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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

A Verdadeira Glória

Título no Brasil: A Verdadeira Glória
Título Original: The Real Glory
Ano de Lançamento: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Jo Swerling, Robert Presnell Sr
Elenco: Gary Cooper, David Niven, Andrea Leeds

Sinopse:
Uma aventura nas selvas das Filipinas após a Guerra Hispano-Americana. Cooper lidera um pequeno grupo de soldados americanos e pessoal médico que é enviado para uma região distante. Sua principal missão é treinar os moradores locais para lutarem contra os cruéis piratas que aterrorizam e atacam aquela região distante. 

Comentários:
Esse clássico filme é na realidade uma espécie de continuação de "Lanceiros da Índia", um dos grandes filmes da carreira de Gary Cooper. Muitos nem o consideram um faroeste de verdade pois a história se passa em grande parte nas Filipinas. Eu não penso dessa maneira. Os personagens são do velho oeste, muitos deles são membros da cavalaria dos Estados Unidos. A mudança de cenário não altera a essência dessa produção. Assim considero um legítimo western da era de ouro de Hollywood. Um pouco diferente, devo admitir, mas ainda assim um faroeste. No mais o espectador não vai se decepcionar com as cenas de ação e o bom roteiro. Sem dúvida um dos melhores filmes da filmografia de Cooper. 

Pablo Aluísio.

Resgate de Honra

Título no Brasil: Resgate de Honra
Título Original: Return of the Frontiersman
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Richard L. Bare
Roteiro: Edna Anhalt
Elenco: Gordon MacRae, Julie London, Rory Calhoun

Sinopse:
O xerife Sam Barrett (Jack Holt) é considerado um homem íntegro e honesto, a tal ponto que leva para a prisão seu próprio filho, Logan Barrett (Gordon MacRae), acusado de um assassinato na região. Sam está determinado a encarcerar o jovem até o dia de seu julgamento mas antes disso ele consegue escapar com a ajuda de seu amigo, Larrabee (Rory Calhoun), que é na verdade o verdadeiro assassino do crime pelo qual Logan está sendo injustamente acusado.

Comentários:
Western dos bons, produzido pelo sempre competente estúdio Warner Bros. Aqui o mais interessante é o roteiro que lida muito bem com a situação central, onde um dos personagens, o filho do xerife, é acusado de matar um cowboy nas redondezas, só que na verdade o real assassino é aquele que ele considera ser o seu melhor amigo. Um dos grandes trunfos também vem do papel interpretado por Rory Calhoun. Ela dá vida a Larrabee, o amigo. Durante praticamente todo o tempo o espectador fica numa grande dúvida se ele é de fato uma amizade sincera ou apenas um escroque sem escrúpulos. Embora não caiba aqui revelar o final devo antecipar que o achei muito bem bolado e até mesmo inesperado. Também contribui muito o fato de gostar bastante dos faroestes dirigidos por Richard Leland Bare que era muito eficaz nesse tipo de fita, basta lembrar dos também ótimos "Cheyenne" (1955) e um dos meus preferidos de sua safra, "No Rastro dos Bandoleiros" (1957). Ainda falaremos muito de sua obra por aqui, por enquanto fica a recomendação desse "Return of the Frontiersman" que merece fazer parte de sua coleção.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

A Senda do Ódio

Título no Brasil: A Senda do Ódio
Título Original: One Foot in Hell
Ano de Lançamento: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James B. Clark
Roteiro: Aaron Spelling, Sydney Boehm
Elenco: Alan Ladd, Don Murray, Dan O'Herlihy

Sinopse:
Mitch Barrett (Alan Ladd) é um velho homem do oeste que após muitos anos retorna para uma pequena cidade da fronteira. Os tempos são outros, os novos moradores da cidade nem o conhecem mais. Só que Barrett não está de volta para passar suas férias ou apreciar uma nostalgia do passado. Ele quer vingança por algo terrível que lhe aconteceu muitos anos antes. 

Comentários:
Inegavelmente, ao longo de sua carreira, o ator Alan Ladd estrelou grandes filmes de faroeste. Alguns são considerados clássicos absolutos como "Os Brutos Também Amam". Só que conforme os anos foram passando os roteiros que lhe eram oferecidos já não eram tão bons como no passado. Ele também já estava entrando em uma certa idade em que os estúdios já não o chamavam mais para as grandes produções. Restou ao veterano ator aparecer em filmes menores, mais modestos, filmes B de faroeste como esse aqui. É um filme bem de rotina dentro do gênero. Isso em uma época em que o western já começava a perder espaço para outros tipos de filmes. Ladd também vinha com problemas de depressão, o que dificultava sua capacidade de trabalho. Ainda assim atuou profissionalmente bem, dando plenamente conta do recado. Enfim, deixo a dica desse que foi um dos últimos filmes de faroeste desse simbólico ator do western americano. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

O Justiceiro Mascarado

Na fronteira entre um reserva indígena e o território do homem branco, se instala um clima de tensão, com acusações de ambas as partes de violação do tratado que foi assinado entre os Apaches e o governo americano. Os índios acusam os brancos de invadirem suas terras sagradas e os brancos acusam os indígenas de roubo de gado e cavalos. No centro da briga se encontra uma montanha sagrada para a nação Apache. O que poucos sabem é que na realidade a região é um grande depósito de prata, o que obviamente desperta cobiça e inveja nos bandidos da região. Para evitar o iminente conflito entre as partes e manter a paz, surge um desconhecido cavaleiro errante mascarado, cavalgando nas montanhas conhecido apenas como “Lone Ranger”. Ele tentará de todas as formas desmascarar os interesses daqueles que desejam a guerra entre brancos e índios, com o claro propósito de se apoderar da prata pertencente às terras da reserva indígena. Ao lado de seu cavalo Silver e seu assistente nativo conhecido como Tonto, o Lone Ranger vem para trazer justiça e paz ao velho oeste.

Ótimo western que trouxe para as telas de cinema as aventuras desse personagem tão carismático do faroeste em sua era de ouro. Originalmente conhecido como Lone Ranger, ele no Brasil também recebeu o nome de Zorro ou "Zorro Americano", para não ser confundido com o "Zorro Espanhol", de capa e espada, que aliás era o verdadeiro Zorro. Esse Zorro Made in USA também tinha suas características pessoais como as balas de prata, o figurino azul e branco e o famoso grito “Hi-Yo Silver” – que marcou muito o Lone Ranger, ou Cavaleiro Solitário. Esse foi seu primeiro grande filme de sucesso, fruto da imensa popularidade da série de TV que ficou no ar praticamente uma década, com imenso sucesso de audiência. Para se ter uma idéia da popularidade desse personagem basta dizer que ao total foram realizados 23 filmes com ele ao longo de todos aqueles anos. Ele também virou revistas em quadrinhos e deu origem a uma bem sucedida linha de brinquedos, roupas, etc. A garotada realmente amava esse personagem, que era de certa forma um "super-herói" que atuava no velho oeste americano.

