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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Homem Morto

Título no Brasil: Homem Morto
Título Original: Dead Man
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos, Alemanha
Estúdio: Pandora Filmproduktion
Direção: Jim Jarmusch
Roteiro: Jim Jarmusch
Elenco: Johnny Depp, Gary Farmer, John Hurt, Robert Mitchum, Iggy Pop, Gabriel Byrne, Jared Harris, Billy Bob Thornton, Alfred Molina, Steve Buscemi

Sinopse:
Em uma América selvagem, solitária e devastada pela aridez do deserto, dois homens se encontram. Um homem comum que acaba tendo grandes experiências místicas e sobrenaturais com um jovem nativo americano que deseja levar aquele homem branco a sondar os mistérios da espiritualidade interior. 

Comentários:
Um filme bem estranho, para dizer o mínimo. Esse foi produzido naquela época em que Johnny Depp estava muito empenhado em só fazer filmes cults e artísticos. Ele almejava chegar em um ponto em que não fizesse mais nenhuma concessão aos grandes estúdios de Hollywood. Com o tempo ele se renderia ao lado mais comercial do cinema, como hoje sabemos, mas naqueles tempos ele procurava a excelência dramática como ator. O filme tem fotografia em preto e branco, roteiro incomum e aquele estilo que os cinéfilos já bem conhecem da direção de Jim Jarmusch. Não procure por nada fácil ou convencional nesse roteiro. É um filme com ares de cinema independente em cada fotograma. Interessante que muitos dos atores que trabalharam aqui, aceitaram trabalhar pelo salário mínimo da categoria, só para ter o orgulho de ter um filme do diretor em sua filmografia. Talvez excessivamente longo e com história desconexa, o filme não vai soar muito bom e simples de entender para a maioria do público, mas de qualquer maneira tem a trilha sonora assinado pelo cantor Neil Young, o que torna o conjunto da obra cinematográfica certamente bem mais palatável. 

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Dominação

Assisti a esse terror e suspense há bastante tempo, mais precisamente ainda nos tempos das locadoras VHS. O título original "Lost Souls" é bem adequado. É a história de uma garota chamada Maya Larkin (Winona Ryder) que começa a desenvolver um comportamento estranho e fora dos padrões. Ela sempre foi uma pessoa religiosa, porém agora as coisas parecem fugir do controle. O Padre Lareaux (John Hurt) logo percebe o que está acontecendo: ela está sob possessão de um demônio, um espírito imundo vindo diretamente das profundezas do inferno. Pior do que isso, tudo pode ser apenas uma grande preparação para a chegada da besta, o anticristo 666.

Bom, filmes sobre possessões do diabo ou se tornam clássicos (como "O Exorcista") ou então caem no ridículo. Dificilmente ficam apenas no meio termo. Esse "Dominação" acabou ali entre o previsível e o ruim. No fundo acabou se tornando um filme simplesmente esquecível (afinal quem ainda se lembra dele?). De bom mesmo temos apenas a boa interpretação de John Hurt, que sempre foi aquele tipo de ator que sempre fazia valer a pena qualquer filme em que estivesse no elenco. Já Winona Ryder se limita a fazer caretas de pavor! Se o tema lhe interessa, arrisque, porém saiba de antemão que o filme não é realmente grande coisa!

Dominação (Lost Souls, Estados Unidos, 2000) Direção: Janusz Kaminski / Roteiro: Pierce Gardner, Betsy Stahl / Elenco: Winona Ryder, John Hurt, Ben Chaplin, Sarah Wynter / Sinopse: Jovem garota começa a apresentar um estranho comportamento, o que leva um padre a crer que ela está sendo possúida pelo Diabo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Rob Roy: A Saga de uma Paixão

No século XVIII um líder escocês, Rob Roy (Liam Neeson), se revolta contra os desmandos de nobres despóticos e resolve liderar uma enorme revolução popular que dá origem a um sério problema político para a coroa. Bom, é a tal coisa, se deu certo com "Coração Valente" era de se supor que daria certo também com esse "Rob Roy". A produção é muito boa, com excelente direção de arte e reconstituição histórica perfeita. Nada a reclamar nesses aspectos. O problema é que o filme acaba sendo vítima de suas próprias pretensões. Assim o exagero patriótico e as falas cuidadosamente declamadas, como se os atores estivem em uma peça de William Shakespeare, acabam cansando o espectador. Acredito que para um filme épico realmente funcionar é necessário um certo tipo de feeling que nem sempre se repete com frequência. É um tipo de produto cinematográfico muito específico que exige que os deuses da sétima arte estejam realmente inspirados, caso contrário apenas vira um monte de atores vestidos com trajes de época tentando passar alguma veracidade histórica. 

Quem acabou roubando o show de Liam Neeson foi o ator Tim Roth como o vilão Cunningham. Seu trabalho foi tão bom que não apenas ofuscou o astro principal como também lhe valeu várias indicações importantes em premiações internacionais. O pobre Liam Neeson ficou mesmo em sua sombra! Assim chegamos na conclusão que "Rob Roy: A Saga de uma Paixão" não é um filme comum ruim, é apenas um épico histórico meio decepcionante. Mesmo assim se você curte esse tipo de produção vale a pena ao menos tentar conhecer, afinal quem sabe você possa vir a gostar. 

Rob Roy: A Saga de uma Paixão (Rob Roy, Estados Unidos, Inglaterra, 1995) Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Alan Sharp / Elenco: Liam Neeson, Jessica Lange, John Hurt, Eric Stoltz  / Sinopse: Líder popular escocês levanta uma grande revolta contra a dominação inglesa em sua nação. Filme indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao BAFTA na mesma categoria, Melhor Ator Coadjuvante (Tim Roth). 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Portal do Paraíso

Até hoje o filme consta na lista dos maiores fracassos comerciais da história de Hollywood, o que não deixa de ser lamentável. Na verdade o que chegou ao público foi uma colcha de retalhos montado pelos executivos da United Artists. O que de fato aconteceu? "Portal do Paraíso" foi uma produção cara, que levou bastante tempo para ficar pronta. Quando finalmente o diretor Michael Cimino apresentou seu primeiro corte para os produtores, esses ficaram chocados. Tudo havia resultado em um filme com mais de 4 horas de duração. Inviável comercialmente para ser exibido nos cinemas da época.

