefa impossível de cumprir, a de superar o sucesso e as vendas do disco anterior de Michael Jackson, "Thriller", até hoje o LP mais vendido de todos os tempos. Claro que jamais iria alcançar aquele tipo de êxito comercial mas a indústria fonográfica tinha esperanças que aquilo ainda era possível de se repetir. No final das contas não deu. Na verdade "Bad" vendeu pouco mais da metade das cópias de "Thriller". Além disso não conseguiu a façanha de transformar praticamente todas as suas faixas em hits, como havia acontecido no disco anterior. Mesmo assim vendeu horrores, ganhando 20 discos de platina por suas vendas. Também consolidou Michael Jackson como o maior astro da música de seu tempo.

Infelizmente aspectos bizarros de sua vida pessoal começaram também a pipocar nos jornais por essa época, isso foi ruim pois ofuscou o lado artístico de Jackson, dando margem ao aspecto mais sensacionalista de sua vida. Revisando "Bad" nos dias de hoje chegamos na conclusão que a boa sonoridade ainda resiste, embora algumas faixas tenham perdido relevância com o tempo justamente por terem se rendido em demasia aos padrões meramente comerciais dos anos 80. / Estúdio Selo: CBS / Produção: Michael Jackson, Quincy Jones / Formato Original: Vinil  / Músicos: Michael Jackson, Steve Wonder, Eric Gale, Maxi Anderson, David Williams entre outros.

Michael Jackson - Bad (1987)
Bad / The Way You Make Me Feel / Speed Demon / Liberian Girl / Just Good Friends / Another Part of Me / Man in the Mirror / I Just Can't Stop Loving You / Dirty Diana / Smooth Criminal / Leave Me Alone.   

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Michael Jackson – Thriller

Só quem viveu os anos 80 consegue ter uma noção completa do impacto que Thriller teve no mundo musical. Esse é um álbum que realmente merece o rótulo de fenomenal. É incrível que um artista como Michael Jackson – que mesmo após o lançamento de seu disco de estréia ainda tentava se desvincular de seu passado no Jackson Five – tenha conseguido atingir tamanho êxito. E não estou falando apenas em sucesso de vendas, já que Thriller foi o álbum mais vendido de todos os tempos, mas sim de sucesso do ponto de vista artístico, musical. Mesmo que você não goste do cantor por causa de seus inúmeros problemas pessoais que o atingiram depois, é quase impossível negar a importância que Thriller teve para o mundo da música nos anos 80. Fruto do trabalho de Michael com o produtor Quincy Jones, Thriller tem um ar de jovialidade e originalidade que até hoje impressiona quem o ouve. Foi o auge de Michael Jackson, a sua obra prima, o pico – que nem ele mais conseguiria atingir depois!

Uma das características que sempre me chamaram atenção em “Thriller” era o incrível número de grandes sucessos presentes em sua seleção musical. Alíás todo o disco foi sucesso, da primeira à última faixa, sem exceções. Eu me recordo bem que nas festinhas de adolescentes da época Thriller era tocado na íntegra porque além de ser um disco extremamente popular não havia faixas ruins ou apagadas – que estavam ali apenas para completar o disco, por exemplo. Pelo contrário, Thriller só tinha sucesso, um atrás do outro, e todas as canções eram extremamente bem trabalhadas e produzidas, mostrando todo o perfeccionismo de Michael Jackson e Quincy Jones nos estúdios. Canções como “Billy Jean”, “Beat It” e a própria “Thriller” viraram verdadeiros hinos de uma geração. Para completar os videoclips (novidade para uma época ainda muito primitiva nesse aspecto) ajudaram a popularizar ainda mais as músicas. Olhando para trás podemos perceber que no fundo “Thriller” foi a glória e a desgraça de Michael Jackson. A glória porque nenhum outro artista conseguiu superá-lo nos números absurdos de cópias vendidas que esse álbum conseguiu alcançar e desgraça porque depois desse avassalador sucesso Michael Jackson nunca mais conseguiu superar o fato dele ter sido literalmente esmagado por sua própria fama e sucesso.

Michael Jackson - Thriller (1982)
1. Wanna Be Startin' Somethin 2. Baby Be Mine 3. The Girl Is Mine 4. Thriller 5. Beat It 6. Billie Jean 7. Human Nature 8. P.Y.T. (Pretty Young Thing) 9. The Lady in My Life.

Pablo Aluísio.

Michael Jackson - Off the Wall

Não é o primeiro disco solo da carreira de Michael Jackson como muitos escrevem por aí. Na verdade Michael já tinha gravado discos solos  antes, quando era apenas um garoto como por exemplo "Got to Be There" e "Ben", ambos de 1972 ainda no selo Motown. Aqui o que temos é o primeiro álbum solo da fase mais magnífica da carreira do cantor quando ele começou a se tornar um artista ícone do mundo pop. Não resta dúvida que a musicalidade desse disco marcou toda uma época. Praticamente todas as faixas viraram hits e Michael começou sua escalada rumo ao Olimpo dos deuses do mundo da música. Seu álbum seguinte, "Thriller" de 1982, se tornaria o disco mais vendido de todos os tempos.

