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sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Segredos do Poder

Bill Clinton foi presidente dos Estados Unidos durante praticamente todos os anos 90. Nesse filme sua figura foi ironizada. Clinton gostava de passar uma imagem jovial ao povo americano. Gostava de tocar sax usando óculos escuros e tinha uma queda por mulheres de todos os tipos. Em "Segredos do Poder" John Travolta interpreta um político chamado Jack Stanton. Ele é um porcalhão, um cafajeste imoral, que usa e abusa do seu poder para sair com o maior número de mulheres que encontra pela frente. Um caipira bonachão, não muito ético e com um cinismo absurdo que lhe traz até mesmo um certo carisma, ou seja, o próprio retrato de Bill Clinton. Esse é também, curiosamente, uma das melhores atuações da carreira de Travolta, justamente porque ele deixou a vergonha de lado para dar vida a esse escroque político com seguidores.

Embora não se assuma como uma biografia não autorizada do presidente Clinton, o filme era óbvio nesse sentido, a ponto inclusive de ter sido criticado pelo próprio Partido Democrata. A "piada" incomodou o alto escalão do poder, quem diria. Só por essa razão já valeria a pena conferir essa divertida e demolidora crítica ao mundo político americano. Ironicamente o cinema americano que sempre foi tão alinhado ao Partido Democrata tornava alvo um de seus principais políticos, o que causou surpresas na época. Afinal era de se esperar que Hollywood procurasse sempre demolir políticos Republicanos, conservadores, mas Democratas? Era uma surpresa geral mesmo. O filme é bom, entretanto com o passar dos anos muitas das bem boladas piadas do roteiro simplesmente se perderam. Uma pena.

Segredos do Poder (Primary Colors, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, 1998) Direção: Mike Nichols / Roteiro: Joe Klein, Elaine May / Elenco: John Travolta, Emma Thompson, Kathy Bates, Billy Bob Thornton, Diane Ladd / Sinopse: Sátira em tom de comédia em cima da figura do presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Kathy Bates) e Melhor Roteiro Adaptado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Coração Selvagem

Título no Brasil: Coração Selvagem
Título Original: Wild at Heart
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: PolyGram Filmed Entertainment
Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Elenco: Nicolas Cage, Laura Dern, Willem Dafoe, Diane Ladd, Isabella Rossellini, Harry Dean Stanton

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Barry Gifford, o filme "Coração Selvagem" conta a história do casal formado por Sailor Ripley (Nicolas Cage) e Lula (Laura Dern). A mãe odeia o namorado da filha Lula e contrata os tipos mais bizarros para matar Sailor. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante (Diane Ladd). Também indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Willem Dafoe), melhores efeitos sonoros e melhor trilha sonora incidental (Angelo Badalamenti). Filme premiado no Cannes Film Festival.

Comentários:
Como diria um amigo, esse é do tempo em que os filmes de Nicolas Cage eram bons. Imagine nos dias de hoje um filme estrelado pelo Cage sendo premiado em Cannes! Não tem a menor chance disso acontecer. Pois é, nessa criação de David Lynch (ele dirigiu e assinou o roteiro do filme) somos convidados a conhecer o lado mais kitsch e brega de uma América decadente, onde os antigos valores morais já não significavam nada. A bela jovem do passado hoje namora um cara doidão. A mãe contrata assassinos profissionais para dar cabo do tal sujeito e a moralidade e a suposa ética do povo americano desce pelo ralo. O curioso é que David Lynch sempre quis mostrar com esse filme o lado mais brega dos Estados Unidos, inclusive no que se tratava de figurinos, maquiagens, etc. Tanto que ele pegou atrizes que eram símbolos sexuais na época, como Isabella Rossellini, e as enfeiou com tintas baratas de cabelos loiros, etc. Claro que tudo isso resultou em um desfile de breguice, o que deu um charme a mais ao filme. Por fim cabe elogiar ainda a trilha sonora incidental composta por Angelo Badalamenti. Os temas se tornaram até mesmo sucessos nas rádios da época. Basta ouvir que você reconhecerá as músicas imediatamente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Joy - O Nome do Sucesso

Título no Brasil: Joy - O Nome do Sucesso
Título Original: Joy
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell, Annie Mumolo
Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Isabella Rossellini, Diane Ladd, Virginia Madsen
  
Sinopse:
A vida de Joy (Jennifer Lawrence) não é fácil. Embora jovem, ela já é divorciada. Seus pais também. Seu ex-marido, um músico fracassado, mora em seu porão por não ter onde ficar. Sua mãe passa os dias assistindo novelas de quinta categoria em seu quarto. Seu pai é dono de uma oficina mecânica que é colocado para fora de sua casa pela segunda mulher. Sem opção vai morar também no porão de Joy. Com uma família tão disfuncional, vivendo de empregos medíocres, ela decide que chegou a hora de mudar sua vida de uma vez por todas. Para isso ela resolve inventar um novo produto, um esfregão de limpeza, com o qual pretende fazer fortuna. Isso porém definitivamente não será nada fácil. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Jennifer Lawrence). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Jennifer Lawrence).