Assim Cimino foi afastado e o estúdio contratou uma equipe especial para a edição de uma nova versão. Essa que chegou até nós era realmente péssima. Muitas cenas importantes foram cortadas e outras, nem tão importantes assim, ficaram. Tudo remendado, mal posicionado. Um trabalho mal feito ao meu ver. O resultado foi um filme com história confusa que foi malhado impiedosamente pela crítica e abandonado pelo público que deixou as salas de cinemas vazias. Em poucos dias o filme saiu de cartaz nos Estados Unidos e Europa. No Brasil foi exibido rapidamente em poucas salas. A péssima bilheteria quebrou financeiramente a United Artists. Um desastre completo. Uma pena porque tinha potencial para virar uma obra-prima.

Portal do Paraíso (Heaven's Gate, Estados Unidos, 1980) Estúdio: United Artists / Direção: Michael Cimino / Roteiro: Michael Cimino / Elenco: Kris Kristofferson, Christopher Walken, Jeff Bridges, John Hurt, Mickey Rourke, Brad Dourif, Geoffrey Lewis / Sinopse: Durante a Guerra do Condado de Johnson em 1890, no Wyoming, um xerife nascido na riqueza faz o seu melhor para proteger os fazendeiros imigrantes dos ricos interesses dos pecuaristas da região..Filme indicado ao Oscar na categoria de mlehor direção de arte (Tambi Larsen e James L. Berkey).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

O Homem Elefante

Título no Brasil: O Homem Elefante
Título Original: The Elephant Man
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Brooksfilms
Direção: David Lynch
Roteiro: Christopher De Vore, Eric Bergren
Elenco: Anthony Hopkins, John Hurt, Anne Bancroft, John Gielgud, Helen Ryan, John Standing

Sinopse:
John Merrick (Hurt) nasceu com diversos problemas de formação. Sua aparência fora dos padrões o levou a ser isolado em um circo de aberrações onde passa a ser exibido como um monstro. O Dr. Frederick Treves (Anthony Hopkins) decide resgatá-lo daquela situação desumana. Filme indicado a 6 categorias no Oscar, entre elas melhor filme, melhor direção (David Lynch) e melhor ator (John Hurt).

Comentários:
Esse filme é realmente espetacular! Conta a história real de um inglês que durante a era vitoriana nasceu com uma síndrome rara, que lhe causou diferenças e anomalias em seu organismo e em sua aparência. Dito como um "monstro" ele ficou por anos sendo exibido em um daqueles circos de aberrações. Uma coisa tenebrosa em todos os sentidos. Isso durou até o ponto em que um médico se interessou pelo seu caso. O tirou do circo e procurou restaurar sua dignidade como homem e como ser humano. Esse filme me impactou fortemente quando o assisti. A história tem uma força impossível de se medir. Quem assiste fica com ele na mente por muitos anos. O roteiro, primoroso, mostra o pior e o melhor lado da humanidade. O pior se concretiza nas pessoas que o exploraram por anos e anos. O melhor vem na figura do doutor, brilhantemente interpretado por Anthony Hopkins, que o retira daquele circo de horrores para o resgatar de volta à vida, o tratando finalmente como o ser humano que sempre foi. E por baixo daquela aparência assustadora surgiu um homem culto, sensível, inteligente e muito interessante para todos os que tiveram a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. O fato do filme ter sido rodado com fotografia em preto e branco o tornou ainda mais denso e marcante. Em suma, um dos filmes mais humanos e fortes que assisti em toda a minha vida. Uma verdadeira obra de arte da sétima arte.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de março de 2021

Miranda

Título no Brasil: Miranda
Título Original: Miranda
Ano de Produção: 2002
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Feelgood Films
Direção: Marc Munden
Roteiro: Rob Young
Elenco: Christina Ricci, John Hurt, Kyle MacLachlan, John Simm, Julian Rhind-Tutt, Cavan Clerkin

Sinopse:
Um bibliotecário inicia um caso apaixonado com uma mulher misteriosa que entra em sua biblioteca. Quando ela desaparece subitamente, ele viaja até Londres para procurá-la, apenas para descobrir o que aconteceu.

Comentários:
A atriz Christina Ricci ainda é bem jovem, mas seguramente nunca optou pelo caminho mais fácil. Ela sempre optou por um tipo de cinema mais autoral, independente, poderia dizer até que estranho. Seus filmes são de maneira em geral bem estranhos, fora do convencional. Ela virou uma espécie de diva cult jovem. E talentosa, como sempre foi, essa combinação entre coragem e filmes fora do padrão deu muito certo. Um dos filmes que seguem esse caminho é esse "Miranda", um filme que considero muito bom, interessante, embora devo avisar que não é um filme tão fácil, normal, convencional. Pelo contrário é aquele tipo de roteiro que gosta de uma certa turbulência com o espectador. Há espectadores que adoraram o filme enquanto outros odiaram. Parece que não existe um terceiro caminho. É um filme eclético, que você pode até discordar, mas que não ficará imune ao que o filme propõe.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de agosto de 2020

O Homem Que Não Vendeu Sua Alma

O rei inglês Henrique VIII (1491 - 1547) foi o símbolo máximo do absolutismo. Sua palavra era lei e não importava a natureza de seus atos pois havia o dogma de que o Rei nunca poderia estar errado em suas decisões. Partindo dessa premissa, ele ainda hoje é lembrado pelos diversos crimes que cometeu ao longo da vida, inclusive contra muitas de suas esposas, que ao menor sinal de atrito com o rei eram levadas para a forca, para a decapitação ou então isoladas na famigerada Torre de Londres, uma masmorra medieval. Um dos atos mais conhecidos de seu reinado foi o rompimento definitivo com a Igreja Católica e o Papa. Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, da casa de Espanha. Era uma mulher virtuosa, católica fervorosa, mas tinha dificuldades em gerar o filho varão que iria herdar o trono inglês. Desesperado com a falta do nascimento de um filho homem, que lhe sucedesse, o rei Henrique VIII resolveu então pedir a anulação de seu matrimônio ao Vaticano, mas encontrou forte oposição do Papa e seu clero que consideravam o casamento feito sob as leis da igreja uma união indissolúvel. Após tentar por longos anos pela anulação, Henrique resolveu então tomar uma decisão radical. Rompeu com o Papa e expulsou a Igreja da Inglaterra, tornando propriedade do reino todas as terras, mosteiros, igrejas e bens que pertenciam à Igreja Católica.