Importante chamar a atenção para o fato de que todos os maneirismos vocais e de performance que Michael iria polir à perfeição no disco seguinte já podem ser encontrados aqui nessas faixas. Em termos de composição Michael ainda se utiliza de outros compositores como o aclamado Stevie Wonder (que escreveu a ótima "I Can't Help It") e Paul McCartney (que tem sua simpática "Girlfriend" do disco "London Town" regravada em excelente versão de Jackson). É um disco coeso, ainda com nuances do movimento Disco que imperava nas paradas daquela época. Um álbum feito para tocar nas rádios e fazer sucesso, algo que Michael Jackson sabia fazer muito bem. / Estúdio Selo: Epic / Produção: Quincy Jones, Michael Jackson / Formato Original: Vinil / Músicos: Michael Jackson, Randy Jackson, Larry Carlton, David Foster, Louis Johnson, John "JR" Robinson, Phil Upchurch, David Williams, entre outros.

Michael Jackson - Off the Wall (1979)
Don't Stop 'Til You Get Enough / Rock with You / Working Day and Night /  Get on the Floor / Off the Wall / Girlfriend / She's Out of My Life / I Can't Help It / It's the Falling in Love / Burn This Disco Out.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Janis Joplin - Verdades e Mentiras

O Que Matou Janis Joplin?
Ela sofreu uma overdose de heroína. Janis comprou um tipo de heroína preta mexicana com pureza de cinquenta por cento, uma química fatal para qualquer pessoa. Sozinha em seu quarto, ela se injetou e poucos segundos depois apagou, desmaiou. Caiu ao lado da cama, no chão, mas antes disso bateu com a boca no criado mudo. Ela vinha lutando para deixar a droga, mas após uma fase de abstinência não resistiu e voltou a comprar heroína de seu traficante. Foi seu maior erro. Morreu com apenas 27 anos de idade.Seu corpo só foi encontrado 18 horas depois. Quando os paramédicos chegaram já era tarde demais.

Janis Joplin fez um aborto?
Sim, há confirmação de pelo menos um aborto. Ela ficou grávida e não sabia com certeza quem era o pai, já que tinha uma vida sexual promíscua. O aborto foi mal realizado e trouxe complicações. No camarim, antes de um show, acabou desmaiando por causa do procedimento mal feito em uma clínica clandestina. Foi hospitalizada e por pouco escapou de sofrer um processo criminal pois o aborto era proibido por lei. O pior porém foi o trauma psicológico pois ela levou uma culpa pesada pelo resto de sua vida, como confidenciou a uma amiga algumas semanas antes de sua morte.

Janis Joplin sofria de alcoolismo?
Segundo um amigo muito próximo ela sempre terminava seu dia completamente bêbada. Além de ser viciada em drogas pesadas ela também tinha um problema muito sério com bebidas alcoólicas. Isso atrapalhou sua carreira. Nas gravações causava inúmeros problemas pois quando estava muito alcoolizada, não conseguia cantar. Nos palcos levava um litro de whisky de sua marca preferida para ir tomando entre uma música e outra. Por isso nos finais dos concertos tinha que ser retirada do palco nos braços dos produtores de seus shows.

Janis Joplin esteve no Brasil?
Sim, após o lançamento de um disco que foi bastante criticado ela decidiu dar um tempo. Fugiu dos Estados Unidos e veio parar no Rio de Janeiro, bem no meio de uma comunidade de hippies. Aqui conheceu um americano chamado David que decidiu ajudá-la a ficar limpa. A levou para uma região afastada e fez com que ela ficasse longe das drogas. Foi uma recuperação. Só que de volta aos Estados Unidos sucumbiu de novo ao abuso de drogas. David, o namorado, ficou tão decepcionado que resolveu acabar o breve namoro.

Como foi sua infância e juventude?
Janis era uma mulher fora dos padrões. Texana, rejeitou o padrão que era imposto às mulheres de sua época. Vestia roupas ousadas, algumas masculinas e por isso era alvo de piadas e gozações. Certa vez, na universidade, a elegeram como o "homem mais feio do campus". Isso a magoou bastante, por isso decidiu deixar o Texas para ir para a Califórnia, onde abraçou de vez o movimento hippie, da geração paz e amor. Nas entrevistas sempre reclamava disso, de como tudo havia destruído sua auto estima por anos.Também sofreu bastante com insônia e ansiedade. Nunca conseguiu superar esses dois problemas.

Janis Joplin era lésbica?
Na verdade ela era bissexual, ou seja, se envolvia tanto com homens como com mulheres. Janis fazia da contracultura dos anos 60 uma prática em sua vida pessoal. Com o lema do "amor livre" entre os hippies não havia limites e nem barreiras para esse tipo de comportamento sexual mais liberal. Afinal esse era o lema dessas jovens da Califórnia nos anos 60.

