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quarta-feira, 20 de março de 2024

Êxito Fugaz

Título no Brasil: Êxito Fugaz
Título Original: Young Man with a Horn
Ano de Lançamento: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Carl Foreman, Edmund H. North
Elenco: Kirk Douglas, Lauren Bacall, Doris Day

Sinopse:
O jovem Rick Martin (Kirk Douglas) descobre que tem um dom para a música e se apaixona pelo trompete. O lendário trompetista Art Hazzard coloca Rick sob sua proteção e lhe ensina tudo o que sabe sobre como tocar. Rick acaba se tornando um trompetista famoso, mas sua personalidade volátil e seu desejo de tocar jazz em vez das músicas mais convencionais das bandas para as quais trabalha o colocam em uma situação complicada.

Comentários:
O jazz quando surgiu tinha o mesmo aspecto de som revolucionário que o rock iria ter alguns anos depois. Era considerado uma sonoridade da parcela negra e marginal da sociedade, então havia todo aquele preconceito e perseguição que bem conhecemos. Esse filme aqui tenta trazer um retrato desse tempo, focando no personagem de Kirk Douglas que não sabia tocar nenhum instrumento, mas como bom ator que era, passava de forma convincente nas telas de cinema como um músico talentoso. E ele precisa também se decidir entre duas mulheres fortes em sua vida, sendo uma delas a Doris Day quer era naquela época um símbolo de boa moça da sociedade. Enfim, um bom filme cujo roteiro até hoje se mostra bem interessante por causa do contexto cultural em que a história do filme se desenvolve. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Confidências à Meia Noite

"Pillow Talk" é certamente um dos melhores filmes de Doris Day em sua filmografia (se não for o melhor). A primeira parceria com Rock Hudson (faria mais dois filmes ao lado dele) rende ótimas cenas de humor. Considerado ousado e sofisticado demais para os anos 50 o filme fez um tremendo sucesso. Rock em sua biografia afirma que esse foi sem dúvida um dos trabalhos que mais gostou de fazer pois o clima no set era o melhor possível, muito descontraído e alegre. Além disso ele criou uma ótima química com Doris nas cenas. Hudson havia recentemente se separado da esposa e procurava por novos caminhos em sua carreira. Depois de estrelar faroestes e dramas com Douglas Sirk e George Stevens, Rock tinha dúvidas se poderia fazer bem um papel de playboy numa comédia romântica sofisticada como essa. Depois de pensar por um tempo resolveu arriscar. O interessante é que o sucesso de "Confidências à Meia Noite" acabou significando uma mudança completa nos rumos de sua filmografia. A partir daqui ele deixaria definitivamente os dramas pesados de lado para se dedicar a filmes leves, divertidos como "Volta meu Amor", "Não me Mandem Flores", "O Esporte Favorito do Homem" e "Quando Setembro Vier".

Já Doris Day atribui ao filme à sua fama de "Virgem profissional" e diz não entender a razão. No filme sua personagem se recusa a ir para a cama com o conquistador barato vivido por Hudson. Isso criou e ajudou muito na imagem de "Sandy" dos anos 60, mas segundo Doris aqui ela não interpretava uma "virgem" mas sim uma mulher independente, inserida no mercado de trabalho, profissional, que pela primeira vez tinha o direito de escolher o homem com quem queria se casar - ou não casar, de acordo única e exclusivamente com sua consciência. O filme foi divisor de águas também porque acabou criando um dos filões mais usados em Hollywood - o da comédia romântica! Antes de Pillow Talk (Conversa de Travesseiro, seu título original) os estúdios não prestavam muito atenção nesse estilo. Com o sucesso do filme eles começaram a investir mais no gênero - que atingiria seu auge vinte anos depois, nos anos 80. Uma fórmula que até hoje não demonstra sinais de desgaste perante o público, principalmente feminino.

Confidências à Meia Noite (Pillow Talk, Estados Unidos, 1959) Direção de Michael Gordon / Roteiro de Stanley Shapiro e Maurice Richlin / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jovem playboy (Rock Hudson) se faz passar por uma caipirão para conquistar sua vizinha (Doris Day) que implica com ele por causa da linha de telefone que ambos dividem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

O Homem que Sabia Demais

Assisti a esse filme pela primeira vez há muitos anos. Ele foi lançado, ao lado de vários outros do diretor Alfred Hitchcock em uma coleção do selo CIC vídeo. É um dos mais conhecidos filmes do mestre do suspense, mas é justamente no suspense que esse filme tem suas maiores falhas. Os filmes de Hitchcock geralmente seguiam por uma linha mais forte, mais sombria até. Esse filme é bem mais leve. Inclusive a presença de Doris Day no elenco, com sua imagem doce e até inocente, destoa do tipo básico de produções que Hitchcock dirigia na época. Ela chega a cantar em cena um de seus sucessos, uma música romântica bem de acordo com a inocência daqueles anos. Nada mais fora da rota de um filme de Hitchcock que poderia se imaginar.

A história é até interessante, quando um casal de turistas no Marrocos (Norte da África) se envolve em uma trama de intriga internacional que nem eles sabem direito como surgiu ou quem estaria por trás de tudo. James Stewart segura bem as pontas. Ele foi um ator recorrente em clássicos do diretor, em especial "Um Corpo que Cai" e "Janela Indiscreta", mas aqui, em um roteiro mais convencional e dentro dos padrões moralistas da época, não se destaca tanto. No final das contas as lembranças que ficam desse filme é exatamente da cantoria de Doris Day. O que para um filme que deveria ser de suspense, não é lá grande coisa. Tudo muito pueril para um filme que deveria causar medo e apreensão no espectador.