É justamente a história dessa ruptura o tema central de “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma”. Assim nasceu a Igreja Anglicana, fundada por Henrique VIII, uma nova religião para os ingleses, fortemente atrelada ao Estado absolutista, tendo o próprio rei como autoridade religiosa suprema. Dentro de sua nova instituição anglicana, Henrique poderia casar e se separar quantas vezes quisesse, sem precisar pedir autorização papal, uma vez que ele era o líder espiritual máximo da nova Igreja que fundara. Como todo monarca absolutista daquele período histórico, não haveria mais barreiras para sua vonade pessoal. O casamento seria nulo, se ele assim desejasse. Ele iria se separar quantas vezes quisesse e também mandaria para a morte todas as esposas que ele assim sentenciasse. Obviamente que nem todos aceitaram livremente essa nova postura real. Em uma época em que qualquer oposição poderia ser entendida como alta traição, um influente membro da corte, Thomas Moore (Paul Scofield), resolveu se opor aos desmandos do monarca. Católico praticante, não aceitou a expulsão da Igreja papista de seu país. Esse termo passaria a ser uma ofensa dentro da corte. Sua postura lhe valeu a alcunha de ser o homem que não teria vendido sua alma nesse momento particularmente complicado da história britânica. Thomas Moore era um intelectual de seu tempo e estava ciente de que um monarca com poderes plenos e sem limites levaria a Inglaterra a um impasse histórico. E suas previsões iriam se tornar verdadeiras, como bem foi provado pela história.

Aqui temos um filme historicamente fiel, com ótimas interpretações e reconstituição histórica precisa que inclusive lhe valeram vários prêmios, dentre eles os principais da Academia. Produção requintada, de luxo, com excelente nível técnico e cultural, “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma” é além de uma bela aula de história, um ótimo entretenimento, mostrando sem receios os perigos que rondam o chamado Estado absolutista, onde toda uma nação ficava refém dos meros caprichos de um poder real sem freios ou limites. Afinal, como todos bem sabemos, o poder corrompe e o poder absoluto corrompe de forma absoluta àquele que o exerce.

O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (A Man for All Seasons, Inglaterra, 1966) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Paul Scofield, Wendy Hiller, Leo McKern, Robert Shaw, Orson Welles, Susannah York, John Hurt, Vanessa Redgrave / Sinopse: Henrique VIII (Robert Shaw) resolve romper com a Igreja Católica após o Papa se negar a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Seu ato encontra forte resistência do influente nobre e intelectual Thomas Moore (Paul Scofield). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Paul Scofield), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia e melhor figurino. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme - drama, melhor diretor, melhor ator - drama (Paul Scofield) e melhor roteiro.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 19 de junho de 2020

O Capitão Corelli

Título no Brasil: O Capitão Corelli
Título Original: Captain Corelli's Mandolin
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Madden
Roteiro: Shawn Slovo, Louis de Bernières
Elenco: Nicolas Cage, Penélope Cruz, John Hurt, Christian Bale, Irene Papas, Gerasimos Skiadaressis

Sinopse:
Baseado na novela romântica escrita por Louis de Bernières, o filme conta a história de paixão vivida pela jovem Pelagia (Penélope Cruz) e um militar italiano, o Capitão Antonio Corelli (Nicolas Cage). Eles vivem um grande caso de amor nas ilhas gregas.

Comentários:
Esse filme até tem uma bonita fotografia, com cenas realmente aproveitando a beleza natural da Grécia (onde ele foi filmado), porém não posso deixar de dizer também que é uma daquelas produções históricas que nunca convencem muito o espectador. Em vários momentos fiquei com a impressão ruim de estar assistindo algo muito superficial e nada convincente. Isso é particularmente percebível na falta de química entre o casal  Nicolas Cage e Penélope Cruz. Aliás se tem um tipo de papel que o Cage não encaixa muito bem é o de galã romântico. Ele é ótimo para interpretar sujeitos esquisitos e valentões de filmes de ação, mas como parceiro romantizado, não dá certo. Pior se sai Penélope Cruz que "venceu" o Framboesa de Ouro naquele ano. Ela também não convence como mocinha apaixonada. Em termos de elenco o interessante mesmo é conferir um trabalho de Christian Bale,ainda bem jovem e distante alguns anos de se consagrar comercialmente no cinema com a trilogia do Nolan sobre o Batman. Curioso que o jogo virou com os anos. Aqui Bale era mero coadjuvante de Cage. Depois virou um astro em Hollywood, enquanto Nicolas Cage ia afundando numa sucessão de filmes ruins. Pois é meu caro, o mundo dá voltas.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de abril de 2019

Wild Bill - Uma Lenda No Oeste

Cinebiografia de Wild Bill Hickok, um dos mais conhecidos nomes da mitologia do velho oeste americano. Veterano da Guerra Civil americana, condutor de diligências, Xerife, jogador inveterado e pistoleiro de aluguel, Wild Bill foi um dos mais temidos homens de seu tempo. Extremamente hábil no gatilho ele desafiou grandes nomes de sua época.  A vida de Bill foi movimentada desde seus primeiros anos. Aos 18 anos se uniu às tropas do General Lee e foi lutar ao lado do exército da confederação. Lá conheceu e se tornou amigo de Buffalo Bill. Ao sair do exército foi perambular pelo oeste selvagem e se envolveu em vários duelos que ficaram famosos pois foram fartamente noticiados pela imprensa, garantindo sua fama em todo o país.

Lidar com um nome tão conhecido do velho oeste pode ser complicado. Felizmente o filme é muito bom, interessante e bem editado. Ao invés de contar cronologicamente a história de Wild Bill o diretor optou por narrar os últimos momentos de vida dele, onde aos poucos sua história é relembrada em diversos flashbacks (em preto e branco, na maioria das vezes). O filme é curto, pouco mais de 90 minutos, o que torna insuficiente para mostrar toda a vida do famoso personagem (que foi de tudo um pouco na vida, desde caçador de búfalos a xerife de cidades perigosas como Deadwood). Talvez apenas uma minissérie conseguiria contar todas as histórias envolvendo Wild Bill.

