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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Sete Dias Com Marilyn

Gostei bastante do filme. A Michelle Williams está sobrenatural na pele de Marilyn Monroe. Sabe eu tinha receios que sua interpretação fosse cair no exagero ou no clichê mas isso não acontece. Ela captou muito bem a verdadeira Norma Jean. Complexa, de convivência turbulenta, fora de controle, terna e ao mesmo tempo irresponsável, dada a impulsos fora de hora. O ator Kenneth Branagh defende seu Sir Laurence Olivier com dignidade mas achei fraca sua interpretação. O Laurence era um sujeito de presença até mesmo intimidadora mas firme - no filme Branagh se limita a dar chiliques em cena, gritando com todos ao redor, algo impensável para o classudo ator original. Dois personagens centrais foram negligenciados no roteiro ao meu ver: Arthur Miller e Vivien Leigh. Miller é uma sombra, mal aparece, mal fala. Vivien Leigh também está quase sumida, me recordo agora de apenas duas cenas com ela - certamente os fãs de "E O Vento Levou" vão reclamar.

Mas nada disso tira os grandes méritos do filme. No fundo é a reconstituição totalmente curiosa do que aconteceu com aquele rapaz, Collin Clark (Eddie Redmayne), um mero terceiro assistente de direção, que acabou tirando a sorte grande ao se tornar próximo da estrela no set de filmagens. Michelle Williams captou perfeitamente a persona do mito: um quê de delicada, doce mas ao mesmo tempo totalmente imprevisível e incontrolável. Eu me senti recordando do que vi da atriz real em "Os últimos dias de Marilyn Monroe". Ela era assim na vida real, quase uma garotinha, sem muita noção das coisas que aconteciam ao redor ou do que ela representava na época (considerada a mulher mais famosa do mundo). Enfim, eu mais do que recomendo. A Michelle Williams na minha opinião foi mais sutil do que a Meryl Streep e merece levar o Oscar; A delicadeza de sua interpretação faz toda a diferença do mundo! Happy Birthday Mr President!

Sete Dias Com Marilyn (My Week With Marilyn, Estados Unidos, 2012) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Adrian Hodges baseado no livro de Colin Clark / Elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Julia Ormond / Sinopse: Marilyn Monroe (Michelle Williams) chega à Inglaterra para filmar seu novo filme, "O Principe Encantado" com Laurence Olivier (Kenneth Branagh). As filmagens logo se tornam tensas por causa dos constantes atrasos e problemas da famosa atriz americana.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Namorados Para Sempre

Em uma época em que o cinema parece ser um jovem que só lê gibis, "Blue Valentine"é um sopro de ar fresco nessa situação infanto juvenil. O filme tem temática adulta, é muito humano, sensível, realista e para falar a verdade até mesmo barra pesada. Isso porque ao longo do filme somos apresentados a duas linhas narrativas que retratam o mesmo casal em momentos distintos de sua vida, ao se conhecerem e ao vivenciarem a destruição de seu relacionamento. Como quase sempre acontece nas relações humanas tudo é lindo e maravilhoso no começo do namoro mas conforme a vida passa os dois acabam descobrindo que o amor, se um dia chegou a existir, simplesmente desapareceu. Uma situação tão realista que todos vão de uma forma ou outro se identificar.

Esse título nacional é simplesmente absurdo e só pode ter sido criado por alguém que não viu o filme! "Namorados Para Sempre" é tudo o que o filme não é. Aliás se eu fosse utilizar a mesma fórmula idiota do tradutor nacional colocaria o nome do filme de "Não Somos Mais Namorados e o Casamento é uma Droga". Isso porque é justamente essa frase que resume o enredo aqui. Todo argumento inteligente de um filme bom tem uma tese por trás. Na minha forma de entender a tese por trás de "Blue Valentine" é a de que não existe possibilidade de sucesso em um relacionamento de duas pessoas que estão em momentos diversos da vida. Ela, estudiosa e exercendo uma profissão está em um ponto diferente da vida dele, que nunca estudou, é uma pessoa sem ambições e estagnado. O fato é que conforme mostrado no filme as pessoas mudam ao longo do tempo, conhecem outras pessoas interessantes, criam outros vínculos e nesse processo o que poderia ser interessante em uma época já não é mais em outra fase da vida. E isso se refere a tudo, inclusive amores. Quantas vezes você não já se viu nessa situação? O namoradinho da adolescência já não é mais a pessoa que seria adequada a você nesse momento de sua vida. O filme discute justamente essa questão, pois muitas vezes o amor do passado pode se tornar facilmente o fardo do presente. Reflita sobre isso.

Namorados Para Sempre (Blue Valentine, Estados Unidos, 2010) Direção: Derek Cianfrance / Roteiro: Derek Cianfrance, Joey Curtis / Elenco: Ryan Gosling, Michelle Williams, John Doman / Sinopse: Jovem casal passa por várias dificuldades em seu prematuro e instável relacionamento.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Depois do Casamento

Depois do Casamento
Nesse bom drama a atriz Michelle Williams interpreta uma norte-americana idealista que vai morar na Índia, trabalhando em uma ONG de apoio e ajuda a crianças indianas pobres e órfãs. E surge uma ótima oportunidade quando ela é convidada a retornar aos Estados Unidos por uma grande multinacional que deseja fazer uma excelente ajuda humanitária ao seu projeto social. Essa empresa tem como CEO uma executiva interpretada pela sempre ótima Julianne Moore. Ela então a convida para ficar mais alguns dias na América, para acertar os detalhes dessa doação. Haverá o casamento de sua filha e depois desse fim de semana o dinheiro será doado para a ONG. Só que nem tudo é o que realmente aparenta ser. As duas mulheres possuem um passado em comum e precisam acertar contas com ele. 