Nesse western de 1956 é interessante destacar seu roteiro bem trabalhado. Principalmente se formos levar em conta que esse filme era uma produção direcionada para o público infanto-juvenil. Outro ponto de destaque era a excelente presença do astro Clayton Moore que além de galã e herói, se revelava também bom ator, como bem prova quando interpreta “o mineiro”, um dos disfarces que o Lone Ranger usa para se infiltrar e obter informações com o inimigo. Enfim, não deixe de assistir pois é um dos filmes mais deliciosamente nostálgicos já feitos.

O Justiceiro Mascarado / Zorro e o Ouro do Cacique (The Lone Ranger, Estados Unidos, 1956) Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Herb Meadow / Elenco: Clayton Moore, Jay Silverheels, Lyle Bettger / Sinopse: O misterioso cowboy Lone Ranger (Clayton Moore) ao lado do parceiro e amigo Tonto, tentam evitar uma guerra entre brancos e índios na fronteira de uma reserva indígena da nação Apache.

Pablo Aluísio. 


sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Rio Vermelho

Assistir a esse filme foi um enorme prazer para mim. Primeiro porque eu sou um fã incondicional do ator Montgomery Clift. Segundo porque eu acho este um dos mais belos westerns de todos os tempos e terceiro porque John Wayne e Howard Hawks estão no auge de suas carreiras. Esta é uma película realmente nota dez, em todos os aspectos e por isso se tornou um filme atemporal, inesquecível e clássico. Montgomery Clift era um caso à parte. Considerado um dos maiores atores jovens de seu tempo, ao lado de Marlon Brando e James Dean, Clift era um profissional à frente de sua época. Cria do teatro americano, local onde ele sentia-se realmente à vontade, ele relutou muito antes de ingressar no cinema. Temia perder sua identidade e ser engolido pelo Star System. Sempre foi um ator independente e conseguiu se impor à indústria, fez poucos filmes, mas todos escolhidos a dedo, e muitos destes títulos se tornaram clássicos absolutos da história. do cinema americano. Basta lembrar de "Um lugar ao sol" e "A um passo da Eternidade", por exemplo. Complexo e torturado por demônios internos, Clift acabou por tabela imprimindo uma densidade ímpar em suas atuações. O conflito interno do ator era automaticamente passado para seus papéis. Aqui ele se sobressai mesmo interpretando um personagem sem grande profundidade, em sua estreia nas telas, curiosamente em um western estrelado pelo maior nome do gênero, John Wayne. O contraste entre a determinação e rudeza de Wayne com a sensibilidade de Clift se torna um dos grandes trunfos do filme.

E o Duke? Bem, ele está novamente ótimo no papel de um velho rancheiro dono de milhares de cabeças de gado, que tem como único objetivo levá-las, em uma grande caravana, para o Estado do Missouri. Conforme o tempo passa e as dificuldades se tornam maiores o personagem de Wayne vai ficando cada vez mais obcecado, tornando insuportável a vida de seus homens. O clímax ocorre em uma feroz luta entre Wayne e Clift. Um duelo entre os velhos e os novos paradigmas do velho oeste. A cena entrou para a história do cinema americano. Em relação à inspirada direção um famoso crítico americano resumiu a opinião da época: "Tendo como pano de fundo as belas paisagens do meio oeste americano, o mestre Howard Hawks faz um dos melhores faroestes dos últimos tempos, não se limitando, no entanto, a falar apenas do expansionismo capitalista americano, povoando terras desertas em meados do século 19. Vai além: realizando um belo painel sobre as relações humanas, através dp choque de personalidades de Dunson (Wayne) e Garth (Montgomery Clift). Criados como pai e filho, protagonizam uma estória de amor e ódio absolutamente emocionante". O filme concorreu aos Oscar de melhor roteiro e Montagem. Uma injustiça não ter ganho nenhum, mas se a Academia não o premiou ele acabou recebendo outro tipo de reconhecimento, e este bem mais importante, o reconhecimento popular daqueles que o assistiram e jamais esqueceram ao longo de todos esses anos.

Rio Vermelho (Red River, EUA, 1948) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Borden Chase e Charles Schnee, baseado na novela The Chisholm Trail de Borden Chase. / Elenco: John Wayne, Montgomery Clift, Joanne Dru, Walter Brennan / Sinopse: Thomas Dunson (John Wayne) é um velho rancheiro, dono de milhares de cabeças de gado, que tem como único objetivo levá-las, em uma grande caravana, para o Estado do Missouri. Conforme o tempo passa e as dificuldades se tornam maiores Thomas vai ficando cada vez mais obcecado, tornando insuportável a vida de seus homens, entrando em conflito com Matt Garth (Montgomery Clift), um cowboy que participa da caravana.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Onde Começa o Inferno

John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. "Rio Bravo" foi um dos maiores westerns da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste como por exemplo a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final.

O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste"). Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito digna, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta sem sucesso enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seus westerns. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos.

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, EUA, 1959) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett baseado na curta história de B.H. McCampbell / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond / Sinopse: John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato.

Pablo Aluísio.

Um Certo Capitão Lockhart

Última parceria entre James Stewart e o diretor Anthony Mann, "The Man From Laramie" é um faroeste dos bons. O filme é uma adaptação do conto do escritor Thomas T. Flint que publicou originalmente seu texto nas páginas do Saturday Evening Post. Nos anos 50 era comum a publicação de textos com estórias do velho oeste nos grandes jornais americanos. O sucesso foi tão bom que eles depois começaram a publicar esses textos em forma de livros de bolso (até aqui no Brasil os livrinhos de faroeste de bolso foram extremamente populares). O roteiro também aproveita para se inspirar levemente na peça Rei Lear - o que fica evidente nas relações familiares em torno da família do rico fazendeiro Alec Waggoman (Donald Crisp). Idoso, extremamente rico e ficando cego, ele se preocupa sobre sua sucessão pois seu filho, Dave, é um mimado irresponsável que não sabe lidar com o poder que tem.

James Stewart novamente nos brinda com uma excelente interpretação. Seus personagens em faroestes sempre foram cowboys menos viris do que os interpretados pelo Duke (John Wayne) mas não eram menos éticos e virtuosos. Aqui ele faz um ex capitão do exército americano que acaba se envolvendo em um conflito contra Dave, o herdeiro do clã Waggoman. O curioso é que o roteiro, muito bem trabalhado, traz inúmeras reviravoltas e uma sub trama muito interessante envolvendo contrabando de rifles automáticos para a tribo Apache. O filme é bem cadenciado, com preocupação de se desenvolver todos os personagens e o resultado final é muito eficiente, o que surpreende pois a duração é curta, pouco mais de 90 minutos, o que demonstra que para se contar uma boa estória não é necessário encher a paciência do espectador com filmes longos demais.