Quanto tempo durou sua carreira e quantos discos lançou?
A carreira musical de Janis Joplin foi extremamente breve. Ela começou a cantar profissionalmente aos 24 anos e morreu aos 27, assim sua carreira mal durou três anos! Nesse período ela só gravou dois discos solos e quando o segundo chegou nas lojas ela já havia morrido de uma overdose de drogas. Esse segundo e último álbum se chamou "Pearl" e chegou ao primeiro lugar nas paradas, afinal sua morte ainda era muito recente e todos estavam chocados pelo fato dela ter morrido tão jovem! Claro, depois a gravadora aproveitou a comoção e lançou inúmeras coletâneas para faturar alto com o mercado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de maio de 2011

The Beatles - Os Beatles no Cinema

Assim como Elvis Presley os Beatles também tiveram uma carreira no cinema. Em dez anos eles participaram de três filmes convencionais e uma animação. O primeiro filme dos Beatles foi feito no auge da Beatlemania e se chamou "Os Reis do Ié, Ié, Ié" no Brasil. Esse foi considerado o melhor momento do grupo na sétima arte. É um filme muito bem bolado, escrito e dirigido, que basicamente tenta mostrar de forma bem humorada o cotidiano deles mesmos. Os Beatles interpretam os próprios Beatles.

"Help!", o segundo filme do grupo, rendeu uma maravilhosa trilha sonora (com direito a ter "Yersterday" no lado B do álbum) mas paradoxalmente um péssimo filme. Revisto hoje em dia tudo soa terrivelmente datado e mal feito. Os próprios membros do grupo não levaram o filme à sério, uma bobagem sobre um vilão de caricatura que vai atrás de um dos anéis do Ringo Starr. É um filme bem ruim que no final só foi salvo mesmo pela música maravilhosa do quarteto de Liverpool.

"Yellow Submarine", o terceiro filme da banda no cinema, foi uma animação. Eles tinham que cumprir um contrato, mas não estavam a fim de atuar, nem de passar por um novo e cansativo processo de filmagem. Assim contrataram animadores e o resultado saiu melhor do que era esperado. Hoje em dia é considerado um clássico psicodélico. O resultado ficou tão bom que o grupo deu uma canja, em carne e osso, na cena final. A trilha sonora também era boa, mesmo que recheada de reprises e restos de estúdio da discografia deles.

O último filme dos Beatles foi um documentário chamado "Let It Be". Era para ser dividido em duas partes. Na primeira o grupo seria mostrado em estúdio, ensaiando. Depois eles seriam mostrados nos palcos, em grandes shows. Essa era a ideia inicial de Paul McCartney. No meio do caminho porém houve muitas brigas e a ideia de uma grande turnê foi cancelada. Assim o filme que chegou aos cinemas só mostrou mesmo os ensaios, as brigas e a tensão que culminaria no fim da banda. Lançado em 1970 o filme, por mais contraditório que isso possa parecer, acabou até mesmo sendo prestigiado pela academia de Hollywood, sendo premiado com o Oscar de melhor trilha sonora original. Nada mais justo, afinal eram os Beatles!

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Primeiros Shows

Wings University Tour
No final da carreira dos Beatles quando tudo estava desmoronando, Paul tentou convencer os demais membros da banda a voltarem para a estrada. Ele queria que os Beatles voltassem a tocar ao vivo para capturar o velho sentimento que os unira no passado. Não deu certo. George Harrison não sentia saudades das turnês dos Beatles e John Lennon acreditava que não havia mais como retornar ao velho espírito pois os Beatles já não eram mais garotos de vinte e poucos anos tomados pela febre da Beatlemania. Assim, para desapontamento de Paul, tudo foi deixado de lado.

Ele porém não queria desistir e quando os Beatles implodiram e ele foi para a carreira solo não pensou duas vezes antes de cair na estrada. Foi em 1972 que Paul finalmente voltou aos shows ao vivo. Ele tinha formado uma nova banda chamada Wings e queria sentir novamente a emoção de tocar ao vivo, algo que não fazia há anos por causa da decisão dos Beatles de pararem de fazer concertos. Como Paul ainda se sentia um pouco inseguro de voltar aos palcos ele optou em realizar pequenos shows por universidades da Inglaterra. Nada da loucura das apresentações dos Beatles em grandes estádios.

Outra decisão de Paul McCartney (que ele logo abandonaria) era a de que não tocaria músicas dos Beatles nos concertos, mas apenas faixas de seus três recentes discos solos. Assim os Wings se apresentariam em lugares mais culturalmente relevantes, com um público formado basicamente por universitários ingleses. Nessa primeira turnê ele montou a primeira formação dos Wings, com apenas quatro músicos, ele próprio, Linda, Denny Laine e Denny Seiwell.