O Homem que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, Estados Unidos, 1954) Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: John Michael Hayes / Elenco: James Stewart, Doris Day, Brenda de Banzie / Sinopse: Casal de turistas dos Estados Unidos é atacado em suas férias no Marrocos. E sem nem entender direito as razões, se envolve em uma intriga internacional envolvendo países inimigos, em plena guerra fria.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Capricho

Mais um momento menor da filmografia da atriz Doris Day, aqui em uma fase mais avançada em sua carreira, já caminhando para o final da década de 1960 que de certa forma iria marcar também o fim de sua fase de maior popularidade na indústria do cinema americano. O seu estilo não iria sobreviver ao chamado verão do amor, quando o movimento hippie tomou conta da cultura e da contracultura dos Estados Unidos. Dentro desse contexto pouca coisa era mais fora de moda e ultrapassada do que as personagens que Doris Day interpretava nas telas. Para os jovens da época ela aparecia apenas como uma estrela dos tempos de seus pais, tempos mais inocentes. A história era bem na linha de seus filmes do passado. Patricia Foster (Doris Day) é a executiva de uma indústria de cosméticos francesa sediada em Paris que é enviada até os Estados Unidos para espionar o que os concorrentes estão inventando para o mercado mundial. Lá acaba tendo que lidar com um gerente metido a galã que deseja conquistá-la, para por sua vez, também roubar os segredos da antiga empresa em que Foster trabalhou.

De certa maneira eu esperava muito mais dessa comédia dos anos 60. O filme foi dirigido pelo ótimo Frank Tashlin, que realizou os melhores filmes de Jerry Lewis, também era protagonizado pela estrela Doris Day. Para completar tinha um roteiro esperto, que transformava a personagem de Doris em uma espiã industrial dentro de uma grande empresa americana de cosméticos. Tudo parecia se encaixar bem mas... infelizmente o filme é bem fraco, com medo de ousar, ir além! Essa foi uma das últimas aparições de Doris Day no cinema - mais dois filmes e ela encerraria sua carreira de uma vez por todas. Doris que estava tão brilhante em tantos filmes ao lado de Rock Hudson aqui está visivelmente no controle remoto.

O conhecido talento para comédias não se repetiu. Doris Day parece aborrecida com o roteiro que tem em mãos. Ela surge assim declamando seu texto sem nenhum empenho ou motivação. Parece até mesmo entediada em cena. Nunca tinha visto ela tão mal em um filme como aqui! Para resumir seu trabalho é muito abaixo da média e Doris afunda o filme. Para piorar tentaram transformar Richard Harris numa espécie de "Rock Hudson inglês", ou seja, o mesmo personagem de Rock nos filmes ao lado de Doris, a do Playboy que é um verdadeiro conquistador barato que sai dando em cima de todas as garotas que conhece. Isso também não deu certo. No final tudo o que sobra para o espectador é uma grande decepção cinematográfica.

Capricho (Caprice, Estados Unidos, 1967) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Jay Jayson, Frank Tashlin / Elenco: Doris Day, Richard Harris, Ray Walston, Jack Kruschen, Edward Mulhare / Sinopse: O filme mostra os bastidores da indústria de cosméticos, onde Patricia Foster (Doris Day) acaba se tornando espiã de importantes segredos industriais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Volta Meu Amor

Nenhum casal fez tanto sucesso nos cinemas durante a década de 1960 do que Rock Hudson e Doris Day. Juntos, eles fizeram três comédias românticas que tiveram excelentes bilheterias para a época. A fórmula era infalível. Com o sucesso de "Confidências à Meia Noite" a volta do casal era algo considerado certo pelos produtores. A própria Doris Day tinha adorado ter trabalhado ao lado de Rock e ao final das filmagens havia lhe dito que eles deveriam fazer outros filmes juntos. Afinal se o público havia gostado tanto por que não retornar para um novo filme? "Volta Meu Amor" foi o segundo filme de Rock Hudson e Doris Day. O roteiro seguia basicamente a mesma estrutura do primeiro filme. Um playboy chamado Jerry Webster (Rock Hudson) se fazia passar por outro homem para conquistar o coração da bela Carol Templeton (Doris Day). A ideia seguia as linhas básicas do primeiro filme, mostrando um jogo de sedução que acabava virando contra o sedutor mal intencionado. O roteiro era muito parecido também, a mesma ideia central que havia sido utilizada em "Confidências à Meia Noite". Nem por isso o filme deixou de ser um bom passatempo, dos mais agradáveis, até mesmo nos dias de hoje.

Apesar dos diálogos "ousados" para os anos 60 a produção era divertida, leve e recomendada para todos os públicos, mas principalmente casais. A sociedade americana passava por profundas mudanças sociais e de costumes na época em que esses filmes eram lançados nos cinemas. As mulheres finalmente tinham conquistado seu espaço no mercado de trabalho. Eram agora independentes, profissionais e não usavam mais o casamento como único meio de vida. Ter ou não um companheiro tinha se tornado apenas uma opção e não uma obrigação. O roteiro, com todo o seu bom humor, mostrava esses aspectos, principalmente em relação à personagem de Doris Day.