Um Certo Capitão Lockhart (Man From Laramie, The, 1955) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Philip Yordan, Frank Burt, Thomas T. Flynn / Elenco: James Stewart, Arthur Kennedy e Donald Crisp / Sinopse: Will Lockhart (James Stewart) chega a uma pequena cidade do Novo México para descarregar uma carga de mantimentos para o comércio local. Na volta resolve retirar de uma salina próxima um novo carregamento mas é impedido de forma violenta por Dave Waggoman (Alex Nicol), filho de um rico fazendeiro da região.

Pablo Aluúsio.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Bravura Indômita

Não existe nada mais perigoso no mundo do cinema do que refilmar antigos clássicos absolutos do passado. Quando o remake de "Bravura Indômita", western clássico com John Wayne, foi anunciado eu temi pelo pior. Não havia esquecido ainda de vários remakes desastrosos que foram feitos como "Psicose", por exemplo. Se é um marco da história do cinema, qual é a finalidade de refazer tal filme? Além da falta de originalidade os remakes sofrem de outro problema, sempre caindo em uma verdadeira armadilha: ou seguem literalmente o filme original e aí se tornam inúteis ou então tentam inovar correndo o risco de despertar a fúria dos fãs da obra original. As duas opções, convenhamos, não são nada boas.

Eu fiz questão de rever o original poucos dias antes de assistir a esse remake justamente para ter uma base melhor de comparação com o filme dos irmãos Coen. A minha impressão é a de que essa nova versão preferiu seguir o caminho da refilmagem mais fiel ao original, sem inovações impertinentes ou banais. Os diretores tiveram um certo respeito pelo filme original. Embora seguindo lado a lado com o filme de John Wayne, o remake também apresenta pequenas e pontuais novidades. Afinal os irmãos Coen, tão autorais em sua filmografia, não iriam dirigir um filme totalmente desprovido de originalidade.

Não resta dúvida, por exemplo, que essa nova versão tem um roteiro bem mais explicativo do que o filme de 1969, mostrando mais aspectos do livro que deu origem aos dois filmes. A reconstituição histórica também segue mais condizente com a época em que se passa a história. Esses são certamente pontos positivos aqui. É um filme, como disse antes, muito bem feito, com tudo colocado no lugar certo, mas curiosamente sem grandes surpresas, chegando a ser até mesmo um pouco convencional, isso claro se compararmos com o primeiro filme. Burocrático? Não chega a incomodar nesse aspecto. Respeitoso em excesso com o filme original? Certamente.

Um dos grandes méritos dessa nova versão vem de seu elenco. E aqui temos que destacar o trabalho do ator Jeff Bridges. É fato que Rooster Cogburn é um personagem à prova de falhas, pois foi ótimo para John Wayne e novamente caiu muito bem na caracterização de Bridges. O que mais me chamou a atenção é que a interpretação no novo remake é quase uma homenagem velada ao desempenho anterior de Wayne. Até a entonação vocal é extremamente semelhante. Bridges, em certos momentos, é quase uma paródia de Wayne, tudo muito igual e parecido. É uma homenagem ao grande ator do passado, que inclusive foi premiado com o Oscar, após longos anos de carreira, justamente pela interpretação desse personagem. Palmas para Jeff Bridges! No final de tudo, gostei desse novo filme. Penso que o caminho certo a seguir por remakes é justamente esse. Ser bem fiel ao livro original, preservando aspectos do filme clássico.

Bravura Indômita (True Grit, Estados Unidos, 2010) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen baseado na novela escrita por Charles Portis / Elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Hailee Steinfeld / Sinopse: Jovem garota (Hailee Steinfeld) resolve contratar velho agente federal gordo e bêbado chamado Rooster Cogburn (Jeff Bridges) para encontrar um grupo de criminosos que mataram seu pai. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Atriz Coadjuvante (Hailee Steinfeld), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia (Roger Deakins), Melhor Figurino, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Direção de Arte.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Clint Eastwood e o Faroeste

Clint Eastwood se tornou o legítimo sucessor de John Wayne dentro do western dos Estados Unidos. Isso chega a ser óbvio pelo simples fato de que nenhum outro ator apresentou nas telas e nos filmes as credenciais para se colocar em uma posição de herdeiro de John Wayne. Ao longo de todas essas décadas apenas Clint ficou à altura do veterano ator nesse aspecto. Eastwood talvez seja o último representante dos grandes mitos do faroeste, pois surgiu em uma época em que o gênero já deixava de ser o foco de interesse principal dos grandes estúdios. De certa maneira Clint Eastwood foi de fato o último grande nome do western em uma época em que ele já estava saindo de cartaz.

Com a morte de John Wayne em 1979, Clint Eastwood passou a ser o principal nome dos filmes de faroeste nos cinemas, no grande circuito comercial. Não havia nenhum outro em seu patamar. Embora Clint não tenha se dedicado exclusivamente aos filmes de cowboy ao longo de sua carreira, o fato é que ele muito  ficou associado ao gênero, a ponto de que muitos, ainda hoje, mesmo após tantos filmes em outros gêneros cinematográficos, ainda ligam automaticamente o nome de Clint Eastwood aos seus personagens nos filmes de western. O cavaleiro solitário sem nome marcou época.

Natural de São Francisco, Clint iniciou sua carreira no cinema em pequenos filmes, alguns sem qualquer expressão. Acabou se tornando conhecido apenas quando entrou para o velho oeste, principalmente com a série de televisão de faroeste "Rawhide" que foi exibida enre os anos de 1959 a 1966. Em 1964 Clint Eastwood foi convidado pelo diretor italiano Sergio Leone para fazer "Por Um Punhado de Dólares", o primeiro de três filmes rodados na Espanha, com produção italiana, que lançaram a moda do chamado spaghetti-western, o faroeste feito e produzido no velho continente, na Europa. Não deixava de ser muito esquisito o fato de que o mais americano de todos os gêneros cinematográficos passasse a ser feito por estrangeiros. De qualquer forma o público adorou e os filmes se tornaram sucessos de bilheteria, inclusive dentro dos Estados Unidos.

A parceira de Clint com Sergio Leone renderia ainda mais dois grandes sucessos de bilheteria, "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito". O ator, que nunca tivera uma chance de verdade dentro do indústria americana de cinema, acabou se tornando um astro ao estrelar produções italianas de faroeste. Uma ironia do destino! Depois do sucesso e reconhecimento ele finalmente voltou para os Estados Unidos, para rodar seus próprios filmes de faroeste em seu país natal. Clint fundou sua própria companhia cinematográfica (A Malpaso Productions), se tornando assim também produtor de seus filmes. Seu primeiro filme após esse retorno foi "A Marca da Forca" em 1968.

