sexta-feira, 27 de abril de 2018

Amores Clandestinos

Título no Brasil: Amores Clandestinos
Título Original: A Summer Place
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Sloam Wilson, Delmer Daves
Elenco: Richard Egan, Sandra Dee, Troy Donahue, Doroth McGuire
 
Sinopse:
O jovem Johnny Hunter (Troy Donahue) conhece uma bela garota, Molly Jorgenson (Sandra Dee), durante um veraneio numa linda ilha turística. O problema para Molly é que seus pais não aceitam, por questões morais e sociais, que o namoro do jovem casal vá em frente. Está armada assim a trama básica do filme "A Summer Place" que no Brasil recebeu o título de "Amores Clandestinos". Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Ator - Revelação Masculina (Troy Donahue). Também premiado pelo Laurel Awards na categoria Melhor Trilha Sonora (Max Steiner).

Comentários:
Esse filme romântico foi um dos maiores sucessos de bilheteria dos anos 50 e elevou a atriz Sandra Dee ao patamar de estrela, campeã de popularidade e ídolo adolescente em plenos anos dourados. O filme é muito didático no sentido de mostrar todo o leque de tabus e preconceitos morais e sexuais que imperavam na sociedade americana da época (se lá nos EUA era assim, imaginem aqui no Brasil como deveria ser atrasado!). A "honra" das jovens de família, a virgindade, o decoro, as convenções sociais que os namorados tinham que seguir à risca, tudo está na tela. O filme é muito romântico e tem uma trilha sonora marcante. Para se ter uma ideia a música tema foi um estouro nas paradas chegando ao primeiro lugar da revista Billboard na versão de Percy Faith. Impossível não conhecê-la até mesmo nos dias de hoje. O roteiro é obviamente açucarado, feito para embalar os amores juvenis da época mas tem também seus méritos, chegando ao ponto de discutir coisas mais sérias como a gravidez na adolescência, por exemplo.

Talvez o maior problema de "Amores Clandestinos", além de sua moralidade totalmente fora de moda nos dias atuais, seja o fraco desempenho do casalzinho de adolescentes que são os protagonistas do filme. Ok, Sandra Dee era um grande fenômeno de popularidade, todas as moças da época queriam ser como ela, mas o fato é que como atriz ela era bem limitada. Seu talento dramático se resumia a fazer beicinhos, um atrás do outro. Pelo menos foi salva por ser carismática e simpática. O mesmo não se pode dizer de seu partner em cena, o inexpressivo galãzinho Troy Donahue que não conseguiu escapar da canastrice completa. Um tipo de ator que se garantia apenas por seu bom visual. O problema é que isso é pouco, ainda mais nesse roteiro onde vários aspectos interessantes poderiam ser bem melhor explorados. O filme foi dirigido por Delmer Daves que havia escrito o roteiro de outro grande sucesso romântico da época, o também clássico "Tarde Demais Para Esquecer". De certa forma "Summer Place" é uma versão adolescente daquele filme estrelado por Cary Grant. Todos os ingredientes estão lá, a impossibilidade de concretizar um grande amor, locações paradisíacas e canções românticas marcantes, de cortar o coração. Por isso indico o filme a quem gosta de produções como essa. Certamente vai aquecer os corações dos mais românticos, desde que eles não sejam exigentes demais com boas atuações.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Tudo o Que o Céu Permite

Título no Brasil: Tudo o Que o Céu Permite
Título Original: All that Heaven Allows
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Douglas Sirk
Roteiro: Peg Fenwick, Edna L. Lee
Elenco: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead, Conrad Nagel
 
Sinopse:
Cary Scott (Jane Wyman) é uma viúva da alta sociedade, que a despeito dos preconceitos sociais acaba se apaixonando pelo jovem rapaz  Ron Kirby (Rock Hudson), que trabalha como jardineiro em sua casa. Mesmo com a diferença de idade e de já ter filhos adultos ela decide assumir seu novo romance perante toda a sociedade, o que acaba gerando todos os tipos de críticas e comentários maldosos em relação a ela e seu novo romance. Não tarda a aparecer todo tipo de pressão para que ela ponha fim ao seu envolvimento amoroso, considerado escandaloso e indecente pelo moralismo reinante em sua cidade e círculo social. Filme escolhido pela National Film Preservation Board para fazer parte da categoria National Film Registry.

Comentários:
Muito bom esse drama que foca no preconceito que existia (e ainda existe) na sociedade sobre classes sociais diferentes. Após assistir cheguei na conclusão que certas convenções dentro da sociedade não mudaram nada desde que o filme foi feito. Aqui temos um casal formado por uma senhora viúva rica (Jane Wyman) e um jovem e pobre rapaz jardineiro (Rock Hudson). Claro que mesmo apaixonados ambos vão sofrer todo tipo de preconceito da sociedade por causa dessa situação. Além da diferença de idade eles pertencem a classes sociais bem distintas. O filme é muito bem desenvolvido, sutil e inteligente. Joga com a situação e faz o público torcer pelo casal (isso na sociedade americana dos anos 1950, com todos os seus pudores e valores morais rígidos e ultrapassados). O filme é visualmente muito bonito, aproveitando tudo o que é possível da bela paisagem do local onde o personagem de Rock Hudson vive (um moinho antigo, com uma casa de campo e bambis passeando pelo quintal - mais bucólico impossível!).
 
O clima de nostalgia impera e traz muito para o resultado final. "Tudo o que o Céu Permite" foi produzido por causa do grande sucesso de "Sublime Obsessão". Praticamente toda a equipe foi reunida novamente para esse filme (Rock Hudson, Jane Wyman, o diretor Douglas Sirk e o produtor Ross Hunter). Rock tinha especial veneração por esse diretor pois foi o primeiro que deu uma chance de verdade a ele no cinema, quando era um simples iniciante. Também tinha grande amizade por Jane Wyman que, bem mais veterana do que ele nas telas, lhe deu apoio incondicional nesses dois filmes, sendo paciente e prestativa no set de filmagem. O curioso é que após o sucesso de "Tudo o que o Céu Permite" o aclamado diretor George Stevens fez tudo o que era possível para pedir Rock de empréstimo da Universal para rodar com ele na Warner o grande clássico "Assim Caminha a Humanidade". Certamente percebeu que Rock não era mais apenas uma promessa mas sim um grande astro. Enfim, recomendo bastante o filme, principalmente para o público feminino, que certamente terá muito mais sensibilidade para se envolver no excelente enredo. Um romance à moda antiga, com bom roteiro e cenas que mais parecem quadros românticos. Vale muito a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

O Santo no Castelo Sinistro

Título no Brasil: O Santo no Castelo Sinistro
Título Original: The Saint's Return, The Saint's Girl Friday
Ano de Produção: 1953
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Seymour Friedman
Roteiro: Allan MacKinnon
Elenco: Louis Hayward, Naomi Chance, Sydney Tafler, Charles Victor, William Russell, Thomas Gallagher

Sinopse:
Com roteiro baseado no conto "The Saint's Girl Friday" de Leslie Charteris, o filme conta a estória do detetive Simon Templar (Louis Hayward), conhecido no submundo como "O Santo". Após a morte de sua namorada ele começa uma série de investigações para descobrir quem seria o assassino. As pistas o levam então a um velho castelo, localizado nos arredores mais sombrios de Londres.

Comentários:
Esse personagem da literatura Pulp chamado "O Santo" foi criado em 1928 por Leslie Charteris. Desde o começo se tornou um sucesso, invadindo as programações de rádio, com novelas encenadas todas as semanas e depois nas telas de cinema. Essa versão cinematográfica aqui é uma adaptação bem tardia, já feita nos anos 1950, quando O Santo já não era mais tão popular, prestes a ser substituído pelas novas gerações pelos super-heróis da DC Comics como o Batman e da Marvel, como o Capitão América, Homem de Ferro, etc. De forma em geral a literatura Pulp (também conhecida como Pulp Fiction) viveu seu auge de popularidade nas décadas de 1930 e 1940, para depois ser deixada de lado. O próprio Santo só voltaria muitos anos depois, já na década de 1970 quando foi interpretado por Roger Moore. Tivemos também uma adaptação nos anos 90. Nada porém supera o charme desses antigos filmes, feitos pela produtora inglesa Hammer. Especialista em filmes com Drácula, a Hammer aqui investiu seu talento na adaptação desse antigo detetive. Até que deu muito certo. Um filme nostálgico que deveria ter sido inclusive refilmado pois a trama é acima da média, muito boa realmente, misturando o clima dos filmes de terror com o estilo noir.

Pablo Aluísio.

O Estranho de um Mundo Perdido

Título no Brasil: O Estranho de um Mundo Perdido
Título Original: X the Unknown
Ano de Produção: 1956
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Leslie Norman, Joseph Losey
Roteiro: Jimmy Sangster
Elenco: Dean Jagger, Edward Chapman, Leo McKern, Anthony Newley, Jameson Clark, Peter Hammond
  
Sinopse:
Durante exercícios militares das forças armadas britânicas em uma vila remota da Escócia, uma onda de radiação é liberada no meio ambiente. A radioatividade acaba despertando uma estranha criatura que vive nas profundezas. Uma fenda é aberta e cria uma via de comunicação entre o nosso mundo e o desconhecido que vive nas camadas inferiores de nosso planeta.