A turnê foi batizada de "Wings University Tour" e foi realizada entre os dias 9 e 22 de fevereiro de 1972. Apenas 11 shows foram realizados. O primeiro foi feito na Universidade de Nottingham e o último na prestigiada e internacionalmente conhecida Oxford University. Curiosamente bem no final da agenda Paul decidiu levar os Wings para realizar uma apresentação surpresa no País de Gales, na Swansea University, um dia antes de ir para Oxford. Foi quase um teste para acertar todos os detalhes para o último show dos Wings naquela turnê.

O resultado foi bem positivo, mas Paul percebeu que não dava para fazer shows sem as músicas dos Beatles. O público estava sempre pedindo "Yesterday", "Hey Jude", entre outras e Paul sempre tinha que interromper os pedidos explicando que a apresentação era apenas com canções de sua carreira solo. A cara de decepção dos fãs o fez mudar rapidamente de opinião, afinal de contas todas aquelas músicas maravilhosas tinham sido compostas por ele e não havia muito sentido as deixar de fora dos concertos. Ele, para alegria dos fãs dos Beatles, mudaria tudo para os próximos shows que realizaria em breve. Os Wings estavam lá, mas os Beatles pela grandeza de sua obra jamais poderiam ser ignorados. Essa foi a grande lição que Paul tirou desses concertos iniciais.

Wings Over Europe Tour
No verão de 1972 Paul resolveu partir para sua primeira grande turnê, por toda a Europa, levando seu grupo Wings para a estrada. Entre junho e agosto Paul McCartney e os Wings encararam uma turnê puxada, com shows praticamente diários. A turnê começou na França, onde Paul se apresentou em cinco diferentes cidades, encerrando em Paris no Olympia no dia 16 de julho. Depois de conquistar corações e mentes francesas o grupo seguiu para a Alemanha, onde se apresentaram em Munique e Frankfurt com lotação esgotada. A correria não parou mais e Paul foi cumprir sua agenda na Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega, Bélgica e Holanda. Foram excelentes apresentações onde Paul McCartney pôde sentir que o nome Beatles ainda tinha uma força incrível perante o público. Deixando os pudores da primeira excursão Paul resolveu trazer vários sucessos dos Beatles para os palcos, com ampla aprovação da platéia.

No geral os concertos foram considerados um grande sucesso de público e crítica. Não houve grandes incidentes a não ser uma prisão de Paul e Linda na Suécia, em 10 de agosto, na cidade de Gothenburg. Alertados por uma denúncia anônima investigadores resolveram averiguar o quarto de Paul na cidade e encontraram maconha em sua bagagem. Paul McCartney e sua esposa foram imediatamente detidos, pagaram uma pequena fiança e seguiram em frente. Perguntado pela imprensa local se ele havia ficado chateado com o acontecimento Paul falou que não, que isso poderia acontecer, e que de certa forma era um tipo de "boa publicidade" para os Wings. Por via das dúvidas, tentando fugir de maiores problemas legais, Paul e banda deixaram o palco direto para o aeroporto depois de seu concerto na cidade. Seria a primeira prisão de Paul por posse de maconha em sua carreira solo mas não a última, pois outras viriam nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

The Beatles ‎– The Beatles Ballads

Oficialmente os Beatles se separaram em 1970. Havia toda uma máquina industrial, fonográfica e comercial que girava em torno do grupo. Com o fim houve uma quebra generalizada nesse esquema. Assim a gravadora EMI precisou se virar para colocar anualmente algum título dos Beatles no mercado. Os anos 70 e 89 foram férteis nesse novo marketing que visava basicamente promover coletâneas temáticas da obra do conjunto. Assim a gravadora criou discos apenas com rocks, outros mostrando o melhor dos Beatles em seus anos iniciais e finais e por aí vai. Esse "The Beatles Ballads" como seu próprio nome já entregava, era uma coletânea das melhores baladas dos Beatles, com total destaque para o clássico absoluto "Yesterday".

É curioso que dentro da discografia inglesa oficial dos Beatles essa que é considerada a maior música romântica do quarteto, foi relegada para o lado B do disco "Help!". Nos anos 60 esse espaço era reservado nos discos para as músicas com menor potencial comercial. Até mesmo a expressão "Lado B" tinha exatamente esse significado. Era o lado do vinil que apenas os fãs mais ardorosos conheciam, com músicas que não faziam sucesso nas rádios e nem se tornavam hits. Assim "Yesterday" em seu lançamento original vinha para quebrar esse estigma. 

Sobre o conteúdo do disco em si não há maiores novidades. Um aspecto interessante porém vem de sua capa. Essa ilustração iria ser usada na capa do "Álbum Branco", só que John Lennon achou que uma capa completamente branca com o nome "The Beatles" em relevo seria algo mais inovador, mais artístico. Com isso a ilustração criada pelo artista John Byrne em 1968 foi arquivada e finalmente 12 anos depois foi finalmente usada pela EMI para essa coletânea que reunia as melhores músicas românticas do quarteto de Liverpool. 