Rock Hudson geralmente interpretava homens incorrigíveis, playboys e conquistadores inveterados. Já Doris Day trazia para as telas a nova mulher, dona de seu destino, com pleno controle de sua própria vida. O choque entre esses dois estilos de vida é que criava o fino humor para esse tipo de produção. Quando foi lançado "Volta Meu Amor" se tornou um sucesso de bilheteria ainda maior do que "Confidências à Meia Noite", o que deixou todos surpresos. Ninguém esperava que o filme original fosse superado. Por causa do sucesso a dupla voltaria ainda a atuar junto pela terceira e última vez em "Não Me Mandem Flores". De qualquer forma fica a dica para os fãs de Rock Hudson e Doris Day. "Volta Meu Amor" é uma delícia de filme. Não envelheceu e mesmo revisto nos dias de hoje, ainda é uma ótima diversão.

Volta Meu Amor (Lover Come Back, Estados Unidos, 1961) Direção: Delbert Mann / Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jerry Webster (Rock Hudson) é um publicitário que tem que promover um produto novo chamado VIP que se tornará um grande sucesso de vendas para e empresa em que trabalha. O problema é o tal produto simplesmente não existe! Para completar suas dores de cabeça ele ainda tem que lidar com uma outra publicitária rival, Carol Templeton (Doris Day), que luta para que sua licença de publicitário seja cassada. Para vencer Carol, Jerry acaba fazendo se passar por outra pessoa, pelo suposto inventor de VIP. E os dois acabam se apaixonando nessa confusão toda! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Stanley Shapiro e Paul Henning). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 21 de junho de 2019

A História de Rock Hudson - Parte 10

Rock Hudson e Doris Day brilharam nas telas durante a década de 60. Juntos realizaram três filmes de grande sucesso: "Confidências a Meia Noite", "Volta Meu Amor" e "Não Me Mande Flores". Além dos sucessos de bilheteria se deram muito bem também fora das telas. Rock e Doris se divertiram muito nos sets de filmagens. O ator relembra: "Fazer filmes com Doris Day era um enorme prazer. Para mim aquilo não era trabalho. Não havia um único dia em que eu não me divertia muito! Ela era espirituosa, alegre, animada e tinha um talento para comédias como eu nunca tinha visto antes".

Fazer comédias ao lado de Doris Day era naquela altura de sua carreira uma mudança e tanto. Rock vinha de vários sucessos em aventuras, alguns faroestes e principalmente em dramas dirigidos por Douglas Sirk. De ator dramático e sério para comediante era grande reviravolta nos rumos de sua filmografia mas Rock topou o desafio e não se arrependeu. De fato os filmes que realizou ao lado de Doris deram tão certo que o ator resolveu investir na década de 60 em filmes nessa linha como "Quando Setembro Vier", "O Esporte Favorito do Homem" e "Um Favor Muito Especial". De repente Rock havia se tornado o ator número 1 de Hollywood para comédias românticas e maliciosas.

Rock e Doris continuaram amigos até o fim de suas vidas. Na década de 80 Doris estava falida após diversos divórcios com homens que acabaram levando tudo o que ela tinha ganho em anos de trabalho. Tentando uma saída ela migrou para a TV. Na estreia de um de seus novos programas chamado "Doris Day and Friends" resolveu convidar o amigo Rock Hudson para dar uma força em sua audiência. Ela não sabia porém que Rock estava seriamente doente naquela ocasião. Corroído pela AIDS, muito magro e abatido se surpreendeu com o convite da amiga. Rock sabia que surgir publicamente com aquele aspecto físico seria terrível para sua imagem mas mesmo assim não recuou. Querendo ajudar Doris Day de todas as formas apareceu para gravar ao lado da amiga. Foi a última aparição pública de Rock Hudson. Um gesto de coragem sem dúvida, mas muito mais uma atitude de carinho e devoção para com sua querida amiga Doris Day. Foi um belo final para uma amizade muito especial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A História de Rock Hudson - Parte 7

Rock Hudson nunca havia feito comédias antes. Ele sempre havia se dado muito bem com dramas românticos. Até que em 1959 seu agente lhe disse que o estúdio Universal estava interessado nele para atuar junto de Doris Day numa comédia romântica intitulada "Pillow Talk". Rock ficou receoso em um primeiro momento. Fazer comédia era algo muito específico. Será que ele conseguiria soar engraçado na tela?

No primeiro encontro com o diretor Michael Gordon, o ator lhe disse justamente isso. "Eu não sou comediante! Não saberia fazer humor!". Gordon então lhe deu uma resposta que Rock jamais esqueceu. Ele disse: "Não tente ser engraçado na tela. Não faça caretas, nem nada disso. Seja apenas você! Atue como sempre atuou! O humor está no roteiro, no texto do filme e não em você!".Com essas palavras Rock então resolveu embarcar no projeto. Ele aceitou o convite e disse a Gordon: "Bem, se é o que você diz, vamos fazer esse filme e ver no que tudo isso vai dar!".

As filmagens foram realizadas em tom muito ameno, divertido, o que ajudou ainda mais ao filme. Rock e Doris se deram imediatamente bem. Eles tinham o mesmo tipo de humor e sabiam se comunicar entre si, mesmo quando não falavam uma única palavra. Foi simpatia à primeira vista. Seguindo os conselhos do diretor, Rock não exagerou, não quis soar engraçado. Talvez só um pouquinho quando imitava o lado mais caipira de seu personagem, mas nunca foi algo forçado, exagerado. No filme ele interpretava um playboy arrogante que estava sempre brigando com sua vizinha, pois ambos dividiam a mesma linha de telefone. Certo dia ele ouve ela falando do tipo de homem ideal que gostaria de conhecer. Para passar um trote nela ele então decide assumir todas as características que Doris Day gostaria de encontrar em um pretendente. O resto era pura diversão.