Gostei muito desse filme. Sua maior qualidade vem do excelente elenco feminino. Tanto Julianne Moore como Michelle Williams estão muito bem contracenando juntas. Suas personagens parecem ser no exterior mulheres fortes,  idealistas e decididas sobre o seu próprio destino. Só que por trás dessa fachada existem muitos traumas do passado, situações que não se cicatrizam com o passar dos anos. Michelle Williams, por exemplo, é a atriz ideal para interpretar esse tipo de papel, de vulnerabilidade psicológica. Um reflexo dos dramas de sua própria vida pessoal. Enfim, sem querer estragar surpresas que o roteiro traz e salientando a boa história que conta, esse é um filme muito recomendado para quem procura por dramas femininos mais humanos e profundos. 

Depois do Casamento (After the Wedding, Estados Unidos, 2019) Direção: Bart Freundlich / Roteiro: Bart Freundlich / Elenco: Julianne Moore, Michelle Williams, Billy Crudup / Sinopse: Uma empresa multinacional faz uma oferta de ajuda humanitária a um ONG norte-americana que ajuda crianças pobres e abandonadas na Índia. Sendo que as duas mulheres envolvidas nessa negociação possuem um passado traumático em comum. 

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de março de 2023

Os Fabelmans

Título no Brasil: Os Fabelmans
Título Original: The Fabelmans
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Steven Spielberg, Tony Kushner
Elenco: Michelle Williams, Gabriel LaBelle, Paul Dano, Seth Rogen, Judd Hirsch, Keeley Karsten

Sinopse:
O filme conta a história de uma família de judeus vivendo nos Estados Unidos durante as décadas de 1950 e 1960. O filho tem o sonho de viver de cinema, se tornar um diretor. O pai é um engenheiro, um homem inteligente que precisa mudar de estado por causa das obrigações profissionais e a mãe é uma pessoa artística, mas também com problemas emocionais, apaixonada por outro homem, amigo pessoal de seu marido. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor filme e a outras 6 categorias. 

Comentários:
Spielberg volta a fazer um bom filme contando a história de... Spielberg. Pois é, embora não se assuma completamente como tal, a verdade é que o roteiro escrito pelo próprio cineasta nada mais é do que uma versão de sua vida na infância e juventude e o amor que sempre nutriu pelo mundo do cinema. Desde o primeiro filme que assistiu no cinema, passando pelas primeiras experiências com câmeras amadoras quando fazia filminhos com seus amigos, até finalmente se decidir pela carreira de cineasta, tudo remete ao passado do diretor. E ele olha para o passado com um claro sentimento de nostalgia, mas também sem esconder os problemas pessoais e familiares que teve que enfrentar, inclusive o fim do casamento de seus pais, os problemas com os valentões da escola, o preconceito por ele ser judeu e por aí vai. A cena em que encontra o diretor John Ford que ele tanto admirava desde quando era pequeno é realmente pura magia cinematográfica para os cinéfilos - e também divertida e engraçada ao mesmo tempo. Enfim, um filme muito bom, diria até apaixonante para quem realmente ama a sétima arte.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de dezembro de 2021

Venom: Tempo de Carnificina

São tantos filmes sendo lançados pela Marvel que até mesmo personagens secundários dos gibis ganham sua própria franquia cinematográfica. É o caso desse Venom, um vilão dos quadrinhos do Homem-Aranha que se deslocou do universo do famoso herói para ter a sua exclusiva linha de filmes. Com a chegada desse segundo exemplar posso dizer que nenhum deles é lá grande coisa. São filmes para assistir com muita pipoca, visando unicamente tirar ali pouco mais de uma hora e meia de diversão descompromissada. No fundo é um daqueles filmes de monstros lutando entre si. Nada de novo desde os tempos dos primeiros filmes de Godzila no Japão. Só que aqui tudo turbinado por efeitos digitais de última geração aliado a um roteiro bem simples, pontuado com algumas pitadas de bom humor, muitas delas bem sem graça.

Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy (que também produziu em parte o filme e ajudou no roteiro) é um jornalista investigativo que vai atrás de uma nova matéria com o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson). O problema é que a matéria de Brock acaba levando a inúmeros corpos de vítimas de Cletus e isso o condena à pena de morte. Só que em um lance do acaso o psicopata também se contamina com a substância alien de Venom, o que dá origem a uma nova criatura chamada propriamente de Carnificina. O curioso é que nos quadrinhos essa saga do Carnificina foi bem criticada pelos especialistas na nona arte, mas no cinema até que rendeu uma boa diversão. Pelo visto os deuses da sétima arte são mesmo mais generosos.

Venom: Tempo de Carnificina (Venom: Let There Be Carnage, Estados Unidos, 2021) Direção: Andy Serkis / Roteiro: Kelly Marcel, Tom Hardy / Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomie Harris / Sinopse: Segundo filme da franquia Venom. Na história um perigoso psicopata se contamina com a substância vinda do espaço que deu origem ao Venom. Com isso surge uma nova criatura, um novo monstro, chamado Carnificina.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

O Segredo de Brokeback Mountain

Título no Brasil: O Segredo de Brokeback Mountain
Título Original: Brokeback Mountain
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Ang Lee
Roteiro: Annie Proulx, Larry McMurtry
Elenco: Jake Gyllenhaal, Heath Ledger, Michelle Williams, Valerie Planche, Dave Trimble, Larry Reese

Sinopse:
O filme conta a história do amor homossexual entre dois cowboys, Ennis Del Mar (Heath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal). Eles são apaixonados, mas como vivem em um meio rural machista e homofóbico, com forte preconceito, não podem assumir seus sentimentos pessoais um para com outro.