Embora o filme tenha sido até bem recebido, Clint Eastwood começou a acertar mesmo após o lançamento de "Os Abutres Têm Fome" que pode ser considerado o seu primeiro grande filme americano de faroeste. Ao lado da atriz Shirley MacLaine, ele finalmente acertou o foco de seus personagens nesse estilo. A partir dessa produção Clint iria aprimorar o seu "pistoleiro sem nome". Um tipo caladão, com cara de poucos amigos, mas com a mira certeira. Em "O Estranho que Nós Amamos" Clint surgia com um pouco de romantismo em uma trama passada durante a sangrenta guerra civil. O próximo faroeste de sua carreira "Joe Kidd" fez sucesso novamente, fazendo com que Clint Eastwood se tornasse o ator número 1 do gênero western, ultrapassando até mesmo o veterano John Wayne, que ainda estava vivo, mas que com vários problemas de saúde não conseguia mais manter a velha força do passado.   

Porém de todos os filmes que fez nesse período, o que mais foi definitivo para a carreira de Clint Eastwood no gênero western foi sem dúvida "O Estranho sem Nome" de 1973. Nesse excelente filme ele finalmente encontrou definitivamente os contornos do personagem símbolo de sua carreira no cinema. O pistoleiro que interpretou nesse filme sequer tinha nome, sendo conhecido apenas como "The Stranger". A direção foi do próprio Clint, que aqui tomou todas as rédeas da produção, tanto no aspecto de roteiro, produção, direção e atuação. Com controle absoluto, ele criou uma obra-prima do faroeste. Em 1979 John Wayne morreu, ficando apenas Clint Eastwood para manter a chama acessa do faroeste. Finalmente ele assumia o lugar que tanto merecia.

Ao longo de décadas, Clint ainda alcançaria vários sucessos de bilheteria no gênero western, se destacando produções como "Josey Wales, o Fora da Lei" e "O Cavaleiro Solitário". Ele faria até mesmo uma homenagem aos artistas que ganhavam a vida explorando os mitos do velho oeste em circos e apresentações circenses no bom e saudoso "Bronco Billy" em 1980. Esse filme, campeão de reprises no Brasil nos bons tempos da Sessão da Tarde, se tornaria um dos mais populares em nosso país. Com ótimo roteiro e uma história comovente, era uma declaração de amor ao faroeste e seus mitos do passado.

Clint Eastwood se despediu do western em um filme magnífico de 1992. "Os Imperdoáveis" foi o grande vencedor do Oscar naquele ano, vencendo nas principais categorias, inclusive as de melhor filme, melhor direção (prêmio dado ao próprio Clint) e melhor ator coadjuvante (dado para o excepcional Gene Hackman). Quem poderia imaginar que essa longa estrada, que havia começado na década de 1960 em um programa de TV, que depois iria para a Europa com o western spaghetti, iria finalmente chegar ao seu destino naquela noite do Oscar, com a consagração final e definitiva de Clint Eastwood? Pois é, o mundo realmente dá voltas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Um Homem Chamado Cavalo

Clássico filme de faroeste dos anos 70. Muito popular no Brasil. E que história esse filme nos conta? John Morgan (Richard Harris) é um nobre inglês que entediado com a vida de riqueza e luxo que leva na Inglaterra, resolve viajar até o oeste americano em busca de aves exóticas para caçar. Numa dessas suas excursões por regiões remotas ele e seu pequeno grupo de apoio acabam sendo atacados por guerreiros nativos que, após assassinar seus assistentes, o leva cativo para sua tribo. Lá será tratado como um mero animal, um cavalo, sem direitos e com muitos deveres, como trabalhar duro e sofrer punições sempre que desobedecer as ordens impostas. Assim tudo que ele planeja e pensa é de uma forma de escapar de seus algozes, mas conforme o tempo passa ele aos poucos começa a se inserir dentro daquela comunidade nativa, revelando um lado completamente desconhecidos dos índios que o mantém como prisioneiro.

Muito citado, muito lembrado pelos fãs de Western, "A Man Called Horse" realmente é um grande filme. Não apenas por sua proposta ousada e diferente, mostrando em primeiro plano a vida dos nativos americanos, mas também pelo roteiro que consegue ser ao mesmo tempo muito instrutivo e realista. Filmes sobre índios americanos geralmente sofrem por abraçarem certas ideias impregnadas de ideologias e preconceitos seculares contra eles. Por exemplo, ou os indígenas eram retratados usando daquela visão simplória e romântica do "bom selvagem de coração puro" ou então se explorava o lado oposto, quando eram mostrados como selvagens sanguinários e cruéis. "Um Homem Chamado Cavalo" não adota nenhuma dessas posturas isoladamente. Certamente os índios mostrados aqui são violentos, torturadores e sádicos, mas também possuem grandes valores de honra e proteção para com seus familiares, sua cultura, sua nação. Uma etnia que tenta sobreviver aos novos tempos.

O personagem interpretado por Richard Harris é um exemplo por demais interessante de um homem civilizado colocado em choque cultural com aquele modo de vida primitivo. O interessante é que ao final ele descobre que há muito mais a se desvendar no seio daquele povo, algo bem diverso do que ele pensava dentro de sua mentalidade dita civilizada, do homem europeu. O filme até hoje chama a atenção por cenas realmente marcantes como o momento em que John Morgan (Richard Harris) é alçado pela própria pele em um brutal ritual para provar sua bravura, ou nas diversas situações aflitivas quando é tratado apenas como um animal, sendo que na visão do homem branco europeu o nativo americano é que se assemelhava a um animal selvagem, solto nas pradarias do oeste. Em suma, grande momento do cinema americano que até hoje é relembrado com respeito e admiração. Nada mais justo em vista da extrema qualidade apresentada pela película.

Um Homem Chamado Cavalo (A Man Called Horse, Estados Unidos, 1970) Estúdio: Paramount Pictures, Columbia Pictures / Direção: Elliot Silverstein / Roteiro: Jack DeWitt, Dorothy M. Johnson / Elenco: Richard Harris, Judith Anderson, Jean Gascon, Manu Tupou, Corinna Tsopei / Sinopse: Nativos do oeste dos Estados Unidos capturam um nobre inglês que passava por suas terras em uma expedição de exploração da natureza selvagem. Uma vez nas mãos dos índios, ele passa a ser tratado como um mero animal, um cavalo da tribo. Filme premiado pelo festival de cinema Western Heritage Award. Também indicado ao Laurel Awards.

Pablo Aluísio.

O Retorno do Homem Chamado Cavalo

O sucesso do primeiro filme fez com que a United Artists providenciasse uma sequência, seis anos depois do lançamento do filme original. Era de esperar pois o anterior tinha se tornado um dos filmes mais lucrativos do estúdio. Então foi produzido esse segundo filme intitulado "O Retorno do Homem Chamado Cavalo". Qual era a história dessa continuação? Após voltar para a Inglaterra, John Morgan (Richard Harris) começa a sentir falta do oeste americano, onde viveu grandes experiências de vida. Assim após pouco tempo decide retornar para o meio da nação Sioux, mas uma vez chegando lá percebe que tudo está praticamente destruído. A perseguição do homem branco arruinou o estilo de vida dos nativos locais, suas tribos, suas tradições, seus costumes, seu legado. Tomado por um grande sentimento de justiça ele resolve se vingar dos assassinos daquele povo.