Comentários:
Um filme de monstro produzido pela sempre ótima Hammer Films. Inicialmente o espectador pode pensar que tudo será feito na base do filão "monstro da semana", mas os diretores optaram por algo mais elegante, bem de acordo com o cinema inglês da época. No centro da trama uma estranha criatura que absorve energia radioativa, crescendo cada vez mais ao ser exposta a elementos de radiação. Era bem em voga naqueles tempos a paranoia da guerra fria onde entrava em primeiro plano o medo de todos os tipos de tecnologias nucleares. Isso acabou criando uma série de filmes sobre monstros radioativos que destruíam cidades e mais cidades. Quem inventou esse filão foram os filmes de Sci-fi americanos, mas logo foram imitados, principalmente pelos japoneses que criaram toda uma indústria em cima desse mesmo tipo de enredo, bastando lembrar do monstrão Godzilla. De uma forma em geral esse "O Estranho de um Mundo Perdido" é bem bacaninha. Claro que envelheceu muito, porém essa mesma característica lhe trouxe um clima de pura nostalgia que é simplesmente irresistível.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de abril de 2018

O Mundo é da Mulher

Título no Brasil: O Mundo é da Mulher
Título Original: Woman's World
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Jean Negulesco
Roteiro: Claude Binyon, Russel Crouse
Elenco: Van Heflin, Lauren Bacall, Clifton Webb

Sinopse:
No mundo corporativo da indústria de carros dos Estados Unidos um jogo de interesses almejando por promoções na carreira acaba envolvendo três casais que vivem em Nova Iorque. Todos precisam mostrar que vivem em casamentos perfeitos e felizes pois o presidente da companhia leva isso muito à sério na hora de promover os executivos de sua empresa. O problema é que por baixo de toda a fachada existem relacionamentos cheios de problemas, prestes a explodir. Tudo devidamente varrido para debaixo do tapete pois o importante mesmo é manter as aparências para subir nos cargos da companhia. Até quando conseguirão manter a farsa?

Comentários:
Para os amantes do cinema clássico a morte recente da atriz Lauren Bacall (1924 - 2014) foi uma triste notícia. Ela era uma das últimas grandes divas da era de ouro de Hollywood que ainda estava viva. Dona de uma dignidade ímpar e uma presença cênica marcante, Bacall não foi apenas uma diva das telas mas também uma excelente atriz que conseguia se sair muito bem em praticamente todos os gêneros cinematográficos, desde comédias românticas, passando por dramas e filmes de suspense ao estilo noir, tudo feito com extrema elegância e bom gosto. Sua filmografia conta com 72 títulos onde esse ecletismo se mostra muito presente. Esse "Woman's World" é mais uma prova de sua versatilidade. Rodado depois do sucesso de "Como Agarrar um Milionário" em que Lauren Bacall contracenou com Marilyn Monroe, é uma produção muito charmosa que infelizmente ficou esquecida após todos esses anos. O roteiro brinca com a posição da mulher no mundo naquela época. Situações bem boladas e inteligentes acabam mantendo o interesse do começo ao fim. Um bom filme com a assinatura do subestimado cineasta Jean Negulesco.

Pablo Aluísio.

Fogo Por Sobre a Inglaterra

Título no Brasil: Fogo Por Sobre a Inglaterra
Título Original: Fire Over England
Ano de Produção: 1937
País: Inglaterra
Estúdio: London Film Productions
Direção: William K. Howard
Roteiro: Clemence Dane
Elenco: Laurence Olivier, Flora Robson, Vivien Leigh, Raymond Massey, Leslie Banks, Tamara Desni

Sinopse:
Durante o reinado de Elizabeth I da Inglaterra uma série de conspirações rondam a rainha. Nobres ligados à sua irmã Mary, também filha de Henrique VIII, planejam destronar Elizabeth, colocando em seu lugar a católica e mais bem vista pela Espanha, Mary Stuart. Só que Elizabeth também está disposta a fazer de tudo para se manter no poder. Roteiro escrito baseado no romance histórico escrito por A.E.W. Mason.

Comentários:
O filme que fez Hollywood se interessar por Vivien Leigh foi o drama histórico "Fogo Por Sobre a Inglaterra", que se passava nos tempos do reinado da Rainha Elizabeth I. Vivien ficou extremamente bem no filme, com roupas de época. Ela ainda era bem jovem e sua imagem chamou a atenção dos grandes estúdios americanos. O fato desse filme inglês ser exibido nos cinemas dos Estados Unidos serviu como um cartão de visitas da atriz no outro lado do Atlântico. Esse filme também foi um marco na vida pessoal da atriz pois ela conheceu o ator Laurence Olivier com quem iria se casar futuramente. O fato de ambos serem atores, lutando pela carreira em Londres na pequena indústria cinematográfica local, acabou servindo de atração entre eles. O romance não demorou muito a acontecer, até porque Vivien se sentia bem solitária nos primeiros dias na capital britânica. Seus familiares e amigos ficaram no interior e em Londres ela precisou formar um novo círculo de amigo. Era uma nova vida que começava para ela.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Erros do Coração

Título no Brasil: Erros do Coração
Título Original: The Rich Are Always with Us
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: First National Pictures, Warner Bros
Direção: Alfred E. Green
Roteiro: Austin Parker
Elenco: Ruth Chatterton, George Brent, Bette Davis
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na novela romântica escrita pela autora Ethel Pettit, "Erros do Coração" conta a estória de um casamento em crise. Após dez anos de casados, Caroline Grannard (Ruth Chatterton) e seu marido Greg (John Miljan) não conseguem mais esconder as fendas cada vez mais profundas de seu desgastado relacionamento. Para piorar uma mulher bem mais jovem, Allison Adair (Adrienne Dore), parece despertar sentimentos profundos em Greg. Tudo assim estaria fadado ao fim em relação a eles? Poderia aquele casamento sobreviver a tamanha crise emocional?

Comentários:
Filme marcante da era de ouro do cinema clássico americano. Entre outras coisas marcou por trazer uma das primeiras grandes atuações da ainda jovem atriz Bette Davis. Na época, com apenas 24 anos, ela já conseguiu chamar todas as atenções para si, mesmo não desempenhando o papel principal do filme. O personagem principal feminino é interpretada pela simpática e talentosa atriz Ruth Chatterton (1892 - 1961) que além de saber atuar muito bem, ainda tinha um raro talento vocal, o que de certa forma lhe abriu as portas em Hollywood para vários filmes do gênero como, por exemplo, "Amar não é Pecado" e "Sarah e Seu Filho". Esses filmes também tinham uma forte carga dramática o que valeu a atriz duas indicações ao Oscar no mesmo ano, uma por seu papel coadjuvante no último filme citado e outra como atriz principal em "Madame X". Mesmo com tanta bagagem o fato é que Ruth acabou ofuscada por Bette Davis. De fato, durante todo o desenrolar da trama o cinéfilo ficará mais interessado nos rumos do papel de Bette do que do casal principal. Ela sabia muito como bem interpretar personagens dúbias, que podiam transitar entre o bom mocismo e a maldade absoluta. Não é por acaso que acabou se tornando uma das mais famosas atrizes de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

Triunfos de Mulher

Título no Brasil: Triunfos de Mulher
Título Original: Night Nurse
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Grace Perkins, Oliver H.P. Garrett
Elenco: Barbara Stanwyck, Ben Lyon, Clark Gable, Joan Blondell
  
Sinopse:
Lora Hart (Barbara Stanwyck) é uma jovem que começa a trabalhar como enfermeira em um grande hospital de Nova Iorque. Aos poucos porém ela descobre um sinistro plano para assassinar duas crianças, que estão seriamente doentes. Ao lado de um perito criminal ela busca provas para incriminar os verdadeiros criminosos.

Comentários:
Bom filme de suspense que elege como heroína de seu enredo uma enfermeira que, trabalhando no período noturno em um hospital, descobre haver um terrível plano envolvendo a morte de duas crianças que estão internadas lá. Inicialmente seria um projeto envolvendo o ator James Cagney que faria o papel de Nick. Depois do sucesso de bilheteria de "Inimigo Público" ele entendeu que o filme já não lhe interessava mais. Assim o roteiro foi reescrito para dar maior importância dentro da trama para a personagem Lora Hart (interpretada por Barbara Stanwyck). Nick então foi dado para Clark Gable interpretar, ainda dando os primeiros passos em sua carreira. O filme também sofreu alguns cortes por ordem do produtor Jack L. Warner que considerou a primeira versão do diretor William A. Wellman muito "perturbadora". O que sobrou de tudo isso foi um enredo que prende atenção até o fim, porém a sensação de que poderia ir mais longe fica sempre presente, até mesmo levando em conta os padrões morais da época.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de abril de 2018

Garota do Interior

Título no Brasil: Garota do Interior
Título Original: Small Town Girl
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: William A. Wellman, Robert Z. Leonard
Roteiro: Ben Ames Williams, John Lee Mahin
Elenco: Janet Gaynor, Robert Taylor, Binnie Barnes, James Stewart
  
Sinopse:
Katherine 'Kay' Brannan (Janet Gaynor) é uma garota nascida no interior, bem no meio rural. Ela acha a vidinha de interiorana muito maçante e complicada de suportar. Certa noite, casualmente, ela conhece o jovem, bonito e rico, Bob Dakin (Robert Taylor). Eles se dão muito bem, mas Bob acaba exagerando na bebida. Sem saber o que está fazendo pede a mão da garota em casamento. No dia seguinte, finalmente sóbrio, descobre que acabou se casando mesmo com ela numa capela local na noite anterior! Seus pais conservadores porém não admitem nem a hipótese de haver uma separação entre eles.

Comentários:
Comédia romântica que hoje em dia vai certamente soar muito pueril. Mesmo assim conseguiu manter o charme mesmo após tantos anos de seu lançamento original. O grande atrativo vem do elenco. Janet Gaynor e Robert Taylor formam o improvável casal de namorados ocasionais que acabam se casando numa noite de bebedeiras e loucuras (o enredo inclusive se parece muito com um fato real que aconteceu na vida de Marilyn Monroe, quando ela se casou bêbada com um amante que mal conhecia no México, para desespero dos executivos do estúdio Fox). Como se pode perceber pela sinopse se trata de uma comédia de erros, brincando o tempo todo com os costumes da época. A atriz Janet Gaynor funcionava muito bem nesse tipo de papel, a da garota espevitada dos anos 20 e 30. Com seus modos nada convencionais ela chocava o público que ia ao cinema oitenta anos atrás, exatamente por fugir daqueles rígidos padrões de comportamento aos quais as mulheres estavam submetidas. Já Robert Taylor era o galã que toda garota sonhava namorar (o que garantia a bilheteria do filme nos cinemas). Por fim e não menos importante é importante salientar a presença do ator James Stewart, ainda dando os primeiros passos em sua carreira, no elenco de apoio. Grande e desengonçado, ele não trazia nenhuma pista de que um dia iria virar um dos maiores nomes da história de Hollywood em sua era de ouro, clássica.