Comentários:
Filme que ainda levanta muitas polêmicas. O tema realmente é um tanto explosivo, afinal pensem bem, que símbolo seria mais forte do macho heterossexual americano do que o cowboy? Mexer com algo assim, o retratando como um homossexual, é deveras complicado para a mente de algumas pessoas. A aceitação parece nunca ser completa. Porém o filme deve ser visto por seus méritos puramente cinematográficos, com mente aberta. O fato da paixão se desenvolver entre dois homens é mero detalhe. Outro ponto muito positivo é que essa produção, queiram ou não, contribuiu apenas com sua popularidade para derrubar os muros do preconceito e da intolerância. Só isso já justificaria sua existência no meio cultural. E como puro cinema o filme também se sustenta muito bem. É um drama cuja história se prolonga no tempo, mostrando as incertezas e dores de um amor impossível.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Venom

O Venom é um personagem do universo do Homem-Aranha. Foi um vilão inventado pela Marvel para combater o famoso herói. Só que nesse filme nada disso conta. É um filme que se propõe a ser solo, quase como uma nova franquia do estúdio. Basicamente temos uma espécie de parasita espacial que chega em nosso planeta e começa a criar uma simbiose com seres humanos para sobreviver em nosso ambiente. Para azar do jornalista Eddie Brock (Tom Hardy) ele acaba sendo infectado. Como se não já bastasse ter perdido o emprego e a namorada com quem pretendia se casar, agora ele precisa lidar com essa ameaça desconhecida. A criatura chamada Venom ocupa não apenas seu corpo, mas sua mente também, falando com ele em tempo real, criando situações que até tentam ir pelo caminho do humor.

O filme está fazendo sucesso atualmente nos cinemas. Nos Estados Unidos foi o mais visto desse fim de semana. A crítica em geral opinou negativamente, mas o público parece ter gostado bastante, lotando as salas de exibição. Pessoalmente achei um bom filme pipoca, bem na base da diversão mesmo. A estória é pura ficção anos 50, com monstros espaciais, foguetes, vilões inescrupulosos, etc. Só faltou mesmo o Homem-Aranha, afinal o Venom é tão ligado ao Peter Parker que tem inclusive o mesmo visual de um de seus uniformes (coisa que o roteiro desse filme tenta ignorar, mas que é óbvio). Pelo que vinha lendo do filme poderia ser bem pior. Do jeito que está é um pipocão que cumpre aquilo que promete, trazendo uma boa diversão para seu público alvo.

Venom (Estados Unidos, 2018) Direção: Ruben Fleischer / Roteiro: Jeff Pinkner, Scott Rosenberg / Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed / Sinopse: Criatura espacial, uma espécie de parasita simbiótico, infecta um jornalista investigativo. Enquanto ele tenta entender o que está acontecendo, um plano que coloca em risco a vida humana na Terra é criado por um vilão psicopata.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de setembro de 2018

Todas as Garotas do Presidente

Filme muito bobinho sobre duas garotas que acabam indo parar na Casa Branca, onde conhecem o presidente dos Estados Unidos. Sobre isso cabem algumas observações A primeira delas é perceber como os americanos são bobos em relação à figura de seu presidente (pelo menos eram, até Trump!). Há uma certa idealização sobre os ocupantes desse cargo público. Outra coisa que sempre me chamou atenção é que escolheram logo Richard Nixon, um dos piores presidentes de todos os tempos, para estar no filme.

OK, a intenção era mesmo fazer uma versão feminina e teen de "Todos os Homens do Presidente", esse sim um clássico do cinema americano. A questão que fica no ar é porque resolveram fazer esse filme com um roteiro tão fraquinho como esse? A Kirsten Dunst até convence como adolescente bobinha, era bem jovem, mas a Michelle Williams, olha, já tinha passado da idade de fazer bobagens como essa.

Todas as Garotas do Presidente (Dick, Estados Unidos, 1999) Direção: Andrew Fleming / Roteiro: Andrew Fleming, Sheryl Longin / Elenco: Kirsten Dunst, Michelle Williams, Dan Hedaya / Sinopse: Duas jovens, por caminhos tortuosos, acabam indo parar na Casa Branca, durante o governo de Richard Nixon, se envolvendo ainda mais em confusões.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de maio de 2018

Todo o Dinheiro do Mundo

Um filme que tem pouco a ver com o restante da filmografia assinada por Ridley Scott. Provavelmente seja o seu filme mais diferente, o que não quer dizer que figure entre os melhores. É um filme sobre o sequestro do neto de um bilionário americano chamado J. Paul Getty (Christopher Plummer). O rapaz passa férias em Roma quando é cercado por criminosos que o levam para dentro de uma velha Kombi. De lá ele é levado para o cativeiro. Em pouco tempo os sequestradores entram em contato com sua mãe pedindo 17 milhões de dólares de resgate. O problema é que ela não tem dinheiro. O avô que é magnata do ramo de petróleo não se dá bem com ela e nem com o marido, seu filho, por coisas que aconteceram no passado. Ai entra o pior de tudo: o velho é um sujeito duro, quase desalmado, que ama mais suas obras de arte e mansões do que seus parentes de sangue. Ele não está nem um pouco disposto a pagar resgate. E agora, o que pode acontecer com o jovem? Provavelmente será executado.

No geral é um filme frio. O único sinal de maior emoção vem da atriz Michelle Williams que interpreta a sofrida mãe do garoto sequestrado. Mais um papel de coitadinha em lágrima de Michelle! Desde que o marido dela, o ator Heath Ledger, morreu de uma overdose de drogas em 2008, os estúdios não sabem oferecer outro tipo de papel para a loira. Uma pena porque é boa atriz. Já em termos de atuação acontece o esperado. O filme é completamente roubado nesse quesito pelo veterano Christopher Plummer. Seu bilionário é um sujeito mais do que frio, é gélido, embora tente passar uma imagem simpática. O típico ricaço materialista que não está se importando em conservar muitos valores humanos. Enquanto o neto está sendo torturado em um cativeiro pelos sequestradores, que inclusive arrancam uma de suas orelhas para enviar pelo correio, o velho bilionário está se deliciando em comprar mais uma obra de arte da renascença! Essa inspirada interpretação valeu a Christopher Plummer mais uma indicação ao Oscar. Com 88 anos de idade ele acabou entrando para o Guiness Book como o ator mais velho a concorrer ao maior prêmio do cinema! Um reconhecimento merecido por seu trabalho de atuação nessa película.