Tecnicamente muito bem escrito, o roteiro romanceou alguns aspectos da vida do famoso pistoleiro para trazer mais interesse à trama. São pequenas licenças que o roteirista pede para a história real dos fatos, nada muito comprometedor. A mais significativa dessas mudanças foi a relação que os roteiristas criaram entre o assassino de Wild Bill e um amor do passado dele, algo inexistente na vida do famoso pistoleiro. Obviamente que ambos os personagens existiram realmente, mas Jack McCall, o assassino de Bill (que seria enforcado por esse crime) não era filho de Susannah Moore, a antiga namorada de seu passado. Essa foi apenas uma tentativa de trazer mais dramaticidade ao filme.

Jeff Bridges está muito bem no papel e todo o elenco de apoio é acima da média, principalmente Ellen Barkin como Calamity Jane, outra personagem que foi imortalizada pelo cinema em diversos filmes ao longo desses anos. Fazendo às vezes de narrador o filme ainda traz o ótimo John Hurt no papel de um amigo inglês de Wild Bill. Jeff Bridges aliás sempre se sai muito bem em faroestes, não apenas por ter o tipo certo, como também por incorporar trejeitos da época de uma forma muito convincente. Cantor de música country nas horas vagas ele parece mesmo ter um afeto especial por todo esse universo. Enfim, "Wild Bill - Uma Lenda No Oeste" pode até não ser perfeito do ponto de vista histórico, porém é um faroeste acima da média que ajuda a resgatar essa importante figura do passado.

Wild Bill - Uma Lenda No Oeste (Wild Bill, Estados Unidos, 1995) Estúdio: United Artists / Direção: Walter Hill / Roteiro: Thomas Babe, baseado no livro de Peter Dexter / Elenco: Jeff Bridges, Ellen Barkin, John Hurt / Sinopse: o filme conta a história real do pistoleiro Wild Bill que fez fama no velho oeste americano. Filme indicado ao prêmio da National Society of Film Critics Awards na categoria de Melhor Ator (Jeff Bridges). Também indicado na mesma categoria no New York Film Critics Circle Awards.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Hellboy Animated: O Espírito de Fantasma

Aos domingos gosto de comentar animações aqui no Blog. A dica de hoje é "Hellboy Animated: O Espírito de Fantasma". Um fato curioso é que esse roteiro foi cogitado para ser do terceiro filme do personagem no cinema. Quase foi usado em "Hellboy 3". Como sabemos o estúdio cancelou essa produção. Foi então que Guillermo del Toro teve a ideia de produzir esse longa de animação. Segundo ele mesmo explicou na época de lançamento: "Era uma estória boa demais para deixar na gaveta". E que enredo é esse? Basicamente temos aqui Hellboy enfrentando uma vampira milenar, claramente baseado na história (essa real) da condessa Elizabeth Bathory, uma nobre que se banhava em sangue de jovens camponesas que ela mandava matar. Tudo para manter juventude e beleza eternas!

Logo no começo da animação percebemos que o roteiro realmente é muito mais bem elaborado do que àqueles usados rotineiramente em desenhos animados. Há duas linhas temporais, uma no passado e outra no presente quando Hellboy e seu grupo vão investigar uma velha mansão, com fama de mal assombrada. Na verdade as almas penadas que vagam por seus corredores são justamente das mocinhas assassinadas pela condessa de sangue. Há também espaço para o surgimento de um culto a uma antiga divindade que obviamente ganha a vida e vem acertar contas com o próprio Hellboy. Enfim, a criação do desenhista e roteirista Mike Mignola mostra mais uma vez que tem carisma de sobra. E no mundo das animações funciona perfeitamente bem. Diversão garantida.

Hellboy Animated: O Espírito de Fantasma (Hellboy Animated: Blood and Iron, Estados Unidos, 2007) Direção: Victor Cook, Tad Stones / Roteiro: Kevin Hopps, Mike Mignola / Elenco: Ron Perlman, Selma Blair, John Hurt / Sinopse: Animação com o famoso personagem da editora Dark Horse, criado por Mike Mignola. Aqui ele enfrenta uma antiga condessa vampira que deseja retomar ao nosso mundo para novamente espalhar terror e morte por onde passar.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de junho de 2018

Jackie

O tempo vai passando e algumas figuras históricas vão caindo no esquecimento. Apenas o cinema com sua mágica consegue trazê-las de volta aos holofotes da mídia em geral. Foi basicamente isso que aconteceu com essa cinebiografia da esposa do presidente John Kennedy. Ele foi assassinado em Dallas, em um dos momentos mais cruciais da história dos Estados Unidos. Enquanto JFK levava tiros certeiros na cabeça, Jackie tentava inutilmente juntar seus miolos que se espalhavam pelo banco e traseira do carro onde estavam. Só isso já bastaria para colocá-la na história, mas a ex-primeira dama teve uma vida pessoal que foi muito além do fato de ter participado de um momento tão trágico e triste como esse.

Na pele da atriz Natalie Portman a protagonista ganha ares ainda mais sutis e elegantes do que a primeira-dama da vida real. Particularmente gostei bastante do filme, inclusive no aspecto narrativo. A história é contada em ritmo de flashback, quando Jackie Kennedy concorda em conceder uma longa entrevista nos jardins de sua casa. É verdade que nem sempre Portman consegue se sair bem em cena, com alguns deslizes na sua caracterização, mas mesmo assim considero seu trabalho acima da média. Para ela foi uma oportunidade incrível de levantar a carreira, pois conseguiu arrancar uma indicação ao Oscar, algo que estava bem longe de seus planos nesse momento de sua filmografia. Enfim, apesar de ter seus momentos de baixa, "Jackie" acabou se tornando um bom resgate histórico de sua personagem principal. Afinal como esquecer aquele vestido cor-de-rosa, tão característico dos anos 60, manchado todo de sangue? É uma visão que entrou para sempre na iconografia do povo norte-americano.