Pablo Aluísio.

Águias Modernas

Título no Brasil: Águias Modernas
Título Original: Young Eagles
Ano de Produção: 1930
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Grover Jones, William Slavens McNutt
Elenco: Charles 'Buddy' Rogers, Jean Arthur, Paul Lukas

Sinopse:
A trama do filme gira em torno da rivalidade entre um piloto americano, o Tenente Robert Banks (Charles 'Buddy' Rogers), e seu adversário alemão, o Capitão Von Baden (Paul Lukas), um às da aviação, um piloto formidável, porém um sujeito desprezível. Em um combate feroz, Banks finalmente consegue abater o caça de Von Baden, que cai em território inimigo. Ele porém consegue sobreviver. Feito prisioneiro, jura vingança contra o aviador americano. Esse por sua vez parte para Paris com a intenção de encontrar sua noiva Mary Gordon (Jean Arthur). Seu breve romance acaba sendo interrompido quando seus superiores mandam Banks interrogar o piloto alemão na prisão com o objetivo de lhe arrancar segredos militares cruciais para a guerra. 

Comentários:
Seguindo os passos do famoso filme "Asas" (o primeiro a ser premiado com o Oscar) a Paramount resolveu produzir essa película que contava com alguns detalhes que a diferenciava dos demais filmes de guerra e aventura da época. O diretor William A. Wellman ficou insatisfeito com as primeiras tomadas de combate pois as cenas foram realizadas no chão, dentro do estúdio, com uma tela atrás dos atores projetando cenas capturadas em vôo. Ao assistir a montagem na sala de exibição concluiu que as cenas passavam longe de parecerem reais. De forma ousada e inovando completamente ele decidiu levar o elenco para os céus. Com uma câmera adaptada acoplada aos aviões conseguiu filmar algumas das mais bem feitas cenas de combate aéreo da década de 1930. O presidente da Paramount achou uma loucura aquilo tudo, mas resolveu confiar em Wellman. A beleza técnica é inegável, o que ajudou a consolidar ainda mais a fama do astro Charles 'Buddy' Rogers (que na década de 1980 seria premiado com o Oscar humanitário Jean Hersholt por sua dedicação em projetos de ajuda a sem-tetos de Los Angeles). Pelo visto Rogers foi de fato um herói não apenas nas telas, mas fora delas também.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de abril de 2018

Rio Grande

O tenente coronel Kirby Yorke (John Wayne) é o comandante de um forte localizado na fronteira do Texas com o México. A região é abalada pela união de várias tribos indígenas que resolvem unir forças contra os brancos. O problema é que sempre que a cavalaria liderada por Kirby consegue localizar os índios selvagens, esses fogem para o outro lado da fronteira, atravessando o grande rio que separa os dois países. Além dos problemas envolvendo conflitos com os nativos, Kirby ainda tem que lidar com a transferência de seu filho, recentemente expulso de West Point, para sua guarnição. Ele não vê o jovem há 15 anos e tem que criar algum relacionamento com ele, mesmo mal o conhecendo de fato. “Rio Grande” é o último filme da trilogia da cavalaria de John Ford. Aqui o lendário diretor utilizou-se de todos os elementos que fizeram seus grandes clássicos: cenas de batalhas bem executadas, música evocativa, lindos cenários naturais (o filme foi todo filmado aos pés do Monument Valley) além é claro da presença do mito John Wayne.

O roteiro foi baseado em uma estória publicada no jornal Saturday Evening Post de autoria de James Warner Bellah. Era comum a publicação de longas estórias de western nos grandes jornais norte-americanos. Alguns desses textos eram tão bons que acabavam indo parar nos cinemas. Esse de Bellah foi um grande sucesso, chegando ao ponto de aumentar as vendas do jornal. John Ford, sempre procurando por bom material, não tardou a comprar os direitos da estória. Sua adaptação é excelente como podemos conferir ao assistirmos essa inspirada saga sobre a cavalaria americana. O filme foi produzido pelo estúdio Republic, que já não existe mais. Dois grandes cenários foram construídos no pé do Monument Valley – o próprio forte do exército e uma pequena vila com uma igreja abandonada onde ocorrem os eventos finais do filme. As construções feitas pela equipe de John Ford ainda existem e viraram ponto de turismo na região! Outro atrativo em “Rio Grande” é a bela participação do grupo musical vocal “The Sons of Pioneers” que chegou a ter suas músicas lançadas na trilha sonora do filme, se tornando um grande sucesso de vendas. O tema principal do filme é a belíssima "I'll Take You Home Again, Kathleen" que ganhou inclusive versão na voz de Elvis Presley na década de 70. No final das contas quem melhor resumiu a produção foi o Los Angeles Times que qualificou “Rio Grande” como “um legítimo épico da mitologia americana”. Ninguém poderia definir melhor.

Rio Grande (Rio Grande, Estados Unidos, 1950) Direção: John Ford / Roteiro: James Kevin McGuinness; Camera Bert Glennon baseados na estória de James Warner Bellah / Elenco: John Wayne, Maureen O'Hara, Ben Johnson, Claude Jarman Jr, Harry Carey Jr, Victor McLaglen / Sinopse: Comandante de um forte na fronteira entre México e Estados Unidos tem que lidar com tribos selvagens rebeldes ao mesmo tempo em que resolve criar vínculos mais genuínos com seu filho, um soldado recentemente transferido para fazer parte da guarnição sob seu comando.

Pablo Aluísio.

Renegado Impiedoso

Após o fim das chamadas guerras indígenas, muitos nativos americanos levaram suas famílias para o deserto impiedoso para tentar levar uma vida pacífica no meio daquele ambiente hostil e selvagem. É o caso de Pardon Chato (Charles Bronson), um apache que vive no meio do deserto com sua família. De vez em quando ele tem que ir até a cidade em busca de provimentos para levar para casa. Para aliviar um pouco o calor decide também ir até o Saloon mais próximo para tomar alguns goles de whisky. Chegando lá acaba sendo hostilizado pelo xerife local. A implicância é de fundo puramente racista. Após uma série de ofensas proferidas o corrupto xerife resolve sacar sua arma o que se revela uma péssima ideia pois Pardon é rápido no gatilho e em legitima defesa mata o homem da lei. Assim que a noticia se espalha um veterano confederado da guerra civil, o capitão Quincey Whitmore (Jack Palance), resolve formar um grupo para ir até o deserto capturar e matar o apache foragido. Recrutando fazendeiros e pequenos proprietários rurais ele parte para uma caçada humana sem tréguas. O que ele não contava é que iria agora entrar em um conflito armado justamente nas terras do índio Pardon, em seu território, o que tornaria tudo muito mais complicado. E para piorar o apache estaria à sua espera, com forte desejo de vingança.

Charles Bronson trabalhou em sete filmes ao lado do diretor Michael Winner, sendo que esse foi o primeiro deles. Esse cineasta logo entendeu que Bronson (que até aquele momento havia desempenhado muitos papéis coadjuvantes) poderia muito bem se adaptar a um tipo de personagem ideal, com poucas falas mas muita ação física. É justamente o que acontece aqui. O ator tem apenas duas linhas de diálogo o filme inteiro mas em compensação protagoniza várias cenas de ação no meio daquela paisagem árida e rústica. Em ótima forma física, Bronson começa a liquidar um por um seus perseguidores, alguns com requintes de crueldade extrema. O filme aliás é bem mais violento do que os faroestes de sua época o que fez a produção ter alguns problemas com a censura que ameaçou só o liberar para uma faixa etária mais elevada (acima de 18 anos). Há uma cena de estupro coletivo que causou muitos problemas para o estúdio na época. Só após vários cortes é que o filme finalmente foi liberado para exibição para maiores de 16 anos. Além da violência o filme também se destacava pelo bom elenco. Charles Bronson está completamente convincente como o apache fugitivo e o cenário do deserto acaba também virando um personagem vivo dentro da trama. Jack Palance, como o velho veterano confederado, novamente marca presença com sua mentalidade típica dos sulistas americanos. Ator de traços marcantes ele aqui também surpreende pela vivacidade de seu papel. O resultado final é um filme cru, violento e sem concessões como seriam vários filmes com Charles Bronson dali pra frente. Dois anos depois o ator finalmente estrelaria o filme símbolo de sua carreira, “Desejo de Matar”, com o mesmo diretor e praticamente o mesmo argumento. A partir daí sua trajetória artística jamais seria a mesma novamente, algo que esse “Renegado Impiedoso” já antecipava. Não deixe de assistir, pois é um western visceral e obrigatório para os fãs desse ator.
   
Renegado Impiedoso / Renegado Vingador (Chato´s Land, Estados Unidos, 1972) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Charles Bronson, Jack Palance, James Whitmore / Sinopse: Após matar um xerife em legitima defesa um índio apache começa a ser caçado pelo meio do deserto por um veterano da guerra civil e seu grupo, formado por fazendeiros e pequenos proprietários rurais. No meio do deserto só sobreviverão os mais fortes e aptos para aquele ambiente completamente hostil e selvagem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

O Homem dos Olhos Frios

Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido morto. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte. Lida assim a sinopse pode-se pensar que o filme é mais um faroeste de rotina entre tantos que foram produzidos durante os anos 50. Mero engano. "The Tin Star" (que recebeu um título nada adequado no Brasil de "O Homem dos Olhos Frios") é um excelente estudo psicológico daqueles homens que tinham a audácia e a coragem de impor a lei em lugares distantes e violentos do oeste americano no século 18. Eram mal remunerados, geralmente encontravam a morte cedo e mesmo assim procuravam exercer sua função da melhor forma possível. Aqui temos um jovem sem a malícia e a experiência necessárias para fazer valer a lei em uma cidade lotada de mal feitores. Curiosamente acaba encontrando seu mentor em um velho caçador de recompensas (Henry Fonda, ótimo) que só está ali atrás de seu dinheiro e nada mais. Os acontecimentos porém o farão mudar de idéia. Na realidade ele próprio era um xerife que largou a estrela de lata após perceber que ganharia muito mais caçando bandidos perigosos pelo deserto. Assim temos de um lado um jovem ainda idealista que tem que se confrontar com um experiente e calejado ex homem da lei que sabe exatamente o que ostentar aquela estrela significava no velho oeste. O "duelo" de personalidades deles é a base de todo o argumento do filme.

