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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Frank Sinatra - In the Wee Small Hours

Frank Sinatra - In the Wee Small Hours
Desde que havia assinado com a Capitol Records, Sinatra vinha com a intenção de investir cada vez mais em discos conceituais. Eram álbuns com uma temática em comum ligando todas as canções. Havia sido em parte assim com os dois primeiros discos do cantor nessa nova gravadora e seguiu ainda mais firme nesse sentido com esse terceiro disco no selo. O tema central aqui é a desilusão amorosa. Todas as letras de todas as faixas possuem esse elo em comum, falando de relacionamentos fracassados, amores dolorosos, solidão, depressão e amargura. Por essa razão é um disco bem melancólico, onde Sinatra no fundo estava falando de si mesmo. Ele havia se separado da esposa Nancy, tinha embargado em um relacionamento conturbado com Ava Gardner, que o traía constantemente, e tudo parecia desmoronar em sua vida amorosa. 

Eu sempre entendi perfeitamente a importância desse álbum na discografia de Sinatra. Sempre foi um dos mais conceituados e elogiados de sua discografia, mas ao mesmo tempo nunca consegui gostar. Acho que é necessário estar em uma certa vibe para curtir esse LP. E esse é o sentimento da dor de cotovelo, não tem como escapar desse aspecto. O ouvinte tem que estar sintonizado com o próprio estado de espírito do cantor na época para criar uma conexão com o sentimento geral que esse trabalho musical passa. Bom, esse tipo de coisa para baixo, caindo no choro por causa do fim de um relacionamento, nunca foi a minha praia. É o disco da fossa do Sinatra. Por isso nunca gostei mesmo. Prefiro outros discos do cantor, mas de qualquer forma fica a dica. É um disco importante na carreira de Sinatra. 

Frank Sinatra - In the Wee Small Hours (1955)
In the Wee Small Hours of the Morning
Mood Indigo
Glad to Be Unhappy
I Get Along Without You Very Well
Deep in a Dream
I See Your Face Before Me
Can't We Be Friends?
When Your Lover Has Gone
What Is This Thing Called Love?
Last Night When We Were Young
I'll Be Around
Ill Wind
1It Never Entered My Mind
Dancing on the Ceiling
I'll Never Be the Same
This Love of Mine

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Frank Sinatra - Songs for Young Lovers

Frank Sinatra - Songs for Young Lovers
Esse foi o primeiro álbum de Sinatra na Capitol Records. Não era apenas uma mudança de gravadora, pois Sinatra havia deixado para trás um belo legado musical na Columbia. Era também uma mudança de ares importante para o cantor. Ele já não vinha se dando bem nos últimos anos na Columbia, por causa de brigas com certos executivos. Na Capitol haveria possibilidade dele recomeçar um novo caminho na sua carreira e foi justamente isso que aconteceu. Sinatra decidiu que iria basicamente gravar as músicas que apresentava no Cassino Sands em Las Vegas. O mesmo repertório, as mesmas músicas e a mesma orquestra que o acompanhava no palco. O tema das canções era geralmente o mesmo, o coração partido de jovens apaixonados. Então não foi mesmo muito complicado de se achar o título ideal para o álbum. 

O disco acabou sendo comercialmente muito bem sucedido se tornando um dos mais vendidos naquele ano. Foi também um dos últimos em que Sinatra não precisou enfrentar a concorrência do rock, que estava prestes a explodir nas paradas musicais. A partir do surgimento da primeira geração do rock americano Sinatra iria enfrentar dificuldades para alcançar as primeiras posições dos mais vendidos. De qualquer forma é um grande trabalho. E como curiosidade final esse era o disco preferido de James Dean, conforme ele mesmo confessou em uma entrevista poucos dias antes de morrer. Quem diria, com sua imagem tão identificada ao rock, James Dean curtia mesmo um belo disco romântico do bom e velho Sinatra. 

Frank Sinatra - Songs for Young Lovers (1954)
My Funny Valentine (Richard Rodgers, Lorenz Hart)
The Girl Next Door (Ralph Blane, Hugh Martin)
A Foggy Day (George Gershwin, Ira Gershwin) 
Like Someone in Love (Jimmy Van Heusen, Johnny Burke)
I Get a Kick Out of You (Cole Porter) 
Little Girl Blue (Rodgers, Hart) 
They Can't Take That Away from Me (George Gershwin, Ira Gershwin) 
Violets for Your Furs (Tom Adair, Matt Dennis)

Pablo Aluísio. 

domingo, 11 de junho de 2023

Alta Sociedade

Alta Sociedade
Tive o prazer de assistir nesses últimos dias a esse clássico musical da era de ouro em Hollywood. Basta ver os nomes envolvidos na produção para entender que se trata de um excelente filme. A atriz Grace Kelly aqui fez sua última atuação no cinema. Ela resolveu se casar com o príncipe de Mônaco e abandonou sua carreira em Hollywood. Que pena! Ainda era tão jovem e certamente teria muitos anos de atividade no cinema, mas enfim, cada um é dono de seu próprio destino. Na tela ela interpreta uma jovem mimada de família rica. Ela está prestes a se casar pela segunda vez na linda mansão da família. Tudo parece correr bem, mas logo problemas surgem no horizonte. 

Seu primeiro marido, interpretado pelo cantor Bing Crosby, decide aparecer em sua mansão nas vésperas do casamento de sua ex. Ele ainda a ama e não perde a oportunidade de relembrá-la dos bons momentos que viveram juntos, inclusive cantando o clássico "True Love" que foi um dos grandes sucesso da época em que o filme foi lançado. Outro cantor famoso, Frank Sinatra, interpreta um jornaista bisbilhoteiro que trabalha numa revista de fofocas. Ele quer descobrir tudo sobre as novas núpcias da protagonista. Cínico e petulante, aproveita também para ir apresentando suas canções entre uma cena e outra. E dois dos maiores cantores do século XX fazem um belo dueto juntos. Só isso já valeria pelo filme inteiro. Achou pouco? Que tal o talento de Louis Armstrong e sua banda como brinde? E não podemos esquecer que toda a trilha sonora foi composta pelo gênio Cole Porter. Nada mal, não é mesmo?

Um fato que me chamou atenção na despedida de Grace Kelly do cinema é que sua personagem saiu do tipo habitual do que ela costumava interpretar. Grace sempre interpretava loiras elegantes, quase gélidas. Sua personagem aqui tem muita personalidade, é espevitada, gosta de criar situações engraçadas e até mesmo toma um porre daqueles na noite anterior ao seu próprio casamento, claro dando um vexame enorme na frente dos convidados. Quem poderia imaginar algo assim? Enfim, um belo filme, lindamente fotografado, com trilha acima do sublime e cenários requintados e glamorosos. Pois é, esse tipo de classe, elegância, graça e glamour o cinema americano certamente perdeu com o passar dos anos. 

Alta Sociedade (High Society, Estados Unidos, 1956) Direção: Charles Walters / Roteiro: John Patrick, Philip Barry / Elenco: Bing Crosby, Grace Kelly, Frank Sinatra, Louis Armstrong, John Lund, Louis Calhern / Sinopse: Jovem mimada de família rica vai se casar pela segunda vez. Ela planeja uma grande festa, mas logo problemas surgem com a presença de seu ex-marido e de um jornalista que trabalha em uma revista de fofocas. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música Original (True Love de Cole Porter) e Melhor Trilha Sonora (Cole Porter). 