"The Beatles Ballads" foi lançado em 1980 como parte dos lançamentos da EMI-Odeon relembrando os dez anos da separação do grupo. Pois é, não é de hoje que as gravadoras perceberam que datas redondas acabam gerando interesse renovado no mercado. Geralmente várias reportagens e notícias na mídia acabam lembrando aos fãs de momentos importantes na biografia de uma banda e a gravadora sabendo da publicidade grátis que esse tipo de matéria traz, acaba indo atrás. Já em termos de repertório "The Beatles Ballads" não traz muito interesse para aquele colecionador que já tem todos os discos oficiais. É basicamente uma coletânea de baladas feita para um público mais ocasional, que tem poucos ou nenhum disco dos Beatles em sua casa.  Por isso também se destaca mais as composições de Paul McCartney na seleção musical, uma vez que ele foi de fato o grande criador das melhores músicas românticas dos Beatles. Enfim, um item dispensável, a não ser que você seja um ouvinte de primeira viagem dos Beatles ou então um colecionador compulsivo que quer absolutamente tudo que já foi lançado pela EMI sobre eles.

The Beatles Ballads (1980)
Lado A: Yesterday / Norwegian Wood (This Bird Has Flown) / Do You Want to Know a Secret / For No One / Michelle / Nowhere Man / You've Got to Hide Your Love Away / Across the Universe / All My Loving / Hey Jude / Lado B: Something / The Fool on the Hill / Till There Was You / The Long and Winding Road / Here Comes the Sun / Blackbird / And I Love Her / She's Leaving Home / Here, There and Everywhere / Let It Be./ Data de lançamento: outubro de 1980 / Lançamento no Brasil: abril de 1981 / Selo: EMI Odeon - Parlophone / Produção: George Martin e Phil Spector / Número de cópias vendidas: 400.000.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Brian Epstein e os Beatles

O grande nome por trás do sucesso dos Beatles foi sem dúvida o empresário Brian Epstein. Ele era filho de uma bem sucedida família de judeus de Liverpool. Seu pai era um rico comerciante que colocou o filho para cuidar de sua loja de discos. No passado Brian já havia estado nas forças armadas inglesas e até tentara uma carreira de ator de teatro, porém nada parecia dar muito certo em sua vida.

Como dono da loja North End Music Store (NEMS) ele se encontrou. Brian se orgulhava de ter a melhor loja de música do norte da Inglaterra, onde o cliente jamais sairia sem encontrar o disco que procurava. Ele mandava importar álbuns diretamente dos Estados Unidos, pelo porto da cidade e era visitado por colecionadores vindos até mesmo de Londres atrás de raridades em vinil. Os próprios Beatles frequentavam a loja de Brian, mas eles nessa época não se conheciam. Os rapazes ainda eram jovens sem grana da classe trabalhadora de Liverpool. No máximo eles iam até a loja apenas para ouvir as novidades, mas sem comprar os discos, o que não interessava muito a Brian.

De qualquer maneira o negócio prosperou. Brian Epstein era um excelente gerente. Ele criou um método baseado em pura matemática com que deixava a loja sempre abastecida, com um excelente catálogo de discos. Anos depois Epstein diria que o maior vendedor de discos da época era Elvis Presley. Então ele importava discos de Elvis dos Estados Unidos antes mesmo deles serem lançados oficialmente na Inglaterra. Também explorava músicas e discos raros de outros países europeus. Isso transformou Brian não apenas em um excelente homem de negócios, mas também em um expert musical. Sem modéstia pessoal, Brian dizia que conhecia tudo em termos de mercado musical. Ele conhecia todos os cantores, todas as bandas, todos os selos, tudo... absolutamente tudo!

Seu orgulho de ter uma joja impecável só foi quebrado quando um jovem entrou em sua loja e pediu um disco de Tony Sheridan e The Beatles. "My Bonnie" era o lado A do disquinho alemão. Brian ficou chocado! Ele nunca havia ouvido falar nos Beatles e nem encontrou o single para vender nos catálogos que recebia das gravadoras. Era um lançamento desconhecido que ele nem sabia por onde comprar. Assim ele ficou intrigado com aquele pedido. Acabou descobrindo que os Beatles se apresentavam ali pertinho, em um clube. Acabou indo a uma de suas apresentações, mais tentando comprar exemplares do single que não tinha do que propriamente conhecer os jovens daquele barulhento grupo de rock. Depois que Epstein foi apresentado a John, Paul e George, toda a sua vida mudou. Ele nunca havia sido empresário de uma banda, mas também os Beatles nunca tinham sido empresariados antes, ainda mais por um homem de negócios como Brian.  Parecia o casamento perfeito. Acabou sendo o encontro que mudaria para sempre a música do século XX.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de maio de 2011