Todo o Dinheiro do Mundo (All the Money in the World, Estados Unidos, Itália, 2017) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Scarpa, baseado no livro escrito por John Pearson / Elenco: Christopher Plummer, Michelle Williams, Mark Wahlberg, Romain Duris, Timothy Hutton, Charlie Plummer / Sinopse: John Paul Getty III (Charlie Plummer), o neto de um magnata do petróleo americano, é sequestrado em Roma. Os criminosos passam a exigir 17 milhões de dólares por sua vida, mas o velho bilionário não parece muito empenhado em pagar o resgate. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Plummer). Igualmente indicado na mesma categoria no Globo de Ouro, além de ser indicado também nas categorias de Melhor Atriz (Michelle Williams) e Melhor Direção (Ridley Scott).

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de maio de 2018

Suite Française

Título Original: Suite Française
Título no Brasil: Ainda Não Definido
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, França, Bélgica, Canadá
Estúdio: Alliance Films
Direção: Saul Dibb
Roteiro: Matt Charman, Saul Dibb, baseados na obra de Irène Némirovsky
Elenco: Michelle Williams, Matthias Schoenaerts, Kristin Scott Thomas, Margot Robbie, Sam Riley
 
Sinopse:
Nas vésperas da ocupação alemã na França, durante a II Guerra Mundial, um grupo de moradores precisa lidar com a iminente chegada das tropas nazistas. A situação fica ainda mais delicada quando as casas e residências da região são ocupadas por soldados e oficiais do Reich. A convivência entre a população civil ocupada (em sua maioria mulheres e velhos) e o exército alemão logo torna a situação completamente tensa e perigosa. Nesse turbilhão político e social a jovem Lucile Angellier (Michelle Williams) acaba se apaixonando pelo tenente alemão Bruno von Falk (Matthias Schoenaerts), o que acaba gerando um enorme escândalo na cidade, agravado ainda mais pelo fato dela já ser casada e seu marido ser um prisioneiro de guerra em um campo de concentração nazista.

Comentários:
A história narrada nesse filme foi baseada em um romance escrito por Irène Némirovsky, uma jovem que vivia na França durante a invasão alemã ao seu país, em plena II Guerra Mundial. Ele escreveu o romance no calor do momento enquanto estava vivenciando a mesma situação que seus personagens no livro, com a chegada dos alemães em sua terra natal. Infelizmente Irène acabou sendo denunciada como judia e enviada para o campo de concentração de Auschwitz, onde veio a morrer um ano depois. Seu manuscrito porém sobreviveu ao tempo, ficando por décadas dentro de uma velha mala nos porões de sua casa. Descoberto por sua filha, ela resolveu publicá-lo, praticamente como uma homenagem para sua mãe que havia sido morta pela insanidade e loucura nazistas. O enredo explora o romance entre uma francesa e um jovem oficial alemão. O tema, completamente inusitado e incomum, tenta de todas as formas mostrar uma certa humanidade entre as forças de ocupação do exército alemão. O tenente Bruno von Falk é um perfeito cavalheiro, com modos nobres e uma educação tipicamente prussiana. Ao ficar na casa onde mora Lucile (Williams) a aproximação acaba despertando a paixão entre eles. Nem a oposição de sua própria sogra, que a adverte que o alemão na verdade representa o inimigo, consegue deter os sentimentos dela.

Curiosamente ao mesmo tempo em que começa a ser vista como uma traidora da pátria pelos demais moradores, alguns deles vão até ela em busca de ajuda, principalmente para resolver pequenos e grandes problemas com as tropas alemãs. A dubiedade de todos fica bem à mostra nesses momentos. A convivência que começa pacífica e harmônica porém logo chega ao fim quando um oficial alemão é morto em um celeiro. A partir daí as execuções começam e o clima de terror se impõe na cidade. Um dos aspectos que mais gostamos desse filme foi a atuação da atriz Michelle Williams. Ela está linda, combinando perfeitamente com o figurino e o estilo da época em que a história se passa. Sua luta para vencer seus sentimentos, mesmo sabendo que se envolver com o tenente alemão seria certamente algo muito errado naquele contexto histórico, acaba sendo um dos grandes atrativos dessa história de amor. No final a grande lição que fica é a de que não conseguimos mesmo ter completo controle sobre o que sentimos. Mesmo quando tudo aponta para o errado, para o improvável e para o equivocado, o que sentimos dentro de nossos corações acaba sempre vencendo. O amor supera tudo, até mesmo a maior guerra que a humanidade já presenciou.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O Rei do Show

Eu não costumo ler muito sobre um filme antes de assisti-lo. Justamente para não perder o fator surpresa que penso ser uma das coisas mais interessantes em relação a ver um filme pela primeira vez. Por isso tive uma surpresa e tanto ao descobrir que esse "The Greatest Showman" é na verdade um musical! Isso mesmo, embora conte sua história até de maneira quase convencional, o roteiro encaixou vários números musicais onde os personagens de repente saem cantando e dançando, nas mais diferentes situações. Claro que não no estilo dos antigos musicais da MGM, mas sim na linha de produções mais recentes como "La La Land". Muita gente não gosta desse gênero, mas no meu caso não vejo problema nenhum, pelo contrário, até aprecio.

Muito bem, entre uma canção e outra, o enredo vai contando a história real do empresário circense P.T. Barnum, um nome muito popular no século XIX. Claro, o roteiro trata com simpatia seu protagonista, o mostrando como um bom homem, que pela necessidade de dar a melhor vida possível para sua família resolveu investir em um circo de aberrações para ganhar dinheiro. Assim ele vendia ingressos para que o público visse o menor homem do mundo, o homem mais alto do mundo, a mulher barbada, o oriental tatuado, o incrível homem de três pernas e por aí vai. Embora tenha boas intenções nesse aspecto a verdade nua e crua era que P.T. Barnum não era o sujeito bonzinho e boa praça representado no filme. Na verdade ele era um picareta que ganhava dinheiro com a deficiência e os problemas dos outros. Um verdadeiro canalha.