Pablo Aluísio.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O Mais Bandido dos Bandidos

Título no Brasil: O Mais Bandido dos Bandidos
Título Original: Dirty Dingus Magee
Ano de Lançamento: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: David Markson
Elenco: Frank Sinatra, George Kennedy, Anne Jackson, Lois Nettleton, Jack Elam, Harry Carey Jr

Sinopse:
Dirty Dingus Magee e seu antigo rival Hoke Birdsill se revezam em ser homem da lei ou fora da lei e rivais ou parceiros no crime, dependendo das circunstâncias, tudo acontecendo nos tempos do velho oeste. E no final de tudo, quem vai vencer esse duelo de vigaristas?

Comentários:
Frank Sinatra tinha que cumprir contrato com a MGM após ter trabalhado muito no estúdio durante os anos 60. A verdade é que nessa época ele estava mais empenhado em suas temporadas anuais em Las Vegas, onde se apresentava em cassinos luxuosos da cidade. Sinatra não estava muito interessado em voltar ao cinema, mas com medo de sofrer uma multa milionária, aceitou trabalhar nesse faroeste mais leve, quase em tom de comédia. O interessante é que Frank Sinatra tinha realmente um bom dedo para escolher roteiros. Apesar da leveza que não vai satisfazer muito aos fãs dos filmes de faroeste mais tradicionais, esse western tem muito charme e muito carisma. É uma produção para se encarar como puro divertimento, pura diversão. O estúdio queria que ele cantasse nas cenas, mas houve resistência por parte do cantor. Ele estava para lançar um novo disco e não queria que músicas de filmes atrapalhassem suas vendas nas lojas de discos. De qualquer forma, apesar das várias resistências, o resultado se mostra muito bom. É um faroeste divertido, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

A um Passo da Eternidade

Título no Brasil: A um Passo da Eternidade
Título Original: From Here to Eternity
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Daniel Taradash, James Jones
Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober

Sinopse:
Um grupo de militares americanos, a maioria deles da Marinha (U.S. Navy) estão levando suas vidas enquanto trabalham em navios ancorados no porto de Pearl Harbor, no Havaí. Então. sem nenhum aviso, são surpreendidos por um ataque massivo da Força Aérea Imperial do Japão, se tornando o estopim da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial.

Comentários:
Esse clássico do cinema americano é até hoje considerado o filme definitivo do ataque japonês ao porto militar de Pearl Harbor. Até aquele momento o governo americano não tinha intenção de entrar na Guerra. Depois do ataque, que matou milhares de militares dos Estados Unidos, a entrada se tornou inevitável. O grande mérito desse roteiro não foi apenas mostrar o ataque em si, em cenas realmente memoráveis, algumas tiradas de arquivo, filmagens reais, mas também de individualizar aqueles militares, mostrando a vida deles antes do ataque, suas paixões, planos, a vida que ia seguindo normal até aquele dia que o próprio presidente Roosevelt diria que "entraria para a infâmia". Dando rosto e história a cada um desses personagens o filme humanizou a face das vítimas do ataque. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, sendo premiado em 8 categorias do Oscar. Até hoje é considerado um dos maiores clássicos da história de Hollywood.

Pablo Aluísio. 

 

terça-feira, 27 de julho de 2021

O Homem do Braço de Ouro

Esse filme é uma boa indicação para aqueles cinéfilos que sempre tiveram preconceito contra Frank Sinatra no cinema. Aqui ele provou que poderia estrelar um drama, interpretando um personagem com diversos problemas. Ele dá vida a um sujeito que ficou alguns anos na prisão. Foi condenado por porte de drogas. Ele também sempre teve problemas, se tornando viciado em drogas. Uma vez colocado em liberdade ele decide mudar os rumos de sua vida. Quer ser músico de orquestras de jazz. É um bom baterista que sonha em subir alto na vida de artista. Só que fantasmas de seu passado sempre o puxam para baixo. É casado com uma mulher problemática, emocionalmente instável, que vive presa em uma cadeira de rodas. Tem uma amante em um caso amoroso que nunca parece chegar em lugar nenhum. Essa amante é interpretada pela atriz Kim Novak. Sua personagem trabalha em uma boate de striptease. 

Aliás toda a vida do  protagonista parece girar em torno de lugares assim, meio marginais. E conforme seus sonhos vão virando pó ele volta para a marginalidade. Sucumbe ao vício de heroína mais uma vez, é reprovado no teste para fazer parte de uma banda e termina em um jogo de cartas controlado por mafiosos. Esse filme realmente me impressionou pelo ótimo trabalho de atuação de Sinatra. Ele tem cenas ousadas para aquela época, inclusive tomando "picos" de heroína e se contorcendo em uma crise de abstinência. Enfim, um grande filme, provavelmente o melhor momento do Frank Sinatra ator.

O Homem do Braço de Ouro (The Man with the Golden Arm, Estados Unidos, 1955) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Walter Newman, Lewis Meltzer, baseados no livro escrito por Nelson Algren / Elenco: Frank Sinatra, Kim Novak, Eleanor Parker / Sinopse: Frank Sinatra interpreta um ex-presidiário que após cumprir sua pena pensa em mudar de vida. Só que seu passado volta para atormentar seus planos e sonhos. E a luta contra o vício em drogas torna tudo ainda mais problemático. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor ator (Frank Sinatra), melhor direção (Otto Preminger) e melhor música (Elmer Bernstein).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

À Sombra de um Gigante

Clássico do cinema americano, filme produzido e lançado na década de 1960. Qual é a história do filme? Após o fim da segunda grande guerra mundial, o coronel David 'Mickey' Marcus (Kirk Douglas) volta para a vida civil. Advogado de formação, ele retorna para seu escritório em Nova Iorque, mas é logo procurado por um grupo de judeus que pedem por sua ajuda. Há uma nova nação e um novo exército. É preciso mais do que nunca alguém que tenha experiência de guerra na liderança das forças armadas de Israel. O país criado em cima do território da Palestina é cercado por inimigos por todos os lados e Marcus é chamado para organizar um exército com os jovens idealistas que estavam dispostos a lutar por Israel. Detalhe: eles não não tinham  qualquer tipo de experiência nesse campo ou treinamento militar. Esse filme conta uma história importante na formação do Estado de Israel, quando surgiu a necessidade de criar e estruturar as forças armadas daquela jovem nação. 

Como não havia experiência militar entre os jovens que se mudaram para aquela região após a criação do país, foi necessário a contratação de militares experientes para coordenar e desenvolver todos esses preparativos. O personagem interpretado por Kirk Douglas é justamente um desses homens que vão para Israel para dar os primeiros movimentos na criação de uma força militar poderosa naquela região. Todos os eventos que vemos no filme são inspirados em fatos históricos reais. Depois do que aconteceu na II Guerra, dos tristes e lamentáveis eventos do holocausto, o povo judeu, como era de esperar, precisava agora se armar e se tornar uma potência militar para proteger todos os membros de sua nação. E os militares americanos tiveram um papel importante nessa reestruturação, contribuindo com seus conhecimentos e experiência no campo de batalha. Os resultados foram excelentes, a tal ponto que em poucos anos Israel se tornou a maior potência militar do Oriente Médio. Inclusive seu teste de fogo não iria demorar muito. Em pouco tempo o país entraria em guerra com o Egito e se sairia vencedor desse conflito.