O filme foi um grande sucesso de público e crítica e abriu as portas para uma nova fase na carreira de Rock Hudson. Ele que sempre havia se destacado nos dramas de Douglas Sirk, agora podia ser visto em comédias picantes, bem humoradas, com roteiros versando sobre a guerra dos sexos entre homens e mulheres. Para Rock foi duplamente satisfatório. Ele não apenas encontrou um novo nicho a explorar dentro da indústria cinematográfica, como também viu seu cachê voltar a fazer parte da lista dos dez atores mais bem pagos de Hollywood. Era um outro nível e uma nova fase de sucesso que iria atravessar toda a década de 1960. Rock Hudson havia se reinventado, para a alegria de suas fãs ao redor do mundo.

Confidências à Meia Noite (Pillow Talk, EUA, 1959) Direção de Michael Gordon / Roteiro de Stanley Shapiro e Maurice Richlin / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Brad Allen (Rock Hudson) é um machista playboy que se faz passar por uma caipirão para conquistar sua vizinha Jan Morrow (Doris Day) que implica com ele por causa da linha de telefone que ambos dividem. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro. Também indicado nas categorias de Melhor Atriz (Doris Day), Melhor Atriz Coadjuvante (Thelma Ritter), Melhor Direção de Arte (Richard H. Riedel) e Melhor Música (Frank De Vol).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Confidências à Meia Noite

Infelizmente Doris Day se foi nessa semana, deixando muitas saudades naqueles que assistiram aos seus filmes ao longo de todos esses anos. Esse "Confidências à meia noite" foi um dos mais lembrados em artigos e matérias comentando sua morte. Não é para menos, sem dúvida é um de seus filmes mais populares, aquele que de certa forma definiu sua carreira no cinema. "Pillow Talk" é certamente um dos melhores filmes de sua filmografia (se não for o melhor). Essa é uma simples constatação para quem gosta de cinema clássico. A primeira parceria com Rock Hudson (faria mais dois filmes ao lado dele) rendeu ótimas cenas de humor. Considerado ousado e sofisticado demais para os anos 50, o filme fez um tremendo sucesso. Rock em sua biografia afirmou que esse foi um dos trabalhos que mais gostou de fazer, pois o clima no set era o melhor possível, muito descontraído e alegre. Além disso ele criou uma ótima química com Doris nas cenas. Foram amigos até o fim de suas vidas. Amizade verdadeira, pouco comum em Hollywood.

Hudson havia recentemente se separado da esposa e procurava por novos caminhos em sua carreira. Depois de estrelar faroestes e dramas com Douglas Sirk e George Stevens, Rock tinha dúvidas se poderia fazer bem um papel de playboy numa comédia romântica sofisticada como essa. Depois de pensar por um tempo resolveu arriscar. O interessante é que o sucesso de "Confidências à Meia Noite" acabou significando uma mudança completa nos rumos de sua filmografia. A partir daqui ele deixaria definitivamente os dramas pesados de lado para se dedicar a filmes bem mais leves, divertidos como "Volta meu Amor", "Não me Mandem Flores", "O Esporte Favorito do Homem" e "Quando Setembro Vier". Ele mudou seu estilo, mudou sua carreira a partir desse ponto.

Já Doris Day atribuiu ao filme à sua fama de "virgem profissional" e disse não ter entendido a razão de ter recebido esse "rótulo" por parte da imprensa. No filme sua personagem se recusava a ceder ao conquistador barato interpretado por Rock. Além disso a personagem era dona de si, profissional e no comando de sua vida. Nada parecida com uma dondoca.  Segundo Doris Day aqui ela não interpretava uma "virgem" mas sim uma mulher independente, inserida no mercado de trabalho, profissional, que pela primeira vez tinha o direito de escolher o homem com quem queria se casar - ou não casar, de acordo única e exclusivamente com sua consciência. O filme foi divisor de águas também porque acabou criando um dos filões mais usados em Hollywood - o da comédia romântica com roteiros mais picantes. Antes de Pillow Talk ("conversa de Travesseiro", seu título original) os estúdios não prestavam muito atenção nesse estilo. Com o sucesso do filme eles começaram a investir mais no gênero - que atingiria seu auge vinte anos depois, nos anos 80. Uma fórmula que até hoje não demonstra sinais de desgaste perante o público, principalmente feminino.

Confidências à Meia Noite (Pillow Talk, EUA, 1959) Direção de Michael Gordon / Roteiro de Stanley Shapiro e Maurice Richlin / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall, Thelma Ritter  / Sinopse: Jovem playboy (Rock Hudson) se faz passar por uma caipirão para conquistar sua vizinha (Doris Day) que implica com ele por causa da linha de telefone que ambos dividem. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Também indicado nas categorias de Melhor Atriz (Doris Day), Melhor Atriz Coadjuvante (Thelma Ritter), Melhor Direção de Arte e Melhor Música. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Atriz (Doris Day) e Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Ardida como Pimenta

Com o recente falecimento da atriz Doris Day é sempre bom lembrar esse filme, um dos mais populares de sua carreira, uma espécie de "Faroeste Musical" que fez muito sucesso em seu lançamento. O enredo é bem interessante. Calamity Jane (Doris Day) é uma cowgirl durona em um oeste machista e cheio de bandidos, xerifes e cowboys que só pensam nela como uma garota para namorar. Ela então resolve abrir seu próprio negócio, um saloon, que logo se torna um dos mais movimentados da fronteira. Embora se faça o tempo todo de durona, ela acaba se apaixonando pelo famoso pistoleiro e às do gatilho Wild Bill Hickok (Howard Keel). Afinal embora seja uma garota forte e destemida, ela não consegue mesmo controlar seus sentimentos, o seu coração.