O elenco é excelente. Henry Fonda não precisava de muita coisa para se impor em qualquer filme que trabalhasse. Ícone do western o ator se saí extremamente bem no papel do ex-xerife e atual caçador de recompensas Morg Hickman. Agora verdade seja dita: embora Fonda brilhe mais uma vez o destaque vai mesmo para Anthony Perkins. Ele mesmo, o ator que ficaria marcado para sempre como o psicopata Norman Bates de "Psicose" aqui interpreta um papel totalmente diferente, demonstrando que era realmente um bom ator e não apenas um intérprete de um personagem só (como muitos pensam). O xerife que interpreta é um sujeito sem moral, meio abobalhado, receoso e inseguro que tem que lidar com uma situação limite ao qual não tem o menor controle. "The Tin Star" ("A Estrela de Lata" no original) é isso, uma crônica muito bem estruturada sobre o modo de pensar e agir dos homens da lei em uma terra que passou para a história justamente por não ter lei, a não ser a lei do mais forte. Excelente western, procurem assistir.

O Homem dos Olhos Frios (The Tin Star, Estados Unidos, 1957) Direção de Anthony Mann / Roteiro de Joel Kane e Dudley Nichols / Elenco: Henry Fonda, Anthony Perkins, Lee Van Cleef, John McIntire / Sinopse: Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte.

Pablo Aluísio.

Pacto de Justiça

Quando Kevin Costner anunciou que estaria de volta ao western houve grande expectativa entre os fãs e não era para menos. Seu último filme no gênero foi o clássico "Dança Com Lobos" que venceu todos os Oscars de seu ano. Depois da consagração porém veio a queda. Costner ficou cheio de si e teve a péssima ideia de tocar em frente um projeto complicado, fadado ao fracasso, Waterworld. Após esse monumental desastre o ator foi aos poucos tentando juntar os pedaços de sua carreira para ressurgir em Hollywood. Nada mais natural que mais cedo ou mais tarde retornasse ao gênero que o consagrou. "Pacto de Justiça" não tem a pretensão de ser um novo "Dança com Lobos", longe disso, com orçamento equilibrado (26 milhões de dólares) o filme nasceu com uma proposta honesta, sucinta. Para Costner o mais importante era rodar um bom filme que atendesse a demanda dos fãs do bom e velho faroeste. A boa notícia é que conseguiu seus objetivos.

No filme Costner lida com a figura mítica do cowboy americano. Ele interpreta um cowboy que ao lado do veterano  Boss Spearman (Robert Duvall) toca uma grande manada pela imensidão do oeste selvagem. Seu único problema é a reação pouco amistosa dos latifundiários liderados por um rancheiro (Michael Gambon). O filme não tem pressa nenhuma em contar sua estória, tudo ocorre no tempo devido mas com calma e contemplação. Como diretor Kevin Costner procura tirar o melhor da fotografia, captando lindas cenas da natureza ao redor. Alguns reclamaram da lentidão do ritmo do filme mas achei a opção de Costner correta. Westerns não devem ter o mesmo ritmo alucinante de algumas produções atuais, pelo contrário, é um gênero realmente feito de momentos intercalados por belas imagens que sempre reforçam a mitologia em torno de sua região primordial, o oeste norte-americano. Nesse aspecto Costner foi muito feliz. Some-se a isso o bom elenco de apoio (Diego Luna e  Annette Bening) e temos uma pequena obra prima moderna do western. Com o recente sucesso de sua nova série na TV americana, Hatfields & McCoys, espero que Costner faça mais bons faroestes como esse no cinema em breve. Os fãs agradecem certamente.

Pacto de Justiça (Open Range, Estados Unidos, 2003) Direção: Kevin Costner / Roteiro: Craig Storper baseado na obra de Lauran Paine / Elenco: Kevin Costner, Robert Duvall, Diego Luna, Annette Bening,  Michael Gambon / Sinopse: Boss Spearman (Robert Duvall) e  Charley Waite (Kevin Costner) são dois cowboys veteranos que tentam tocar uma grande manada bovina pelas terras selvagens do velho oeste. No caminho porém terão que enfrentar inúmeros desafios e conflitos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Minha Vontade é Lei

Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos. "Minha Vontade é Lei" é um western muito bem escrito, com excelente trama que consegue unir um dos melhores elencos que já vi reunidos: Além de Henry Fonda (sempre ótimo) e Anthony Quinn (interpretando um velho pistoleiro com os dias contados) o filme ainda traz o eficiente e subestimado Richard Widmark como um auxiliar do xerife que tenta de alguma forma estabelecer uma ordem na caótica Warlock. Para os fãs de "Star Trek" uma curiosidade: a presença de DeForest Kelley como um membro do bando de bandidos que aterrorizam a cidade. Assim que surge em cena lembramos automaticamente de seu maior personagem, o médico da nave espacial Enterprise.

"Minha Vontade é Lei" foi dirigido pelo veterano Edward Dmytryk (1908–1999) . Ele não era um diretor especializado em faroestes, tendo dirigido mais dramas o que talvez explique algumas características desse filme. O roteiro não tem pressa em apresentar os personagens e nem em desenvolvê-los de forma bem gradual, aos poucos. Todos possuem personalidades complexas, que podem transitar tranquilamente entre a lei e a desordem. Os pistoleiros interpretados por Fonda e Quinn são exemplos disso. Não são mocinhos absolutos, pelo contrário, podem facilmente mudar de lado caso isso seja de seu interesse. A direção de Dmytryk é adequada mas não tão ágil como alguns fãs de western preferem (principalmente os adeptos de filmes de bang-bang mais viris) mesmo assim não faltam os momentos vitais no desenrolar do filme, como os confrontos, brigas e por fim o duelo final. De fato é uma produção acima da média, um faroeste um pouco mais dramático do que habitual mas não menos interessante e bom. Recomendo com absoluta certeza.

Minha Vontade é Lei (Warlock, EUA, 1959) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Robert Alan Aurthur baseado na novela de Oakley Hall / Elenco: Richard Widmark, Henry Fonda, Anthony Quinn, DeForest Kelley, Dorothy Malone / Sinopse: Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos.

Pablo Aluísio.

Jornadas Heróicas

Em 1865 com o fim da Guerra da Secessão o Presidente Abraham Lincoln passa a preocupar-se com o futuro dos milhares de soldados que ainda voltavam do conflito sem muitas oportunidades de emprego e sem moradia. O sonho do presidente é que o oeste americano se transformasse no novo eldorado para esses milhares de soldados. O que o presidente não sabia era que um grupo formado por oficiais e alguns soldados da união planejava a venda de vários rifles de repetição para os índios; prática que era terminantemente proibida. Porém o pior acontece, e em 15 de abril de 1865, pouco depois do fim da guerra, Lincoln é assassinado dentro do Teatro Ford por John Wilkes Booth. A partir daí o contrabando de armas para as tribos Cheyennes e Sioux, liderado pelo negociante inescrupuloso John Lattimer (Charles Bickford) aumenta de tal forma que chega aos ouvidos do General Custer.

Preocupado, Custer manda convocar Wild Bill Hickok (Gary Cooper) e Buffalo Bill (James Ellison) para liderar um ataque que impeça que mais rifles de repetição caia nas mãos dos índios. Jornadas Heróicas (The Plainsman - 1936) é um faroeste fantástico com cenas impressionantes de batalha e com um elenco de primeira grandeza que conta com nomes de peso, como: Gary Cooper, Jean Arthur, James Ellison e Charles Bickford. Na verdade, o longa com a assinatura inconfundível do diretor Cecil B.DeMille, não é um faroeste comum. Requintado e travestido de épico - bem típico do grande diretor - Jornadas Heróicas mistura figuras lendárias do velho oeste americano como Wild Bill Hicock, Buffalo Bill, Jane Calamidade, General Custer e o Presidente Abraham Lincoln. Destaque também para as cenas de batalha que foram todas filmadas no estado de Montana, terra natal do ator Gary Cooper. Como curiosidade uma rápida aparição no final do ator Anthony Quinn que na época tinha 20 anos e faz o papel de um jovem índio Cheyenne.

Jornadas Heróicas (The Plainsman, EUA, 1936) Direção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Courtney Ryley Cooper, Frank J. Wilstach / Elenco: Gary Cooper, Jean Arthur, James Ellison, Charles Bickford, Helen Burgess / Sinopse: Clássico da filmografia de Cecil B. DeMille estrelado por Gary Cooper e Jean Arthur. O filme narra o encontro entre grandes lendas do oeste americano como Wild Bill Hickok (Gary Cooper), Jane Camalidade (Jean Arthur), Buffalo Bill Cody, George Armstrong Custer e Abrahan Lincoln em um enredo com muita ação, emoção e aventura..

Telmo Vilela Jr.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Cavalgada Trágica

"Cavalgada Trágica" é um dos melhores westerns da carreira de Randolph Scott. Não é de se admirar já que aqui temos novamente Scott dirigido pelo ótimo cineasta Budd Boetticher. O diferencial de Budd para outros diretores de faroestes é que ele tinha profundo respeito pela mitologia do gênero. Admirador do estilo de vida do velho oeste o diretor tirava o máximo de roteiros que em essência eram simples. Esse é um exemplo típico. No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano das guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate. Claro que com tanto dinheiro em jogo vários caçadores de recompensas sairiam em seu encalço. É justamente isso que motiva Ben (Claude Atkins) e seu bando que querem colocar as mãos na mulher para receberem eles próprios sua recompensa.