O diretor Melville Shavelson fez um bom trabalho para a United Artists. Por causa do tema a produção contou com a boa vontade de um excelente grupo de atores de Hollywood. Há três astros no filme, todos campeões de bilheteria na época. Além de Kirk Douglas, o elenco ainda trazia o grande John Wayne em um papel coadjuvante e o cantor Frank Sinatra, em um papel ainda menor. E aqui temos aquele velho problema que sempre surgia em filmes com grandes elencos. Não havia espaço para todos. Sempre alguém era desperdiçado em cena. Foi justamente o caso de John Wayne e Frank Sinatra. Seus personagens são até importantes na história, mas os atores não contaram com tempo suficiente para desenvolvê-los bem. De qualquer forma procure relevar esse aspecto. O filme já é importante apenas pelo tema histórico mostrado. Todo o resto são apenas pequenos detalhes cinematográficos.

À Sombra de um Gigante (Cast a Giant Shadow, Estados Unidos, 1966) Estúdio: United Artists / Direção: Melville Shavelson / Roteiro: Melville Shavelson, baseado na obra de Ted Berkman / Elenco: Kirk Douglas, John Wayne, Yul Brynner, Frank Sinatra, Angie Dickinson, Senta Berger / Sinopse: O filme conta a história de um veterano militar americano que é contratado pelo Estado de Israel para ajudar na criação das forças armadas daquele país, em um momento histórico em que Israel estava se formando politicamente.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de outubro de 2020

Meu Ofício é Matar

A pequena cidade de Suddenly é das mais pacatas do meio oeste dos Estados Unidos. Há muitos anos nenhum crime mais sério é registrado, talvez por isso o principal passatempo do xerife local seja tentar conquistar o afeto da jovem viúva Ellen Benson (Nancy Gates). Seu marido morreu na segunda guerra e ela ficou sozinha para criar seu único filho. Morando com seu pai, um veterano do serviço secreto, numa casa localizada em uma colina bem em frente à estação de trem, ela, por enquanto, não deseja mesmo se envolver romanticamente com ninguém. A rotina sossegada da cidadezinha muda porém quando o xerife Tod Shaw (Sterling Hayden) é informado que o presidente dos Estados Unidos chegará na estação local para passar alguns dias de folga. Ele pretende pescar e desfrutar da tranquilidade local. Isso obviamente muda completamente a rotina dos moradores. Agentes do serviço secreto e membros da polícia estadual logo tomam as ruas para garantir a segurança do presidente. Até mesmo a casa de Ellen é visitada por supostos agentes do FBI. Liderados por John Baron (Frank Sinatra) eles entram em sua casa dizendo-se membros da segurança do presidente. O que a família de Ellen não sabe é que na verdade são assassinos profissionais que estão ali justamente para matar o presidente. A localização da casa, bem em frente ao local onde o presidente desembarcará de seu trem é perfeita para um tiro de longa distância dado por Baron.

"Meu Ofício é Matar" surpreende por vários aspectos. Muitos anos antes do assassinato do presidente JFK, o roteiro antecipa várias coisas que aconteceriam com Kennedy. O atirador que almeja matar o presidente, interpretado muito bem por Frank Sinatra, era, assim como Lee Oswald, o assassino de JFK, um veterano das forças armadas. O uso de uma janela, acima de qualquer suspeita, para a colocação de um rifle de alta precisão também é similar ao que aconteceria na vida real anos depois. O grande diferencial porém é que Oswald conseguiu uma certa tranquilidade em seu local de tiro (um armazém de livros em Dallas) enquanto o personagem de Sinatra teve que lidar com várias pessoas dentro da casa de Ellen, tendo que se preocupar não apenas em atirar de forma certeira no presidente, mas também administrar seus reféns.

Frank Sinatra está muito bem como o atirador, o assassino profissional contratado para o serviço de sua vida. Afinal matar um presidente dos Estados Unidos não era algo fácil de fazer. Com ares de delírio o personagem de Sinatra se mostra um psicopata perigoso e cruel. O curioso é que o roteiro glorifica os esforços das pessoas que estão feitas reféns dentro da casa para evitar a morte do presidente. O desfecho assim é dos mais interessantes. Gostei muito desse filme. Diria até que foi um dos melhores filmes que assisti com Frank Sinatra. Assim deixo a recomendação desse surpreendente "Meu Ofício é Matar", um filme que antecipou em quase dez anos o que aconteceria na morte de um dos mais populares e marcantes presidentes da história americana.

Meu Ofício é Matar (Suddenly, Estados Unidos, 1954) Direção: Lewis Allen / Roteiro: Richard Sale / Elenco: Frank Sinatra, Sterling Hayden, James Gleason, Nancy Gates / Sinopse: Durante a visita do presidente dos Estados Unidos a uma pequena cidadezinha, um grupo de assassinos profissionais toma de refém uma família para da janela de sua casa mirar e acertar o líder americano assim que ele descer de seu trem.

Pablo Aluísio.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Hollywood vai à guerra!

Quando os Estados Unidos finalmente decidiram entrar na II Guerra Mundial, após o ataque em Pearl Harbor, no Havaí, muitos atores, atrizes e diretores americanos atenderam ao chamado da pátria. Para grandes nomes do cinema o exército americano dava a opção de serviço militar visando apenas o entretenimento das tropas no front, mas nem todos os artistas da época aceitaram esse papel secundário. Eles queriam mesmo combater, ir para o campo de batalha e fazer sua parte em nome de seu país. Tudo faria parte do amplo e irrestrito esforço de guerra patrocinado pelos grandes estúdios de Hollywood.

Um dos maiores exemplos de patriotismo veio de James Stewart. Criado no interior, com fortes valores cívicos, Stewart resolveu se apresentar nas forças armadas como um cidadão comum, desprovido de qualquer privilégio. Para tanto acabou entrando nas fileiras de sua tropa como um simples militar da força aérea. Depois, aos poucos, foi subindo dentro da hierarquia militar. Sua boa postura acabou elevando o ator a uma posição de destaque. James Stewart participou de muitas operações e viu de perto algumas das principais batalhas da guerra. Quando deu baixa recebeu a honrosa patente de Coronel, pois havia se tornado piloto de bombardeiros americanos na Europa ocupada pelos nazistas. O curioso é que ele voltaria a interpretar esse mesmo papel em um conhecido filme de guerra chamado "Comando do Ar" que era praticamente uma versão para o cinema do que ele teria vivido durante seu serviço militar na Segunda Guerra Mundial. 