Inicialmente o projeto dos estúdios Warner era a de filmar a história da famosa Calamity Jane no estilo tradicional, com roteiro sério e tentando recriar os passos dela em sua vida. Os planos mudaram completamente quando Doris Day entrou no filme. Ela estava no auge de sua popularidade como cantora e atriz de sucesso, assim Jack Warner mudou de planos e mandou seu grupo de roteiristas criarem um musical em ritmo de divertida comédia para se adequar ao estilo de Doris. Acertou em sua decisão.

O público e a crítica adoraram o resultado e o filme, antes considerado até despretensioso, venceu um Oscar na categoria de melhor canção, com a linda "Secret Love" que até hoje comove quem gosta do estilo musical da época. Sempre gostei bastante do trabalho de Doris Day. Ao longo dos anos ela acabou virando uma piada nas mãos da imprensa progressista que implicava com seus personagens, chegando ao ponto de apelidar a atriz de "A Virgem Profissional" (isso quando já era casada e mãe!). Assim sua carreira aos poucos foi se apagando, mas nada tira o mérito dos excelentes filmes que fez ao longo da vida, principalmente suas comédias ao lado de Rock Hudson ou até mesmo sua excelente parceria com Alfred Hitchcock em "O Homem Que Sabia Demais". Por essas e outras esse simpático "Ardida Como Pimenta" é mais do que recomendado. Um western musical que respeita a mitologia do velho oeste. Pura diversão com excelente trilha sonora.

Ardida como Pimenta (Calamity Jane, Estados Unidos, 1953) Estúdio: Warner Bros / Direção: David Butler / Roteiro: James O'Hanlon / Elenco: Doris Day, Howard Keel, Allyn Ann McLerie / No velho oeste a garota Jane (Doris Day) não é uma mulher normal como todas as outras. Ela é dura na queda, domina muito bem um gatilho e está disposta a enfrentar todos os desafios. A única coisa que não consegue controlar são seus sentimentos, principalmente quando se apaixona por Wild Bill, um pistoleiro e jogador de cartas. 

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de maio de 2015

Não Me Mande Flores

George (Rock Hudson) é um sujeito completamente hipocondríaco. Casado com a simpática Judy (Doris Day) ele vive criando doenças novas que só existem em sua cabeça. As coisas pioram quando visita seu médico particular e acaba se confundindo com um exame de outro paciente. Convencido que está com os dias contados e que tem poucas semanas de vida, George ao lado de seu vizinho e amigo Arnold (Tony Randall) decidem arranjar um novo marido para a esposa para que ela não passe pelo trauma de sua morte sozinha. “Não me Manda Flores” foi o terceiro e último filme da dupla Rock Hudson / Doris Day. Eles emplacaram grandes sucessos nos anteriores “Confidências à Meia Noite” e “Volta Meu Amor” e assim era natural que voltassem a atuar juntos. O filme é baseado numa peça de teatro escrita por Norman Barasch e Carroll Moore. O ritmo é ágil, hilariante e o roteiro muito bem escrito. Obviamente como a estória foi criada para ser encenado no teatro o filme se concentra bastante dentro da própria residência do casal, em três atos bem delimitados, com poucos cenários.

Rock e Doris tinham uma química perfeita, eram grandes amigos. Esse tipo especial de entrosamento emtre eles acabou passando para a tela. Curiosamente aqui Doris e Rock, pela primeira e única vez, contracenam como marido e mulher. Doris é a esposa perfeita da década de 60. Agüenta as esquisitices do marido e é em essência uma dona de casa que chega ao ponto de se espantar quando o marido lhe sugere que termine seus estudos para arranjar um emprego! Já o personagem de Rock é também um maridão típico daqueles anos, que vai todos os dias ao trabalho com o jornal da manhã debaixo do braço. O único diferencial é seu hipocondrismo sem limites. Tony Randall, interpretando o vizinho e amigo de George, passa o tempo todo embriagado, lamentando a morte precoce do colega, o que rende ótimas cenas de humor. “Não me Mande Flores” foi dirigido por Norman Jewison em começo de carreira. É curioso ver seu nome nos créditos pois Jewison criaria toda uma filmografia de filmes fortes nos anos seguintes, com temáticas instigantes e polêmicas, algo que destoa completamente dessa comédia romântica divertida e amena. De qualquer modo não há como negar que seu trabalho é muito bom, com ótimo timing entre as cenas, nunca deixando desandar para o chato ou tedioso. Só a lamentar o fato de que nunca mais Doris e Rock contracenariam juntos no cinema. De fato essa foi a despedida deles das telas. Melhor assim, se despediram com um bom filme que fechou com chave de ouro a trilogia que o casal rodou junto. “Não Me Mande Flores” foi um excelente final para essa carismática dupla que marcou época.