O filme porém passa longe de retratá-lo assim. Nem sua frase mais famosa que dizia que nascia um idiota a cada segundo, foi lembrada (ou melhor dizendo, estrategicamente varrida para debaixo do tapete). O que sobra diante disso é um filme bem simpático, nada condizente com os fatos históricos reais, mas que consegue ao menos entreter com competência o público. Um aspecto interessante é a presença da cantora Jenny Lind. Ela de fato existiu e dizia-se na época que tinha a voz mais linda do mundo. Infelizmente registros gravados de sua voz não sobreviveram ao tempo (a tecnologia de gravação era muito rudimentar na época). De qualquer maneira a simples lembrança dela já valeu a pena, embora o roteiro tropece mais uma vez ao mostrar um tipo de sentimento entre os dois. Isso jamais aconteceu já que na história real Lind acusou Barnum de tê-la roubado, ficando com a maior parte do dinheiro de sua turnê pelos Estados Unidos (que rendeu quase cem apresentações em um ano!).

O ator Hugh Jackman dança e canta no filme. Graças a uma edição muito bem feita ficamos com a impressão de que ele é um bom dançarino. Só que não se engane, é tudo mesmo fruto apenas da edição que corta a cena em tantas partes que você já não consegue acompanhar direito o que está acontecendo. As músicas da trilha sonora até são agradáveis, porém é aquele tipo de material que você já sabe que não vai longe. São canções bonitas e descartáveis. Nada memoráveis. Algumas fazem uma força incrível para se tornarem hits nas rádios. Tudo em vão. O filme tem ido bem de bilheteria e é um dos fortes candidatos aos prêmios de cinema que estão vindo por ai. Vamos ver se o favoritismo se confirma. Então é isso. "O Rei do Show" é um bom filme que por acaso é um também um musical, sem muita preocupação com o P.T. Barnum histórico. Por mais falhas que tenha, pelo menos diverte por uma hora e meia, sem fazer muito esforço.

O Rei do Show (The Greatest Showman, Estados Unidos, 2017) Direção: Michael Gracey / Roteiro: Jenny Bicks, Bill Condon / Elenco: Hugh Jackman, Michelle Williams, Zac Efron, Rebecca Ferguson / Sinopse: Em ritmo de musical o filme conta a história do empresário circense P.T. Barnum (Hugh Jackman). Após perder o emprego ele resolve comprar um museu falido em Nova Iorque. Em pouco tempo resolve transformar o lugar em um circo de aberrações, com pessoas bem diferentes. Acusado de explorar a desgraça alheia, Barnum se torna um homem rico, usando seu dinheiro para contratar a cantora Jenny Lind (Rebecca Ferguson) para uma série de concertos ao vivo por todo o país. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção Original ("This is Me" de Benj Pasek e Justin Paul). Também indicado nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator - Comédia ou Musical (Hugh Jackman).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Manchester À Beira-Mar

Já que estamos perto do Oscar, nada mais interessante do que conferir os filmes que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme do ano. Um deles é justamente esse drama sobre morte, recomeço e redenção. A história se passa em uma cidade chamada Manchester (não a cidade inglesa, mas sim a  americana). É justamente para lá que retorna Lee Chandler (Casey Affleck). Seu irmão falece, vítima de uma doença cardíaca, e ele precisa providenciar não apenas seu funeral, como também guiar o futuro de seu sobrinho daqui para frente. Lee não é exatamente o sujeito certo para ajudar na vida dos outros, já que sua própria vida é um caos desde que uma tragédia destruiu seu casamento alguns anos antes. Ele foi embora de Manchester justamente por causa dos traumas de um passado trágico, que ele prefere esquecer. Seu retorno assim não é algo que ele desejasse fazer. E para sua surpresa ele descobre no testamento de seu irmão que terá que, a partir de agora, cuidar do sobrinho pois se torna seu tutor legal. Como se isso não fosse ruim o bastante Lee ainda precisa lidar com sua ex-esposa, que ainda mora em Manchester, se casou novamente e tem um pequeno filho. Para ele, óbvio, tudo isso é péssimo!

Assim "Manchester by the Sea" se desenvolve. É um drama pesado, longo, mas também bastante humano, mostrando um sujeito comum, um trabalhador, que precisa superar um monte de coisas ruins que aconteceram em sua vida. O roteiro é bem escrito, ao estilo fragmentado. O espectador perceberá isso logo nas primeiras cenas. O diretor Kenneth Lonergan vai contando sua história usando vários flashbacks que vão surgindo sem aviso prévio. Tudo, de maneira em geral, vai se formando na própria mente de Lee, através de lembranças. Gostei desse estilo narrativo, pois é bem elegante. Esse filme foi produzido por Matt Damon que inclusive iria interpretar o personagem Lee. Isso só não aconteceu porque ele foi para a China filmar seu novo filme e não houve tempo suficiente para retornar aos Estados Unidos. Assim o próprio Damon escalou Casey Affleck para o papel, uma escolha que se mostrou muito acertada, por Casey tem esse estilo de cara comum, que nunca parece estar em paz consigo mesmo. Já Michelle Williams precisa repensar um pouco sua carreira. Não que ela esteja ruim em cena, pelo contrário, seu papel é um dos melhores dos últimos anos, o problema é que Michelle parece ter se especializado ultimamente em interpretar apenas mulheres sofridas, deprimidas, quase como uma imagem no cinema de sua vida real. Uma mudança de ares seria bem-vinda.