Outro que também entrou de cabeça no conflito foi Clark Gable. Ele foi logo designado como piloto de bombardeiros americanos que iam até a Alemanha de Hitler para despejar toneladas de bombas nas grandes cidades do eixo. Essa verdadeira guerra de propaganda acabou enervando Hitler que resolveu até mesmo dar uma recompensa para quem conseguisse abater o avião de Gable, que apesar disso conseguiu terminar a guerra ileso de qualquer ferimento. Infelizmente sua esposa, Carole Lombard, não teve a mesma sorte pois morreu quando o avião que a levava se chocou contra uma montanha. Clark Gable ficou tão devastado com essa tragédia que passou a pedir mais e mais missões perigosas, para muitos um retrato de que havia perdido o gosto pela vida. Mesmo assim, agindo muitas vezes com imprudência, conseguiu chegar são e salvo ao final da guerra. Psicologicamente porém ele nunca superou os traumas da morte de sua querida Carole. 

Os diretores também entraram no esforço de guerra. Um dos mais famosos, John Ford, logo entrou no campo de documentação e filmagem do exército americano, participando dos registros de várias operações famosas, inclusive do Dia D, quando os países aliados finalmente invadiram a França ocupada por tropas nazistas. Enquanto as tropas aliadas desembarcavam nas praias da Normandia sob fogo pesado dos alemães, a equipe de Ford corajosamente filmava tudo, deixando importantes registros históricos reais do maior conflito da humanidade.

John Wayne já tinha passado da idade certa para prestar o serviço militar, mas participou da guerra vendendo bônus e fazendo publicidade das tropas americanas, em um vasto trabalho para levantar o moral dos soldados americanos no campo de batalha. Ele também decidiu deixar os filmes de western de lado para se engajar numa série de filmes de teor nacionalista a patriótico como os famosos "Tigres Voadores" e "Fomos os Sacrificados".  E depois que a guerra acabou, John Wayne continuou a estrelar filmes que reverenciavam a bravura dos militares americanos, como um de seus maiores sucessos, "Iwo Jima - O Portal da Glória" que recriava uma das mais sangrentas lutas da guerra no Pacífico. Ainda hoje esse é considerado um dos maiores e melhores filmes de guerra já feitos por Hollywood.

Se atores famosos foram para a guerra para se tornarem combatentes comuns, o inverso também se deu. Audie Murphy foi o soldado mais condecorado da guerra. Salvou companheiros de pelotão e realizou missões de alta periculosidade. Mesmo assim também sobreviveu à guerra e após retornar aos EUA começou uma bem sucedida carreira de ator em filmes de faroeste. Infelizmente Murphy trouxe também inúmeros traumas do conflito, tanto que anos depois numa crise suicida, tiraria sua própria vida com um tiro na cabeça. Foi um final trágico e melancólico para um dos grandes heróis americanos da II Guerra Mundial.

Já o chamado trio rebelde de Hollywood conseguiu escapar da guerra. Marlon Brando não conseguiu ser habilitado para o serviço militar por ter o joelho destroçado em seus anos como jogador de futebol americano no colégio militar onde estudou. Jovem e na idade certa para servir à guerra, Brando foi dispensado e ficou em Nova Iorque para dar inicio a uma das carreiras mais marcantes da história do cinema. Outro que escapou do front foi o rebelde James Dean. Até hoje pairam dúvidas sobre a razão da dispensa de Dean das forças armadas, mas em biografias recentes o mistério foi desvendado. James Dean abriu o jogo para o agente de convocação e disse que era gay e que morava com um homem em um apartamento de Nova Iorque. A guerra já havia acabado e ele se viu livre do serviço militar. Diante de sua opção declarada logo foi descartado pelo exército americano.

Outro que escapou foi Montgomery Clift. Ele odiava guerras, era um pacifista de coração, mas isso por si não seria motivo para ser dispensado do serviço militar. Ele se apresentou nas fileiras e seguiu todos os procedimentos de alistamento. O que afinal salvou Clift da guerra foi seu corpo franzino e frágil, que foi considerado inadequado para o corpo de fuzileiros navais. Isso aliás não deixou de ser uma grande ironia pois anos mais tarde Clift faria dois grandes clássicos dos filmes de guerra, "A Um Passo da Eternidade" e "Os Deuses Vencidos" mostrando que nem sempre a vida realmente imitava a arte. Afinal se não foi um militar na vida real se tornou um excelente soldado das telas.

Frank Sinatra também enfrentou problemas semelhantes, mas no caso dele parece que sua fuga do exército foi proposital. O ator alegou que tinha problemas de saúde e usando de influência entre militares de alta patente conseguiu ser dispensado. A imprensa porém pegou no seu pé imediatamente. Com pavor de ser chamado de covarde ele começou a trabalhar em prol da venda de bônus de guerra. Já atrizes como Shirley Temple e Judy Garland se dedicaram a fazer shows para os soldados. Elas foram para a Europa e se apresentavam em campos para soldados que estavam na linha de frente do campo de batalha. Já Marilyn Monroe era apenas uma mocinha na época. Mesmo assim conseguiu colher frutos positivos em sua vida. Trabalhando como operária numa fábrica de aviões militares em Los Angeles sua beleza chamou a atenção de um fotógrafo que tirou algumas fotos dela em seu macacão de fábrica. As fotografias foram publicadas em grandes revistas de circulação nacional e isso deu o pontapé inicial em sua carreira de modelo. Em suma, a guerra mudou a vida de muitos astros e estrelas de Hollywood. Foi um acontecimento histórico que marcou toda uma geração. 

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de dezembro de 2019

A Um Passo da Eternidade

O soldado Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift) é transferido para uma base militar no Havaí após ter alguns problemas com oficiais no quartel onde servia. Lá ele fica sob o comando do Sargento Milton Warden (Burt Lancaster). Prewitt tem fama de bom boxeador, mas não quer voltar aos ringues. Como o Comandante do grupo é fã do esporte ele tenta convencer o soldado a lutar de qualquer jeito ao lhe impor uma rígida disciplina militar. Seu objetivo é forçar Previtt a lutar na competição militar, mas ele resiste bravamente. Nesse ínterim, o Sargento Milton decide começar um caso extraconjugal com a bela Karen Holmes (Deborah Kerr); O problema é que ela é a esposa de seu Capitão!

"A Um Passo da Eternidade" é um dos clássicos mais famosos da história do cinema americano. O que o distingue dos demais filmes de guerra da época é que o roteiro do filme procura desenvolver o máximo possível o aspecto mais humano dos personagens em cena. O papel de Clift é um exemplo. Ele é um novato que sofre todos os tipos de humilhações dentro da base. Mesmo assim resiste ás provocações para demonstrar seu ponto de vista. Ao se envolver com a dançarina de cabaré Lorene Burke (Donna Reed) ele procura acima de tudo uma redenção em sua vida, algo que valha a pena lutar. O enredo gira em torno dele, mas o filme não se resume a isso pois tem como pano de fundo o grande ataque japonês ao porto americano de Pearl Harbor, fato que ocasionou a entrada dos EUA na II Guerra Mundial. O argumento assim tenta dar um rosto e uma história para os milhares de militares americanos que estavam no Havaí nesse grande bombardeio das forças do império japonês.