Paul McCartney - Pipes of Peace

Um dos grandes sucessos de Paul na década de 80, naqueles que foramss alguns dos anos mais criativos de toda sua carreira. Aqui Paul segue com a fórmula que havia dado muito certo em "Tug of War", ou seja, reunir-se a um grande nome da música com produção do maestro George Martin, seu produtor mais constante desde a época dos Beatles. Se em "Tug of War" tínhamos a presença muito especial de Stevie Wonder aqui Paul resolveu trazer nada mais, nada menos, do que o auto proclamado Rei do Pop, sim ele mesmo, Michael Jackson! Foi uma via de mão dupla,. Jackson participou de "Pipes of Peace" e em contrapartida Paul deu às caras no fenomenal disco "Thriller" (na ótima faixa “The Girl Is Mine”). Em Pipes of Peace Michael Jackson participa de duas excelentes canções, a simpática "Say, Say, Say" e a baladona "The Man". Ambas as músicas foram assinadas por Paul e Michael. Infelizmente essa parceria bem sucedida dentro dos estúdios, não duraria muito, pois Paul e Michael se desentenderam depois por causa da venda dos direitos autorais das músicas dos Beatles. Paul queria comprar, mas Michael lhe passou a perna e as comprou antes, deixando Paul desolado... e furioso! Sobre o acontecimento Jackson resumiria tudo com a seguinte frase: "Amigos, amigos, negócios à parte". Nunca mais voltaram a trabalhar juntos embora as regras de boa educação fizessem com que evitassem uma troca de acusações por meio da imprensa na época!

Além de Michael Jackson, Paul resolveu formar uma nova banda para as gravações, formação essa que eu pessoalmente considero das melhores, contando com o ex-Beatle Ringo Starr (dispensa maiores apresentações), Denny Laine (do Wings), Eric Stewart (ex-10cc) e Stanley Clarke (um instrumentista excepcionalmente talentoso). Tantos talentos juntos geraram um excelente álbum com músicas excepcionais como a própria música título, "Pipes of Peace", que ganhou um dos melhores videoclips da carreira de McCarntey. Passada na I Guerra Mundial a estória relembra um pequeno evento, baseado em fatos reais, que aconteceu quando dois exércitos inimigos resolveram bater uma bolinha nos campos enlameados do front durante uma trégua. Paul inclusive surge dos dois lados, como um inglês e como um alemão. Extremamente bem produzido o clip até hoje é lembrado, tal sua qualidade. A música "Say, Say, Say" também virou um videoclip bastante divertido com Paul e Michael interpretando charlatões no século passado. A canção se tornou o carro chefe do disco e foi lançada em single que trazia uma estranha capa com Paul e Michael com pernas enormes, realmente desproporcionais. No lado B desse single foi encaixada a bacaninha "Ode a Koala Bear", uma musiquinha muito simpática e bem arranjada.

Um fato curioso é que Paul, na época da gravação desse disco, estava muito envolvido no projeto para um musical a ser lançado no cinema. Assim as coisas ficaram meio atropeladas. Tentando ganhar tempo Paul acabou incluindo várias composições que iriam entrar em "Tug Of War", mas que acabaram ficando de fora do disco como "Keep Under Cover", "Hey Hey", "Tug Of Peace" e "Sweetest Little Show". Talvez por essa razão "Pipes of Peace" ganharia uma injusta fama de ser uma “sobra” de "Tug of War". Tal forma de pensar é bem injusta pois o álbum apesar de sofrer influências do disco anterior certamente tem identidade própria. No final o disco fez sucesso, e apesar dos pesares, conseguiu emplacar nas paradas, chegando a vender 1 milhão de cópias apenas nos EUA. O êxito prosseguiu em vários outros países conquistando vários discos de ouro e platina. Paul McCartney assim confirmava mais uma vez sua grande vocação para o sucesso.

1. Pipes of Peace (Paul McCartney) - Paul sempre caprichou nas canções que davam título aos seus álbuns. O mesmo aconteceu com a música "Pipes of Peace". A inspiração para Paul veio de um evento histórico real acontecido durante a Primeira Guerra Mundial, quando soldados ingleses e alemães, inimigos no campo de batalha, aproveitaram uma trégua para disputar uma animada pelada de futebol no meio dos campos cheios de lama desse conflito que ficou conhecido como a guerra das trincheiras. O clip obviamente aproveitou a ideia e usou um artifício bastante curioso, colocando Paul atuando tanto como um soldado inglês como um alemão, com seus uniformes, bigodinhos e insígnias próprias de cada país. Realmente genial. Em termos musicais Paul e George Martin (sempre ele, sempre presente nos melhores trabalhos dos Beatles) criaram um maravilhoso arranjo, clássico e erudito, para acompanhar a singela letra. Eu considero essa gravação uma verdadeira obra prima, sem favor algum!