Manchester À Beira-Mar (Manchester by the Sea, Estados Unidos, 2016) Direção: Kenneth Lonergan / Roteiro: Kenneth Lonergan / Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges / Sinopse: O filme "Manchester by the Sea" conta a história de Lee Chandler (Casey Affleck), um sujeito comum que precisa voltar para sua cidade natal Manchester para cuidar do funeral de seu irmão. Uma vez lá ele precisará enfrentar velhos traumas e fantasmas de seu próprio passado. Filme premiado no Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Casey Affleck). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Casey Affleck), Melhor Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Melhor Atriz Coadjuvante (Michelle Williams), Melhor Direção (Kenneth Lonergan) e Melhor Roteiro Original (Kenneth Lonergan).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Desejo Proibido

Título no Brasil: Desejo Proibido
Título Original: If These Walls Could Talk 2
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO Films,
Direção: Jane Anderson, Martha Coolidge
Roteiro: Jane Anderson, Sylvia Sichel
Elenco: Vanessa Redgrave, Sharon Stone, Ellen DeGeneres, Elizabeth Perkins, Michelle Williams, Paul Giamatti, Chloë Sevigny

Sinopse:
O filme mostra, através de 3 narrativas, os problemas enfrentados por mulheres lésbicas ao longo dos anos. Nos anos 60 Edith (Vanessa Redgrave) precisa lutar por seus direitos após a morte de sua amada. Elas viveram 50 anos juntas, mas a família da sua esposa não admite dar nenhum direito a ela por causa desse romance homossexual. Nos anos 70 a jovem feminista Linda (Michelle Williams) sofre perseguição na universidade por sua opção sexual. Por fim, nos anos 2000, Fran (Sharon Stone) e Kal (Ellen DeGeneres), lutam para terem seu próprio filho.

Comentários:
Um bom telefilme que foi lançado no Brasil no mercado de vídeo. O roteiro é bem interessante, mostrando três histórias diferentes, em três décadas diversas, envolvendo lésbicas, mulheres que sofreram todos os tipos de preconceitos por serem homossexuais. No primeiro episódio, passado na década de 1960, uma mulher vê sua companheira morrer. O problema é que a família dela a abomina, justamente por ser gay. Após viverem 50 anos juntas, como casal, tudo termina de forma abrupta! As coisas não melhoram nos anos 1970, quando alunas são perseguidas na universidade onde estudam por serem lésbicas. Por fim, numa história atual, a estrela Sharon Stone é uma lésbica que precisa lutar para ter um filho com sua esposa, por causa dos problemas jurídicos envolvendo o reconhecimento de maternidade envolvendo um casal de lésbicas. Embora tenha sido feito para a TV a cabo (o filme foi produzido pela HBO, no começo do canal), tudo é de muito bom gosto, com elenco bonito e bela produção. Curiosamente do elenco feminino apenas Ellen DeGeneres é assumidamente lésbica. Vale a pena conhecer, principalmente para o público LGBTS.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sinédoque, Nova York

Título no Brasil: Sinédoque, Nova York
Título Original: Synecdoche, New York
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures Classics
Direção: Charlie Kaufman
Roteiro: Charlie Kaufman
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Samantha Morton, Michelle Williams

Sinopse:
Caden Cotard (Philip Seymour Hoffman) é um diretor teatral de Nova Iorque que começa a trabalhar em uma peça nova, que ele pretende ser a mais inovadora de sua carreira. O problema é que sua vida pessoal vive um período completamente caótico e não demora para que Caden comece a misturar aspectos de sua existência real com o texto de sua nova encenação. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Comentários:
Passa longe de ser um filme de fácil assimilação. Na verdade é o extremo oposto disso. Isso porém não é complicado de entender pois basta ver o nome do cineasta Charlie Kaufman nos créditos para antecipar o que virá pela frente. Esqueça coisas como roteiro linear, enredo objetivo, com sentido e foco racional nos atos dos principais personagens. "Synecdoche, New York" passa bem à margem de tudo isso. Se fosse definir tudo diria que é uma obra sensorial e não racional, que foge dos padrões e convenções do cinemão mais comercial americano. É um cult moderno, um festival de momentos, que nem sempre se conectam entre si. Para maravilha do cinéfilo em busca de algo inovador, o elenco é liderado pelo fantástico Philip Seymour Hoffman em uma de suas atuações mais corajosas e viscerais, algo mesmo monstruoso em todos os sentidos. Ele se entrega completamente ao seu papel e mostra no final das contas porque foi de fato um dos mais talentosos atores da história do teatro e do cinema. Uma cereja de bolo recomendado apenas para pessoas inteligentes e em busca de algo diferente na sétima arte.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Oz - Mágico e Poderoso

“O Mágico de Oz” é um clássico absoluto da história do cinema. Ao longo dos anos após seu lançamento uma série de filmes e animações foram realizadas em torno da mesma estória. Agora chegou a vez de “Oz – Mágico e Poderoso” que se propõe a contar as origens de muitos daqueles personagens que vimos no encantador filme original. Assim somos apresentados a Oscar Diggs (James Franco), um mágico de circo de quinta categoria que acaba se envolvendo com a mulher errada. Após fugir para não apanhar, e cair no meio de um tornado avassalador, Oscar acaba indo parar no mundo de Oz, uma terra mágica, colorida (o começo do filme é todo em preto e branco), onde convivem três feiticeiras Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams). Usando de seus truques baratos Oscar acaba convencendo a muitos de que ele é o grande mágico que trará paz e prosperidade para Oz, livrando a terra mágica de todo o mal conforme foi profetizado.

Não há muito o que falar desse filme. Tudo é muito bizarro a começar pelo elenco, completamente inadequado. James Franco como Oscar (o mágico de Oz) está totalmente ridículo em sua atuação. Cheio de caras e bocas o ator parece pensar que está em alguma peça teatral infantil para crianças com três anos de idade, tal seu exagero em cena. Incrível é saber também que um trio de atrizes tão talentosas se envolveu em algo assim. Mila Kunis é a mais esforçada e até que consegue sair sem arranhões. Agora indefensável mesmo é a completa apatia de Michelle Williams. Atriz talentosa, que se sai extremamente bem em dramas adultos, ficou completamente perdida nessa estória infantil. Chega a dar pena. O diretor Sam Raimi também deveria procurar outro tipo de projeto. Aqui ele tenta imitar (sem sucesso) aspectos que fizeram a fama de outro diretor, Tim Burton. Sua direção de arte porém é exagerada, excessiva, beirando o brega absoluto. Raimi também não mostra talento em lidar com temas infantis. No saldo final o que fica é a decepção de ver tanta gente talentosa no meio de um projeto que definitivamente não tem nada a ver com nenhum deles. Ao contrário do clássico “O Mágico de Oz” esse “Oz – Mágico e Poderoso” é muito fraco e deve ser esquecido.