Baseado no romance best-seller de James Jones, "A Um Passo da Eternidade" é, em essência, um filme sobre relacionamentos humanos, paixões, rivalidades nas vésperas de um dos maiores acontecimentos da história norte-americana. Além do filme em si ser um marco, a produção ficou conhecida também por várias histórias de bastidores. Uma das mais conhecidas envolveu o cantor Frank Sinatra. Na época ele estava em um péssimo momento na carreira. Após ter um problema vocal suas vendas despencaram e assim Sinatra ficou sem muitas alternativas. Ao descobrir que a Columbia faria "A um Passo da Eternidade" resolveu lutar pelo papel de Angelo Maggio, um soldado boa praça que é vítima de um guarda sádico (interpretado pelo sempre ótimo Ernest Borgnine). O drama para Sinatra começou quando o diretor Fred Zinnemann o recusou para o filme. Segundo afirmam alguns livros o chefão mafioso Sam Giancana, atendendo a um pedido desesperado de Sinatra, colocou Zinnemann contra a parede para que ele escalasse o cantor em decadência. O fato acabou sendo utilizado em "O Poderoso Chefão" em uma cena em que um cantor italiano pede ajuda a Don Vito Corleone para que ele fosse escalado para um filme importante.  A cena é impactante quando uma cabeça de cavalo decepada é colocada ao lado da cama de um cineasta famoso.

De qualquer modo, seja lá como entrou no filme, o fato é que Sinatra conseguiu voltar ao auge. Ele venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação e o filme acabou se tornando o grande premiado de seu ano, levando para casa ainda mais sete prêmios. Uma consagração praticamente completa na mais prestigiada premiação do cinema mundial. Burt Lancaster também foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas não venceu. Havia um certo preconceito contra ele, por ser um astro de filmes de ação e aventura na época. Já Montgomery Clift foi completamente esquecido em mais uma daquelas famosas injustiças da Academia. A consolação para Lancaster veio pelo fato de ter feito a cena mais famosa de sua carreira, quando beija Deborah Kerr na beira da praia. Um momento considerado extremamente ousado para a época, com sensualidade à flor da pele.

A Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity, Estados Unidos, 1953) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Daniel Taradash baseado no romance de James Jones / Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Frank Sinatra, Donna Reed, Ernest Borgnine, Philip Ober / Sinopse: Nas vésperas do ataque japonês à base de Pearl Harbor, fato que levou os Estados Unidos a entrarem na II Guerra Mundial, um grupo de soldados vivem seus dramas pessoais em um regimento do Havaí. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Fred Zinnemann), Melhor Roteiro (Daniel Taradash), Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra), Melhor Atriz Coadjuvante (Donna Reed), Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey), Melhor Som (John P. Livadary) e Melhor Edição (William A. Lyon). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Fred Zinnemann) e Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra),  

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Eles e Elas

Marlon Brando era um dos maiores atores de sua época. Porém não sabia cantar. Frank Sinatra era o rei da música, chamado de The Voice (a Voz) pelos críticos musicais. Como ator porém muitas vezes deixava a desejar. Assim teríamos um filme perfeito unindo esses dois talentos. Pelos menos foi assim que pensaram os executivos da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Só que as coisas definitivamente não saíram bem como os produtores desejavam. Esse musical chamado "Eles e Elas" acabou se tornando um dos filmes mais singulares das carreiras de Brando e Sinatra. A trilha sonora foi gravada usando as diversas tentativas de Brando em cantar bem. Entre as inúmeras desafinadas os produtores conseguiram pincelar pequenos momentos. Depois editaram tudo e o espectador acabou mesmo acreditando que Brando era um cantor, mesmo que meramente mediano.

Já Frank Sinatra não gostou nada da experiência. Ele era um ator pragmático, que queria resolver tudo em apenas um ou dois takes. Porém ao contracenar com Marlon Brando precisou ter paciência em dobro para lidar com os métodos do Actor Studio. Isso acabou criando uma antipatia mútua entre Brando e Sinatra no set de filmagens. No final das gravações eles estavam praticamente sem se falar. Para Brando o ator Frank Sinatra não passava de um cantor tentando atuar sem passar muita vergonha. Ele achava Sinatra bem ruim. Para Sinatra, Brando era superestimado pela crítica. Ele também tinha achado as performances vocais de Marlon um verdadeiro desastre. Como nenhum deles estava disposto a abrir mão de seus egos monumentais a tensão imperou no estúdio. De uma maneira ou outra o público gostou do filme e ele foi até indicado ao Oscar, apesar da crítica não ter apreciado muito. Quem diria que algo assim poderia dar tanto certo no final?

Eles e Elas (Guys and Dolls, Estados Unidos, 1955) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Jo Swerling, baseada no peça escrita por Abe Burrows / Elenco: Marlon Brando, Frank Sinatra, Jean Simmons, Vivian Blaine / Sinopse: Uma bela garota acaba servindo de pretexto para uma aposta nada ética. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Fotografia (Harry Stradling Sr), Melhor Direção de Arte (Oliver Smith, Joseph C. Wright), Melhor Figurino (Irene Sharaff) e Melhor Música (Jay Blackton, Cyril J. Mockridge). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Musical ou Comédia e Melhor Atriz (Jean Simmons).

Pablo Aluísio. 

domingo, 13 de outubro de 2019

Os Quatro Heróis do Texas

Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA. "Os Quatro Heróis do Texas" é uma produção muito fraca estrelada pelos dois maiores nomes do chamado Rat Pack, Sinatra e Martin. Eles já estiveram bem melhores antes mas aqui não convencem, não fazem rir e nem divertem. O filme tem um timing de comédia pastelão que nunca encontra o tom certo. As piadas são fracas e as situações não agradam. Sinatra está particularmente antipático em um papel sem qualquer empatia. Martin está um pouco melhor mas seu personagem também não ajuda muito. O título nacional mais uma vez se mostra equivocado pois não há nenhum herói na estória. Os tais quatro citados são Sinatra, Martin e as atrizes beldades Ursula Andress e Anita Ekberg. Essa última já havia contracenado com Dean Martin numa comédia ao lado de Jerry Lewis chamada "Ou Vai Ou Racha". Aqui ela repete o mesmo papel de mulher deslumbrante, só que servindo de par romântico para o apático Sinatra. Já a Bond Girl Ursula Andress não mostra a que veio em um personagem de nome masculino (Max) que pouco acrescenta no resultado final.

O que mais me deixou surpreso aqui é que o filme não foi dirigido por um diretor medíocre mas sim pelo excelente cineasta Robert Aldrich de tantos títulos marcantes em seu filmografia. Ele não só dirigiu a fita como a produziu. O que deu errado dessa vez? Acredito que o problema central de "Os Quatro Heróis do Texas" seja seu roteiro tolo e abobado que não consegue convencer nem como western e nem como comédia. Nem a participação especial dos Três Patetas consegue levantar a bola do humor do filme. Tudo é muito frouxo e sem graça. As piadas não funcionam e definitivamente Sinatra não tinha talento para esse tipo de filme. Em suma, um grande desperdício no final das contas. "Os Quatros Heróis do Texas" pode ser resumido como um filme ruim que foi dirigido por um excelente diretor e com um bom elenco. Pena que deu tudo errado.