Jackie (Idem, Estados Unidos, 2016) Estúdio: Fox Searchlight Pictures / Direção: Pablo Larraín / Roteiro: Noah Oppenheim / Elenco: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, John Hurt, Billy Crudup / Sinopse: Filme baseado em fatos reais. Anos após o assassinato de seu marido, a ex-primeira-dama Jackie Kennedy (Natalie Portman) aceita receber a visita de um jornalista para uma entrevista. Enquanto suas lembranças vão se atropelando em sua memória, ela vai recordando momentos bons e trágicos de sua vida, como a vida na Casa Branca, as aparições públicas na TV, os grandes bailes e, é claro, o dia trágico em que seu marido, o presidente JFK, foi morto em Dallas durante uma parada em carro aberto pelas ruas da cidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Natalie Portman), Melhor Figurino (Madeline Fontaine) e Melhor Música (Mica Levi).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Hércules

Vamos inicialmente para a sinopse do filme: Segundo a lenda que se espalha aos quatro ventos na Grécia Antiga, o guerreiro Hércules (Dwayne Johnson) é o filho bastardo de Zeus com uma mortal. Desde cedo colocado à prova por ser considerado um semideus, ele agora se torna mercenário contratado por um rei que se diz cercado por terríveis inimigos movidos por magia negra, em um exército de centauros poderosos comandados por um bruxo cruel e sanguinário. Mas será que isso é realmente verdade? Pois é, o velho Hércules retornou às telas. Nos anos 1950 e 1960 o personagem Hércules viveu seus melhores dias em termos de popularidade no cinema. Muitos filmes foram realizados explorando sua lenda, principalmente produções italianas de baixo orçamento. Agora, em tempos de reciclagem, um grande estúdio de cinema americano resolveu investir nesse ícone da mitologia antiga.

Curiosamente ao invés de abraçar as aventuras de um herói semideus enfrentando terríveis monstros em seus famosos trabalhos, o roteiro procura mostrar Hércules como um guerreiro mercenário, cujas lendas populares que se cantam em prosa e verso não correspondem necessariamente com a verdade. Ele seria um tipo de herói cuja fama é superestimada em relação aos acontecimentos reais. Isso trouxe aspectos positivos, mas também negativos ao filme em si. Positivo porque fugiu de certas armadilhas que afundaram filmes como "Fúria de Titãs" e negativos porque podem vir a decepcionar o fã do Hércules da mitologia clássica. Em termos de produção não há o que reclamar, o filme de fato é muito bem realizado, cortesia dos 100 milhões de dólares de seu orçamento. Dwayne Johnson, o conhecido The Rock, está adequado para o papel, mas quem rouba o show mesmo no quesito atuação é o veterano John Hurt como o Rei Cotys. Inicialmente ele surge como um monarca frágil e cercado por forças terríveis que se espalham em seu reino, para só depois mostrar sua verdadeira face. Ao redor de Hércules também surge uma galeria de ajudantes, amigos e companheiros de batalha que ele foi conhecendo ao longo de sua jornada. Esse tipo de equipe de heróis me fez recordar dos primeiros filmes de Conan, ainda com Arnold Schwarzenegger. Então é isso, temos aqui um filme divertido, pipocão, que não nega suas pretensões e nem suas origens. Se for encarado apenas dessa forma sem dúvida lhe proporcionará uma sessão despretensiosa de pura diversão.

Hércules (Hercules, Estados Unidos, 2014) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer / Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos / Elenco: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane / Sinopse: Novo filme explorando as aventuras do herói da mitologia grega, Hércules. Aqui ele enfrenta novos e perigosos desafios que testarão sua força digna de um semideus. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias Melhor Filme de verão e Melhor astro de Filme de verão.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Jackie

Título no Brasil: Jackie
Título Original: Jackie
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Pablo Larraín
Roteiro: Noah Oppenheim
Elenco: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, John Hurt, Billy Crudup
  
Sinopse:
Filme baseado em fatos reais. Anos após o assassinato de seu marido, a ex-primeira dama Jackie Kennedy (Natalie Portman) aceita receber a visita de um jornalista para uma entrevista. Ela aceita dar uma entrevista em sua própria casa, em Massachusetts. Enquanto suas lembranças vão se atropelando em sua memória ela vai recordando momentos bons e trágicos de sua vida, como a vida na Casa Branca, as aparições públicas na TV, os grandes bailes e, é claro, o dia trágico em que seu marido, o presidente JFK, foi morto em Dallas durante uma parada em carro aberto pelas ruas da cidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Natalie Portman), Melhor Figurino (Madeline Fontaine) e Melhor Música (Mica Levi). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Natalie Portman).

Comentários:
"Jackie" é um filme sobre o luto. Explico. Inicialmente o roteiro mostra Jackie recebendo um jornalista em sua casa. Ela não tem a menor intenção de falar do dia da morte de seu marido JFK. Ela sabe que o jornalista está mesmo em busca dessa informação. Porém antes de qualquer coisa ela procura ter o controle sobre tudo o que será dito e publicado. Aquela seria uma das primeiras entrevistas dela para a imprensa e por isso Jackie Kennedy, que também era uma jornalista de profissão, procura manter tudo sob o seu estrito controle. Só que nem tudo sai como planejado e ela, tomada pela emoção, acaba falando e revelando memórias do dia em que JFK foi assassinado em Dallas. Assim o filme apresenta uma linha narrativa principal - com Jackie e o jornalista em sua casa - e vários flashbacks representando tudo o que ela estava relembrando naquele momento. O interessante é que o roteiro não parece muito disposto a desenvolver outros aspectos que não sejam o sensacionalismo do assassinato, das primeiras reações após a morte do presidente e dos preparativos do funeral. Tanto isso é verdade que há uma cena que até achei de mau gosto quando a cabeça de John literalmente explode após levar o tiro certeiro dado pelo assassino Lee Oswald. Achei desnecessário, explícita demais e um tanto desrespeitosa à memória do presidente. Depois do tiro fatal acompanhamos tudo o que aconteceu depois, com Jackie desnorteada, em estado de choque, sem saber mesmo o que fazer (o que era naturalmente muito compreensível).