Comentários:
O filme colecionou críticas ruins nos Estados Unidos e a bilheteria foi apenas razoável, mas penso que houve um certo exagero nas reações negativas. Ok, não se trata de nenhuma obra prima do cinema, porém o filme de um modo em geral me agradou. O roteiro é seu grande ponto positivo, mostrando a vida de uma jovem americana da classe trabalhadora que vive em uma família bastante disfuncional. Ao invés de se resignar e aceitar o destino sem graça que seu futuro parece lhe reservar, ela resolve colocar a mão na massa e parte em busca de novos desafios. Jennifer Lawrence, como já escrevi várias vezes, vale qualquer filme por causa de seu carisma. Além de ser linda, ela consegue se sair bem até mesmo em filmes medianos. Nesse "Joy" toda a atenção se volta para ela. Embora o enredo possa parecer dramático demais (afinal o fracasso nunca é algo tratado com leveza pelo cinema), aqui percebemos um certo tom de fábula em tudo o que acontece. O diretor David O. Russell (que já havia trabalhado ao lado de Lawrence em "O Lado Bom da Vida" e "Trapaça") optou por uma fotografia com muitas cores, quase um modo apelativo para lembrar ao espectador que o filme se passa em um mundo onde elas são essenciais (estou me referindo aos produtos do estilo Polishop que as donas de casa conhecem bem). Isso serve exatamente como fator de identificação com o próprio produto inventado por Joy, um esfregão de limpeza inovador. Um mundo de plástico. 

Muitos podem perder o interesse por causa da excessiva duração do filme (realmente um corte mais enxuto cairia bem), porém vamos convir que a estória é bem contada, emociona um pouquinho e também serve como boa diversão. Penso também que chegou a hora de Jennifer Lawrence largar essa insistência de atuar ao lado de Bradley Cooper pois essa duplinha já saturou. Cooper tem a tendência de virar um "mala sem alça", um chato, nos recentes filmes em que apareceu. É aquele tipo de ator que depois de um tempo cansa por causa da hiper exposição na mídia. Ele é muito marqueteiro, sempre se vendendo como o melhor ator da atualidade. Encheu a paciência completamente! Mais chato impossível! Já Robert De Niro segue mais uma vez na sua linha de fazer papéis coadjuvantes de luxo, sem se comprometer totalmente com os filmes em que aparece. É outro que deveria repensar a carreira. De Niro faz muitos filmes por ano, muitas vezes atuando em personagens sem qualquer importância. Para um ator com seu passado seria bem melhor se procurasse se preservar mais, só atuando em filmes que realmente valessem a pena. Caso contrário ele corre o risco (se isso já não aconteceu) de virar um ator de uso descartável, como o esfregão de Joy. Leve, barato e descartável. Nada bom para quem já foi considerado um dos maiores atores da história do cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Desafiando os Limites

Título no Brasil: Desafiando os Limites 
Título Original: The World's Fastest Indian
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnolia Pictures
Direção: Roger Donaldson
Roteiro: Roger Donaldson
Elenco: Anthony Hopkins, Diane Ladd, Iain Rea

Sinopse: 
Burt Munro (Anthony Hopkins) é considerado velho e ultrapassado pela maioria das pessoas ao seu redor. Para provar que não existe idade para realizar seus sonhos ele decide quebrar o recorde de velocidade nas salinas de Utah com sua moto Indian. Sua meta é transformar seu sonho em realidade e de quebra entrar para o Guinness World Records Book como o homem mais velho a quebrar um recorde de velocidade em motocicletas no mundo.

Comentários:
Infelizmente pouca gente viu esse interessante filme, um projeto muito pessoal do cineasta Roger Donaldson que explora um fato real acontecido com o piloto Burt Munro, um neozelandês obstinado e muito focado que resolveu provar que pessoas da terceira idade conseguiam também atingir grandes feitos na vida, inclusive esportivos. O ator Anthony Hopkins abraçou a ideia a ponto de abrir mão de parte de seu cachê para participar do filme no papel principal. Para ele foi quase uma declaração pessoal, pois assim como o personagem do filme jamais desistiu de sua carreira, se tornando um astro de primeira grandeza no cinema também já com certa idade. Outro ponto atrativo nessa produção é a própria moto Indian. Nos Estados Unidos essa marca de motos é tão cultuada como a Harley-Davidson, o que certamente atrairá o interesse dos amantes de motovelocidade. Por falar nisso as cenas no deserto de sal de Utah são realmente de tirar o fôlego, tal a competência técnica que foi utilizada nas sequências. Em suma, "The World's Fastest Indian" é uma ótima pedida para os fãs do grande Anthony Hopkins, aqui em um filme menor mas não menos precioso.

Pablo Aluísio.