Também conhecido como "A Vingança do Homem Chamado Cavalo" essa continuação de "Um Homem Chamado Cavalo" foi rodado a toque de caixa por causa do sucesso inesperado do primeiro filme. Essa produção está inserida naquilo que depois começou a ser conhecido como "western revisionista", ou seja, filmes de faroeste que procuravam por uma nova abordagem histórica. Se nos antigos filmes havia a luta entre colonizadores e nações nativas, sendo geralmente retratados os índios como os vilões, aqui o foco muda de lado. Procura-se mostrar também o lado dos Sioux, tribo guerreira que foi sendo dizimada pela cavalaria americana.

Ao invés de mostrá-los apenas como bestas selvagens assassinas, aqui o personagem de Richard Harris tenta mostrar ao espectador os costumes e as tradições daqueles povos, colocando em relevo a matança genocida que foi feita pelos soldados americanos durante a história da colonização do velho oeste. Além desse cunho social o filme também investe em muitas cenas de ação e batalhas. Richard Harris é certamente o coração desses filmes. Um ator que realmente se entregava de corpo e alma para os papéis que desempenhava. Assim como aconteceu no primeiro filme, nesse aqui ele literalmente rouba o filme para si. Aliás essa saga "A Man Called Horse" jamais sequer se justificaria sem seu grande trabalho de atuação.

O Retorno do Homem Chamado Cavalo (The Return of a Man Called Horse, Estados Unidos, 1976) Estúdio: United Artists / Direção: Irvin Kershner / Roteiro: Jack DeWitt, Dorothy M. Johnson / Elenco: Richard Harris, Gale Sondergaard, Geoffrey Lewis / Sinopse: Cinco anos após os acontecimentos do primeiro filme, o Lord inglês John Morgan (Richard Harris) decide que é hora de superar os traumas do que viveu no oeste dos Estados Unidos. Ele então pega o primeiro navio e retorna para a mesma região onde foi aprisionado por nativos. E lá descobre que a situação está ainda mais séria do que quando deixou aquele lugar no passado. Filme dirigido por Irvin Kershner, o mesmo diretor de "O Império Contra-Ataca" e "007 - Nunca Mais Outra Vez".

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de março de 2021

Relatos do Mundo

Esse novo filme do ator Tom Hanks é realmente excelente. Ele interpreta um ex-capitão do exército que com o fim da guerra civil procura por outro meio para ganhar a vida. E esse novo trabalho seria dos mais interessantes. Basicamente ele iria ler as notícias dos principais jornais americanos nas cidades mais distantes e inóspitas do oeste americano. É bom lembrar que nos tempos do velho oeste a maioria da população não era alfabetizada. O personagem de Tom Hanks assim lia para toda essa massa de pessoas sem qualquer instrução formal de educação.

E numa dessas viagens ele acaba se deparando com uma carruagem virada no meio da estrada. Ela foi atacada. Apenas uma sobrevivente, uma garotinha de cabelos loiros e olhos azuis. O que não combina é o fato dela estar vestida com roupas de índios. Pior do que isso, ela não fala uma palavra em inglês, só sabendo se comunicar com o idioma Kiowa. O que teria acontecido com aquela menina? Olhando documentos encontrados dentro da carruagem, o velho capitão descobre que ela foi resgatada de uma tribo indígena. Seus pais foram mortos e ela foi raptada por nativos. Acabou sendo criada por eles.

O filme então se desenvolve na busca pelos únicos parentes brancos ainda vivos da menina. O capitão e a garota então passam a viajar em direção ao sul do Texas, onde ele pretende entregá-la para seus tios, que ainda vivem em uma comunidade agrícola. Acontece que nessa jornada quem acaba encontrando um novo sentido para sua vida é o próprio ex-capitão. E essa viagem, toda feita em cima de uma precária carruagem com poucos pertences, não será isenta de problemas e perigos, principalmente por bandoleiros e bandidos de todas as espécies.

Filme realmente excelente. O curioso é que não me lembro de ter visto Tom Hanks em um filme de faroeste. E ele se sai muito bem. Parece que nessa altura de sua carreira o ator simplesmente não faz mais filmes ruins ou fracos. Dono de sua própria produtora de cinema, ele só escolhe o melhor. Alguns poderão encontrar algumas semelhanças com o clássico do western "Bravura Indômita", porém acho essa comparação um pouco precipitada. A despeito dos dois personagens principais serem um veterano e uma garota, pouco mais se assemelha entre as duas produções. De qualquer forma é cinema de primeira qualidade. Um dos melhores filmes do ano, sem a menor sombra de dúvidas. Está mais do que recomendado aos cinéfilos em geral.

Relatos do Mundo (News of the World, Estados Unidos, 2020) Direção: Paul Greengrass / Roteiro: Paul Greengrass / Elenco: Tom Hanks, Helena Zengel, Tom Astor / Sinopse: Veterano da guerra civil que ganha sua vida lendo jornais para trabalhadores e bandoleiros analfabetos no velho oeste, encontra em uma de suas viagens uma garotinha loira que foi criada por índios. Ele então decide que a levará para seus parentes brancos ainda vivos. Uma jornada longa e perigosa aos confins do Texas. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor som, melhor design de produção, melhor trilha sonora incidental (James Newton Howard) e melhor direção de fotografia (Dariusz Wolski). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor trilha sonora e melhor atriz coadjuvante (Helena Zengel).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O Levante dos Apaches

Título no Brasil: O Levante dos Apaches
Título Original: The Battle at Apache Pass
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Sherman
Roteiro: Gerald Drayson Adams
Elenco: John Lund, Jeff Chandler, Susan Cabot, Bruce Cowling, Beverly Tyler, Richard Egan

Sinopse:
Os líderes guerreiros nativos Cochise (Jeff Chandler) e Gerônimo (Jay Silverheels) resolvem unir forças pela última e decisiva vez contra a ocupação branca de suas terras. Atacam um destacamento da cavalaria do exército dos Estados Unidos que está sob o comando do Major Jim Colton (John Lund) que segue viagem por territórios Apaches. O combate, sangrento e feroz, decidirá os rumos que as guerras indígenas tomarão dali em diante. Roteiro baseado em fatos históricos reais.