2. Say Say Say (Paul McCartney / Michael Jackson) - O maior sucesso desse disco foi uma parceria que Paul fez com Michael Jackson. Na verdade era uma troca de gentilezas. Paul trabalhou no álbum "Thriller" de Jackson, cantando na canção "The Girl Is Mine" e ele retribuiu aqui, gravando "Say Say Say" ao lado de Paul. Na época Michael Jackson era certamente o maior nome da música. Nunca um disco havia vendido tanto como "Thriller" (recorde que permanece até os dias de hoje) e ele estava no auge de sua popularidade. Era um super astro do mundo da música, estava realmente no topo do mundo! "Say Say Say" foi lançada como single e ganhou um clip. Desnecessário dizer que foi um mega sucesso. No videoclip (lembre-se que a MTV estava nascendo), Paul e Michael interpretavam vendedores ambulantes do começo do século XX, um tipo muito comum naquele tempo. Vendendo garrafas de elixir milagroso (que não passavam de embustes) eles tinham que dar no pé assim que o golpe era descoberto. Um dos melhores clips de Paul e Jackson que ajudou o álbum a vender muito, se tornando um dos singles campeões de vendas dos anos 80.

3. The Other Me (Paul McCartney) - Essa canção "The Other Me" quase entrou no álbum "Tug of War", mas ficou de fora por falta de espaço. Na verdade Paul tinha tantas composições disponíveis naquela época - uma das mais criativas e produtivas de sua carreira - que ele até mesmo cogitou a possibilidade de gravar um disco duplo. Só desistiu da ideia depois que a gravadora EMI o aconselhou a gravar dois discos separados, um para ser lançado em 1982 e outro em 1983. Comercialmente seria mais interessante. Paul concordou com a ideia e assim tivemos "Tug of War" e "Pipes of Peace", duas obras primas da carreira solo de McCartney. A letra da música fala sobre o "Outro Eu". Nos versos Paul resume a questão ao cantar: "Eu sei que fui um louco idiota / Por tratá-la do jeito que tratei / Mas algo tomou conta de mim / Eu realmente não ficaria surpreso / Se você tentasse encontrar um "Outro Eu". Dizem alguns autores que Paul escreveu essa letra como um pedido de desculpas para a sua esposa Linda. Houve uma época em que ele começou a beber em demasia e Linda o confrontou sobre isso, gerando grandes discussões entre o casal. Ao que tudo indica Paul realmente entendeu que ele estava errado, agindo como um idiota. Pois é, nunca é tarde para se reconhecer um erro.

4. Keep Under Cover (Paul McCartney) -  Um dos problemas desse disco é que ele foi lançado em um espaço de tempo muito curto em relação ao disco anterior, "Tug Of War". Isso fez com que Paul utilizasse material que havia sido descartado nos trabalhos das sessões de 1982. Um exemplo disso vem em "Keep Under Cover" que fazia parte da primeira lista de canções que deveriam fazer parte de "Tug of War". Como foi descartada, Paul resolveu colocá-la aqui nesse LP. Ao lado de George Martin, Paul criou um arranjo que saísse do comum, ao invés do tradicional piano ele resolveu acrescentar belos solos de cravo, de forma bem discreta, ao fundo. A letra foi escrita na fazenda de Paul na Escócia e tem tudo a ver com a vida cotidiana por lá. Para torná-la mais comercialmente viável Paul colocou alguns clichês, versos de amor bem banais, para falar a verdade. Apesar disso (ou em razão disso) a música acabou funcionando muito bem do ponto de vista harmônico.

5. So Bad (Paul McCartney) - A balada "So Bad" é um dos melhores momentos desse álbum. Mostra claramente o tipo de composição que Paul sempre soube fazer muito bem. Baladas românticas, sem medo de soarem piegas ou bregas. A música tem belos versos como "Há uma dor, dentro de meu coração / Você significa muito para mim / Garota, Eu te amo / Garota, Eu te amo tanto!" - versos mais do que simples, mas que acabam tocando qualquer um que esteja apaixonado. Paul sempre soube criar grandes músicas usando versos batidos, isso é bem verdade, mas que são atemporais, nunca perdendo a essência de sua mensagem de amor. Paul sempre foi um romântico incorrigível, vamos ser bem sinceros e isso talvez tenha sido o segredo de seu sucesso como Beatle e depois como artista solo. O simples, muitas vezes, funciona mais do que o complexo, o rebuscado.

6. The Man (Paul McCartney / Michael Jackson) - "The Man" foi a outra canção feita em parceria com Michael Jackson. Paul estava bem à vontade e animado por trabalhar ao lado do cantor mais famoso do mundo na época, mas a amizade teve um fim precoce. Michael Jackson, sem avisar a Paul, lhe passou uma rasteira, comprando todo o catálogo das canções dos Beatles, justamente em um período em que Paul se preparava financeiramente para ele mesmo adquirir as canções que havia escrito ao lado de John Lennon. Isso significou o fim da aproximação entre Paul e Michael. Nunca mais se falaram novamente. Uma pena, porque pelo menos artisticamente eles pareciam dar muito certo. Basta ouvir essa balada "The Man", um primor pop que tocou muito nas rádios da época, para ter certeza disso. Tem um refrão pegajoso, um bom arranjo instrumental e aquela vocação para se tornar hit nas rádios (coisa que a música realmente se tornou assim que foi lançada).