Não me Mande Flores (Send Me No Flowers, Estados Unidos, 1964) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Julius J. Epstein, baseado na peça teatral "Send Me No Flowers: A Comedy in Three Acts" de autoria de Norman Barasch e Carroll Moore / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: George (Rock Hudson) é um hipocondríaco incurável que se convence que tem poucos dias de vida. Pensando no melhor para sua esposa que ficará viúva ele resolve procurar um futuro marido ideal para ela!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Doris Day

Recentemente andei navegando na internet atrás de informações da atriz Doris Day. Quem gosta de filmes dos anos 50 e 60 vai imediatamente relembrar seus antigos clássicos onde geralmente interpretava garotas românticas que procuravam a felicidade sem perder sua grande virtude. No meio ela acabou sendo inclusive apelidada de "A Virgem Profissional" por isso pois ao contrário de Marilyn Monroe sempre representou o lado mais doce e angelical das mulheres dos anos dourados nas telas. Pois bem, eu estava procurando informações sobre seus filmes quando me deparei com várias reportagens em sites americanos mostrando uma foto atual dela, aos 84 anos, tirada por um paparazzi quando ele saía de uma loja de vendas de produtos veterinários na Califórnia.

O pior nem é o fato de usar sua imagem assim, sem nenhuma autorização, mas sim o uso de uma linguagem debochada e vulgar nos textos. É completamente ridículo, na minha forma de pensar, que um pseudo jornalista de um desses sites de fofocas fique fazendo observações imbecis e chacotas em torno da imagem que ela tem atualmente. Nem ao menos possuem a dignidade de respeitar as pessoas mais velhas. O que essas pessoas queriam? Que Doris aparentasse da mesma forma que nos anos 50?! O tempo passa para todos e o fato dela estar envelhecida em nada a desmerece. Pelo contrário, pela vida que levou Doris é uma vencedora pois enfrentou diversos dramas ao longo dos anos e os superou com muita dignidade.

Seu último marido faleceu e seu filho morreu de câncer há alguns anos atrás. Com tantos dramas pessoais Doris mudou seu nome - é conhecida como Clara nas vizinhanças - e mora solitária em seu rancho. Assim como outra diva do cinema, Brigite Bardot, ela também abraçou a causa animal e hoje compartilha sua vida com vários gatos e cães. O direito norte-americano é extremamente falho nesse ponto. As pessoas famosas são invadidas em sua vida pessoal e viram motivo de escárnio pelos urubus da imprensa marrom. No Brasil as leis são mais duras em relação ao direito constitucional de se resguardar a vida privada e familiar de cada indivíduo. Do que interessa ao público o fato de Doris hoje viver isolada e solitária em sua propriedade? É um direito dela, não sujeito a aprovação ou desaprovação de qualquer um que seja. Se ela desejou se retirar da vida pública todos devem respeitar sua escolha e ninguém tem absolutamente nada com isso. Deixem essa grande artista, que tanto trabalhou no cinema e no mundo da música, desfrutar de sua velhice em paz e longe dos holofotes. Só assim o que determina a carta magna (a nossa e a deles) será plenamente respeitada.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Doris Day: 90 anos

Segue texto que escrevi por ocasião dos 90 anos de aniversário da atriz Doris Day: Ontem a querida Doris Mary Ann Kappelhoff completou 90 anos de idade! O aniversário foi amplamente divulgado pela imprensa americana e (pasmem!) pela brasileira também (provavelmente a reboque do que era escrito lá fora). Um bom reflexo que mostra que a estrela da atriz ainda brilha, mesmo após tantos anos de sua aposentadoria. Não cabe aqui fazer mais um levantamento burocrático sobre seus filmes como a imprensa oficial fez. 

O que vale a pena mesmo é homenagear essa sobrevivente. Sim, a vida de Doris passou muito longe de seus personagens açucarados no cinema. Grande cantora, uma atriz de presença, ela perdeu tudo o que havia ganho por se envolver com homens errados. Um deles, seu marido, limpou sua conta corrente e desapareceu. Mulheres bonitas e de boa índole geralmente se envolvem com cafajestes - não me perguntem o porquê! 

O fato é que depois de uma carreira muito bem sucedida em Hollywood ela teve que recomeçar sua vida. Foi para a TV, tentou emplacar sucessos na telinha (em um de seus programas nos anos 80 recebeu um Rock Hudson corroído pela AIDS) e também enveredou por outros caminhos. Fundou uma instituição de apoio a animais abandonados e seguiu em frente. Talvez magoada pela falta de consideração que o show business tem por seus antigos ídolos abandonou completamente sua carreira de atriz no cinema. Não parece ter olhado para trás. Seu último filme a ser lançado comercialmente nos cinemas foi no distante ano de 1968 com "Tem um Homem na Cama da Mamãe". De lá para cá sempre manteve uma postura de distância dos grandes estúdios.

Também procurou pela privacidade perdida em seus anos de estrela. Se tornou reclusa com seus animais e não faz aparições públicas. Há uns dois anos resolveu ir a um mercadinho perto de sua casa e foi fotografada por paparazzis, sempre em busca de uma invasão da privacidade alheia. Doris estava com roupas informais, cabelos longos e despenteados e obviamente mostrando as marcas do tempo. Infelizmente a foto foi parar nas revistas de fofocas americanas em um típica demonstração de frivolidade dessas publicações. Isso porém não importa em nada. Doris Day sempre será lembrada pelos 39 filmes que realizou. Muito bom que ela tenha abraçado a causa da defesa dos animais, até porque todos precisamos de um objetivos para levantarmos cedo pela manhã. Hoje, aos 90 anos (quem diria) ela parece ser uma mulher serena e realizada. Um belo final feliz para um dos maiores símbolos da era de ouro em Hollywood. Parabéns Doris!