Os Quatro Heróis do Texas (4 For Texas, EUA, 1963) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Teddy Sherman, Robert Aldrich / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress, Anita Ekberg / Sinopse: Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Deus Sabe Quanto Amei

Uma coisa Frank Sinatra sabia fazer muito bem: escolher os roteiros certos para atuar. Um exemplo é esse "Deus Sabe Quanto Amei", filme lançado em 1958 que acabou sendo indicado em várias categorias do Oscar, Não espere ver o cantor interpretando alguma bela canção no filme. Aqui o foco é bem outro. Quando o filme começa o encontramos cochilando em uma cadeira de ônibus. Depois de uma noite de bebedeiras seus colegas de farda o colocaram em um ônibus que ia em direção à sua cidade natal. Quando ele acorda já está de volta ao velho lar, numa cidadezinha de Indiana. Chega também ao seu lado a corista e garota de farras interpretada por Shirley MacLaine. O porre foi tão grande que ele nem sequer lembra dela! Pior, agora que seu serviço militar acabou ele precisa encontrar algo com que trabalhar. Seu desejo sempre foi ser escritor, mas muito indisciplinado e dado a farras, jamais conseguiu ter sucesso na carreira. Isso apesar de ter realmente talento com as letras.

O jeito então passa a ser procurar pelo irmão, que não vê há anos. Ele se tornou um comerciante bem sucedido no ramo de joias. Os dois não se dão muito bem, por arestas não aparadas no passado. Porém nem tudo é desilusão e amargura. Dave (o personagem de Sinatra) também acaba conhecendo e se apaixonando pela professora Gwen French (Martha Hyer). Ela resiste, uma vez que o estilo de vida de Dave é tudo o que ela reprova. Completando o quadro de personagens interessantes desse bom drama temos ainda um jogador de cartas inveterado, sempre com um grande chapéu texano na cabeça, interpretado pelo sempre carismático Dean Martin. Enfim, é um drama romântico muito bom, com excelente roteiro. Com mais de duas horas de duração jamais cai no marasmo ou cansa o espectador, pelo contrário, mantém o interesse até o final. Como eu escrevi antes, Frank Sinatra sabia muito bem escolher onde trabalhar em Hollywood. Era um sujeito esperto e inteligente, disso não tenho a menor dúvida.

Deus Sabe Quanto Amei (Some Came Running, Estados Unidos, 1958) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: John Patrick, baseado no romance escrito por James Jones / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Shirley MacLaine, Martha Hyer, Arthur Kennedy / Sinopse: Após prestar o serviço militar, Dave Hirsh (Sinatra) está de volta à sua cidade natal. Ele precisa encontrar algo o que fazer da vida. Ele tem planos de ser um escritor, mas isso ainda não se concretizou. Acaba se apaixonando por uma professora que, mesmo gostando dele, não se entrega à nova paixão. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Shirley MacLaine), melhor ator coadjuvante (Arthur Kennedy), melhor atriz coadjuvante (Martha Hyer), melhor figurino (Walter Plunkett) e melhor música original ("To Love and Be Loved").

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de julho de 2018

Onze Homens e um Segredo

Título no Brasil: Onze Homens e um Segredo
Título Original: Ocean's Eleven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Harry Brown, Charles Lederer
Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford, Angie Dickinson, Joey Bishop, Henry Silva, Cesar Romero

Sinopse:
Danny Ocean (Frank Sinatra) resolve reunir seus antigos companheiros da Segunda Guerra Mundial para executar um plano mais do que ousado: roubar os quatro maiores cassinos de Las Vegas durante o ano novo! A missão contará com vários especialistas, onde cada um terá um objetivo específico a realizar. Assim que as luzes da cidade forem cortadas, os membros do grupo de Danny Ocean começarão a roubar as fortunas que os estarão esperando em seus cofres milionários na assim chamada "cidade do pecado". Indicado ao prêmio da Writers Guild of America na categoria Melhor Roteiro Original.

Comentários:
"Ocean's Eleven" é considerada a obra prima do Rat Pack, o grupo de amigos que rodeavam Frank Sinatra em seus anos de auge em Las Vegas. O cantor há muito vinha em busca de um roteiro em que pudesse encaixar todos os membros do Rat Pack e acabou encontrando o espaço que tanto queria justamente aqui. O curioso é que Sinatra filmou sua participação enquanto se apresentava em Vegas - de tarde filmava suas cenas e de noite se apresentava nos cassinos ao lado de seus companheiros. Por essa razão praticamente todas as tomadas foram realizadas de primeira, já que Sinatra não queria perder tempo. Isso em nada desqualifica o filme que é muito bem realizado, com ótima trama e elenco muito à vontade. Também pudera, no fundo era tudo uma desculpa para que todos os amigos trabalhassem juntos. Dean Martin, por exemplo, está mais cool do que nunca. Fumando um cigarro atrás do outro, vai de vez em quando ao piano para soltar seu vozeirão. O roteiro é muito bem escrito e tem um cuidado todo especial na apresentação das características de cada personagem. Só para se ter uma ideia, pelo menos metade da duração do filme é usada com esse objetivo. A direção musical foi entregue ao genial maestro Nelson Riddle, que tantos álbuns maravilhosos gravou ao lado de Sinatra. Além do bom gosto o clima de diversão traz um sabor especial para a produção. Tudo muito divertido e bem conduzido, "Ocean's Eleven" é de fato o grande clássico de Sinatra nas telas, talvez só sendo superado mesmo em sua carreira pelo genial "A Um Passo da Eternidade" de 1953.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de outubro de 2017

Só Ficou a Saudade

Título no Brasil: Só Ficou a Saudade
Título Original: Kings Go Forth
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Merle Miller, baseado na novela de Joe David Brown
Elenco: Frank Sinatra, Tony Curtis, Natalie Wood, Karl Swenson
  
Sinopse:
Segunda Guerra Mundial. O tenente americano Sam Loggins (Frank Sinatra) e seu pelotão rumam em direção ao sul da França, país que estava sendo libertado naquele momento histórico da dominação nazista. Em seu grupo junta-se um novo cabo, Britt Harris (Tony Curtis), especialista em comunicação. Quando chegam numa pequenina cidade na costa descobrem que o local está praticamente livre de tropas inimigas. Assim eles partem para a diversão, indo à praia e namorando as garotas locais. Sam acaba se apaixonando pela doce e bela Monique Blair (Natalie Wood), mas ela parece ficar mais interessada por Harris, afinal ele é extrovertido, sedutor e boa pinta. O que eles nem desconfiam é que os alemães não estão tão derrotados como todos erroneamente pensam.

Comentários:
Depois de "A Um Passo da Eternidade" o cantor Frank Sinatra deu um tempo em dramas de guerra, só retornando mesmo com esse bom "Só Ficou a Saudade". Embora tenha cenas de ação e combate o filme não se propõe a investir muito nesse aspecto. Na realidade o roteiro está sempre muito mais focado em contar uma história de amor frustrado. A velha história do sujeito que ama uma mulher, mas que precisa se contentar com o triste destino, pois ela ama outro. É interessante que Sinatra tenha optado por interpretar um homem triste, melancólico e rejeitado que precisa manter a cabeça no lugar enquanto tenta sobreviver à guerra e ao fato de que um verdadeiro canalha (o cabo Harris) acabe roubando o coração da garota que ele tanta ama. Há uma linha de diálogo que reflete tudo isso. O tenente interpretado por Sinatra se vira para o personagem de Tony Curtis e desabafa, dizendo: "Olhe para você! É rico, bonito e se dá bem com as garotas. Eu sou pobre e feio!". 