Comentários:
Eu sempre achei muito curioso ver atores brancos como Jeff Chandler pintados de vermelho, se fazendo passar por Apache em filmes americanos da década de 1950 (até galãs como Rock Hudson tiveram que passar por isso!). Muitos hoje em dia consideram isso um verdadeiro absurdo histórico, mas não consigo culpar Hollywood por esse tipo de caracterização. O fato é que na época não existia ainda essa mentalidade atual nas produções de grandes estúdios. Os verdadeiros nativos geralmente eram usados como meros figurantes, uma vez que a velha perícia de andar a cavalo e coisas semelhantes realmente seguia como uma tradição ainda viva, que passava de pai para filho. O enredo de "The Battle at Apache Pass" pode até ser considerado trivial pois é de fato um típico filme de cavalaria versus índios. Novamente traz o corriqueiro chefe guerreiro Gerônimo, um líder tribal que só se entregou mesmo em seus últimos dias. Por ter sido um dos últimos guerreiros a baixar as armas, acabou ganhando fama nos jornais da época, tornando seu nome realmente inesquecível ao longo de todos esses anos. No geral é sim um bom western, com boas cenas de ação, todas filmadas praticamente no deserto de Utah, uma região bonita, mas igualmente selvagem e inóspita.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Um Clarim ao Longe

Faroeste clássico, ainda hoje muito lembrado pelos admiradores de filmes de western. Qual é a história do filme? O tenente Matthew 'Matt' Hazard (Troy Donahue) sai da academia militar de West Point direto para um forte distante do exército americano na fronteira dos Estados Unidos com o México. A região é um lugar de tensão entre brancos e nações Apaches. Embora a maioria dos caciques tenham firmado tratados de paz com os militares americanos, ainda existem grupos de guerreiros armados e violentos, especialmente os liderados pelo chefe guerreiro "Águia de Guerra". Apesar do perigo de um conflito iminente tudo o que Hazard encontra no forte é um regimento indisciplinado e despreparado, o que irá lhe trazer vários problemas no decorrer de seu serviço militar na guarnição. "Um Clarim ao Longe" se propõe a trazer uma visão mais realista e politicamente correta da presença americana em regiões tradicionalmente ocupadas pelas nações indígenas daquele país. Os soldados não são retratados como heróis e bravos, muito pelo contrário, são mostrados como sujeitos sujos, mal educados e dados a bebedeiras, o que convenhamos é algo bem mais próximo da realidade histórica do que as antigas visões de filmes sobre a cavalaria.

Assim que chega no forte o tenente Hazard é logo hostilizado pela tropa, tratado como um "almofadinha de West Point". O roteiro também explora algo que é bem raro em filmes de faroeste da época, a proliferação de prostitutas em acampamentos militares. Seely Jones (Claude Akins) é um cafetão que leva suas garotas para o forte em carruagens, algo que desperta a ira do tenente que deseja impor ordem e hierarquia entre a tropa. No fim do enredo o roteiro dá uma guinada de bom mocismo e mostra oficiais da cavalaria indignados com o governo americano pela quebra dos tratados assinados pelos índios. Nesse ponto o filme realmente perde um pouco de seu realismo para cair em um ufanismo ideológico pouco consistente, pois é muito complicado acreditar que oficiais do exército colocariam em jogo suas carreiras em prol dos Apaches daquele jeito, algo que seria mesmo impensado para um militar americano do século XIX. No geral "A Distant Trumpet" é um clássico do western americano, ainda hoje elogiado pelo realismo histórico que tentou passar para a tela de cinema.

Um Clarim ao Longe (A Distant Trumpet, Estados Unidos, 1964) Estúdio: Warner Bros / Direção: Raoul Walsh / Roteiro: John Twist, Richard Fielder / Elenco: Troy Donahue, Suzanne Pleshette, Diane McBain, James Gregory, William Reynolds, Claude Akins / Sinopse: O filme mostra a história de um jovem tenente do exército americno que vai para um forte distante na fronteiro dos Estados Unidos com o México, onde enfrenta todo tipo de indisciplina das tropas estacionadas na região. Filme indicado ao BAFTA Awards.

Pablo Aluísio. 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Josey Wales - O Fora da Lei

"Josey Wales - O Fora da Lei" é um clássico faroeste da carreira do ator e diretor Clint Eastwood. Na história temos o protagonista, Josey Wales (Clint Eastwood), um pequeno rancheiro que vive da terra ao lado de sua esposa e seu filho. Sua vida passa por uma tragédia pessoal quando um grupo de soldados da União entra em sua propriedade e mata sua mulher e o garoto pelo simples fato da família ser sulista do Missouri. Não contentes, ainda colocam fogo na casa do rancho. Apunhalado, Josey não consegue salvar sua amada família. Depois de recuperado, entra nas fileiras das tropas confederadas para lutar contra o exército que massacrou seus familiares. Lá cria fama de bom atirador e soldado valente. Ao final da guerra civil fica sem rumo certo. mas não entrega suas armas ao inimigo, o que faz com que seja caçado e procurado por caçadores de recompensas e oficiais do exército americano pelos lugares mais inóspitos do oeste americano."The Outlaw Josey Wales" é um ótimo western, bem acima inclusive de outros faroestes clássicos estrelados por Clint Eastwood. Seu personagem Josey Wales é muito bem escrito. Um veterano confederado que entra na guerra para se vingar das tropas federais. Se negando a se render, ele leva em frente sua própria guerra pessoal contra os soldados da União. O personagem assim funciona como um símbolo do sentimento sulista e confederado dos Estados Unidos, que com muito orgulho jamais aceitou a derrota no conflito mais sangrento da história americana.

Clint Eastwood também capricha na caracterização de seu papel, fazendo um sujeito de poucas palavras. mas rápido no gatilho que tem um hábito horrível, mas muito divertido, de sair cuspindo fumo mascado em todo lugar! Até o pobre cachorrinho que o segue pelo deserto vira alvo! Ao seu lado brilha a honesta interpretação de Chief Dan George que interpreta um velho índio, cansado de guerra, desiludido pelas mentiras contadas pelo homem branco ao longo de todas aquelas décadas. Esse foi o sexto filme dirigido por Clint Eastwood, produzido por sua própria companhia de cinema, a Malpaso Company. Impossível negar que ele já mostra uma maturidade incrível na direção, não deixando o filme cair no marasmo ou no lugar comum em nenhum momento. O roteiro escrito pelo futuro cineasta Philip Kaufman de "Os Eleitos" e "A Insustentável Leveza do Ser", entre outros, certamente ajuda muito para o belo resultado final. É um texto muito bem escrito, com ótimo desenvolvimento, sem qualquer erro em seu enredo. Mesmo cenas mais fortes como a da tentativa de estupro coletivo promovida por um grupo de comancheros em cima da personagem de Sondra Locke (que se tornaria mulher de Clint na vida real) não soam fora do contexto ou desproporcionais. Tudo está em seu devido lugar. Em suma, um grande faroeste que não pode faltar na coleção de nenhum fã do gênero. Clint Eastwood mais uma vez está perfeito no velho oeste. Não deixe de assistir.