Todos os ingredientes que fizeram a fama de Scott no cinema estão lá: o cavaleiro errante, a busca pelo ente querido, as tribos Comanches sedentas por sangue e os bandoleiros com más intenções. A locação é de rara beleza, rochedos de forte impacto na tela, localizados em Alabama Hills em Lone Pine, Califórnia. Além disso o diretor Budd Boetticher capricha no desenvolvimento psicológico dos personagens e no clima de tensão entre eles. O desfecho é brilhante, se tornando mais um dos grandes trabalhos da dupla Scott / Boetticher. Juntos realizaram alguns dos faroestes mais elegantes da história do cinema americano. A cena final com Randolph Scott e o por do sol ao longe, cavalgando nas pradarias é marcante, um momento único, difícil de se esquecer depois.

Cavalgada Trágica (Comanche Station, EUA, 1960) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Nancy Lowe, Claude Atkins / Sinopse: No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano da guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate.

Pablo Aluísio.

Django Mata por Dinheiro

Título no Brasil: Django Mata por Dinheiro
Título Original: 10,000 dollari per un massacro
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Zenith Cinematografica
Direção: Romolo Guerrieri
Roteiro: Franco Fogagnolo, Ernesto Gastaldi
Elenco: Gianni Garko, Loredana Nusciak, Claudio Camaso

Sinopse:
Django vaga pelo velho oeste, ganhando a vida como caçador de recompensas. Ao chegar em um rancho é contratado para perseguir um bandoleiro que sequestrou uma jovem. Ao perceber que não está sendo pago ele decide fazer um jogo perigoso, tanto com o bandido que persegue, como com aqueles que o contrataram.

Comentários:
O protagonista, o caçador de recompensas, se chama na verdade Gary Hudson (uma mistura de Gary Grant com Rock Hudson!). Pois bem, esse personagem chamado de forma equivocada de "Django" (por motivos comerciais, claro!) não tem muito a ver com o famoso pistoleiro interpretado por Franco Nero. Assim poderíamos dizer que se trata de mais um western spaghetti com um falso Django como chamariz de bilheteria. O ator italiano Gianni Garko que estrela a fita inclusive atuaria em bons filmes como "Waterloo". Ele também interpretou mais falsos Sartanas do que Djangos, provando que no tempo do auge da popularidade do faroeste italiano tudo não passava mesmo de um mero detalhe sem grande importância.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Rio Lobo

Está sendo lançado mais uma vez em DVD e Blu Ray nos Estados Unidos o western "Rio Lobo", com John Wayne. Lançado originalmente nos cinemas em 1970 esse filme marca o começo da última fase da carreira do ator. É também a última parceira dele com o cineasta Howard Hawks, diretor com quem realizou grandes clássicos do faroeste no passado. Esse aqui não chega a ser tão brilhante como outras parcerias entre Wayne e Hawks, mas mantém o nível. Com boa produção - algo que iria decair no decorrer dessa década - e um elenco coadjuvante interessante, contando inclusive com o Tarzan Mike Henry, essa fita foi uma despedida digna de uma grande dupla do western.

No enredo Wayne interpreta um Coronel do exército americano chamado Cord McNally. Quase aposentado, ele recebe a missão de caçar um traidor de guerra, um desertor confederado que participou de um roubo, quando ladrões desviaram um carregamento de ouro da União. Os tempos da guerra civil tinham ficado para trás, mas velhos fantasmas ainda teimavam em assombrar todos os envolvidos. O velho John Wayne dá conta do recado e em nenhum momento ficamos com dúvida de que ele pegará os criminosos, pois se uma coisa era certa era que apesar da idade o bom e velho John Wayne continuava o mesmo durão do passado. Enfim, fica a dica para quem ainda não viu esse western da última fase da filmografia do mito John Wayne.

Rio Lobo (Rio Lobo, Estados Unidos, 1970) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Burton Wohl, Leigh Brackett / Elenco: John Wayne, Jorge Rivero, Jennifer O'Neill, Mike Henry / Sinopse:Logo após o fim da sangrenta Guerra Civil Americana, um Coronel da União, Cord McNally (John Wayne), sai em busca do paradeiro de um soldado considerado traidor de guerra e ladrão. Roteiro baseado no romance épico escrito pelo autor Burton Wohl. Trilha sonora de Jerry Goldsmith.

Pablo Aluísio.

Emboscada em Cimarron Pass

Título no Brasil: Emboscada em Cimarron Pass
Título Original: Ambush at Cimarron
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Regal Films
Direção: Jodie Copelan
Roteiro: Robert A. Reeds, Robert W. Woods
Elenco: Scott Brady, Margia Dean, Clint Eastwood, Irving Bacon, Frank Gerstle, Ray Boyle

Sinopse:
Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos.

Comentários:
Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Oscar 2018

A fábula "A Forma da Água" venceu o prêmio de melhor direção e melhor filme do ano. Foi um exagero. Havia dois ótimos filmes históricos concorrendo que fariam mais bonito para a Academia. A velha mania de Del Toro com monstros foi supervalorizada. O filme é bom, simpático, diria até poético, mas melhor filme do ano? Acredito que não. De qualquer forma como se trata de uma eleição e não de uma escolha criteriosa tudo poderia acontecer. Gary Oldman venceu na categoria de Melhor Ator. Muito justo. Sua atuação é realmente acima da média. Mais do que merecido. Frances McDormand  levou por "Três anúncios para um crime". Como o Globo de Ouro sempre foi uma prévia do Oscar isso era meio que esperado.

Na categoria roteiro tivemos um prêmio justo e uma palhaçada. A justiça veio para James Ivory. Com quase 90 anos o veterano diretor foi premiado não tanto pelo roteiro que escreveu para o drama romântico gay "Me chame pelo seu nome", mas sim por toda a sua carreira. Ele sempre foi um dos meus cineastas preferidos e pelo conjunto da obra merecia ser premiado. Já o Oscar de Melhor Roteiro Original para "Corra" é uma fanfarronice sem desculpas. Premiaram o filme apenas por ele ser o representante negro no Oscar. Poderiam ter escolhido uma obra melhor porque esse é um filme B, meio terror, meio comédia cretina. Prêmio dado por ideologia, nada mais.

Sam Rockwell venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por "Três anúncios para um crime". Ele interpretou o policial racista e porcalhão que não consegue controlar seus instintos mais básicos. Boa atuação, mas penso que Woody Harrelson esteve bem melhor nesse mesmo filme. “Blade Runner 2049” ganhou um Oscar importante, o de melhor fotografia dado pelo trabalho de Roger Deakins. Também levou o Oscar de melhores efeitos especiais. O filme que não foi sucesso de bilheteria e nem empolgou a crítica pelo menos não saiu de mãos abanando da festa. O sofisticado "Trama Fantasma" levou um prêmio coerente com sua produção, o de melhor figurino, nada mais normal em um filme sobre vestidos luxuosos e o mundo da moda da nobreza europeia. Por fim o bom filme de guerra de Nolan, "Dunkirk", levou prêmios técnicos apenas. Merecia muito mais em minha opinião.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de abril de 2018

Carrie Fisher

Como todos sabemos a atriz Carrie Fisher morreu ontem em Los Angeles após lutar alguns dias pela vida no hospital, onde ela estava em estado crítico em decorrência de uma parada cardíaca que sofreu quando estava voltando de avião de Londres. A imprensa mundial obviamente ressaltou sua presença na saga "Star Wars", até porque Carrie sempre será lembrada como a Princesa Leia. Ela porém foi bem mais versátil como atriz e escritora do que muitos pensam. Na verdade Carrie já nasceu com os holofotes sobre si. Ela era uma genuína filha da aristocracia de Hollywood, pois era filha de outra atriz muito famosa, Debbie Reynolds e de um cantor também de sucesso, Eddie Fisher. Aliás desde a infância Carrie Fisher foi alvo da imprensa sensacionalista pois seu pai acabou o casamento para ir viver com Elizabeth Taylor, naquele que foi um dos casos mais falados na imprensa na época. Um escândalo que repercutiu por muito anos. Carrie jamais superou isso e em diversas ocasiões, de forma bem sarcástica (uma das qualidades mais marcantes de sua personalidade), comentou sobre a canalhice do próprio pai. "Quando você mistura duas pessoas famosas de Hollywood o resultado é uma pessoa como eu!" - costumava dizer com ironia.

Como não poderia deixar de ser sua estreia como atriz veio pelas mãos de sua mãe, no telefilme "Debbie Reynolds and the Sound of Children", um musical meio bobinho que serviu para que Carrie experimentasse pela primeira vez o gostinho de representar. Em 1975 ela então apareceu em seu primeiro filme no cinema, na comédia "Shampoo". Era uma crônica de época, estrelada pelo galã Warren Beatty. Um bom filme que abriu as portas para o convite para atuar em um novo filme de George Lucas chamado "Star Wars". É curioso porque todo o elenco achava o roteiro meio idiota e eles tinham sérias dúvidas se aquele filme sobre vilões e mocinhos espaciais iria dar certo. A própria Carrie achava que estava atuando em um legítimo filme trash durante as filmagens. Ela estava enganada. Desnecessário dizer que o filme foi um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos.

Carrie assim ficou muito marcada como a Princesa Leia já em seu segundo filme para o cinema, algo perigoso para qualquer ator ou atriz pois corre-se o risco de ficar marcado para sempre por apenas um papel. E ela bem sabia disso e até que se saiu muito bem ao procurar por personagens diferentes. Atuou em "Os Irmãos Cara de Pau" (outro clássico dos anos 80), no filme "Hannah e suas Irmãs" (sendo dirigida por Woody Allen) e em "Harry & Sally" (um dos grandes sucessos da comédia romântica da década de 80). Talvez Carrie só não tenha tido uma carreira melhor por causa de problemas pessoais bem sérios que enfrentou.