A impressão que tive foi que Sinatra, que vinha numa fossa tremenda em sua vida pessoal, por causa da rejeição de Ava Gardner, tentava transmitir tudo o que sentia justamente nesse papel em que atuava. Outro aspecto digno de nota vem da personagem Monique de Natalie Wood. Ela é filha de um negro americano que se enamorou de uma francesa. Em determinado momento do roteiro ela conta essa história para o tenente Sam. Ele fica chocado com as suas origens! Hoje em dia algo assim daria inúmeros problemas, certamente. Mas enfim... O diretor Delmer Daves, de tantos faroestes, até que se saiu muito bem dirigindo esse romance improvável e triste, sem final feliz. E para fechar a pequena resenha aqui vai também mais um fato curioso. Em determinada cena, numa boate esfumaçada, os soldados começam a pedir que um membro do pelotão suba ao palco para se apresentar. Obviamente por Frank Sinatra ser um dos maiores cantores de todos os tempos o espectador acabe pensando que ele dará uma canja em cena, mas não! Quem sobe ao palco para "dublar" um trompete é Tony Curtis! Assim, sinceramente, não dá para ser feliz...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Frank Sinatra - Só Ficou a Saudade

O filme em questão se chama "Kings Go Forth" (no Brasil recebeu o título de "Só Ficou a Saudade"). Durante muitos anos Hollywood se perguntou quando Sinatra retornaria aos filmes de guerra, ou melhor colocando, aos dramas de guerra. Isso porque o cantor havia sido laureado com o Oscar por "A Um Passo da Eternidade", filme que se notabilizou justamente por consagrar esse gênero. Assim todos esperavam pelo aguardado retorno de Sinatra a esse tipo de produção.

A espera acabou em 1958 com essa fita dirigida pelo cineasta Delmer Daves. Embora fosse mesmo especialista em faroestes, Daves aceitou o convite de Sinatra para dirigir essa adaptação da novela de Joe David Brown. As comparações com "A Um Passo da Eternidade" embora óbvias, são também injustas. Fica claro desde o começo que Sinatra está apenas preocupado em atuar bem, contar uma boa história (que foi parcialmente inspirada em fatos reais) e nada muito além disso. Para elevar um pouco as pretensões um ótimo elenco de apoio foi formado, mas mesmo assim podemos perceber bem que Sinatra não está pretendendo ganhar outro Oscar ou nada parecido com isso. Se sua intenção era apenas estrelar um bom filme de guerra, com toques dramáticos e romance, bom, ele certamente cumpriu aquilo que pretendia.

Quando o filme começa já encontramos o tenente Sam Loggins (Sinatra) e seus homens andando pelo interior da França que naquele momento estava sendo ocupada por forças aliadas após a dominação nazista. Eram soldados de libertação e por isso por onde passavam eram saudados pela população. A sorte para aqueles soldados era que eles foram designados para ocupar o sul do território francês, uma região em que já não havia mais tropas alemãs para combater. Um lugar realmente paradisíaco, com lindas praias e mulheres bonitas, todas prontas para se relacionarem com os militares americanos. Para Sam não poderia existir lugar melhor para se estar numa guerra daquelas. Entre uma volta e outra pelas bonitas paisagens ele acaba encontrando a bela Monique Blair (Natalie Wood), filha de pai americano, mas que mora na França desde que nasceu. 

Não demora muito e o tenente interpretado por Sinatra logo se apaixona por ela. O romance porém terá suas dificuldades, principalmente por causa das origens da garota (algo que vai deixar muita gente de cabelo em pé nos dias de hoje) e uma insuspeita antipatia entre ele e o cabo Britt Harris (Tony Curtis), filho de um rico empresário, boa pinta e metido a galã, conquistando as garotas francesas locais por onde passa. Ele vem para ser o operador de rádio, mas isso não faz com que Sinatra tenha maiores simpatias por ele, muito pelo contrário. 

Enfim, é justamente em cima desse trio de protagonistas que o roteiro se desenvolve. Tudo muito bem realizado, com ótimo entrosamento de todo o elenco. Sinatra, com seu estilo natural de interpretação, se encaixa muito bem na proposta do filme. Uma produção de sua carreira que prova mais uma vez que se ele não era um ator grandioso, pelo menos tinha o talento inegável de saber escolher bem os roteiros nos quais iria trabalhar. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra

O tema desse álbum de Frank Sinatra é a lua, ou melhor dizendo, a lua dos namorados. São canções românticas que evocam romantismo em cada momento. Um disco conceitual? Bom, eu poderia classificar como uma coletânea conceitual, já que as canções escolhidas pelo próprio Sinatra não foram compostas em conjunto para a elaboração de um disco específico. Pelo contrário são músicas citando a lua, mas de períodos e compositores bem diversos. Inegavelmente o conjunto ficou bonito, mas sem essa coisa de tentar criar algo mais substancial do que realmente é. Assim temos uma coleção de lindas músicas românticas na voz incomparável de Frank Sinatra.

Historicamente o cantor teve o melhor período de sua discografia na Capitol Records. Depois ele brigou com os produtores e decidiu que iria abrir seu próprio selo. Nasceu assim a Reprise Records. Trabalhando por conta própria, sendo ao mesmo tempo artista e empresário, Sinatra não perdeu tempo. Levou sua própria equipe musical do período em que gravava seus álbuns na Capitol para a nova gravadora. Entre esses músicos estava o amigo e parceiro Nelson Riddle, acompanhado de sua fabulosa orquestra. Relembrando que na Capitol o talentoso Riddle nunca teve o espaço merecido. Ele era - pasmem! - considerado apenas um maestro substituto dentro do selo. Era do banco de reservas. Na Reprise ele seria do time principal, com o status que merecia. E como não poderia deixar de ser, novamente foi brilhante ao lado de Sinatra. Esse disco aqui demonstra muito bem isso, nessa nova fase. O mesmo talento, a mesma elegância em cada nota musical. É mais um dos grandes discos de Frank Sinatra, aqui em casa nova.

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra
Cantor: Frank Sinatra
Álbum: Moonlight Sinatra
Selo: Reprise Records
Data de Gravação: Novembro de 1965
Produção: Sonny Burke
Local de Gravação: Hollywood, Los Angeles
Data de Lançamento: Março de 1966

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra
1. Moonlight Becomes You (Johnny Burke / Jimmy Van Heusen)
2. Moon Song (Sam Coslow / Arthur Johnston)
3. Moonlight Serenade (Glenn Miller / Mitchell Parish)
4. Reaching for the Moon (Irving Berlin)
5. I Wished on the Moon (Dorothy Parker / Ralph Rainger)
6. Oh, You Crazy Moon (Burke / Van Heusen)
7. The Moon Got in My Eyes" (Burke, Johnston)
8. Moonlight Mood (Harold Adamson / eter de Rose)
9. Moon Love (Mack David / André Kostelanetz)
10. The Moon Was Yellow (And the Night Was Young) (Fred E. Ahlert /  Edgar Leslie)

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Frank Sinatra - Duets

Não, Frank Sinatra não dividiu uma cabine de gravação com nenhum outro artista. Ele não ficou face a face com nenhum outro cantor ou cantora na gravação desse álbum. Isso não significa porém que não estamos na presença de um disco maravilhoso, realmente um dos mais belos que já ouvi em toda a minha vida. Usando da tecnologia a voz de Sinatra foi unida a de outros grandes nomes do mundo da música para que o ouvinte pudesse apreciar o que havia de melhor e mais elegante em termos de música quando esse CD foi lançado, por volta de 1993. Eu o comprei apenas alguns anos depois quando o vi em promoção em uma loja de discos (lembram delas? Sim, existiram em um passado não muito remoto).