Josey Wales - O Fora da Lei
(The Outlaw Josey Wales, Estados Unidos,  1976) Estúdio: Warner Bros, Malpaso Company / Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Philip Kaufman, baseado no livro de Forrest Carter / Elenco: Clint Eastwood, Sondra Locke, Chief Dan George, Bill McKinney / Sinopse: Josey Wales é um homem em busca de vingança. Após a morte de sua família, de forma covarde, ele parte para se vingar de todos os que cometeram esse crime. Todos os soldados da União devem pagar. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música (Jerry Fielding).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Cavalgada dos Proscritos

Em 1980 chegou aos cinemas esse bom western intitulado "Cavalgada dos Proscritos". Na história o famoso criminoso do velho oeste Jesse James (James Keach) e seu irmão Frank James (Stacy Keach) resolvem formar um bando de assaltantes de bancos e trens no Missouri do século XIX, poucos meses depois do fim da guerra civil. Ao lado dos irmãos Youngers eles colocam as pequenas cidades do oeste em pavorosa. Para enfrentá-los a agência de investigação Pinkerton envia seus melhores homens. Esse é mais um filme enfocando a lendária figura do fora da lei Jesse James (1847 - 1882). O roteiro procura inovar bastante na forma como conta essa história. Assim ao invés de focar exclusivamente na figura de Jesse James, o texto procura também desenvolver os outros homens de seu bando, em especial os irmãos Youngers, que cavalgaram por muitos anos ao lado de Jesse. 

Há três grandes cenas nessa produção que merecem menção. A primeira quando o grupo fica encurralado numa casinha de madeira no pé da montanha. Cercados pelos Pinkertons eles precisam descer um desfiladeiro em debandada debaixo de uma chuva de tiros. Outra cena muito boa é o tiroteio final ocorrido nas ruas de uma cidadezinha de Minnesota. Nessa sequência em particular o estilo do diretor Walter Hill homenageia o grande Sam Peckinpah ao filmar tudo em câmera lenta, mostrando todos os mínimos detalhes da violência do confronto entre bandidos e policiais. Por fim há a cena que abre a história. Nesse momento o que é valorizado é a tensão pois o grupo está em um banco, cercado por homens da lei do lado de fora. Curiosamente o bando de Jesse James é formado por três grupos de irmãos no elenco, os Carradines (David, Keith e Robert), os Quaids (Dennis e Randy) e os Keachs (James e Stacy), tudo contribuindo para o excelente resultado final desse western que é certamente muito recomendado para os fãs do gênero.

Cavalgada dos Proscritos (The Long Riders, Estados Unidos, 1980) Estúdio: United Artists, MGM / Direção: Walter Hill / Roteiro: Bill Bryden, Steven Smith / Elenco: David Carradine, Stacy Keach, Dennis Quaid, Keith Carradine, Robert Carradine, James Keach, Stacy Keach, Randy Quaid, Nicholas Guest / Sinopse: No velho oeste americano o criminoso e pistoleiro Jesse James decide formar uma quadrilha especializada em roubos a bancos e ferrovias. Assim que os primeiros crimes são cometidos, um grupo de homens da lei começa a caçar os bandidos. Filme indicado ao Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A Noite da Emboscada

Título no Brasil: A Noite da Emboscada
Título Original: The Stalking Moon
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: National General Production Inc
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: Alvin Sargent, Wendell Mayes
Elenco: Gregory Peck, Eva Marie Saint, Robert Forster, Russell Thorson, Frank Silvera, Lonny Chapman

Sinopse:
Um destacamento da cavalaria americana acaba encontrando uma mulher branca no meio de um bando de Apaches acampados no meio do deserto. Há muitos anos ela fora raptada por guerreiros da tribo e lá, feita prisioneira, acabou tendo um filho mestiço. Agora, em liberdade, ela pretende voltar para sua cidade natal e para isso acaba contando com a preciosa ajuda de Sam Varner (Gregory Peck), um batedor civil do exército que agora tem planos de voltar para seu rancho, localizado no Novo México. Tudo parece correr bem até que Sam descobre que o pai do garoto índio que viaja ao lado da mãe, está em busca deles. O conflito então se tornará inevitável.

Comentários:
Mais um ótimo western estrelado pelo grande ator Gregory Peck. O filme tem muitas peculiaridades que o tornam mais do que interessante. Um deles é a posição da mulher branca que tendo um filho mestiço com um guerreiro Apache (não por vontade própria, mas por ser prisioneira) acaba sentindo ela própria todo o preconceito racial contra os índios naquela região. Para piorar tudo, ela ainda tem que contar com o fato da incerteza pelo que lhe espera no mundo dos brancos, pois seus parentes mais próximos foram mortos quando ela foi raptada e paira uma dúvida sobre se ainda existem parentes distantes vivos para a cidade onde ela quer retornar, Columbus. E como reagirá sua família branca ao ter que lidar com um filho mestiço, fruto de estupro por parte do pai do garoto? São questões melindrosas que o roteiro não discute abertamente, mas que deixa bem subentendido.

Como o próprio nome do filme sugere, grande parte do filme se passa no rancho do personagem interpretado por Peck quando ele e os demais sofrem uma emboscada mortal do guerreiro Salvaje (Nathaniel Narcisco). Esse por sua vez é muito bem explorado pelo roteiro pois quase nunca se mostra totalmente, mais parecendo uma sombra na colina, espalhando mortes terríveis por onde passa. O duelo final entre Sam (Peck) e Salvaje assim se torna muito esperado pelo espectador e quando isso acontece certamente não decepciona. Também era de se esperar, pois o diretor Robert Mulligan também assinou outras pequenas e grandes obras primas como "O Sol É Para Todos" (com o mesmo Peck no elenco) e "Quando Setembro Vier" (ótima comédia romântica com o galã Rock Hudson). Assim deixo a recomendação desse "A Noite da Emboscada" para os fãs de faroestes clássicos. É um item para se ter na coleção de qualquer admirador desse gênero cinematográfico.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O Cavaleiro Solitário

E então resolveram trazer o cavaleiro solitário de volta aos cinemas. Do que trata esse filme? John Reid (Armie Hammer) volta para o oeste para reencontrar seu irmão, um Texas Ranger honesto e íntegro. Chegando lá descobre que tudo está de pernas para o ar. Um grupo de facínoras domina a região com a força do poder da prata descoberta em terras indígenas. Durante uma emboscada seu irmão e seus homens da lei são mortos covardemente por Butch Cavendish (William Fichtner) e seu bando de criminosos. Descoberto agonizando no meio do deserto após o ataque, o comanche Tonto (Johnny Depp) o salva da morte certa. Agora juntos resolvem trazer justiça ao velho oeste. John Reid esquece sua verdadeira identidade, coloca uma máscara feita dos restos da roupa de seu irmão assassinado e se torna o Cavaleiro Solitário!

Houve muita má vontade por parte da crítica quando esse "The Lone Ranger" chegou aos cinemas. Ao custo de 215 milhões de dólares, o filme foi muito mal recebido. Era uma aposta da Disney em inaugurar mais uma franquia ao estilo "Piratas do Caribe". O resultado comercial porém foi muito fraco e assim provavelmente não teremos mais nenhuma continuação, o que é uma pena. A verdade pura e simples é que essa nova versão do famoso personagem não é pior do que costumeiramente se vê em filmes super produzidos por Hollywood ultimamente. Sendo sincero, é até uma película muito divertida. Alguns fãs de western mais tradicionais certamente vão achar o ritmo muito histérico e com certeza reclamarão nas mudanças da história que todos conhecemos, mas no fundo isso não chega a desmerecer o filme como um todo.