A atriz foi dependente química desde muito jovem. Na "realeza" de Hollywood conheceu as drogas e a vida sem freios. Como ela própria confessou em um de seus livros, o fato de você pertencer a esse seleto grupo abria todas as portas, inclusive a de festas regadas a muitas drogas. O vício foi decorrência desse estilo de vida. Assim Carrie lutou por muitos anos para superar esse problema. Para se entender melhor também começou a escrever e fazer análise. Descobriu que sofria de transtorno bipolar, o que explicava muitos aspectos obscuros de sua personalidade. O fim do casamento também demonstrou que ela precisava encontrar equilíbrio em sua vida, algo que alcançou em seus últimos anos. Uma das obras mais indicadas para entender a pessoa Carrie Fisher é "Lembranças de Hollywood", filme cujo roteiro foi inspirado em um dos livros autobiográficos escritos pela atriz. Lá você poderá entender em parte as pressões e as angústias pelas quais passou. Um retrato muito sincero de uma princesa de Hollywood que precisou enfrentar desde muito cedo grandes traumas e fantasmas em sua vida pessoal.

Morre Carrie Fisher (1956 - 2016)
Os familiares da atriz Carrie Fisher divulgaram nota informando a morte da atriz hoje (27/12) em Los Angeles. Carrie Fisher, que se tornou mundialmente famosa como a Princesa Leia da saga Star Wars, tinha 60 anos de idade e não suportou os efeitos de um ataque cardíaco que sofreu durante viagem entre Londres e a costa oeste dos Estados Unidos. Em nota a mãe de Carrie, a também atriz Debbie Reynolds, lamentou: "É com profundo pesar que informamos a morte de Carrie Fisher. Ela faleceu hoje pela manhã às 8:55hs. Ela que sempre amou a todos, deixará saudades eternas e tristeza profunda com quem compartilhou sua vida!".

A notícia do ataque cardíaco:
A atriz Carrie Fisher sofreu uma parada cardíaca no fim de semana durante um voo em direção a Los Angeles. A atriz teve a parada no coração durante a viagem que vinha de Londres, o que dificultou enormemente a ajuda médica. Aos 60 anos de idade a situação da atriz é bastante complicada segundo a equipe médica que a atendeu. Assim que o avião pousou no aeroporto da cidade americana a atriz foi levada às pressas até o hospital para pronto atendimento.

A empresa United Airlines, proprietária do avião em que Carrie viajava informou por meio de uma nota de imprensa que Carrie sofreu uma parada cardíaca no meio da viagem e que apesar de todos os esforços da tripulação não conseguiu reagir ou mostrar reação. Seu estado de saúde é considerado crítico. A atriz tem um longo histórico de problemas de saúde principalmente por causa de um sério vício de cocaína que quase causou sua morte há pouco mais de 10 anos. Agora resta aguardar por novas informações.

Confirmação da morte - Os familiares da atriz Carrie Fisher divulgaram nota informando a morte da atriz hoje em Los Angeles. Carrie Fisher, que se tornou mundialmente famosa como a Princesa Leia da saga Star Wars, tinha 60 anos de idade e não suportou os efeitos de um ataque cardíaco que sofreu durante viagem entre Londres e a costa oeste dos Estados Unidos. Em nota a mãe de Carrie, a também atriz Debbie Reynolds, lamentou: "É com profundo pesar que informamos a morte de Carrie Fisher. Ela faleceu hoje pela manhã às 8:55hs. Ela que sempre amou a todos, deixará saudades eternas e tristeza profunda com quem compartilhou sua vida!".

Pablo Aluísio. 

Jennifer Aniston

Ontem a atriz Jennifer Aniston escreveu um texto que teve grande repercussão na internet e na imprensa em geral. Eu particularmente gostei bastante do que ela disse em poucas, mas bem escritas linhas. Ela resolveu se manifestar depois que um tabloide publicou fotos suas de férias na praia, com o companheiro. Por estar um pouco fora dos padrões de beleza nas fotos tiradas em trajes de verão, o jornaleco logo anunciou que ela estaria grávida! Claro que se tratava de uma invasão de privacidade da atriz, uma coisa bem ofensiva, um verdadeiro assédio de natureza sensacionalista. Assim, depois de anos de silêncio, Aniston resolveu se manifestar. Ela esclareceu que não estava grávida, mas farta de tanta invasão em sua vida privada. Também fez uma bem elaborada análise sobre a forma preconceituosa que as mulheres em geral são tratadas e rotuladas pela sociedade de acordo com seu status civil, julgadas de acordo com visões ultrapassadas e anacrônicas de um passado que não faz mais sentido. Obviamente Aniston se sentiu incomodada pelo fato de não ter filhos, não ter optado por ser mãe e ser julgada por isso.

Em certo trecho ela escreveu: "A forma como sou retratada pela mídia é simplesmente um reflexo de como nós vemos e retratamos as mulheres em geral, todas medidas por um padrão de beleza torto. O mês passado em particular me trouxe luz sobre o quanto a gente define uma mulher com base em seu status matrimonial ou maternal. Somos completas com ou sem um companheiro, com ou sem filhos. Somos nós quem temos que decidir, por nós mesmas, o que é bonito quando o assunto é nosso corpo. A decisão é nossa, e só nossa. Vamos tomar essa decisão por nós mesmas e pela jovens mulheres neste mundo que nós veem como exemplo. Não precisamos ser casadas ou mães para ser completas. Nós que determinamos nosso próprio 'felizes para sempre".

A sociedade em que vivemos ainda é muito atrasada, sob qualquer ponto de vista. As mulheres solteiras sofrem enorme estigma social apenas pelo fato de terem optado por uma vida sem filhos e sem companheiros. Aquelas frases do tipo "Ficou para titia" são extremamente cruéis e imbecis se formos pensar bem. Cada um é dono de si e do seu futuro. Ninguém precisa se acomodar em padrões pré-estabelecidos. Além disso é inegável o fato de que uma mulher ser casada e ter filhos não significa necessariamente que ela seja feliz e realizada. Muitas vezes é justamente o contrário disso.

Como advogado já presenciei divórcios de casamentos simplesmente desastrosos. Casais que na verdade se odiavam e só levaram um casamento em ruínas em frente por causa de dinheiro ou dos filhos. Muitos desses casamentos só se fundaram em interesses econômicos. São uniões matrimoniais que nasceram pelos motivos errados. Quando se vê esses casamentos de perto se encontra de tudo, menos amor verdadeiro ou felicidade. Ter filhos também é uma decisão muito séria. Só tenha filhos quem realmente tiver aptidão para isso. Filhos são caros, problemáticos e se tornam uma obrigação para toda a vida. O mundo já está cheio, não temos problema de população! Não ter filhos é um favor para a sociedade nos dias de hoje! Pessoas que não possuem e nem querem esse tipo de obrigação fariam um bem para a sociedade simplesmente não tendo filhos. Os casos de casais que se enchem de filhos e depois os jogam para a sociedade é uma triste realidade do nosso mundo.

Dessa maneira o desabafo da Jennifer Aniston foi muito pertinente e relevante. Cada um é feliz ao seu próprio modo. Para alguns o casamento seria a felicidade, para outros não. Casais podem viver felizes por longos anos sem nunca terem se casado. São namorados eternos e são mais felizes do que muitos casais com papel passado. Não há nada de errado sobre isso. A visão preconceituosa de que as pessoas solteiras são infelizes, possuem algum tipo de problema e nunca se realizaram na vida é de um primitivismo burro absurdo. Como a Aniston deixou claro em seu texto a definição de "Felizes para sempre" cabe a cada um de nós, sem amarras ou preconceitos.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de abril de 2018

Jason Statham - Chaos

O filme se chama "Chaos" (no Brasil "Caos"). Foi produzido em 2005, mas eu nunca havia assistido. Como achei o elenco interessante e como se trata de uma produção britânica resolvi conferir. Aliás aqui vai uma dica que é (quase) certeira: qualquer filme policial inglês com Jason Statham é no mínimo bom. Todos sabem que Jason é bem irregular na carreira, alternando bons filmes com porcarias, porém quando ele acerta a coisa toda funciona muito bem. E sabe-se lá o porquê o fato é que sempre quando trabalha no cinema inglês a coisa dá certo.

Veja o caso desse filme policial. É fato que qualquer filme sobre roubo de bancos agrada. É muito difícil errar a mão nesse tipo de roteiro. Agora imagine colocar como vilão do enredo o ator Wesley Snipes. Ele passou um tempo na prisão por sonegação de impostos, mas conseguiu dar a volta por cima. Não cometeria o absurdo de dizer que Snipes é um grande ator, porém dentro do tipo de filme que ele se propôs a estrelar se sai muito bem. Pois bem, aqui está Snipes no comando de um grande roubo a banco. Sua quadrilha tem entre 10 a 12 homens. Todos fortemente armados. Como era hora de pico, de movimento, o banco estava lotado quando a quadrilha chega. Assim rapidamente são feitos de reféns mais de 40 pessoas. E agora como negociar com uma situação de tensão como essa?

Para surpresa da polícia o personagem de Snipes, que usa o codinome de Lorenz (o nome do criador da chamada teoria do caos, cujo roteiro irá explicar lá pelo final), só pede uma exigência: Que seja trazido para as negociações o detetive Quentin Conners (Jason Statham), O veterano policial vive seu inferno astral. Ele participou de uma outra ação com refém onde deu tudo errado. A vítima indefesa foi atingida em cheio pela própria polícia. Julgado, conseguiu escapar de ser expulso da corporação, mas acabou pegando uma suspensão pesada. Agora, no ostracismo, ele precisa voltar para negociar com Lorenz e sua quadrilha. Uma situação ruim que pode terminar muito mal (novamente).

Esse filme me agradou por vários aspectos. Não foi pela presença de Ryan Phillippe, que sempre considerei fraco e nem tampouco por causa de Snipes. Em minha forma de ver o que melhor funciona em "Chaos" é o seu roteiro. A trama dá uma guinada e tanto e de repente somos surpreendidos por algo que era realmente inesperado. Eu sou até muito bom em desvendar "pegadinhas cinematográficas", mas aqui confesso que não matei a charada. Sem querer estragar a diversão de ninguém o fato é que o espectador deve ficar de olho aberto em relação aos personagens de Snipes e Statham. Eles definitivamente não são o que aparentam ser... Mas enfim, vou ficando por aqui. Deixo assim a dica desse "Chaos". Filmes policiais andam tão banalizados, mas esse aqui certamente vale a pena (e a diversão).