A mescla da voz de puro jazz de Frank Sinatra com os astros do rock e da pop music do mundo atual, resultou em um maravilhoso baile sonoro. Entre os convidados só medalhões como Barbra Streisand, Julio Iglesias e Bono do U2. Natalie Cole, que havia herdado a bela voz de seu pai Nat King Cole também se destaca, porém minha faixa preferida, dentre todas é "The Lady Is a Tramp" que abre o álbum. Ali, logo na primeira faixa do disco, Sinatra já dá seu cartão de visitas e manda o recado, de que ainda era o bom e velho "The Voice", algo que nem o tempo havia conseguido apagar ou deixar opaco. Quem é rei jamais perde mesmo a majestade.

Frank Sinatra - Duets (1993)
The Lady Is a Tramp
What Now My Love
I've Got a Crush On You
Summer Wind
Come Rain or Come Shine
New York, New York
They Can't Take That Away From Me
You Make Me Feel So Young
Guess I'll Hang My Tears Out to Dry
In the Wee Small Hours of the Morning
I've Got the World on a String
Witchcraft
I've Got You Under My Skin

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Frank Sinatra - Swing Easy!

Quando Frank Sinatra foi para a gravadora Capitol ele queria mesmo mudar, procurar por novos rumos. Com um contrato que lhe dava plena autonomia na gravação de seus discos ele começou a planejar cuidadosamente cada álbum. Os LPs da carreira de Sinatra na Capitol eram extremamente pessoais pois ele pensava me praticamente tudo, da seleção musical às capas, dos arranjos aos menores detalhes. Tudo partia de Sinatra e tinha que passar por ele antes de qualquer decisão definitiva. De certo modo Sinatra era visto quase como um tirano pelos executivos da gravadora, mas havia uma clara razão para isso: Sinatra almejava a perfeição e acima de tudo o sucesso. Sua fase na Capitol é para muitos críticos não apenas a mais comercial de sua carreira, como também a mais criativa, pessoal e brilhante de Sinatra. Ele suavizou tudo, desde seu visual até às próprias canções, procurando por um repertório agradável que soasse bem aos ouvidos do homem comum da América.

Esses álbuns da Capitol não foram pensados e nem criados para um público mais erudito. O próprio Sinatra dizia que os realizou para o trabalhador comum que precisava relaxar na sala de sua casa após um dia duro de trabalho. Por essa razão notamos em praticamente todos os discos dessa fase essa suavidade agradável que tanta caracteriza esses trabalhos musicais. A intenção de agradar era tamanha que Sinatra resolveu abrir algumas sessões de gravação para o público e jornalistas. Alguns fãs eram escolhidos pela produção de Sinatra, além de críticos musicais de renome. Todos acompanhavam o método de trabalho do cantor atrás dos microfones.

O mais curioso é que Sinatra acabava criando uma relação com essas pessoas, quase como se estivesse perante um grande público. Entre um gole e outro de café ele ia cantando, contando piadas ou histórias engraçadas, enquanto interagia com seus músicos (apenas os melhores, escolhidos a dedo por Sinatra e o produtor Nelson Riddle entre as principais big bands americanas da época). Frank geralmente escolhia um horário especial para trabalhar (entre oito da noite à meia-noite). Nesse meio tempo ele dava o melhor de si, entretinha os convidados, tudo em um clima muito íntimo e aconchegante. O resultado? Um dos discos mais simpáticos e de fácil digestão do velho Sinatra. Uma verdadeira preciosidade que não pode faltar em sua coleção de (boa) música.

Frank Sinatra - Swing Easy! (1954)
Just One of Those Things
I'm Gonna Sit Right Down (And Write Myself a Letter)
Sunday
Wrap Your Troubles in Dreams
Taking a Chance on Love
Jeepers Creepers
Get Happy
All of Me

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Frank Sinatra - Sinatra's Sinatra

Gosto muito desses discos antigos, com jeito e capa de LPs dos anos 1960. Esse "Sinatra's Sinatra" foi lançado nos Estados Unidos pelo selo Reprise e só trazia a nata do repertório do cantor, que diga-se de passagem, estava deixando de ser apenas um artista para ser também um empresário de sucesso no ramo musical. E isso lembra um fato curioso. Sinatra não gostava muito de coletâneas quando era apenas um cantor contratado. Ele achava que isso resumia em demasia a qualidade de um verdadeiro intérprete, mas mudou de opinião quando ele próprio virou seu próprio agente, produtor e dono de selo musical. Como sabemos essa velha e bem antiga fórmula de "maiores sucessos" sempre vendeu muito bem. Sinatra sabia muito bem disso já que não era bobo nem nada, por isso logo estava usando da velha artimanha de marketing para melhorar o lucro de sua empresa. Esqueceu o que havia dito antes como mero artista e caiu no jogo do mundo dos negócios. Afinal a Reprise tinha que dar o lucro esperado por seus investidores.

A seleção é das melhores. As gravações são de alto nível - absurdo nível, diria, e conta com a maravilhosa dobradinha Sinatra e Nelson Riddle, cujo nome foi colocado na capa, em destaque, pelo próprio Frank Sinatra. Um reconhecimento muito sincero por parte dele. É aquele tipo de álbum que você gostará da primeira à última faixa. Também o que dizer de uma abertura com o clássico "I've Got You Under My Skin"? Achou pouco? Logo em seguinda temos a premiada "In the Wee Small Hours of the Morning" do imortal disco do cantor de 1955, um dos melhores trabalhos realizados por ele na Capitol Records em toda sua carreira. Uma das faixas, "Call Me Irresponsible", ficaria maravilhosa anos depois na voz de Dean Martin, até por causa da personalidade dele, mas a de Sinatra também não fica muito atrás em nenhum aspecto. Um primor! Assim só posso deixar a recomendação. Esse disco tenho há muitos anos, ainda na era do vinil, e é uma das preciosidades que não consigo me desfazer. Já criei inclusive vínculo emocional com ele, impossível jogar fora para substituir por um mero CD. Elegância, charme e bom gosto reunidos em 12 excepcionais registros. Realmente um álbum de classe.

Frank Sinatra - Sinatra's Sinatra (1964)

Lado A:
1. I've Got You Under My Skin  
2. In the Wee Small Hours of the Morning  
3. The Second Time Around  
4. Nancy  
5. Witchcraft  
6. Young at Heart  

Lado B:
1. All the Way  
2. (How Little It Matters) How Little We Know  
3. Pocketful of Miracles  
4. Oh! What It Seemed to Be  
5. Call Me Irresponsible  
6. Put Your Dreams Away 

Pablo Aluísio.