OZ – Mágico e Poderoso (Oz, The Great and Powerful, Estados Unidos, 2013) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Mitchell Kapner, David Lindsay-Abaire, baseado na obra de L. Frank Baum / Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams, Zach Braff, Abigail Spencer / Sinopse: O filme narra as origens de muitos dos personagens do famoso clássico “O Mágico de Oz”.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ilha do Medo

Esse é um dos mais recentes filmes de Martin Scorsese. Ilha do Medo é o típico filme que engana. Você vai ao cinema pensando que vai assistir um tipo de gênero e acaba encontrando outro completamente diferente. Eu, por exemplo, fui assistir convencido que iria me deparar com um bom filme de suspense policial, com muito clima noir. Pensei que iria assistir algo no estilo de Chinatown, mas acabei vendo um curioso derivado de Um Estranho no Ninho. Dito isso quero deixar claro que o filme não é ruim, em hipótese alguma. Ele passeia muito bem pelos estilos com desenvoltura e prende a atenção do espectador. Não é para menos já que Scorsese é um dos diretores mais brilhantes da história do cinema. Então se você vai ao cinema assistir A Ilha do Medo pensando tratar-se de um filme de terror, suspense policial ou trama de espionagem, esqueça. O roteiro usa desses gêneros apenas para contar uma outra estória, bem mais pesada e trágica do que o típico filme de detetives. Não vou aqui estragar a surpresa de ninguém, por isso quanto menos contar melhor. O que posso adiantar é que Di Caprio está muito bem no papel (não chega a ser excepcional mas apresenta uma boa atuação). Ben Kingsley também mantém o alto nível do elenco mas é Max Von Sydow que se sobressai, apesar de suas cenas serem pequenas e esporádicas.

Em termos de produção, atuação e direção não há o que reclamar, Scorsese é praticamente um gênio e nesses aspectos técnicos só se poderia esperar o melhor mesmo. O grande ponto negativo do filme realmente é seu roteiro. Não que seja ruim, longe disso, mas é previsível. Quem tiver o mínimo de atenção logo irá matar o "segredo" do filme. Várias dicas são deixadas ao longo da projeção - algumas inclusive bem óbvias. Em certo sentido me lembrei de um dos meus filmes preferidos, Coração Satãnico, onde também havia um pretexto inicial do roteiro que desbancava para uma grande reviravolta nos momentos finais. Mas o que era sobrenatural em Angel Heart aqui se torna introspectivo, pesado e principalmente psicológico. Por isso digo que quem mais irá apreciar o filme no final serão os estudantes e estudiosos de psiquiatria e psicologia. Esses realmente terão um prato cheio para debater depois da exibição.

Ilha do Medo (Shutter Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Laeta Kalogridis / Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Michelle Williams, Max von Sydow, Jackie Earle Haley, Dennis Lynch./ Sinopse: Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é um detetive contratado para descobrir o paradeiro de uma mulher acusada de assassinato. Sua última localização foi em um hospital psiquiátrico instalado na isolada Ilha Shutter Lá começa a juntar as peças de um grande quebra cabeças envolvendo a todos, inclusive ele próprio.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de outubro de 2012

O Segredo de Brokeback Mountain

Sem dúvida um dos filmes mais polêmicos dos últimos anos. Na época me lembro claramente que criou-se toda uma polêmica pelo fato de se colocar na tela dois cowboys tendo um relacionamento gay. Como se sabe a figura mítica do cowboy é um dos símbolos máximos da virilidade do homem americano. Será que o chamado homem de Marlboro agora tinha virado a casaca? Bobagem. Infelizmente esse é um daqueles casos em que a polêmica acaba jogando uma fumaça sobre a verdadeira essência do filme, tornando tudo turvo e escuro. O filme não deve ser encarado dessa forma. Na realidade é a estória de duas pessoas que abrem mão de sua verdadeira felicidade por causa das pressões sociais que sofrem em seu meio. Certamente são apaixonados um pelo outro, seguramente gostariam de viver essa paixão em sua plenitude mas não fazem por mera pressão da sociedade. Não seriam aceitos por seus pares, sofreriam todo tipo de discriminação e ao final poderiam até se tornar vítimas de algum crime de homofobia. Dessa forma preferem viver uma mentira. O personagem de Jack (Jake Gyllenhaal ) é o mais perfeito retrato disso. Ele se casa para manter as aparências e segue tendo uma vida cheia de desencontros e infelicidades. Não foi feliz por ficar preocupado pelo que os outros pensariam dele. Deixou de viver sua própria vida para viver uma mentira de acordo com a mentalidade tacanha da sociedade.

A dupla central de atores está excepcionalmente bem. Jake Gyllenhaal, por exemplo, tem a melhor atuação de sua carreira. Já Heath Ledger está novamente excepcional. Seu personagem tenta ser mais honesto com si mesmo do que seu companheiro mas novamente sucumbe ao conservadorismo extremo do lugar onde vive. O diretor Ang Lee comanda o filme sem pressa, sem atropelamentos. As situações surgem em seu devido tempo, tudo para mostrar o relacionamento ora conturbado, ora feliz, dos jovens amantes. Seu sensível trabalho lhe valeu o Oscar de melhor diretor daquele ano, o que foi mais do que merecido. Ledger e  Gyllenhaal também concorreram ao Oscar mas não levaram. A sempre sisuda Academia certamente pensou que ainda não seria o momento para premiar atores de personagens tão controversos como aqueles. No final das contas o filme se tornou sucesso de público e crítica. Também não podemos ignorar o fato de que filmes como esses também ajudam aos grupos GLS em sua luta contra o preconceito. É uma obra que abre caminhos e fortalece o respeito que todos devem ter pelo próximo, independente de sua opção sexual. Assim a grande mensagem do filme é a seguinte: viva a sua vida da melhor forma possível, de acordo com o seu modo de pensar. Nunca deixe de viver apenas porque tem receio do que as outras pessoas vão pensar de você. Seja feliz e ignore todo o resto. 