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de março de 2007

Rock Hudson e Doris Day

Rock Hudson e Doris Day brilharam nas telas durante a década de 60. Juntos realizaram três filmes de grande sucesso: "Confidências a Meia Noite", "Volta Meu Amor" e "Não Me Mande Flores". Além dos sucessos de bilheteria se deram muito bem também fora das telas. Rock e Doris se divertiram muito nos sets de filmagens. O ator relembra: "Fazer filmes com Doris Day era um enorme prazer. Para mim aquilo não era trabalho. Não havia um único dia em que eu não me divertia muito! Ela era espirituosa, alegre, animada e tinha um talento para comédias como eu nunca tinha visto antes".

Fazer comédias ao lado de Doris Day era naquela altura de sua carreira uma mudança e tanto. Rock vinha de vários sucessos em aventuras, alguns faroestes e principalmente em dramas dirigidos por Douglas Sirk. De ator dramático e sério para comediante era grande reviravolta nos rumos de sua filmografia mas Rock topou o desafio e não se arrependeu. De fato os filmes que realizou ao lado de Doris deram tão certo que o ator resolveu investir na década de 60 em filmes nessa linha como "Quando Setembro Vier", "O Esporte Favorito do Homem" e "Um Favor Muito Especial". De repente Rock havia se tornado o ator número 1 de Hollywood para comédias românticas e maliciosas.

Rock e Doris continuaram amigos até o fim de suas vidas. Na década de 80 Doris estava falida após diversos divórcios com homens que acabaram levando tudo o que ela tinha ganho em anos de trabalho. Tentando uma saída ela migrou para a TV. Na estreia de um de seus novos programas chamado "Doris Day and Friends" resolveu convidar o amigo Rock Hudson para dar uma força em sua audiência. Ela não sabia porém que Rock estava seriamente doente naquela ocasião. Corroído pela AIDS, muito magro e abatido se surpreendeu com o convite da amiga. Rock sabia que surgir publicamente com aquele aspecto físico seria terrível para sua imagem mas mesmo assim não recuou. Querendo ajudar Doris Day de todas as formas apareceu para gravar ao lado da amiga. Foi a última aparição pública de Rock Hudson. Um gesto de coragem sem dúvida, mas muito mais uma atitude de carinho e devoção para com sua querida amiga Doris Day. Foi um belo final para uma amizade muito especial.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Doris Day (1922–2019)

Faleceu hoje na Califórnia Doris Day, aos 97 anos de idade. Atriz, cantora, comediante de mão cheia, Doris se imortalizou na sétima arte não apenas por causa dos filmes que atuou, mas também pelo incrível talento como cantora. Dona de uma voz linda, essa sua grande qualidade artística abriu as portas de Hollywood. Afinal os estúdios estavam sempre em busca de novas atrizes que também pudessem cantar bem. Assim o sucesso nos rádios e discos chamou logo a atenção dos produtores, que começaram a competir entre si para tê-la em seu elenco de futuras estrelas.

No total foram 41 filmes, começando com  "Romance em Alto-Mar" de 1948. Depois vieram novos sucessos, sempre seguindo uma fórmula de filmes mais leves, com bonitas trilhas sonoras. Seus primeiros filmes, dessa fase inicial, como "Meus Sonhos Te Pertencem", "Mademoiselle Fifi", "Rouxinol da Broadway", "Estrelas em Desfile" e "Lua Prateada" sempre seguiam nessa linha. O estúdio investia bastante no talento de Doris Day para cantar e encantar o público. Seu maior sucesso por essa época foi o faroeste musical "Ardida como Pimenta" onde a artista mostrava que também poderia dançar e muito bem em elaboradas coreografias.

Foi justamente nessas primeiras produções que ela também receberia o título de "A virgem profissional", pois estava sempre interpretando mocinhas cândidas, doces e suaves, sem um pingo de sensualidade. Era uma atriz para toda a família conservadora dos anos 50, em pleno auge do governo Eisenhower. A sua imagem no cinema só mudou um pouco ao ser contratada pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock para estrelar o grande clássico "O Homem que Sabia Demais". A partir desse ponto em sua carreira Doris Day já poderia se considerar como parte do primeiro escalão em Hollywood. Ela assim se tornava uma estrela de verdade.

O sucesso se consolidou quando ela firmou parceria com o astro Rock Hudson em uma trilogia de sucesso, filmes considerados bem sofisticados, com fina ironia. As comédias românticas "Confidências à Meia-Noite", "Volta Meu Amor" e "Não me Mandem Flores" se tornaram grandes sucessos de bilheteria, mantendo o nome da atriz entre as mais bem pagas da indústria cinematográfica americana. Comercialmente falando esse foi seu auge de sucesso, se tornando extremamente popular e querida pelo grande público.

Quando a década de 1970 chegou Doris Day resolveu trocar o cinema pela televisão. Estrelou o programa "The Doris Day Show" até 1973. Depois se aposentou da carreira de atriz. Na vida pessoal Doris colecionou relacionamentos ruins, inclusive com um marido que lhe aplicou um golpe, levando quase toda a sua fortuna. Em seus últimos anos resolveu se recolher a uma vida privada, onde se dedicava ao cuidado de animais abandonados. Foi indicada apenas uma vez ao Oscar, justamente por seu primeiro filme ao lado de Rock Hudson.  Em 1989 foi homenageada pelo Globo de Ouro ao ser premiada com o Cecil B. DeMille Awards, dado a grandes nomes da história do cinema.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Volta Meu Amor

Nenhum casal fez tanto sucesso nos cinemas durante a década de 1960 do que Rock Hudson e Doris Day. Juntos, eles fizeram três comédias românticas que tiveram excelentes bilheterias para a época. A fórmula era infalível. Com o sucesso de "Confidências à Meia Noite" a volta do casal era algo considerado certo pelos produtores. A própria Doris Day tinha adorado ter trabalhado ao lado de Rock e ao final das filmagens havia lhe dito que eles deveriam fazer outros filmes juntos. Afinal se o público havia gostado tanto por que não retornar para um novo filme?