O personagem Tonto, como era esperado, ganhou muito mais espaço no roteiro, fruto, é claro, da participação do ator Johnny Depp no papel, mas usá-lo como fio narrativo, enquanto lembra a um garotinho em um parque de diversões a verdadeira face do Lone Ranger, foi até de muito bom gosto. Também vamos confessar que quando toca a música tema do personagem se torna impossível a um verdadeiro fã de faroestes simplesmente ficar indiferente. Se fosse destacar alguns problemas diria apenas que o filme poderia ser mais curto pois ganharia em ritmo. Também há excessos de alguns personagens que não fazem a menor falta na estrutura do enredo, como a prostituta interpretada por Helena Bonham Carter, que poderiam ser eliminados sem problemas. De qualquer forma, de modo em geral, esse é um western com sabor de aventura, momentos cômicos e muita ação. Se gostamos? Sim, gostamos. A crítica foi muito mais ranzinza do que era preciso com essa produção. Pode conferir sem receios, no mínimo você se divertirá.

O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Walt Disney Pictures, Jerry Bruckheimer Films / Direção: Gore Verbinski / Roteiro: Justin Haythe, Ted Elliott / Elenco: Johnny Depp, Armie Hammer, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth Wilson, Helena Bonham Carter / Sinopse: Um homem do velho oeste e um nativo americano se unem para trazer justiça ao violento mundo onde vivem. Filme indicado ao Oscar de melhor maquiagem (Joel Harlow, Gloria Pasqua Casny) e melhores efeitos especiais (Tim Alexander, Gary Brozenich e equipe).

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de dezembro de 2020

O Renegado do Forte Petticoat

O tenente Frank Hewitt (Audie Murphy) entra em atrito com seus superiores por causa da política de violência implantada contra índios que deixam as reservas determinadas por tratados entre o governo americano e as nações indígenas. Após um massacre gratuito promovido por seu coronel de batalhão, Frank decide ir até o Texas (seu local de nascimento) para alertar os fazendeiros da região dos perigos de um provável ataque de comanches, em represália às mortes nas tribos da região. Em plena guerra civil americana, poucos homens restaram nessas propriedades rurais, então Frank une um grupo de mulheres para treiná-las contra o iminente ataque dos índios. Ao mesmo tempo precisa ganhar a confiança de todas elas, uma vez que veste uma farda ianque, do exército da União, o que para muitas daquelas sulistas era um ato de traição contra as forças confederadas.

"O Renegado do Forte Petticoat" é mais um bom western da filmografia do ator Audie Murphy. Esse aqui procura inovar pois em um gênero tão masculino temos na linha de frente mulheres fortes e decididas, prontas para defender suas terras. E elas não se saem nada mal para falar a verdade! O choque ocorre em uma velha missão católica abandonada. Esse detalhe do roteiro lembra até mesmo do clássico Álamo". As semelhanças são bem claras nesse aspecto. Temos um grupo de texanas encurraladas na missão, mas lutando até o fim contra os inimigos. No caso da história mostrada nesse filme saem os mexicanos do Álamo e entram os comanches, selvagens, guerreiros que querem a expulsão do homem branco de suas terras.

Praticamente todo o enredo se desenvolve em cima dessa situação. Felizmente o roteiro é bem escrito, ágil e não deixa em nenhum momento o filme cair no tédio, o que seria previsível diante da situação única explorada pelos roteiristas. Na verdade a fita tem a duração ideal, com pouco mais de 70 minutos, algo que faltou no filme "O Álamo" que acabou sendo vítima de suas próprias pretensões. Sendo de menor duração, as cenas de ação e combate se tornam menos repetitivas, trazendo agilidade ao faroeste como um todo. Por fim uma curiosidade: Seguindo os passos de Randolph Scott, o ator Audie Murphy por essa época começou ele próprio a também produzir seus filmes. Aqui ele assina a produção ao lado de Harry Joe Brown, produtor que inclusive produziu vários filmes de western com Randolph Scott.

O Renegado do Forte Petticoat (The Guns of Fort Petticoat, Estados Unidos, 1957) Direção: George Marshall / Roteiro: Walter Doniger, C. William Harrison / Elenco: Audie Murphy, Kathryn Grant, Hope Emerson / Sinopse: Tenente da cavalaria ianque vai até o Texas para ajudar um grupo de mulheres a se defender de um ataque da tribo comanche.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A Vingança de um Pistoleiro

Não era ainda o grande Jack Nicholson que aprendemos a gostar dentro do mundo do cinema. Na época em que escreveu o roteiro de "A Vingança de um Pistoleiro" Jack ainda era um ator em busca do estrelato, de um lugar ao sol. Como nas décadas de 1950 e 1960 o estilo western estava no auge da popularidade, Nicholson resolveu escrever seu próprio faroeste. Afinal se conseguisse vender o roteiro (e quem sabe até estrelar o filme) poderia chamar mais a atenção para si como artista. Assim Jack conseguiu um financiamento de apenas 70 mil dólares com a pequena companhia Proteus Films e partiu para o distante e desértico estado americano de Utah para as filmagens. O orçamento era mais do que apertado, as condições certamente não eram as ideais mas Jack e o diretor Monte Hellman (que tinha dirigido coisas como "A Besta da Caverna Assombrada") conseguiram realizar um filme muito eficiente, que escondia bem seus problemas de dinheiro.

A trama de "A Vingança de um Pistoleiro" é bem simples. No velho oeste um grupo de pessoas inocentes são acusadas de crimes que não cometeram. A partir do momento que todos se convencem de que eles são culpados a coisa fica realmente complicada. Fugindo de justiceiros armados os inocentes acabam virando eles próprios assassinos. O roteiro trabalha muito bem com a situação e parece querer demonstrar bem a diferença entre justiça e vingança - dois conceitos que geralmente são confundidos por todos. Também mostra a infantilidade que pode tomar conta da chamada consciência coletiva. Jack Nicholson abraça uma interpretação bem mais realista do que o público estava acostumado, já antecipando seu grande talento que em poucos anos iria brilhar em Hollywood. O curioso é que o filme anterior de Jack também havia sido um faroeste, "Disparo para Matar", inclusive com esse mesmo diretor. Será que ele planejava seguir os passos de um Randolph Scott? Bom, de uma forma ou outra os rumos de sua carreira iriam mesmo mudar definitivamente com "Sem Destino", uma odisséia pela América. Mas isso é uma outra história.

A Vingança de um Pistoleiro (Ride in the Whirlwind, Estados Unidos, 1966) Direção: Monte Hellman / Roteiro: Jack Nicholson / Elenco: Jack Nicholson, Cameron Mitchell, Millie Perkins / Sinopse: Uma trama de vingança e justiça no meio de um dos desertos mais selvagens e inóspitos do velho oeste.

Pablo Aluísio.