O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, Estados Unidos, Canadá, 2005) Direção: Ang Lee / Roteiro: Diana Ossana, Larry McMurtry / Elenco: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway, Anna Faris / Sinopse: O filme acompanha o longo e turbulento relacionamento entre dois homens em uma das regiões mais conservadoras dos Estados Unidos. Vivendo vidas de fachada ambos acabam se tornando infelizes e incompletos em suas vidas afetivas.

Pablo Aluísio. 

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sete Dias Com Marilyn

Hoje tive a grata surpresa de conferir esse "My Week With Marilyn". Quando o projeto foi anunciado eu realmente torci o nariz. Geralmente grandes ídolos do passado não ganham filmes à altura (vide as diversas bobagens feitas sobre Elvis Presley até hoje). Depois quando Michelle Williams foi anunciada fiquei ainda mais receoso. Inicialmente a achei meio inadequada, embora tenha adorado sua atuação em "Blue Valentine" (um excelente filme baseado em atuações maravilhosas sobre as dificuldades de um relacionamento adulto). Será que ela saberia lidar com a complexidade da personalidade de Marilyn Monroe?

Felizmente respirei aliviado quando "My Week With Marilyn" terminou.. Tudo é de muito bom gosto, o roteiro é bem escrito e as atuações são ótimas. Na minha forma de ver essa estrutura do argumento em que é valorizado apenas algum evento especifico da vida do biografado costuma dar muito mais certo do que quando tentam em um só filme retratar toda a história de vida da pessoa enfocada. Isso aconteceu recentemente com "A Dama de Ferro" em que tentaram dar um passo maior do que a perna e contar toda a história de Margaret Thatcher em apenas um filme - algo simplesmente impossível e que geralmente resulta em produções vazias e incompletas (apesar da ótima atuação de Meryl Streep considerei seu filme muito superficial).

Aqui acompanhamos a complicada gravação do filme "O Príncipe Encantado" que Marilyn Monroe (Michelle Williams) filmou na Inglaterra (fato único em sua carreira). Não deixa de ser cômico acompanhar o britânico Sir Laurence Olivier (Keneth Branagh) com toda sua organização e pontualidade arrancando os cabelos da cabeça com os constantes problemas de Marilyn durante as filmagens (sempre atrasada, sempre errando o texto do filme, tendo crises matrimoniais e depressivas, etc). O curioso é que o filme conseguiu retratar esse lado nada lisonjeiro do mito de forma não agressiva ou desrespeitosa. Seria muito fácil colocar uma Marilyn caindo pelo set, obviamente drogada ou bêbada. Felizmente o bom senso falou mais alto e aqui acompanhamos ela tal como realmente aconteceu - a atriz com muitos problemas pessoais, porém sem cair no sensacionalismo barato.

O foco do filme se concentra na aproximação de Marilyn com o terceiro assistente de direção, o jovem Collin Clarke (Eddie Redmayne). No meio do caos ela acaba se aproximando desse garoto que dentro da equipe não tinha nenhuma importância mas que acaba ganhado sua amizade e afeto. O curioso é que tudo que vemos na tela foi inspirado no próprio relato de Collin Clarke que por uma sorte do destino estava lá, no lugar e no tempo certos! Uma dessas coisas que só acontecem mesmo uma vez na vida de qualquer pessoa! Existe até hoje uma certa dúvida sobre a veracidade ou não de seu livro mas de certa forma isso não tem tanta importância pois não seria o primeiro livro a misturar fatos reais com toques de ficção! O texto é divertido e se for apenas uma lorota temos que reconhecer que é tudo muito bem escrito (e descrito). Infelizmente o autor faleceu em 2002 e não teve a oportunidade de ver sua obra adaptada tão bem para a tela de cinema.

Como já era esperado Michelle Williams só tinha dois caminhos ao interpretar Marilyn: ou atuar de forma convincente ou cair na caricatura! Muitos atores que interpretam mitos do passado como Elvis ou Marilyn inevitavelmente caem na caricatura pura e simples! Viram palhaços de forma inconsciente! Embora não seja muito parecida fisicamente com Monroe a atriz Michelle surpreende. Ela está doce, delicada (e complicada) em cena, tal como a Norma Jean da vida real. Concorrendo ao Oscar contra Meryl Streep por "A Dama de Honra" realmente ficarei chateado se perder pois considero seu trabalho muito superior à da colega. Sem grande uso de maquiagem pesada (como Streep), Michelle Williams conseguiu sumir dentro da personagem, o que prova seu fenomenal trabalho de atuação. O fato é que Marilyn era uma pessoa com sonhos, sentimentos e pensamentos que a distanciavam do estereotipo de "loira burra" que seus personagens acabaram criando na mente do público. Captar a essência dessa pessoa é o grande trunfo desse filme.

O diretor Simon Curtis tem uma das melhores séries da BBC no currículo, chamada Cranford (que acompanhei e fiquei maravilhado). Aqui ele repete integralmente seu bom gosto e finesse em cena. Tudo é encenado e recriado com uma delicadeza cuidadosa que foge sempre do lugar comum. A reconstituição de época também me agradou bastante, assim como os pequenos detalhes da produção (que contam muito no saldo final). A única crítica maior que teria a fazer ao filme seria a pouco relevância dada pelo roteiro a outro mito da história do cinema presente na história: Vivien Leigh, esposa de Laurence Olivier. No filme sua figura surge apagada e sem grande atrativo. Uma pena, mas tudo bem, "My Week With Marilyn" não deixa de ser brilhante por esse pequeno tropeço. Do jeito que está o filme me agradou bastante e recomendo aos fãs da eterna Marilyn Monroe, uma mulher tão linda quanto complexa, uma combinação totalmente explosiva vamos convir. Assistam sem susto, pois o filme é acima de tudo uma bela homenagem ao maior mito sexual da história do cinema.

Pablo Aluísio.