Caos (Chaos, Inglaterra, 2005) Direção: Tony Giglio / Roteiro: Tony Giglio / Elenco: Jason Statham, Ryan Phillippe, Wesley Snipes / Sinopse: O veterano policial Quentin Conners (Jason Statham) é suspenso da corporação após a morte de uma refém durante uma situação de sequestro. Agora ele terá que voltar rapidamente à ativa pois o líder de uma quadrilha de assaltantes de bancos, conhecido como Lorenz (Snipes) exige sua presença numa cena de crime onde mais de 40 pessoas inocentes também estão feitas de reféns.

Pablo Aluísio.

Jack Nicholson - A Few Good Men

Nos anos 90 Jack Nicholson já estava com pensamento de se aposentar. Afinal ele tinha feito de tudo na carreira, estava mais do que consagrado. Não havia mais barreiras a atravessar. Mesmo assim Jack deixava a porta aberta. De repente poderia surgir algum roteiro interessante, quem sabe... Em 1992 Jack finalmente encontrou um bom texto pela frente. Era uma adaptação de uma peça teatral de sucesso. O filme iria se chamar "Questão de Honra" e Jack aceitou interpretar um militar linha dura que era desafiado em um tribunal.

Quando o diretor Rob Reiner entrou em contato com Jack levou um susto pelo cachê que ele esperava receber. Nicholson pediu meio milhão de dólares por dia trabalhado. Ele tinha apenas quatro cenas no filme, mas isso significaria um risco para o estúdio já que Jack poderia levar muitos dias para terminar sua parte. Mesmo com relutância os produtores aceitaram o valor. Esperava-se que Jack terminasse sua parte em 10 dias, o que significaria 5 milhões de dólares para ter a honra de estampar seu nome no cartaz do filme. Com tudo certo, Jack começou seu trabalho, indo ao figurino, debatendo partes do roteiro com o diretor, etc.

A produção também contava com o astro Tom Cruise. Logo no começo dos trabalhos Jack criou uma antipatia natural com Tom. Eles vinham de escolas diferentes de atuação. Jack era um veterano, havia estrelado excelentes filmes, clássicos, enquanto Cruise era o típico astro de Hollywood. Além disso ele seguia uma religião estranha, a Cientologia, que Jack dizia publicamente ser um "monte de besteiras". O clima entre eles nunca foi bom. Para o diretor Rob Reiner isso não era necessariamente um problema, já que os personagens deles se antagonizavam no filme. Assim era até bom que eles não se gostassem também fora das telas.

Enquanto as filmagens avançavam Jack amargou um fracasso comercial. O filme "O Cão de Guarda" estreou nas telas de cinema e conseguiu faturar apenas 4 milhões de dólares. Um desastre.  Jack chegou a comentar com amigos: "Esse filme não é bom, o roteiro é fraco. Fiz pela minha amizade a Bob Rafelson. Eu devo favores a ele." Jack sabia que Rafelson já havia fracassado antes e por isso decidiu que queria dar uma força ao amigo fazendo esse filme, mas sabia também que muito provavelmente as coisas não iriam sair bem. Jack não se abalou. Ele sabia que "Questão de Honra" tinha potencial, que havia chances até mesmo dele concorrer a um Oscar. Tudo era possível.

Jack acabou acertando. Assim que o filme chegou nos cinemas a recepção da crítica americana foi a melhor possível. O ator recebeu muitos elogios pelo seu trabalho e o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, inclusive uma de melhor ator coadjuvante para o próprio Jack. Na vida pessoal as coisas também iam muito bem. Ele havia se tornado pai de novo e apesar da felicidade da paternidade decidiu que iria continuar a morar sozinho. Perguntado sobre isso, o ator respondeu com sinceridade: "Ao longo da minha vida morei com muitas mulheres. Já fiz minha parte. Depois de tantas experiências descobri que prefiro morar sozinho. Ela fica na sua casa e eu na minha. Ninguém enche o saco de ninguém e todos são felizes".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O Exorcista - Segunda Temporada

Ontem terminei de assistir a segunda temporada da série "O Exorcista". Como já escrevi antes essa temporada foi bem melhor do que a primeira, até porque os primeiros episódios da série nunca conseguiram acertar direito. Na segunda temporada vários personagens foram cortados, ficando basicamente apenas os padres Tomas e Marcus. Esse foi um acerto grande dos roteiristas. Tiraram aquele núcleo familiar insuportável de Geena Davis e focaram apenas nos dois padres exorcistas, agora andarilhos, viajando pelo interior dos Estados Unidos. Numa dessas jornadas eles encontram um orfanato, ou melhor dizendo, uma família que acolhe órfãos.

No lugar já havia acontecido uma chacina ao estilo Amityville, assim era de se supor que alguma manifestação demoníaca estivesse agindo naqueles bosques. E realmente era verdade. O roteiro dos primeiros episódios da segunda temporada são muito bons, tanto que consigo até mesmo dizer que é melhor ignorar a primeira temporada e partir logo para essa.  Aos poucos a qualidade vai decaindo um pouco, mas nada muito grave. Por isso de maneira em geral acabei gostando dessa segunda season. No episódio final chega-se até a pensar que o padre Marcus vai embora, abandonado a série (o que seria um erro absurdo), mas a última cena deixa tudo em aberto. Gostei também da ideia de colocar o padre Tomas dentro da mente dos possuídos, enfrentando o diabo praticamente face a face. Com efeitos especiais muito bons - para uma série de TV - o desfecho me deixou satisfeito. Assim vou continuar assistindo, caso haja uma terceira temporada e olha que quase larguei tudo no episódio piloto.

O Exorcista - Segunda Temporada (The Exorcist, Estados Unidos, 2018) Direção: Jeremy Slater, entre outros / Roteiro: Jeremy Slater, entre outros / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Kurt Egyiawan / Sinopse: Nessa segunda temporada dois padres exorcistas chegam numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, numa região onde aconteceu um crime terrível no passado. Pelas circunstâncias tudo leva a crer que o demônio ainda age no lugar, colocando em risco a vida de um grupo de adolescentes que vive em uma casa orfanato.

Episódios Comentados:

O Exorcista - 2.03 - Unclean
Nesse episódio o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e seu fiel parceiro de exorcismos o ex-Padre Marcus Keane (Ben Daniels) chegam em Seattle para atender um pedido de socorro de uma mãe que diz que sua filha está possuída. Assim que entram na casa Marcus desconfia do que está realmente acontecendo. A garota não demonstra os sinais claros de possessão. Pelo contrário, ela parece ter sido induzida naquele estado por sua mãe, que leu vários livros sobre exorcismos e ficou obcecada com o assunto. Marcus assim nega que seja realizado o ritual, mas Tomas pensa diferente, que a garota precisa sim de um exorcismo, criando um clima bem ruim entre os dois. Enquanto eles não chegam em um acordo uma revoada de corvos se dirige para uma casa que serve como orfanato para crianças e adolescentes abandonados. Os pássaros acabam atingindo a casa com violência, demonstrando que algo sobrenatural está prestes a acontecer. Bom episódio de uma série que em minha opinião ainda não se encontrou completamente./ O Exorcista - 2.03 - Unclean (EUA, 2016) Direção: Ti West / Roteiro: Jeremy Slater / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Zuleikha Robinson, Kurt Egyiawan, Li Jun Li, Brianna Hildebrand.

O Exorcista 2.04 - One For Sorrow
 A primeira temporada de "O Exorcista" não foi grande coisa. Presos em certos personagens, tirados do filme clássico, a coisa não fluiu muito bem. Percebi porém que essa era aquele tipo de série que deveria se persistir assistindo, mesmo com os episódios fracos iniciais. Nessa segunda temporada já temos outro plot, que está muito interessante mesmo. Desde os primeiros episódios, ainda lá na primeira temporada, eu percebi que a melhor coisa dessa série era a dupla formada pelo padre Tomas Ortega e o ex-sacerdote (agora excomungado) Marcus Keane! E minhas impressões iniciais só se confirmaram com o tempo. Os roteiristas tiveram a ótima ideia de tirar eles da cidade grande, os fazendo andar por pequenas cidadezinhas do interior, onde acabam encontrando novos casos para exorcizar. Os três primeiros episódios dessa segunda temporada já foram muito bons, que agora ficam melhores com a chegada dos dois padres em um orfanato que está sendo acuado por diversas manifestações sobrenaturais. Aviso de spoler! A cena final desse episódio quando se descobre que a garotinha Grace já não mais pertence a esse mundo é de arrepiar! Simplesmente imperdível!/ O Exorcista 2.04 - One For Sorrow (EUA, 2016) Direção: So Yong Kim / Roteiro: Jeremy Slater / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Zuleikha Robinson, Kurt Egyiawan, Li Jun Li, Brianna Hildebrand

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Perdidos no Espaço

Finalmente depois de um tempo assisti a essa nova versão de "Perdidos no Espaço". Não, não é um filme novo, mas sim uma série da Netflix. Confesso que minhas expectativas não estavam muito altas, principalmente depois de ver cenas avulsas do episódio piloto. Havia modificações ali que me deixaram um pouco de sobreaviso. Só que após conferir o primeiro episódio pude constatar que a série - pelo menos tirando em média nesse primeiro programa - está realmente boa, diria até acima do que eu esperava. A trama segue basicamente sendo a mesma: uma família de astronautas perde o rumo após sua nave, a Jupiter 2, sofrer um acidente. Eles vão parar em um planeta desconhecido, fora do nosso sistema solar. Após se recuperarem do pouso forçado começam os problemas. A nave afunda numa fenda de gelo. As temperaturas são congelantes e eles precisam achar um jeito de ir embora dali.