Há também uma certa dose de frivolidade na primeira dama quando ela começa a exigir um funeral como o que foi feito para a morte do presidente Lincoln. Aliás é bom que se diga que apesar dos elogios da crítica em geral, não consegui apreciar muito a interpretação da atriz Natalie Portman nesse filme. Achei até que ela soa muito forçada em determinados momentos. Um exemplo disso acontece nas cenas em que Portman interpreta Jackie durante um programa para a TV onde se procurava mostrar o interior da Casa Branca para o povo americano. Ela fala de modo estranho, nada natural, em uma caracterização que pouco lembra a primeira dama, que sempre foi conhecida por ter uma personalidade forte e segura de si mesma. Assim o que temos no final é um longo filme de luto, mostrando basicamente os momentos que antecederam o enterro de JFK. Claro que do ponto de vista de detalhes históricos tudo é mais do que interessante. Ficamos sabendo até mesmo que Jackie se envolveu na escolha do lugar de sepultamento do presidente, dos preparativos do desfile fúnebre, com direito a um cavalo não montado representando a ausência do presidente (apesar dele nunca ter tido um em vida, como bem salienta um dos personagens) e por fim um longo diálogo que ela trava com um padre (interpretado pelo sempre excelente John Hurt, recentemente falecido). É uma ode à dor, ao luto e a um dos momentos mais impactantes da história dos Estados Unidos, tudo visto sob o estrito ponto de vista de Jackie. Se você aprecia esse tipo de espetáculo, digamos, mórbido, certamente vai gostar. De minha parte esperava mesmo por algo mais abrangente sobre a vida da protagonista.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de outubro de 2015

Expresso do Amanhã

Título no Brasil: Expresso do Amanhã
Título Original: Snowpiercer
Ano de Produção:
País: Estados Unidos, França
Estúdio: Weinstein Company, Anchor Bay
Direção: Joon-ho Bong
Roteiro: Joon-ho Bong, Kelly Masterson
Elenco: Chris Evans, John Hurt, Ed Harris, Tilda Swinton, Octavia Spencer, Kang-ho Song
  
Sinopse:
O ano é 2031. Tudo o que restou da humanidade está viajando em um trem de alta tecnologia. O mundo lá fora está completamente congelado e inabitável. Dentro dos vagões as classes sociais foram devidamente separadas. Os pobres ocupam os últimos vagões. Há fome e desespero entre eles. O ricos e abastados vivem de forma luxuosa nos vagões dianteiros. Comandando tudo está o criador do trem, o cultuado e admirado Sr. Wilford (Ed Harris). Para acabar com todas as injustiças o jovem Curtis (Chris Evans) resolve liderar uma rebelião contra tudo o que está acontecendo. Filme vencedor do Georgia Film Critics Association na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Tilda Swinton).

Comentários:
O enredo é obviamente uma grande metáfora sobre a sociedade humana. O trem representa justamente isso. Após o planeta se tornar inabitável todas as pessoas que sobraram são confinadas nesse trem de última geração. As classes pobres ficam na parte de trás, sem comida adequada e condições mínimas de sobrevivência. Os ricos ficam na parte dianteira com todo o luxo e glamour que se possa imaginar. Nem precisa pensar muito para entender que a divisão de classes vira um dos fundamentos de tudo o que se vê na tela. Isso porém não deve animar muito os que valorizam o Marxismo ou teorias socialistas derivadas de seus princípios. O roteiro não vai até o fundo dessa questão e não está preocupado em levantar um debate mais sério sobre o tema. Na verdade é uma história até básica, contada sob um viés que pode ser classificado até mesmo como surreal. Há vagões que espelham a vida em nossa sociedade e que soam absurdos se olharmos com um pouquinho de bom senso. Assim ao atravessar o trem em direção ao lugar onde supostamente vive seu criador, os revolucionários liderados por Curtis (Evans) vão se deparando com vagões de fina classe, alguns adaptados para serem bonitos aquários, restaurantes e outros para serem animadas pistas de dança. 

Tudo representando a futilidade e o vazio que impera nas classes ricas. Inicialmente ao tomar contato com a sinopse não me entusiasmei muito. Não gosto de filmes que passam o tempo todo tentando provar uma tese ou uma teoria social. Eles logo se tornam chatos, enfadonhos e panfletários, além de extremamente simplistas. É basicamente o que acontece aqui. O roteiro está tão empenhado em provar um ponto de vista que tudo o mais fica em segundo plano, até mesmo o bom cinema. A produção é até interessante por causa de uma direção de arte que valoriza um mundo ao mesmo tempo absurdo e surrealista, mas os efeitos digitais são fracos e nada convincentes. O elenco é encabeçado por Chris Evans, mas ele é logo ofuscado por dois veteranos que roubam o filme: John Hurt e Ed Harris. Quando contracena com esses mestres, o apagado Evans simplesmente desaparece em sua insignificância. Seu personagem também é pouco desenvolvido e nada complexo. Um herói pseudo revolucionário nada inspirador. Certamente apenas o trabalho de Hurt e Harris salvam "Expresso do Amanhã" nesse quesito. Isso porém é pouco para justificar um bom filme. O saldo final é infelizmente sensivelmente negativo.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de agosto de 2015

Frankenstein, o Monstro das Trevas

Título no Brasil: Frankenstein, o Monstro das Trevas
Título Original: Roger Corman's Frankenstein Unbound
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: The Mount Company
Direção: Roger Corman
Roteiro: Brian Aldiss, Roger Corman
Elenco: John Hurt, Raul Julia, Bridget Fonda, Jason Patric, Nick Brimble, Michael Hutchence

Sinopse:
A arma definitiva, que deveria ser segura para a humanidade, produz efeitos colaterais globais, incluindo deslizamentos no tempo e desaparecimentos. E nesse meio surge a lenda do Frankenstein.  E depois disso salve-se quem puder!

Comentários:
Eu me recordo que aluguei esse filme em uma locadora na época, ainda nos tempos das velhas fitas VHS e odiei, odiei o filme. Achei tudo muito ruim, com cenas absurdas como aquela em que o personagem de John Hurt passeia por uma aldeia medieval dentro de um carro moderno. Que porcaria era aquela? E o pior é que as pessoas daqueles tempos viam um carro moderno e achavam tudo muito natural. Completamente nonsense. O Roger Corman sempre foi o rei dos filmes B em Hollywood, filmes que fugiam dos padrões, mas no caso desse filme bem ruim ele certamente exagerou (e muito) na dose! E tem alguma coisa que preste? Tem o poster com os olhos costurados. Foi o que me fez alugar o filme... e quebrar a cara!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Harry Potter e a Pedra Filosofal

Título no Brasil: Harry Potter e a Pedra Filosofal
Título Original: Harry Potter and the Sorcerer's Stone
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Richard Harris, Maggie Smith, Ian Hart, John Hurt
  
Sinopse:

O garoto Harry Potter (Daniel Radcliffe) acaba descobrindo que seus pais foram famosos bruxos no passado e recebe uma carta para ir estudar na escola de magia de Hogwarts. Uma vez lá vê sua vida mudar completamente ao conhecer novos amigos e colegas de classe. O que ele não esperava é que um velho inimigo de seus pais também está de volta e ao que parece, mais forte do que nunca. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Figurinos e Melhor Música (John Williams). Filme também indicado ao BAFTA Awards e vencedor do prêmio de Melhor Figurino da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Film.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme da longa e bem sucedida franquia do personagem Harry Potter no cinema. Durante anos tentou-se convencer a escritora J.K. Rowling a vender os direitos para o cinema, mas foi apenas em 2000 que ela finalmente assinou com a Warner Bros. Em troca exigiu poder de veto, ou seja, ela poderia vetar a escolha do diretor e demais membros da equipe técnica. O escolhido acabou sendo o especialista Chris Columbus, um diretor que conhecia bem o nicho infanto-juvenil. Além de ser um entendido no mercado ele também era considerado pouco autoral e até mesmo inofensivo (ou seja, não iria mudar muito a essência dos livros). Muito provavelmente por causa de todas essas características reunidas acabou caindo nas graças da autora. Assim Columbus acabou criando um filme que é a sua cara. Bonito visualmente, com excelente direção de arte, cenários deslumbrantes, efeitos especiais de bom gosto, mas também quase que completamente asséptico. 

Como se trata de um filme de apresentação, ou seja, onde todo o universo de Potter foi apresentado ao grande público pela primeira vez, até que funcionou muito bem. Como obra puramente cinematográfica porém deixa obviamente a desejar. É um filme realizado para o grande circuito comercial, para as massas, então não espere por nada que seja surpreendente ou inovador. Muito longe disso. Columbus parecia estar apenas preocupado em contar seu enredo sem pisar nos calos de absolutamente ninguém. Como um filme assim, baseado em um livro tão popular, não poderia fracassar, o gostinho que ele deixou no final é de ser um grande e longo pastel de vento. Bonito e charmoso, temos que admitir, mas mesmo assim um pastel de vento sem muito conteúdo. Outro aspecto que vale menção é que se você viu o filme há muito tempo vai acabar se surpreendendo com o elenco. Na época eles não passavam de crianças, sem muito o que fazer em cena. Da trupe a que mais se destaca ainda é a  Emma Watson, que apesar da pouca idade, já deixava claro que tinha muita personalidade. Os demais ficam restritos na categoria de "crianças fofinhas". Então é isso, "Harry Potter and the Sorcerer's Stone" é puro mainstream, embalado por uma popularidade poucas vezes vista no mercado literário. Uma fórmula que não costuma mesmo dar errado.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Hércules

Título no Brasil: Hércules
Título Original: Hercules
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Brett Ratner
Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos
Elenco: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane

Sinopse:
Depois de ser acusado de ter matado a própria família e ser banido de seu lar, Hércules (Dwayne Johnson) forma uma equipe de guerreiros e se torna um mercenário. Contratado por um velho monarca (John Hurt) que se diz cercado por forças poderosas do mal, ele começa a destruir os inimigos do rei. O problema é que ao que tudo indica ele está na verdade lutando pelo lado errado nessa guerra sangrenta. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias de Melhor Filme de Verão e Melhor Ator de Filmes de Verão (Dwayne Johnson).

Comentários:
Tentativa de tornar o personagem épico e mitológico Hércules novamente viável no cinema. Por anos e anos ele foi explorado em filmes de baixo orçamento na Itália, sendo que a má qualidade daquelas produções acabaram queimando o prestígio do herói da Grécia Antiga. A verdade é que a marca "Hércules" acabou virando sinônimo de filmes vagabundos e mal feitos. Aqui há uma clara tentativa de tentar unir um tom mais realista (seguindo os passos de certa forma da franquia do Batman no cinema) sem deixar completamente de lado a fantasia e o clima de fábula. The Rock se sai bem em um papel que definitivamente não exige muito de seu intérprete, a não ser ter muitos músculos e um pouco de carisma - que cai bem em qualquer situação. Outro ponto importante é que as cenas de efeitos digitais são bem colocadas e bem realizadas, demonstrando também uma certa influência da franquia do "Senhor dos Anéis", afinal cenas de batalhas entre dois exércitos geralmente estão seguindo os passos dos filmes assinados por Peter Jackson, não tem jeito. No saldo geral é uma aventura divertida e que não aborrece e nem enche a paciência. Basta embarcar na ideia central de seus realizadores. É cinema pipoca, porém eficiente. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Chave Mestra

Título no Brasil: A Chave Mestra
Título Original: The Skeleton Key
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Iain Softley
Roteiro: Ehren Kruger
Elenco: Kate Hudson, Gena Rowlands, John Hurt, Peter Sarsgaard

Sinopse: 
A jovem Caroline Ellis (Kate Hudson) ajuda doentes terminais. Ela pretende formar uma reserva de dinheiro para assim realizar o sonho de se formar em enfermagem. Um de seus clientes, Ben Devereaux (John Hurt) a contrata. Ele mora em New Orleans, um lugar conhecido pelas feitiçarias das práticas vodus. Caroline porém não acredita em nada disso pois se considera uma garota racional. Seu ceticismo porém será colocado à prova diante de alguns acontecimentos inexplicáveis que começarão a surgir ao seu redor.

Comentários: 
Gostei desse filme por vários motivos, um deles foi a ambientação e o clima que foi montado em torno do enredo. Tudo muito sombrio, misterioso e sinistro. Outro aspecto que me atraiu bastante foi a boa presença da Kate Hudson e do John Hurt. São diferentes tipos de profissionais. A primeira como atriz ainda está se formando, já Hurt é um ator de talento consagrado. Ambos estão muito bem em seus personagens. De uma forma ou outra pelo menos as coisas se encaixaram e o resultado foi satisfatório. É um terror dos bons - e sim, consegue causar medo mesmo no espectador, afinal New Orleans nunca esteve tão assustadora como aqui. O roteiro mostra aspectos das religiões afro-americanas que vão soar bem familiares aos brasileiros em geral. New Orleans é uma cidade diferente dentro daquele país com cultura, religião e aspectos sociais bem particulares. O roteiro acertou em cheio ao explorar essa diversidade de crenças na cidade mais singular dos Estados Unidos. O resultado é muito bom!