7. Sweetest Little Show (Paul McCartney) - Já "Sweetest Little Show" se sobressai pelos bons arranjos acústicos. É interessante que Paul, ao trabalhar ao lado de George Martin, sempre procurava por bons materiais, uma vez que o famoso produtor só aceitava trabalhar tendo total poder de veto, ou seja, Martin podia rejeitar qualquer composição que Paul trouxesse para o estúdio caso ele entendesse que não era muito boa. Claro que também com os anos o relacionamento entre eles foi se desgastando justamente por isso. Paul era tão dominador e controlador quanto George Martin. O próprio George Harrison em vários ocasiões acusou Paul de ser um arrogante prepotente dentro dos estúdios, sempre impondo suas escolhas aos outros. Embora respeitasse muito George Martin pelo que ele havia feito pelos Beatles no começo da carreira, ele agora não parecia mais disposto a ouvir um não de seu produtor. Por essa razão também essa música acabou sendo uma das últimas parcerias entre eles. Paul ficou possesso, pois George Martin quase a tirou do disco "Pipes of Peace" por ser, em sua opinião, "banal demais". Imaginem o ataque de raiva de Paul, o controlador, ao ouvir esse tipo de crítica!

8. Average Person (Paul McCartney) - Se você estiver procurando conhecendo melhor o som mais pop dos anos 80 eu recomendo essa gravação de Paul para o álbum "Pipes of Peace". Notem os arranjos, algo que foi muito utilizado pelos grupos da época. No meio dos efeitos sonoros, Paul parece ter usado todos os instrumentos que eram modinha naqueles tempos, com direito a uma bateria eletrônica e muitos sintetizadores. É interessante porque gravações como essa acabam ficando mais datadas do que as demais, feitas ao estilo mais tradicional. Pois é, o moderninho tem mesmo a tendência de envelhecer mais rápido do que a velha e boa sonoridade musical de raiz. Fica a lição.

9. Hey Hey (Paul McCartney) - Um fato curioso é que "Pipes of Peace" foi gravado meio às pressas, para aproveitar o sucesso da parceria entre Michael Jackson e Paul McCartney (que juntos gravaram duas músicas, "Say Say Say" e "The Man"). Assim Paul teve que se virar para completar o álbum. Uma das soluções que ele encontrou foi encaixar algumas composições que havia criado para o disco anterior, "Tug of War". Ele pegou algumas faixas que tinham sobrado, muitos delas trabalhadas ao lado do produtor George Martin (dos Beatles) e começou a trabalhar em cima delas. Algo de bom poderia sair daquelas canções inacabadas. Uma dessas músicas descartadas foi "Hey Hey". Na verdade a falta de tempo fica patente na faixa que sequer tem letra! Na verdade é uma boa jam session de Paul com seu grupo e nada mais! Curiosamente a canção até tem boa melodia, agradável, mas nada disfarça o fato dela ser uma grande encheção de linguiça. O próprio Paul ficou um pouco decepcionado de ter incluído canções como essa (que no máximo poderiam ser usadas como lados B de seus compactos mais obscuros). Anos depois ele diria: "Não tive realmente tempo de colocar algo melhor no disco. Reconheço minha falha!".

10. Tug of Peace (Paul McCartney) - "Tug Of Peace", por sua vez, é o que gosto de chamar de canção link! O que exatamente significa isso? Essencialmente é uma faixa de ligação com o disco anterior, "Tug of War". Quase que puramente instrumental - com um pequeno refrão por um coro que parece ter saído de algum álbum dos Wings - essa faixa é apenas uma espécie de gravação experimental de Paul no disco. Afinal os fãs dos Beatles pensavam que apenas John Lennon e Yoko Ono podiam se dar ao prazer de gravar faixas assim? Porém ser experimental era obviamente pouco para Paul McCartney. Assim o ex-Beatle escreveu alguns belos arranjos para solos de sua guitarra Gibson, que atravessam praticamente toda a gravação. Uma canção um pouco abaixo das demais presentes nesse disco, mas certamente uma das mais interessantes do ponto de vista puramente musical. Paul sendo um pouco Lennon, para variar.

11. Through Our Love (Paul McCartney) - Embora, como sempre, tenha seus detratores, o fato é que o álbum "Pipes of Peace" também tem momentos muito bons, canções inegavelmente bem escritas. A música "Through Our Love" selecionada por Paul para fechar o disco, tem uma melodia belíssima e um maravilhoso arranjo. Aqui Paul realmente trabalhou duro ao lado do produtor e maestro George Martin para lapidar cada nuance, cada nota. A letra, despudoradamente romântica é quase uma carta de amor de Paul (obviamente para Linda) para deixar as coisas sem importância para trás, não se perdendo mais tempo com elas. Em reflexão Paul admite que já perdeu tempo demais em coisas sem a menor importância. O que importa no final de tudo é realmente dar o amor para a pessoa que se ama, nada mais. Enfim, uma bela melodia embalada por uma letra bem articulada, honesta, cheia de sentimentos. Paul em sua mais pura essência.

Pablo Aluísio.