A Judy também fica presa no gelo congelado ao mergulhar na fenda onde está a Jupiter 2. Antes dela conseguir sair da água essa congela completamente. Bom, se você alguma vez assistiu na vida ao seriado clássico vai saber que três personagens sempre dominaram todas as atenções: o garoto Will Robinson (aqui menos cerebral e gênio do que o primeiro), o Robô (que estava sempre soltando a expressão "Perigo! Perigo!) e é claro o Dr. Smith, alívio cômico e grande vilão (embora querido) da série original. Os três estão de volta. O Robô agora não é a velha "lata de sardinhas" dos tempos passados, mas sim uma criatura high-tech que inclusive consegue mudar o formato de seu corpo, se tornando ora mais aracnídeo, ora humanoide! Em relação ao Dr. Smith temos uma surpresa e tanto. Não é mais um senhor já idoso, mas sim uma mulher. Bom, em termos. Na verdade a personagem que vai ser a nova Dra. Smith é apenas uma fugitiva que rouba um casaco de um engenheiro chamado... Dr. Smith! Estou realmente curioso para ver como isso vai se desenvolver. Então é isso. Ainda só vi até o momento o primeiro episódio, mas posso antecipar que gostei do que assisti. Espero que mantenha o bom nível nos próximos episódios.

Perdidos no Espaço (Lost in Space, Estados Unidos, 2018) Direção: Tim Southam, Neil Marshall, Stephen Surjik, Deborah Chow / Roteiro: Vivian Lee, Kari Drake, Katherine Collins, baseados na série original criada por Irwin Allen, Matt Sazama e Burk Sharpless / Elenco: Maxwell Jenkins (Will Robinson), Parker Posey (Dra. Smith), Brian Steele (O Robô), Toby Stephens (John Robinson), Molly Parker (Maureen Robinson), Taylor Russell (Judy Robinson), Mina Sundwall (Penny Robinson), Ignacio Serricchio (Don West) / Sinopse: A nave Jupiter 2 sofre um acidente e vai parar em um planeta desconhecido, onde a tripulação, formada pela família Robinson, terá que sobreviver a todos os perigos desse novo universo.

Pablo Aluísio.

The Terror

Nova série da produtora AMC (uma das minhas preferidas nesse ramo). Aqui voltamos ao passado. O ano é 1847. A Marinha Real Inglesa envia dois navios para explorar o Círculo Polar Ártico. Não é uma viagem comum ou simples de realizar. A região é extremamente perigosa, não apenas pelos mares congelados, mas também pelo clima extremo a que são submetidos todos os homens da tripulação. Ambas as embarcações estão sob o comando de um capitão que almeja mais a glória da conquista e da aventura, do que propriamente em navegar com segurança. Assim ele resolve ignorar os conselhos de seu imediato, avançando rumo ao norte mesmo com a aproximação de um inverno absurdamente rigoroso.

A produção é ótima. Logo nas primeiras cenas do episódio piloto já percebemos que vem coisa por aí. Aliás boas séries são assim, elas conquistam o espectador desde o primeiro episódio, caso contrário não valem mesmo a pena. Aqui temos um roteiro inteligente, seguindo as linhas históricas com precisão. O Ártico, uma imensa massa de oceanos congelados, não forma um continente como a Antártida. Isso porém era desconhecido por esse pioneiros que acabaram se dando mal por causa das condições climáticas da região. Nem as bússolas conseguiam parar no lugar por causa do eixo magnético da Terra. Então é isso. Por enquanto só vi o primeiro episódio chamado "Go For Broke", mas já posso adiantar que a série é coisa fina. Em tempo: nessa primeira temporada são previstos dez episódios. Espero acompanhar todos eles.

The Terror (Estados Unidos, 2018) Direção: Tim Mielants, Edward Berger. Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: David Kajganich, Andres Fischer-Centeno / Elenco: Jared Harris, Ciarán Hinds, Tobias Menzies, Ian Hart / Sinopse: Dois navios da Marinha Real Britânica partem rumo ao Círculo Polar Ártico para explorar a região, sem saber das imensas dificuldades que encontrarão pela frente.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Hostis

Um faroeste estrelado pelo ator Christian Bale? Taí algo que chama a atenção desde a primeira vez que você ouve falar desse filme! É uma combinação que me fez assistir a esse western assim que tive oportunidade. E logo no começo percebemos que vem coisa boa. A primeira cena é brutal. Temos um rancho onde vive um casal e suas duas pequenas filhas. O homem está cortando madeira quando percebe um grupo de índios Cheyenne se aproximando. O massacre se torna inevitável. Naqueles tempos pioneiros a lei que prevalecia no velho oeste era a do mais forte. É triste ver crianças sendo mortas, mas é através dessa primeira cena que as coisas começam a tomar rumo no roteiro.

Em um forte próximo o Capitão da cavalaria Joseph J. Blocker (Christian Bale) é designado para uma nova missão. E isso envolve a escolta de um antigo chefe tribal. Ele odeia índios. Passou a vida inteira matando nativos em guerras sangrentas, de pura barbárie na fronteira. Por isso fica indignado quando é designado para levar o velho indígena para o território mais ao norte, onde ele poderá reencontrar seu antigo lar. O antigo chefe tribal é conhecido do capitão. No passado eles estiveram em linhas diferentes no campo de batalha. O militar da cavalaria o considera apenas um assassino cruel. Seguindo ordens - com ameaças de ir para a corte marcial - ele finalmente obedece às ordens. Forma uma pequena tropa e começa a seguir viagem pelo oeste. O caminho está cheio de guerreiros ávidos em derramar sangue dos "jaquetas azuis", os soldados da cavalaria. O pior é que ele terá que manter a vida do chefe a salvo, custe o que custar. Claro que no meio da jornada o destino do capitão se cruza com a da mulher do rancheiro assassinado na primeira cena do filme, a única sobrevivente do massacre envolvendo toda a sua família. Esse encontro será a espinha dorsal de toda a história do filme.

De maneira em geral gostei bastante desse novo western. Ele tem o que poderíamos chamar de velho charme dos faroestes do passado. Claro que há também um desenvolvimento maior da parte psicológica de todos os personagens, em especial do capitão de Bale. É um homem forjado pela guerra e pela violência que não consegue viver de outra forma. O filme é um pouco mais longo do que o habitual, com mais de duas horas de duração, mas não senti o tempo passar. Roteiro, reconstituição de época, figurinos, tudo muito bem realizado. A produção é ótima, com belas paisagens do velho oeste. Por fim uma pequena ressalva. O ator Ben Foster interpreta um militar que está sendo enviado para a forca após cometer crimes de guerra. Ele obviamente tem uma personalidade psicopata o que cria uma certa afinidade com o capitão interpretado por Bale. Afinal ambos fizeram parte de grandes carnificinas no passado. Esse personagem poderia render muito mais, até porque Foster é um dos melhores atores de sua geração. Porém infelizmente ele não tem o potencial aproveitado. Um pequeno deslize de um filme realmente muito bom que vai agradar aos fãs do bom e velho western americano.

Hostis (Hostiles, Estados Unidos, 2017) Direção: Scott Cooper / Roteiro:  Scott Cooper, Donald E. Stewart / Elenco: Christian Bale, Rosamund Pike, Ben Foster, Scott Shepherd, Jonathan Majors / Sinopse: Capitão da cavalaria é designado para levar um velho e doente chefe indígena e sua família para uma reserva no Colorado. Ele odeia isso, simplesmente por odiar nativos em geral. Para ele servir de escolta para o inimigo seria o maior dos absurdos, Porém, ordens são ordens, e ele parte em sua jornada rumo ao destino final. No caminho acaba encontrando guerreiros cheyennes, fazendeiros armados e clima hostil.

Pablo Aluísio. 

Submersão

Wim Wenders é um diretor cultuado pelos cinéfilos. Alguns de seus filmes são considerados obras primas da sétima arte. Aqui porém ele decidiu trilhar caminhos mais convencionais. O roteiro divide a sua história em dois momentos bem definidos. No primeiro temos o encontro entre Danielle Flinders (Alicia Vikander) e James More (James McAvoy); Eles estão no mesmo hotel, curtindo férias. Depois de um breve encontro na praia, onde rápidas apresentações são feitas, começam a namorar.  Ela é uma cientista, no momento fazendo um estudo sobre a vida em regiões escuras e desconhecidas dos oceanos. Ele se diz engenheiro especializado em recursos hídricos. Conforme o filme avança vamos descobrindo que ele está obviamente mentindo para ela.

No segundo momento, após eles se separarem com promessas de reencontro, o filme fica bem melhor. Danielle embarca em uma missão de estudo, fazendo parte da equipe de um submarino de submersão em grandes profundezas. Como se trata de um mergulho muito profundo nas fossas oceânicas muita coisa pode dar errada. Já James vai para a Somália, região situada no chamado chifre da África, em constante guerra civil. Novamente usando o disfarce de engenheiro de águas ele entra no país, mas é sequestrado no aeroporto da capital por terroristas. Afinal, há suspeitas que ele é um agente do serviço secreto britânico. Embora Wim Wenders tenha feito seu filme mais convencional, uma produção conjunta entre produtores alemães e franceses, seu estilo de cinema ainda pode ser percebido em diferentes momentos do filme, principalmente quando os protagonistas estão em algum tipo de crise existencial. No geral é uma produção que funciona melhor como tensão (com a descida ao fundo do oceano) e violência (com o sequestro dos terroristas) do que como filme romântico. Winders parece ter atirado para dois alvos, não acertando direito nenhum deles.

Submersão (Submergence, França, Alemanha, 2017) Direção: Wim Wenders / Roteiro: Erin Dignam, baseado no romance de J.M. Ledgard / Elenco: Alicia Vikander, James McAvoy, Alexander Siddig / Sinopse: O filme narra a história do romance entre Danielle (Alicia Vikander) e James (James McAvoy); que se conhecem em um hotel à beira-mar. Depois de um breve namoro eles precisam se separar, pois cada um tem seus compromissos profissionais. Ela vai para uma missão nas profundezas do oceano e ele parte para a Somália, um país em guerra civil, infestado por terroristas islâmicos. Filme indicado no San Sebastián International Film Festival na categoria de Melhor Filme europeu do ano.

Pablo Aluísio.