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Recontagem

Provavelmente muita gente que acompanha política internacional se recorda dos problemas envolvendo a disputa presidencial americana durante as eleições de 2000 entre George W. Bush e Al Gore. Na época houve uma disputa acirrada entre os dois candidatos, praticamente lutando voto a voto. Depois das urnas terem sido cerradas começou um grande impasse no estado da Flórida após se descobrir que as cédulas de votação eram confusas, complicadas de se votar e completamente ultrapassadas em sua técnica. Pois é, a nação mais desenvolvida e tecnológica do planeta ainda faz eleição com votos de papel, onde o eleitor tem que fazer vários furinhos para escolher seus candidatos preferidos. Na Flórida a situação ainda era pior porque grande parte do eleitorado era composta de pessoas idosas que não conseguiam compreender o sistema adotado de votação. Muitos eleitores se confundiram ou não conseguiram fazer os tais furinhos nas cédulas. O que se seguiu foi uma verdadeira guerra jurídica entre Republicanos e Democratas, pois o vencedor na Flórida seria também o novo presidente dos Estados Unidos.

E é justamente em cima desse quadro caótico que o filme “Recontagem” se passa. Kevin Spacey, ótimo como sempre, interpreta Ron Klain, o advogado do Partido Democrata que tentará de todas as formas promover uma recontagem dos votos da Flórida. Já Tom Wilkinson vive o advogado do Partido Republicano, James Baker, que tentará impedir esse procedimento. Na época me recordo muito bem desse impasse, que não saiu dos noticiários. De fato foi bem constrangedor perceber como o sistema eleitoral dos Estados Unidos era falho, arcaico e propenso a ter inúmeros erros. Nesse quesito o Brasil com suas urnas eletrônicas está muitos anos a frente dos americanos. Em relação ao filme em si o recomendo apenas para quem gosta de acompanhar os bastidores da política de uma das maiores eleições do planeta – aquela que escolhe o presidente americano. Embora seja um filme que todos saibam o final (George W. Bush se sagrou vitorioso) o fato é que “Recontagem” se torna muito instrutivo por apresentar as manipulações que certamente surgem em situações onde o poder supremo de uma nação está em jogo. Nesse quadro não há vilões e nem mocinhos mas apenas interesses, muitos deles acima dos ideais de democracia e verdade.

Recontagem (Recount, Estados Unidos, 2008) Direção: Jay Roach / Roteiro: Danny Strong / Elenco: Kevin Spacey,  Tom Wilkinson, Laura Dern, John Hurt, Bruce Altman, Bob Balaban, Ed Begley Jr / Sinopse: Durante as eleições presidenciais de 2000 um erro no sistema eleitoral da Flórida coloca em um grande impasse a escolha do novo presidente dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Alien, O Oitavo Passageiro

Esse foi o primeiro filme de uma longa linhagem de continuações – algumas interessantes, outras medianas e as últimas geralmente péssimas, principalmente às que foram realizadas sob a bandeira “Aliens Vs Predador”. Meros caça-níqueis. Mas não vamos perder muito tempo com isso. O importante aqui é relembrar desse primeiro filme, o original, que é sempre lembrado como uma das melhores ficções cientificas da história do cinema. “Alien O Oitavo Passageiro” conseguia unir em um mesmo filme, ficção e terror com raro brilhantismo. Não é, como alguns pensam, apenas mais uma produção de monstros, muito longe disso. O roteiro lidava muito bem com a possibilidade de um dia o homem explorar comercialmente o universo e nesse processo encontrar outras formas de vida (inclusive hostis). A nave espacial do filme não é uma nave de batalha intergaláctica que dispara raios pelo espaço! Longe disso, era um rebocador comercial, uma espaçonave pertencente a uma empresa privada de exploração de minas em outros planetas. Os sete tripulantes, em última instância, são trabalhadores, verdadeiros astronautas operários, que acabam lidando com uma situação extrema ao perceberem que não são as únicas entidades biológicas presentes naquele ambiente. Após atender um chamado de socorro em uma planeta distante um dos tripulantes acaba sendo infectado, trazendo uma entidade desconhecida para dentro de sua nave. Há um intruso, aquele que é chamado ironicamente de “o oitavo passageiro”.

O filme causou sensação em seu lançamento justamente por causa desse estilo mais realista, fora da fantasia que reinava nas produções de ficção da época (vide “Guerra nas Estrelas”). Ridley Scott literalmente transforma a nave espacial numa camisa de força, ou em um verdadeiro caixão de metal pois dentro dos limites da espaçonave se travará uma batalha pela vida e morte pela sobrevivência da entidade biológica mais forte, confirmando de certa forma as teorias Darwinistas da sobrevivência da espécie mais apta, mais resistente. Seleção natural em estado bruto. Homem vs Alien. O tom do filme é de puro pessimismo, gerando uma sensação de claustrofobia e desconforto que incomoda o espectador. Curiosamente a atriz Veronica Cartwright iria inicialmente interpretar a personagem principal, a tenente Ripley, mas Ridley Scott após algumas semanas pediu aos produtores que fosse contratada Sigourney Weaver, uma atriz de porte alto e elegante que cairia melhor no papel. A decisão como se sabe foi das mais acertadas pois esse acabou se tornando o personagem mais marcante da carreira de Weaver em toda a sua filmografia. Como a Academia sempre foi cautelosa em premiar filmes de ficção cientifica nas principais categorias restou a “Alien, o Oitavo Passageiro” o prêmio de Melhores Efeitos Visuais, ganhando ainda a indicação na categoria de Melhor Direção de Arte. Não faz mal, o filme ainda é um marco no gênero, com ou sem o reconhecimento do Oscar.

Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, Estados Unidos, 1979) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Dan O'Bannon / Elenco: Sigourney Weaver, Tom Skerritt, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt, Ian Holm, Yaphet Kotto, Bolaji Badejo, Helen Horton / Sinopse: Tripulantes de uma nave espacial são atacados por uma estranha criatura parasita que toma posse do corpo de um dos membros da equipe. Agora, presos dentro da espaçonave, terão que enfrentar o estranho Alien. E que o mais forte sobreviva.

Pablo Aluísio.