"Volta Meu Amor" foi o segundo filme de Rock Hudson e Doris Day. O roteiro seguia basicamente a mesma estrutura do primeiro filme. Um playboy chamado Jerry Webster (Rock Hudson) se fazia passar por outro homem para conquistar o coração da bela Carol Templeton (Doris Day). A ideia seguia as linhas básicas do primeiro filme, mostrando um jogo de sedução que acabava virando contra o sedutor mal intencionado. O roteiro era muito parecido também, a mesma ideia central que havia sido utilizada em "Confidências à Meia Noite". Nem por isso o filme deixou de ser um bom passatempo, dos mais agradáveis, até mesmo nos dias de hoje.

Apesar dos diálogos "ousados" para os anos 60 a produção era divertida, leve e recomendada para todos os públicos, mas principalmente casais. A sociedade americana passava por profundas mudanças sociais e de costumes na época em que esses filmes eram lançados nos cinemas. As mulheres finalmente tinham conquistado seu espaço no mercado de trabalho. Eram agora independentes, profissionais e não usavam mais o casamento como único meio de vida. Ter ou não um companheiro tinha se tornado apenas uma opção e não uma obrigação. O roteiro, com todo o seu bom humor, mostrava esses aspectos, principalmente em relação à personagem de Doris Day.

Rock Hudson geralmente interpretava homens incorrigíveis, playboys e conquistadores inveterados. Já Doris Day trazia para as telas a nova mulher, dona de seu destino, com pleno controle de sua própria vida. O choque entre esses dois estilos de vida é que criava o fino humor para esse tipo de produção. Quando foi lançado "Volta Meu Amor" se tornou um sucesso de bilheteria ainda maior do que "Confidências à Meia Noite", o que deixou todos surpresos. Ninguém esperava que o filme original fosse superado. Por causa do sucesso a dupla voltaria ainda a atuar junto pela terceira e última vez em "Não Me Mandem Flores". De qualquer forma fica a dica para os fãs de Rock Hudson e Doris Day. "Volta Meu Amor" é uma delícia de filme. Não envelheceu e mesmo revisto nos dias de hoje, ainda é uma ótima diversão.

Volta Meu Amor (Lover Come Back, Estados Unidos, 1961) Direção: Delbert Mann / Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jerry Webster (Rock Hudson) é um publicitário que tem que promover um produto novo chamado VIP que se tornará um grande sucesso de vendas para e empresa em que trabalha. O problema é o tal produto simplesmente não existe! Para completar suas dores de cabeça ele ainda tem que lidar com uma outra publicitária rival, Carol Templeton (Doris Day), que luta para que sua licença de publicitário seja cassada. Para vencer Carol, Jerry acaba fazendo se passar por outra pessoa, pelo suposto inventor de VIP. E os dois acabam se apaixonando nessa confusão toda! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Stanley Shapiro e Paul Henning). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de janeiro de 2007

Meus Braços Te Esperam

A família Winfield se muda para uma nova casa em uma pequena cidade em Indiana. Então a jovem Marjorie Winfield (Doris Day) começa um romance com William Sherman (Gordon MacRae), seu novo vizinho que vive do outro lado da rua. Marjorie tem de aprender a dançar e agir como uma jovem e respeitada dama da sociedade. Infelizmente, William Sherman tem ideias não convencionais para a época (o enredo se passa na Primeira Guerra Mundial, embora o conflito não desempenhe nenhum papel importante para a maior parte do filme). Suas ideias diferentes, por exemplo, não incluem acreditar no casamento ou no valor do dinheiro, o que provoca um atrito imediato com o pai de Marjorie, que é o vice-presidente do banco local. Em determinado momento de sua carreira a atriz Doris Day foi apelidada de "A Virgem Profissional", isso porque interpretava geralmente mocinhas doces e ingênuas nas telas. Esse tipo de rótulo porém era pura bobagem. O que importava mesmo é que Doris Day tinha um grande talento. Ela não era apenas a jovem loira e virgem em busca do príncipe encantado em romances açucarados de seus filmes, mas também uma cantora maravilhosa, dona de uma das vozes mais bonitas da música americana. Talento puro!

Esse simpático e muito charmoso "On Moonlight Bay" traz um pouco do melhor de Day. Certamente sua personagem é mais uma no estilo "virgem intocada", mas a despeito disso o filme é um ótimo musical, com excelente repertório, onde Doris Day dá uma amostra de seu grande talento vocal. A estorinha é leve, com pitadas de comédia e romance, o que ajuda ainda mais a passar o tempo. Em tempos cínicos e violentos como os que vivemos, assistir algo assim tão bem intencionado pode soar como inocente e bobinho, mas deixe esse tipo de opinião ranzinza e preconceituosa de lado e curta mais esse belo momento da carreira da primeira e única Doris Day no cinema.

Meus Braços Te Esperam (On Moonlight Bay, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Warner Bros / Direção: Roy Del Ruth / Roteiro: Jack Rose, Melville Shavelson / Elenco: Doris Day, Gordon MacRae, Jack Smith / Sinopse: O filme conta a história de um romance envolvendo dois jovens e os problemas que podem surgir quando o namorado tem uma visão bem diferente do mundo do pai da garota pelo qual ele está apaixonado.

Pablo Aluísio.